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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Guiné 63/74 - P15360: A minha CCAÇ 12 - Anexos (V): Punições, louvores, mortos e feridos, ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): éramos todos iguais, mas uns mais do que outros... A crueza dos números



 No cômputo das baixas, louvores e punições não se inclui a situação relativa ao período de julho de 1969 a maio de 1970, quando a companhia esteve ao serviço do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70). Nesse período teve, por exemplo, diversas baixas (incluindo um morto, o sold at Iero Jaló, nº mec. 812117869, o primeiro morto em combate, da CCAÇ 12, em 8/9/1969, no meu batismo de fogo) que não são contabilizadas aqui.  (Dados recolhidos e tratados por LG)


Um grupo da CCAÇ 12 em operações no mato.
Foto de Arlindo Roda (2010)
1. É impressionante o nº de praças, da CCAÇ 12,  do recrutamento local, punidas ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72). seis vezes mais do que os seus camaradas da metrópole (Quadro  I)...

Embora representassem 64% % do pessoal, os meus camaradas guineenses da CCAÇ 12 tiveram proporcionalmente mais mortos, mais feridos e mais punições,  ao tempo do BART 2917...  Em contrapartida, receberam muito menos louvores do que os metropolitanos: apenas 8, num total de 27, sendo esperado que recebessem o dobro (17)...

Parece haver aqui um problema de equidade (ou seja, de igualdade de oportunidades)... É verdade que os militares do recrutamento local eram todos praças, ainda para mais de 2ª classe (!), e praticamente todos operacionais (*)...

Os graduados (capitão, alferes, sargentos e 1ºs cabos, de origem metropolitana) que enquadravam os 4 grupos de combate não ultrapassavam os 25, havendo secções sem sargento: dois do quadro, ficaram com funções de secretaria... Depois havia ainda os condutores auto, os operadores de transmissões e os cabos auxiliares de enfermagem (outros 25),  que também alinhavam na atividade operacional (, os condutores mais concretamente nas colunas logísticas; era sold cond auto o único metropolitano morto em combate no meu tempo, em 13/1/1971, em Nhabijões, . o Manuel Costa Soares)... Os restantes 25 eram pessoal de apoio. Total: 75 efetivos.

Todos as praças especialistas (,do cozinheiro ao corneteiro, do radioteleghrafista ao mecânico auto, do escriturário ao corneteiro, do cripto ao quarteleiro) eram, inicialmente (pelo menos no meu tempo, 1969/71), de origem metropolitana... A companhia foi-se entretanto renovando e "africanizando", até para compensar o nº elevado de baixas...

Verifico que, depois do meu regresso à metrópole (em março de 1971), houve complementos e recomplementos de pessoal africano (vd. ponto 6): por exemplo, no meu tempo não existiam nºs mecanográficos começados por 820, todas as praças do recrutamento local da CCAÇ 12 tinham nºs mecanográficos  começados por 821...

Nas listas abaixo, constato haver já mais primeiros cabos atiradores (além de soldados), do recrutamento local, oriundos provavelmnete de outras subunidades (talvez Pel Caç Nat, como o 54, 53, o 52, o 63...). Em finais de 1971 o nº total de praças guineenses ultrapa já a centena (n=105). (Infelizmente não tenho nenhuma lista nominal do pessoal dessa época) (Vd. ponto 6).

2. Delideradamente, omitimos os nomes dos 5 (cinco) graduados, especialistas e praças metropolitanas, que foram punidos no tempo do BART 2917 (1970/72). (Queremos, naturalmente, preservar a sua identidade; estão vivos e alguns são nossos leitores)...

1 alferes mil at (punido em 17/7/71 c/ 20 D/ PDA pelo Com-chefe);
1 fur nil at (punido em 7/5/71 c/ 08 D/D pelo cmdt do Dep Adidos);
1 primeiro cabo atirador (punido em 5/6/71 c/ 10 D/D pelo cmdt do BART 2917);
1 primeiro cabo atirador (punido em 17/4/71 c/ 10 D/D  pelo cmdt do BART 2917).
1 soldado atirador (punido em 28/12/70 c/ 10 D/PD pelo cmdt do BART 2917);

Em relação aos nossos camaradas guineenses,  publico excecionalmente os seus nomes, muitos deles já morreram, mas faço questão de honrar a sua memória... Não conheço (nem me interessa) a matéria factual que terá sido invocada para os punir, tanto a uns como a outros...A lista é publicada, excecionalmente, a título meramente informativo e didático.

Punições ao tempo ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72): pessoal do recrutamento local (23) (sendo 7 punidos duas vezes), pelo que o total das punições das praças guineenses é de 30...

Recorde-se que em fevereiro de 1971 passou a comandar o BART 2917 o tenente coronel de Inf JOÃO POLIDORO MONTEIRO, nº mec. 51383111, já falecido, considerado um spinolista, disciplinado e disciplinador... O 2º cmdt continuou a ser  o major art  JOSÉ ANTÓNIO ANJOS DE CARVALHO,  e o adjunto o major art JORGE VIEIRA DE BARROS E BASTOS.


CCAÇ 12 > PRAÇAS (23 guineenses, 30 punições)

ADELINO COSTA FERREIRA SILVA,  1º Cabo Atirador nº mec. 82086569

- Em 06.10.71 foi punido c/ 10 dias de de detenção (D/D) pelo cmdt da CCAÇ 12.

AMADU TURÉ, Soldado Atirador nº mec, 82117369

- Em 08.06.71 foi punido c/ 15 dias de prisão disciplinar (D/PD) pelo cmdt do BART 2917.

ANDRÉ AQUILINO PINA, 1º Cabo Atirador nº mec. 82091469

- Em 17.10.71 foi punido c/ 06 D/D  pelo cmdt do DEP ADIDOS;

- Em 03.12.71 foi punido c/ 10 D/D  pelo 2º cmdt do BART 2917.

ANTÓNIO PEREIRA, Soldado Atirador nºmec, 82100371

- Em 15.10.71 foi punido c/ 20 dias de prisão disciplinar agravada (D/PDA) pelo  cmdt do BART 2917.

CHERNO BALDÉ, Soldado Atirador nº mec. 82109669

- Em 02.02.72 foi punido c/ 05  D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

CUTAEL BALDÉ Soldado Atirador nº mec. 82108669

- Em 27.09.71 foi punido c/ 08 D/D  pelo cmdt do BART 2917.

INÁCIO MANUEL RODRIGUES Soldado Atirador, nº mec. 82072969

- Em 03.02.72 foi punido c/ 15 D/PD  pelo cmdt do BART 2917.

JOÃO CORREIA DIAS GERÁ Soldado Atirador nº mec. 82129070

- Em 22.06.71 foi punido c/ 08 D/D pelo cmdt do BART 2917;

- Em 22.12.71 foi punido c/ 10 D/PD pelo cmdt  do BART 2917.

LUÍS ALBERTO CORREIA BARBOSA Soldado Atirador nº mec. 82077869

- Em 08.04.71 foi punido c/ 30 D/PD  pelo cmdt  do BART 2917;

- Em 06.07.71 foi punido c/ 20 D/PDA  pelo cmdt do BART 2917.

MAMADU BALDÉ Soldado Atirador nº mec. 82116569

- Em 08.06.71 foi punido c/ 15 D/PD pelo cmdt do BART 2917.

MIGUEL TOTALA BALDÉ Soldado Atirador, nº mec. 82008769

- Em 25.11.70 foi punido c/ 10 D/PD  pelo cmdt do BART 2917.

MUTARO BALDÉ Soldado Atirador nº mec.  82001568

- Em 05.10.71 foi punido c/ 05 D/D  pelo cmdt da CCAÇ 12.

SAILO SEIDI Soldado Atirador nº mec. 82106769

- Em 07.06.71 foi punido c/ 05 D/D  pelo cmdt BART 2917.

SAJO BALDÉ Soldado Atirador nº mec 82106069

- Em 18.02.72 foi punido c/ 20 D/PD  pelo cmdt do BART 2917.

SAMBA BALDÉ Soldado Atirador  nº mec. 82110969

- Em 07.06.71 foi punido c/ 08 D/D pelo cmdt  da CCAÇ 12;

- Em 22.06.71 foi punido c/ 10 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

SAMBA JAU 1º Cabo Atirador nº mec. 82061269

- Em 07.06.71 foi punido c/ 05 D/D pelo cmdt do BART 2917.

SANUCHI SANHÁ Soldado Atirador nº mec. 82109469

- Em 22.06.71 foi punido c/ 10 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

SHERIFO BALDÉ Soldado Atirador nº mec. 82109769

- Em 07.06.71 foi punido c/ 08 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

- Em 03.02.72 foi punido c/ 20 D/PDA  pelo cmdt do BART 2917.

SITAFÁ BALDÉ 1º Cabo Atirador  nº mec. 82034669

- Em 27.07.71 foi punido c/ 10 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

SORI BALDÉ Soldado Atirador nº mec. 82111069

- Em 08.06.71 foi punido c/ 15 D/PD pelo cmdt do BART 2917.

UMARO BALDÉ 1º Cabo Atirador nº mec. 82053467

- Em 05.06.71 foi punido c/ 05 D/D pelo cmdt do BART 2917.

- Em 22.06.71 foi punido c/ 10 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

USSUMANE JALÓ Soldado Atirador nº mec. 82115369

- Em 07.06.71 foi punido c/ 08 D/D pelo cmdt da CCAÇ 12.

VITOR SANTOS SAMPAIO Soldado Atirador nº mec. 82106369

- Em 17.10.70 foi punido c/ 10 D/D  pelo cmdt da CCAÇ 12.

- Em 17.04.71 foi punido c/ 10 D/D  pelo cmdt da CCAÇ 12.


3. Em contrapartida, veja-se aqui o "preço de sangue" pago pelos bravos da CCAÇ 12 ao tempo do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72):



CCAÇ 12 > Mortos em combate (1 metropolitano e 2 guineenses)

MANUEL  DA COSTA SOARES Soldado Condutor nº mec 4853968 

- Morto em 13/01/71 no rebentamento de uma mina anti-carro no Destacamento de NHABIJÕES; sepultado em Oliveira de Azeméis.

USSUMANE SISSÉ Soldado Atirador nº mec 8210766

- Morto em 05/05/71 na Operação “TRIÂNGULO VERMELHO”; sepultado em Bambadinca.

CHEVAL BALDÉ Soldado Atirador  nº mec 82118869 

- Morto em 01/06/71 na Operação “TORDO VERMELHO”; sepultado em Bafatá.


CCAÇ 12  > Mortos por outras causas (2 guineenses)

ANTÓNIO MANJOR GOMES  Soldado Atirador
- Morto por acidente em 12/11/71; sepultado em Bijagós.

BUCAR BALDÉ 1º Cabo Atirador 

- Morto por doença em 04/07/71; sepultado em Bambadinca.


CCAÇ 12 > Feridos (6 metropolitanos e 37 guineenses)


 JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES RODRIGUES Alferes Mil. de Cav nº mec. 10548668 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

ANTÓNIO FERNANDO RODRIGUES MARQUES Furriel Mil. Atirador  nº mec. 13951567 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

FLORINDO GONÇALVES COSTA Alferes Mil Atirador 

JOAQUIM MARQUES FERNANDES  Furriel Mil. Atirador  nº mec. 15265768 

- Ferido em 13/01/71 no rebentamento de uma mina anti-carro no Destacamento de NHABIJÕES.

ADULAI BALDÉ Soldado Atirador  nº mec. 82117069 

ALFA BALDÉ Soldado Arv. Atirador  nº mec. 82100069 

AMADÚ CAMARÁ Soldado Atirador  nº mec. 82117669 

AMADÚ TURÉ Soldado Atirador  nº mec. 82117369 

ARMINDO REIS PIRES 1º Cabo Atirador  nº mec. 82042169 

ARUMA BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec. 82103269 

BACARDENA BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec. 82153771 

CABI NAFAMBA Carregador  Assalariado 

CHERNO BALDÉ Soldado Atirador  nº mec. 82115269 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

DEMBA JAU Soldado Atirador  nº mec. 82115169 

IERO JUMA CAMARÁ Soldado Atirador  nº mec. 82116469 

JOSÉ CARLOS SULEIMANE BALDÉ 1º Cabo Atirador  nº mec. 82115569 

JOSÉ GARCIA PEREIRA Soldado de TRMS nº mec.  06833469 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

JOSÉ MARIA DAYES Soldado Atirador nº mec. 82179370 

JOSÉ MATIAS G BARROS Soldado Atirador  nº mec. 82129769 

MALAN JAU Soldado Atirador  nº mec. 82109369 

MALAN NANQUI  Soldado Atirador  nº mec. 82109969 

MAMADU BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec. 82119069 

MAMADU COLUBALI  Soldado Atirador  nº mec.  82116569 

MAMADÚ JALÓ  Soldado Atirador  nº mec.  82117969 

MAMADU JAU  Soldado Atirador  nº mec.  82108369 

MANUEL GONÇALVES ALVES 1º Cabo Atirador nº mec. 09983370 

MAURO BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82108969 

MUSSA SEIDI  Soldado Atirador  nº mec.  82118669 

QUECUTA COLUBAL  Soldado Atirador  nº mec.  82118369 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

SAIDO SEIDI  1º Cabo Atirador  nº mec. 82015469 

SAJO CANDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82107069 

SAJUMA JALÓ  Soldado Atirador  nº mec.  82116069 

SAMBA JAU  Soldado Atirador  nº mec.  82106869
 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

SAMBA SÓ Soldado Arv Atirador .  nº mec. 82115469 

SANA CAMARÁ  Soldado Atirador  nº mec.  82119069 

SHERIFO BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82115669 

- Ferido em 13/01/71 no accionamento de uma mina A/C junto ao Destacamento de NHABIJÕES.

SIDI JALÓ  Soldado Atirador  nº mec.  82116369 

SULEIMANE BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82042966 

SULEIMANE BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82110269 

SULEIMANE SEIDI 1º Cabo Atirador  nº mec. 82112964 

TENEN BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82115769 

- Ferido em 13/01/71 no rebentamento de uma mina anti-carro no Destacamento de NHABIJÕES.

TOTALA BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82108769 

USSUMANE BALDÉ  Soldado Atirador  nº mec.  82117169


4. E, por fim, veja-se a proporção de militares da CCAÇ 12, do recrutamento local, que foram objeto de louvor, ao tempo do BART 2917, por comparação com o pessoal metropolitano: 19 e 8, respetivamente... E dos 19 três eram oficiais e cinco sargentos...


CCAÇ 12 > Louvores 

OFICIAIS (3)

CARLOS ALBERTO MACHADO BRITO Cap Inf, cmdt da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 nº mec. 50156311

- LOUVOR do BRIGADEIRO CMDT-MILITAR do CTIG em 01.06.71.

ABEL MARIA RODRIGUES Alferes Mil Atirador nº mec. 01006868
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 13.03.71.

FRANCISCO MAGALHÃES MOREIRA Alferes Mil Op Especiais nº mec. 00928568

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 12.03.71.

SARGENTOS (5)

JOSÉ MANUEL ROSADO PIÇA 2º Sarg. de Inf nº mec. 50349011

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 11.03.71.

ANTÓNIO FERNANDO R MARQUES Furriel Mil. Atirador nº mec. 11941567

- LOUVOR do COR do CAOP 2 em 04.05.71.

HUMBERTO SIMÕES REIS Furriel Mil Op Especiais nº mec. 05293067


- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 08.03.71.

JOSÉ LUÍS VIEIRA SOUSA Furriel Mil nº mec. 06759968

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 25.02.71.

LUÍS MANUEL GRAÇA HENRIQUES Furriel Mil. Arm Pesadas nº mec. 13151468

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 25.02.71.

O fur mil Henriques [Luís Graça], o 1º cabo J. C.
Suleimane Baldé  e o sold ap mort 60 Umarú Baldé
(já falecido),, pertencentes à â ª seccção do 4º Gr Comb
da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca,
julho de 1969/ março de 1971)
PRAÇAS (11 metropolitanos e 8 guineenses)


ABIBO JAU Soldado Atirador nº mec. 82107469
- LOUVOR do GENERAL CMDT-CHEFE em 16.04.71. [Será mais tarde, depois da independência, fuzilado pelo PAIGC, jem Madina Colhido, untamente com o ten grad 'cmd' Abdulai Jamanca, cmdt da CCAÇ 21]

ABÍLIO SOARES 1º Cabo Atirador nº mec. 18998168
- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 02.03.71.

ANSUMANE BALDÉ Soldado Atirador nº mec.82117869

- LOUVOR do GENERAL CMDT-CHEFE em 16.04.71.

ANTÓNIO JOSÉ DAMAS MURTA 1º Cabo Op Cripto nº mec. 08069668
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 08.03.71.

BRAIMA JALÓ Soldado Atirador nº mec. 82107769

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 01.03.71.

CARLOS ALBERTO ALVES GALVÃO 1º Cabo Atirador nº mec. 02920168

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 24.02.71.

CARLOS ALBERTO M SIMÕES 1º Cabo nº mec. 06803070

- LOUVOR do CMDT da CCS/BART 2917 em 23.02.72.

EDUARDO VERÍSSIMO SOUSA TAVARES 1º Cabo Escriturário nº mec. 12951468
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 13.03.71.

FERNANDO ANDRADE SOUSA 1º Cabo Atirador nº mec. 05762767

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 01.03.71.

GABRIEL SILVA GONÇALVES 1º Cabo Op. Cripto
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 08.03.71.

JOÃO FERNANDO R SILVA Soldado Básico nº mec. 09877768

- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 08.03.71.

JOSÉ MANUEL PIMENTA QUADRADO 1º Cabo Ap. Ar. Pesadas nº mec. 18490968
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 08.03.71.

MAMADU BALÓ Soldado Arv. Atirador nº mec. 82107169

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 01.03.71.

MANUEL ALBERTO FARIA BRANCO 1º Cabo Atirador nº mec. 18880368
- LOUVOR do CMDT da CCAÇ 12 em 23.02.71.

MANUEL MONTEIRO O VALENTE 1º Cabo Ap. Dilagramas nº mec. 17765068

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 08.03.71.

SAJO BALDÉ Soldado Arv. Atirador nº mec. 82108469

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 01.03.71.

SAJUMA JALÓ Soldado Atirador nº mec. 82116069

- LOUVOR do GENERAL CMDT-CHEFE em 16.04.71.

SAMBA SÓ Soldado Atirador nº mec. 82115469

- LOUVOR do CMDT do BART 2917 em 24.02.71.

SUCUBA EMBALÓ Soldado Atirador nº mec. 82030363

- LOUVOR do CMDT da CCS/BART 2917 em 03.02.72.


Fonte: Adapt. de História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72)


5. Os nomes com links (10) são de membros da nossa Tabanca Grande. No meu tempo (1969/71) a composição da CCAÇ 12 era a seguinte: cerca de 75 graduados e praças especialistas, de origem metropolitana (45,4%); e 90 praças, oriundos do recrutamento local (54,6%) (Quadro I).

Só havia, na altura, um 1º cabo guineense, o José Carlos Suleimane Baldé, que tinha o exame da 3ª ou 4ª classe,  E, se bem me recordo, eram todos fulas, dos regulados de Badora e Cossé, com exceção de 2 mandingas e 1 mancanhe, de Bissau, o Vitor Santos Sampaio, valente mas muito reguila... (Ao Vitor, só lhe conheci um momento de "fraqueza" (?), no decurso da Op Abencerragem Candente, em 26/11/1970, vai fazer agora 45 anos...  O Vítor recusou-se a acompanhar-me  à cabeça das NT que tinham acabado de sofrer uma tremenda emboscada (CART 2715 e CCAÇ 12); era preciso  resgatar 6 mortos e socorrer 9 feridos graves;  ainda hoje recordo a desculpa que ele me deu: "pessoal africano só ganhava 600 pesos" e as baixas mortais...  eram todas de "tugas", com exceção do novo guia e picador, o Seco Camará)...

O Vítor pertencia ao 1º Gr Combate e eu estava no 4º (, não tinha pelotão certo)... Terá sido o único gesto de "cobardia" (?) que testemunhei em 22 meses de comissão, na CCAÇ 12,,, Mas quem sou eu para julgar os meus camaradas guineenses ? Infelizmente, já não deve ser vivo, o Vitor Santos Sampaio, o único mancanhe que conheci...  (80% a 90% destes meus camaradas guineenses já morreram)... Quem poderia falar dele, seria o seu antigo comandante de pelotão, o Francisco Magalhães Moreira, alf mil op espec, mas infelizmente ele não deve conhecer sequer o nosso blogue...


6. Complementos (11) e recomplementos  (5) da CCAÇ 12 (ao tempo do BART 2917), entre junho e dezembro de 1971

JUNHO DE 1971

COMPLEMENTOS

 - Soldado Ap. Morteiro AMADÚ BALDÉ 82116671

- Soldado Ap Metralh. E/C SANTOS SAMA BALDÉ 82051771

- Soldado Atirador E/C MAMADÚ CANDÉ 82054171

- Soldado Atirador IDRISSA BALDÉ 82134071

- Soldado Atirador MAMA DJAM 82135370

- Soldado Atirador BACARDENA BALDÉ 82153770


AGOSTO DE 1971

COMPLEMENTOS

 - Soldado Básico MAMADU JALÓ 82001571

- Soldado Corneteiro MUTARO BALDÉ 82001568

SETEMBRO DE 1971

COMPLEMENTOS

- Soldado Condutor CURAEL DJAU 82052366

NOVEMBRO DE 1971

COMPLEMENTOS

 - Soldado Ap. Morteiro BABAGALE BALDÉ 82025769

RECOMPLEMENTOS

 - Furriel Miliciano Atirador ALCINO JOSÉ SOARES

- Soldado Ap. Metralh. SUMAI SILÁ 82174171

DEZEMBRO DE 1971

COMPLEMENTOS

 - 1º Cabo Aux. Enfermagem ALCIDES COSTA 13610771

RECOMPLEMENTOS

 - Soldado Transmissões JOÃO ADULAI CANDÉ 82099871

- Soldado Transmissões ARMANDO MANHÓ EMBALÓ 82000271 

- Soldado Atirador ADUL JALÓ 82054271



A ficha-resumo da CCAÇ 12, constante no Arquivo Histórico Militar... Entre 1969 e 1974, a CCAÇ 12 teve cinco capitães... E conheceu 4 batalhões, BCAÇ 2852 (1968/70), BART 2917 (1970/72), BART 3873 (1972//4) e BCAÇ 4616/73 (1974).

_______________

Notas do editor;



1º Gr Comb

Comandante Alf Mil Op Esp 00928568 Francisco Magalhães Moreira

1ª secção

1º Cabo 8490968 José Manuel P Quadrado (Ap dilagrama)
Soldado Arvorado 82107469 Abibo Jau (F) [, dado como fuzilado depois da independência]
Soldado 82105869 Demba Jau (F)
Sold 82107769 Braima Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106069 Sajo Baldé (Mun LGFog 8,9) (FF)
Sold 82106869 Suleimane Djopo (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82105469 Baiel Buaró (F)
Sold 82106269 Mamadu Será (FF)

2ª Secção

Fur Mil 04757168 Joaquim João dos Santos Pina [, natural de Silves, onde ainda hoje vive]
1º Cabo 17765068 Manuel Monteiro Valente (Ap Dilagrama)
Soldado Arvorado 82106369 Vitor Santos Sampaio (Mancanhe)
Soldado 82106469 Mamadu Au (Ap Metr Lig HK 21)
Sold 82105969 Samba Camará (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82105269 Sherifo Baldé
Sold 82106669 Mussa Bari (FF)
Sold 82106969 Mamadu Jau (F)
Sold 82105369 Mamadu Silá (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82107669 Ussumane Sisse (Mun LGFog 3,7) (M)

3ª Secção

Fur Mil 19904168 António Manuel Martins Branquinho [, reformado da Segurança Social, Évora, já falecido]
1º Cabo 18998168 Abílio Soares [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82107169 Mamadu Baló (F)
Soldado 82106569 Mustafá Colubalii (Ap Mort 60) )(FF)
Sold 82106169 Sana Camará (Mun Mort 60) (FF)
Sold 82105669 Amadu Baldé (FF) [, mais tarde da CCAÇ 21, poderá ter sido fuzilado após a independência]
Sold 82106169 Saico Seide(F)
Sold 82107569 Gale Jaló (FF)
Sold 82105569 Sana Baldé (Ap Dilagrama) (F)
2º Gr Comb

Comandante: Alf Mil de Inf 13002168 António Manuel Carlão [, comerciante, vive em Fão, Esposende]

1ª secção

Soldado Arvorado 82107969 Alfa Baldé (Ap LGFog 3,7)
Soldado 18968568 Arménio Monteiro da Fonseca [, vive no Porto]
Sold 82118169 Samba Camará (FF)
Sold 82115369 Iéro Jaló (F)
Sold 82118869 Cheval Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82103269 Aruna Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82105169 Mamadú Bari (FF)
Sold 82116369 Sidi Jaló (Ap Dilagrama) (FF) [,dado como tendo sido fuzilado depois da independência]
Sold 82118669 Mussa Seide (F)
Sold 82117669 Amadú Camará (FF)
2ª Secção

Fur Mil Op Esp 05293061 Humberto Simões dos Reis [, engenheiro técnico, Alfragide / Amadora]
1º Cabo 17626068 José Marques Alves [, vivia em Fânzeres, Gondomar; já falecido]
Soldado Arvorado 82116569 Mamadu Baldé (F)
Soldado 82101469 Udi Baldé (FF)
Sold 82101069 Sajo Candé (F)
Sold 82108069 Alfa Jaló (F)
Sold 82116469 Iéro Juma Camará (Ap Mort 60) (FF)
Sold 82111969 Mamadú Jaló (Mun Mort 60) (F)
Sold 82111069 Adulai Baldé (F)
Sold 82117269 Adulai Bal (F)

3ª Secção

Fur Mil 17207968 Antonio Eugénio S. Levezinho [, reformado da Petrogal, vive em Sagres, Vila do Bispo]
1º Cabo 18880368 Manuel Alberto Faria Branco [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82116969 Braima Bá (F)
Soldado 82116669 Gale Colubali (Ap Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82116769 Mamadú Uri Colubali (Mun Metr Lig HK 21) (FF)
Sold 82111369 Amadú Turé (F)
Sold 82117469 Demba Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82107869 Iero Jaló (FF)
Sold 82116869 Gale Camará (F)
3º Gr Comb

Comandante: Alf Mil Inf 01006868 Abel Maria Rodrigues [, bancário reformado, Miranda do Douro]
1ª secção

Fur Mil Luciano Severo de Almeida [, já falecido, era do Montijo]
1º Cabo 02920168 Carlos Alberto Alves Galvão [, vive na Covilhã]
Soldado Arvorado 82108769 Totala Baldé (F)
Sold 82108569 Sambel Baldé (F)
Sold 82108969 Mauro Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82110369 Jamalu Baldé (Mun LGFog 8,9) (F)
Sold 82109169 Malan Baldé (F)
Sold 82109569 Iéro Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110969 Samba Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109969 Malan Nanqui (M)

2ª Secção

Fur Mil 07098068 Arlindo Teixeira Roda [, natural de Pousos, Leiria; professor em Setúbal, reformado]
1º Cabo 17625368 António Braga Rodrigues Mateus [, vive em Guifões, Matosinhos, depois de regerssar de França onde esteve emigrado];
Soldado Arvorado 82108369 Mamadú Jau (Ap Dilagrama) (F)
Soldado 82109369 Malan Jau (Ap Mort 60) (F)
Sold 82100769 Amadú Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82108869 Quembura Candé (F)
Sold 82109769 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115369 Ussumane Jaló (FF)
Sold 82110169 Madina Jamanca (F)

3ª Secção

Fur Mil 06559968 José Luís Vieira de Sousa [, natural do Funchal, agente de seguros]
1º Cabo 12356668 José Jerónimo Lourenço Alves [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82108469 Sajo Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Soldado 82109669 Cherno Baldé (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82109469 Sanuchi Sanhã (Ap LGFog 3,7) (F)
Sold 82109269 Sori Jau (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82110569 Mamadu Embaló (F)
Sold 82110769 Chico Baldé (F)
Sold 82115169 Demba Jau (F)
Sold 82108669 Cutael Baldé (F)
4º Gr Comb

Comandante: Alf Mil Cav 10548668 José António G. Rodrigues [, já falecido, vivia em Lisboa]

1ª secção

Fur Mil 15265768 Joaquim Augusto Matos Fernandes [, engenheiro ténico, vive no Barreiro]
1º Cabo 18861568 Luciano Pereira da Silva [, morada actual desconhecida];
Soldado Arvorado 82115469 Samba Só (F)
Soldado 82109869 Samba Jau (Mun Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82115269 Cherno Baldé (Ap Metr Lig HK 21) (F)
Sold 82117569 Mamai Baldé (F)
Sold 82117869 Ansumane Baldé (Ap Dilagrama) (F)
Sold 82118269 Mussa Jaló (Ap Dilagrama) (FF)
Sold 82118969 Galé Sanhá (FF)

2ª secção

Fur Mil 11941567 António Fernando R. Marques [, vive em Cascais, empresário reformado]
1º Cabo 17714968 António Pinto [, morada actual desconhecida];
1º Cabo 82115569 José Carlos Suleimane Baldé (F) [, vive em Amedalai, Xime, Guiné-Bissau]
Soldado Arvorado 82118369 Quecuta Colubali (F)
Soldadado 82110469 Mamadú Baldé (F)
Sold 82115869 Umarú Baldé (Ap Mort 60) (F) [, já falecido, vivia na Amadora]
Sold 82118769 Alá Candé (Mun Mort 60) (F)
Sold 82118569 Mamadú Colubali (FF)
Sold 82119069 Mamadu Balde (F)

3ª secção

1º Cabo 00520869 Virgilio S. A. Encarnação [, vive em Barcarena]:
Soldado 82116069 Sajuma Jaló (Ap LGFog 8,9) (FF)
Sold 82110269 Suleimane Baldé (Ap LGFog 8,9) (F)
Sold 82111069 Sori Baldé (F)
Sold 82115669 Sherifo Baldé (F)
Sold 82115769 Tenen Baldé (F)
Sold 82117169 Ussumane Baldé (F)
Sold 82117769 Califo Baldé (F)
Sold 82118469 Califo Baldé (F)

Observ.: o Fur Mil Armas Pesadas Inf Luís Manuel da Graça Henriques [, prof univ.,  vive em Alfragide / Amadora] era o "pião de nicas" (pau para toda a obra...) do capitão, passou por todos os grupos de combate, "tapando buracos", e nos últimos meses comandou uma das secções do 4º Gr Comb. 

O alf mil António Carlão, do 2º Gr Comb, e o fur mil Joaquim Fernandes foram desde cedo destacados para a equipa de reordenamento de Nhabijões, deixando de ser operacionais.

Os Gr Comb da CCAÇ 12 cedo ficaram desfalcados com as sucessivas baixas (incluindo graduados e praças metropolitanas e praças do recrutamento local].

Todos os guineenses eram, originalmente, dos regulafos de Badora e Cossé, com exceção do mancanhe Vitor Santos Sampaio, que veio de Bissau.
_____________
Legendas:

F= Fula
FF= Futa Fula
M= Mandinga
Mc=Mancanhe
Ap= Apontador
Mun= Municiador
Mort= Morteiro
LGFOg= Lança-granadas foguete
Met= Metralhadora
Lig= Ligeira

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Guiné 634/74 - P13501: A propósito de praxes e do Polidoro Monteiro que eu conheci, em Bambadinca, quando fui instrutor de mílícias: "O médico está preso!" (Paulo Santiago, ex-alf mil, cmdt, Pel Caç Nat 53, Saltinho e Bambadinca, 1970/72)

1. Um texto do Paulo Santiago, já de 26 de fevereiro último, mas que esteve em "stand by", por decisão dos editores já que fazia referência explícita a um camarada nosso, que ainda está vivo, e que foi alf mil médico... Omite-se o seu nome, de acordo com as nossas regras editoriais. Não faz parte da Tabanca Grande. (LG

Polidoro Monteiro, em Bissorã, 1971.
Foto de Armando Pires (2014)
Assunto: Polidoro

Luís:
Ainda a propósito do poste do Armando Pires (*), e também do muito que se tem falado de praxes (**), lembrei-me de uma história do Polidoro [, ten cor inf, último comandamte do BART 2917, Bambadinca, 1970/72, e entretanto já falecido], aflorada em tempos, muito pela rama. Se achares interessante, publica.
Paulo Santiago.

2. O Polidoro Monteiro que eu conheci:  
"O médico está preso!"

Quando em outubro de 1971 cheguei a Bambadinca, havia lá um médico que conhecia de vista e de nome, melhor de alcunha...

No meu tempo, na Escola Agrícola de Coimbra, não havia praxes, tinham sido proibidas uns anos antes no seguimento de uma situação que tinha corrido mal. Os alunos dos liceus, e os caloiros da Universidade de Coimbra, ao contrário, viviam num certo "terror", evitando ter encontros, após o toque  da "cabra" com os "praxadores mores". Nestes, os mais conhecidos, e mais temidos, eram o nosso futuro médico, e o "Mata-Gatos", assim chamado por maltratar gatos, naqueles dias em que se sentia frustrado por não efectuar "rapanços".

Foi o ex-praxador coimbrão  que eu fui encontrar em Bambadinca como médico.

Um dia, estava a fazer um "cross" com a companhia de milícias, repentinamente caí redondo. Meio reanimado, trouxeram-me para o posto médico. Diagnóstico: tensão arterial situada em 4-7,5. O clínico manda uma caralhada, diz que estou bastante fodido, e receita-me... whisky, em bastantes tomas durante o dia. Também aconselhou descanso.

Pedi ao ten cor Polidoro para me dispensar de duas ou três formaturas matinais, mas não lhe disse qual tinha sido a receita para a subida da tensão arterial. Esta normalizou ao fim de uns dias e, claro,  bebi mais que aquilo que já bebia. Soube mais tarde que não faltavam medicamentos para a baixa tensão.

Num dia de novembro, há uma coluna de abastecimentos ao Xitole, e um Unimog 411 vira-se. O condutor, um militar da CCAÇ 12, suicida-se dando um tiro na cabeça. Trouxeram o corpo para a capela de Bambadinca, onde numa pseudo autópsia aconteceu algo que não devia ter acontecido.

Pela mesma altura, o Pelotão Daimler foi rendido. O alferes médico em questão tinha lá a mulher (a primeira) mas quase todos os dias à hora de jantar, deixava-a no quartel e vinha comer e beber (bastante) para casa do gajo da PIDE/DGS, ou para casa do Rendeiro [, comerciante,] de quem era conterrâneo.

Na primeira noite de serviço dos "periquitos" do pelotão de cavalaria, o soldado de sentinela no posto, ao cimo da rampa, vê a altas horas um civil, branco,  a aproximar-se, manda-o parar e pede-lhe a identificação. O civil era o médico, vinha bem "carregado" e pôs-se a disparatar com o militar. Felizmente, apareceu o sargento de dia, que informou o soldado:
- É o nosso alferes médico.

Tudo acalmado, o nosso alferes médico vira-se para o soldado de sentinela, dizendo:
- Andas com uma cor muito pálida, amanhã passas no posto médico para te dar um medicamento.

"Periquito", ingénuo, cumpridor da ordem de um superior, no dia seguinte lá estava no posto médico. Neste existia um soldado maqueiro, bruto, meio sádico... Quando o médico  topou o militar de sentinela na noite anterior, disse:
- Oh Fulano Tal, este gajo necessita levar cinco ampolas de Vitamina C, subcutâneas dadas como tu sabes, e hoje leva duas e nunca mais vai esquecer a minha cara.

Diziam que aquelas injecções eram extremamente dolorosas, o certo é o militar ter ficado cheio de dores, nem sentado, nem deitado podia estar durante mais de um dia.

Acabou o curso de formação de milícias, fui passar o Natal e Ano Novo ao Saltinho. No dia 6 de janeiro de 1972, fui de heli para Bissau e,  passados três ou quatro dias, regressei de avioneta a Bambadinca, juntamente com o 2.º comandante, o major Anjos de Carvalho. Na pista, à nossa espera, estava o ten cor  Polidoro:
- Só vim aqui para vos dizer que o médico está preso. Está no quarto, a mulher foi embora e ele,  quando terminar os dez dias, vai recambiado.

O pelotão de cavalaria, no fim do ano, fez uma festa convidando o comandante. Veio à baila a cena das injecções de Vitamina C. Parece que a tampa do Polidoro saltou, já havia os rumores da "autópsia" e outras cenas pouco edificantes. No dia seguinte, arranjaram transporte para a mulher do médico, e na Ordem de Serviço saiu a punição...

Julgo que ninguém ficou admirado com o sucedido.

Paulo Santiago

[ex-alf mil, cmdt, Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72. instrutor de mílícias em Bambadinca; engenheiro técnico agrícola reformado; natural de Águeda]
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 19 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12742: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (12): Chegou Polidoro, "O Terrível"

(**) Vd. poste de 15 de agosto de  2014 > Guiné 63/74 - P13498: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte III: Um periquito praxado com pornografia à mesa do comandante... E as primeiras impressões (más) de Catió e do destacamento de Ganjola...

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13332: Memória dos lugares (269): Bissorã, Casa Gardete, do dr. Manuel Gardete Correia (1928-2009), autoridade mundial no combate à doença do sono, a única casa de pedra e tijolo da vila, construída por seu pai José Gardete Correia, comerciante, natural de Rosmaninhal, Idanha-a-Nova (Armando Pires / Fernando Cristo)


Guiné > Região do Oio > Bissorã > BCAÇ 2861 (1969/70) > 1970 > "À esquerda o alf mil capelão Augusto Batista, à direita o ten cor inf Polidoro Monteiro (já falecido), cmdt do batalhão. Foto tirada no dia de festa,,, Por detrás a Casa Gardete. No primeiro andar da Casa, então utilizada como quartos dos oficiais, a senhora que está à varanda era a esposa do capitão, comandante da minha companhia."

Foto (e legenda): © Armando Pires (2009). Todos os direitos reservados


1. Duas mensagens de Armando Pires, de 24 e 25 do corrente:

Assunto - Casa Gardete

(i): Luís, meu amigo e camarada, olha só o que acabo de receber em mensagem enviada na minha conta do Facebook.

Já respondi ao senhor, pedindo-lhe autorização para que, caso o entendas, publiques isto no blog, e para que o contactes, caso queiras que ele escreva alguma coisa sobre a família.

Logo que tenhas resposta dele, dir-te-ei qual foi.

Um grande abraço,. Armando Pires
.(/ii) Luís, camarada e amigo.

Aqui tens em anexo, a troca de mensagens entre mim e o filho do Dr. Gardete Correia. (*)

Um grande abraço, Armando Pires.

[ex-fur mil enfermeiro, CCS/BCAÇ 2861,Bula e Bissorã, 1969/70; jornalista reformado, foto atual acima]


Guiné-Bissau > Região do Oio >Bissorã > 2006 > A Casa Gardete. Foto de 2006, cedida pelo camarada Carlos Fortunato, ex-fur mil. da CCAÇ 13, e tirada aquando de uma das suas deslocações a Bissorã ao serviço da ONG Ajuda Amiga, de que é presidente. Actualmente o edifício funciona como tribunal civil. A escadaria dava acesso aos quartos dos oficiais. Entre o vão de escada e a porta onde se lê “Secretaria Judicial”, funcionava “a rádio” local. A corneta sonora era montada sobre aquela grande coluna que suportava um portão de ferro de entrada para o edifício.

Foto: © Carlos Fortunato (2006). Todos os direitos reservados.


Guiné > Região do Oio > Bissorã > CCS/BCAÇ 2861 (Bula e Bissorã, 1969/70) > Vista aérea (parcial): centro de Bissorã, onde se situava a Casa Gardete (8), o melhor edifício da povoação, sede de circunscrição (concelho).

Legendas [Armando Pires]:

1 – Caserna da CCAÇ 2444, depois da CCAÇ 13
2 – Sede da Administração de Bissorã
3 – Enfermaria civil
4 – Messe de oficiais
5 – Secretaria da CCS, Transmissões e espaldões de morteiros
6 – Casernas e refeitório da CCS
7 – Quartos de sargentos da CCS e bar
8 – Secretaria do comando do batalhão no r/c e quartos dos oficiais no 1º andar
 14 – Campo de futebol.

Foto: Cortesia da página do © Carlos Fortunato > CCAÇ 13, Leões Negros > Guiné - Bissorã [Edição: LG e AP]


2. Fernando Cristo ,  jusrista, estudou na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; vive em Bruxelas]

Digníssimo Armando Pires: acabam de me fazer chegar a cópia de um blogue que desconhecia, constituído por antigos combatentes na então Guiné Portuguesa. Escrevo-lhe estas linhas muito emocionado, por ter sido confrontado com, fotografias da casa do meu avô em Bissorâ, bem como várias referências ao meu pai - Manuel Gardete Correia, médico, nascido em Bissorã em 1928 e falecido em Novembro de 2009 (*). 

Casou uma única vez, com Maria Teresa Conceição Lopes Cristo Gardete Correia, licenciada em Biologia e doutorada em Mineralogia em Coimbra, sua cidade natal. Foi professora desde que chegou a Bissau e diretora do liceu de Bissau entre 1972 e 1974, substituindo nessas funções o Padre Macedo.Faleceu em 18 de Setembro de 1974.

Desse matrimónio nasceram dois filhos - Maria Teresa e o signatário, Fernando Manuel Conceição Flores Lopes Cristo Gardette Correia (único com autorização para utilizar o apelido na origem francesa com dois "tt"), hoje com 51 e 48 anos de idade, respetivamente. (...)

Sou Jurista, a terminar uma comissão de serviço em Bruxelas e desde já à sua/ vossa disposição para todas e quaisquer informações adicionais. Bem-Hajam. Contactoz [ Telem e email]

Fernando Cristo Gardette Correia

3.  Fernando Cristo

Digníssimo Armando Pires: Peço-lhe, desde já, as minhas mais sinceras desculpas por não o tratar pela sua patente, que ainda desconheço, mas que desde pequeno fui ensinado a respeitar e a mencionar nos relacionamentos com todos os militares e sobretudo com os fabulosos militares que muito sofreram numa das piores guerras do ultramar.

Acompanhei sempre o meu pai, quer na fase das campanhas pelo interior da Guiné, quer, mais tarde, quando estabilizou em Bissau, dando sequência à fantástica Missão de combate às Tripanossomíases da Guiné ( mais tarde, após a independência, destruída pelo pessoal da saúde cubana), homenageada então pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Dou inteira autorização para utilização dos dados facultados [...]

Pena é que só tenha tido conhecimento agora, após o falecimento de meu pai, que tudo, mas tudo fez e tudo deu, pela terra onde nasceu e para onde voltou em 1961 e que só Deus sabe o que sofreu após a independência entre 1975 e 1977, já com o Sr. Luís Cabral como Presidente da República da Guiné-Bissau, destituído anos mais tarde e exilado em Portugal (já falecido).

Queira V/ Exa. aceitar, em nome de minha irmã e em meu nome, os meus mais respeitosos cumprimentos e agradecimentos pelo louvável trabalho que estão a realizar e de que alguma parte, mais relacionada com a atividade médica e cientifica (nomeadamente os estudos da malária e da doença do sono) do meu pai, está depositada na Fundação Calouste Gulbenkian. [Manuel Gardette Correia  tem sete referências bibliográficas na Biblioteca Nacional de Portugal]



Guiné > Região do Oio > Bissorã > BCAÇ 2861 (1969/70) > 1969 > "Foto tirada a um domingo, porque era o dia em que, para "disfarçar" a ideia de estar na guerra, nos vestíamos à civil, estou eu (à esquerda na foto) e um soldado meu, o soldado maqueiro Teixeira à entrada  da Casa Gardete, antigo estabelecimento comercial, alugado à tropa".

Foto (e legenda): © Armando Pires (2014). Todos os direitos reservados


4. Armando Pires

Meu caro Dr. Fernando Cristo. Muito obrigado pelo consentimento que me expressa [...] 

Como pode verificar no meu perfil do Facebook. Na tropa fui furriel miliciano. 

Desse tempo, em Bissorã, onde estive de Set/69 a Dez/70, e junto à casa do seu avô, conservo nos meus arquivos apenas duas fotos que aqui anexo.

A primeira, tirada a um domingo, porque era o dia em que, para "disfarçar" a ideia de estar na guerra, nos vestíamos à civil, estou eu (à esquerda na foto) e um soldado meu, à entrada para o que, no tempo do seu avô, era o estabelecimento comercial.

A segunda foto, tirada no dia de festa, como pode aperceber-se, tem como protagonistas o comandante do batalhão, já falecido, e à esquerda, o mais baixo, o Padre Capelão, felizmente ainda vivo. No primeiro andar da Casa, então utilizada como quartos dos oficiais, a senhora que está à varanda era a esposa de um capitão, comandante da minha companhia. Renovo os meus cumprimentos e peço-lhe que, igualmente os transmita à Senhora sua irmã. armando pires

5. Fernando Cristo

Digníssimo Armando Pires: como calculará, estou a vivenciar um momento único e particularmente emocionante, que já não esperava recordar e penhoradamente muito lhe agradeço.

De facto, foi a única casa construída em Bissorã, de cimento e tijolos, pelo meu avô paterno - José Gardette Correia, natural do Rosmaninhal, [concelho de Idanha-A-Nova, ] distrito de Castelo Branco, então comerciante em Bissorã, casa esta onde viveram os meus avós e onde o meu pai nasceu e à qual só voltaria em 1963 de visita. Eu próprio conheci, mas após a independência, já numa fase adiantada de degradação. Aliás, chegar hoje a Bissorã demora aproximadamente cinco dias, tal é o estado das estradas e já nem refiro no período das chuvas.

Guardarei, as fotos que fez o favor de facultar, bem como uma outra que vi no blog, nos meus arquivos de familia.

Muito obrigado
Respeitosos cumprimentos

Fernando Gardette Correia (**)
____________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 18 de junho de  2014 > Guiné 63/74 - P13302: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (14): Fadista e locutor, para cumprir o destino

(**) Último poste da série > 25 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13328: Memória dos lugares (268): Bissau, 10 e 13 de Junho de 1969, desfile comemorativo do Dia da Raça e incêndio no "600" (Manuel Carvalho)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Guiné 63/74 - P12742: Furriel Enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (12): Chegou Polidoro, "O Terrível"

1. Mensagem do nosso camarada Armando Pires (ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70), com data de 11 de Fevereiro de 2014:

Meu caro Luís Graça.
Camarada.
De baraço ao pescoço, quero pedir-te desculpa por só agora retomar a série "furriel enfermeiro, ribatejano e fadista".
Qualquer explicação poderia suar a falso, pelo que não a apresentarei. Mas para sossego de todos que sobre a ausência se interrogam, direi que nada de grave se passou, felizmente. Outras escritas por cumprir por mim chamaram.
Aqui tens o 13º episódio da saga. Depois do relato da saída do comandante César Cardoso da Silva, era inevitável falar do homem que o substituiu.

Um abraço para ti, para os nossos editores e todos os restantes camaradas.
Armando Pires


FURRIEL ENFERMEIRO, RIBATEJANO E FADISTA

12 - Chegou Polidoro, o terrível

(...) Estou a vê-lo, ao Polidoro, galões reluzentes sobre um camuflado acabadinho de sair do Casão Militar, olhos protegidos pelas lentes escuras de uns inevitáveis Ray-Ban, pingalim tremelicando na mão direita, voz forte e decidida advertindo a força em parada: - Não me tomem por periquito, que de guerra venho eu farto.

“in armando pires, P4778”

Queiramos ou não, a primeira imagem, a primeira impressão que causamos, acompanha-nos vida fora, cola-se-nos à pele como lapa. Podemos melhorá-la, ou piorá-la, “vê lá tu, pá, quem diria que aquele gajo se transformava no que é hoje”, mas a primeira impressão fica para sempre.

À primeira, eu vi o Polidoro assim.
Emproado, como um pavão. Escreva-se, por ser verdade, ele fez tudo menos querer causar uma primeira boa impressão.

O tenente coronel João Polidoro Monteiro chegou a Bissorã nos primeiros dias de Outubro de 1969, para comandar o BCAÇ 2861 em substituição do tenente coronel César Cardoso da Silva. Seguramente, pelas razões que, sucintamente, relato no meu P12333, alguém em Bissau deve ter dito a Polidoro Monteiro, “vá ali comandar aqueles gajos e meta-os na ordem".
Se foi esta a ordem, se era este o efeito pretendido, então não podiam ter escolhido melhor. Como se diz na gíria do futebol, Polidoro fez uma entrada a pés juntos, uma entrada a matar.
Ao advertir-nos que vinha farto de guerra, fez-nos sorrir. Sabíamos da sua proveniência do comando da Guarda Fiscal, em Moçambique.

 A frase seguinte do seu discurso de apresentação foi para avisar que não permitiria a nenhum militar que andasse mal uniformizado dentro do quartel e, em particular, pela vila de Bissorã. O aviso preocupou a todos. Mas o novo comandante não mandaria destroçar sem nos transmitir a informação que nos deixou incrédulos. Iria mandar realizar um exercício de defesa de Bissorã.
Seria um simulacro de ataque inimigo, em que todos e cada um realizariam tarefas precisas e pelo comando pré-determinadas, por forma a garantir adequada protecção da população e das instalações militares.

Ainda mal refeitos da surpreendente determinação já o exercício se iniciava com um toque a rebate no sino da igreja, que teve como efeito, por entre sorrisos mal contidos, ver o padeiro correr em defesa da padaria, os artilheiros a mergulharem no espaldão de morteiros, eu na enfermaria, sentinela alerta, à espera do que desse e viesse, e, entre especialistas vários, até o pessoal das oficinas, de G3 na mão, em defesa, quiçá, das viaturas.

Ai Polidoro, Polidoro, o que tu foste arranjar. Acordaste o leão.
Três dias depois do divertido exercício, mais propriamente a 8 de Outubro, pelas 21h10, o IN flagelou a vila de Bissorã, com particular intensidade a tabanca da Outra Banda, habitada pela etnia balanta. Foram ali incendiadas várias moranças, roubaram gado, causaram vários feridos entre a população, e, mais grave do ponto de vista militar, tendo chegado ao perímetro do arame farpado, os guerrilheiros entraram num abrigo de onde tinham fugido os dois milícias ali em serviço, levando com eles a metralhadora Breda M37 que lá ficara.

O comandante Polidoro foi rápido na resposta a esta acção. Chamou o cap. mil. João Abreu, comandante da companhia independente CCAÇ 2444, e ordenou-lhe que fosse colocado um pelotão em permanência no alto da Outra Banda, assim conhecida por ficar “do lado de lá” do Rio Armada. Era de lá que, preferencialmente, PAIGC flagelava Bissorã e assaltava as moranças.
Vila e tabanca apenas ficavam unidas por uma estreita ponte em madeira, que passava sobre o rio.

Numa tosca casa de piso térreo que lá havia, mesmo no lugar de onde partia a estrada para Binar, acomodaram-se os homens da 2444 que abriram extensas valas defensivas, em zig-zag, ao longo do arame farpado, a partir das quais reagiriam ao fogo inimigo. Não demoraram muito as obras. Uns escassos cinco dias a partir da ordem dada pelo comandante.
Foi “inaugurado” aquele destacamento a 14 de Outubro, precisamente o dia escolhido pelo inimigo para voltar a flagelar Bissorã, mas desta vez vindo o fogo do lado da estrada do Barro.

Foto 1 - Bissorã, 1970 – O destacamento da Outra Banda. A protecção à casa já foi levada a cabo pelos homens da CCAÇ 13, à qual pertencia o fur. mil. Adriano, que se vê em primeiro plano. 
Foto © cedida pelo Fur Mil Carlos Fortunato

O Comandante Polidoro Monteiro levou mais tempo a reagir ao ataque que o In levou a cabo a partir da estrada do Barro. Foi mesmo preciso que lá voltasse uma e outra vez, que a CCAÇ 2444 fosse rendida pela CCAÇ 13, que acabara de se formar, para tomar uma decisão.
Comandava a 13 o cap. mil. Aberto Durão.

Com este a seu lado, o comandante Polidoro chamou o Furriel Miliciano Carlos Fortunato, especialista de armas pesadas mas que em Bolama fez um curso suplementar de minas e armadilhas, por ser tido como um rapaz calmo e sereno, e incumbiu-o, num lugar que indiciava ser aquele onde os guerrilheiros instalavam as suas armas pesadas, de montar um dispositivo capaz de eliminar a ameaça.

O Fortunato (trato-o assim por ser aquele que preside à Associação Ajuda Amiga, da qual também faço parte), levou das oficinas auto meia dúzia de bidons do gasóleo, carregou-os com dinamite, acabou de os encher com tudo o que pudesse transformar-se em armas mortíferas, uniu-os por um fio condutor que vinha enterrado até à casa do gerador, onde foi ligado a um dínamo de manivela.
O In atacava, dava-se à manivela, os bidons explodiam e pronto.

Mas um mês depois de montada a armadilha, o furriel Fortunato voltou a ser chamado, desta vez para a “desarmadilhar”. Das razões da ordem ele não cuidou de saber. Mas, comentando o caso, é sua ideia que alguém, fosse em Bissau fosse na administração da vila, não terá gostado do plano, não terá gostado do local onde ele foi executado, por ser área agrícola, zona de cultivo das populações.
Resultado, depois de tomadas todas as providências, o furriel Fortunado deu à manivela e BUM!!! Naquele lugar não ficou terra firme para instalar morteiros inimigos, nem terra capaz de semear o que quer que fosse.

Foto 2 - Bissorã, 1970 – Em dia de festa popular, e chegado de uma deslocação ao sector, o ten. cor. Polidoro Monteiro , à direita, com o alf. capelão Augusto Baptista.

Um oficial de parada. Muitos o qualificaram assim.
Falta de jeito ou feitio, o certo é que o comandante tinha uma especial queda para “chatear” a malta. A farda era o seu alvo preferencial.

Por muito estranho que pareça, esse foi também o discurso de abertura que levou às três companhias operacionais do batalhão, a CCAÇ 2464, em Binar, a 2466, em Encheia, e a 2465, no Bissum, quando a elas se foi apresentar.
Em Bissorã, foi com particular mau estar que foi recebida punição do Furriel Miliciano do PelRec Aviz Pires, por andar sem boina.

E o voleibol, o seu desporto favorito?
Sete da manhã. Sem aviso mandava acordar um grupo de oficiais e sargentos por ele escolhido:
- O senhor comandante manda dizer que já está lá em cima no campo à espera. E que ninguém chegasse depois das 7 e 30.
- Filipe, já aí veio o motorista dele acordar a malta.
- Que horas são?
- Sete.
- Ó Pires, não gozes, deixa-me dormir.
- Ok! Vou andando que não estou para aturar o gajo.

Pouco passava das 7h30 quando ao campo chegou o Filipe, levado pelo motorista do comandante, que o fora buscar ao quarto.
- Olhe lá, ó senhor furriel, julga que está nalguma colónia de férias?

Deixemos ficar no olvido o azar que o Dr. Oliveira lhe tinha quando, àquela hora da noite em que ele achava já não ser recomendável andar na rua, o comandante o chamava para a mesa do bridge. E no entanto, este homem empertigado lá no alto dos seus galões, era, nas horas vagas, um tipo afável no trato, um bom conversador.

Foto 3 - Bissorã,1970 – Numa recepção oferecida pela comunidade local, eu à conversa com o ten. cor. Polidoro Monteiro. À esquerda, o comandante da CCAÇ13, cap. mil. Alberto Durão.


Carta ao tenente coronel João Polidoro Monteiro

Meu Comandante
Não sei se aí, no lugar onde se encontra, tem acesso à internet, e se, caso afirmativo, é seu hábito ler o blog do Luís Graça & Camaradas da Guiné.
O Luís é aquele rapaz furriel miliciano da CCAÇ 12, que o meu comandante conheceu em Bambadinca, quando para lá foi, depois de nos comandar a nós, comandar o BART 2917, onde, deixe-me que lhe diga, o senhor granjeou, entre aqueles que dele faziam parte, grande estima e consideração, como homem e como militar.
Eu escrevo no blog do Luís, acervo maior da nossa memória sobre a guerra e o nosso dia a dia na Guiné, e nele escrevi sobre si. Não quero, se se der o caso de me ler, que pense tratar-se de um qualquer ajuste de contas (cobardia de que não sou capaz) ou que fosse minha intenção beliscar a sua imagem de militar responsável e competente. 
No local onde escrevo ninguém muda a sua condição humana depois de morto. Somos o que somos, escrevemos o que fomos, conscientes de que não escrevemos para nós, mas para assegurar que no futuro ninguém nos acusará de não termos dito ao que fomos, porque fomos e o que fizemos. 
Interpretei na escrita o sentimento que o senhor deixou em nós, homens do BCAÇ 2861. “O homem é o homem e as suas circunstâncias”, escreveu Ortega y Gasset. Não me tomo de filósofo nem tão pouco de psicólogo capaz de ler o comportamento humano. Mas quero que saiba que muitos de nós (não posso dizer todos) sempre esteve presente, como se quiséssemos “desculpabilizá-lo”, o lugar de onde vinha e o que lá fazia, e o que de nós, e sobre nós, ainda que de forma injusta e deturpada, deve ter ouvido em Bissau. 

Meu Comandante
O senhor não foi “pera doce”. Manteve as tropas em exagerado sentido. Não granjeou particulares simpatias. Ouvindo um e todos, desculpe que lhe diga mas não deixou saudades. Mas é certo que também ninguém esqueceu aqueles momentos em que, para defender os seus homens dos ataques “exteriores”, até os tomates lhe subiam à garganta. E eu que o diga, quando em Bissau me que quiseram fazer a folha porque pedira uma evacuação urgente para o 1.º Cabo Catarré, na altura a fazer de barman no bar de sargentos, o qual ao meter cervejas no congelador deixou que uma garrafa caísse sobre as demais, provocando uma “explosão” de vidros, indo um deles, minúsculo, cravar-se-lhe na íris.
Ao vê-lo na enfermaria pensei, “eu aqui não toco, se isto não for tirado rapidamente ficas sem olho, vais para Bissau num fósforo”. 
Ainda estou a ver o ar estupefacto da enfermeira paraquedista, ao ver caminhar para o DO um militar com um enorme penso num olho e eu a dizerr, “é este”
Quando de Bissau chegou a ordem para averiguar os factos, saberá o meu comandante que todos ouviram os seus gritos lá dentro do gabinete.
- Se o vidro se espetasse no olho do cu dos gajos, já havia pressa.

Ainda hoje não sei com quem o meu comandante falou, ou o que falou, sei que dias depois me tranquilizou o Dr. Oliveira dizendo-me, “está tudo resolvido”.
Não podia haver maior ironia.
O meu comandante a evitar uma possível punição ao homem a quem, poucos dias depois de ter chegado a Bissorã, chamou ao seu gabinete para lhe dizer: 
- Sei que andas aí armado em vivaço, mas olha que te dou uma porrada.

Coisas que lhe sopraram aos ouvidos mas que nós, eu e o senhor, por respeito a terceiros envolvidos, mantemos em silêncio. Além de que o tempo se encarregou de dar outro e melhor rumo ao nosso relacionamento, não podendo eu esquecer o apreço que mostrou pelo trabalho da minha equipa, nem a conversa que comigo teve, no seu gabinete, pouco tempo antes de nos separarmos.
- “O primeiro sargento Portugal já tem indicações para tratar do processo da entrega da medalha de Comportamento Exemplar a que tens direito. (nota: Medalha de Cobre – A conceder aos sargentos e praças que completem 3 anos de serviço efectivo e que nunca tenham sofrido qualquer punição disciplinar ou criminal – mantendo-se na actualização feita pelo dec 566/71). Enquanto o processo não fica concluído, tens já aqui a barreta indicativa, juntamente com a barreta da Medalha das Campanhas, que passas desde já a usar no teu uniforme".

E usei, sim senhor, usei e com cagança, sendo elas bem visíveis na fotografia militar com que me identificam lá no blog do Luís Graça. Mas olhe, também deixe que lhe diga, ainda bem que o primeiro Portugal teve mais que fazer do que dar andamento ao processo e eu, chegado a Chaves, muita vontade de me meter a caminho de casa.
Aqui para nós, tendo em vista o que fui e fiz “fora das horas de serviço”, comportamento exemplar era um bocado exagerado. 
Já vai longa esta carta. 
Termino dizendo-lhe que lamentei não ter estado presente naquele nosso almoço de confraternização, realizado na Pateira de Fermentelos, em 1991, porque foi o único a que o meu comandante foi, e, depois disso, não mais o vi. 
Tinha sido uma boa oportunidade para falarmos sobre o que agora lhe escrevo. Mas quem sabe, ninguém sabe, se um dia não nos encontraremos “por aí”, com tempo e oportunidade para pôr a conversa em dia, e eu dizer-lhe, à minha maneira, “olhe que o senhor também foi um bom sacana”. 
Um abraço do Armando Aires 
ex-Furriel Miliciano Enfermeiro
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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE NOVEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12333: Furriel enfermeiro, ribatejano e fadista (Armando Pires) (11): A decapitação do Comando

quinta-feira, 21 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11288: (De) caras (13): Guerra Ribeiro, natural de Bragança: de administrador colonial no tempo do Schulz a intendente no tempo de Spínola (Paulo Santiago / Cherno Baldé / António Rosinha)


Foto 1> Guiné > Zona leste > Bambadinca > BART 2917 (1970/729 > Março de 1972 > Carreira de tiro > Da direita para a esquerda: (i) na primeira fila: o general Spínola  e o ten cor Polidoro Monteiro (comandante do BART 2917); e atrás, na segunda  fila,  (ii)  o  antigo administrador de Bafatá, o então intendente Guerra Ribeiro.



Foto 1> Guiné > Zona leste > Bambadinca > BART 2917 (1970/729 > Março de 1972 > Carreira de tiro > Da direita para a esquerda: (i) na primeira fila: Comandante do CAOP 2, General Spínola,  e o ten cor Polidoro Monteiro (comandante do BART 2917); e atrás, na segunda  fila,  (ii) o Paulo Santiago (,de bigode e óculos escuros, o ten-cor Tiago Martins e o  antigo administrador de Bafatá, o então intendente Guerra Ribeiro.



Foto 2-A > Guiné > Zona leste > Bambadinca > BART 2917 (1970/729 > Março de 1972 > Carreira de tiro > em primeiro plano, dois civis, da administração colonial , sendo o segundo o Guerra Ribeiro), no meio de militares, com o gen Spínola ao centro; ao fundo, à direita o nosso grã-tabanqueiro Paulo Santiago, na altura instrutor e comandante de companhia de milícias.


Foto 2 > Guiné > Zona leste > Bambadinca > BART 2917 (1970/729 > Março de 1972  > Foto de conjunto das autoridades civis e militares em visita à carreira de tiro de Bambadinca.

Fotos (e legendas): © Paulo Santiago (2013). Todos os direitos reservados [Fotos editadas pro L.G.]


1. Mensagem do Paulo Santiago [ex-Alf Mil At Inf, Pel Caç Nat 53, Saltinho, 1970/72], com data de ontem:

Olá,  Luís

No P 11281 (*) fala-se do Guerra Ribeiro, Administrador de Bafatá. Conheci a pessoa num dia em que apareceu no Saltinho,e lá pernoitou.

Mais tarde,apareceu em Bambadinca na cerimónia de encerramento do curso de Milícias. Nesta altura, já não era Administrador, era Intendente, e penso que estava em Bissau, mas sei muito pouco sobre estes cargos da Administração Civil. [Voltei a Bambadinca em Janeiro de 72 e, durante o novo curso de milícias, tive duas visitas do Com-Chefe, uma aí pelo meio e a outra no final tendo, desta vez, sido cumprido todo o programa de encerramento, que incluiu uma deslocação de viatura à carreira de tiro, que ficava para lá do destacamento da Ponte de Udunduma, a caminho do Xime].

Nas fotos juntas, Março de 72, aparece o então Intendente Guerra Ribeiro. Na primeira, é a pessoa de farda amarela, atrás do Polidoro Monteiro e do Spínola. Na segunda, está a olhar para o lado esquerdo, e vê-se, também fardado,um outro elemento da Administração Civil que não sei quem é. (**)

Abraço, Paulo Santiago


2. Comentário de Cherno Baldé ao poste P11281 (*):

O Guerra Ribeiro, Administrador da Circunscrição, depois Concelho de Bafatá nos anos 60, era o terror dos nativos "indígenas" que viviam nos arredores ou visitavam a cidade, por força de uma medida administrativa que mandava prender e açoitar todos os nativos que nela entrassem de pés descalços.

A medida era inédita, controversa e paradoxal, porque no seu ambiente natural, salvo raras excepções (personalidades politicas ou religiosas), o nativo guineense, em geral, não usava sapatos no seu dia-a-dia e, também na fase inicial da colonização, o uso de sapatos entre o "gentio" ou era mal visto ou simplesmente proibido pela administração.

E, de repente, nos anos 60, o Administrador de Bafatá confundiu a mentalidade dos nativos com esta medida que intrigava muita gente e teria sido motivo para o surgimento de casos caricatos que ainda hoje se contam e são motivo de divertidas gargalhadas.

Com esta medida histórica, quem tivesse que passar por Bafatá, por qualquer motivo, sabia de antemão ao que era obrigado, mesmo que, por isso, tivesse que arrastar os pés ou andar como um coxo, porque os cipaios de Guerra Ribeiro estavam lá para fazer cumprir a ordem.

Assim, na região de Bafatá a história do uso de sapatos está intimamente ligada ao nome de Guerra Ribeiro, e a maioria dessas pessoas compravam o seu par de sapatos exclusivamente para satisfazer
o Senhor Administrador de Bafatá.

O nome de Guerra Ribeiro está também ligado a construção do Bairro-de-Ajuda, o único Bairro digno deste nome na periferia da antiga Bissau,  construído na base de trabalho obrigatório.

É por estas e outras coisas que, hoje, face a situação actual do pais, muita gente questiona (em especial os mais velhos) se não era melhor manter a ordem e a disciplina coloniais.

 3. Comentário do António Rosinha ao poste P11281 (*):

Sempre houve chefes de Posto, ou Administradores coloniais,  que deixaram marcas como este Guerra Ribeiro que talvez o nosso Cherno só já conheceu de ouvir falar.

Mas não sei se existiu mesmo uma lei colonial ou não que se contava: "Nas Repartições do Estado, não podem entrar nem cães, nem pretos descalços".

Mas o trabalho obrigatório como o bairro da Ajuda já fora da Chapa-Bissau (moderno), esse trabalho teve mais ou menos o mesmo processo do trabalho criticado políticamente pelos movimentos PAIGC, MPLA...que era os "contratados" em Angola.

Também lá em Angola eram os Chefes de posto ou Administradores que, como Guerra Ribeiro, arrebanhavam, convocavam, obrigavam, "contratavam" os jovens das tabancas a prestarem trabalhos
temporários, que eram sempre remunerados e com normas.

E,  como diz o Cherno, a "disciplina colonial", também eu digo sempre, que os velhos régulos "gostavam" dos chefes de posto. Mas não é fácil de explicar, quem poderia explicar bem era um Luís Cabral, um Nino, e mesmo Amílcar Cabral.

Os que politicavam antes da guerra diziam que,  se se produz tanta riqueza para o branco com trabalho obrigatório, quando for a trabalhar para nós...imagine-se.

Ainda trabalhei com guineenses na Tecnil que conheceram esse muito afamado Guerra Ribeiro, para o povo era tão afamado como Spínola. Sempre que ouvia falar nele era no tom como aqui se fala do Salazar, quando se diz agora só "dois salazares".

A minha vida em Angola foi trabalhar com "contratados", e só soube analisar o que isso era depois de trabalhar 13 anos na Guiné com "voluntários". E cá, com brasileiros, guineenses, moldavos e ucranianos.

4. Comentário do editor:

A expressão "Guerra Ribeiro - Bafatá" aparece num documento, de 5 páginas, manuscrito, de Amílcar Cabral, sem data, disponível no Arquivo Amílcar Cabral:  "Título: Ordens de Missão. Assunto: Apontamento com Ordens de Missão manuscrito por Amílcar Cabral. "Guerra Ribeiro - Bafatá". Data: s.d. Observações: Doc. Incluído no dossier intitulado Manuscritos de Amílcar Cabral (Organização Militar, Organização do Lar, Estratégia Militar)".

No museu da RTP há um outro documento se ciat o nome do Guerra Ribeiro: trata-se do texto do programa "Crítica literária, por José Blanc de Portugal", que passou na Emissora Nacional, em 27 de julho de 1966, às 14h50

Nesse programa fala-se do livro  de crónicas do jornalista e escritor Amândio César, Guiné 1965: Contra-ataque. Numa dessas crónicas, aparece o nome de Guerra Ribeiro, que faz de tradutor para o Amândio César, numa cerimónia de juramento de bandeira de soldados do recrutamento local, em Nhacra, cerimónia essa que é abrilhantada com cânticos e danças mandingas. Diz o José Blanc de Portugal:, citando o cronista "Eu não, eu não sou terrorista. Sou português da Guiné Portuguesa". E comenta Amândio César: "Era o fim desta maravilhosa. Os versos traduzia-mos Guerra Ribeiro, um bragançano que se encontra há muito na Guiné Portuguesa. O povo continuou a comemorar aquela festa de ronco pelo dia adiante. Tinha direito a esta festa que era portuguesa e pelos pretos da Guiné portuguesa" (...). 

Noutro documento do museu da RTP, disponível na Net, Amândo César refere-se a Guerra Ribeiro como administrador de Bissau.

Ficamos, portanto, a saber que o administrador Guerra Ribeiro era  natural de Bragança, bragançano ou bragantino.

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de março de 2013 >  Guiné 63/74 - P11281: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11/ CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte VII): Bafatá, uma piscina para três mil...

(**) Último poste da série > 9 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10133: (De) caras (12): Foi com um arrepio que voltei ao Xime e a Mansambo, ao ver o vídeo sobre o quotidiano da Cart 2339 (António Vaz, ex-cap mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)