domingo, 7 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11356: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (31): 32.º episódio: Memórias avulsas (13): Como uma canção bem cantada pode ser uma dissuadora arma de guerra

1. O nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67), em mensagem do dia 25 de Março de 2013, enviou-nos mais uma história para publicar na sua série "Os melhores 40 meses da minha vida".


OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA

GUINÉ 65/67 - MEMÓRIAS AVULSAS

13 - COMO UMA CANÇÃO BEM CANTADA POR QUEM SABE, PODE SER UMA DISSUADORA ARMA DE GUERRA

Íamos partir de Mansabá, para tomar posse do K3, que já estava quase concluído graças à CCAÇ 1421, se é que podemos dizer "concluído", ao facto de os abrigos estarem prontos pelos quatro cantos e onde coube toda a 1422.

Coluna organizada e à frente iria a Daimler, mais vulgarmente chamada "o piolho".
Tratava-se d'uma auto-metralhadora semi-blindada, que iria disparando para a mata, durante a progressão e mais própriamente junto aos locais onde já antes houveram existido emboscadas ou flagelações.

Tinha no exterior um morteiro 60 e um banco acoplados pela rapaziada engenhosa das "mecânicas auto" e lógicamente que era ali necessária, quando em viagem, a permanência dum elemento que soubesse trabalhar c'o canhão.

Auto Metralhadora Ligeira Daimler

Foto do nosso camarada Carlos Pinto, ex-1.º Cabo Condutor-Apontador Daimler do Pel Rec Daimler 2208


Tal como nos bailes onde se me atrasasse me saía a mais feia, também ali me calhou tal sorte. Encomendaram-me essa missão, mas compreendi, modéstia à parte... eu era o especialista... eu era o mais bom melhor, e já que ali teria de ir, sentado em poltrona d'aço verde, pelo menos seria o primeiro de duas coisas:

1ª - Ou a enfrentar o inimigo e levar um balázio nas trombas;
2ª - Ou no destino, receber as honras de primeiro a chegar.

Subi para o poiso, conjuntamente c'a minha Vat 69 a fim de ganhar embocadura para a viagem, aconcheguei-me emborcando antes, quase metade da dita cuja.

Passados que foram dois ou três quilómetros, começou-se-me a vir à memória a minha santa terrinha e o Conjunto musical "Sôr-Ritmo", pois então.
Tinham lá um vocalista fora de série, um tal de Veríssimo Ferreira, que encantava e deliciava as jovens d'então e também as suas próprias respectivas, mães.


E vai daí... atento venerador e obrigado a ir ali exposto e sem defesa possível, comecei a trautear, qual Chatotorix, uma coladera que aprendera a dançar há dias, no Pelundo, só que às tantas, entusiasmei-me, e lá foi em alta voz a "Nha Bolanha"*.

Avisado fui, ao que soube mais tarde, para me calar, mas com aquela barulheira de tantas viaturas, nada ouvi e fui bisando continuadamente, os versos que sabia.

Chegámos sem problemas, caso único e nunca mais repetido, mas ficou-me sempre a mágoa do não saber porquê de não nos honrarem com qualquer ataque, ou ao menos ter sido accionada uma minazita que fosse.

Seria porque me viram ali na frente e acagaçaram-se? Ou seria porque abominaram a minha voz?
Bom... apeámo-nos e lá fomos observar o hotel.

O abrigo que me fora destinada estava nos conformes. Descíamos quatro degraus, depois mais cinco para a esquerda e ali estava a suite. Embora não época das chuvas, o chão ladrilhado de terra encarniçada, tinha já dez ou mais centímetros d'agua, o que era porreiro mesmo e propício à propagação da matacanha, bichinho comichoso, como sabem.

Os locais para dormir eram dez, tantos quantos éramos, dispostos em cinco grupos, ou seja um por cima e outro por baixo. Fizeram-se as escolhas e a mim tocou-me o último em cima, mas com visibilidade para a seteira do abrigo o que era óptimo pois que assim até poderia reagir, deitado.

Ali mesmo ao lado, em baixo, ficava a vala que nos levava de gatas, ao local donde dispararíamos o morteirómetro se atacados, o que aconteceu logo nesse fim de tarde. Não havendo necessidade de fazer a cama que lençóis "cá tem" entretivémo-nos a tentar tapá-la com a lingerie possível a servir de mosquiteiro, que também "cá tem".

Depois, hora para o remanso, que aproveitei para procurar o bar. Bem no meio do aquartelamento, lá estava o malandro e também debaixo do chão e que surpresa foi verificar que nada faltava do que eu utilizava por questões medicinais.
Ele havia wisky's... tintos e brancos... cervejas... Gin... e coca-cola que na Metrópole estava proibida, e até frigorífico a petróleo, vejam bem !!!

Acalmei a sede, afinfei duas sandes de pão com pão e levei dez sagres de seis decilitros para os meus. Enquanto bebíamos cá fora chegaram as boas-vindas inimigas e lá se foi o jantar que por acaso nem havia sido confeccionado ou sequer planeado.

(continua)


Filme de autoria do nosso camarada Jorge Félix, ex-Alf Mil Pilav, tendo como tema musical "Nha Bolanha" 
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 24 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11306: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (30): 31.º episódio: Memórias avulsas (12): Acção psico-social

Guiné 63/74 - P11355: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (43): Eu, aprendiz de perfeito, apresento-me

1. Em mensagem do dia 25 de Fevereiro de 2013, o nosso camarada Belmiro Tavares (ex-Alf Mil, CCAÇ 675, QuinhamelBinta e Farim, 1964/66), enviou-nos mais uma memória do seu tempo de estudante.


HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE BELMIRO TAVARES

43 - Eu, aprendiz de prefeito, apresento-me!

Em Setembro de 1960, fiz, em Aveiro, a minha última cadeira do 7º ano, Literatura Portuguesa, ficando, assim o curso liceal concluído. No mês seguinte candidatei-me a caloiro na Faculdade de Letras de Coimbra; o exame de aptidão correu mal e… mandaram-me voltar lá no ano seguinte.
Uma grande injustiça! Digo eu, claro!

Para me preparar para o mesmo exame de aptidão à Universidade, em Janeiro de 1961, voltei ao COA. Entendi que não seria necessário passar lá um ano lectivo completo, pois o meu trabalho – aprender mais umas coisas de Inglês e Alemão – o suficiente para não borregar de novo, não exigiria – imaginei – tanta dedicação, tanta azáfama que me ocupasse todo o tempo de que dispunha, entre as 07h e as 22h; claro que neste espaço de tempo estava incluído o tempo de recreio e para comer. Mesmo assim, haveria tempo para uma qualquer ocupação extra-curricular que pudesse proporcionar-me algum benefício material.

Conversei com o Sr. Almeida – Homem que sempre admirei, mesmo tendo em conta as duras regras que nos eram impostas – e por quem tive sempre grande admiração, estima e respeito. Dada a minha maneira muito pessoal de transmitir factos, poderá haver quem pense o contrário por essa minha pecha ou por esconsos motivos indecifráveis.
Seja como for, o melhor é conversar e pôr os pontos nos ii.

Propus (roguei) ao Sr. Almeida que me arranjasse um “tacho” mesmo que pequeno, pois um grande “tacho” não estaria disponível para mim. A sua resposta foi imediata e precisa, de tal maneira que me passou pela cabeça que ele já teria ponderado aquele assunto; certamente, não teria, mas ficou mesmo essa imagem.

Eis a sua douta decisão:
- Ficas como adjunto do Sr. Correia, substituindo-o, na sua ausência, se estiveres disponível; sempre que no salão de estudo houver mais alunos que lugares, principalmente das 17h00 à 19h00, tomas conta de um grupo de alunos mais novos numa das salas da Primária, no piso de cima; depois do almoço, enquanto o portão dos rapazes estiver aberto, ficas incumbido de não permitir que os alunos se aglomerem lá, implicando com as alunas que por ali vão passando; em contrapartida, não pagas alojamento nem alimentação – Está bem assim?

Respondi que concordava com as condições propostas e que iria cumpri e fazer cumprir as regras habituais emanadas da direcção.
Ordenou que o acompanhasse e, na minha presença, transmitiu ao Sr. Correia, o prefeito, as condições acordadas… verbalmente. Tudo funcionou, talvez melhor, do que se houvesse papel passado – nada melhor do que a boa fé entre as partes envolvidas.

Pareceu-me que o negócio não era mau de todo, embora eu, pessoalmente nada ganhasse com ele; o único beneficiado era o meu pai que deixou de pagar determinada verba. Mas… avante!

O mais interessante das minhas incumbências era afastar a rapaziada dos terrenos próximos do portão para que não molestassem as garotas com os seus despropositados (ou não) piropos. Eu sentava-me numa fiada de pedras mais afora da parede do edifício principal e, no cumprimento da minha superior missão, fumava (apenas queimava) o meu cigarro (felizmente nunca soube o que era o vício do fumo); logo apareciam uns voluntários para me fazer companhia – “lavavam” ali os olhos e fumavam sem ser obrigados a deslocar-se ás instalações sanitárias.
Lembram-se, certamente, que, apenas os alunos do 3º ciclo e os mais crescidos do 5º ano, podiam fumar… mas apenas nas instalações sanitárias.

Antes da construção do ginásio, havia um sanitário único para todos os alunos; ficava na parte mais alta do antigo recreio, frente ao salão de estudo, e de “costas voltadas” para o quintal com laranjeiras (e que boas eram aquelas laranjas!) do senhor arquiteto Gaspar; era um dos mestres simpáticos e divertidos e que um dia me disse que o meu desenho “estava com iterícia”; teve a sua graça – pois… toda a gente se riu!

Ao fundo do edifício ficava a “sala de fumo”. Os próprios alunos mais velhos não permitiam que a malta mais nova fumasse – outros tempos! Fumar fora daquele local era absolutamente proibido… arriscado e ninguém ousava sair do ritmo.

Logo estabeleci que só podia estar junto de mim um aluno de cada vez. Fumava o cigarrito e logo dava o lugar a outro. Quando foi acrescentado mais um piso ao internato, eu passei a dormir lá com não sei quantos alunos. Deste modo foi “inventado” o quarto adjunto do velho Correia (e também este temporário).

É justo recordar que o Sr. Almeida nunca me chamou a atenção (repreendeu) por qualquer desmando, desvario ou incumprimento do contrato verbal entre nós estabelecido.

Como aluno universitário visitei o COA várias vezes; cumprimentava os nossos directores e tinha “direito” a almoçar ou jantar lá e creio que uma vez também lá dormi.

Em meados dos anos 70, depois da revolução dita dos cravos (ou dos cravas) passei pelo COA.
A menina Dina, na sua Livraria e Papelaria, informou-me da recente transformação do colégio em Liceu. Solicitei-lhe o endereço do Professor Santos e visitei-o também; senti-me lisonjeado porque ele logo me reconheceu; puxou-me para junto a janela (a vista já não ajudava) e, com alegria, logo comentou:
- “Tu és o Belmiro”! Sem tirar nem pôr.

Saudações colegiais
Fevereiro 2013
BT
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 24 de Março de 2013 > Guiné 63/74 - P11305: Histórias e memórias de Belmiro Tavares (42): Desporto no COA - Outras modalidades

Guiné 63/74 - P11354: Convívios (511): Divulgação do Almoço/Convívio da CCAV 1483, 1965/1967, dia 25 de Maio de 2013, em Palmela (Albino Santos)



1. O nosso Camarada Albino Santos da CCAV 1483, 1965/1967, solicita-nos a divulgação do próximo Almoço /Convívio da sua unidade. 

Almoço Convivio da COMPANHIA DE CAVALARIA 1483 GUINÉ, 1965 / 1967, a realizar no dia 25 de Maio de 2013 em Palmela. 

Caro amigo, 

Mais um ano se passou e por isso, é com grande prazer que te convido, assim como a tua família, para o 22º Almoço Convívio – 2013. 

O Almoço vai ter lugar no Restaurante NIKITA Palmela/ Moita, no dia 25 de Maio de 2013 às 13 horas. 

Se quiseres vir mais cedo, poderás desfrutar da linda vila da Moita do Ribatejo, na qual poderás ver a tradicional Feira de Maio e a Largada de Toiros durante a noite do dia 24 de Maio. 

Não te esqueças que a tua presença é muito importante para podermos continuar este convívio por muitos mais anos. 


Agradeço confirmação até dia 15 de Maio de 2013, para: 

Albino Marques dos Santos 
Rua 25 de Abril – CCI: 25910 Venda do Alcaide 
2950-234 PALMELA 
Telm. 960406819 

Despeço-me até lá, com um grande abraço. 


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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 


Guiné 63/74 - P11353: Facebook...ando (26): A CCAÇ 4541/72 em Caboxanque, donde saiu em LDG em maio de 1974, a caminho de Bissau (José Guerreiro)


Guiné > Região de Tombali > Caboxanque > CCAÇ 4541/72 (Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar, 1972/74) > "Monumento em memória dos combatentes da CCaç 4541, Os Impossíveis, em Caboxanque, Guiné 72/74" (1)


Guiné > Região de Tombali > Caboxanque > CCAÇ 4541/72 (Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar, 1972/74) > "Monumento em memória dos combatentes da CCaç 4541, Os Impossíveis, em Caboxanque, Guiné 72/74" (2)


Guiné > Região de Tombali > Caboxanque > CCAÇ 4541/72 (Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar, 1972/74) > O José Guerreiro em "farda de gala para dançar com as bajudas de Caboxanque".


Guiné > Região de Tombali > Caboxanque > CCAÇ 4541/72 (Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar, 1972/74) > Caboxanque, Rio Cumbijã: "Partida para Bissau, em LDG, em maio de 1974" (1)



Guiné > Região de Tombali > Caboxanque > CCAÇ 4541/72 Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar, 1972/74) > Caboxanque, Rio Cumbijã"Partida para Bissau, em LDG, em maio de 1974" (2)


Guiné > Região de Tombali > Caboxanque > CCAÇ 4541/72 Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar, 1972/74) > Caboxanque, Rio CumbijãPartida para Bissau, em LDG, em maio de 1974" (3)

Fotos (e legendas) : © José Guerreiro (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas por L.G.).


1. Já aqui falámos, em poste anterior, do José Guerreiro, natural de Portimão, que tem conta no Facebool, desde 31/3/2010.

Ele ainda não respondeu se aceita integrar o nosso blogue, embora nos tenha procurado para o ajudarmos a encontrar antigos camaradas. As fotos acima reproduzidas foram publicadas na página da Tabanca Grande no Facebook.

Ficha da unidade:

(i) Companhia de Caçadores 4541/72;
(ii) Mobilizada no RI 15 – Tomar;
(iii) Embarque em 21 de setembro de 1972 (avião);
(iv) Regresso em 25 de agosto de 1974;
(v) Esteve em Caboxanque, Jemberém, Cadique, Cufar;
(vi) Comandantes: cap mil inf António Pais Dias da Silva, cap cav Fernando Emanuel de Carvalho Bicho, e de novo o primeiro comandante.
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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11326: Facebook...ando (25): José Luís Carvalhido da Ponte, ex-fur mil enf, Cart 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1971/74): De regresso ao Xime!...

Guiné 63/74 - P11352: Parabéns a você (558): Fernando Belo, ex-Soldado Condutor Auto do BCAV 8323 (Guiné, 1973/74) e Mário José Azevedo, ex-Fur Mil da CCAÇ 6 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor:

Vd. ultimo poste da série de 6 de Abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11349: Parabéns a você (557): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1071/73)

sábado, 6 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11351: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (8): Mais fotos do álbum do ex-alf mil Carlos Alberto Fraga, futuro capitão em Moçambique


 Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 1 > O alf mil Carlos
Fraga



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 2 >  Sistema de defesa de um destacamento (1)



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº  2A > Sistema de defesa de um destacamento (2)



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº 3 > Quarto (presumimos que seja do alf mil Carlos Fraga)




Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº  4 > O alf mil Carlos Fraga, à esquerda, com o alf mil trms Martins, à direita, fazendo testes com o Racal.




Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº  5 >  Uma mina A/P (antipessoal), montada pelo IN, e desmontada pelo cap Salgado Martins, comdt da 3ª Compnanhia, de que o alf mil Carlos Fraga foi adjunto (num curto período de 4 meses, até finais de 1974, antes de ir formar e comandar companhia que seguiria depois para Moçambique).



Guiné > Região do Oio > Mansoa > BCAÇ 4612/72 > Foto nº  6 > A mesma ou mina A/P, montada pelo PAIGC, e devidamente detectada e desmontada pelas NT. Fotos da autoria do ex-alfd mil Carlos Alberto Fraga.

Fotos: © Carlos Alberto Fraga / Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Carlos Fraga,com data de ontem:


Assunto: Blogue

 Caro Doutor: Vi a publicação de algumas fotos das que tirei na Guiné,  em particular as do Choquemone (*)... Introduzo algumas precisões:

(i) a legenda da foto [, à direita,] a experimentar armas na estrada Mansoa-Mansabá,  2 ou 3 dias depois do combate do Choquemone, e que diz: «O alf mil Fraga testando a HK 21» não está correcta; foi tirada por mim mas o soldado que está com a HK21 não sou eu;

(ii) a fotografia do furriel Mil Melo [, à esquerda,] é tirada no Choquemone na zona onde estivemos em combate e após este;

(iii) a foto em que eu estou e legendada "O alf mil Fraga numa operação de patrulhamento»,  foi tirada numa picada que saía de Mansabá e seguia para o Sara-Changalena,  salvo erro em 18/08/73; nesse dia detectámos uma mina anti-pessoal que foi desmontada pelo Capitão Salgado Martins; há uma foto  disso no CD que o Jorge [Canhão] lhe deu [, vd. foto nº 2, acima]; 

(iv) na foto do Rackal [, foto acima, ]estou com o Alf Mil Martins das transmissões; estávamos a testar uma ideia de se conseguir estabelecer posições correctas no mato a partir de triangulação de emissões rádio.

As restantes fotos que tem e estão no CD,  se for necessário posso legendá-las tanto quanto me lembre.

Mandei recentemente ao amigo Jorge Canhão mais fotos da Guiné mas sem serem tiradas por mim.

Cumprimentos
Carlos Fraga
(ex-Alf Mil)

2. Comentário de L.G.:

Camarada Carlos Fraga:

Obrigado pelas oportunas e rápidas correções que faz às legendas das fotos que publicámos e cuja autoria lhe é imputada. Vou, oportunamente, reeditar o poste, se possível logo amanhã de manhã. Somos pelo rigor e pela verdade. 

Agradeço, por outro lado, a sua generosidade, pondo ao nosso dispor mais fotos da Guiné, através do nosso amigo comum Jorge Canhão. 

Aproveito para reiterar o convite para se juntar a esta malta, magnífica, generosa e solidária, que se reúne neste blogue à volta do imaginário, mágico e fraterno poilão da nossa Tabanca Grande. 

Um alfa bravo, Luís Graça.

3. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74). Desse álbum constam vários ficheiros, incluindo um com o nome "Alf Fraga".

Estas fotos chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos três camaradas, e muito em especial ao Carlos Fraga.

Guiné 63/74 - P11350: Manuscrito(s) (Luís Graça) (1): Amigos de infância, camaradas da diáspora: o Zé Pê, que foi para o Canadá

1. Era mais velho do que eu, três ou quatro anos... Um matulão. Um bom gigante.  Livrou-se da tropa e do ultramar,  porque a família emigrou para o Canadá ainda em finais da década de 50, se bem me recordo. Já não o via há séculos. Foi um dos meus grandes amigos de infância. Éramos vizinhos. Reencontrei-o em 2/8/2012, na Praia da Areia Branca, nas férias de verão... Eis o que escrevi, na altura, no meu bloco de notas:

Zé Pê!?...
─ Liz Manel!...
How are you ? Há quanto tempo!...
Fine, fine!..A long time ago!...
Até parece que foi ontem!
─ Qual quê, há mais de 50!...How old are you ? Estás com quantos ?
65
─ Atão foi há mais…
Há mais de 50  anos, há mais de meio século!...
─ Quem diria!
Dá cá um abração do tamanho do Atlântico!...
─ ‘Tás na mesma, Liz Manel!... Tirando a barba!...
Não me lixes, envelhecemos, como o caraças… Cada um para seu lado... Separados por este oceano imenso…
─ Pois é, mas estás fine, fine!
É, pá, deixa-me conhecer os teus netos!
─ Tenho estes dois. Boy and girl.
Sim, senhor, nice children!.. Então por cá?!... Agora sempre de férias, não ?!... 365 dias por ano!
─ Mas sempre entretido, sempre rolando. Cá e lá...
Tinham mo dito… Alguém me disse que tinhas perguntado por mim.. Tens voltado aos States ?
─ Canadá…
Ah, sim, desculpa, Canadá…
─ Sempre, tenho lá a minha sweet home!...Os filhos e os netos que são canadianos...
E tens cá também um casarão que chegou a estar à venda, não?!!... Tens dupla nacionalidade ?
Of course, desde 1983… Nesta terra é que eu não quero ficar. Só se morrer de repente, como o meu pai.
A terra que nos viu nascer!...
─ Madrasta… Para mim,  foi madastra...
‘Tá bem, ‘tá bem assim… Afinal, tens o melhor dos dois mundos, a Europa e a América, o Velho e o Novo Mundo…
─ Até o Canadá já foi melhor, infelizmente... Mas conta lá tu... As voltas que a vida deu, Liz Manel!...
Olha, safaste-te da tropa e de ir parar a África, ao ultramar… Eu fui parar à Guiné, sabias ?… Tinha 14 quando rebentou a guerra em Angola, já não estavas cá, se bem me lembro…
─ Lá nisso, tive mais sorte. Safei-me a tempo, ainda não havia guerra. Mas também passei o meu mau bocado. Andei nas plataformas petrolíferas, conheci o Alasca…
Como o mundo é pequeno, Zé!
─ E a puta da vida é curta… Não vês o meu pai, não chegou a conhecer os netos…
O ti Zé Pê!...Bom homem, mas de poucos sorrisos... Tinha o seu génio. Ainda me lembro bem dele, com o seu automóvel de praça...
Yeah!...
Tens cá casa, em terras do teu avô, tens cá as tuas raízes. Esta é a tua terra e sê-lo-á sempre.
─ Tenho duas, afinal…E completam-se. Aqui em casa uso as duas bandeiras, geminadas. Pena é tudo isto por cá andar tão mal parado…
Pois é, Zé… Infelizmente, estamos voltar à porca miséria do tempo da nossa infância…
─ Mas ele havia coisas que nos deixavam saudades… A galera que eu inventei, as jogatanas de hóquei no largo do coreto… Com sticks de pau de tamargueira...Ou tramagueira ? ...Lembras-te ?! Já esqueci o raio do português...
Se me lembro!... Tramagueira, era assim que a gente falava... Se me lembro!... Ouvíamos os relatos de hóquei em patins, debaixo dos lençóis. Montreux, o campeonato do mundo…
─ Jesus Correia, Correia dos Santos, Sidónio, Emídio e Edgar… Depois veio uma geração de ouro, Adrião, Bouçós, Velasco…
Que cabeça, Zé!...O Livramento já não é do teu tempo…Foste para o Canadá em finais dos anos 50, é isso ?! E levaste a tua galera…Mas nessa altura já havia televisão… No café do Clemente Alberto, na Rua Grande…
─ Éramos os melhores do mundo!...Dávamos cada cabazada aos espanhóis…
Os nossos eternos rivais...
─ Também não tínhamos mais vizinhos para malhar...
Olha, disseste-me que andaste nos petróleos, no Alasca...
Yeah, e é até tenho patentes de sistemas para apagar fogos nos poços de petróleo… Mas não penses que estou milionário...
A sério ?... Patentes registadas ?... Sempre foste um grande engenhocas!...
─ Só na tua terra é que tu não vales nada…
É verdade, Zé, ninguém é profeta na sua terra…Mas foi pena não teres estudado...
─ Qual quê!... Se cá tivesse ficado, não tinha passado da cepa torta. E se calhar tinha ido  parar a Angola ou à Guiné, como tu... Mas não foi fácil, Liz Manel!... A vida foi dura… Hoje tenho o meu pension plan,  pago em dólares... 'Tou retired, sabes ?!...
 Fico feliz por ti  e pelos teus... Safaste-te... Da Índia, de Angola... Lembras-te da festa que fizemos ao Jorge da Ti Albertina quando ele veio da Índia ?
─ Se me lembro!... Chorávamos todos baba e ranho, com tanta alegria!... O Jorge funileiro era um dos nossos, um vizinho, um herói!...
─  Éramos uns índios,   a malta da nossa rua, a última da vila, a do castelo, a dos valados...  O Jorge era muito mais velho do que nós, mas era um dos nossos... Um dos últimos soldados da Índia. Já não posso precisar em que ano isso foi... 56, 57, 58 ? Enfim, muito antes da invasão que foi em dezembro de 1961...
─  Pois é, foi já tanto tempo... Mas lembro-me bem da ti Albertina, a chorar como uma Madalena. Mas de alegria, of course!
Zé, não foste só tu que deu o salto... Da malta da nossa rua, lembro-me do teu irmão, que foi contigo, da Mariete que foi para os States, do Frasco do Veneno, o João Fernando, meu primo,  que foi para o Brasil... E de outros...Para não falar da malta que andou na escola comigo, mais novos do que tu...
─ Que saudade, que bom recordar a nossa infância!
... Olha, eu tenho que ir  andando... Ainda vou até Lisboa. Zé, até sempre.  Gostei muito, foi bom rever-te. E voltaremos a ver-nos, espero bem. Bye, Bye!
─ Até sempre, Liz Manel! Bye, bye! Take care!

Guiné 63/74 - P11349: Parabéns a você (557): Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52 (Guiné, 1071/73)

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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 4 de Abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11340: Parabéns a você (556): Agostinho Gaspar, ex-Sold Cond Auto do BCAÇ 4612/72; António Dias, ex-Alf Mil da CCAÇ 2406; Hernâni Figueiredo, ex-Alf Mil do BCAÇ 2851 e José Eduardo Oliveira (JERO), ex-Fur Mil Enf.º da CCAÇ 675

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11348: Convívios (510): 30.º Encontro do pessoal da CCAÇ 2317, dia 8 de Junho de 2013 em Espinho (Joaquim Gomes Soares)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Gomes Soares (ex-1.º Cabo da CCAÇ 2317/BCAÇ 2835, Gandembel / Ponte Balana, 1968/70), com data de 25 de Março de 2013:

Boa noite amigo Carlos Vinhal,
Pedia por favor se era possível publicar esta carta sobre o almoço convívio da CCaç 2317, como no ano passado.

Sem mais de momento, um abraço,
Joaquim Soares.


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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 30 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11331: Convívios (509): Almoço/convívio do pessoal da CART 2519, dia 4 de Maio de 2013, Benavente (Mário Pinto)

Guiné 63/74 - P11347: Agenda cultural (257): A Câmara Municipal de Fafe vai evocar os 50 anos do início da Guerra do Ultramar, com um conjunto de actividades a levar a efeito entre 2013 e 2014

1. Com a devida vénia à Câmara Municipal de Fafe, transcrevemos uma notícia inserta na sua página, a propósito da evocação do cinquentenário do início da Guerra em África, naquele Concelho, para a qual vai ser levado a efeito um conjunto de actividades entre 2013 e 2014.




GUERRA COLONIAL EVOCA-SE EM FAFE A PARTIR DE SEXTA-FEIRA E DURANTE UM ANO

A Câmara Municipal de Fafe, com o apoio de diversas entidades locais e associações representativas dos antigos combatentes, vai levar a efeito um conjunto de atividades de evocação do cinquentenário do início da guerra em África, entre 2013 e 2014. O primeiro ato desse programa acontece já esta sexta-feira 5 de abril, a partir das 21h30, na Casa Municipal de Cultura de Fafe, com uma Conferência sobre a Guerra Colonial, pelo coronel Carlos Matos Gomes, seguida da abertura da exposição itinerante do Museu da Guerra Colonial "Uma História por contar", a qual se mantém patente até 19 de abril.

Outras iniciativas previstas, com a colaboração de entidades como o Núcleo de Artes e Letras de Fafe, o Cineclube de Fafe, a editora Labirinto e os agrupamentos escolares do concelho, são uma exposição/feira de livro sobre o tema, recital de poesia sobre a guerra colonial, um Curso Livre de História Local, do Núcleo de Artes e Letras sobre a temática “Fafe e a Guerra Colonial”, um ciclo de cinema sobre a Guerra em África, exposições e teatro alusivo ao tema, culminando, em Abril do próximo ano, com a edição de uma obra de testemunhos e textos de antigos combatentes de Fafe (Fafenses na Guerra Colonial, 1961-1974).

O coronel Matos Gomes, atualmente na reserva, cumpriu três comissões, em Moçambique, Angola e Guiné como oficial dos «Comandos». Condecorado com as medalhas de Cruz de Guerra de 1ª e de 2ª Classe. Pertenceu à primeira Comissão Coordenadora do Movimento dos Capitães na Guiné. Foi membro da Assembleia do MFA. Além da sua carreira militar dedicou-se a estudos de História Militar, tendo publicado em co-autoria com Aniceto Afonso as obras Guerra Colonial e Portugal na Grande Guerra. Com Fernando Farinha, publicou Um Repórter na Guerra. É autor da obra Moçambique 1970 – Operação Nó Górdio, da colecção Batalhas de Portugal. Como romancista publicou os romances: Nó CegoASP-de passo trocadoSoldadóOs Lobos não Usam Coleira, O Dia das Maravilhas e Flamingos Dourados.

Na área do cinema e do audiovisual colaborou com Maria de Medeiros no filme Capitães de Abril e com Joaquim Leitão nos filmes Inferno e 20.13. É autor do argumento do filme Portugal SA, de Ruy Guerra. Participou nas séries documentais Portugal Século XX e Um Século Português.

Entre 2011 e 2014 evocam-se os 50 anos da Guerra Colonial, que deflagrou em Angola (1961), depois na Guiné (1963) e finalmente em Moçambique (1964).

A Câmara Municipal de Fafe e um grupo de fafenses que combateu na Guerra em África, bem como associações e escolas, projetam fazer a evocação do cinquentenário do início da Guerra em África e comemorar os 40 anos do 25 de Abril e do termo oficial da Guerra Colonial, em Abril próximo.

Estão a decorrer, portanto, os cinquenta anos do início de uma guerra que entrou pela porta dentro das famílias portuguesas sem ser convidada e que mobilizou durante os 13 anos do conflito cerca de um milhão de jovens. Destes, mais de 8 mil tombaram na frente de combate ou em acidentes, cerca de 120.000 foram feridos, 4 mil ficaram estropiados e estima-se que cerca de 100.000 mil ficaram a sofrer de “Stress Pós Traumático de Guerra”.

Do concelho de Fafe, de acordo com dados oficiais, tombaram 40 jovens: 17 em Angola, 12 em Moçambique e 11 na Guiné.

Na sequência do célebre pensamento que refere “Só existe uma coisa mais terrível do que uma guerra, fazer de conta que ela nunca aconteceu”, pretende a autarquia fafense, associada à comunidade escolar, às associações de ex-combatentes e à população em geral, dinamizar, pedagogicamente e do ponto de vista histórico, um conjunto de ações com o objetivo de não fazer esquecer o flagelo dessa guerra e de lutar contra a cultura do esquecimento que se instalou em Portugal, após o final da Guerra Colonial, em relação “àqueles a quem Portugal tudo exigiu”.



OBS: - Destaque no texto da responsabilidade do editor deste Blogue
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 15 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11256: Agenda cultural (256): Camões levou 20 anos a escrever 'OS Lusíadas': dez cantos, 1102 estrofes, 8816 versos, 88160 sílabas métricas... O ator António Fonseca levou 4 anos a decorá-los e amanhã, no CCB, vai dizê-los, das 10h às 24h, no CCB, em Lisboa... Acontecimento único, a não perder: afinal são os 8816 versos da nossa identidade maior!...

Guiné 63/74 - P11346: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11 / CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte X): Xime, Canquelifá, Bissau...



Foto s/ nº > Guine > CART 11 >  [No cais fluvial do Xime:] "Eu [, em primeiro plano, à esquerda] e o alferes Martins [, em segundo plano] no Xime" [O Xime era a "grande porta de entrada" do leste]




Foto s/ nº > Guine > CART 11 > "Eu, quando estive em Canquelifá" [, na foto, não é bem legível o título da tabuleta: Aeroporto  e Termas de Canquelifá ? ]


Foto s/ nº > Guine > CART 11 > "Eu, o Pais, furriel mecânico, e o Valdemar, algures no leste"


Foto s/ nº > Guine > CART 11 > "Eu e o Valdemar, salvo erro na Solmar, em Bissau"


Fotos (e legendas): © Abílio Duarte (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do Abílio Duarte, ex-fur mil art da CART 2479 (mais tarde CART 11 e finalmente, já depois do regresso à Metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa companhia de “Os Lacraus de Paunca”) (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70). (*).

[, Foto à direita, o Abílio Duarte, lendo a revista brasileira "O Cruzeiro", na messe,  em Nova Lamego, no Quartel de Baixo... Foto de Abílio Duarte]

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 27 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11324: Álbum fotográfico de Abílio Duarte (fur mil art da CART 2479, mais tarde CART 11/ CCAÇ 11, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) (Parte IX): Piche, vista aérea... E as valas onde se "despistou" o nosso camarada e amigo comum Renato Monteiro...

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11345: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (7): Op Ratice, no Choquemone, em 11/9/1973... Fotos do ex-alf mil Carlos Alberto Fraga, futuro capitão em Moçambique







Guiné > Região de Cacheu > Bula > Choquemone > 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72 > Op Ratice > 11 de setembro de 1973 > Evacuação de feridos (as 4 primeiras fotos de cima); fur mil Melo (última foto). Fotos da autoria do ex-alfd mil Carlos Alberto Fraga.


Fotos: © Carlos Alberto Fraga / Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Jorge Canhão, que vive em Oeiras (ex-Fur Mil At Inf da 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74).

Estas fotos, do alf mil Fraga, bem outras, do BCAÇ 4612/72, chegaram-nos às mãos através de outro grã-tabanqueiro, o Agostinho Gaspar, ex-1.º Cabo Mec Auto Rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), residente em Leiria. Os nossos especiais agradecimentos aos dois, e muito em especial ao nosso camarada Jorge Canhão. No CD que nos foi cedido, as fotos do alf mil Fraga vêm num ficheiro, à parte, e algumas estão sumariamente legendadas (como é o caso destas que acima publicamos, tiradas no Choquemone).



O alf mil Fraga testando a HK 21


O alf mil Fraga numa operação de patrulhamento


O alf mil Fraga testando o Racal


Fotos: © Carlos Alberto Fraga / Jorge Canhão (2011). Todos os direitos reservados



Guiné > Região de Cacheu > Carta de Bula (pormenor), 1953, 1/50000 >  A norte da estrada Bula - Binar - Bissorã (em direcção a Farim), o PAIGC tinha uma das suas bases, Choquemone, um nome mítico, em meados de 1969, quando eu cheguei à Guiné. Era um daqueles topónimos exóticos com que os piras se começavam a familiarizar. Choquemone e outros, como Madina do Boé, Corubal, Gandembel, Guileje, Morés, Fiofioli..., pronunciados com temor e reverência pela velhice... (LG)

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné


2. Mensagem do Jorge Canhão, respondendo a uma pergunta dos editores sobre o alferes miliciano, Carlos Fraga, que estagiou na 3ª C/BCAÇ 4612/72


Data: 25 de Março de 2013, 17:36

Assunto: ex-alferes miliciano Carlos Fraga

Camarada Luís Graça:

Sobre o ex- alferes miliciano Carlos Alberto Fraga aqui vão os dados que pediste, pois mesmo agora estive em contacto telefónico com ele, que vive em Faro.

Ele fez parte da 3ª Companhia do BCAÇ  4612/72 (cerca de 4 meses, até fim de 73 aproximadamente), como adjunto do comandante da companhia,  pois estava a tirar um estágio para capitães. Foi depois graduado em tenente, e foi como capitão comandar uma companhia em Moçambique, acabando o tempo de tropa nos Açores.

Por esse motivo, não tinha pelotão atribuído na companhia, podendo ir em qualquer um deles.

As fotos são de autoria do Fraga, sendo algumas delas tiradas a bilhetes de postal. Agradeço que,  ao publicares as fotos do Fraga, digas a origem, pois foi a única "condição" exposta.

Sobre as fotos da evacuação, foram tiradas no Choquemone (região de Bula),  a 11 de Setembro de 73, na operação Ratice. Como já tinha dito, a nossa companhia, quando regressou de Gadamael Porto, passou a força de reserva e intervenção do COT 9 (Comando Operacional Temporário), por
isso a nossa zona de operação era entre Bula, Mansoa, Bissorã, Mansabá até quase a Farim........Ver mapa que já vos enviei.

A evacuação são dos feridos nessa operação em que resultaram 3 feridos graves (furriel Silva, tiro no pescoço- vive no Porto; soldado Estalagem, vive em Bencatel, Vila Viçosa –atingido num braço e numa vista por um RPG; e um milícia com tiro na cabeça). Todos sobreviveram.

Além desses, houve mais 6 feridos ligeiros,entre eles o ex-alferes Rocha,que ainda tem estilhaços na cabeça,1 milícia e 4 praças.

Esta operação foi comandada pelo ex-alferes Maia do 2º pelotão (o meu), pois o nosso cmdt de companhia,  capitão Salgado Martins, estava de férias,(tal como eu, felizmente).

Sobre os destacamentos onde estive, foram: (i)  em Mansoa (6 meses), na protecção aos trabalhos de construção da estrada Jugudul/Babadinca;  (ii) rodei para Infandre, onde estivemos talvez 3 meses, de onde saímos para (iii) Gadamael Porto juntamente com o resto da companhia que estava
distribuída pelos destacamento de Braia (um pelotão), Mancalã, Pista de aviação de Mansoa (secção e meia em cada local) e pelotão de Mansoa.

Após o nosso regresso de Gadamael Porto,ficámos cerca de 1 ano como força de intervenção do COT 9 e após o 25/4/74, e depois da extinção do mesmo [, o COT 9,] , fiquei em Mansoa nos postos de Mancalã e Pista, até ao regresso a Portugal em 25 Agosto 1974.

Espero ter dado resposta ao que querias saber

Abraços,

Jorge Canhão

3. Comentário de L.G.:

Obrigado, Jorge, pelos teus rápidos e cabais esclarecimentos. Transmite ao teu amigo e camarada Carlos Fraga o agradecimento do nosso blogue pela gentileza de autorizar a publicação das suas fotos. Transmite-lhe igualmente o nosso convite para integrar a nossa Tabanca Grande. A sua experiência como alferes miliciano, no TO  da Guiné, antes de ir comandar uma companhia operacional em Moçambique, interessa-nos que seja conhecida e divulgada.  Por outro lado, o Choquemone sempre foi um dos lugares míticos da guerra de guerrilha e contraguerrilha na Guiné do nosso tempo. Temos já vários postes sobre o Choquemone, e malta de andou por lá.




CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné > Carta da situação, referida a 7/4/1974 > A vermelho a delimitação da zona de acçaõ do Comando Operacional Temporário, COT 9. Documento inserido pelo Jorge Canhão na história do BCAÇ 4612/72,  mas cuja fonte original presumo que seja  o livro Batalhas da História de Portugal, Guerra de África, Guiné, 1963-1974, Vol. 21, editado pela Academia Portuguesa de História, e da autoria de Fernando  Policarpo.

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Nota do editor;

Último poste da série > 16 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11260: Álbum fotográfico do Jorge Canhão (ex-fur mil inf, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (6): Vítimas da emboscada na estrada de Farim-Mansabá-Mansoa, em 15 de julho de 1973: 1 morto, 8 feridos graves, 2 viaturas danificadas