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quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13602: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (88): Notícias dos nossos camaradas João Crisóstomo (Nova Iorque) e Horácio Fernandes (Porto)... Anúncio do próximo convívio das famílias Crispim e Crisóstomo, em 30/8/2015, em Paradas, A-dos-Cunhados, Torres Vedras







Anúncio publicado (ou a publicar) no jornal "Badaladas". de Torres V edras



Vilma e João Crisóstomo [ex-alf mil, CCAÇ 1439,
Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/66]
1. Mensagem do nosso querido e ilustre amigo e camarada João Crisóstomo (que me telefonou de Nova Iorque mas não me apanhou em casa)


Data: 10 de Setembro de 2014 às 12:07
Assunto: Horácio Fernandes


Caro Luis Graçaa,

Tentei o teu telefone, mas tenho de recorrer-me do e-mail...

Decidi ficar hoje em casa (, são agora 6.00 AM, )  para poder tratar de coisas em atraso.  Como  é o  caso do Horácio com quem acabo de falar ao telefone.

Ele vai responder e explicar o porquê da confusão: pelo que compreendi,  ele não fazia parte dos quadros  do Batalhão de Caçadores 2852 [Bambadinca, 1968/70] ele esteve em Bambadinca  como "agregado" pois o batalhão dele [, o BART 1913, Catió, 1967{69] já tinha regressado à metrópole e ele teve de ficar mais seis meses  para cumprir  o tempo dele.  Coisa bem normal como te deves lembrar , muito  frequente   nos tempos  de guerra na Guiné...

Espera  um e-mail dele.

Fiquei com inveja (e saudades) ... Valmitão, Ribamar... e amigos com quem   estiveste lá.  Haja saúde para podermos repetir todos juntos  na próxima vez...

Abraço grande
João e Vilma


2. Em 29 de agosto últimom, tinha mandado a seguinte mensagem ao João Crisóstomo, que é amigo de longa data do Horácio Fernandes [ex-alf mil, capelão, BART 1913, Catió, 1967/69, e BCAÇ 2852, Bambadinca, 1969; foto atual à direita]

João:

Como vais ? Tudo bem ? E a tua Vilma ?... Falei há dias de ti, ou melhor falámos, em Valmitão, Ribamar, eu, o Álvaro Fernandes e a Filomena, um casal de Ribamar que vive em Nova Iorque, em Yonkers. A Filomena é afillhada da tua mana, se bem percebi, e fez campanha contigo pela causa da independência de Timor Leste. É minha prima, do clã Maçarico. Descobri-a, por acaso, a ela e ao  marido [, professor primário, amigo do Manuel Filipe], bem como aos pais e ao mano Paulo, que também vive na EUA,,, Estavam de de férias em Valmitão... Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!

Quanto ao Horácio, preciso que me deslindes esta história... Eu não tenho o contacto dele (telemóvel e email): a questão é de confirmar em que altura exata (e por quanto tempo) esteve ele em Bambadinca: maio a dezembro de de 1969 ? O seu nome não conta da história do BCAÇ 2852, o batalhão que estava nessa altura em Bambadinca...

Um abraço. Bj para a Vilna. Luis

3.  Mail anterior do João Crisóstomo,  com data de 10 do corrente,  com conhecimento ao Horácio Fernandes:


 Caro Luis Graça, desculpa não ter respondido ainda. É que ainda não tive ocasião de falar com o Horácio. Sucede que tenho muita correspondência dele e quero ver se por acaso tenho alguma carta ( (aerogramas, lembras-te ?) escrita por ele que pudesse lançar luz sobre isso. 

Mas ainda não tive tempo. Estou (,ando sempre...) abarrotando de trabalho...mas agora reparo que dizes não tens os contactos dele. Aqui estão:vai i endereço de email, o telefone fixo, o telemóvel dele e o da Milita [...] 

Coloquei há duas semanas um anuncio no jornal Badaladas, de Torres Verdas, anunciando o nosso convívio para 30 de Agosto de 2015 [, Imagem inserida ao alto].   Destina-se primeiramente aos meus familiares espalhados pelo mundo para que, se for possivel, façam as ferias nessa altura... mas evidentemente que quero incluir os meus amigos, como fizemos no ano passado e quando estivermos mais perto farei outro anuncio com tudo bem clarinho...

Um abraço grande (e com muitas saudades ) para todos vocês.... tu e tua esposa Alice, para o Horácio e a Milita...

João e Vilma

4. Fotos das nossas praias do oeste estremenho ("costa de prata", "silver coast"...), para a Vilma e João Crisóstomo, mas também para a Filomena e o Álvaro  Fernandes, nova-iorquinos,  "matarem saudades"... Sem esquecer a Milita (que é de Fafe) e o Horácio Fernandes (que é de Ribamar, Loruinhã), e que vivem no Porto há 4 dácadas... Com, um xicoração muito especial do Luís Graça e da Alice.

PS1 - Espero poder abraçar o Horácio na festa de Ribamar, no próximo mês de outubro... Já sei que a Miloita não pode vir... Há uma caldeirada à nosssa espera, no dia 13!...A organização é do nosso incansavel e insuperaável Eduardo Jorge Ferreira, ex-PA [, Bissalanca, BA 12, 1973/74], também membro da nossa Tabanca Grande [, foto atual à esquerda].

PS2 - A Flomena, de seu nome completo Maria Filomena Fernandes Eugénio, casada com Álvaro Filipe Fernandes (que era professor primário e fez o serviço militar em Angola, tendo regressado na véspera da independência...), a viver nos EUA desde 1977, é prima direita do Horácio Fernandes (as mães são irmãs,  Elvra Neto, a mãe do Horácio, e a Maria da Conceição Fernandes, mãe da Filomena,)...

A bisavó (do lado Maçarico) de ambos era a Maria da Anunciação, casada com Manuel Fernandes. A Maria da  Anunciação era irmã da minha bisavó paterna, Maria Augusta (Ribamar, 28/10/1860- Lourinhã, 26/7/1920). O avô do Horácio, António Fernandes (Maçarico) foi o último construtor naval de Ribamar, emigrou para os Estados Unidos e lá morreu, deixando cá a esposa e três filhos que nunca mais tiveram notícias dele.. Deve ter nascido por volta de 1890. e emigrado nos anos 20.

Em suma, através do blogue descobri mais dois primos, o Horácio e a Filomena, e ambos amigos do João Crisóstomo. Quando era miúdo o João era visita da casa dos pais do Horácio... Ainda fala com muita saudade do Ti Zé Fernandes Nazarté... Embora petencendo a concelhos diferentes, mas vizinhos (Lourinhã e Torres Vedras), Ribamar e Paradas ficam perto uma da outra...

É caso para dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca...é Grande!.


Portugal > Lourinhã > Agosto de 2014 > Praia do Caniçal... A seguir, para sul,  é a Praia de Vale de Frades, Praia da Areia Branca, Praia do Areal Sul, Paraioa da Peralta...Para norte, é o Paimogo...



Portugal > Lourinhã > Setembro  de 2014 > Praia do Areal Sul, entre a Praia da Areia Branca e a Praia da Peralta... Ao fundo, o forte de Paimogo...


Portugal > Lourinhã > Setembro  de 2014 > Praia da Peralta... A seguir é o Porto das Barcas, Porto Dinheiro, Valmitão, Porto Novo (esta paria já na na freguesia de A-dos-.Cunhados, Torres Vedras)... Todas estas falésias são da época do Jurássico (200/150 milhões de anos) e
são verdadeiros "cemitérios" de dinossauros...

Fotos: © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Guiné 63/74 - P13545: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte VIII (e última): (i) o fim da comissão e o regressa a casa; ... (ii) a angústia em relação ao futuro



Lourinhã > Ribamar > Praia do Porto Dinheiro > Restaurante O Viveiro > 28 de junho de 2012 > O Horácio Fernandes e a sua esposa Milita. O casal reside  no Porto e tem 3 filhos, Ana , Joana e Ricardo (que vive em Inglaterra). A Milita é natural de Fafe. O Horácio nasceu em Ribamar, Lourinhã.

O livro autobiográfico  "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009) é dedicado pelo autor  "à Milita, minha zeloisa companheira, tanto nas manhãs radiosas. como nas tardes crepusculares da existência"... Não vejo o Horácio deste esta data. É um grande amigo do João Crisóstomo (o nosso grã-tabanqueiro de Nova Iorque)...Eu e o Horácio somos parentes, pertencemos ao clã Maçarico, de Ribamar, Lourinhã: a minha bisavó paterna e o seu bisavô paterno, nascidos por volta de 1860, eram irmãos. (LG)

Foto:  © Luís Graça  (2012). Todos os direitos reservados


1. Oitava (e última parte do testemunho do nosso camarada, o grã-tabanqueiro Horácio Fernandes. sobre a sua experiência  como  alf mil capelão no CTIG (de setembro de 1967 a dezembro de 1969). . De rendição indiviaul, etsv e a maior partte do tempo no BART 1913,(Catió, 1967/69)(ª)


[ Horácio Fernandes: foto à direita tirada pelo nosso saudoso Victor Condeço, 1943-2010, que foi fur mil mecânico de  armamento, CCS/BART 1913].


Esse tstemunho é um excerto do seu livro autobiográfico, "Francisco Caboz; a construção e a desconstrução de um padre" (Porto: Papiro Editora, 2009, pp. 127-162). O livro já aqui foi objeto de recensão crítica por parte do nosso camarada Beja Santos (Poste P9439, de 3 de fevereiro de 2012).

O Horácio Fernandes vive há 4 décadas no Porto. Vestiu o hábito franciscano, tendo sido ordenado padre em 1959. Deixou o sacerdócio no início dos anos 70. É casado, tem 3 filhos. Está reformado da Inspeção Geral de Educação onde trabalhou 25 anos na zona norte. Em 2006 doutorou-se em ciências da educação pela Universidadfe de Salamanca, Espanha.

Francisco Caboz é o "alter ego" do Horácio Fermandes (n. 1935, Ribamar, Lourinhã). O livro começou por ser uma tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, pela Univeridade do Porto, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, (1995): Francisco Caboz: de angfélico ao trânsfuga, uma autobiografia (147 pp.) (A tese de dissertação, orientada pelo Prof Doutor Stephen R. Stoer, já falecido, está aqui disponível em formato pdf).

Nesta VIII (e última)  parte (pp. 159-162), Francisco Caboz chega ao fim da comissão de serviço no CTIG, regressa a metrópole   e interroga-se sobre o seu futuro como padre...

Horácio Fernandes. Foto: cortesia da
Papiro Editora, Porto
Foi o nosso camarada e amigo Alberto Branquinho quem descobriu o paradeiro do seu antigo capelão . O livro está edittado pela Papiro Editora, Porto, que tem página no Facebook.

Tenho a autorização verbal do autor, dada por altura do nosso reencontro (vd. foto acima), 50 anos depois da sua missa nova (em 15 de agosto de 1959, em Ribamar, sua terra natal), para reproduzir esta parte do livro, relativa à sua experiênciade como capelão militar na Guiné, muito marcante e decisiva para o seu futuro como homem e como padre. Ele irá abandonar o sacerdócio ainda no início dos anos 70, depois de regressar da Guiné e fazer uma curta experiência como capelão da marinha mercante aos serviço do Clube Stella Maris. Leia-se a parte III, cap 4, do livro ("Capelão do Clube Stella Maris", pp. 163-174). Aliás, aconselho a aquisição e a leitura integral do livro: é um notável,  dilacerente e corajoso testemunho de um camarada nosso (nomeadanente a primeira parte relativa à sua formação nos semionários da Ordem Franciscana)..

Como ele explica na sua tese de dissertação de mestrado em ciências da educação, Horácio Fernandes "é o sujeito e objecto da auto-biografia, coberto por um pseudónimo que pretende esconder o que revela. Francisco, modelo de pessoa e de vocação que nasceu em Assis; Caboz, de peixe tímido, que não se aventura ao alto mar, mas cresce humildemente nas rochas, que a maré baixa põe a descoberto. Morde a isca com muita facilidade, quando tem fome, mas se desconfia, mais ninguém o consegue apanhar.

"Francisco de nome popular e Caboz de peixe miúdo, alimento dos pobres e brincadeira de moços da beira- mar.

"O pseudónimo, na verdade, encobre aquilo que revela e revela aquilo que encobre. Quer dizer, talvez a pessoa que por detrás do nome inventado se revê, encontre a sua verdadeira essência na dita invenção. Nome que é, e que conta a história da vida em causa". (p. 95)


O fim da comissão e as dúvidas quanto ao seu futuro como padre...





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Nota do editor:

(*) Vd. poste anterior da série: > 25 de agosto de  2014 > Guiné 63/74 - P13533: "Francisco Caboz", um padre franciscano, natural de Ribamar, Lourinhã, na guerra colonial (Horácio Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1913, Catió, 1967/69): Parte VII: (i) A ideia peregrina de adotar um criança, de cinco anos, filha de um soldado algarvio e de uma mulher fula, uma "filha do vento" (ii) gozo de licença de férias na metrópole; (iii) colocação, em maio de 1969, no batalhão de Bambadinca, antes de acabar a sua comissão, de rendição individual...

Vd. também poste  12 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10145: Tabanca Grande (348): Horácio Neto Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1911 (setembro de 1967 / maio de 1969) e BCAÇ 2852 (Bambadinca, maio/dezembro de 1969), nascido Maçarico, natural de Ribamar, Lourinhã, grã-tabanqueiro nº 565...

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11992: Efemérides (140): 8º aniversário do monumento aos combatentes da Lourinhã, 25/8/2013 (IV e última parte)


Vídeo (1' 15''). Luís Graça (2013). Alojado no You Tube > Nhabijoes ~

Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Organização da AVECO, com apoio da CM Lourinhã. Almoço-conívio no restaurante residencial Braga, no Vimeiro. Atuação de um camarada, ex-fuzileiro, do concelho de Peniche, interpretando o incontornável "Adeus, Guiné". Conheci este cmarada, num convívio anterior, na Atalaia. Penso desculpa de não ter aqui à mão o meu caderno de notas, donde constava o seu nome. Sei que ele passou pela Guiné, no início da década de setenta.

[O editor, ainda em férias, está na tabanca de Candoz,   sita em Paredxes de Viadores, Marco de Canavezes, na extrema com Baião e Cinfães, perto da barragem do Carrapatelo, onde não há Net que lhe valha... Teve de de ir, esta tarde à sede do concelho,  a amis de 15 km, para apanhar a "autoestrada" da Net, e assim aceder ao nosso querido blogue, neste fim de agosto, o nosso querido mês de agosto... Por aqui o céu é de bronze, devido aos incêndios. A minha homenagem aos heroicos bombeiros voluntários que têm perdido a vida, ou ficado gravemente feridos, neste verão de inferno, no cumprimento das suas missões de paz. Um abraço camarigo para todos os nossos tabanqueiros. Na próxima 3ª feira, tenho planeada uma viagem de barco, do Pocinho à Barca d'Alva, terra que ainda não conheço. (LG).]


Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Almoço-convívio no RestauranTe Residencial Braga, Vimeiro, Lourinhã. Um momento musical, com, uma camarada dos fuzileiros.


Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Almoço-convívio no RestauranTe Residencial Braga, Vimeiro, Lourinhã. Dois dirigentes da AVECO, promovendo o sorteio de uma garrafa de Aguardente DOC Lourinhã XO. Foram vendiadas váruias centenas de rifas,a  1 euro. O sorteio recaiu no nº 243. O sortudo foi o nosso editor Luís Graça que, num gesto de camarigagem, voltou a oferecer a garrafa à AVECO para novo sortieo noutra oacsião.


Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Almoço-convívio no RestauranTe Residencial Braga, Vimeiro, Lourinhã. Um antigo prisioneiro da Índia, o meu amigo, primo e camarada Luís Maçarico, de Ribamar.


Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Almoço-convívio no Restaurante Residencial Braga, Vimeiro, Lourinhã. À esquerda o meu conterrâneo e amigo, João Delgado, ex-combatente em Angola e membro da comissão "ad hoc" que construiu o monumento aos combatentes, numa altura (2005) de vacas gordas. A comissão dispôs de um verba generosa, 30 mil euros, da autarquia local. À direita, outro ex-combatente, emAngola, e que vive na Lourinhã, desde o seu regresso de África.


Comemorações do 8º aniversário da inauguração do Monumento aos Combatentes do Ultramar, Lourinhã, 25 de agosto de 2013. Almoço-convívio no RestauranTe Residencial Braga, Vimeiro, Lourinhã. O bolo de aniversário.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2013). Todos os direitos reservados
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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11935: Manuscrito(s) (Luís Graça) (7): Praia do Porto Dinheiro, Ribamar, Lourinhã... À memória dos meus avoengos Maçaricos... Ao Horácio Fernandes, capelão militar em Catió e Bambadinca (1967/69)...

(...) Desde 1974, os portugueses tentaram regressar ao mar duas vezes.  Há 40 anos que fugimos do mar. Mas vem aí a reabertura do canal do Panamá e a extensão da plataforma continental. Mesmo sem estratégia, a economia do mar vale 10 mil milhões de euros (.,.,.)

O que (não) fizemos para voltar ao mar. 


Por Lurdes Ferreira e Bárbara Reis. Público, 27/9/2012.



Praia do Porto Dinheiro
por Luís Graça

À memória dos meus antepassados Maçaricos
marinheiros, mareantes, navegantes, 
pescadores, mercadores, construtores navais... desde Quinhentos

Ao António Fernandes (Patas), 
contrutor naval que morreu na Califórnia
E ao seu neto, e meu primo e camarada, Horácio Fernandes,
capelão militar em Catió e Bambadinca (1967/69).


Finisterra, pórtico do tempo, 
És gare, és algar,
Porto dos portos das Atlântidas perdidas!
Foste estaleiro de vasos de guerra,
Galeões, naus e caravelas
Por haver ou nunca havidas,
Diz o livro do almoxarife.
Hoje não se constroem mais catedrais
Nas tuas fossas submarinas
Nem moinhos de vento 
No teu recife de corais,
Nem traineiras de grosso cavername
Nas rampas das tuas arribas fósseis.
Dóceis são as ondas com que afagas
A pele e apagas
A púbis das raparigas.

Porto Dinheiro: o
 irresistível apelo das algas
Que são as hormonas do mar,
Espigas, chicotes, valquírias, ninfas, najas, canibais,
Que vêm do fundo dos tempos imemoriais
Para seduzir os filhos dos homens,
Inebriar as suas almas, enlear os seus corpos.
Há olhos que perscrutam a linha do horizonte
E rasgam a colina de neblina, por detrás das Berlengas.
É de lá que vêm corsários, 
Monstros e mostrengas, 
Dinossauros, loucos menestréis, 
Contadores de lendas,
Mouras encantadas, 
Mercadores, invasores, conquistadores,
Vikings e outros predadores... 
E os bretões com os seus barcos a vapor, 
Que vinham aqui pescar lagostas entre as duas guerras.
Mais o Bateau ivre, do  Rimbaud.

É de lá,do mar profundo,  que vêm os portadores da peste…
Mercator ergo pestiferus,
De que Deus nos livre!

Deste nomes de fêmeas aos teus barcos
Que são machos,
Máquinas fálicas de lavrar e violar
O vento, a água, o ar,
Jessica, Mafalda, Sofia,
Inês, Patrícia, Maria.


Formidáveis muralhas de palavras e moluscos
Emparedam-me vivo
Na canícula desta tarde de verão
Em que espero em vão 
Os mercadores fenícios,
As legiões romanas, 
Devidamente equipadas e alinhadas nas suas galeras,
Ou as hordas bárbaras, teutónicas, a cavalo blindado,
Ou o simples mensageiro da paz,
O carteiro que me há-de trazer a carta a Garcia,
Com a solução alquímica da vida
Ou o algoritmo da felicidade
Ou a password do sítio 
A gruta de Alibabá e os 40 ladrões.


Estou sentado na esplanada da tasca da Ti Augusta,
Depois de saborear uma sopa de navalheiras,
E comer uma posta de arraia frita,
Recuando ao tempo dos meus avoengos Maçaricos…
E aqui penso em como a vida às vezes é tão simples,
Se descartada da econometria, da sociometria e da psicometria…
Dizem que aqui reinou o rei Midas,
O mesmo que transformava lagostas e algas em barras de ouro.


Porto Dinheiro,
Dos casais por detrás das tuas colinas,
Até ao mar imenso,
Por aqui andaram os meus antepassados.
Um dia há de desaparecer nas Américas
O teu último carpinteiro de naus, caravelas e traineiras.
Não sobreviveu à industrialização da construção naval.
Nem à crise dos anos 30.
Morreu longe, na Califórnia, na diáspora.


Maldita pátria amada e odiada
Que tantos filhos pariste e rejeitaste!

Luís Graça




Lourinhã,  Ribamar, Praia do Porto Dinheiro > 18 de agosto de 2011 > Vista da tasca da Ti Augusta 


Lourinhã,  Ribamar, Praia do Porto Dinheiro > 18 de agosto de 2011 > Embarcações de pesca artesanal


Lourinhã,  Ribamar, Praia do Porto Dinheiro > 18 de agosto de 2011 > A tasca da Ti Augusta,  hoje explorada por um filho, sargento da marinha reformado.


Lourinhã,  Ribamar, Praia do Porto Dinheiro > 18 de agosto de 2011 > Tasca da Ti Augusta > A famosa sopa de navalheiras.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2011). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

Último poste da série > 8 de agosto de 2013 > Guiné 63/74 - P11916: Manuscrito(s) (Luís Graça) (6): No Chá de Caxinde, em Luanda, a lusofonia para além da nossa circunstância: recente homenagem ao poeta angolano Viriato da Cruz (1928-1973)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10145: Tabanca Grande (348): Horácio Neto Fernandes, ex-alf mil capelão, BART 1911 (setembro de 1967 / maio de 1969) e BCAÇ 2852 (Bambadinca, maio/dezembro de 1969), nascido Maçarico, natural de Ribamar, Lourinhã, grã-tabanqueiro nº 565...



Lourinhã > Ribamar > Praia do Porto Dinheiro >  Restaurante O Viveiro, de Henrique e Cristina Silvério > 28 de junho de 2012 > O Horácio Fernandes, nascido em Ribamar em 1935... O nosso novo grã-tabanqueiro, registado sob o nº  565...




Lourinhã > Ribamar > Praia do Porto Dinheiro >  Restaurante O Viveiro >  28 de junho de 2012 > O Horácio Fernandes e a Milita, que vivem no Porto... Ela é de Fafe. O casal têm 3 filhos, Ana , Joana e Ricardo (que vive em Inglaterra).


Lourinhã > Ribamar > Praia do Porto Dinheiro >  Restaurante O Viveiro >  28 de junho de 2012 > A Vilma e o João Crisóstomo, oficiosamente noivos (com festa de arromba prometida, para abril de 2013, em Nova Iorque)




Lourinhã > Ribamar > Praia do Porto Dinheiro >  Restaurante O Viveiro > 28 de junho de 2012 > O Luís Graça e a Vilma, falando em francês... A Vilma, que é eslovena, vive em Paris... mas conheceu o João Crisóstomo em Londres, há muitos anos...

Recorde-se que a Eslovénia (capital: Liubliana; superfície: c. 20 mil km2; população: c. 2 milhões; língua oficial: esloveno; moeda: euro) é um país balcânico, do sudeste da Europa, tendo feito parte sucessivamente de: (i) império romano, (ii) império bizantino, (iii) república de Veneza, (iv) ducado da Carantania (o actual norte esloveno), (v) sacro império romano-germânico, (vi) monarquia de Habsburgo, (vii) império austríaco (conhecido mais tarde como Áustria-Hungria), (viii) estado dos Eslovenos, Croatas e Sérvios, (ix) reino da Jugoslávia, e (x) república socialista federativa da Jugoslávia (1945-1991), até finalmente (xi) se tornar independente, em 1991, e passar a integrar a União Europeia (em 2004).




Lourinhã > Ribamar > Praia do Porto Dinheiro > 28 de junho de 2012 > Restaurante O Viveiro, de Henrique e Cristina Silvério, telef. + 261 422 197 > Uma caldeirada que enche o corpo e a alma, diria o nosso gourmet Eça de Queirós, quer dizer satisfaz os seis sentidos: gosto, tacto, olfacto, vista e ouvido (comida ao som do mar)... além do pecado da gula!... Amigos e camaradas: vão lá e digam que vêm recomendados, da parte do professor Eduardo Jorge e da Tabanca Grande...




Lourinhã > Ribamar > Praia do Porto Dinheiro > 28 de junho de 2012 > Convivio > Da esquerda para a direita, (i) em primeiro plano: o Eduardo Jorge Ferreira, nosso anfitrião, guia e cicerone  (apontando o local onde, nas arribas da praia, foram descobertos fósseis da época do Jurássico Superior - c. 150 milhões de anos - que levaram à identificação, em 1999, de uma nova espécie de dinossauro saurópode, o Dinheirosaurus lourinhanensis), e ainda o João Crisóstomo; (ii) em segundo plano, a Vilma, o Horácio Fernandes, a esposa Milita, a Alice Carneiro e a Carmo, irmã do Horácio...


1. O convívio já estava agendado desde 22 de maio de 2012,  altura em que conheci pessoalmente, em Lisboa, o João Crisóstomo (*). Faltou o Beja Santos a este encontro oeste-estremenho e multiétnico, sugerido por mim e entusiasticamente apoiado pelo João Crisóstomo. E faltou porque não usa telemóvel, e desencontrámo-nos na cidade grande, no Campo Grande... Fiquei de lhe dar uma boleia...

Por seu turno, o João cumpriu a promessa, feita a mim, de trazer com ele o seu grande amigo de infância Horácio Fernandes, meu parente, que eu não via há 53 anos, ou seja desde a sua missa nova, em 15 de agosto de 1959 (**)...

De quem estou a falar ? Do antigo padre franciscano e ex-alferes miliciano capelão do BART 1913 (Catió, 1967/69), autor do livro Francisco Caboz: a construção e a desconstrução de um Padre (Porto, Papiro Editora, 2009, 187 pp.).

Na realidade o encontro pretendia atingir três objetivos: (i) conhecermos a noiva do João Crisóstomo, a Vilma, e ao mesmo tempo prima... do Mário Beja Santos (uma história comprida demais para se contar aqui e agora); (ii) abraçar o meu primo Horácio e conhecer a sua esposa e companheira, a Emília (ou Milita),  mãe dos seus três filhos; e (iii) juntar o João e o Horácio, em Ribamar, terra a que os prendem muitas raízes, memórias e afetos... (O Horácio é de lá, o João passava lá férias, na "casa do Ti João Patas").

Os objetivos foram plenamente cumpridos, sob a superior e competentíssima direção do Eduardo Jorge (***), com exceção da apresentação, nesse dia, da Vilma ao primo Mário... Por outro lado, a Vilma teve de seguir para o aeroporto mais cedo - por voltas das 15h30 -  por causa da greve, entretanto, cancelada,  do pessoal da ANA...

Matei as saudades que tinha de matar, adorei falar com a minha nova amiga Vilma, conheci a Milita que é a doçura em pessoa, revi e abracei com emoção o meu primo, amigo e camarada Horácio Fernandes, revi a Carmitas, partilhei a alegria do João, do Eduardo e da Alice.

Foi um dia curto, mas memorável... Além disso, proveitoso para a nossa Tabanca Grande: o Horácio Fernandes aceitou, de bom grado, aceitar o meu convite e entrar pela porta grande da Tabanca Grande, autorizando-me além disso a publicar a parte do seu livro referente à passagem pela Guiné, como capelão militar...

A prova mais espantosa de que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande, fui encontrá-la neste convívio em Porto Dinheiro... Conversa puxa conversa, vim a saber através o Horácio esta coisa espantosa: de setembro de 1967 a maio de 1969, ele está em Catió,  no BART 1913... Em maio de 1969, este batalhão acaba a sua comissão e regressa a casa... Como o Horácio é de rendição individual, e ainda lhe faltam alguns meses para terminar a sua comissão, é colocado em Bambadinca, num batalhão que não tinha capelão... Ora este batalhão não é nem nada mais nada menos o BCAÇ 2852 (1968/70)...

Em 28 de maio de 1969, Bambadinca fica ferro e fogo, o Horácio aguenta, estoicamente, o ataque... Eu e os meus camaradas da CCAÇ 2590/CCAÇ 12 estávamos a chegar a Bissau no T/T Niassa... Em 2 de junho, passei por Bambadinca a caminho de Contuboel. Menos de dois meses depois, a minha companhia é colocada em Bambadinca, setor L1, como subunidade de intervenção. Nem eu nem o capelão Horácio Fernandes nos haveremos de encontrar nos meses em que estivemos no mesmo sítio, comendo e dormindo a escassos metros um do outro...

Eu por lá ficarei até março de 1971. O Horácio só até dezembro de 1969, altura em que foi acometido pelo paludismo e teve de ser evacuado, de heli, para o HM 241, em Bissau. Razões possíveis para o nosso desencontro em Bambnadinca: (i) eu tive um 2º semestre de 1969 de intensa atividade operacional; (ii) não ia à missa; (iii) já não via o Horácio desde 1959; (iv) o capelão passava boa parte do seu tempo das unidades de quadrícula do setor L1...

Mesmo assim, não me posso perdoar o facto de, a milhares de quilómetros de casa, nunca ter sabido da presença, em Bambadinca, de um conterrâneo meu, para mais meu parente...


O Horácio é hoje um pai estremoso e um avô babado... Tem, além disso,  um CV profissional e humano que o honra, a si e aos seus: (i) padre (franciscano) e professor dos três níveis de ensino (básico, secundário e superior); (ii) orientador pedagógico, (iii) inspetor superior coordenador na Inspeção Geral da Educação: (iv) licenciado em história (Universidade do Porto); (v) mestre em Ciências da Educação (Universidade do Porto); (vii) doutor em Ciências da Educação (Universidade de Santiago de Compostela); (viii) autor de diversos livros didáticos na área das ciências sociais e humanas...

Sinto-me particularmente feliz e honrado por poder ser eu a apresentá-lo à Tabanca Grande e batisá-lo como grã tabanqueiro, sob o nº de registo 565. Sê-bem vindo, camarada! Vamos recuperar meio século de distância...

PS - Eu e o Horácio somos parentes... Porquê ? As nossas bisavós (paternas), Maria Anunciação e Maria Augusta,  eram irmãs, nascidas na década de 1860, em Ribamar, Lourinhã... Os seus pais, nascidos por volta de 1830, eram Manuel Filipe e Maria Gertrudes... Os seus avós, nascidos no virar do séc. XVIII, eram Joaquim Filipe e Rosa Maria, pelo lado paterno, e Joaquim Antunes e Maria Rosa, pelo lado materno...

A nossa árvores genealógica (a grande família Maçarico) remonta à época dos Descobrimentos..., quando os nossos antepassados eram arrebanhados como pau para toda a obra e postos ao serviço das caravelas e das maus que demandavam os novos mundos que Portugal dava ao mundo... Incapazes de viver longe do mar, espalham-se hoje ao longo da costa 
portuguesa, em particular em dois núcleos, Ribamar-Lourinhã e em Mira, para além da diáspora (EUA, Canadá):


 (...) "Ribamar na época dos Descobrimentos era já um importante centro de construção naval, tendo ainda existido até cerca de 1930 um estaleiro que situava no local onde está hoje a escola primária. E já nesses tempos idos os Maçaricos eram reconhecidos como especialistas nessa área tendo acompanhado diversas expedições navais. E provavelmente estabeleceram-se também noutras localidades onde existiam estaleiros, possível explicação para haver outras famílias Maçarico espalhadas pelo Pais, como por exemplo em Mira". (...)

(*) Sobre este nosso primeiro encontro, em Lisboa, escreveu o João Crisóstomo, em férias, o seguinte

(...) 25 de maio de 2012


Meus caros Beja Santos e Luis Graça: Costuma-se dizer que a vida é como um copo, meio cheio/ meio vazio, e que tudo depende de cada um de nós saber e querer escolher como a encarar. No meu caso tem sido bastante fácil escolher.... : Vocês os dois são mais dois elos de ouro que a vida me presenteou a tornar a minha vida numa experiência que eu gostaria pudesse ser de todos. Não seria perfeita (que também tenho comido muitas vezes o pão que o diabo amassou) mas no seu conjunto não me posso queixar, antes pelo contrário.

Os teus livros, e  a tua amizade, meu caro Beja, têm sido como uma droga aditiva.... Leio, releio, vivo.... E quando apanho "mais um"... como este que me ofereceste agora,  "A viagem do Tangomau", não te sei explicar... mas dou muitas graças ao Senhor (eu sei que,  como eu,  tu és crente e portanto sei que compreendes) por te ter encontrado, por seres agora de alguma maneira parte importante da minha vida.

E o mesmo posso dizer de ti,  meu caro Luís Graça... O almoço no dia 22 contigo e com o Beja e as horas que se seguiram foram uma "experiência/vivência" que não vou esquecer . Já te "conhecia" um pouco pelo teu blogue. Os momentos que passei contigo vieram "esclarecer' que és exactamente o que eu gostaria de encontrar/confirmar. E estou-te duplamente grato porque através do teu blogue eu - e creio que muitos outros camaradas  sentirão o mesmo - me fazes recordar, viver e fazer sentir duma maneira tão grande esta irmandade a que a nossa experiencia na Guiné quase nos obriga.

Obrigado, muito mesmo, meus caros. Espero/gostaria - e se tal acontece isso já é recompensa grande para mim - que este seja sentimento recíproco . E não tenho dúdidas que assim sucede pois assim o têm dito e mostrado. Um abraço grande pois de gratidão e muita amizade, sincera e desinteressada do João. (...)




(**) Mail de João Crisóstomo, com data de 24 de maio último:

 (...) Caro Luís Graça: Primeiro: Um abraço grande de gratidão pelos momentos de emoção e satisfação imensa que me proporcionaste há dois dias. Como te expliquei e já sabias, não sou bom em "nets" e todas as coisas de Internet. Mas farei esforço seerio para me familiarizar melhor, especialmente com o teu/nosso blogue com o teu nome e camaradas da Guiné.


Como esperava não foi nada difícil convencer o Horácio a vir a Ribamar no dia 28 de Junho. Podes contactar o camarada  e amigo que me falaste [, o Eduardo Jorge Ferreira,] e que pode começar a organizar..... Parto para Paris dia 29 de Maio, mas estarei de volta bem a tempo para esse encontro...

Não falamos num pormenor importante:  as nossas "caras metades'... Acredito que é pergunta desnecessária, mas.... creio que como eu vocês se sentem mais completos com as nossas metades melhores presentes... Por mim, depois de tudo o que lhes contei,  creio que não duvidam que a minha Vilma vai estar comigo (...)


(***) Mail, com data de 24 de maio p.p., que enviei ao Eduardo Jorge:

Eduardo:

Tenho uma proposta (indecente) para te fazer... Nas tuas costas, propus um encontro em Ribamar, Porto Dinheiro, Valmitão ou arredores, onde  um grupo de amigos e camaradas da Guiné se pudesse juntar para "matar montes de saudades"... Marcámos um dia: 28 de junho, 5ª feira... Lá estarei nem que chova pedras e picaretas...

Tu és um "incontornável", como régulo dessas tabancas todas... Mas a surpresa é juntarmos o João Crisóstomo (que é da tua terra adotiva, e de quem seguramente já ouviste falar) e o Horácio Neto Fernandes, meu primo, que não vejo desde a sua missa  nova (1959)...

Eles os dois - como o mundo é pequeno! - são dois grandes amigos de juventude... De certo que o conheces ou conheces a família... Ele é luso-americano, nova iorquino de gema, um "português das américas", um ser de eleição, e uma figura pública por ter organizado várias campanhas em defesa de boas causas (Foz Côa, Timor, Aristides Sousa
Mendes...). Esteve na Guiné por volta de 65/66, tal como Horácio  (67/69), eu (69/71), tu (73/74) (...)  Aliás, não há ninguém que este homem não conheça no mundo (é amigo pessoal do Chanana, do Ramos Horta, só para citar gente do outro lado do mundo)...

Diz-me se alinhas, qual a tua disponibilidade para esse dia, etc. Ele depois volta para os States... Podes ler aqui tudo sobre ele, J.C.:

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/search/label/Jo%C3%A3o%20Cris%C3%B3stomo

 (...) Viste o poste sobre o Horácio ?

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.pt/2012/05/guine-6374-p9941-o-mundo-e-pequeno-e.html


(****) Último poste da série > 4 de julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10111: Tabanca Grande (347): António Borié, ex-1º cabo cripto, Cmd Agrup nº 16, Mansoa, 1964/66, há 40 anos nos EUA... Passa a ser o nosso grã-tabanqueiro nº 564

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9941: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (55): O alf mil capelão Horácio Fernandes, natural de Ribamar, Lourinhã, no álbum fotográfico do nosso saudoso Victor Condeço (1943-2010) (ex-fur mil mec arm, CCS/BART 1913, Catió, 1967/69)



Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço (1943-2010) > Quartel > Foto 31 > 


"Cerimónia militar em fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART  1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG, atribuída em julho de 1967. Vista parcial do quartel com as tropas em parada. Edifício do comando à esquerda, ao fundo".  






Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Quartel > Foto 30 > "Cerimónia militar em fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART 1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG,  atribuída em julho de 1967. Aspeto parcial das tropas em parada".




Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Quartel > Foto 28 > "Cerimónia militar em fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à  CART  1689  da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG, atribuída em julho de 1967. Ao fundo,  a porta de armas, cozinha e refeitório, armazém de géneros ainda,  em construção, parte da camarata de oficiais e fora do quartel o armazém/cais da Casa Gouveia".






Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Quartel > Foto 29 > "Cerimónia militar em fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART 1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG, atribuída em julho de 1967. Edifício do comando (à esquerda) e camarata de oficiais  (à direita)".





Guiné > Região de Tombali > Catió > CCS / BART 1913 (1967/69) > Álbum fotográfico do Victor Condeço > Quartel > Foto 32 >


"Cerimónia militar em fevereiro de 1968, por ocasião da imposição à CART  1689 da Flâmula de Honra (ouro) do CTIG, atribuída em julho de 1967. Edifício do comando. Presença de militares, civis da administração, correios e comerciantes locais.



"Da esquerda para a direita, 

(A) um militar, de camuflado que não consigo identificar; 


(B) de costas,  o cap médico Morais; 


(C) o comandante, ten cor Abílio Santiago Cardoso; 


(D) quatro funcionários dos Correios e Administração;


(E) o comerciantes Sr. José Saad e filha;


(F) o comerciante, Sr. Mota:


(G) o comerciante  Sr. Dantas e filha;


(H) o comerciante Sr. Barros;


(I) o electricista civil Jerónimo:


(J) e, por fim,  o alf mil capelão Horácio [Neto Fernandes]".



Fotos (e legendas) de Catió: Victor Condeço (1943/2010) / © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2007). Todos os direitos reservados










O Alf Mil Capelão Horácio Neto Fernandes... Ao alto uma inscrição, no edifício do comando: "A nossa intervenção em África é a resposta a um desafio que nos lançaram e a afrontas que não podemos esquecer". Detalhe da foto nº 32, acima reproduzida.


1. Na realidade, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande. Ainda  anteontem estive a falar do Horácio,  meu parente de Ribamar, Lourinhã, que não vejo desde que celebrou a sua missa nova, em agosto de 1959...  Estava justamente a falar dele com o João Crisóstomo, na terça feira, dia 22... O João tinha acabado de chegar de Nova Iorque, almoçou comigo e com o Beja Santos: os dois vão, no próximo sábado, dia 26 de maio, a Viseu para participara no convívio da CCAÇ 1439 (Enxalé,  Porto Gole e Missirá, 1965/66)... 


O João, que tem a dupla nacionalidade, portuguesa e norteamericana,  é natural de A-dos-Cunhados, Torres Vedras, e portanto é meu vizinho... Acontece, por outro lado,  que  é amigo do Horácio e da sua família há mais de meio século... Surpresa, para mim, que sou primo do Horácio, e tenho andado á sua procura desde há mesmo: sei que mora no Porto, e está reformado como inspetor do ministério da educação... Já mostrei, no blogue, publicamente, o meu empenho em trazê-lo até à Tabanca Grande..
- Sou amicíssimo dele!... Fui ao lançamento do livro dele... Queres que eu lhe ligue já para o telemóvel ?
- Não, quero ser  eu a encontrá-lo, um dia destes, em Ribamar ou no Porto... Ele tem, de resto,  o meu número de telefone que lhe foi dado por um camarada nosso, o Alberto Branquinho... Mas já não me reconhecerá ao fim destes anos todos... E possivelmente quer preservar a sua privacidade...


O João Crisóstomo referia-se ao livro autobiográfico “Francisco Caboz, A construção e a desconstrução de um Padre” (Papiro Editora, 2009), já aqui falado diversas vezes pelo Albero Branquinho, por mim prórpio e pelo Beja Santos (que lhe fez uma recensão).

Na realidade foi o Branquinho que o reencontrou no último convívio anual do pessoal da CCS do BART 1913


"Fui encontrar o Doutor Horácio Fernandes no passado dia 29 de Maio no encontro anual da CCS do BART 1913 em Alfeizerão/Alcobaça. Escusado será dizer que nunca mais o vira desde a minha saída de Bissau, portanto, há quarenta e tantos anos. Se não nos tivessem 're-apresentado', não nos teríamos reconhecido"... 


A notícia foi pretexto foi uma longa troca de mensagens entre mim e ele, Alberto Branquinho... Não tinha conhecimento do livro, mas desencantei-o:

(...) "Hoje não descansei enquanto não arranjei o livro do Horácio. Por acaso, a minha irmã Graciete Calado, que vive na Lourinhã,  tem um exemplar, autografado, que me emprestou... Da parte da tarde, à beira mar, na Praia da Areia Branca, já o li quase todo, na vertical... Em especial a parte da infância e da adolescência até à formação como padre (ordenado em 15 Agosto de 1959)... Gostei da leituras das suas memórias de infância... O autor encontrou no Francisco (nome do fundador da ordem religiosa em que ele se formou como padre) Caboz (nome de peixe, sugerindo a sua origem como filho de gente pobre, sendo o pai meio agricultor e meio pescador, como muita gente de Ribamar da época), encontrou em Francisco Caboz, dizia, uma espécie de 'alter ego'... Na realidade estamos parente uma verdadeira autobiografia...


"E depois, mais tarde, em 1967, outro momento forte é a sua a ida para Catió como capelão militar do teu batalhão, o BART 1913... Espantosa a descrição da partida de mau gosto que os oficiais do comando e CCS do batalhão lhe pregam, à hora da sua 1º refeição conjunta: começam a circular, pela mesa, fotos de gajas e gajos nus, claramente pornográficas... O capelão, ruborizado, não se apercebeu que se tratava de uma praxe, não se conteve, e teve o deslize de perguntar ao major, ao 2º comandante:
"- São fotos da sua mulher ?

" 'Foi uma bomba que estoirou na sala. O major ficou lívido de raiva', escreveu  no livro, ao resconstituir o espisódio 40 anos depois (p. 140)...

"A descrição de Catió daquele tempo bate mais que certo com as fotografias do nosso saudoso Vitó, Vitor Condeço... O Horácio deve tê-lo conhecido, seguramente... Como deve ter conhecido, previamente, as fotos de Catió e de Ganjolá que o Vitor Condeço publicou em vida no nosso blogue, com as devidas legendas... Quase que me atrevia a jurar que deve ter consultado o nosso blogue...

"Alberto, para mim é um duplo regresso ao passado... Estou-te obrigado, a ti e ao Horácio... Mas, afinal, não foi à missa do Horácio que eu fui, mas à do Júlio... Os dois eram primos e foram ordenados padres, franciscanos, no mesmo dia... E ambos eram de apelido Fernandes... Mas o Júlio era de uma família abastada ou mais remediada... O Júlio era Maçarico, logo era da minha família, e foram eles, os pais, que me (a mim, e a todos os familiares Maçaricos que viviam na vila, sede de concelho, Lourinhã) convidaram para a Missa Nova, que deve ter sido num domingo antes do Horácio... De qualquer modo, em Agosto de 1959... A minha dúvida agora é saber se também sou primo do Horácio... Vou consultar a nossa árvore genealógica, a dos Maçaricos... É bem possível... Os Fernandes (ou Patas) e os Maçaricos casavam-se entre si...

"Por hoje, fico por aqui... Um abração aos dois (Não sei se o Horácio me está a ler, gostava-o de lhe dar um grande abraço... Desde Agosto de 1959, nunca mais o vi... Tinha eu 12 anos, afinal, e ele 24...quando nos teremos encontrado pela última vez).

"PS - Peço desculpa pelo 'espaço que estou a roubar' ao blogue... Mas este assunto não é meramente pessoal... Temos uma série (temática) sobre os nossos capelães militares e o Horácio foi capelão militar no TO da Guiné, logo foi nosso camarada"...

Nesse mesmo dia, 19 de junho de 2012, chegado a Lisboa escrevi outro comentário;

"Alberto e Horácio (se me estiveres a ler):

"Vindo da Lourinhã, chegado a Lisboa, fui consultar o o 'livro da família Maçarico' e não há dúvida, o Horácio é meu parente, as nossas bisavós, nascidas por volta de 1860, eram irmãs... A sua bisavó paterna era a Maria da Anunciação e a minha, a Maria Augusta (1864-1920), as duas únicas mulheres de uma família de 7 filhos... (A Maria Augusta casou na Lourinhã,  foi mãe da minha avó paterna, Alvarina de Sousa).

"O Júlio, que foi missionário em Moçambique, e depois foi para o Canadá, já morreu. Saiu da ordem, franciscana em 1970. Também é da grande família Maçarico, e portanto do meu parente...

"Fonte: Américo Teodoro Maçarico Moreira Remédio - Vila de Ribamar e as famílias mais antigas: Família Maçarico: Árvore genealógica: 500 anos de história. Ribamar, Lourinhã: ed. autor. 2002".


No dia seguinte, ainda escrevinhei  mais duas ou três notas, que comuniquei ao Branquinho:


(...) "O livro do Francisco Caboz/Horácio Neto Fernandes é rigorosamente autobiográfico... Estive a ler, com mais atenção e detalhe, ontem à noite, a descriação da sua experiência como 'seráfico', no colégio franciscano de Montariol, em Braga, e fiquei sem fala... Tem páginas que não ficam atrás do melhor do Virgílio Ferreira, em 'Manhã Submersa'... Voltarei a este ponto... 

"Alberto, deixa-me só dizer que há mais referências à 'família Maçarico': a história, que eu conheço, do avô, calafate, carpinteiro naval, António Fernandes (Maçarico), um dos últimos construtores navais de Ribamar, que 'desapareceu' na América (o seu regresso foi esperado em vão, durante muitos anos, qual Dom Sebastião; em vão, terá morrido na Califórnia)... Ou ainda a história do tio-bisavô, Frei José de Cristo, que morreu no Convento do Varatojo, Torres Vedras, com fama de santidade... Foi um dos 7 magníficos Maçaricos, cinco rapazes e duas raparigas (as nossas duas bisavós), nascidos nos anos 50/60 do Séc. XIX... Só ele, o Frei José de Cristo, não deu descendência.

"Enfim, há muitos outros pormenores que eu reconheço, do meu conhecimento (antigo) da família Maçarico, mas com os quais não te vou agora maçar"...

2. O surpreendente foi eu ter descoberto o Horácio numa das fotos do álbum do nosso saudoso Vitó, Victor Condeço (1943-2010), que tenho em meu poder há cerca de 5 anos... Andava à procura de fotos de Catió, para ilustrar o poste do nosso camarigo J.L. Mendes Gomes, quando me deparo, na legenda da foto nº 32 (acima reproduzida) , com a menção ao "alferes capelão Horácio".  Era ele, sem dúvida, o Horácio Neto Fernandes, e isso vinha comprovar a minha certeza de que o Vitó o teria conhecido em Catió, uma vez que ambos  pertenciam à CCS do BART 1913... 


Esta associação de ideias só poderia ter acontecido na sequência da minha conversa ontem com o João Crisóstomo, ocasião em que de resto o conheci pela primeira vez, "ao vivo", em termos pessoais, embora já tivéssemos telefonado diversas vezes. Mas esse encontro memorável merece ser objeto de um poste à parte... Por várias razões: (i) pelo camarada que ele é; (ii) pelo leitor apaixonado do nosso blogue que ele é; (iii) pelo grande português das américas em que ele se transformou, pese embora a sua simplicidade e humildade como pessoa...


Uma última pergunta ainda à volta da foto nº 32 (Quartel de Catió, fevereiro de 1968): o que será dessa gente de Catió, sobretudo os civis,  fotografados á direita do capelão ? Os quatro funcionários dos Correios e da Admistração (Catió era sede de circunscrição administrativa, a terra mais importante da Região de Tombali); os comerciantes José Saad e filha, o Mota, o Dantas e filha, o Barros, sem esquecer o "electricista civil Jerónimo" ?  Os nossos camaradas que estiveram em Catió até ao final da guerra ainda se lembram destas pessoas ? O que lhes terá acontecido ? Ficaram na Guiné-Bissau, fixaram-se em Portugal ?... Todos eles, tal como nós, fazem parte da "petite histoire" pela qual se interessa o nosso blogue e sem a qual não há a grande história, com H...


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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de maio de 2012 A> Guiné 63/74 - P9924: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (54): Mesmo com um atraso de 4 anos, farei chegar a vossa mensagem a meu pai, Joseph Turpin (Iracema Turpin)