sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13574: Notas de leitura (629): "Quebo, Nos confins da Guiné", por Rui Alexandrino Ferreira (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 25 de Agosto de 2014:

Queridos amigos,
O confrade Rui Alexandrino Ferreira é um sanguíneo, gosta de emoções fortes, arrebata-se, indigna-se, põe tudo na narrativa em que desorienta o leitor que procura em vão a cronologia da comissão, há sempre interferências, há sempre amigos a ser convocados, uma história a ser contada, de quando em vez há uma pontinha de azedume e não esconde que se considera mal tratado no campo das condecorações.
O livro recai sobre si como uma homenagem, é também uma convocatória de amigos. O general Pezarat Correia que com ele acamaradou em Aldeia Formosa dirá mesmo que o autor “aliava ao seu entusiamo contagiante uma notável dose de bom-senso, o que lhe permitiu aplicar a sua coragem, o seu sentido de disciplina, o seu gosto pela decisão, na medida e no sentido convenientes”.

Um abraço do
Mário


"Quebo, nos confins da Guiné", Rui Alexandrino Ferreira

Beja Santos

"Rumo a Fulacunda", de Rui Alexandrino Ferreira, Palimage 2000, é a história de um alferes miliciano natural de Angola que veio combater no Sul da Guiné e deixou um depoimento por sinal bem controverso, a sua recensão está publicada no nosso blogue(*).

Surge agora "Quebo", também editado pela Palimage, são reflexões e divagações de Rui Alexandrino Ferreira enquanto capitão miliciano, de novo na Guiné, desta feita à frente da CCAÇ 18. A obra inclui diferentes depoimentos e talvez valha a pena fazer recurso do que o general Pezarat Correia escreve sobre a região da Aldeia Formosa ou Quebo. Pezarat Correia vem com o BCAÇ 2892, a partir de Novembro de 1969 é aqui oficial de operações. 

Chama-se o sector S-2, este batalhão que se derrama por Nhala, Aldeia Formosa e Buba, estava reforçado com mais três companhias operacionais no setor sob comando do COP 4, disseminadas por Empada, Mampatá, Chamarra e Pate Embaló. É uma força militar de grande significado, a que se juntam um destacamento de fuzileiros especiais, duas companhias de milícias e um grupo de caçadores furtivos. A tarefa prioritária é a contrapenetração dos efetivos do PAIGC provenientes da República Guiné Conacri, estes efetivos usavam os chamados corredores de Missirã, Guileje e Buba para atingirem os seus santuários no Sul e até à região Centro-Leste, designadamente a área do Xitole. 

O general Pezarat Correia sintetiza do seguinte modo:

  “No Sul da Guiné as zonas mais férteis para a agricultura estavam todas nas mãos do PAIGC. Os seus grupos circulavam aí com algum à vontade e tinham bases de apoio aos guerrilheiros, tornando muito mais curtos e menos vulneráveis os troços dos corredores de abastecimento suscetíveis de serem intercetados pela contrapenetração”

Pois é neste ambiente geográfico que em Janeiro de 1971 se integrou a CCAÇ 18 comandada por Rui Alexandrino Ferreira e tece vibrante elogio ao desempenho deste oficial, trata-o como um combatente de eleição, realça o seu relacionamento com oficiais sargentos e praças feito de camaradagem e sem qualquer perda de ascendente para as suas funções de comando.

Rui Alexandrino Ferreira foi comandante de um grupo de combate da CCAÇ 1420 entre 1965 e 1967. Não se ambientou à sua vida numa repartição da fazenda em Sá da Bandeira, aceitou frequentar o curso de oficiais para capitães, temo-lo de novo na Guiné em Agosto de 1970. 

Colocado à chegada na CCAÇ 2586 dela transitou para a CCAÇ 18. Terminará esta segunda comissão em Setembro de 1972. Começou por ir para Pelundo onde fez boas amizades. Feito o IAO em Bolama, rumaram para Buba. Vê-se que é um bom conversador e contador de histórias, é delirante a confrontação entre a mulher de um major e um oficial médico, a senhora resolver ir armada com a pistola do marido para a messe de oficiais intimidando o médico a retirar-se, caso não o fizesse abria fogo.

É pena que o autor tenha entendido dar libre curso aos seus sentimentos relegando para segundo plano o historial da CCAÇ 18 no Quebo, vai divagando e pondo antigos camaradas a depor sobre as suas vivências de tal sorte que se entrecruzam comissões com o 25 de Abril, histórias pessoais com operações, a narrativa de amizades como a que a Rui Alexandrino Ferreira manteve com outro capitão operacional de nome Horácio Malheiro, e assim chegámos a uma noite de atribulada de Natal em que elementos da CCAÇ 18 se envolveram em confronto mortal com militares do BCAÇ 3852. 

Segue-se uma nova leva de depoimentos avulsos, todos rendem homenagem ao capitão Rui, há mesmo quem conte a história da sua vida, depois o autor aproveita para contar histórias mais ou menos pícaras que escaparam ao livro anterior, Rumo a Fulacunda, increpa-se contra a guerra colonial, sem deixar de elogiar a adaptação do militar português, como escreve: 

“E se tivermos em linha de conta que ao longo de treze anos arrastados e uma guerra penosa e dura lutaram os filhos de um povo desamparado e simples, sozinhos contra tudo e contra todos, batendo-se em manifesta inferioridade técnica de meios, dada a rápida evolução que o armamento da guerrilha vinha sofrendo, deixando com o seu valor, o seu imenso poder de adaptação que o seu sentido de desenrascanço, a sua grandeza de alma, incrédulo e estupefato, o mundo inteiro, naquela que terá sido a maior epopeia em África, da era moderna da história de Portugal, que longe de nos envergonhar nos deve encher de orgulho”.


Viseu - RI 14 - 21 de Junho de 2014 -  Lançamento do livro "Quebo, Nos confins da Guiné", de Rui A. Ferreira. O Major-General Pezarat Correia durante a sua intervenção

E ao terminar, um pouco antes de manifestar a sua indignação por não ter sido condecorado com a Torre e Espada, o autor pretende ser esclarecido sobre várias situações e acontecimentos, como enuncia: 

“1 – Estaria a Guiné em condições de se tornar independente? Em caso negativo, porque não se prepararam primeiro os quadros? 2 – Estava a guerra perdida pelos portugueses? 3 – Quem mandou matar Amílcar Cabral? 4 – Foi um êxito ou um desastre a operação Mar Verde? 5 – Quem traiu os majores na chamada “Chacina do chão Manjaco”? 6 – Foi apurado em auto, ou não, a responsabilidade de alguém sobre a tragédia do Corubal onde morreram afogados 47 militares? 7 – Porque não se realizou, relativamente ao abandono de Guileje, o julgamento de Coutinho e Lima? Quais os motivos para uma amnistia tão rápida? Porque não perseguiu o julgamento todo o caminho que lhe faltava? Quem tinha medo que a verdade não correspondesse à sua?”.
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Notas do editor

(*) Vd. poste de 22 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6448: Notas de leitura (111): Rumo a Fulacunda, de Rui Alexandrino Ferreira (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 1 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13556: Notas de leitura (628): A Tricontinental: Quando Amílcar Cabral se tornou num teórico mundial da revolução (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13573: Parabéns a você (784): José Marcelino Martins, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série > 4 de setembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13569: Parabéns a você (783): Armor Pires Mota, ex-Alf Mil da CCAV 488 (Guiné, 1963/65); José Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 (Guiné, 1971/73) e Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CCAÇ 2339 (Guiné, 1968/69)

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13572: Agenda cultural (334): Noites de Verão no Museu do Chiado, com Kimi Djabaté, o grande artista lusoguineense, oriundo de Tabatô, lídimo representante da tradição da música afromandinga, sexta-feira, 5 de setembro de 2014, 19h30... Entrada livre.



Com a devida vénia ao sítio oficial do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, Lisboa



Local: Noites de Verão no Museu do Chiado

Data: 5 de Setembro

Horário: 19:30

Entrada: LIVRE

MNAC - Museu do Chiado

Sinopse:

“KIMI DJABATÉ

Escritor de canções, vocalista, balafonista, guitarrista e crucial embaixador da cultura mandinga e guineense em Portugal e no mundo, Kimi Djabaté - é pacífico dizê-lo - é hoje um dos grandes artistas de palco a residir no nosso país, que também se tornou o seu, já há mais de uma década.

Trata as suas canções com profunda noção de ofício, trabalhando-as com a precisão e o critério dos sérios e serenos. É filho de uma família secular de músicos, que se filiou na Guiné Bissau há mais de dois séculos, e é seu assunto vivencial, social e cultural tratar na forma de música as questões e resoluções de sempre e de hoje; a observação do mundo através da oralidade da música, algo que não tem como evitar tornar contemporâneo, sempre devidamente enriquecido por tanta tradição de o fazer.

Contos sobre moral, ética, cidadania, honestidade, amor, família e as grandes questões existenciais. E mesmo que as palavras que lhe saiam da boca soem a ouvidos brancos como código, a transparência humana e emocional fala a língua de todos nós. Numa altura em que se dão os últimos toques para a edição do seu próximo álbum, podemos esperar várias canções dos seus anteriores 'Terike' e 'Karam', o último dos quais o seu primeiro álbum com boa distribuição a nível mundial, que lhe rendeu rasgadíssimos elogios da imprensa internacional, e uma constantemente preenchida agenda em palcos na Europa, América e Ásia.

É com enorme prazer que o voltamos a receber no Jardim das Esculturas do MNAC, onde já nos ofereceu uma das grandes atuações que tivemos o privilégio de produzir ao longo dos anos para este ciclo.”

Vd. também Bandcamp -http://kimidjabate.bandcamp.com"

O nosso blogue apoia os artistas guineenses. O Kimi Djabté tem já 9 referências no nosso blogue.

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Nota do editor:

Último psote da série > 18 de julho de  2014 > Guiné 63/74 - P13413: Agenda cultural (333); Exposição de pintura de Joana Graça (n. Lisboa, 1978), no "Wine Up Lisboa", bar de vinhos e clube social, Rua do Alecrim, n.º 49, Lisboa... Hoje, às 18h00. Apareçam.


Guiné 63/74 - P13571: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (28): Guileje?!... Outra vez?!... (António Martins de Matos, TGen Pilav )

1. Mensagem do nosso camarada António Martins de Matos, TGen Pilav Ref (ex-Tenente Pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74), com data de 2 de Setembro de 2014:


Guileje, outra vez!

Após alguns eventuais estudos de EM, as Altas Chefias tinham chegado à conclusão que a melhor maneira de prepararem os jovens militares acabados de sair da Academia para uma vida de “futuras comissões no Ultramar” era dar-lhes uma primeira “experiência ao vivo” por terras da Guiné.
E qual o melhor local para “sentirem a coisa”? Guileje!!!

Não sei quantos Aspirantes eram, mais de 4 e menos de 8, alguém os terá levado até ao Guileje, visita e pernoita no quartel, devem ter aguentado uma manga de briefings, mosquitos, pius e … blá blá….
Até arrisco a dizer (especulação, alguém pode vir a confirmar ou negar tal pensamento) que terão visto e ouvido uns tiros de obus.
Depois havia que os trazer de novo à civilização, a missão da FAP consistia em ir recolhe-los e transportá-los de novo para Bissau.

20 Junho 72, já tinha um mês de Guiné e 11 horas de DO-27, completado o treino operacional (aterrar em Bula, Binar e Biambe), feito a minha primeira missão e, para além das do treino operacional já conhecia outras duas pistas, Tite e Fulacunda.
Coube-me ser o n.º 2 de uma formação de dois DO-27, o meu era o 3329, o piloto que liderava a operação parece que era daqueles que já tinha barbas, eu ainda era um imberbe periquito, nada de importante, não fazia a mínima ideia onde era o Guileje mas também não era importante, bastava-me seguir o chefe, havia de chegar ao destino.
Como ultimo conselho alguém amigo tinha-me dito para ter atenção à travagem já que a pista acabava na porta do quartel (que era de cimento).

 Posições relativas de Bula, Binar e Biambe

Posições relativas de Tite e Fulacunda

Ao fim da tarde lá descolámos de Bissau rumo Sul, apontados a Guileje, só que….

Época das chuvas, trovoadas, cumulo-nimbos, dilúvios à frente, ao lado, por detrás, nunca tinha visto chover tão grosso e por tanto tempo, lá me fui aguentando sem perder de vista o outro avião, mas com aquela sensação estranha de, em vez de avançarmos para o destino, andarmos às voltas.
Uma hora depois deste bailado vi algo que me fez disparar a adrenalina, um raio passou perto de mim a acertou lá em baixo no capim que, apesar de tanta chuva, logo começou a arder.
Devo ter dito algo pelo radio do tipo “Ó Janeca, olha lá o pingo da solda” de modo que o vetusto chefe da missão resolveu deixar-se de voltas e voltinhas e aterrar na pista mais próxima, esperando que aquele mau tempo acabasse por passar.
Depois de mais umas voltas finalmente lá encontrámos uma pista e aterrámos, só então me apercebi que, apesar de estarmos a voar há mais de uma hora, ainda só estávamos em … Bolama.
Os aviões apenas estacionados na placa, ao olharmos para Sul ia-me dando uma “travadinha”, vimos uma enorme mancha de “borrasca”, ali mesmo ao pé e a avançar para nós.
“Vamos embora JÁ”… e o grande chefe abalou.

 Localização de Bolama

Vide Carta da Provícia da Guiné 1:500.000

Sozinho, triste e abandonado, 40 dias de Guiné, lá me tentei desenvencilhar o mais rápido que podia e sabia, uma coisa era certa, tinha de descolar antes daquele mau tempo chegar, se ficasse no chão de certo que o vento me partia o avião.
Procedimentos a correr e muito atabalhoados, o inicio da descolagem acabou por coincidir com a ventania a chegar à pista, durante algum tempo ainda consegui manter o avião direito, depois as rajadas de vento tornaram o controlo da direcção difícil, o avião ficou tipo cata-vento, vi-me apontado a um dos embondeiros que ladeavam a pista.
Abortar a descolagem era má opção, continuei com o motor aos copos, em direcção à árvore.
Aqui um parêntesis, era periquito e com poucas horas no DO-27 mas tinha tido um grande instrutor.

Ao chegar perto do obstáculo… manche à barriga e flaps (todos) , o DO-27 parecia um elevador, logo passei por cima do embondeiro, como os pilotos costumam dizer… “na cagadinha”.

O regresso a Bissau demorou uns 15 minutos, os Aspirantes acabaram por ficar mais uma noite no Guileje, eu conheci mais uma pista (Bolama) e, com a ajuda do “Joãozinho Caminhante” … dormi que nem um justo!

Amigo José Almeida Brito [, foto de jornal, à direita], tenho saudades tuas, obrigado pelos teus ensinamentos, onde estiveres, este texto é para ti.
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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13415: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (27): De visita, com o seu neto, ao Museu do Ar, em Sintra, o Vitor Oliveira reencontra o T6, nº 1737, no qual voou no CTIG

Guiné 63/74 - P13570: História da CCAÇ 2679 (69): O número 2 de "O Jagudi" (José Manuel Matos Dinis, ex-Fur Mil da CCAÇ 2679)

HISTÓRIA DA CCAÇ 2679

69 - O NÚMERO 2 DE "O JAGUDI"


1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 25 de Agosto de 2014:

Já antes dei notícia de que em Bajocunda editou-se um jornal de grande repercussão e prestígio junto da população militar ali habitante. Não é que lá faltassem informações, até boatos, mas era uma coisa nossa, feita com o carinho de uma comunidade geralmente amiga, e que tinha a sua própria visão do mundo. Quem quisesse, poderia dedicar-se à escrita de um texto, que submetido à comissão local de censura, se fosse aprovado, veria a luz do dia. Acho que foram todos. E a pomposa comissão local era só eu. Sendo assim, em que medida poderia um qualquer texto ser censurado? Desde logo se dissesse mal de mim, coisa óbvia, ao alcance dos cidadãos simples que se ofereçam para estes trabalhos. O problema, é que eram tão escassas as colaborações, que não tive oportunidade para o exercício desse mister, com a frequência que me daria importância histórica.

De facto, uma ocasião depois do golpe de Abril, para integrar uma comissão para a qual fora eleito, pedi uma declaração sobre uma eventual ficha na "extinta", e a resposta foi de uma pobreza total. É que nem bufo conseguira ser! Falta de aptidão, certamente. Outros, carregadinhos de informações e "desvios", estão agora muito bem na vida, inclusivamente em regime de acumulação de pensões. E não é só a um que me refiro. Nem da mesma fonte.

Regresso ao Jagudi, melhor, O Jagudi. Dava um bocado de trabalho. foi necessário integrar o capitão na vontade de o fazer, apesar dos prejuízos causados no saco azul, mas, em contra-partida, granjeava-lhe imenso fascínio e prestígio junto da população militar, ao mesmo tempo que lhe dispensava um ar de patrocinador diletante e despreocupado, sem necessidade de declarações para as finanças. Por trás dos respectivos óculos de ver melhor, dois sargentos lá alapados, faziam caretas sobre o desenrolar da iniciativa, e deitavam contas à despesa mensal intrínseca. Numa cera batia-se o texto e o arranjo gráfico de cada página, que depois das correcções introduzidas pela aplicação de verniz, sobre as quais se dactilografava o texto correctamente fixado, ia à máquina reprodutora de impressão gráfica. Isto acontecia para cada folha. Finalmente, seleccionavam-se as folhas de diferentes temáticas para cada exemplar, agrafavam-se, e punham-se ao dispor dos simpáticos cidadãos, que se dessem ao trabalho de as ler. E desta presunçosa actividade, nascia o dito cujo, órgão da informação, da cultura, de passatempo, e de outros adjectivos que a imaginação possa inculcar-lhe, de domínio colonialista, para não facilitar a vida aos "reaças". Não era bem assim, no meu entender, mas ao longo das edições, vou já antecipar a confusão.

Desta vez, dou a conhecer três textos do número dois. Um de ordem afecto-psicológica, uma espécie de introspecção sobre o papel de uma mãe ausente na vida de um tropa paisano e mobilizado algures na Guiné. Outra, de outro excelente camarada, reporta-se a uma temática pertinente para o ambiente da guerrilha, e tem a ver com o quotidiano de cada um de nós, no sentido de mantermos alertas, contra as mais dissimuladas e imprevistas actividades do IN. Finalmente, uma narrativa retirada de uma revista internacional, sobre os problemas de uma senhora trintona, da nobreza, que não foi a Bajocunda naquela época. Como teria sido diferente, e proveitosa, uma estadia que tivesse feito junto do pessoal da nossa Companhia. Mas acho que foi tudo produto de fértil imaginação.

Assim, deixo ao vosso cuidado a leitura e a eventual apreciação que possam fazer, não sem que, antes, e lealmente, vos alerte para as regras de boa educação que são timbre do Blogue, e de que eu, por inerência, também sou beneficiário.
Boa leitura.



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Nota do editor

Último poste da série de 5 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13466: História da CCAÇ 2679 (68): Flagelação muito concentrada e certeira (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P13569: Parabéns a você (783): Armor Pires Mota, ex-Alf Mil da CCAV 488 (Guiné, 1963/65); José Câmara, ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 (Guiné, 1971/73) e Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CCAÇ 2339 (Guiné, 1968/69)



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Nota do editor

Último poste da série de 3 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13562: Parabéns a você (782): Luís Gonçalves Vaz, Amigo Grã-Tabanqueiro

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13568: Ser solidário (163): Escola Humberto Braima Sambu, precisa de ajuda

1. O nosso Amigo guineense Humberto Braima Sambu, é Director e fundador de uma escola com o seu nome, cuja fundação data de 15 de Maio de 1992.


Contando actualmente com um total de 425 alunos de ambos os sexos e tem muita aceitação na comunidade, fazendo grande sucesso sobretudo na educação das crianças e adolescentes.

Um dos maiores problemas que enfrenta é a aquisição de materiais didácticos 

2. É deste nosso Amigo que recebi a seguinte mensagem: 

Caro amigo Magalhães,

Os meus melhores e respeitosos Cumprimentos, 

Fiz um micro projecto para solicitação de ajudas materiais. Como lhe tinha explicado conseguimos alguns materiais aí, em Portugal, mas não vejo maneira de os fazer chegar cá, a Bissau.

Desta forma agradecia a todas pessoas de boa vontade, que me possam ajudar a trazer, ou enviar, esses materiais para a Guiné-Bissau. 

Esses materiais são destinados aos alunos da escola privada Humberto Braima Sambu, no Bairro Militar, mais concretamente no Plak1.

Em Lisboa, o meu contacto é o Sr. Umaro. Foi ele quem cuidou da recolha dos materiais na sua casa, mas avisou-me de que vai mudar da residência, e, por isso, eu peço encarecidamente a todas pessoas de boa vontade que me ajudarem, pois estamos na eminência de perder esta preciosa e valiosa recolha. 

Necessitamos urgentemente de tudo para as crianças e os adultos da nossa pobre comunidade.

Obrigado a todos pela vossa compreensão, amizade e eventual ajuda,

Humbogo Braima Sambu
Caixa Postal 971, Bissau
Guiné Bissau
Telefone 00245 6819285/ 002455880463

3. Resta dizer que a escola Humbogo Braima Sambu, Bairro Plak1, se localiza no fim de curva de Toca-toca, ao lado de escola pública de Plak1


Telm: 00245- 681 92 85/00245-588 04 63
E-mail: sambubraima@gmail.com
Caixa Postal: 791 Bissau
Guiné-Bissau
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 

Guiné 63/74 - P13567: Inquérito online: A propósito dos capelães militares no CTIG... Resultados preliminares (n=34) quando faltam 2 dias para fechar a votação... A resposta mais frequente: "Guardo boas recordações deles" (n=11)



Ex-alf mil capelão Augusto Batista  
(CCS/BCAÇ 2861,
Bula e Bissorã. 1969/70)
A. INQUÉRITO ONLINE: A PROPÓSITO DOS CAPELÃES MILITARES NO CTIG... (PODES DAR MAIS QUE UMA RESPOSTA)

1. Não conheci nenhum  > 11 (32%)

2. Houve momentos em que senti a sua falta  > 1 (2%)

3. Guardo boa recordação deles  > 11 (32%)

4. Davam algum conforto espiritual aos nossos soldados  > 6 (17%)

5. Eram tão importantes como os médicos  > 0 (0%)

6. Eram mal compreendidos por todos nós  > 2 (5%)

7. A hierarquia a militar não confiava neles  > 1 (2%)

8. O Estado Novo e a Igreja abusaram deles  > 4 (11%)

9. A malta deixou de praticar (ir à missa, confessar-se, rezar…)  > 5 (14%)

19. Não estavam preparados para lidar com a malta  > 5 (14%)

11. Nunca senti a sua falta  > 6 (17%)

12. A experiência da guerra fez-lhes mal  > 1 (2%)

13. Acho que um psicólogo seria mais útil  > 2 (5%)

14, Deveria ter havido também capelães muçulmanos  > 1 (2%)

15. Não sei, não tenho opinião  > 3 (8%)

Total de votos apurados:  34

B. Não são muitos, os antigos capelães militares que passaram pelo CTIG, e que nos honram com a sua presença, sentados sob o poilão da Tabanca Grande... Recorde-se esses nossos quatro grã-tabanqueiros:

Arsénio Puim (açoriano, da Ilha de Santa Maria, ex-alf mil capelão, CCS / BART 2917, Bambadinca, 1970/72;   foi  expulso do Batalhão e do CTIG em Maio de 1971;  no final da década de 1970 deixou o sacerdócio, formou-se em enfermagem, casou-se, teve filhos:L vive na Ilha de São Miguel):

[Arsénio Puim, Bambadinca, c. 1970/71]

Horácio Fernandes

Augusto Batista [, vd. foto acima]:  (i) ex-alf mil capelão CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã. 1969/70; (ii) capelão Militar das Tropas Paraquedistas, em S. Jacinto (jul/1978 - nov/1982); (iii) capelão das Tropas Paraquedistas em Tancos (nov/1982 - ago/1988);  (iv) capelão addjunto da Chefia do Serviço de Assistência Religiosa da Força Aérea, em Lisboa (ago/1988 - out/1990); (v) capelão do Hospital da Força Aérea no Lumiar, Lisboa (out/1990 - jul/1995):   e (vi) capelão  chefe da GNR - Guarda Nacional Republicana, em Lisboa (jul/1995 - mar/2000); é hoje ten cor ref. e vive no concelho de Vila Nova de Gaia, tendo sido trazido até nós pela mão do Armando Pires,

Horácio Fernandes (padre franciscano, foi alf mil capelão na CCS/BART 1913, Catió, 1967/69; deixou o sacerdócio em 1972; casou-se e teve filhos; é inspetor da educação, reformado: nasceu em Ribamar, Lourinhã, em 1935; vive no Porto):

Mário de Oliveira (mais conhecido como Padre Mário da Lixa): seguramente  o mais mediático dos quatro, devido aos seus problemas com o Exército, a PIDE/DGS, o seu bispo (do Porto), a hierarquia da Igreja... Foi alf mil capelão, CCS/BCAÇ 1912, Mansoa, entre novembro de 1967  e em março 1968; é autor de vasta obra de reflexão espiritual e teológica: vive no concelho de Felgueiras.

[Mário de Oliveira, foto atual à esquerda]

C. Muitos de nós convivemos, minimamente, com um capelão militar, no CTIG. Temos seguramente opinião sobre os nossos capelães:  o seu papel, o seu relacionamento com a  população e com a tropa; a sua preparação; a sua importância... A sondagem em curso contem 15 hipóteses de resposta, que não são falsas nem verdadeiras... 

Caro leitor, dá a tua opinião. Podes escolher duas ou mais respostas. Tem ainda 2 dias... Vota diretamente no blogue, na coluna do lado esquerdo, ao canto superior... Obrigado.


Guiné 63/74 - P13566: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte VIII: setembro de 1972: (i) ataque de envergadura ao Xitole; e (ii) as obras de manutenção e conservação nas tabancas em autodefesa "progridem, mas a ritim,o lento, dada a fraca propensão dos seus habitantes ao trabalho, o que sobrecarrega a [nossa] tropa"......



Guiné > Zona leste > Setor L1 > Subsetor de Xitole > Carta de Xitole (1955) (Escala 1/50 mil) > Posição relativa de Xitole, na margem direita do mítico Rio Corubal, no sul do setor L1... Ficava na estrada Bambadinca-Saltinho... Mais a sul, e antes do Saltinho, ficavam os as tabancas em autodefesa de Cambesse (ou Cambéssé) e Tangali. O setor L1, além dfo subsetor do Xitole, tinha ainda os subset6ores de Mansambo, Xime e Bambadinca.

Infografia: Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné (2013).


1. Continuação da publicação da história da unidade - BART 3873(Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].

Destaque, no mês de setembro  de 1972, ainda na época das chuvas, para : (i) o ataque de grande envcergadura ao Xitole, por uma força IN estimada em 75 elementos; e (ii) trabalhos de manutenção das tabancas de autodefesa, fulas, sem aparente grande entusiasmo por parte dos seus habitantes, a quem o PAIGC tenta aliciar, sem deixar de intimidar. (LG)


Setembro de 1972: e  a guerra continua: 29 ações, envolvendo 76 Grupos de combate







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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de agosto de 2014 >

Guiné 63/74 - P13544: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte VII: Agosto de 1972: apresentação no Enxalé de 36 elementos pop sob controlo do IN

Guiné 63/74 - P13565: Convívios (621): Encontro do pessoal da CART 6250, realizado no dia 24 de Agosto de 2014 em Leiria (Luís Marcelino)

CONVÍVIO ANUAL DO PESSOAL DA CART 6250/72
REALIZADO NO PASSADO DIA 24 DE AGOSTO DE 2014 EM LEIRIA



1. Mensagem do nosso camarada Luís Marcelino (ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), com data de 1 de Setembro de 2014:

No passado dia 24 de Agosto, realizou-se o convívio anual da CART 6250/72, desta vez para comemorar o 40.º ano do regresso da Companhia da Guiné que ocorreu precisamente a 24 de Agosto.

O convívio foi realizado em Leiria, depois dos ex-militares se terem concentrado em Fátima, onde participaram na Missa.

Estiveram presentes um número significativo de militares, acompanhados por suas famílias, vivendo-se momentos de muita descontração, alegria, e confraternização.

O almoço, que consistiu em porco no espeto, foi bem regado pelos melhores vinhos das regiões dos presentes e adocicado com uma excelente variedade de bolos regionais.

Houve muita música que exteriorizou a alegria dos presentes.




Como tem sido hábito, houve muita animação, da responsabilidade de vários ex militares presentes, preenchendo agradavelmente o tempo do convívio.

A terminar, foi partido o bolo comemorativo.





No final, ficou a convicção de que todos se divertiram e a vontade de prosseguir, no futuro, com estes convívios, ficando já decidido que para o próximo ano, iremos até à Bairrada.

Um abraço
Luís Marcelino

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Nota do editor

Último poste da série de 2 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13559: Convívios (620): O próximo Encontro da Magnífica Tabanca da Linha será no dia 11 de Setembro de 2014, na estrada do Guincho, em Cascais (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P13564: Em busca de... (247): Afonso Pombinho, ex-Soldado da CART 676 (Pirada, 1964/66), procura camaradas

Foto: © Fernandino Leite (2010). Direitos reservados.


1. Mensagem de Maria Silva, filha do nosso camarada Afonso Pombinho da CART 676 (Pirada, 1964/66), com data de 1 de Setembro de 2014:

Boa tarde,
O meu pai fez parte da CART 676 na Guiné, o seu nome é Afonso de Jesus Pombinho, soldado 4620/63 e gostaria de promover um possível encontro com alguns dos seus camaradas.

Visto que ele já se encontra com bastantes limitações de saúde, gostaríamos de lhe fazer uma surpresa, uma vez que ultimamente e cada vez mais tem manifestado vontade de rever os companheiros de batalha.

Agradeço a sua ajuda, pois também estou disponível para ajudar no que for necessário
Maria Silva
(mariasilva@costaduarte.pt)
Telefone 351 213 504 440

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2. Comentário do editor:

Cara amiga Maria Silva,
Infelizmente, da Companhia de seu pai, CART 676, temos poucos registos. Em tempos tivemos contacto com o nosso camarada Liberal Correia que foi Furriel Miliciano da 676. Por outra via dou-lhe o seu endereço electrónico. Veja se o seu pai se lembra dele.

Fica aqui publicada a sua mensagem na hipótese de ser lida por alguém que nos possa dar uma ajuda. Da mesma vai ser dado conhecimento ao camarada Liberal..

Ficamos ao seu inteiro dispor.
Em nome dos editores e da tertúlia, aqui fica um abraço para o nosso camarada Pombinho, a quem desejamos a melhor saúde possível.

Amiga Maria, receba os nossos cumprimentos
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13445: Em busca de... (246): CISMI, 4ª Companhia, Tavira, agosto de 1963... a que pertenceu o vosso grã-tabanqueiro Manuel Luís Lomba... (Armando Sousa / Francisco Mota Lopes)

Guiné 63/74 - P13563: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (6): De Swanage para Faringdon, de Dorset para Oxford

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 31 de Julho de 2014:

Queridos amigos,
Nunca se esqueçam do que José Saramago escreveu em “A viagem a Portugal”: a viagem nunca acaba, o viajante é que se tem que afoitar à estação do ano, à luz do dia, passear-se com calor ou com frio, o espaço e o tempo acolhem-nos consoante estas dimensões do mês, da manhã, da tarde ou da noite.
É esta a grande prerrogativa da viagem, por mil vezes que visite aquele local há sempre diferenças, nuances, imprevistos. Aqui o imprevisto foi a falta de bateria.
Espero que gostem destas imagens de um Maio em sítios pouco usuais no turismo de massas.
Tive grandes alegrias e uma das maiores é oferecer-vos estas imagens, os olhos da minha sensibilidade.

Um abraço do
Mário


Biblioteca em férias (6)

De Swanage para Faringdon, de Dorset para Oxford 

Beja Santos 

À partida para Swanage em comboio ronceiro, veio a chuva, coisas do tempo inglês. Houvera um almoço regalado em casa do historiador Ben Buxton, um estudioso que mantém uma curiosidade exemplar por mundos em extinção, dedicou vários livros às gentes das ilhas Hébridas, gente desalojada que fugiu da vida inclemente, gente que lutou pelos direitos humanos e que sofreu muito. E fomos por ali fora, desculpem esta imagem pintalgada pela chuva, os jovens acenaram quando passámos, fica bem registar esta alegria espontânea com os passageiros desconhecidos, numa estação em nenhures. A seguir veio o bom tempo, acreditem ou não, apanhei esta estação seca, toda composta, exibindo malas do passado. A linha funciona porque há uma associação de voluntários que cuidam de tudo, digam o que disser a Grã-Bretanha do respeito pelos valores patrimoniais identitários é uma coisa muito séria.



Ainda é possível fazer certos filmes porque existem comboios de antanho, vejam como esta locomotiva está bem conservada, as carruagens estão bem decoradas, viaja-se festivamente entre os séculos XIX e XXI. Os ingleses sentem-se orgulhosos e os viajantes como eu regozijam pelo respeito a património nacional. A brincar, a brincar, eles foram obreiros da nossa civilização, tratam discreta e polidamente de manter esse passado.


Não é só na Feira da Ladra que busco papéis velhos, imagens apetecíveis para os meus devaneios. Numa dessas estações onde deixam revistas velhas, que cada um pode levar e, querendo, deixar uma pequena moeda para uma obra de ajuda humanitária, apanhei esta imagem, para mim é um testemunho eloquente desse povo a quem coube na rifa somar triunfos e ter praticamente o século XIX por sua conta. Olhem para esta satisfação, para esta exuberância:


Pronto, estamos em Swanage, mas muito longe da época balnear, deixou de chover mas o céu não esta simpático, há luz suficiente para captar um dos ângulos da baía, é tudo espaçoso, dá para perceber que este verde é eterno, foi a vontade de Deus.


Voltámos a Faringdon, esta é a velha town hall, foi pena o inábil fotógrafo não ter apanhado o topo do telhado, mas dá para perceber que é um belo edifício e bem circundado. Ainda hoje ostenta o nome de cidade com mercado, no passado tinha estrada para Londres, ali perto há monumentos de grande valor: o Vale do Cavalo Branco, uma preciosidade da Pré-História, Buscot Park, onde há uma casa opulenta em cujos salões um dos gigantes da pintura Pré-Rafaelita, Burne-Johns, deixou um obra surpreendente, espero que gostem:


O salão de Buscot House, com as pinturas de Burne-Johns

Esta é a porta principal da igreja de Todos os Santos, de Faringdon, templo anglicano. O mais importante está aqui, a pujança do tempo, o testemunho medieval, esta porta, acreditem, está datada do século XIV, é magnificente, carvalho um tanto carcomido e as ferragens são assombrosas. Só por esta porta vale a pena vir conhecer Faringdon.


O último passeio na região foi a Burford, é uma localidade que não falho quando visito o condado de Oxford. Muito bem preservada, tem vários ingredientes que me atraem como o mel atrai as abelhas: as lojas de velharias, é possível comprar por meia libra uma belíssima fotografia do século XIX; a igreja matriz tem vitrais genuínos, dá para perguntar como escaparam à fúria da Reforma, tal como a estatuária dos santos. Tive sorte no dia e na hora quando captei esta imagem, céu azul e nuvens em viagem, a seguir vim até à rua principal, vejam os cuidados com a arquitetura.

Havia muito mais a dizer, estes passeios de Maio prolongaram-se, a seguir viajou-se a Bath, aí descobri que a câmara me atraiçoava, a bateria descarregara, esquecera em Lisboa. Assim ficaram memórias na minha cabeça, de Bath até Derby, passando por Illum Hall e mesmo Ashbourne. Peço perdão pela minha aselhice. Como é velho e relho dizer-se, a viagem nunca acaba, o viajante é que tem que voltar. Voltarei quando se proporcionar. Com a promessa de que estarei em Inglaterra em Julho. Como irei contar. Estejam bem, fiquem à espera de notícias.


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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13537: Biblioteca em férias (Mário Beja Santos) (5): De Oxfordshire para Derbyshire: os primeiros dias

Guiné 63/74 - P13562: Parabéns a você (782): Luís Gonçalves Vaz, Amigo Grã-Tabanqueiro

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Nota do editor

Último poste da série de 1 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13554: Parabéns a você (781): Manuel Joaquim, ex-Fur Mil Armas Pesadas da CCAÇ 1419 (Guiné, 1965/67)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13561: Lembrete (6): O I Encontro de Paraquedistas do Oeste é já no sábado, dia 6 de setembro... No Vimeiro, Lourinhã... Os demais ex-combatentes da guerra do ultramar também estão convidados... Atualização do programa: (i) saltos de paraquedas no estádio municipal da Lourinhã; e (ii) homenagem aos mortos do concelho na I Grande Guerra





1. É já no próximo sábado, dia 6 de setembro, que se realizar, em Vimeiro, Lourinhã,  o primeiro Encontro de Paraquedistas do Oeste (Vd. cartaz acima).

O convívio é aberto a todos  os camaradas dos três ramos das Forças Armadas, e nomeadamente os antigos combatentes da guerra do ultramar.

O nosso grã-tabanqueiro Jaime Bonifácio Marques da Silva, um dos entusiásticos organizadores deste encontro (e que foi alf mil paraquedista, 1ª CCP/BCP 21,  Angola, 1970/72), lembra a propósito, e muito oportuna e justamente,  "os camaradas da Marinha (Fuzileiros e Marinheiros), os camaradas da Força Aérea (Pilotos e Mecânicos dos aviões e helicópteros e de outras especialidades) e os do Exército (as Companhias que nos acolheram e apoiaram em pleno mato, bem como as companhias de Comandos com quem partilhámos muitos sacrifícios em África)" (*).

Todos serão bem-vindos. E o nosso blogue apoia a iniciativa, nomeadamente divulgando-a (**).

PS - Falando ao telefone com o Jaime, ele pediu para acrescentar duas coisas ao programa: vai haver (i) saltos de paraquedas no estádio municipal da Lourinhã;  e (ii) uma homenagem aos mortos do concelho na I Grande Guerra.