quarta-feira, 17 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11413: Cartas de amor e guerra (Manuel Joaquim, ex-fur mil, arm pes inf, CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67) (12): A morte se fez visita estrondosa

1. Em mensagem do dia 14 de Abril de 2013, o nosso camarada  Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, BissauBissorã e Mansabá, 1965/67), enviou-nos a sua décima segunda "Carta de Amor e Guerra". 


CARTAS DE AMOR E GUERRA

12 - A Morte se fez visita estrondosa

Quantos de nós, na Guiné, não passámos por dias e dias seguidos sem o “cheiro” da Morte, em que esta parecia ter ido de férias, esquecendo-nos da sua ameaça de regressar ao “trabalho” a qualquer momento? Às vezes até a podíamos sentir a pairar sobre nós, qual abutre sereno e vigilante, à espera de atacar a sua refeição mas, com o correr do tempo e à falta de ataque, o “abutre” chegava a convencer alguns que estava em “greve de fome”.

Fora da área de guerra, nada é diferente a não ser haver a consciência de que a morte andará mais ou muito mais arredia. Pensa-se menos nela, alguns vivem como se ela estivesse “em greve” por tempo indeterminado.

Nas cartas abaixo transcritas vêm à tona os “caprichos” da Morte. Num período de 17 dias, ela atacou nos nossos espaços vivenciais, nos meus e nos da minha namorada*, com resultados inesperados. Nos dela, onde se presumia não haver perigo de maior, as vítimas mortais foram 41 e nos meus, a priori considerados locais de residência da morte, esta só agarrou quatro. E quanto a resultados anímicos, não sei quais os mais duros, se foram os meus por ter perdido alguns amigos e camaradas se os dela, no imediato a lidar com as angustiantes emoções dos familiares dos mortos e depois, durante muito tempo e presencialmente, com as dos feridos graves e suas sequelas físicas, psíquicas e económicas.

*Trabalhava na área jurídica e de contencioso da C.P. Todos os processos subsequentes, relativos a vítimas dos acidentes ferroviários, passavam por aqueles serviços.

Detalhe de cartas: Lisboa (22/12/1965) e Bissorã (6/1/66).


Lisboa, 22-Dez. 1965
(… … …)
(…) sinto hoje uma enorme vontade de viver! Uma imperiosa necessidade de mostrar quanto valho! A vida é uma maravilhosa caixinha de surpresas onde os bons e os maus momentos se alteram com espantosa facilidade.
Ontem, ainda, encontrava-me tão desalentada, melancólica e até revoltada. E contra quem? Incógnita, não sei especificamente. Mas revoltada contra tudo e contra todos, até. Porém hoje sinto uma enorme vontade de viver, de acreditar.
(… … …)
Este fim de ano parece estar a ser manipulado por mãos criminosas, diabólicas, entretidas em espalhar a dor e a angústia por tantos lares onde falta um ente querido que já os não acompanhará na noite de consoada. No passado dia 18, em Vilar de los Álamos, localidade próxima de Salamanca, deu-se um violento embate entre o Sud-Expresso que rodava rumo a Lisboa e um comboio-correio. (…)resultou a morte de 13 portugueses e mais 17 feridos, emigrantes que regressavam da Alemanha e da França.
Ontem, (…) outro desastre (…). Este, na linha de Sintra, entre uma composição eléctrica e um comboio de mercadorias que avançou desordenadamente sobre o primeiro. Do sinistro há a lamentar a morte de 23 passageiros e dezenas de feridos com gravidade. O maquinista do comboio responsável pelo acidente é teu conhecido. É o (…) de Pombal (…).
Nesse mesmo dia, na Praia do Ribatejo, um outro comboio (…) destinado a trazer emigrantes de França e Alemanha, chocou com uma automotora. Felizmente não há mortes a registar, apenas alguns feridos.

Detalhe de “O Triunfo da Morte” de Jan Brueghel, o Jovem, uma cópia com o mesmo nome de um quadro de seu pai, Pieter Brueghel, o Velho.
Biblioteca Nacional de Paris

Esperemos que fique por aqui. O público pagante e muitos dos componentes do grupo administrativo da C.P. não se cansam de terçar armas (…) no sentido de haver uma maior segurança no material (…) e que o pessoal tenha tempo suficiente para descanso e uma habilitação prévia para desempenhar cargos de tão graves responsabilidades. Mas … nada feito. (…).
(…) muito grata pelas amáveis cartas que recebi. Foram logo cinco de uma vez. Que alegria, meu querido!… As tuas palavras são um estímulo, um incentivo precioso para o meu sentido de viver. (…)
(… … …).
Sempre tua, N.



Bissorã, 2 Jan 66
(… … …)
Eu, minha querida, palavra que ando um pouco desorientado. Sou uma contínua pilha de nervos. E eu que era tão calmo! (…) tenho o espírito em tal estado de alerta que a mais pequenina coisa me provoca uma tal irritação que dou por mim, muitas vezes, num sofrimento angustiante (…) a tornar-me ainda mais ciente de quanto a juventude portuguesa está a sofrer em África. (…).
E vejo o futuro tão negro, meu amor… Não no que se refere a nós dois mas ao ambiente em que iremos viver, isto se eu chegar a pisar terras da Europa.
No aspecto militar a coisa vai correndo bem para mim. Mas nesta guerra nada se sabe. A calma de hoje não implica a de amanhã. Se, até agora, isto tem corrido de modo a que um indivíduo menos avisado julgue que afinal o papão não existe, de um momento para o outro o desastre pode acontecer. Não menosprezo o poder dos guerrilheiros (…). Olho para 1966 como o ano crítico de toda a minha vida. Conseguirei ultrapassá-lo? (…).


©Manuel Joaquim

Desculpa, (…), se te aflijo. (…). Não julgues também que isto está de corda no pescoço. Não é tanto assim. Mas o perigo é muito grande.
Minha querida, vai escrevendo frequentes vezes, sim? As tuas cartas são o bálsamo para minorar a angústia que me envolve. Custa-me ver-me, por vezes, tão unido a ti. Faço-te sofrer e corres o risco de sofreres inutilmente. (…).
Cubro-te de beijos, (…). E … confiemos na sorte.
Muitas saudades do teu M.


Bissorã, 6 JAN 66
(… … …)
Tivemos cá hoje a visita de algumas senhoras do Movimento Nacional Feminino, entre elas a presidente da delegação da Guiné e a presidente geral, a srª. Cecília Supico Pinto. Muito amáveis e comunicativas; a sua presença veio animar-nos bastante pois ontem, pelas cinco horas da manhã e durante uma operação que fizemos, caímos numa armadilha dos guerrilheiros e tivemos a “linda” soma de quatro mortos e cinco feridos, dois em estado gravíssimo. Foi o primeiro azar da minha companhia. Parece-me que estava a prever isto. Comuniquei-to no último aerograma que te escrevi [2 de janeiro].
(…). Estava a uns três ou quatro metros [do sítio] da explosão. Com o estrondo fiquei com os ouvidos a zunir durante uns tempos mas saí sem a mínima beliscadura. Mais uma vez a sorte me acompanhou. Um cabo, o 2904, ficou desfeito. Só conseguimos encontrar-lhe a cabeça, a alguma distância! [ver, neste blogue, “P10105: Miserere”]

“S/ título”. © Carbar (Carlos A. T. de Barros, pintor guineense)

Coitados dos soldados. Antes do acontecimento pensavam que isto era um divertimento um bocado perigoso, agora exageram com o medo que os enche.
(…), tem calma. Por isto acontecer não é motivo para desesperarmos. (…). Muitos se hão-de safar e eu hei-de ser um deles. Para ser mais verdadeiro, posso ser um deles. Estes azares não acontecem todos os dias.
Às vezes chego a pensar que seria muito melhor não te contar estas coisas. Mas eu quero, embora causando-te alguma dor, que nunca duvides da verdade com que te escrevo.
(…). Fisicamente, estou óptimo. Psiquicamente, não posso dizer o mesmo. (…). Conheces a minha maneira de pensar, os princípios que defendo, (…). Perante o que está acontecendo já sabes quais as minhas reacções.
(…). Pela tua carta vejo que por aí também se morre, e de que maneira! (…). Soube cá do desastre de Sintra e cheguei a temer pelo teu pai [maquinista da CP, naquela altura em serviço na linha de Sintra].
Até sempre, meu amor. Muitos beijos do teu M.


Vale de Figueira, 11 Janeiro 1966
(… … …)
(…), então, o que se passa!? Ânimo, querido! Nenhum esforço será inútil, verás. (…). Será preciso não desanimar mas desanuviar o espírito, olhar sempre mais alto, convencidos de que valemos muitíssimo mais do que aquilo que, no presente, nos é permitido pôr em acção.
Há tanta coisa que nos espera, (…). Tanta coisa a descobrir e que nos pertencerá. (…). Oh meu querido, reage, teima em viver. (…). Na vida nem tudo são rosas mas também, como é natural, nem tudo são espinhos. (…).
Não voltes, (…), a dizer que sofro inutilmente. Nunca se sofre em vão, estou convicta desta verdade. É no sofrimento que se purifica a alma, que se descobrem as virtudes. E, depois de uma grande dor recompensada, a alegria renasce mais espontânea, mais sincera e pura. E a minha possível dor nesta época será sobremaneira recompensada. Depende de ti. Queres dar-me essa alegria? (…). Eu espero-te. Esperam-te a nossa vida em comum e os nossos sonhos, que se hão-de concretizar.
(… … …)
Corações ao alto! Vamos, meu amor. Nunca me lastimes. Isto te peço, encarecidamente. Nunca o esqueças. Amor paga-se com amor. Isso acontece. Estou contente e satisfeita. Estamos, portanto, quites!
Apetecia-me doidamente abraçar-te, beijar-te muito, muito, (…). (… … …)
Sorri um poucochito mais, meu querido … Um sorriso dos que são obra só tua. Ainda guardo nitidamente o teu último sorriso. Essa impressão jamais se apagará na minha memória. Sabes, quanta confiança essa recordação me incute, quantos sonhos ela me leva a idealizar! … Eu quero que não esqueças esse sorriso … Está bem?
(… … …)
Então ainda não recebeste uma encomenda enviada daqui? Deveria ter chegado no dia 31 próximo passado. Hoje segue também a “Seara Nova” do mês corrente.
Adeus, meu amor
N.

Foto de António Silva Pinheiro, sold. Atir. Inf. (CCaç1419) 


Bissorã, 13Jan66
(… … …)
Pelo último aerograma que te enviei adivinhaste com certeza o meu estado de espírito. É claro que tenho de reagir a estes acontecimentos. Olhá-los como acontecimentos normais desta vida, (…), para que os momentos livres que tenho se não transformem em angústia e martírio contínuos.
(…). Sei que é estúpido andar por aqui a vergar-me à ideia de que posso “desaparecer do mapa”. Tento reagir. Mas cá no fundo uma angústia espessa, concentrada, é um peso contínuo.
As tuas cartas têm um condão extraordinário para me aliviarem. (…) são um autêntico esbanjar de ternura, de confiança, de fé, de lucidez apaziguante, de alegria de viver, de calma. (…).
(… … …)
Isto por cá vai indo. Nada mais aconteceu depois da madrugada do dia 5. Esta guerra é assim. Num dia pode acontecer muita coisa. Depois, podem surgir dias e dias sem nada suceder.
Ontem saiu daqui a Companhia 643. (…). Deve regressar à Metrópole lá para o fim do mês. (…). Se tiveres oportunidade de assistir ao desembarque do Batalhão 645 (a que pertence a Comp. 643) poderás certificar-te do bom aspecto que levam, principalmente a malta da 643, aquela que eu conheço.
Já se safaram. (…). Terei a mesma sorte que eles? (…).
Muitos sacrifícios terei ainda de suportar. Mas a esperança, contigo a meu lado, não me abandona.
(…) Até sempre, minha querida.
M.
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Nota do editor:

Último poste da série de 10 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11369: Cartas de amor e guerra (Manuel Joaquim, ex-fur mil, arm pes inf, CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67) (11): Poema

Guiné 63/74 - P11412: Agenda cultural (261): No B.Leza, hoje e amanhã catedral da música guineense em Lisboa: (i) hoje, com Bubacar Djabaté, cantor e tocador de balafon, natural de Tabatô; (ii) amanhã, com o Tabanka Djazz, de Micas Cabral & companhia... A não perder! (A Tabanca Grande apoia a música da Guiné-Bissau!)



1. Programação do B.Leza para a 3ª semana de abril de 2013...Hoje   e amanhã temos música da Guiné-Bissau!...Vd. página no Facebook.

(i) Bubacar Djabaté, músico, cantor e tocador de balafon (xilofone africano), natural de Tabatô - o grande viveiro de músicos da Guiné-Bissau - , vai atuar em Lisboa, no B.Leza,  hoje, 4 feira, por volta das 11h30...

A não perder. [Pode-se ver aqui um vídeo dele, a tocar, há uns meses atrás, em Lisboa, junto ao Castelo de São Jorge, como músico de rua].

(ii) Tabanka Djazz estará em palco amanhã, 5º feira, no mesmo sítio, e por volta da mesma hora.

Diz Luis Bastos no You Tube:

"Tabanka Djazz: surgiram nos finais da década de 1980, são um marco da cultura guineense e  aqui interpretam Nha Corçon (Meu Coração). Como músicos destacam-se Micas Cabral, Juvenal Cabral, Jânio Barbosa, Carlos Barbosa e Dinho Silv. I nicialmente também o grupo contou ainda com: Aguinaldo Pina, José Carlos Cabral e Rui Silva.Destacam-se quatro CD gravados pela banda:  Tabanka (1990), Indimigo (1994), Sperança (1996) e Sintimento (2002).


2. A nossa Tabanca Grande apoia a música da Guiné-Bissau e os seus músicos!!!

Eu vou ver se consigo lá dar um salto, pelo menos hoje... Mas antes passo pelo MUSICBOX LISBOA, ali perto no Cais do Sodré [Rua Nova do Carvalho, nº 24, 1249-002 Lisboa, Portugal, telef. 213 473 188] para ouvir, logo à noite, a partir das 22h00, os Melech Mechaya, que vão  tocar 4 músicas no Club Offbeatz!...Entrada livre! [João Graça, nosso tabanqueiro, faz parte desta banda portuguesa, que está a ter um crescente reconhecimento nacional e internacional].

Quanto ao B. Leza,  a catedral da música africana em Lisboa, fica aqui:

Cais da Ribeira Nova, Armazém B
Lisboa
1200-109 LISBOA

Guiné 63/74 - P11411: Memória dos lugares (230): Olossato dos anos cinquenta (Leopoldo Correia)

1. Na sua mensagem do dia 17 de Março de 2013, o nosso camarada Leopoldo Correia (ex-Fur Mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65), enviou-nos também para publicação, além das fotos de Bafatá, fotos do Olossato do ano de 1959.


Fotos do Olossato em 1959, cedidas por um familiar ligado ao comércio local (Casa Gouveia )





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Nota do editor:

Último poste da série de 16 de Abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11402: Memória dos lugares (229): Bafatá dos anos cinquenta (Leopoldo Correia)

Guiné 63/74 - P11410: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (11): Convite aos membros da nossa Tabanca Grande e demais leitores do blogue






Infografia:  A belíssima e esmerada prenda que nos mandou o Miguel Pessoa... Obrigado, camarada.

© Miguel Pessoa / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados


1. Amigos e camaradas que se sentam à sombra do frondoso, mágico, fraterno poilão da Tabanca Grande, e todos os demais leitores do blogue:


Estamos vivos e estamos juntos, é isso que queremos comemorar neste 9º aniversário do nosso blogue. A efeméride, que se celebra a 23 de abril, é apenas um pretexto. Começámos a "blogar" em 23 de abril de 2004, com o poste nº 1, dedicado à(s) nossa(s) saudosa(s) madrinha(s) de guerra...

Sabemos que os tempos que correm são mais de depressão do que de efusão. Mas nós, camaradas, somos velhos combatentes, sobreviventes, resistentes mas também resilientes... Pelo menos aprendemos a não nos deixar abater facilmente...

Está a decorrer um pequeno inquérito por questionário aos membros da Tabanca Grande, podendo também ser respondido pelos "leitores externos" que nos acompanham. Para o caso dos "internos", a sua desejável resposta é também uma forma de "prova de vida"... Há camaradas e amigos de quem não temos tido notícias há muito...

Até à data responderam-nos um quarteirão... Já publicámos 20. O que não é mau, mas queremos ter pelo menos uns 10% de respondentes. A Tabanca Grande tem hoje 611 elementos, inscritos, formalmente. Somos mais 500 do que em 1 de junho de 2006, quando demos início à atual II Série do blogue.

Contamos com a vossa melhor boa vontade, respondendo por estes dias abrileiros e primaveris ao nosso questionário [ver guião abaixo, com 15 perguntas abertas]. 

Um xicoração para todos/as. Luis Graça, em nome da equipa editorial.


PS1 - As respostas serão publicadas com direito a foto... Escusado será dizer que respeitamos a vontade de quem não quiser responder. Os leitores do blogue, não registados formalmente na Tabanca Grande,  também poderão responder a estas questões, no todo ou em parte, com as necessárias adaptações, e desde que devidamente identificados (incluindo foto).

Resposta para: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

PS2 - Ah!, e façam o favor de serem felizes. Como diz o nosso povo, "a felicidade está onde nós a pomos, mas nós nunca a pomos onde nós estamos!"...

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Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ? Se não, porquê ?
(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.
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Nota do editor:

Último poste da série > 17 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11409: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (10): Respostas de Jorge Cabral, Jorge Picado e Fernando Súcio (18/20)

Guiné 63/74 - P11409: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (10): Respostas de Jorge Cabral, Jorge Picado e Fernando Súcio (18/20)




Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Fá Mandinga > Pel Caç Nat 63 (1969/71) > "Cinco séculos de história te contemplam!",  terá proclamado o alfero Cabral, perante o anónimo e estupefacto fotógrafo... A foto chegou clandestinamente  à metrópole. E faz parte hoje do precioso álbum fotográfico do Jorge Cabral, advogado e criminalista. (LG)

Foto ©: Jorge Cabral / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados


A. Continuação da respostas ao inquérito por questionário aos nossos leitores (*). Três respostas:  Jorge Cabral (nº 18), Jorge Picado (nº 19); e  Fernando Súcio (nº 20).


B. Resposta nº 18 > Jorge Cabral  [ ex-alf mil art, cmdt  do Pel Caç Nat 63 (Fá Mandinga e Missirá, 1969/71]

Respondendo,  digo:

Não gosto de muita coisa, mas papo tudo. Todos os dias, logo de manhãzinha.

Conheci o Blogue em Dezembro de 2005 através do Humberto e fiquei Tabanqueiro (por favor, tirem-me o Grã, porque sou pequenino, curto,como diziam os meus Soldados...)

Fui a todos os Encontros. E irei ao próximo. Como, ainda não sei....

Um dia o Blogue acabará. Até mesmo o Alfero não é eterno. Oxalá seja o mais tarde possível. Disseram-me que o Inferno está cheio de Troikas...

Jorge Cabral

PS - Quando tenho dificuldades, dou viagra à máquina. Mata os virus, e dá-me um rápido acesso.


Resposta nº 19: Jorge Picado [, ex-Cap Mil na CCAÇ 2589 / BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72]

(1) Precisamente no dia 04ABR08.

(2) Tive conhecimento da existência deste Blogue pela leitura de um artigo publicado no então Suplemento Y, do jornal Público, de 04ABR08. Desde logo tive o desejo de aceder ao seu conteúdo, mas ainda não sabia navegar na NET, pois tinha-me iniciado uns dias antes nestas tecnologias, pelo que tive de solicitar a ajuda de familiares.

(3) Assim que me abriram as portas da NET, enviei o meu pedido, considerando-me membro desde o dia 09ABR08.

(4) Normalmente costumava lê-lo diariamente, mas desde uns tempos até hoje não tenho podido fazê-lo com essa regularidade.

(5) Mandei algumas das minhas lembranças bem como fotos e sempre que julgo oportuno vou fazendo os meus comentários.

(6) Não uso essa ferramenta e por isso desconheço a página da Tabanca Grande no Facebook.

(7) Obviamente que só uso o Blogue. Ver resposta anterior.

(8) Das recordações expostas pelos camaradas, sobre a sua vida enquanto "penaram" por aqueles lugares, bem como das respectivas fotos que documentam tais passagens e, quando se referem aos lugares por onde passei, fico longos períodos a contemplá-las, como a querer reviver e accionar os neurónios para ver se me surgem novas recordações.

(9) As guerras de alecrim e manjerona que muitas vezes surgem, quando há opiniões contrárias ao que alguns julgam ser "a verdade posta em causa". Principalmente quando mais parecem reflectir "certos ódios de estimação" contra "certos camaradas". Aliás sei por certas conversas com camaradas que não fazem parte do Blogue que a sua não entrada está relacionada com alguns destes aspectos que consideram negativos.

(10) Nunca senti qualquer dificuldade em aceder ao Blogue.

(11) O Blogue surgiu-me num certo momento doloroso da vida e a minha aderência e envolvimento constituiu uma excelente terapia para superar essa fase, bem como para me libertar emocionalmente desses dois anos passados naquela guerra para onde fui já numa idade um pouco avançada. A partir do momento em que me fui envolvendo, cada vez mais fundo no Blogue, passei a encarar esse passado de uma forma aberta e sem constrangimentos.

(12) Desde o primeiro encontro que houve logo após a minha entrada, o III, que se realizou em 17MAI08, na Quinta do Paúl em Ortigosa, Monte Real, participei em todos.

(13) Ainda não me inscrevi, pois aguardo a concretização de certos condicionalismos que poderão ditar a não comparência. Tenho vontade de estar presente, mas ainda não posso comprometer-me.

(14) Julgo que é ainda muito importante a sua existência. Claro que se torna necessário o aparecimento de novos elementos, pois ainda há muitos camaradas vivos e com boa memória que teriam vivências importantes para transmitir aos vindouros. Pena é que não as deixem escritas para memoria futura.

Abraços a todos
JPicado


Resposta nº 19: Fernando Súcio  [ex-Sold Cond Auto, Pel Mort 4275, Bula, 1972/74]

(1) Descobri o blogue em 2011.

(2) Por informação do Leonel Olhero

(3) Sou membro da nossa Tabanca Grande desde 2012

(4) Visito o blogue diariamente

(5) Gostaria de mandar mais material.

(6) Sim, conheço também a nossa página no facebook.

(7) Vou mais vezes ao facebook

(8) Gosto de tudo o que diz respeito ao blogue.

(9) Gosto dos dois, do blogue e do facebook.

(10) Não tenho dificuldades em aceder ao blogue.

(11) O blogue é muito interessante para mim, tenho orgulho em fazer parte. Gosto da mesma maneira da nossa página do facebook

(12) Sim, participei pela primeiria vez em 2012.

(13) Sim, estarei presente no dia 8 de Junho [, no VIII Encontro Nacional, em Monte Real].

(14) Eu tenho toda a confiança no nosso blogue e tenho a firme certeza que seguimos sempre em frente

(15) Outras críticas, sugestões, comentários: Quero agradecer a todos os coordenadores deste blogue, não esquecendo o seu fundador. Um grande abraço para todos .podem contar sempre comigo .obrigado camaradas .Fernando Súcio.

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11405: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (9): Resposta nº 17: Hélder de Sousa,ex-fur mil de Trms TSF (Piche e Bissau, 1970/72), membro da Tabanca Grande dsde abril de 2007 e nosso colaborador permanente


(...) Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. (...)


terça-feira, 16 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11408: Revivendo (Felismina Costa)

Mais um belo trabalho escrito da nossa amiga tertuliana
 Felismina Costa / Felismina Mealha


 Igreja Matriz de Santiago do Cacém
Com a devida vénia à Câmara Municipal de Santiago do Cacém


Revivendo

Longa a Planície entre Santiago do Cacém e Alcácer do Sal!
O dia, já Primaveril, favorecia o abrir das flores que salpicavam o chão por debaixo dos pinheiros e sobreiros.
O amarelo dos tojos e das giestas alegram e suavizam a rusticidade da paisagem.
De quando enquando, o branco sujo dos saramagos, faz-se notar aqui e além, destacando-se no tapete verde, muito bem tecido em toda a extensão observada.
Sob a ponte, o Sado corre turvo, sujo da terra que arrasta consigo na corrente forte. Algumas garças sobrevoam-no elegantemente.
Alguns braços de rio, alagam as zonas baixas, onde o sol quando espreita, se reflete alegremente.
As estevas floridas pareciam árvores de Natal da minha infância, salpicadas de algodão branco que substituía a neve, que raramente ali caia.
As nuvens, na linha do horizonte, desenham uma barra onde em camadas se sobrepõem, que rápidamente crescem desenhando contornos fabulosos.
A planície vai ficando para trás à medida que se aproxima a serra de Grândola, onde o sobreiro é rei.
A noroeste, a serra da Arrábida evidência o castelo altaneiro rodeado pelo desenho extraordinário das nuvens que o ladeiam. Numa linha longitudinal a serra vai crescendo até se despenhar no verde e lindíssimo Oceano que ela segura.
Pelas curvas da serra o silêncio reina. As aves, são ainda poucas as que se mostram. Há um sussurro que os meus ouvidos atentos registam!
O som da terra!
Um som familiar que canta e encanta. Que acalma e exalta, que nos adormece e acorda para a espantosa realidade do milagre de cada dia.
Dentro em breve, toda a terra florescerá em desenhos e cores esplendorosas, e o silêncio agora reinante, será então um entoar de hinos à Mãe Natureza, por ter guardado a semente e a fazer germinar mais uma vez.
Eu sou eternamente grata, por me ser dado observar mais uma vez, o parto magnífico donde emergem as mais belas flores e o pão da vida.
Mas, de novo na cidade, mergulho na correria das gentes apressadas, que convergem para os mesmos locais, na presa de se encontrarem como os filhos que crescem longe de si, fechados numa creche ou entregues a si próprios, sem verem crescer as flores e ouvir o cantar das aves.
E sinto pena!

Felismina mealha
2/4/2013
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Guiné 63/74 - P11407: Agenda cultural (260): Programa da RTP, "A Guerra", composto por 42 episódios, em 4 Temporadas, está a ser exibido às quartas feiras... A série acaba dentro de 4 semanas, com os últimos episódios da IV (e última) Temporada

1.  Da direcção de produção do programa da RTP "A Guerra",  realizado pro Joaquim Furtado recebemos a seguinte informação, para divulgação no blogue:


Para o blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné, envio, julgando corresponder ao pedido, alguns elementos sobre a série, terminando com a sinopse do episódio da próxima quarta-feira [, dia 17 de abril de 2013,`na RTP1, àss 22h48].

Poderei, se esse for o interesse do blogue, enviar semanalmente, as sinopses dos três outros (últimos) episódios.

Obrigado
Joaquim Furtado



1. A RTP 1 está a terminar a exibição da série "A Guerra", composta por 42 episódios. Estão editados em DVD apenas 18, correspondentes à primeira e à segunda temporadas. Houve depois uma terceira temporada (6 episódios), estando agora em exibição os 18 episódios finais. Estão a ser emitidos às quartas-feiras, faltando apresentar quatro (referentes ao período que culmina com o 25 de Abril de 1974).

O próximo episódio, a emitir no dia 17, regista o crescente isolamento internacional de Portugal, na sequência da proclamação unilateral da independência da Guiné, pelo PAIGC. Por outro lado, trata da iniciativa de Jorge Jardim que, em Moçambique e à revelia de Marcello Caetano, abre uma via para o diálogo com a Frelimo, através da Zâmbia. Com o chamado Programa de Lusaka pensa ter encontrado o caminho para o seu projecto onde procura envolver realidades tão distintas como os Grupos Especiais de Paraquedistas e os concursos de misses. Espera contar com figuras como Domingos Arouca, Máximo Dias e Joana Simeão. 

Nomes que aderem ao reformismo de Marcello Caetano no qual acreditam também os setores que organizam o I Congresso dos Combatentes do Ultramar. Uma iniciativa de que se demarcam cerca de 400 oficiais do Quadro Permanente, facto que representou uma primeira atitude de indisciplina colectiva, no âmbito militar. 

Os decretos que regulavam o acesso de milicianos ao Quadro vieram, nos meses seguintes, criar um descontentamento que, gradualmente, se tornou político e conduziu à criação do Movimento das Forças Armadas. 

Já no início de 1974, a morte de uma fazendeira portuguesa, desencadeou uma revolta entre os colonos que acusaram a tropa de inércia perante a FRELIMO. Um factor que contribuiu para a estimular o avanço do movimento militar que culminaria com o 25 de Abril.

2. Apresentação da série, segundo a página oficial da RTP (relativamente à III Temporada):

Joaquim Furtado tem procurado, com esta série documental, descrever o que foi a guerra (nos seus aspectos militares, políticos e sociais) que, entre 1961 e 1974, opôs as forças armadas portuguesas e os movimentos de guerrilha que lutavam pela independência de Angola, de Moçambique e da Guiné, territórios então sob administração portuguesa. Um conflito que os africanos designaram por guerra de libertação nacional, e os portugueses por guerra do Ultramar ou guerra colonial.

O autor assenta a estruturação do trabalho em alguns pilares fundamentais:

 (i) filmes, fotografias e documentação da época (foram consultados de forma exaustiva, os principais acervos disponíveis); 

(ii) entrevistas com os protagonistas do conflito, militares e civis, africanos e portugueses (foram gravados mais de duas centenas de testemunhos); 

(iii) reportagens em lugares especialmente significativos da guerra (com a presença e o encontro entre si de portugueses e africanos, ex-combatentes); 

(iv) “reconstituição” gráfica de alguns dos principais episódios militares que marcaram o conflito.

O recurso a gravações radiofónicas da época permitiu complementar imagens, até aí limitadas na sua expressão.

Do material recolhido resultou a revelação e aprofundamento de muita documentação, tendo havido a preocupação de contextualizar esse material, nomeadamente filmes. Por outro lado, quanto aos testemunhos, o objectivo do projecto foi favorecido pelo facto de terem passado mais de trinta anos sobre o fim do conflito, o que se traduziu numa maior disponibilidade, por parte dos entrevistados, para a abordagem de assuntos traumáticos como os que a guerra envolve.

O autor procura narrar o conflito ao ritmo a que ele se desenrolou, em simultâneo, em Angola, na Guiné e em Moçambique pelo que, cada episódio contempla sempre mais do que um dos territórios. (...)

______________

Guiné 63/74 - P11406: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (65): Carlos Afeitos encontra, em 2011, restos da CCAÇ 1422 (1965/67), no K3 / Saliquinhedim


K3 > Entrada


K3 > Começo do antigo heliporto


K3 > Antigo heliporto


K3 > Foto nº 70 > S/legenda


K3 > Foto nº 71 > S/legenda


K3 > Foto nº 72 > S/legenda


K3 > "Penso que seria a entrada da sala de transmissões"



K3 > Foto nº 69 > "Uma placa que agora é a entrada da casa de um popular [e onde ainda é visível o nº  da CCAÇ 1422, a companhia do Veríssimo Ferreira!...É caso para dizer que o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!]


K3 > "Um dos edifícios transformados em escola"

Fotos do álbum de Carlos Afeitos, presumivelmente datadas de 2011.

Fotos (e legendas) ©: Carlos Afeitos (2013). Todos os direitos reservados


1. Em 17 de fevereiro último, o nosso camarada Veríssimo Ferreira fez este pedido ao  Carlos Afeitos, professor de matemática, cooperante na Guiné-Bissau, durante 4 anos (2008-2012), a residir neste momento em Londres, e nosso novo grã-tabanqueiro, com o nº 606 (, desde 19/2/2013):

17/2/2013

Caro Senhor Professor Carlos Afeitos:

Falou que tem fotos do meu velhinho K3, que ajudei a fazer e onde estive em 1966. Se quiser fazer o favor, que muito agradeço, envie lá essas fotos, logo que tenha pr' sí uns minutos vagos. Seja bem-vindo e obrigado.
Veríssimo Ferreira
ex-fur mil,
CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858
Farim, Mansabá, K3 (1965/67),

Email: verissimoferreira@sapo.pt

 
Guiné > Região do Oio > K3 > Um abrigo... A identificação da companhia (CCAÇ 1422),  desenhada com garafas de cerveja vazias... O K3 começou a ser construído pela CCAÇ 1421. A CCAÇ 1422 saiu de Mansabá para tomar posse e completar a construção do aquartelamento.

Foto: © Veríssimo Ferreira (2013). Todos os direitos reservados



2. Resposta, no mesmo dia, do Carlos Afeitos 
[, foto à direita,]:


Estive a rever as fotos que tenho do K3, não são muitas e se calhar não foram tiradas do melhor ângulo, mas envio as que tenho.

Não consigo identificar as restantes fotos, uma delas é relativamente a uma placa que agora é a entrada da casa de um popular.

Quando visitei esta povoação,  estivemos a falar com o guineense que tinha sido um ex-militar português. Mostrou-nos a cédula militar, que ainda guarda, e um papel da Embaixada Portuguesa em que se confirma que foi militar português na guerra. Eles explicou-nos que após o final da guerra teve que fugir, pois a sua vida estava em perigo. Voltou mais tarde e agora vive em K3.

Uma das fotografias é uma escola, melhor o interior de uma sala de aula. Não tenho a certeza se a mesma é do tempo do quartel militar ou se foram aproveitadas as instalações do quartel para fazer a sala de aula. Mas penso que é do tempo em que se construíram as escolas dentro dos aquartelamentos no seguimento da política da altura. É com muita pena minha que não tenho a fotografia, mas penso que também existe uma estátua de um militar a ensinar. Não tenho a certeza se é em K3 ou em Mansabá.

Também tenho algumas fotos de Mansabá e de um quartel militar perto de Farim, a 1 km para oeste,  que não sei como se chama.

Com os melhores cumprimentos

Carlos Afeitos

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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11318: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (64): Amigos brasileiros (Vasco Pires)

Guiné 63/74 - P11405: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (9): Resposta nº 17: Hélder de Sousa,ex-fur mil de Trms TSF (Piche e Bissau, 1970/72), membro da Tabanca Grande desde abril de 2007 e nosso colaborador permanente




Guiné > Bissau > Foto nº 1 > O Hélder de Sousa junto ao cais.




Guiné > Bissau > Foto nº 5 > O Hélder de Sousa em dia de aniversário, junto ao palácio do governador



Guiné > Zona leste  > Piche > Foto nº 11 >  Algures... em Piche

Fotos do álbum (esquecido...) do Hélder de Sousa


Fotos: © Hélder de Sousa  (2007). Todos os direitos reservados

A. Continuação da respostas ao inquérito por questionário aos nossos leitores. Resposta nº 17: Hélder de Sousa, ex-fur mil de TRMS TSF (Piche e Bissau, 1970/72), ribatejano, engenheiro técncio, residente em Setúbal, membro da Tabanca Grande desde abril de 2007 e nosso colaborador permanente:

Caros camaradas
Aqui vai a minha colaboração com as respostas às questões colocadas a propósito do 9º aniversário do nosso Blogue.

Saiu um pouco mais extenso do que o 'estilo telegráfico' que poderia ser mais fácil de ler mas fui pensando e escrevendo e reflectindo e acabou por sair o que vos envio.

Um grande abraço.


B. Resposta nº 17 >  Hélder de Sousa

Eu e o nosso Blogue

A propósito do próximo 9º aniversário deste espaço de partilha de memórias e afectos, que é o Blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné”, foi lançado um repto aos seus leitores, acompanhantes, membros e participantes, incluindo os ‘vigilantes’, para responderem a um pequeno inquérito, o qual poderá servir para melhor caracterizar o futuro do Blogue, conhecendo as motivações, os gostos e as expectativas daqueles que responderem.

Deste modo, segue-se o meu contributo.

As questões são:

(1) Quando é que descobriste o blogue?
(2) Como e através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) desde quando?
(4) Com que regularidade vês/lês o blogue? (diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)
(6) Conheces também a nossa página no Facebook? (Tabanca Grande Luís Graça)
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?
(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, de aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti? E a nossa página no Facebook?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos sete anteriores encontros nacionais?
(13) Estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.



E as respostas são, pela mesma ordem:

1. Descobri [o Blogue]  em Fevereiro de 2007.

2. Depois de muitos anos em que a lembrança da Guiné era ‘calada’, embora cada vez mais fosse mais forte o apelo, encontrei o “Diário [da Guiné”,  de António Graça de Abreu,  e, através dele, pesquisando nos ‘links’ que lá se encontravam, cheguei ao Blogue.

Comecei a ler, cada vez de forma mais intensa, comovendo-me, irmanando-me, divertindo-me com o que ia lendo e a ‘projectar’ muitas vezes a vivência daqueles tempos.


3. Na sequência do que acima escrevi e para mais concordando inequivocamente com os ‘estatutos’, ‘regras de conduta’, ou lá o que quiserem chamar, balizando os comportamentos dos intervenientes, acabei por decidir que era um espaço que queria compartilhar e pedi para ‘entrar’ de modo a participar no II Encontro que ocorreu em Pombal, salvo erro a 28 de Abril, data do que seria o aniversário do meu Pai [, Ângelo de Sousa Ferreira,  1921-2001 ,ex -1º Cabo n.º 816/42/5 da 4ª Companhia do 1º Batalhão de Infantaria do R.I. 23, São Vicente, Cabo Verde, 1943/44 - foto à esquerda]

Sou, portanto, membro desde Abril de 2007. Existe o poste P1652, de 11 de Abril de 2007, que refere ‘três novos candidatos’, o José Pereira, eu e o Jorge Teixeira “Portojo”.

4. Vejo o Blogue quase diariamente, alguns dias mais do que uma vez. É uma visita ‘obrigatória’ embora a disponibilidade para poder dar maior sequência às intervenções esteja limitada por questões familiares e profissionais.

5. Sim, tenho enviado algum material para o Blogue. Comentários em quantidade razoável porque são mais rápidos de ‘produzir’ e para que aqueles que escrevem possam aferir se são lidos, sendo que isso pode ser estimulante e motivador para novos contributos.






As fotos são realmente poucas, pois a maior parte delas, as que tirei em Piche e que por lá deixei por esquecimento quando vim embora, perderam-se num ataque a uma coluna em que a caixa em que elas se encontravam foi atingida, tendo o seu portador, o que tinha sido o meu 1º Cabo Guedes, ficado ferido no pescoço.

Relativamente a textos, tenho enviado alguns, com as memórias das vivências daqueles tempos, retratando algumas situações ou personagens com as quais convivi, já que não tendo sido ‘operacional’ não tenho relatos de ‘operações’ por mim vividos, embora tenha como orientação que a nossa presença naquele território foi multifacetada e é o seu conjunto que pode fazer a “História”. Quanto a enviar mais material, pois claro que o farei, logo que seja oportuno, embora goste de ‘dar o lugar aos novos’.

6. Sim, conheço a página no “Facebook”, sou ‘amigo’ dela. [E tem página pessoal no Facebook]

7. Vou incomparavelmente mais [vezes] ao Blogue.

Aliás, no “Face”, é mais de ‘fugida’ e um ou outro raro comentário. Mas considero importante, útil e essencial que o Blogue esteja reflectido no “Face” já que por aí ganha outra ‘visibilidade’, atinge outro público e até é possível verificar que uma quantidade apreciável dos seus ‘amigos’ não está, ainda, como membro do Blogue.

8. Do que gosto mais no “Face” é aquilo que escrevi cima, ou seja, a capacidade de o Blogue projectar para outro tipo de público, outro tipo de audiência, aquilo que é a sua essência.

No Blogue, o que gosto é, francamente, quase tudo. As memórias das diferentes vivências, dos diferentes locais, dos diferentes tempos, podendo assim ser feito o ‘filme’ da evolução daquela época.

Não é um espaço de uma “Unidade”, de “Companhia”, de “Batalhão”, é uma janela para um espaço comum transversal a todo o tempo do ‘conflito’ e a todo o espaço geográfico. Em terra, no ar e no mar. No ‘mato’ e em Bissau. Nas acções e operações e nas peripécias do dia-a-dia.

9. Do que ‘não gosto’ no “Face” não sei dizer. Insisto em que é importante e necessária a presença do Blogue no “Face”.

Do que não gosto no Blogue é a falta de contenção verbal de alguns comentários, deixando-me particularmente triste quando partem de camaradas que ‘têm obrigação’, pela sua craveira intelectual, de saber que estão a cometer infracção às regras do Blogue e ao mínimo de civilidade no relacionamento que se deve ter.

Por vezes tenho mesmo a sensação que pode ser feito propositadamente para criar um clima de animosidade contra o Blogue com vista a potenciar ‘deserções’ de camaradas ‘incomodados’ com as truculências que provocaram.

10. Não senhor, não tenho tido dificuldades [de acesso].

11. Relativamente à página no “Face” o seu significado é o mesmo que acima referi, ou seja, estar presente numa ‘rede social’ de larga utilização, potenciando o conhecimento do Blogue e dos seus conteúdos a uma mais vasta e diversificada audiência.

Relativamente ao Blogue é muito mais difícil opinar. Para mim o Blogue foi (e é) uma via de reencontrar o passado. Não por saudosismo, inconsequente, nem por revivalismo, mas sim para recuperar explicações.

Através do Blogue tenho obtido um maior, mais vasto e mais profundo conhecimento da Guiné, do ‘meu tempo’ e de outros, tomei conhecimento de episódios que nem de perto os sonhava, conheci amigos, que tenho preservado.

O Blogue é, também, um local onde encontro ‘lições de vida’ de uma forma ‘concentrada’, de revelações de camaradas com jeito para a poesia, para a escrita, para a crónica.

12. Sim, já participei em vários dos nossos “Encontros”. Falhei o “I Encontro”, apesar de ter ocorrido aqui bem mais perto de onde vivo [, na Ameira, em Montemor o Novo], pois nessa altura ainda não conhecia o Blogue, e falhei, salvo erro, o “IV Encontro”, ou seja a segunda vez em Ortigosa.

13. Embora ainda não me tenha inscrito formalmente, é de facto minha intenção estar presente no nosso VIII Encontro [Nacional],  no próximo dia 8 de Junho,  em Monte Real [, Leiria].

A minha demora na inscrição prende-se com a saúde de um amigo que gostaria de levar e que está à espera de ser alvo de uma intervenção cirúrgica.

14. Se o Blogue ‘ainda tem fôlego, força anímica, garra, para continuar'... Já li por aqui coisas bem interessantes sobre o que alguns camaradas pensam disso. Palavras de incentivo, de afirmação de vontade, de bom senso.

Também penso que sim, que ‘ainda tem’ isso tudo. O Blogue! Mas, e as pessoas que lhe dão corpo? O desgaste é grande, a ‘batalha’ já é prolongada, a idade já vai ‘pesando’.

No entanto, a razão de ser da sua ‘criação’, que se revelou extremamente acertada, útil e até indispensável, não se esgotou.

Através do Blogue criou-se uma imensa rede de amizades, de conhecimentos, de cumplicidades, fizeram-se amigos, reencontraram-se outros, potenciaram-se “tabancas” para alegres convívios comensais e não só, criaram-se ‘grupos de trabalho’ para originar obras, incentivou-se camaradas a escrever as suas memórias, criou-se um imenso acervo fotográfico, deu-se voz a acções de cooperantes para se compreender que as novas gerações também sentem pela Guiné muito do que nós sentimos, possibilitou a ‘revelação’ de escritores e poetas, ajudou em trabalhos de estudo e de pesquisa, e muito mais.

Então, a questão não é se o Blogue tem isso tudo que é perguntado mas sim se as pessoas, e essas pessoas são os que dia-a-dia corporizam o Blogue, têm esses predicados.

E as pessoas não são só os Editores são, essencialmente, todos nós, os que lemos, os que queremos mais, os que fazem (ou fizeram) ‘blogueterapia’, os que ainda não contaram tudo.

15. As “outras críticas, sugestões e comentários” vão no sentido de apelar à contínua colaboração dos leitores do Blogue para que contribuam com mais material.

Pode-se pensar, ou dizer, que ‘já foi tudo dito’, que há temas ou assuntos que ‘já não se pode ouvir falar’, que os camaradas já contaram as suas vivências e que agora não têm mais, a não ser que inventem ou que romanceiem, mas isto não é totalmente verdade, basta ver dois ou três pequenos exemplos, como o caso do “Cifra”, do Veríssimo dos ‘melhores 40 meses da vida’ e do ‘sou amanuense, porra!’ para se perceber que há mais aspectos que ainda nos podem surpreender, tanto no conteúdo como nos intervenientes.

E é tudo! Um bom aniversário e votos de “quantos muitos” ao nosso querido Blogue.

_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 16 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11404: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (8): Resposta nº 16: Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)

Guiné 63/74 - P11404: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (8): Resposta nº 16: Jorge Pinto, ex-alf mil, 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74)


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART do BART 6520/72 (Tite,  1972/74)  > Aspeto parcial do aquartelamento. Foto " tirada da torre em direção ao posto de enfermagem". 

Foto (e legenda): © Jorge Pinto (2012). Todos os direitos reservados


A. Continuação da publicação de respostas ao nosso "questionário aos leitores do blogue" (*). A resposta nº 16 cabe ao nosso amigo e camarada Jorge Pinto [ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74),membro da nossa Tabnaca Grande desde 17/4/2012]:

Camarada e amigo Luís Graça

Acabo de ler o teu mail e vou tentar responder, já... Devo-te uma resposta e receio que envolvido com os netos e a vida intensa que ainda levo, o tempo vá passando e ...

Tive conhecimento do Blogue, através do nosso conhecido amigo e tabanqueiro Luís Moreira, há cerca de um ano e meio. Depois de ler, verificar que a temática "me tocava diretamente" e a organização/funcionamento me agradava, resolvi pedir para também pertencer como membro da Tabanca Grande. [1, 2, 3]

Contudo, durante este último ano, devido à vida ocupadíssima que tenho tido, não tenho tido tempo para participar no Blogue como inicialmente planeava e me propus (**). [4]

Tenho muitas fotos, principalmente de Fulacunda, mas pelo que verifico são muito idênticas a outras, de aquartelamentos similares, já publicadas no Blogue... [5]

Quero, no entanto, afirmar que para mim este Blogue faz sentido e tem utilidade.É um forum excecional, de exposição de ideias, opiniões, experiências e sobretudo de "noticia", sobre factos importantes para a compreensão da Nação Portuguesa e Guineense que, hoje, somos.

É igualmente um espaço de leitura no qual nos embrenhamos não dando pelo tempo passar. É igualmente um óptimo local de encontro de amigos especiais. [8, 11] 

[ Foto à esquerda: VII Encontro Nacional da Tabanca Grande > Monte Real > Palace Hotel > 21 de Abril de 2012> A Joana Graça e o Jorge Pinto] 


Estive no último Grande Encontro Nacional e espero estar também presente no próximo, dia 8 de Junho, em Monte Real. [12, 13]

Recebe o meu forte alfa bravo e minha admiração pela dedicação a este projecto.

Jorge Pinto (**)
____________

Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 15 de abril de 2013 > Guiné 63/74 - P11397: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (7): Resposta nº 15: José Martins, ex- fur mil trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos (Canjadude, 1968/1970) e nosso colaborador permanente


(...) Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue ?
(2) Como ou através de quem ? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia) ? Se sim, desde quando ?
(4) Com que regularidade visitas o blogue ? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.) ?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça] ?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue ?
(8) O que gostas mais do Blogue ? E do Facebook ?
(9) O que gostas menos do Blogue ? E do Facebook ?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue ? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje) para ti ? E a nossa página no Facebook ?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais ?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real ?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar ?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

(**) (...) "Meu nome completo é Joaquim Jorge Loureiro Pinto, sendo mais conhecido por Jorge Pinto ou Alferes Pinto. Depois de ter passado por EPI (Mafra), EPA (Vendas Novas), EPA (Tancos) e RAL 5 (Penafiel) voei para a Guiné a 23 de Junho de 1972, integrado na 3.ª CART do BART 6520/72, sediado em Tite.

"Sou natural de Alcobaça e vivo actualmente em Sintra. Após o meu regresso da Guiné, completei a licenciatura em História, dedicando-me, a par de outras ocupações, ao ensino secundário, gestão escolar e formação pedagógica de professores" (...)

(...) A sede do Batalhão em Tite, a 1.ª CART em Jabadá, 2.ª CART em Nova Sintra e a 3.ª CART em Fulacunda, onde fomos render os Capicuas (1970/72). Mais tarde (1973), a minha companhia (3.ª CART) passou a pertencer ao comando do COP 7.

Embarquei numa LDM e lá fui pelos braços de mar em período de maré cheia até próximo de Fulacunda. Daí segui numa GMC (cerca de 2 Km), até ao quartel onde acabei por permanecer durante 26 meses. É sobre esse período que irei tentar redigir alguns artigos, abordando várias vertentes: Usos e costumes da população Beafada ali residente, Guerra e os seus feridos (não tivemos felizmente mortos), o quotidiano no quartel, o 25 de Abril em Fulacunda, vinda de representantes do PAIGC a Fulacunda, em Julho de 1974, conversas com a população africana sobre a “mudança” que o “25 Abril” iria provocar… Enviarei igualmente fotos “desse tempo” relacionadas com a respectiva matéria. (...)

Guiné 63/74 - P11403: Tabanca Grande (393): Carlos Fraga, ex-alf mil, 3ª C/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1973) e ex-cap mil (Moçambique, 1974), nosso grã-tabanqueiro nº 611



Carlos Fraga, hoje... Vive em Faro





Foto nº 79 > O Carlos Fraga, ex-alf mil, 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1973)78 > "Numa operação de patrulha. Creio que foi numa picada que ia de Mansabá em direcção ao Sara-Changalena, picada que não era utilizada há anos e que pretendiam reabrir para reabrir o acesso directo a uma localidade que não me lembro o nome, picada essa que atravessava o Sara-ChangalenaDurante Intervalo para almoço. O calor era tanto que tirei o dolmen para o torcer encharcado de humidade. Outro pormenor. Tínhamos sempre as armas prontas. Almoçava-se ou descansava-se com elas ao colo ou mesmo à mão."





Foto nº 85 > Trincheiras reforçadas com bidões cheios de terra no quartel de Mansabá

Fotos: © Carlos Alberto Fraga (2013). Todos os direitos reservados



1. Mensagens enviadas pelo  Carlos Fraga, que passa hoje a integrar a  nossa Tabanca Grande, sob o nº de ordem  611.


(i) 6 de abril de 2013

Caro Luís

Terei muito prazer em fazer parte da Tabanca Grande e em partilhar as minhas experiências da Guiné. O tempo que passei por lá é inesquecível e os convívios periódicos da 3ª Comp a que tenho ido (não todos) são óptimos.

Envio-lhe mais umas fotos da Guiné tiradas por mim. Há algumas que faltam mas terei que rever os slides todos e os negativos para detectar exactamente quais.

Mando-lhe uma listagem em anexo de legenda dos slides do DVD que o nosso comum amigo Jorge lhe enviou partindo do principio que a ordem é idêntica à do CD que também me enviou.

Não tenho nenhum obstáculo a que utilize no seu blogue as fotos desde que mencione a origem. Quanto às que adquiri e, como referi no mail, idem, desde que mencione que foram cedidas por mim sendo de autores desconhecidos.

A mim preocupava-me documentar a guerra na Guiné, como vivíamos, o que se passava etc. Daí os slides e fotos que tirei. Levava as máquinas fotográficas comigo para o mato. Pena terem-se estragado 2 rolos ( ou já estariam estragados) pelo que muitas das fotos que tirei foram à vida. Para além desses comprei a militares as fotos que consegui.

O Jorge [Canhão] já o informou do meu percurso militar. Como curiosidade digo-lhe que tomei conhecimento do MFA e aderi a ele logo mesmo quando começou. Como já se sabe, teve início na Guiné em 1973 a partir de uma reunião de oficiais em Bissau. Nesse mesmo dia em Mansoa soube do que se passava e aderi.

De regresso a Mafra, e aí já como tenente, o meu superior dentro do MFA era o Ten Marques Júnior. Posteriormente fui formar batalhão em Penafiel onde o meu superior hierárquico dentro do MFA era o famoso Cap Dinis de Almeida (fala um pouco de mim nessa altura no seu livro «Origem e evolução do movimento dos capitães»).

No dia 25 de Abril com várias vicissitudes fui para o Porto fazer o pronunciamento militar.

Posteriormente fui como Capitão Miliciano para Moçambique, comandando uma companhia durante a descolonização. Acabei nos Açores nos resquícios do Verão quente nos Açores. Ainda apanhei, também, o PREC, o 25 de Novembro. Sou me escapou o 11 de Março, em que estava de licença.

Cumprimentos

C. Fraga

(ii) 9 de abril de 2013

Caro Doutro Luís Graça

Tenho estado a ver o blog e creio que ainda não o vi todo.

A experiência da Guiné é inesquecível para quem por lá tenha passado sobretudo aqueles que estiveram em zonas de combate. Quando cheguei à Guiném  Guileje acabara de cair e também por essa altura houve a questão de Guidage. Havia muita apreensão entre as NT. Tentei documentar o que por lá se passava, o que tínhamos, como vivíamos, transmitir a dureza da guerra em que estávamos envolvidos e, se possível, até imagens de combate. Daí a série de fotografias que tirei de alguns sítios por onde ia andando. Outras, dado o meu interesse, adquiri-as. Mandei-lhas separadas e com indicação expressa de umas e outras.

 O vosso Blog é bem vindo e creio que partilhar as experiências e as imagens da Guiné é óptimo tanto para informação como para manter o espírito da geração que por lá passou. Assim dá-me muito prazer partilhar. Qual o vosso critério de publicação de experiências, de fotos etc. Terei gosto em participar no vosso blog dentro das orientações do mesmo, em que sejam publicadas as fotos para que não fiquem apenas em arquivo individual. Cumprimentos e um abraço C. Fraga

 PS. Irei ao almoço do dia 27 em Faro


2. Comentário de L.G., com data de 10 do corrente:

Meu caro camarada Carlos Fraga;

Temos um livro de estilo, donde constam basicamente 10 regras que orientam a nossa política editorial (e que já vêm da I Série do Blogue):

Por outro lado, e como antigos camaradas de armas que fomos, tratamo-nos por tu. Carlos, vou-te apresentar à Tabanca Grande. Tenho muito apreço pelo teu CV. Estiveste, ao serviço da pátria, numa época charneira da nossa história. Foste ator social e testemunha privilegiada. A tua presença muito me/nos honra. Manda uma foto tua, atual, se possível. Um Alfa Bravo. Luís

3. Resposta do C.F., com data de 11 do corrente:

Obrigado pelas respostas.

Agora que entrei nisto que me agrada,  dir-me-ás como mentor do Blog e editor como pensas que se podem publicar as minhas fotos e, eventualmente, inseri-las num contexto.

Como solicitaste,  envio-te uma foto minha (a mesma que está no perfil do facebook). Tem para aí 3 anos
Abraço
C. Fraga

4. Novo comentário de L.G., com data de 11 do corrente:

Grande Carlos:

Obrigado. Vou-te apresentar à Tabanca Grande, se possível ainda hoje.. Serás o grã-tabanqueiro nº 611. As tuas fotos (e as respetivas legendas) terão direito a uma série própria...A numeração das fotos do teu CD não bate certo com as que me mandou o Jorge Canhão (via Agostinho Gaspar)... Em caso de dúvida, peço a tua ajuda... Tens documentos do teu tempo de Guiné que julgues de interesse divulgar ? E histórias ? Já percebi que tens jeito para a escrita...

Aí vai um Alfa Bravo. Luis

5. Nova mensagem do Carlos Fraga, com data de 12 do corrente:

Agradeço a minha inclusão na Tabanca Grande.

Tudo bem, fazeres uma sére com as minhas fotos. Obrigado. Talvez escreva umas curtas histórias dizendo o que significam e os porquês. Tenho jeito para a escrita mas de livros e artigos científicos. Para romance, contos etc. já não tenho esse jeito com muita pena minha. Já me pediram para escrever um livreco sobre o meu tempo de Guiné e o de Moçambique mas para isso não tenho muito jeito: Escrevi a pedido do Jorge Canhão uma curta história sobre o combate no Choquemone que, creio, o Jorge divulgou pela malta que lá estava a ver se alguém queria acrescentar algo para se poder contar a história o mais completa e verídico possível.

Talvez vá encontrando em caixotes alguma coisa escrita do tempo da Guiné mas será muito pouco. A correspondência enviada à minha ex-mulher e à minha filha, creio que se perdeu toda numa inundação que houve em casa dos meus ex-sogros. Quanto à enviada aos meus pais assaltaram-nos uma casa onde tínhamos a papelada e levaram tudo. De forma que é muito pouco provável que se encontre muita coisa. Mas irei vendo.

Para ficares mais informado sobre mim fui juiz durante mais de 20 anos, fiz o Mestrado e o Doutoramento (Direito Constitucional-Direitos Fundamentais) e sou investigador integrado do CAPP, ISCSP, Universidade Técnica de Lisboa (UTL).

Abraço
C. Fraga


6. Comentário final de L.G.:

Carlos, vejo que para além da guerra colonial, da Guiné e do 25 de Abril, temos mais afinidades... Conheço o ISCSP, fiz lá o 1º ano em 1975/76, o Salgueiro Maia foi meu colega (ele andava em antropologia e eu em ciências sociais). Depois passei pelo ISEG (2º ano) e acabei no ISCTE (3º 4º e 5º) onde me licenciei em sociologia (a primeira fornada de sociólogos; não havia sociologia antes do 25 de abril). Sou doutorado em saúde pública. Obrigado por estas informações adicionais que vou integrar na tua apresentação. Um Alfa Bravo. Luis Graça
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P11402: Memória dos lugares (229): Bafatá dos anos cinquenta (Leopoldo Correia)

1. Em mensagem do dia 17 de Março de 2013, o nosso camarada Leopoldo Correia (ex-Fur Mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65), enviou-nos para publicação algumas fotos de Bafatá do ano de 1959.


1. Fotos de Bafatá, de 1959, tiradas por um familiar ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa filha do senhor Faraha Heneni


Foto nº 1 > Cheias de Bafatá, 1959



Foto nº 2 > Cheias de Bafatá, 1959. O mercado local.


Foto nº 3 > Cheias de Bafatá, 1959


Foto nº 4 > Bafatá, 1959. "A fonte pública de Bafatá, 1948".



Foto nº 5 > Bafatá, 1959. O jardim, junto ao Rio Geba. Estátua de Oliveira Muzanty


Foto nº 6 > Bafatá, 1959.  Um estabelecimento comercial [Presume-se que seja a Casa Marques da Silva]



Foto nº 7 > A família Marques da  Silva em Bafatá, em 1959. O rapaz ao centro da foto era o Xico, filho de uma Balanta e do Marques da Silva, ambos já faleceram. Talvez alguns dos nossos camaradas desse tempo ainda se recordem deles.
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Nota do editor:

Último poste da série de 15 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11401: Memória dos lugares (228): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Fernando Gouveia)