quinta-feira, 7 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8057: Notas de leitura (226): João Teixeira Pinto, A Ocupação Militar da Guiné (3) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Abril de 2011:

Queridos amigos,


Aqui se dá por terminado o relato das 4 campanhas de Teixeira Pinto entre 1913 e 1915.


A pacificação foi um facto, mas só se deu por concluída em 1936. Teixeira Pinto irá morrer no combate de Negomano, frente aos alemães, em 26 de Novembro de 1917.


Abdul Injai irá cair em desgraça e será deportado. Todo este episódio da campanha de 1915 decorre já numa atmosfera de envenenamento que preludia as calúnias sobre o grande herói Teixeira Pinto. Lastimavelmente, todos estes episódios históricos estão mal estudados, parece que a Guiné só ganha importância aos olhos do historiador com a chegada do comandante Sarmento Rodrigues. Coisas da história.


Um abraço do
Mário


João Teixeira Pinto, a ocupação militar da Guiné (3):

Campanha contra os Papéis e Grumetes de Bissau (1915)

Beja Santos

Estamos chegados ao relatório fundamental de Teixeira Pinto, após a sua derradeira campanha na Guiné. É um documento histórico indispensável para a compreensão da colonização portuguesa na região. Teixeira Pinto está ciente das animosidades que impendem sobre ele e o seu favorito Abdul Injai. Acusa-os de despeito e inveja, são aqueles que na produziram a favor da Guiné e que só sabem censurar e criticar e diz: “Para esses todo o meu desprezo e o dos meus valentes companheiros de armas”. E começa por fazer o histórico das suas campanhas a partir de 1912. Diz sem papas na língua que nesse tempo “a nossa autoridade era puramente nominal na região compreendida entre os rios de Farim e o rio Geba, abrangendo os povos Oincas, Balantas, Brames ou Mancanhas, Manjacos e Papéis, com ocupação apenas das vilas de Cacheu e Bissau e posto militar de Gole”.

Rememora algumas campanhas infelizes, enumera os desastres e até massacres de tropas e populações. Diz ter lido relatórios e ouvido testemunhas das campanhas anteriores e ter concluído que as razões de todos esses revezes fora a utilização dos Grumetes como auxiliares, sobretudo. Acrescenta que em Dezembro de 1912 fora a Bafatá e que o administrador de Geba,  Vasco Calvet de Magalhães,  lhe apresentara o régulo do Cuor, Abdul Injai (“fiz um rápido estudo dele e da sua gente e desse rápido estudo concluí que eram eles os auxiliares que convinham”). Arranjados os auxiliares, disfarçou-se e percorreu o Oio.

Refere depois como deixou o Oio submetido, a seguir foi a Cacine e Gadamael reprimir indígenas sublevados, restabeleceu a ordem. Dá-se depois o massacre de Churo em que, entre outros, perdeu a vida o alferes Nunes. Segue-se a descrição da campanha em que submeteu os manjacos, os Mancanhas ou Brames, submetendo-os. Tendo havido o massacre de uma força de 70 auxiliares procedeu contra os Balantas, estes também se submeteram, foi criado um posto em Nhacra.

Estamos chegados à sublevação dos Grumetes e dos Papéis. Teixeira Pinto escreve: “Todos os Grumetes, mesmo os melhores colocados, apoiados pela Liga Guineense, empregaram todas as suas influências e conjugaram todos os seus esforços para impedir a guerra… O atrevimento dos Papéis era tal nas ruas de Bissau que, se se cruzavam com algum europeu na rua, em lugar de se afastarem, pelo contrário esbarravam com o europeu e, com um encontram, afastavam-no. Quando algum branco ia passear para fora da vila, logo a 100 metros, era frequente encontrar um Papel que lhe dizia para voltar para vila porque aquele chão não era do governo”.



E justifica as hostilidades em que incorreu: “Dizia-se que era eu que incitava a guerra. Mandaram um comissionado a Lisboa para enganar o Ministro, para lhe arrancar ordem para que a campanha se não fizesse, alegando que os pobrezinhos não tinham armas e eram muito obedientes. Digo enganar, porque a presente campanha provou que os Papéis e Grumetes estavam muito bem armados e municiados… estabeleceram intrigas entre os chefes irregulares, entre este e o Abdul e enquanto fui a Lisboa procurar indispor os oficiais comigo. A todos os que queriam opor-se a esta campanha lhe chamo aqui, e bem do íntimo da minha alma réus de alta traição”.

Falando dos preparativos, expõe a composição dos efectivos, as forças navais utilizadas, o armamento, o estado de sítio da Praça de Bissau, a presença de Abdul Injai com 1600 irregulares armados com 580 Sneiders, 425 Kropatcheks e perto de 400 armas de espoleta e mais de 100 cavaleiros.



Uma vez mais, Teixeira Pinto é minucioso, estabelece como um quase diário das operações que se vão desenrolar já em plena época das chuvas. Há parágrafos quase épicos, veja-se este exemplo: “Numa arremetida de leões os meus valentes soldados e irregulares carregam de novo sobre o inimigo e, numa arrancada, levam-nos de vencida até ao Alto do Intim e infligem-nos tais perdas que as forças recolhem trazendo os seus mortos e feridos, sem que o inimigo os incomodasse com um único tiro. Para mim estava terminada a lenda dos Papéis. Com aquela coluna, depois da rude prova porque acabava de passar e animada do entusiasmo de que estava possuída, eu adquiri a certeza da derrota do inimigo e da conquista da ilha de Bissau”.

Daqui avança para o chão Papel, descreve o fogo de artilharia, o avanço das colunas e acrescenta um novo parágrafo épico: “Neste dia de luta de 1 contra 10, com inimigo bem armado com armas aperfeiçoadas, bastante cartuchame e com a lenda de invencível, cada soldado, cada irregular, cada voluntário, foi um herói. Os graduados regulares e os chefes irregulares portaram-se de tal modo, mostraram tanta energia, tanto sangue frio, desenvolveram tal actividade que não sei descrever o entusiasmo quando à tarde estávamos acampados sem se ouvir um tiro, no mesmo sítio em que acampou a coluna de 1908, que foi sempre mais ou menos hostilizada pelo inimigo”.

A campanha prossegue, marcha-se para Safim, Teixeira Pinto comanda as operações ferido, deitado numa maca. As colunas seguem para Bor, tomam Bissalanca, depois Comura, Prábis, Cussete. Regista-se uma traição na estrada do Biombe, o régulo foi preso e Teixeira Pinto observa: “Interrogado o régulo, declarou que ele nunca se submetia porque ele odiava os brancos; que tinha mandado sempre 500 homens a cada combate que tinha havido e enquanto ele fosse vivo e houvesse um Papel de Biombe haviam de fazer guerra ao governo e que, se morresse, e lá no outro mundo encontrasse brancos, lhe havia de fazer guerra. Disse que se considerava o mais valente de todos os régulos porque não tinha fugido da sua terra, pois cria ali morrer”. A 17 de Agosto de 1915 a campanha terminou, havia 4 postos em Bor, Safim, Bejemita e Biombe. Papéis e Grumetes eram tidos como etnias submetidas. O relatório termina assim:

“Antes de concluir este relatório venho ainda relembra a conveniência de se apurar a responsabilidade de todos aqueles, Grumetes e não Grumetes, que mais ou menos concorreram para a revolta dos Papéis e proceder-se à captura e deportação para outra província dos Grumetes que tendo andado dentro de Bissau a fazer fogo contra nós, hoje fugiram dali refugiando-se nas pontas de Quínara e nos Bijagós.

São rebeldes, com a consciência dos actos que praticavam, visto serem civilizados, que pegaram em armas contra o governo, armas que ainda conservam. Sem ser profeta, estou convencido que, se continuarmos com a brancura dos nossos costumes e deixarmos sem a punição que merecem em pouco tempo eles farão rebentar nova revolta entre os Balantas, Manjacos ou Papéis, povos que, como V. Ex.ª sabe, são guerreiros por índole e por tanto sempre prontos a pegarem em armas, muito principalmente incitados pelo exemplo daqueles que tendo sido rebeldes ficaram impunes e que continuam por esse facto a gozar grande prestígio entre aqueles povos.
Oxalá eu me engane”.

Segue-se a lista de numerosos pedidos de louvor e condecorações para tropas regulares e irregulares e até mesmo para comerciantes. Esta era a Guiné de 1915, um território em que nem em Bissau se podia viver descansado. Compete ao historiador reflectir e analisar sobre os apoios que Teixeira Pinto obteve e quais os inimigos que temporariamente se submeteram.

Este conjunto de relatórios são peças de uma importância inequívoca para se conhecer tudo quanto se passou na história recente, sobretudo de 1961 a 1974.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8047: Notas de leitura (225): João Teixeira Pinto, A Ocupação Militar da Guiné (2) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8056: Episódios da Guerra na Guiné (Manuel Sousa) (3): Minas entre Jumbembem e Lamel

1. Terceiro dos Episódios da Guerra na Guiné, trabalho do nosso camarada e Manuel Sousa (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74), enviado em mensagem do dia 15 de Março de 2011:


EPISÓDIOS DA GUERRA NA GUINÉ 1973/1974 (3)

MINAS ENTRE JUMBEMBÉM E LAMEL

Por volta do dia 20 de Maio de 1974, um ano após os acontecimentos de Guidage, um mês depois do 25 de Abril, o PAIGC, aproveitando a indefinição e a fragilidade políticas de Portugal, intensificou a sua acção na Guiné, a que o quartel de Jumbembém não foi excepção.
O limite do subsector era numa linha de água designada por rio Lamel, situada a cerca de 3Km para o lado de Farim, cuja ponte, de pedra e cimento, estava frequentemente sabotada por parte do PAIGC.


Ponte de Lamel. Foto de Carlos Silva revelada a partir de um slide do ex-Alf Rebelo da CCaç 2548. Com a devida vénia a ambos.

A passagem das viaturas muitas vezes só era possível sobre troncos de árvore que se colocavam sobre a referida ponte, para suprir a sua destruição parcial.
Tratava-se de uma zona perigosa, porque era ali nas proximidades da ponte que os guerrilheiros do PAIGC passavam do Senegal para uma das suas “zonas libertadas”, Bricama, e vice-versa.

Num desses dias de Maio, durante a noite, foram ouvidas em Jumbebém algumas explosões para o lado de Lamel, presumindo-se que se trataria de mais uma sabotagem à ponte, pelo que foram feitos uns disparos de obus naquela direção, a que se chamava o batimento da zona.

No dia seguinte foi recebida informação, através dos pilotos de dois helicópteros que deslocaram a Jumbembém, que a ponte estava destruída e a picada estava obstruída por abatimento de árvores.
Já sabíamos o “barril de pólvora” que nos esperava aquando da realização da próxima coluna.

Talvez logo no dia seguinte, não me recordo bem, foi organizada a coluna a Farim, com a prévia picagem da picada até Lamel.
Nesse dia a picagem esteve a cargo do 3.º Pelotão, a que eu pertencia, reforçado pelo 4.º creio, e entre os quatro homens destinados a picar, eu, mais uma vez, estava incluído.

À saída do quartel, um dos quatro picadores, sabendo o que nos esperava, fez tudo para ir a picar em último.
Coloquei-me então eu à frente, do lado direito, outro atrás, do lado esquerdo, outro mais atrás, do lado direito e o tal que fez questão de ir em último mais atrás, do lado esquerdo.
Como “picas” usávamos, nesta altura, umas varas com cerca de 4 ou 5 metros de comprimento, as chamadas “canas da índia”, que nos permitia estar o mais longe possível de eventuais explosões de minas ao serem tocadas.

Sensivelmente a meio do percurso, próximo do chamado “Alto de Lamel”, apercebo-me da existência de rastos de bota diferentes das que nós usávamos, ao longo da picada, junto ao capim, que segui atentamente.
A dada altura, cerca de 20 metros depois, aqueles rastos deixaram de se ver, desfeitos aparentemente por um arbusto.
Ali parei e olhei mais em pormenor a picada e vi um quase imperceptível rebaixamento, portanto na rodeira do lado direito, muito alisado.

Passei a palavra para trás para o Alferes Macedo, Comandante do 4.º Pelotão, especialista em minas e armadilhas, se deslocar até mim.

Depois de lhe ter relatado a situação, mandou-me recuar e colocou um pequeno petardo junto ao tal rebaixamento que, com a sua detonação, originou o rebentamento duma potente mina anti-carro, abrindo uma enorme cratera na picada.

Reiniciámos novamente e progressão e, a cerca de 20 metros depois, ouvi uma pequena explosão atrás de mim, o que me levou a baixar imediatamente, pensando tratar-se de alguma emboscada.
Apercebi-me então que foi uma outra mina que explodiu na rodeira do lado esquerdo, acionada pelo tal militar que fez tudo para ser o último da picagem.

Por sorte a mina fazia parte de algum lote antigo e já não se encontrava em condições, rebentando apenas o dispositivo anti-pica, deixando o explosivo da mina anti-carro à vista, uma espécie de gesso em fragmentos.

Prosseguimos mais uma vez, e já com as tais árvores que obstruíam a picada à vista, a cerca de 200 metros, vejo indícios idênticos ao anterior.

Repetiu-se o mesmo procedimento, com a explosão de outra mina, originando, também, uma profunda cratera.

Continuámos e, a escassos metros, ouço outra pequena explosão a trás, concluindo-se que fo mais uma mina que rebentou na rodeira, do lado esquerdo, depois de passar o tal último picador, debaixo da roda da frente de uma Berliet da coluna que vinha atrás. Felizmente também com deficiência, à semelhança da anterior, rebentando apenas o pneu da viatura.

Chegámos então às árvores caídas na picada, a escassos 200 metros da ponte e, junto a uma delas, fora da picada, tinha explodido uma mina anti-carro, accionada por um javali.

A partir dali as viaturas saíram fora da picada e atravessaram o rio, na altura sem água, ao lado da ponte, restabelecendo-se a ligação com Farim, cujos picadores já estavam do outro lado à espera.

Não houve qualquer contacto com o IN, contudo tudo se passou sob um estado de tensão só imaginável por quem por ali passou.

Passados alguns dias iniciaram-se os contactos com o PAIGC, no sentido de se acabarem as hostilidades

Aqui fica o meu testemunho destes dois dos vários episódios de guerra em que estive envolvido.

Uma nota final:
Por tudo aquilo que vi no teatro de guerra da Guiné, admirei a disciplina, a coragem e até a valentia das chamadas forças especiais, Marinha (Fuzileiros), Força Aérea (Pára-quedistas) e Comandos, sendo o seu contributo importante nos momentos mais críticos da guerra nesta província, como no caso de Guidage.
Mas, sem querer aqui esgrimir argumentos a favor ou contra qualquer ramo das Forças Armadas, porque todas elas deram o seu melhor nas missões que lhe foram atribuídas, não queria deixar uma referência especial para o Exército, a que eu pertencia:

Como força de quadrícula, ou seja, cada unidade ou sub-unidade era instalada no terreno, num sector, cuja missão era:

- De defesa desse sector (operações e patrulhamento, colunas, construção de valas e instalações abrigo, vedações de arame farpado, etc.);

- De logística (construção e manutenção de infra-estruturas, manutenção de viaturas, alimentação, reabastecimentos, etc.);

- De âmbito social, em relação às populações sob a sua responsabilidade (construção de tabancas, apoio sanitário, apoio alimentar, etc.

Com estas características o Exército tornava-se mais vulnerável. O IN sabia que estávamos ali, sabia que utilizávamos as picadas de acesso. Portanto podia surpreender-nos a qualquer momento.

Enquanto as forças especiais eram forças de intervenção e de reserva, ou seja, estavam bem instaladas em Bissau, no caso da Guiné, bem alimentadas, e nas suas operações surpreendiam o IN, com resultados sensacionais, regressando de novo à base, o Exército estava sempre no terreno, como acima disse, sob desgaste físico e psicológico, mais vulnerável às investidas do IN.

Só para dizer, e não vejam isto como “puxar a brasa à minha sardinha”, é uma constatação, que o Exército foi a força que mais sofreu física e psicologicamente, no caso da Guiné que conheço.

Aqui deixo um abraço para todos aqueles que, como eu, ali deram o corpo ao manifesto e a sentida homenagem a todos os que, infelizmente, não tiveram a sorte de voltar, em especial aos que fiz questão de identificar neste trabalho, que comigo conviveram de perto.

Um abraço.
Manuel Sousa
Fevereiro de 2011
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8044: Episódios da Guerra na Guiné (Manuel Sousa) (2): Afinal, os Anjos acompanham-nos

Guiné 61/74 - P8055: O Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca... é Grande (40): A aparição do Florimundo Rocha, de Lagoa, Algarve (Carlos Alexandre, ex-Sold Trns, CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74)




Guiné > Zona Leste > Região de Gabu > Piche > CCAÇ 3546 (Piche, Ponte Caium e Camajabá, 1972 / 1974) > Destacamento da Ponte do Rio Caium > Legenda rectificada (*): Quatro camaradas, quatro amigos: Da esquerda para a esquerda: (i) Serra (sold atirador, natural de Barcelos, e não o 1º Cabo Santiago, que é da Covilhã); (ii) Florimundo Rocha (sold condutor auto, algarvio de Lagoa); (iii) Carlos Alexandre (operador de transmissões, fadista, carpinteiro naval, natural de Peniche); e (iv) Jacinto Cristina (padeiro e municiador do morteiro, natural de Ferreira do Alentejo)...

Foto gentilmente cedida pelo meu amigo (e camarada) Jacinto Cristina,d e Figueira de Cavaleiros, Ferreira do Alentejo.


Foto: © Jacinto Cristina (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



1. Mensagem de Carlos Alexandre, outro bravo de Caium, membro da nossa Tabanca Grande, a viver em Peniche:

Data: 2 de Abril de 2011 15:00
Assunto: A aparição do Rocha


Luís, boa tarde. Como era de esperar, ao ter conhecimento desta nova aparição (*), e como não podia deixar de ser, apenas esperei horas decentes para fazer o contacto telefónico, e por volta das doze e trinta surgiu a mesma voz perdida há trinta e sete anos atrás aquando,  por força das circunstâncias, o batalhão [, o BCAÇ 3883, ] regressou a Portugal e deixou os de rendição individual ao Deus dará,  sem o mínimo de condições de agir, dado o estado físico e psicológico subjacente aos dias vividos naqueles lugares... Mas até aí em grupo, onde nos identificávamos como um colectivo e nesse colectivo éramos como um por todos e todos por um,  como é evidente eu tal como outros que lá ficaram, fomos entregues ao desprezo angustiante, por aqueles cuja responsabilidade, no mínimo, era acompanhá-los e deixá-los bem entregues, para que não tivessem de passar o que é próprio de quem se sente completamente só e ao abandono, depois de termos passado por onde passámos.

Foi com muita expectativa e alegria que marquei os números indicados, e com eles o prazer de falar com o Rocha [, o Florimundo Rocha] (*). A conversa foi curta, apenas uma troca de informações, mas ficou presente a importância da sua presença no próximo encontro do batalhão a realizar nem sei quando nem onde, mas espero contactá-lo quando receber essa informação.

O Rocha estava instalado no abrigo em frente ao das transmissões, os companheiros destes grupos estavam mais perto uns dos outros,  como é natural, por consequência o contacto estava mais presente, a nossa relação era mais achegada, pertencíamos ao grupo dos abrigos do lado de Buruntuma.

Foi um prazer falar com o Rocha, espero ser muito maior o encontro depois destes anos todos.

Já a gora permitam-me voltar ao mesmo esclarecimento, o companheiro indicado como sendo o Santiago não corresponde à verdade, como já foi referenciado anteriormente, e segundo o Rocha esse companheiro é o Serra. O Rocha saberá identificá-lo melhor deu.

Obrigado pela presença tão especial que o passado nos presentei-a através do vosso esforço.

Carlos Alexandre.
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Nota do editor:

(*) Vd. poste de 1 de Abril de 2011 | Guiné 63/74 - P8029: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (39): Florimundo Rocha, natural de Lagoa, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 3546, 1972/74 (Piche, 1972/74), outro "bravo da Ponte Caium", sobrevivente da emboscada de 14/6/1973

Guiné 63/74 - P8054: Parabéns a você (237): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp da CART 3492; Pel Caç Nat 52 e CCAÇ 15, Guiné 1971/73 (Tertúlia / Editores)

PARABÉNS A VOCÊ

DIA 6 DE ABRIL DE 2011

JOAQUIM MEXIA ALVES

No dia em que o nosso camarada Mexia Alves, um dos nossos "maiores" tertulianos, completa mais um de muitos anos que tem pela frente, não puderam uns quantos camaradas deixar de colaborar no seu poste de aniversário, ajudando assim o editor de serviço.


1. Comecemos pelo nosso designer oficial Miguel Pessoa que primorou na qualidade e na quantidade:





2. De Alcobaça para Monte Real, do nosso camarada e amigo JERO:

PARABÉNS Joaquim Mexia Alves,

«Os homens que amam a terra, que amam a sua terra, são sempre homens grandes, leais, sinceros, frontais, honestos, amigos do seu amigo».

Tu, Joaquim, és sem dúvida um desses homens.
E é um privilégio ser ter amigo e poder no dia em que celebras o teu aniversário natalício juntar a minha “palavra” e o meu testemunho de amizade a todos – e são muitos – que te estimam.

Parabéns Joaquim. Que contes muitos.


Para terminar esta breve mensagem queria pôr-te ao peito uma “condecoração”.
Reúnes todos os requisitos para ser “Alferes Honorário” da minha CCaç 675, que foi uma Companhia de elite louvada pelo Comandante militar em O.S. nº. 60, de 23 de Julho de 1965 do C.T.I.G. pela notável eficiência, entusiasmo e bravura como cumpriu a sua missão.

Meu irmão de armas e de ideais em sentido te saúdo… sentidamente.
Um grande abraço de Alcobaça,
JERO


3. De José Belo, nas belas terras geladas do norte da Europa, directamente para Mexia Alves, seu amigo de colégio:

Tendo em conta que as nórdicas têm fama por esse mundo fora, não só pela sua beleza, mas também por serem... "muito dadas", aqui segue deste extremo-extremo Norte Escandinavo um perfeito exemplar das ditas. (Com a vantagem de, com os muitos anos que já vamos fazendo, e, sem óculos...).


 O que enviar mais a um companheiro de Colégio, camarada da Guiné, e amigo muito especial de todos os seus amigos? A um homem com um coração do tamanho do seu corpo?

Um longo e sincero abraço de PARABÉNS do
José Belo.


4. E, do nosso camarada Alcides Moreira da Silva, esta "curta-metragem":



5. De Jorge Canhão, em descarada concorrência ao nosso ilustrador de serviço:



6. Utilizando a melhor técnica da TSF, do camarada Hélder Sousa:

O Mexia Alves faz anos…
Acreditem, não conhecia o Mexia Alves, não sou contemporâneo, nem conterrâneo, nem, provavelmente, teríamos no passado muita coisa em comum.
Aliás, é bem mais certo dizer que talvez tivéssemos alguma coisa em comum, mas pouco, poucochinho….

E, de repente (talvez até nem tanto assim ‘de repente’, talvez mais do género de ir devagar mas com consistência), por via da Guiné, por via do facto de algures no tempo termos estado ambos na Guiné, por consequência disso acompanharmos o Blogue que em tão boa hora o Luís Graça entendeu fazer, alguns dos nossos passos acabaram por se cruzar. Era inevitável.

Alguns dos seus escritos, alguns dos seus poemas, algumas das suas posições, levaram-me a dedicar-lhe mais atenção, mais observação e, hoje, expurgado que estou de tentações de sectarismo e/ou de ‘certezas’, sinto-me bastante ‘irmanado’ com o Mexia, de que temos público conhecimento.

É certo que, por vezes, surge com alguma truculência, com alguma aparente irritabilidade mas, e há sempre um mas, o que prevalece são as suas posições de solidariedade, o homem ‘amigo do seu amigo’, de lágrima fácil, capaz de despir a sua camisa para confortar alguém. É justo (procura sê-lo) nas suas observações, é capaz de se retratar quando verifica que errou (ou que pode ter magoado alguém involuntariamente) e até já foi capaz de reconhecer aqui no nosso Blogue que contribuímos para o ajudar a ser mais moderado (embora ‘certos’ temas ou opiniões ainda o façam ‘saltar a tampa’, mas menos…, mas menos).

A minha opinião sobre o Mexia é então a de que se trata de um amigo inquestionável, daqueles de quem parece que conhecemos desde sempre, daqueles com quem se pode discutir e discordar porque a verdadeira amizade não está em se ser cópia de alguém mas sim em se poder aceitar diferenças e, com elas, criar pontes.

Hoje é o seu dia de aniversário e à semelhança do que aqui se tem feito, é oportuno deixar umas palavras sobre o que dele pensamos.
Por mim, o melhor possível e está nas linhas acima.

Dá gosto contá-lo e tê-lo como amigo!
Parabéns!
Hélder Sousa


7. Do Pirata de Guileje Manuel Augusto Reis:

Meu bom amigo Mexia Alves:
Hoje é dia de recordar a data do teu Aniversário e manifestar toda a minha consideração e estima por um grande Homem que pelo muito que nos deu na Tabanca do Centro e por inerência na Tabanca Grande. Dedicado, voluntarioso,  és um exemplo para todos nós.

Vejo em ti um camarigo frontal, dizes o que sentes e o que te vai na alma; não te escondes atrás dos Baga-Baga.
Grande Comandante!

Entre nós, não são as ideologias políticas que nos separam, a frontalidade de análise das situações aproximam-nos e unem-nos para causas mais úteis.
Grande Comandante!

Recordo o dia em que, numa ida à Tabanca de Matosinhos para partilhar com o Manuel Maia a alegria do lançamento do seu livro, no regresso, encontrámos, na Área de serviço Antuã, o Comandante de Quartel de Artilharia do Porto. Para meu espanto tu conhecias todos os cantos daquela casa, salvaguardas as modificações qiue se efectuaram no período de 40 anos. Parecia que as funções estavam trocadas!
Grande Comandante!

Parabéns!
Um forte abraço.
Manuel Reis


8. Do nosso camarada António José Pereira da Costa para o seu amigo nem sempre de acordo com ele:

Eu não sabia que o Mexia era um gajo tão velho! O gajo tá mesmo jarreta.
Por isso, olha, antes que seja tarde, deixo-lhe aqui um forte abraço e o desejo de que continue a rezingar com tudo e todos, o que, além de Ranger é especialidade dele...

Um Alfa Bravo do
António Costa


9. Das terras da Maia, do camarada Manuel Maia

Do alto da imponência da estatura,
numa incessante e lógica procura,
de vida e dos desígnios que Deus quer...
Joquim Mexia, aniversariante,
(sessenta e dois passados num instante...)
mais trinta e oito a malta lhe requer...

A quem do mando tenha esse poder
de prolongar a vida a bel´prazer,
requeiro p`ro Joquim trint`oito mais...
Joaquim Mexia Alves, combatente,
um homem de coragem, resistente,
capaz d`enfrentar mundo por ideais...

Amigos, combatentes, camarigos,
de fresca data uns, outros antigos,
requerem centenário pró visado...
Se há gente que o mereça, é bem sabido,
estou certo que o pedido é deferido
pró bom gigante, cantador de fado...

Se as cores numa paleta exposta à vista,
reflectem a faceta do artista
capaz de vida à tela imprimir...
Postura digna em orbe sem valores
merece mil encómios e louvores,
lição soberba p`ro mundo seguir...

Um abraço enorme, do tamanho da nossa Guiné
manuel maia


10. Do nosso camarada José Barros:

Caro Mexia Alves
Não te conheço pessoalmente, mas a nossa Guiné e este fantástico blogue, permitiram que te conheça virtualmente e contigo partilhe momentos de alegria.

Neste dia, desejo-te um feliz aniversário junto de quantos te são queridos. Que o Senhor Jesus, te dê muita saúde, alegria e paz para enfrentar o próximo ano.

Um grande abraço e feliz aniversário.
José Barros


11. Dali pertinho, de Fátima, do nosso camarada Juvenal Amado:



12. Pelos editores:

E, chegada a vez dos editores, aqui fica o meu obrigado ao camaradão Mexia Alves pela sua amizade e pelas trocas de mensagens, muitas delas à margem do Blogue, nas quais falamos tudo, sem complexos de possíveis e ínfimas diferenças de opinião.

Em Junho tê-lo-emos de novo como nosso anfitrião no VI Encontro da Tabanca Grande, em Monte Real, onde seremos recebidos com a habitual simpatia e boa disposição.

Não posso deixar de destacar a sua colaboração para com com os editores quando nos alerta para coisas menos correctas a acontecer no Blogue, e até quando, quase zangado, nos puxa as orelhas quando também falhamos. Os amigos são assim, francos, verdadeiros e incapazes de apunhalarem pelas costas.

Caro amigo Mexia Alves, recebe um abraço e votos de uma vida plena de venturas nestes quase 40 anos que tens pela frente, até dobrares o teu centenário.

O editor de serviço,
Carlos
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Notas de CV:

Joaquim Mexia Alves foi Alf Mil Op Esp/Ranger na CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8042: Parabéns a você (236): José Eduardo Oliveira (JERO), ex- Fur Mil Enf da CCAÇ 675 (Tertúlia / Editores)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8053: Efemérides (64): Concelho de Loures: Monumento, Memorial ou Lápide aos Combatentes da Guerra do Ultramar (José Marcelino Martins)

1. O nosso Camarada José Marcelino Martins, (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos, em 5 de Abril de 2011, a seguinte mensagem.

Caros Amigos e Camarada de Armas,

Na sequência de mail, enviando um trabalho sobre o Monumento aos Mortos da Grande Guerra do Concelho de Loures a “Ultramar Terra Web” e “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, com conhecimento aos Presidentes das Câmaras Municipais de Loures e Odivelas e da Liga dos Combatentes, que os publicaram nas suas páginas em 2 e 4 de Março de 2011, respectivamente, fomos contactados pelo Gabinete do Exmº. Presidente da Câmara Municipal de Loures, no sentido de se efectuar a cerimónia sugerida no trabalho, que foram proferidas pelo Capitão Bastos Reis, na cerimónia de inauguração do monumento, em 8 de Dezembro de 1929.

# ultramar.terraweb.biz

02Mar - Concelho de Loures: Monumento, Memorial ou Lápide aos Combatentes da Guerra do Ultramar... É, pois, a esses, os que nesta terra ficaram e os que para cá vieram, que nos dirigimos. É tempo de se “dar vida” ao velho monumento, velho de quase 82 anos, de “dar cumprimento” às palavras do capitão Bastos Reis que falou na “grande dívida moralmente contraída por todos, aqueles que não foram à guerra”. de José Martins

# blogueforanadaevaotres.blogspot.com

Sexta-feira, 4 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7897: Monumento aos Mortos da Grande Guerra do Concelho de Loures (José Martins) - Mensagem de José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 1 de Março de 2011…

Assim, com a organização a cargo da Câmara Municipal de Loures e com a nossa modesta contribuição, enviamos o programa/convite para a referida homenagem, que terá lugar junto ao Monumento erguido no jardim fronteiro aos Paços do Concelho de Loures, no dia 10 de Abril de 2011, pelas 10,30 horas.


Programa

Aos Combatentes,
Aos Familiares dos Combatentes,
À População em geral
  • Hastear do Bandeira Nacional no edifício dos Paços do Concelho. O Hino Nacional será tocado pela Banda de Música dos Bombeiros Voluntários de Loures;

  • Oração, pelos militares caídos em campanha, proferida por um Sacerdote da Paróquia de Loures;
  • Alocução por um Combatente, por um representante da Edilidade e um representante da Liga, alusivas ao momento;
  • Colocação de flores pelas Entidades Oficiais, seguidas de quem o quisesse fazer, em redor do monumento;

  • (v) Homenagem aos militares tombados em defesa da Pátria;
  • - Toque de silêncio;
  • - Toque a mortos em combate;

  • - Toque de alvorada;
  • Fim da cerimónia com a entoação do Hino Nacional.
[...] É, pois, a esses, os que nesta terra ficaram e os que para cá vieram, que nos dirigimos. É tempo de se “dar vida” ao velho monumento, velho de quase 82 anos, de “dar cumprimento” às palavras do capitão Bastos Reis que falou na “grande dívida moralmente contraída por todos, aqueles que não foram à guerra” e “incentivava os combatentes a juncar de flores, todos os anos, este monumento” e, com o pensamento nos nossos camaradas [...]

José Marcelino Martins
Combatente na Guiné em 1968/1969/1970
Sócio da Liga dos Combatentes nº 80.393
josesmmartins@sapo.pt
Odivelas, 4 de Abril de 2011
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série > 18 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7962: Efemérides (62): 17 de Março de 1971, o regresso casa, no T/T Uíge, cansados da guerra: foi há 40 anos! (Tony Levezinho / Humberto Reis / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P8052: O nosso blogue em números (8): Atingimos hoje os dois milhões e meio de visitas, na véspera de fazermos 7 aninhos (no próximo dia 23)...


Blogue Luís Graça & Camaradas > Estatísticas > Visitas de Julho de 2010 a Março de 2011




Blogue Luís Graça & Camaradas > Estatísticas > Visitas, por país, de Julho de 2010 a Março de 2011



Portugal
533 273
Brasil
88 331
Estados Unidos
17 910
França
16 130
Alemanha
5 555
Canadá
5 474
Espanha
2 604
Reino Unido
2 601
Dinamarca
2 457
Holanda
1 483


Fonte: Blogger (2011)


Amigos, camaradas, camarigos, estimados leitores: Na véspera de o nosso blogue fazer 7 anos (em 23 de Abril próximo), atingimos hoje a cifra dos 2,5 milhões de visitas (segundo as estatísticas da Brevenet)... Entretanto, desde que o Blogger nos começou a contar, temos mais de 700 mil visitas, desde Julho de 2010 a Março de 2011, o que dá uma média (mensal) de 78500, um pouco menos de 2600/dia (uma frequência que se mantém constante, sendo sempre maior no início da semana e menor no fim de semana). Quanto a comentários, ultrapassámos os vinte mil (desde Maio de 2010, segundo creio)...

Por país, além de Portugal (em lugar destacado, como seria de esperar), temos o Brasil, os Estados  Unidos, a França e a Alemanha, nos cinco primeiros lugares (e no que respeita a visitas). Em 6º, o Canadá. Não conhecendo em detalhe o nosso público, acreditamos que sejam maioritariamente antigos camaradas de armas da Guiné, familiares e amigos. 


Estes números valem o que valem. Não nos deslumbram. Não nos envaidecem. Também não nos desencorajam. Devem ser interpretados com cautela, humildade, honestidade. Se querem dizer alguma coisa, não nos compete a nós fazer essa leitura. 


A todos os que nos acompanham, diariamente, deixamos aqui as nossas felicitações pelo seu interesse, carinho e  fidelidade. Esperamos continuar a merecer a atenção dos nossos leitores. Para isso precisamos de novos membros da Tabanca Grande que se disponham a partilhar connosco as suas história, memórias, fotos e outros documentos referentes fundamentalmente ao período em que estivemos na Guiné, grosso modo entre 1961 e 1974. Felicitações para a equipa que faz todos os dias este blogue, incluindo os nossos colaboradores permanentes, autores e comentadores.  O editor e administrador, Luís Graça.
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Guiné 63/74 - P8051: Mais um bravo da Ponte Caium, o Rocha, trazido pela mão da filha, Susana Rocha... Obrigada por tudo ! (Cristina Silva, filha de Jacinto Cristina, CCAÇ 3546, Piche e Ponte Caium, 1972/74)



1973 ou 1974 > A Cristina, quando criança, posando para a fotografia, folheando o álbum de seu pai, Jacinto Cristina, na altura destacado na Ponte de Caium, subsector de Piche, Zona leste da Guiné  (CCAÇ  3546, 1972/74)...  A Cristina já era, portanto, nascida quando o pai foi mobilizado para a Guiné.


Foto: © Jacinto Cristina (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados




1. Da nossa amiga Cristina Silva, filha do nosso camarada Jacinto Cristina (e que o representa aqui,  no nosso blogue, já que ele não tem email nem acesso fácil à Internet), mensagem com data de 3 do corrente:


Queridos Amigos


Estive a ver o blogue, fiquei feliz por mais um Camarada da Guiné  ter "aparecido" [, o Rocha,pela mão de sua filha, Susana Rocha] (*). São extraordinárias as histórias vividas pelos Soldados de então e que são contadas nesse espaço fabuloso onde eu também pertenço e parte da minha história, leia-se da do meu pai, enche de orgulho a família e desperta a curiosidade dos amigos.


Faltam-me palavras para lhe agradecer, [ao Luís,]   o carinho com que tem transcrito as memórias do meu pai e a amizade... os presentes no blogue nos dias de aniversário... Emoções que hoje são fortes para quem ouviu aventuras contadas durante mais de 30 anos. Muitas mais, foram as vezes que eu folheei os álbuns e contemplei fotografias de outro mundo e pensava no meu pai, na Guerra! 


É um turbilhão de sentimentos. Dou graças a Deus por ele ter voltado, são e salvo, para junto de mim e da minha mãe. Apesar de estar hoje longe deles, tento viver, ao máximo, perto.


Espero que estejamos todos juntos em breve! (...)


Da amiga, Cristina


PS: Não consigo enviar comentários para o blogue, não sei porquê.


2. Comentário de L. G.:


Querida Cristina: É espantoso (leia-se: maravilhoso) que sejam vocês, as filhas dos nossos camaradas, a trazer "pela mão" até ao blogue os vossos pais, nossos camaradas... Vocês são já filhas da Galáxia da Internet. Os vossos pais são filhos de outra Galáxia, a de Gutemberg... Muitos deles são se sentem confortáveis a teclar num computador... É o caso do teu pai, e agora do Florimundo Rocha, de cuja história nada saberíamos se não fora a a sua filha Susana Rocha (já nascida depois da guerra)...


Obrigado, Cristina, pela ternura das tuas palavras. Pela parte que me toca, limito-me a cumprir um dever de memória. Na realidade, é um dever de todos nós, antigos combatentes no teatro de operações da Guiné: um dever para com os que morreram, um dever para os que sobreviveram e regressaram, e que durante dezenas de anos, como foi o caso do teu pai, não tiveram com quem partilhar aqueles segredos, cumplicidades e emoções que só se partilham com camaradas de armas...


Quanto aos comentários, aqui ficam algumas dicas... Espero que ajudem e que apareças mais vezes. O nosso blogue fez-se também para encurtar distâncias... Um beijinho e até à próxima, em Lisboa, no Funchal ou em Figueira de Cavaleiros...



Comentar é FÁCIL, sob o velho e frondoso poilão da Tabanca Grande...


(i) As opiniões aqui expressas, sob a forma de postes ou de comentários, são da única e exclusiva responsabilidade dos seus autores, não podendo vincular o proprietário e editor do blogue, bem como os seus co-editores e demais colaboradores permanentes.

(ii) Camarada, amigo, simples leitor: Podes escrever no final de cada poste um comentário, uma informação adicional, um reparo, uma crítica, uma pergunta, uma observação, uma sugestão... (De preferência sem erros nem abreviaturas; evitar também as frases em maúsculas).

Basta, para isso, apontares o ponteiro do rato para o link Comentários, que aparece no fim de cada texto (ou poste), a seguir à indicação de Postado por Fulano Tal [Editor] at [hora], e clicares DUAS VEZES... 


(iii) Tens uma "caixa" para escrever o teu comentário que será publicado instantaneamente, sem edição prévia, sem moderação, sem "censura"... No caso de teres uma conta no Google, deves usar essa identificação. Mas também podes entrar como "anónimo" (desde que ponhas no final da mensagem o teu nome, localidade e endereço de email válido, não oferecendo a tua identidade não ofereça qualquer dúvida aos editores).


Se voltares ao blogue, encontrarás logo a mensagem que lá deixaste. Repete as operações acima descritas para visualizar o teu comentário.  (...)
__________


Nota do editor:


(*) Vd. poste de 1 de Abril de 2011 >Guiné 63/74 - P8029: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (39): Florimundo Rocha, natural de Lagoa, ex-Sold Cond Auto, CCAÇ 3546, 1972/74 (Piche, 1972/74), outro "bravo da Ponte Caium", sobrevivente da emboscada de 14/6/1973

Guiné 63/74 – P8050: Recortes de imprensa (41): Assistência religiosa ao pessoal (açoriano) da CCE 274, 1962/64 (Manuel F. de Almeida/Carlos Cordeiro)

1. O nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-combatente em Angola, onde cumpriu a sua comissão como Fur Mil Inf no Centro de Instrução de Comandos, nos anos de 1969/71, professor universitário em Ponta delgada, e irmão do malogrado João Costa Cordeiro, ex-Cap Pára, CCP 123 / BCP 12, Bissalanca, 1972/74), enviou-nos a seguinte mensagem.

Camaradas,


Envio-vos excertos (com devida vénia) de um artigo de Manuel Ferreira de Almeida, publicado no semanário Açoriano Oriental, em 28 de Dezembro de 1963.

O capitão Adérito Augusto Figueira é General na reserva e o Manuel Ferreira de Almeida morreu há alguns anos. O Durval Faria está a organizar um encontro de confraternização da CCE 274 no BII 18, a realizar em 23 do corrente.


Fonte: Diário dos Açores, 4 de Fevereiro de 1964

Em 29 de Julho de 1961, partia de Ponta Delgada com destino a Lisboa, a Companhia de Caçadores Especiais 274, formada no BII 18 e comandada pelo Cap Inf Adérito Augusto Figueira. 

Depois de cerca de seis meses de instrução no então designado Campo de Instrução Divisionária de Santa Margarida, partiram para a Guiné no paquete “Índia”. Regressaram a Ponta Delgada, no “Lima”, em 3 de Fevereiro de 1964. 

No Arquivo Histórico Militar não se encontra a história desta Companhia, nem tampouco no BII 18. Nas consultas que tenho vindo a fazer na imprensa açoriana da época sobre as unidades militares mobilizadas pelos Batalhões Independentes de Infantaria 17 (BII 17), de Angra do Heroísmo e 18 (BII 18) de Ponta Delgada, dei com este artigo intitulado “Da Guiné: A assistência religiosa junto dos soldados da C. C. E. n.º 274”, da autoria do sargento Manuel Ferreira de Almeida e publicado no então semanário Açoriano Oriental, em 28 de Dezembro de 1963. 

Ferreira de Almeida era natural de Ponta Delgada e um colaborador assíduo da imprensa micaelense. Considerando que se trata de um assunto pouco focado no blogue, achei que talvez fosse importante transcrever as partes mais significativas do artigo.

Carlos Cordeiro

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A assistência religiosa junto da Companhia de Caçadores Especiais 274 (CCE 274)
por Ferreira de Almeida

Açoriano Oriental, 28 de Dezembro de 1963.

Um dos problemas de maior importância na vida do militar em serviço nas províncias ultramarinas é o da assistência religiosa, principalmente para aqueles que, encontrando-se destacados no mato, poucas possibilidades têm da presença de um ministro de Cristo. A criação do corpo de capelães nos diversos ramos das Forças Armadas muito veio contribuir para um mais expressivo e eficiente levantamento moral das tropas […].

Principalmente para nós, açorianos, que fomos criados na religião cristã e filhos de ilhas devotadamente consagradas ao Senhor Santo Cristo dos Milagres, muita falta nos fazia não ouvir a palavra de Deus.Desde que chegámos à Guiné temos recebido a assistência do capelão do Batalhão de Caçadores Especiais n.º 356, sr. Alferes Padre Armando Jorge e Silva, que tem acompanhado todas as iniciativas dos soldados marienses e micaelenses na evocação e comemoração das suas festas religiosas, como a dedicada ao Senhor Santo Cristo, em que se realizou na Sé Catedral de Bissau uma missa solene, na Páscoa em que foi ministrada a comunhão aos oficiais, sargentos e praças da Companhia e por ocasião da Festa da Natividade em que foi organizada na sede do Batalhão a Missa do Galo, depois da representação do Auto do Bom Pastor.

Depois da transferência da Companhia para Fulacunda, os nossos soldados construíram no aquartelamento uma modesta capela em cujo altar está a Imagem do Senhor Santo Cristo, trazida de S. Miguel e a de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, oferecida pela Mocidade Portuguesa Feminina da metrópole à Vila de Fulacunda.

O que muito nos sensibilizou também foi a assistência prestada pelo capelão do Batalhão de Caçadores n.º 237, estacionado em Tite, sr. Tenente Padre Joaquim do Rego, natural da freguesia da Bretanha [S. Miguel, Açores] […].

Em virtude das distâncias, dificuldades de transportes e escasso número de capelães, os soldados nem sempre podem contar com a presença do padre, de modo que, na nossa Companhia, se adoptou a seguinte norma: aos domingos e dias santificados, pelas 11 horas, momentos de devoção e leitura da Epístola e do Evangelho pelo sargento Ferreira de Almeida, e todos os dias, pelas 20H30, a recitação do terço, sob a direcção do 1.º cabo n.º 376/61, José Manuel Pimentel de Paiva, natural das Furnas, e que tem sido também o coadjutor dos sacerdotes em todos os actos de culto.

A grande força que nos tem mantido unidos ao longo dos trinta meses que a C. C. E. n.º 274 está constituída tem sido a nossa acrisolada Fé em Deus, as saudades das nossas ilhas e o desejo de erguer bem alto o nome dos Açores e de Portugal.

Ferreira de Almeida

[ Revisão / fixação de texto / selecção: C.C.]
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Nota de M.R.: