Blogue coletivo, criado e editado por Luís Graça, com o objetivo de ajudar os antigos combatentes a reconstituir o puzzle da memória da guerra da Guiné (1961/74). Iniciado em 23 Abr 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência desta guerra. Como camaradas que fomos, tratamo-nos por tu, e gostamos de dizer: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Guiné 63/74 - P12619: Parabéns a você (681): Rogério Freire, ex-Alf Mil Art MA da CART 1525 (Guiné, 1966/67)
Nota do editor
Último poste da série de 21 de Janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12613: Parabéns a você (680): João Graça, nosso amigo Grã-Tabanqueiro, médico e músico nos Melech Mechaya
domingo, 19 de maio de 2013
Guiné 63/74 - P11595: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (50): Respostas (nºs 108/109/110): Rogério Freire (CART 1525, Bissorã, 1966/67); José Zeferino (2.ª CCAÇ / BCAÇ 4616, Xitole, 1973/74), Filomena Sampaio (viúva do Manuel Castro Sampaio, CCS/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73)
(CART 1525 - Os Falcões - www.cart1525.com)
(1) Quando é que descobriste o blogue ?
(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook?
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
2. Resposta nº 109 > José Zeferino [ex-alf mil At Inf,
Amigo Luís Graça: Acabei de ter uma intervenção cirúrgica e, depois de largo tempo sem disposição para blogues e internet, eis-me regressado a estas “lides”.
E para recomeçar logo tinha este questionário do nosso blogue.
Aqui vão, assim, as minhas respostas que, espero, sejam de alguma forma úteis.
Um abraço para ti .
Conto rever o pessoal em Monte Real este ano.
Com os melhores cumprimentos.
José António dos Santos Zeferino
Em 2008.
(2) Como ou através de qem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
Pesquisa na web.
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
Sim, desde 2008. [20 de fevereiro de 2008].
(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...).
Agora de tempos a tempos. Antes, diariamente.
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
Sim. Mas no último ano não.
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
Não.
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
Só blogue.
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
Relatos de operações e vivências. Do facebook ...nada.
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
Aniversários e coisas do género... no blogue. No facebook ... passo ao lado.
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
Não.
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook?
Blogue: recordações e esclarecimentos de situações vividas.
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
Já.
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
Sim.
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
Sim.
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
Tudo bem, o que vier por bem!
Boa tarde, Dr. Luís Graça:
Embora tardiamente, decidi responder ao Questionário. Se não se enquadrar no pretendido, agradeço proceda ao seu arquivo ao abrigo do artigo cesto.
Filomena.
(1) Quando é que descobriste o blogue ?
Descobri o Blogue em 2008.
(2) Como ou através de quem (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada) ?
Através dum camarada do meu Marido.
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
Sou membro desde Maio de 2009.
(4) Com que regularidade visitas o blogue (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...) ?
Visito o Blogue várias vezes por semana.
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
Não tenho mandado nada para o Blogue.
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
Sim. Também conheço a vossa página no Facebook.
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
Sim, vou mais vezes ao Facebook.
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
O que mais gosto do Blogue é de ler histórias (acontecimentos verdadeiros) bem contados quer seja na primeira ou terceira pessoa.
Do Facebook, a rapidez com que circula.
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
Estas duas questões, ficam para os mais entendidos. São perguntas simples com respostas muito difíceis.
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
Não tenho dificuldade, mas reconheço que é bastante lento.
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook?
O Blogue, para mim, representou muito conhecimento e ainda hoje representa.
O Facebook, é “filho” do Blogue, logo, tem significados idênticos.
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
Não. Nunca participei. Não tive oportunidade, mas gostaria.
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
Não. Não posso.
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
Claro que tem e cada vez mais. Sei que uns vão “desaparecendo, pela lei natural da vida”, mas muitos têm aparecido e com tempo e disposição para dedicarem um tempinho para darem continuidade às histórias das muitas que ainda falta contar.
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
Gostava muito que este Blogue continuasse por muitos e longos anos. Quando me reformar, terei mais tempo para o visitar ler e reler muito daquilo que já se escreveu. Votos de uma longa vida.
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Nota do editor:
Último poste da série > 16 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11577: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (49): Respostas (nºs 105/106/107): João Ruivo Fernandes (CART 3494, Xime, dez 1972 / jan 1973; e depois, Nova Lamego, 1973/74), Juvenal Candeias (CCAÇ 3520, Cacine, Cameconde, Guileje, 1971/74); e José Figueiral (CCÇ 6, Bedanda, 1970/72)
sábado, 23 de março de 2013
Guiné 63/74 - P11298: Historiografia da presença portuguesa em África (45): Evolução do estatuto político-administrativo da Guiné, desde 1890 até à independência (José Gouveia, ex-fur mil, CART 1525, Os Falcões, Bissorã, 1966/67)
([Reproduzido com a devida vénia de Dicionário de História de Portugal, coordenação de Joel Serrão, vol. III. Porto: Livraria Figueirinhas, reedição de 1981, p. 180].
1. Com a devida vénia, e devidamente adaptado reproduzimos aqui um texto, interessante, didático, informativo, sobre a organização político-administrativa da Guiné, desde 1890 até à independência, texto esse disponível, em formato pdf, na página da CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67). O documento é da autoria do nosso camarada José Gouveia, madeirense, ex-fur mil, e hoje advogado, fazendo parte de um livro, de mais de 200 páginas, sobre a Guiné, em pré-lançamento no sítio da CART 1525. Já aqui fizemos referência, em tempos, ao livro ("Guiné-Bissau, de colónia a independente") e ao autor. Aproveitamos o ensejo para convidar o José Gouveia a integrar a nossa Tabanca Grande, e para mandar um grande abraço ao Rogério Freire que criou e mantém, com outros camaradas, o sitio, na Net, da CART 1525, e que é nosso grã-tabanqueiro da primeira hora (, ou seja, da I Série do nosso blogue).
Estatuto político-administrativo da Guiné
por José Gouveia [adaptado]
Em 1879 a Guiné separa-se de Cabo Verde. ´
Em 1890, passa a ter a categoria de Província.O Governador é escolhido pelo Governo de Portugal. O poder autárquico limita-se aos municípios mais importantes (Bolama, Cacheu e Bissau).
Em 1892, passa a designar-se Distrito Militar Autónomo, com maior concentração de poderes no Governador, na sequência da derrota portuguesa face aos Papéis. Apenas Bolama manteve o estatuto de concelho, embora uma Junta Municipal venha substituir a Câmara, e os respectivos membros passem a ser nomeados pelo governador. Bissau, Cacheu, Geba e Buba tornam-se comandos militares (1).
Em 1895, a Guiné regressa à categoria de Província por um decreto de 18 de Abril. Mantém-se em vigor o estatuto jurídico de 1892. Cabe ao governador João Augusto de Oliveira Muzanty (1906-1909) [, contra-almirante, em 1934, e chefe do Estado Maior Naval, entre 1934 e 1937, tendo nascido em 1872 e morrido em 1937] reorganizar a administração da colónia, mantendo, não obstante, a posição dos militares. Bolama continua concelho, enquanto Cacheu, Farim, Geba/Bafatá, Cacine, Buba e Bissau passam a residências, sedes de destacamento, cujos comandantes assumem as funções militares e civis (2).
Em 1910, a residência de Buba divide cada um dos seus quatro regulados (Bolola, Contabane, Cumbijã e Corubal) em chefados, para maior facilidade no cumprimento de ordens e para reduzir a isenção no pagamento do imposto de palhota (3) aos chefes as povoações.
Anteriormente as isenções excediam as 200 palhotas. Com esta nova medida exceptua-se do encargo apenas 25 dirigentes indígenas. Algumas dessas residências abrangiam extensas áreas de terreno nem sempre fácil de transpor. Em Dezembro de 1910, Bissau volta a ter comissão municipal nomeada pelo governador, a qual se mantém em funções até à eleição de 1918 (4).
Em 1912, em plena Repúblcia, dá-se uma nova reorganização pelo decreto de 7 de Setembro. A Guiné fica dividida em sete circunscrições civis: Bolama, Bissau, Geba, Cacheu, Farim, Buba e Cacine.
Por razões de maior eficiência e falta de disponibilidade dos administradores de Bissau e Bolama, pelo decreto nº 2742, de 7 de Novembro de 1916, há nova reorganização: dois concelhos (Bolama e Bissau) e nove circunscrições civis (Geba, Farim, Cacheu, Buba, Cacine, Bijagós, Brames, Costa de Baixo e Balantas)
Em 1917, a Carta Orgânica mantém a divisão anterior, continuando a reconhecer a autoridade dos régulos e chefes de povoação como delegados dos administradores. Cada um dos concelhos passa a ter uma Câmara Municipal com cinco vereadores eleitos. Cada circunscrição civil conta com comissões municipais, constituídas pelo respectivo administrador e por dois vogais eleitos.
Em 1921 e 1922 já existiam, para além de dois concelhos (Bissau e Bolama), 14 circunscrições: Domingos, Cacheu, Farim, Costa de Baixo (Canchungo), Brames (Bula), Papéis (Bór), Bissorã, Mansoa, Bafatá, Oco-Babú, Buba, Quinará, Bijagós e Cacine. [Observação: Vê-se que neste período de 1917 a 1922, Geba perdeu importância em detrimento de Bafatá].
Em 1927, já em plena Ditadura Militar, pelo diploma nº 329, de 3 de Setembro, as circunscrições são reduzidas para sete, na sequência da maior facilidade de comunicações, bem como da pacificação da Guiné. Essas circunscrições são: Cacheu, Canchungo, Farim, Mansoa, Bafatá, Buba e Bubaque.
Não obstante algum tempo depois terem sido restabelecidas as circunscrições civis de Bissau e de Gabú Sara e o comando militar de Canhabaque, só em 1928 surge alteração mais pronunciada, justificada quer pela necessária compressão de despesas, quer pela procura de maior qualidade de organização, impedindo a continuação da fragmentação do poder. Desta forma, a Guiné passou a contar com quatro intendências (Bolama, Bissau, Bafatá e Cacheu), subdivididas em doze residências. Localmente há ainda outros órgãos de poder, como por exemplo o juiz do povo (5).
Nos anos cinquenta do Século XX, os principais centros populacionais eram Bissau (capital e sede do Governo), Bafatá, Bolama, Cacheu e Farim. Cada centro com cerca de 5 mil habitantes.
O Estatuto Político-Administrativo da Província da Guiné, de 1963, vem entretanto introduzir uma nova reestruturação administrativa. Na sequência da Lei nº 2.048, de 11 de Junho de 1951, que introduz alterações à Constituição da República Portuguesa, inclusivamente na parte relacionada com as colónias que passam a chamar-se províncias, bem como da Lei nº 2.119, de 24 de Junho de 1963, que aprova a Lei Orgânica do Ultramar, é revisto e aprovado o novo Estatuto da Guiné.
Pelo Decreto nº 45.372, de 22 de Novembro de 1963, assinado por Américo Deus Rodrigues Thomaz (Presidente da República), António de Oliveira Salazar (Presidente do Conselho) e António Augusto Peixoto Correia (Ministro do Ultramar), é aprovado o Estatuto Político- Administrativo da Guiné, para entrar em vigor no dia 1 de Janeiro de 1964.
A província da Guiné abrange os territórios indicados na Convenção luso-francesa de 12 de Maio de 1886 e delimitados por troca de notas diplomáticas em 29 de Outubro e 4 de Novembro de 1904 e 6 e 12 de Julho de 1906, tendo Bissau como capital (, tinha sido Bolama, até 1943). Tem órgãos de governo próprios, constituídos pelo (i) Governador (o mais alto representante do Governo da Nação Portuguesa), (ii) o Conselho Legislativo e (iii) o Conselho de Governo.
O Governador tem funções executivas mas também legislativas em certas casos, a saber: a) no intervalo das sessões do Conselho Legislativo; b) durante o funcionamento efectivo do Conselho Legislativo, em todas as matérias que não sejam da competência exclusiva do mesmo Conselho; c) e quando o Conselho Legislativo haja sido dissolvido.
O Conselho Legislativo é constituído por 11 vogais, eleitos para um mandato de 4 anos, tendo como Presidente o Governador. Tem competência legislativa e outras como autorizar o Governador a contrair empréstimos, nos termos da Lei Orgânica do Ultramar.
Também fazem parte do Conselho Legislativo, como vogais natos, o Secretário-geral, o delegado do procurador da República da comarca da capital da província e o chefe da Repartição Provincial dos Serviços de Fazenda e Contabilidade.
As condições para ser eleito para o Conselho Legislativo são as seguintes: a) ser cidadão português originário; b) ser maior; c) saber ler e escrever português; d) reesidir na província há mais de três anos; e) não ser funcionário do Estado ou dos corpos administrativos em efectividade de serviço, salvo se exercer funções docentes.
Os 11 vogais são eleitos da seguinte forma, num único círculo eleitoral: a) três, por sufrágio directo dos cidadãos inscritos nos cadernos gerais de recenseamento eleitoral; b) sois, são-no pelos contribuintes, pessoas singulares, recenseados com um mínimo de contribuições directas de 1.000$00; c) dois, eleitos pelos corpos administrativos e pessoas colectivas de utilidade pública administrativa, legalmente reconhecidas; d) três, pelas autoridades das regedorias, de entre elas próprias; e) um é eleito pelos organismos representativos dos interesses morais e culturais.
O Conselho do Governo funciona junto do Governador, que preside. Colabora com o governador nas suas funções, nomeadamente na função legislativa. É constituído por: (i) secretário-geral; (ii) comandante-chefe das forças armadas, quando o houver, ou, na sua falta ou quando o comandante-chefe for o governador, pelo mais graduado ou antigo dos comandantes dos três ramos das força armadas; (iii) delegado do procurador da República da comarca da capital da província; (iv) chefe da repartição Provincial dos Serviços de Fazenda e Contabilidade; e (v) três vogais do Conselho Legislativo por este eleitos na primeira sessão ordinária de cada legislatura, um dos quais deverá ser sempre um representante das regedorias.
Os serviços públicos de administração provincial compreendem:
a) A Repartição de Gabinete;
b) As repartições provinciais de serviços;
c) Os serviços autónomos;
d) As divisões de serviços integrados em serviços nacionais;
e) Os outros serviços dotados de organização especial.
Quanto a repartições provinciais, há as seguintes repartições provinciais de serviços:
a) Administração civil;
b) Agricultura e florestas;
c) Alfândegas;
d) Economia e estatística Geral;
e) Educação;
f) Fazenda e Contabilidade;
g) Geográficos e Cadastrais;
h) Marinha;
i) Obras Públicas, Portos e Transportes;
j) Saúde e Assistência;
l) Veterinária.
No que respeita à Administração Local, a Guiné divide-se em Concelhos que se formam, de freguesias. Onde não for possível criar freguesias existem postos administrativos (por ex., Bambadinca). E nas regiões que não tenham atingido o necessário desenvolvimento económico e social, poderão, transitoriamente, os concelhos ser substituídos por circunscrições administrativas, que se formam de postos administrativos, salvo nas localidades onde seja possível a criação de freguesias. Os postos administrativos podem dividir-se em regedorias e estas em grupos de povoações. O concelho de Bissau pode ser dividido em bairros.
Concelhos e Circunscrições
O estatuto de 1963 vem criar os seguintes concelhos, tendo a câmara municipal como corpo administrativo:
a) Bissau;
b) Bissorã;
c) Bolama;
d) Bafatá;
e) Catió;
f) Gabu;
g) Mansoa;
h) Farim;
i) Cacheu.
São criadas, além disso, as seguintes circunscrições:
a) Bijagós;
b) Fulacunda;
c) S. Domingos
Compete ao Governo da província criar ou suprimir bairros, freguesias e postos administrativos e fixar as respectivas designações, áreas e sedes. As designações deverão, sempre que possível, basear-se na tradição histórica ou nas consagradas pelos usos e costumes.
A Guiné tem um Boletim Oficial onde são publicados os diplomas legais que, se nada estipularem, entram em vigor: (i) cinco dias depois, no concelho de Bissau; ou (ii) quinze dias depois, no restante território da província.
Divisão Administrativa após a independência
Após a independência, a Guiné- Bissau institui a divisão administrativa constituída por um Setor Autónomo de Bissau (capital Bissau) e oito regiões:
Bafatá (capital Bafatá) [6 setores: Bafatá, Bambadinca, Contubuel, Galomaro/Cossé, Ganadu e Xitole];
Biombo (capital Quinhamel) [3 setores: Prabis, Quinhamel e Safim];
Bolama/Bijagós (capital Bolama)[ 4 setores: Bolama, Bubaque, Caravela e Uno];
Cacheu (capital Cacheu) [ 7 setores: Bigene, Bula, Cacheu, Caio, Calequisse, Canchungo e São Domingos];
Gabu (capital Gabu) [5 setores: Boé, Gabú, Pirada, Piche e Sonaco];
Oio (capital Farim) {5 setores: Bissorã, Farim, Mansabá, Mansoa e Nhacra];
Quinara (capital Quinara) [4 setores: Buba, Empada, Fulacunda e Tite];
Tombali (capital Catió) [5 setores: Bedanda, Catió, Como, Quebo e Quitafine (Cacine)].
Entre 1970 e 1975, o principal centro continuava a ser Bissau, capital da Província, que reune funções de comércio e administração, sendo servida pelo porto mais movimentado, por onde se faz o comércio externo.
[Texto de José Gouveia, adapt. por L.G.]
______________
Notas do autor, José Gouveia:
(1) «Nova História da Expansão Portuguesa», direcção de Joel Serrão e A.H. de Oliveira Marques. O Império Africano 1890-1930, coordenação de A.H. de Oliveira Marques, Editorial Estampa, 2001, p.154.
(2) Idem, pág. 155.
(3) «Imposto de palhota»: contribuição predial aplicada pela propriedade das vivendas, baseadas nas casas de colmo que serviam de habitação [moranças].
(4) "Nova História da Expansão Portuguesa», direcção de Joel Serrão e A.H. de Oliveira Marques. O Império Africano 1890-1930, coordenação de A.H. de Oliveira Marques, Editorial Estampa, 2001, p.157.
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Nota do editor:
Último poste da série > 8 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10350: Historiografia da presença portuguesa em África (43): Construção da ponte-cais do porto de Bissau, em betão armado, pela empresa Moreira de Sá & Malevez (1910-1913) (Luís Calafate, bisneto de Moreira Sá)
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Guiné 63/74 - P10981: Parabéns a você (526): Rogério Freire, ex-Alf Mil Art MA da CART 1525 (Guiné, 1966/67)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 21 de Janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10976: Parabéns a você (525): João Graça, músico e médico que, nesta qualidade, já fez voluntariado na Guiné-Bissau.
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Guiné 63/74 - P10346: Convívios (471): Reunião comemorativa dos 45 anos do regresso da Guiné da CART 1525; Almoço de confraternização do 50.º aniversário da incorporação de Setembro de 1964 do COM e CSM - CISMI/Tavira (Rogério Freire)
Caro Carlos, Camarada da Guiné e Amigo Tertuliano:
Antes de mais, deixa-me aproveitar esta oportunidade para te agradecer e felicitar pelo teu desempenho na árdua tarefa, que parece ser a edição do nosso Blogue.
Tenho três notícias a comunicar-te e a elas darás o fim que achares mais útil para a nossa comunidade:
1) Reunião comemorativa dos 45 anos do regresso da Guiné da CART 1525 (Os Falcões) (www.cart1525.com)
Todos os anos tocamos a reunir no sábado mais próximo do dia 11 de Novembro, dia em que desembarcámos do velho Uíge.
Normalmente juntamos, entre Falcões, familiares e amigos, uma média de centena e meia de participantes, com muita alegria e muito convívio. Porque a maioria de nós é do Norte do País temos realizado as nossas reuniões anuais na região de Coimbra à excepção das reuniões quinquenais que temos vindo a realizar, sempre com o excelente apoio e boas vindas do Exército, na nossa unidade mobilizadora o antigo RAC em Oeiras.
Estas reuniões quinquenais foram realizadas no início na já extinta Bateria da Parede e já vai para 15 anos que a temos realizado no próprio quartel de Oeiras. Em Oeiras, durante a nossa reunião, além do convívio e do "comes e bebes", celebramos uma Missa pelos Falcões que já partiram, deixamos uma coroa de flores no bonito Monumento aos nossos Mortos que foi erguido dentro do Quartel e deixamos na parede da Unidade uma placa evocativa do acontecimento.
É sempre uma reunião muito marcante e normalmente é das reuniões com maior participação.
Este ano, para comemorar os 45 anos do nosso regresso da Guiné, a nossa reunião vai-se realizar no sábado dia 10 de Novembro no Quartel do ex-RAC em Oeiras.
2) Almoço de confraternização do 50.º aniversário da incorporação militar do COM e CSM de Setembro de 1964 - CISMI - TAVIRA (http://www.cismi-setembro-1964.pt)
Um grupo de Camaradas da CART 1525 que terminou a recruta no CISMI em Dezembro de 1964 está a organizar-se para conseguir reunir um grupo de simpáticos septuagenários, "quantos mais melhor", no CISMI em Tavira no dia 20 de Setembro de 2014 - 50 anos depois do "assentar praça".
Neste momento já temos 9 inscritos e gostaríamos de solicitar a divulgação deste evento no nosso Blogue, pois há com certeza muitos Camarigos que passaram pelo CISMI nesta altura.
Para o efeito de informação e inscrições estruturamos o site http://www.cismi-setembro-1964.pt onde esperamos uma visita tua e agradecemos, desde já, a tua colaboração e opinião sobre este assunto.
3) Transcrição de negativos e slides de 35mm para ficheiros .jpg (http://www.lp-to-cd.pt/)
Em determinada altura as minhas fotos reveladas em Bissorã nos idos anos de 1966/67 começaram a perder cor e a pouco e pouco foram-se desvanecendo. Creio que esta situação já deve ter acontecido a vários Camaradas ... o tempo por cima e a qualidade dos químicos usados na fixação das fotos cumpriram a sua tarefa. Mas com alegria descobri vários rolos de negativos e me preparei para rever as minhas fotos com qualidade.
Adquiri o equipamento e o "know how" necessários e comecei a digitalizar os negativos e os meus slides e a transformá-los em ficheiros .jpg, os quais, uns imprimi na minha laser a cores e outros fui a um laboratório do Shopping e transformei-os em fotos actuais.
Claro está que elas todas ficaram devidamente organizadas e arquivadas num DVD que agora posso mostrar à família e aos amigos.
Esta actividade decorreu em 2006/2007 e fez-me muito bem pois, não só me ajudou a passar o tempo fazendo alguma coisa de útil e que me deu satisfação pessoal como também me alertou para a possibilidade/oportunidade de criar/montar uma pequena actividade negocial e passar a oferecer este serviço às pessoas em geral. Foi assim que apareceu em 2009 o site http://www.lp-to-cd.pt/ a oferecer além do serviço de transcrição de negativos e slides para .jpg também a conversão dos "velhos" LP's em vinil para CD´s.
Lembrei-me de fazer uma oferta aos Camarigos, familiares e amigos incluídos, que é a seguinte. No site o preço de conversão de cada negativo ou slide é de 20,4 cêntimos + IVA = 25 cêntimos A minha proposta para os Camarigos interessados em rever/revitalizar/conservar os seus negativos e slides é de 15,45 cêntimos + IVA = 19 cêntimos
Com relação aos LP's, se houver interesse no serviço, a oferta é de 4,06 euros + IVA = 5,00 euros para qualquer quantidade de LP's.
A estes valores só deverão juntar os portes e os custos do suporte seleccionado (CD ou Pen) de acordo com as instruções no site.
Para aceder a este desconto bastará que nas Observações da nota de encomenda que deve acompanhar os negativos/slides/Lp's escrevam "Camaradas da Guiné".
Caro Carlos Vinhal, espero que tenhas aproveitado com a semanita de férias e agradeço a divulgação destes assuntos da forma como entenderes que o deves fazer.
Um abraço do
Rogério Freire
Ex-Alf Mil da CART 1525
Bissorã, Guiné, 1966/67
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 6 de Setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10337: Convívios (470): 4ºEncontro de Gerações de Lanceiros Policia Militar/Policia do Exército, Portalegre – 20 de Outubro de 2012 (Nuno Esteves )
domingo, 22 de janeiro de 2012
Guiné 63/74 - P9383: Parabéns a você (371): Rogério Freire, ex-Alf Mil Art MA da CART 1525 (Guiné, 1966/67)
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 21 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9380: Parabéns a você (370): João Graça, médico, músico e amigo da Guiné-Bissau
sábado, 22 de janeiro de 2011
Guiné 63/74 - P7653: Parabéns a você (205): Rogério Freire, ex-Alf Mil da CART 1525, Bissorã, 1966/67 (Tertúlia / Editores)
Caro camarada Rogério Freire*, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva.
Assim, vêm os Editores em nome de toda a Tertúlia desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.
Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.
Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:
(*) Rogério Freire foi Alf Mil da CART 1525, que esteve em Bissorã nos idos anos de 1966/67
(*) Vd. poste de 22 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5685: Parabéns a você (66): Rogério Freire, ex-Alf Mil da CART 1525 (Editores)
Vd. último poste da série de 21 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7647: Parabéns a você (204): João Graça, médico, músico e amigo da Guiné-Bissau (Tertúlia / Editores)
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Guiné 63/74 - P5688: CART 1525, Bissorã, 1966/67: 1/3 do pessoal frequentou as aulas regimentais (Armando Benfeito da Costa / Rogério Freire)
O pequeno texto que se segue e que gostaria de divulgar foi em tempos enviado ao nosso saudoso coronel Piçarra Mourão, como um pequeníssimo contributo para o seu segundo livro. Nele se refere a acção educativa e de alfabetização levada a cabo pela Companhia durante os 22 meses que permaneceu na Guiné.
GUINÉ 1966/67 > Recordações … contributo para um livro
Da leitura do livro Guiné Sempre - [Testemunho de uma guerra] do mui ilustre coronel Piçarra Mourão, [ Editora Quarteto, 2001,] ressalta toda uma epopeia na qual é descrita a passagem, pela Guiné, da companhia de artilharia 1525, companhia independente adstrita ao Batalhão 1876.
Na resenha histórica, bem documentada naquele livro, o autor descreve histórias pessoais protagonizadas por ele próprio e por outros intervenientes, oficiais, sargentos e praças, ligadas sobretudo aos aspectos de âmbito militar em termos de relevância operacional e pouco mais.
Faltava, porém, algo que completasse essa passagem da companhia 1525 por terras da Guiné [...], o devido destaque e relato de outros eventos que, pelo seu valor e incidência, não deixaram de ser também importantes e marcaram, de uma outra forma, aqueles que estiveram envolvidos num projecto de índole educacional.
A proposta foi aceite e as aulas regimentais abriram a 19 de Maio de 1966. Muitos soldados frequentaram essas aulas a partir dessa data, repartindo-se pelas quatro classes que então se formaram, tendo em vista a obtenção do diploma da 3ª ou 4ª classe.
O horário de funcionamento era repartido por dois turnos, 17 às 18H30 e 21 ÀS 22h30, o primeiro dirigido às primeiras classes e o segundo às mais avançadas.
A actividade lectiva desenvolvia-se sempre com normalidade e os "estudantes" procuravam estar atentos e responder às exigências dos cursos que frequentavam. Todo este esforço era muitas vezes interrompido por um outro esforço, muito maior, provocado pelo desgaste físico e moral desenvolvido ao longo das "operações militares".
De qualquer maneira ficou-nos na memória que valeu a pena ter investido num projecto que veio a dar os seus frutos no final do ano lectivo de 1967 quando, após a realização dos exames do 1º e 2º graus (3ª e 4ª classes) os resultados falaram por si:
- Os 44 alunos que haviam frequentado a escola regimental da Companhia de Artilharia 1525, o haviam feito com sucesso, pois tinham obtido aproveitamento (11 da 3ª e 33 da 4ª), conseguindo regressar à metrópole com um diploma que lhes permitia inserir-se muito melhor na sociedade civil e responder melhor às exigências burocráticas dessa mesma sociedade.
Um outro aspecto ligado à influência da Companhia 1525 relaciona-se com a nomeação, por parte dos Serviços de Educação da Guiné, de um furriel miliciano, com o Curso do Magistério Primário, para exercer funções docentes na Escola Primária de Bissorã, onde teve a seu cargo o processo de ensino/aprendizagem das 3ª e 4ª classes, sendo que as duas primeiras classes eram leccionadas por um regente escolar nativo.
Acresce dizer que, apesar de não ter havido, naquele tempo, qualquer reconhecimento oficial pelo trabalho desenvolvido, foi gratificante ter-se verificado o grau de satisfação dos soldados e alunos autóctones, porque, uns, regressariam à metrópole mais apetrechados e mais aptos; os outros por terem adquirido conhecimentos que lhes permitiu a obtenção de diploma que abria, aos que pudessem, a possibilidade de prosseguirem estudos, em Bissau.
Ainda houve, ligado ao primitivo projecto educacional, um outro sub-projecto que consistia em alguns soldados frequentarem turnos de "explicações" para poderem vir a fazer exame do 2º ano do liceu, sub-projecto esse que não se revelou exequível, mormente por falta de meios.
Importa salientar que todo o trabalho lectivo não prejudicava o esforço de guerra quer ao nível docente como discente, pois na hora da verdade todos eram chamados a cumprir os seus deveres militares operacionais.
Mesmo assim e ainda hoje, passados que foram já 35 anos alguns têm recordado, num misto de saudade e alegria, a sua passagem pela Escola Regimental da Companhia de Artilharia 1525, aquando dos "Encontros" anuais que se vêm concretizando e em boa hora iniciados.
Que este modesto contributo para o novo livro que o coronel Piçarra Mourão pensa escrever sirva para relembrar que a Companhia 1525 não só combateu com valentia no teatro de operações e isso está bem patente no livro "Guiné, Sempre!", mas desenvolveu um outro combate, dirigido ao analfabetismo que grassava no seio da própria Companhia, contribuindo, também, para que um pouco da Língua e Cultura portuguesas fossem divulgadas pelos jovens que então frequentaram a Escola de Bissorã, alguns dos quais conseguiram obter o diploma do ensino primário.
Galifonge, 2002. 12. 03
(Armando Benfeito da Costa)
Imagens: Cortesia de CART 1525 (Bissirã, 1966/67)
Guiné 63/74 - P5685: Parabéns a você (66): Rogério Freire, ex-Alf Mil da CART 1525 (Editores)
Ao Rogério vimos desejar um alegre e festivo dia, na companhia dos seus mais queridos familiares e amigos.
Que some muitos e bons anos à sua ainda jovem vida, sempre tendo por perto quem mais o ama, são os votos de seus amigos e camaradas do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
2. De Rogério Freire e da CART 1525 encontrei estas referências no nosso Blogue.
Fotografia em que Rogério Freire, assinalado pelo círculo, espreita por cima da cabeça do então Alf Mil Giberto Madail.
Página da CART 1525 que pode ser visitada em http://www.cart1525.com/
Poste da I Série de 14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)
Postes da II Série de:
21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail
e
9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1263: Os Falcões de Bissorã, festejando os 39 anos de regresso a casa (Rogério Freire, CART 1525)
Vd. último poste da série de 21 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5684: Parabéns a você (65): Continua livre e feliz, João Graça! (Os editores)
quinta-feira, 9 de novembro de 2006
Guiné 63/74 - P1263: Os Falcões de Bissorã, festejando os 39 anos de regresso a casa (Rogério Freire, CART 1525)
Guiné > Região do Oio > Bissorã > CART 1525 (Os Falcões) (1966/67) > Armamento IN apreendido em 3 de Fevereiro de 1967 em circunstâncias que tem algo de insólito e até de hilariante... A estória está contada na excelente página dos Falcões e merece ser aqui transcrita(1) . Estas fotos foram-me gentilmente cedidas pelo webmaster da página, o ex-Alf Mil Rogério Freire (2).
Texto e fotos: © Rogério Freire (2006). Direitos reservados. Fotos alojadas no álbum de Luís Graça > Guinea-Bissau: Colonial War. Copyright © 2003-2006 Photobucket Inc. All rights reserved.
Caro amigo:
Tenho o prazer de te informar que a CART 1525 (Os Falcões) se vai reunir no próximo dia 11 de Novembro, no Restaurante José Julio, em Santa Luzia, Mealhada para comemorar o 39º ano após o regresso da Guiné que ocorreu em 11 de Novembro de 1967 (Meu Deus, como o tempo passa !!!)
Informações detalhadas estão disponíveis no nosso sítio: Companhia de Artilharia 1525 - Os Falcões (Bissorã, 1966/67).
Aproveito para te convidar a visitar o nosso site que foi actualizado, com a inclusão do nosso Historial e de muitas fotos do tempo e não só.
Agradeço-te que registes esta reunião e, se possível, que a coloques no painel informativo que regularmente recebo anunciando estes convívios.
Bem hajas.
Cordialmente
Rogério Freire
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Notas de L.G.:
(1) (...) "Na madrugada de 3 de Fevereiro de 1967, um grupo de balantas de Bissorã, no qual iam integrados Milícias e Polícias Administrativos, encontrou-se, em plena escuridão da noite, na região de Conjogude [, vd. carta de Binta], com uma coluna de reabastecimento de material do IN.
"A surpresa foi geral, de parte a parte, sendo contudo os elementos de Bissorã os primeiros a reagir e a aperceber-se da situaçãoo, abrindo, acto imediato, fogo. Desorientados, os carregadores inimigos puseram-se em fugas, abandonando, pura e simplesmente, o material que transportavam.
"O nosso pessoal, ainda incrédulo, mais não teve do que recolher aqueles despojos e regressar à vila [de Bissorã], onde contou o sucedido e apresentou as provas materiais da acção. Tinham trazido consigo 4 ML, 8 Esp Aut e grande quantidade de granadas de Mort 82 e LGFog.
"Calculando-se que no local do encontro, houvesse ainda outro material abandonado, imediatamente saiu o 2º Grupo de Combate [da CART 1525], devidamente enquadrado, em plena madrugada ainda, e, efectivamente, pouco depois, regressava, trazendo consigo mais duas MP, granadas de Mort e LGFog, medicamentos, cunhetes com fitas de ML e material diverso. Esta acção, pelo ineditismo de que se revelou, pelos óptimos resultados obtidos, pela acção decisivamente colaboradora da população nativa que colaborou nela, a todos causou satisfação, merecendo até um Comunicado Especial, por parte das entidades responsáveis" (...).
O autor - estamos a citar a história da unidade que está integralmente reproduzido no site - tece a seguir algumas considerações ambivalentes sobre o imprevisível comportamento do balanta do Óio e a sua mania de roubar gado aos vizinhos das outras etnias:
"Como é do conhecimento geral, o balanta é, por tradição, ladrão de vacas. Esse seu costume, que, para além dos enormes benefícios que trouxe para as NT, se veio também, por vezes, a revelar bem pernicioso, foi para nós motivo de bastantes aborrecimentos. Impossível de controlar nas suas saídas para o Mato, o grupo de balantas, no qual se integravam clandestinamente elementos nativos da Milícia e Polícia armados, arriscava-se em incursões perigosas no seio dos terrenos mais bem controlados pelo IN. Daqui resultou um elevado número de baixas por parte dos balantas, assim como da parte dos Milícias e Polícias que seguiam incluídos no grupo" (...).
(2) Vd. post de 13 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)
(3) Tanto quanto eu conheço, é a página mais completa sobre uma companhia individual, no TO da Guiné. Desejo aos nossos amigos Falcões um belíssima festa e dou-lhes os parabéns, pelo aniversário. De facto, 39 anos é obra!... Também já é altura de descansarem.... As estatísticas sobre a actividade operacional dos Falcões é impressionante: 281 acções de carácetr operacional, realizadas, das quais 20% com contacto; quase 3600 km percorridos a pé; mais de 4300 km, de carro... Tiveram 19 mortos (apenas 3 propriamente da CART 1525, sendo os restantes das unidades adidas: mílicias, polícia administrativa e caçadores nativos)...
Esta unidade foi condecorado com 9 cruzes de guerra. O Cap Piçarra Mourão (hoje coronel) é autor do livro Guiné, sempre: testemunho de uma guerra (2001), já qui recenseado no nosso blogue: vd. post de 19 de Julho de 2005 > Guiné 63/74 - CXIII: Piçarra Mourão, militar e escritor (CART 1525, Bissorã, 1966/67) (A. Marques Lopes)
(...) "Não conheço o coronel Piçarra MOURÃO, mas li o livro. A companhia com que foi inicialmente, uma CART, foi colocada em Bissau às ordens do Comando Chefe (noto que ele nunca diz o nome das companhias, é cumpridor das normas, não é como eu).
"Conta que uma vez a companhia foi mandada para o Queré com um pendura, um tenente-coronel americano que vinha ver como era a guerra na Guiné e que, parece, iria depois para o Vietnam. Conta a sua atrapalhação, pois que o deram à sua responsabilidade pessoal. Acabaram por cair numa emboscada e o pendura desatou a tirar fotografias e a filmar de máquina em punho, em vez de usar a G3 (a melhor da companhia) que lhe fora distribuída. Não aconteceu nada e ele pergunta-se se aquelas imagens lhe terão valido alguma coisa no Vietnam.
"A sua companhia ficou, depois, adida a um Batalhão colocado em Mansoa, colocada no Olossato. Diz que durante 1966 foi quatro vezes ao Morés, com o apoio de outras forças. Da primeira vez conseguiram capturar material. Na segunda, em Junho, o guia fugiu na altura decisiva e valeu-lhe um segundo guia para indicar o caminho da retirada. A terceira investida foi em Setembro, com o apoio dos páras e de artilharia; tiveram dificuldades, levaram porrada antes de lá chegar, e os páras não quizeram mais e retiraram para Mansabá. Em Outubro chegaram a Morés, mas a base estava abandonada (...).
"Em resumo, gostei do livro escrito por este militar de carreira. Tem um olhar crítico sobre a preparação antes de ir para a Guiné. Curiosamente, fez o IAO, como eu, na serra de Sintra e na Carregueira. Foi uma lástima para ele, como foi para mim. Como profissional fez a guerra, mas reconhece que esteve envolvido num processo sem saída. O livro, com um traço de humanidade sentida, procura transmitir os sentimentos dos intervenientes, tem relatos de actividade operacional, tem um perspectiva correcta sobre o povo da Guiné, o IN é um combatente sério e motivado. Vale a pena ler.
"Curiosamente (para mim), quem assina o texto do prefácio é o Gen Octávio de Cerqueira Rocha, que era Oficial de Operações do BCAÇ 1857, o tal para onde a companhia do coronel Piçarra Mourão foi como adida. O Vidrão (a alcunha que foi dada ao Gen Cerqueira Rocha quando foi Chefe do Estado-Maior do Exército) diz que a companhia do coronel Piçarra Mourão era a CART 1525" (...).
sábado, 23 de setembro de 2006
Guiné 63/74 - P1107: O álbum do PAIGC (1): 'roncos' da CART 1525 (Rogério Freire)
Guiné > Região do Oio > Bissorã > CART 1525 (1966/67) > Diverso armamento apreendido ao PAIGC.
Fotos: © Rogério Freire (2006)
Texto e notas de L.G.
A CART 1525 - Os Falcões (Bissorã, 1966/67) (1) têm uma excelente página dedicada à sua história, mantida pelo nosso amigo e camarada Rogério Freire (ex-alf mil). Em tempos ele mandou-me três fotos com armamento apreendido pelos Falcões ao PAIGC. É altura de as divulgar, pedindo ao mesmo tempo a colaboração dos especialistas da nossa tertúlia para a legendagem das fotos.
É também um exercício de memória e um passatempo... Aqui fica o rol dos roncos, feitos pelos Falcões, e que abrem este álbum de fotografias dedicadas ao PAIGC (vd. com mais detalhe o resumo do material capturado pela CART 1525).
Já em tempos escrevi que fiquei impressionado com o curriclum vitae dos Falcões: nada menos do que 10 (dez) cruzes de guerra!... E manga de ronco, pessoal, lá para os lados do Morés (mítico, no nosso tempo, 1969/71), Iracunda, Cambajo, Jugudul, Iarom, Bará, Quéré, Biambe, Conjogude, Uenquen, Tiligi, Rua...
Os Falcões eram mesmo uns verdadeiros... predadores, a avaliar pelo material capturado por eles naquele tempo (o que para uma companhia de artilharia era obra, embora o PAIGC ainda estivesse longe do seu auge, em termos de sofisticação do seu armamento e experiência dos seus combatentes ):
52 armas (incluindo metralhadores, ligeiras e pesadas);
39 granadas de morteiro;
33 granadas de canhão s/r;
14 granadas de LGF
10 minas (a/c e a/p)
15 granada de mão,
7000 munições, mais documentos, medicamentos, etc.
__________
(1) Sobre os Falcões, vd. ainda os seguintes posts:
16 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1080: Uma nota de tristeza, nostalgia, desencanto e revolta (Rogério Freire, CART 1525)
21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail
14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)
sábado, 16 de setembro de 2006
Guiné 63/74 - P1080: Uma nota de tristeza, nostalgia, desencanto e revolta (Rogério Freire, CART 1525)
O Rogério Freiree foi alferes miliciano, na CART 1525 (Os Falcões), esteve em Bissorã (1966/67) e vive hoje em Lisboa.
A propósito de um post sobre o futebol e a passagem, pelo Oio, do Gilberto Madail (ex-alf mil, CART 1746, Bissorã e Xime, 1967/69)(1), escreveu-nos ele, já há umas largas semanas, a seguinte nota por onde perpassa tristeza, nostalgia, desencanto e revolta:
Luís:
Sabes, quando no e-mail sobre o Madaíl caí em mim, com mais 40 anos me lembrei de que... O que é triste é que após 40 anos....
Na foto, da esquerda para a direita:
(i) Alferes Miliciano Rui Chouriço (já falecido) ;
(ii) Alferes Miliciano Rogério Freire (o escriba);
(iii) Capitão (posteriormente Coronel) Jorge Mourão (já falecido);
(iv) Alferes Miliciano Manuel Eduardo Oliveira ;
(v) Alferes Miliciano Germano Silva.
Em resumo, dois dos cinco oficiais da Companhia [, a CART 1525], já faleceram e já não vão ser mais uma encargo para a Nação Portuguesa ... Com este rácio realmente daqui a mais 20 anos já poderão passar a pagar as pensões.
É só um desabafo ... Não quero entrar em polémica, mas ... já no tempo da outra senhora se dizia que cada País tem o Governo que merece. Pergunto-me muitas vezes se será que nós ex-combatentes (eu incluído, claro está) temos o que merecemos ou será que, desde há muito, deveríamos ter feito [algo] e nunca fizemos nada ou quase nada?
Será que ainda podemos fazer?
Fui informado recentemente pelos jornais que alguns ditos antifascistas começaram a receber uma pensão mensal pela sua luta pela liberdade ... mormente membros do Partido Comunista que começaram a lutar pela Liberdade na Sibéria e em Cuba. É a vida!!!
De momento, aos meus netos só posso dizer que, se na vida deles vier a acontecer uma situação semelhante [à nossa], que fujam para o estrangeiro .... Pode ser depois que, depois de passada a borrasca, se tornem heróis sem nunca terem dado o corpo ao manifesto.
Vou também dizer-lhes que isso de Nação, de Governo, de Pátria, é tudo balela e que o bom mesmo é dar de frosques enquanto podem e de preferência para um País agradável.
Rogério Freire (2)
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Notas de L.G.:
(1) Vd. post de
21 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail
(2) Vd. também post de 14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)
sexta-feira, 21 de julho de 2006
Guiné 63/74 - P978: Futebol em Bissorã no tempo do Rogério Freire (CART 1525) e do Gilberto Madail
Guiné > Região do Oio > Bissorã > Pessoal da Companhia de Artilharia nº 1525 (1966/67) e de outra unidade > Na messe de oficiais: O Rogério Freire, alf mil da CART 1525, é o de "de óculos ao lado do Madaíl" (Gilberto Madaíl, em primeiro plano, no lado esquerdo). "Ao fundo está o (na altura) Capitão Mourão da CART 1525 e, ao seu lado, à direita da foto de óculos, o Capitão Vaz"... Este último comandava a companhia a que pertencia o alf mil Madaíl (RF)...
Em Bissorã, sempre houve uma tradição ligada à actividade desportiva e, nomeadamente, ao futebol... Não sabemos se o jovem Madaíl tinha jeito para a bola ou, na altura, já tinha revelado a sua vocação para dirigente desportivo... Diz o Rogério Freire (RF) sobre o Gilberto Madaíl, que é hoje uma figura pública (1): "A imagem que retenho do Madaíl daquele tempo é o de uma pessoa muito alegre e bem disposta e de muito fácil conversa e diálogo".
Foto: CART 1525 - Os Falcões (Bissorã,Guiné-Bissau, 1966-67)
Guiné > Bissorã > 1969: Campo de futebol de Bissorã, e a equipa maravilha da CCAÇ 13 - Os Leões Negros, constituída pelos seus oficiais, sargento e furriéis. O Carlos era o guarda-redes (camisola preta e calções brancos), na ponta esquerda da 2ª fila. A CCAÇ 13 foi a herdeira de uma rica tradição de futeboilistas e de equipoas de fuitebol, a começar pela CART 1525, ao que parece a melhor de todos os tempos que passou pelas terras do Oio... Esta unidade tinha nada mais nada menos do que dois futebolisats profissionais, o Candeias e o Testas...
Foto: © Carlos Fortunato (2005)
1. Há dias (10 de Julho de 2006) mandei a seguinte mensagem ao nosso camarada Rogério Freire, ex-alf mil da CART 1525 (Os Falcões), que esteve em Bissorã (1966/67):
Antes de mais, os meus parabéns pela tua excelente página para a qual criei um link no nosso blogue, quando tu apareceste e passaste a fazer parte da nossa tertúlia (2)… Não tens dados notícias mas espero que estejas a receber regularmente a nossa correspondência interna…
Escrevo-te a perguntar duas ou três coisas:
(i) se me permites que utilize duas ou três fotos do teu site, quando um dia destes dedicar um post à tua companhia e às terras por onde vocês andaram (o mítico Oio);
(ii) se o Gilberto Madail era da tua companhia;
(iii) se vocês se têm encontrado;
(iv) se era possível publicar a foto em que ele aparece na messe de oficiais…
O pretexto poderia ser o Campeonato do Mundo de Futebol, o nosso honroso 4º lugar, a carreira dele como dirigente federativo e da UEFA (1)… Para todos os efeitos, “é um dos nossos” e, em altura de festa, não será mal lembrá-lo…De qualquer modo, é uma figura pública… Eu vi-o uma vez, foi-me apresentado na Costa Nova por um amigo comum, de Ílhavo, o Arquitecto José António Paradela… O que é que tu achas ? Ele tem aparecido nos vossos convívios ou “já não vos conhece” ?
Se quiseres ser tua a escrever uma legenda para a foto, também pode ser… Eu depois acrescento-lhe duas linhas, a justificar a nossa lembrança…
2. O Rogério Freire respondeu-me logo a seguir nestes termos:
Caro Luís:
Sou sem dúvida um atento receptor e leitor da correspondência tertuliana.
Respondendo às tuas perguntas:
1) Claro que ficaremos (eu e toda a rapaziada da CART 1525) muito satisfeitos pelo post a publicar sobre nós. Tenho muitas fotografias para ir publicando no site, algumas delas muito interessantes e curiosas e, claro, que as podes publicar quando quiseres. As que já lá estão e as que por lá venham a aparecer.
2) O Gilberto Madaíl não pertence à CART 1525. Ele era Alferes Miliciano de uma companhia que esteve aquartelada connosco em Bissorã durante um par largo de meses e que era comandada por um Capitão Miliciano que, na vida civil era Despachante Oficial da Alfandega e que por brincadeira se intitulava Despachante Oficial Miliciano. Era o Capitão Vaz, excelente fotógrafo e especialista em macrofotografia. Adorava congelar borboletas e fotografá-las depois quando as pobrezinhas começavam a sentir o calor das lâmpadas de iluminação.
3) O número da companhia do Madail foge-me neste momento mas já pus a polícia em campo e talvez amanhã já tenha a resposta.
4) Eu sou o de óculos ao lado do Madaíl. Ao fundo está o (na altura) Capitão Mourão da CART 1525 e, ao seu lado, à direita da foto de óculos, o Capitão Vaz.
5) Nunca mais me encontrei com o Gilberto Madaíl. Eu sou da região de Lisboa e o Madaíl do Porto e, como em tantos casos, seguimos as nossas vidas.
6) Não sei se o Madaíl tem uma cópia desta foto que, se não me engano, foi tirada pelo Alferes Jorge Freire, da Companhia do Madaíl. Este Jorge Freire (também ele Freire, como eu) foi o único contacto que tive com os membros desta Companhia nos anos posteriores e mesmo assim por mero acaso.
7) A imagem que retenho do Madaíl daquele tempo é o de uma pessoa muito alegre e bem disposta e de muito fácil conversa e diálogo.
8) Deixo à tua veia de escritor/comunicador o texto e/ou legenda que queiras colocar.
9) Fico ao dispor, saúdo-te e agradeço-te pelo trabalho e interesse na manutenção da Tertúlia.
Bem hajas
Rogério
3. Comentário de L.G.
Ainda não descobri o número da companhia a que pertencia o Gilberto Madaíl, a mesma do Capitão Vaz e do Alf Jorge Freire, companhia essa que esteve em Bissorã, alguns meses, com a CART 1525. Pode ter sido a CCAÇ 1419, que deixou Bissorã em Novembro de 1966, segundo pesquisei na própria página dos Falcões. Essa unidade pertencia ao BCAÇ 1857 , tal como a CCAÇ 1420, que a CART 1525 foi substituir em Fevereiro de 1966.
É provável que o Madaíl pertencesse a este batalhão. No entanto houve mais duas companhias que se seguiram e que estiveram em Bissorã, ainda no tempo da comissão dos Falcões: a CART 1612, a partir de Dezembro de 1969; e a CART 1746, já em Julho de 1967, já perto do tão ansiado final da comissão dos Falcões (Outubro de 1967)...
Quando estiveram em Bissorã, a CCAÇ 1419, a CART 1612 e a CART 1746 dispuram, cada uma no seu tempo, renhidas partidas de futebol com a CART 1525 - Os Falcões... Não sei se o Madail se interessou pelo futebol nessa altura... De qualquer modo é um apontamento interessante de que fica aqui o registo, retirado (com a devida vénia) da página que traz o historial da CART 1525:
"6 - ACTIVIDADE DESPORTIVA
"Neste campo desenvolveu a Companhia [a CART 1525] uma actividade intensa, tanto mais de salientar em virtude de, paralelamente, continuar sem quebra de ritmo a ser solicitada operacionalmente pelos Comandos dos Batalhões a que pertenceu, ao longo da sua comissão.
"Bissorã foi e é um lugar privilegiado, nesse aspecto, visto que dispõe de recintos para a prática do futebol, voleibol, basquetebol, andebol de sete e ténis, além de, na sede do seu clube representativo, existir ainda uma mesa de ping-pong. Assim, não podiam os componentes da Companhia permanecer indiferentes a tal convite para a prática do desporto, até por que, desde logo, com o Atlético Clube de Bissorã e as Companhias que por aqui passaram, conjuntamente se estabeleceu uma grande, mas salutar e benéfica, rivalidade.
"Tecidas estas considerações recorde-se, então, mais detidamente, o que foi e conseguiu, nas diversas modalidades.
"FUTEBOL - Considerado o desporto-rei , foi ele que atraiu as atenções e no qual os resultados foram, para nós, mais brilhante. Integrados na Companhia [CART 1515] dois futebolistas profissionais, Testas e Candeias, foram estes os grandes impulsionadores na formação da equipa e na sua orientação. Os restantes, rapazes habilidosos, conseguiram desde os primeiros jogos, um espírito de equipa, alicerçado principalmente na grande camaradagem reinante, que muitas e brilhantes vitórias nos haveriam de dar.
"Quando da chegada a Bissorã, o Atlético local dispunha de uma equipa experimentada e valorosa, cujos componentes de há muito jogavam juntos e a CCAÇ 1419, do mesmo modo, contava com uma equipa razoável e, acima de tudo, já suficientemente jogada.
"Nos vários domingos que sucessivamente se foram passando, efectuaram-se diversos jogos que, apesar de não contarem para qualquer torneio, tinham em vista dirimir uma superioridade que qualquer das equipas, no seu brio muito pessoal, desejava com ardor. Os resultados até Novembro 66, data em que a CCAç 1419 deixou Bissorã, não podiam ser mais favoráveis. Assim, seis dos jogos efectuados com aquela Companhia contam-se cinco vitórias, sendo a mais expressiva por 4 -0 e apenas um empate a 2 bolas.
"Com o Atlético local, em outros seis encontros, conquistaram-se quatro vitórias e sofreram-se duas derrotas. Balanço, pois, positivo, neste período.
"Substituindo a CCAÇ 1419, a CART 1612 dispunha igualmente de uma equipa organizada e que, conhecedora do valor do seu adversário, procurou abalar a supremacia que, neste desporto, o mesmo vinha exercendo em Bissorã. Efectuados cinco jogos a CART 1525 averbou mais três vitórias, sendo uma por 6 -0 e cedeu dois empates, sendo um deles muito forçado, por uma arbitragem muito infeliz.
"Há a assinalar que, durante este período, a nossa equipa foi convidada para efectuar um jogo em Bissau, contra o BatInt. Após vencidas algumas dificuldades organizou-se uma coluna especial e tornou-se realidade tal desejo. O valor da equipa do BatInt, ao que nos foi informado, era bastante, pelo que em vez da equipa da Companhia constituiu-se um misto, actuando quatro elementos da CART 1612. Afinal estes, todos de reconhecido valor, falharam totalmente, sendo um deles o guarda-redes, que consentiu três golos absolutamente defensáveis. Resultado final: 1-4.
"Mas o verdadeiro valor da nossa equipa havia de ficar bem vincado em dois momentos capitais. Num encontro ansiosamente esperado, defrontou uma selecção formada por elementos do Atlético de Bissorã e da CART 1612. Difícil missão lhe estava reservada mas, ao fim e ao cabo, numa demonstração plena de querer, conseguiu um digno empate a três golos, após um jogo que em nível técnico ultrapassou, em muito, a mediania.
"Até que chegou já, no 18º mês de comissão, o 19º aniversário do Atlético Clube de Bissorã. Quis esta agremiação comemorar condignamente a data e, dentro dos vários números do seu programa de festas, contava a disputa da valiosa taça Aguinaldo Salomão , num torneio de futebol, com a participação do Clube em festa, da CART 1525 e da CART 1612.
"Designado o Atlético para a final, uma eliminatória entre as duas Companhias deveria apurar o outro finalista para a disputa da taça. Para a CART 1525 o jogo foi um pouco difícil, em virtude de não contar com alguns elementos indispensáveis, na altura na Metrópole, em gozo de merecida licença. Contudo nunca esteve em dúvida a sua superioridade, traduzida, a poucos minutos do fim por 2-1. Passava já bastante do tempo regulamentar e, num golo validado incrivelmente pelo árbitro, o adversário conseguiu o empate, mas de nada lhe serviu, visto que, em cantos, factor decisivo para a qualificação neste caso, mantinha nove contra e somente quatro a favor. Presente, pois, na final, com todo o mérito e perseguida pela adversidade a CART 1525.
"Contra o Atlético os mesmos problemas do jogo anterior assaltaram a sua equipa, principalmente a falta dos jogadores referidos e tidos como insubstituíveis. Mas, mesmo assim, falaram outra vez a indómita força de vontade de que estava possuída e a fé inabalável na vitória. Nada pôde o Atlético fazer para contrariar a nossa superioridade que se cifrou por 2-0 concludentes, falhando ainda o Testas um penalty. Delírio no final, com todos os componentes da Companhia, incluindo o seu Comandante, festejando tão apetecida vitória. Estava conquistada a taça e não havia reticências a pôr.
"Substituída a CART 1612 pela CART 1746, nova rivalidade se viria a constituir com a equipa desta Companhia. Se bem que já um pouco desgastada fisicamente, enquanto que a adversária acabava de chegar da Metrópole, não deixou a nossa equipa os seus créditos por mãos alheias. Em três jogos efectuados, outra tantas vitórias, sendo duas bastante expressivas: 9-0 e 6-0.
"Cabe aqui referir que, ainda em Bissorã, se defrontou, por duas vezes, uma selecção constituída por elementos da CART 1746 e do Atlético local. Outras tantas vitórias se conseguiram, sendo a última por 5-4, num jogo emocionante e verdadeiramente bem jogado, de parte a parte.
"Já em Bissau não parou, todavia, esta intensa actividade, defrontando-se, por duas vezes, a equipa de Engenharia, conseguindo-se duas vitórias, se bem que tangenciais. O último jogo contra a equipa do Hospital é que não correu muito favoravelmente, pois averbou-se uma derrota por 4-3. Foi pena, realmente, tanto mais que uma vitória, seria o fecho de tão intensa quão brilhante actividade" (...).
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Nota de L.G.
(1) O sítio da UEFA, fornece os seguintes dados biográficos sobre o Gilberto Madaíl:
(i) Nasceu a 14 de Dezembro de 1944, em Aveiro;
(ii) formou-se em economia pela Universidade do Porto;
(iii) foi presidente do Beira-Mar e da assembleia geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), antes de chegar ao lugar de topo da FPF, como presidente;
(iv) é membro cooptado do Comité Executivo da UEFA desde Maio de 2004, para o quadriénio 2004/07;
(v) da sua carreira po0lítica, destaca-se o facto de ter sido membro do Partido Social Democrata, e de ter exercido o cargo de Governador Civil de Aveiro durante oito anos, bem como de deputado no Parlamento em dois períodos (1987-90 e 1995-97);
(vi) Presidente da Sociedade Euro 2004 SA, na sequência da fase final do UEFA EURO 2004, em Portugal, Madaíl foi o elemento-chave da organização do torneio, para além de ter sido membro do Comité do Campeonato da Europa (1998-2000);
(vii) Colabora no Comité Executivo da UEFA no Grupo de Trabalho para as questões da União Europeia;
(viii) Na FIFA, integra o Comité de Organização do Campeonato do Mundo e o Comité das Federações Nacionais.
(2) Vd. post de 14 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXXXIX: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67)
(...) Dei com o seu site por acaso e nunca me tinha passado pela cabeça que pudesse haver tanta informação disponível sobre a nossa Guiné e sobre Bissorã.
Já anteriormente tinha encontrado o site dos Leões Negros [CCAÇ 13, Bissorã e outros sítios da Região do Cacheu, 1969/71] que muito apreciei.
É com muito prazer que o informo de mais um site de ex-camaradas ligados à Guiné e a Bissorã: Os Falcões - a Companhia de Artilharia 1525 que esteve em Bissorã em 1966 e 1967, um par de anos antes de si...
Pois é, passou muita água sob a ponte para a Outra Banda e os peixes que o Carlos Fortunato lá pescou eram, pelo menos, os tetranetos dos que eu lá pesquei.
Convido-o a visitar a nossa página: Os Falcões - Companhia de Artilharia 1525, Bissorã (1966/67)... Informo-o de que foi com muito prazer que incluimos o seu link no nosso site (...).
Fonte: Extractos de Histórial da CART 1525 > Cap III - Actividade interna >
quinta-feira, 13 de outubro de 2005
Guiné 63/74 - P218: CART 1525, Os Falcões (Bissorã, 1966/67) (Rogério Freire)
"Dei com o seu site por acaso e nunca me tinha passado pela cabeça que pudesse haver tanta informação disponível sobre a nossa Guiné e sobre Bissorã.
Já anteriormente tinha encontrado o site dos Leões Negros [CCAÇ 13, Bissorã e outros sítios da Região do Cacheu, 1969/71] que muito apreciei.
É com muito prazer que o informo de mais um site de ex-camaradas ligados à Guiné e a Bissorã: Os Falcões - a Companhia de Artilharia 1525 que esteve em Bissorã em 1966 e 1967, um par de anos antes de si...
Pois é, passou muita água sob a ponte para a Outra Banda e os peixes que o Carlos Fortunato lá pescou eram, pelo menos, os tetranetos dos que eu lá pesquei.
Convido-o a visitar a nossa página: Os Falcões - Companhia de Artilharia 1525, Bissorã (1966/67)... Informo-o de que foi com muito prazer que incluimos o seu link no nosso site. Não soube bem como caracterizar o site , por isso se tiver a oportunidade de me dar uma opinião ficar-lhe-ei agradecido.
Vamos ter a nossa reunião anual no próximo dia 12 de Novembro, na Mealhada, e nela irei fazer referência à vossa página e incentivar o nosso pessoal a visitar-vos.
Se puder ser útil de alguma forma, é só dizer.
Um abraço
Rogério Freire
2. Comentário de L.G.:
Camarada Rogério e camarigos (=camaradas & amigos de tertúlia):
Mas que bela surpresa! Ainda não tinha apanhado o vosso sítio... Os meus parabéns por manteres a companhia... operacional! Recordar é viver, e tu estás ajudar os teus camaradas a viver, mais e melhor...
Devo dizer que fiquei impressionado com o curriclum vitae dos Falcões: nada menos do que 10 (dez) cruzes de guerra!... E manga de ronco, pessoal, lá para os lados do Morés (mítico, no nosso tempo, 1969/71), Iracunda, Cambajo, Jugudul, Iarom, Bará, Quéré, Biambe, Conjogude, Uenquen, Tiligi, Rua...
Os Falcões eram mesmo uns verdadeiros... predadores. Vejam só o material capturado por eles naquele tempo (o que para uma companhia de artilharia é obra!):
52 armas (incluindo metralhadores, ligeiras e pesadas);
39 granadas de morteiro;
33 granadas de canhão s/r;
14 granadas de LGF
10 minas (a/c e a/p)
15 granada de mão,
7000 munições, mais documentos, medicamentos, etc.
Só não sei quantas baixas tiveram: não consigo abrir o respectivo link...
Um correcção:
Um convite: