sábado, 4 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13688: Fotos à procura de... uma legenda (36): Uma vacada... no Cachil (Victor Neto / José Colaço, CCAÇ 557, 1963/65)




Guiné > Região de Tombali > Cachil > CCAÇ 557 (,Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)  > "Tourada no Cachil... uns camaradas a demonstrar os seu dotes de Pedrito de Portugal... A malta dava largas à imaginação para se distrair"...

Fotos (e legenda): © Victor Neto / José Colaço (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



1. São fotos falantes, diz o José Colaço. E,  se são falantes, não precisam de legenda... Mas comentários serão bem vindos...  E o tema, tauromático, presta-se a isso...

Uma ajuda: as fotos são do álbum do ex-fur mil Victor Neto, camarada do José Colaço (CCAÇ 557, Cachil, 1963/65)  Já cá estão (estas e outras) desde, pelo menos, 22 de agosto último...

Eis p que ele me escreveu, na sequência do poste P13188 (*):

 "Caro amigo Luís,  procurando satisfazer em parte o teu pedido,  tentei abordar o tema com alguns camaradas da CCAÇ  557 mas só o camarada ex-furriel Victor Neto disponibilizou o seu álbum genuíno com fotos do Cachil, 

"O Neto já na altura era um apaixonado pela fotografia, uma certa altura o Neto com a sua Yashica 

"No meio de uma emboscada surge o alferes comandante de pelotão:
- Ó Neto,  porra, porra!...  estamos na guerra ou em reportagem fotográfica!?" (**).
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Notas do editor:

(**) Último poster da série >  29 de setembro de  2014 > Guiné 63/74 - P13666: Fotos à procura de... uma legenda (35): 4º pelotão, CART 11, junho de 1970, Nova Lamego... Uma grande e enigmática foto (Valdemar Queiroz)

Guiné 63/74 - P13687: Parabéns a você (794): Artur Conceição, ex-Soldado TRMS da CART 730 (Guiné, 1965/67) e Inácio Silva, ex-1.º Cabo Apont Armas Pesadas da CART 2732 (Guiné, 1970/72)


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Nota do editor

Último poste da série de Guiné 63/74 - P13682: Parabéns a você (793): Carlos Alberto Prata, Coronel Ref (Guiné, 1973/74) e Hélder Valério Sousa, ex-Fur Mil TRMS (Guiné, 1970/72)

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13686: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XII: janeiro de 1973: Amílcar Cabral é assassinado em Conacri, em 20/1/1973... "A população sob nosso controlo mostrou regozijo"... Por outro lado, "a ocupação de lugares de chefia por naturais de Cabo Verde nos quadros da Administração Civil não é vista com agrado" (sic)...



Amílcar Cabral (1924-1973) era natural da Guiné... Nasceu em Bafatá, de pais caboverdianos; (i)  Juvenal António Lopes da Costa Cabral, 1889-1951, natural de Santiago, onde também foi morrer, tendo sido professor primário na Guiné. em Cacine, Buba, Bambadinca e Bafatá; e (ii) Iva Pinhel Évora (Santiago, 1893-Bissau, 1977)... Aos olhos dos fulas, era um "caboverdiano", e na história do BART dá-se a entender que terá aumentado o sentimento anticaboverdiano após o seu assassinato, em 20/1/1973...

[Foto, acima, do secretário geral do PAIGC, incluída em O Nosso Livro de Leitura da 2ª Classe, editado pelos Serviços de Instrução do PAIGC - Regiões Libertadas da Guiné (sic). Tem o seguinte copyright: © 1970 PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde. Sede: Bissau (sic)... A primeira edição teve uma tiragem de 25 mil exemplares, tendo sido impresso em Upsala, Suécia, em 1970, por Tofters/Wretmans Boktryckeri AB.]

Janeiro de 1973: com o assassinato de Amílcar Cabral (1924-1973), cresce o sentimento anticaboverdiano entre os fulas do setor L1...













1. Continuação da publicação da história do BART 3873(Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da história da unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, companhia do BART 3873, que esteve em Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74; foi voluntário para a CCAÇ 12 (em 1973/74); economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].

O grande destaque do mês de janeiro de 1973  vai o assassinato, em Conacri, do secretáriop-geral do PAIGC,  Amílcar Cabral (1924-1973).  A história do BART 3873 faz-se eco do sentimento anticaboverdiano da população fula do setor L1... Espontâneo ou explorado ? Era legítimo um comando de batalhão põr "portugueses" da Guiné contra "portugueses" de Cabo Verde ?

Destaque ainda para o elogio à lealdade das populações islamizadas e para o papel das escolas regimenis, de que a da CCAÇ 12 seria um exemplo, como "ótimo instrumento de instrução e de portugalização dos africanos" (sic).

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Guiné 63/74 - P13685: Notas de leitura (637): “Do Outro Lado das Coisas", do Embaixador João Rosa Lã (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 1 de Outubro de 2014:

Queridos amigos,
O embaixador João Rosa Lã descreve no seu volumoso livro de memórias, recentemente publicado, a sua missão na Guiné ao longo de praticamente dois anos.
É um testemunho importante, acompanha as eleições, é um observador atento do relacionamento tenso entre Nino e a cúspide das Forças Armadas.
Procura estreitar a cooperação entre Portugal e Guiné, é por vezes implacável com a elite política e a subsidiodependência. Sente-se subjugado pelas qualidades do ser humano local, homenageando-o assim nas suas últimas palavras: “Só haverá um país em que a beleza das suas paisagens será ultrapassada pela graça e simpatia do seu povo, a Guiné-Bissau”.

Um abraço do
Mário


Embaixador João Rosa Lã na Guiné-Bissau (1)

Beja Santos

“Do Outro Lado das Coisas”, é o título do livro de memórias do embaixador João Rosa Lã, recentemente publicado pela Gradiva Publicações. Este embaixador desempenhou funções em Genebra, Marrocos, Venezuela, Bruxelas, Washington, Guiné-Bissau, Haia, Viena, Madrid, Paris e Rabat. Em Lisboa, desempenhou funções de conselheiro diplomático do primeiro-ministro Cavaco Silva, foi assessor diplomático do ministro da República para os Açores general Rocha Vieira e diretor-geral dos Assuntos Multilaterais do MNE.

O livro começou a ser badalado por dar informação importante sobre a tentativa desesperada de Marcello Caetano de promover uma independência unilateral de Angola. A este propósito, o diplomata, na altura colocado em Caracas, mantinha conversas com o engenheiro Santos e Castro, antigo governador-geral de Angola, que resolveu desvendar-lhe um segredo. Santos e Castro confessou que deixara de manter relações próximas com Marcello Caetano por considerar o principal responsável pelo 25 de Abril. E contou ao diplomata que nos primeiros dias de 1974, durante um fim de semana, fora chamado secretamente a Lisboa pelo Presidente do Conselho. Foi uma conversa em que deambularam toda a tarde num carro privado entre Lisboa Cascais e Sintra, “Marcello Caetano traçou um cenário muito negro da situação do país e da política ultramarina. Sob o ponto de vista militar, a Guiné estaria perdida a prazo, uma vez que as forças do PAIGC passaram a deter mísseis que anulavam a ação da Força Aérea. Moçambique estava a atravessar uma gravíssima crise económica e estaria em vias de deixar de ser suportável pela metrópole. No plano interno, a situação tinha-se tornado insustentável, com o Presidente da República de um lado e o general Spínola por outro, a minar, ainda mais, a já difícil posição do governo e da sua política. Felizmente, a situação em Angola era diferente, com o MPLA quase aniquilado militarmente, a UNITA controlava e as finanças sólidas devido ao aumento do preço do petróleo. Marcello confessou já não dispor de qualquer capacidade de manobra para alterar a situação nas províncias ultramarinas, sobretudo a dos portugueses que lá viviam. Havia, no entanto, que se tentar salvar o que fosse possível. Santos e Castro deveria começar a tomar todas as providências para que fosse preparada uma declaração unilateral da independência do território. Seria criado um Estado soberano, multirracial e multicultural, com o concurso de todas as forças que aceitassem a declaração da independência. Santos e Castro ficaria interinamente à frente do novo país, com um governo presidido por uma personalidade negra, muito provavelmente Jonas Savimbi, se este aceitasse, mantendo-se todos os funcionários da administração da província que desejassem ficar. O mesmo aconteceria às tropas da metrópole destacadas no território. O governo português não aceitaria, pelo menos de imediato, nem reconheceria a Declaração de Independência e retiraria todas as suas forças do terreno”.

Esta confissão vem abonar o que o professor Fernando Rosas várias vezes referiu sobre as derivas dos últimos meses do regime de Marcello Caetano, havia uma imagem exterior de uma atitude irredutível na defesa do Ultramar, enquanto se promoviam contactos com os diferentes movimentos de libertação, Jorge Jardim sentiu que chegara a hora da independência branca em Moçambique, um diplomata português foi procurar negociar um cessar-fogo com dirigentes do PAIGC em Londres e havia esta proposta delirante para Angola.

O embaixador Rosa Lã foi nomeado embaixador na Guiné-Bissau, segundo escreve para ajudar a promover e a organizar as primeiras eleições livres e democráticas no país. Ali permaneceu entre 1993 e 1994.

O país era o pior dos destinos para um diplomata, recebeu a incumbência em estado de choque. Durão Barroso pediu-lhe que lhe transmitisse sempre a sua opinião pessoal. As eleições livres, uma maior eficácia para a cooperação e o incremento do ensino da língua portuguesa eram os principais desafios da sua missão. Ao longo do relato da sua missão a Guiné-Bissau, descreve episódios rocambolescos, situações de gritante penúria, a evolução dos projetos e não disfarça a sua profunda rendição à graça e simpatia dos guineenses.

É brejeiro, mordaz e observador implacável: “As dificuldades financeiras do ministério dos Negócios Estrangeiros eram tantas que nem dinheiro havia para a gasolina da viatura oficial, pelo que me via obrigado a adiantar uns pesos guineenses para que os escassos metros que separam a Embaixada do Palácio presidencial fossem percorridos dentro da maior dignidade possível. À chegada tinha uma meia dúzia de militares, mais ou menos fardados, que me apresentaram armas. Dentro do Palácio tudo parecia estar como o general Spínola e o seu sucessor o terão deixado. Os tapetes, Beiriz, tipicamente portugueses, apresentavam aqui e ali alguns buracos e as cortinas e os cortinados das janelas já tinham conhecido mais limpeza e melhores dias. Nino Vieira causou-me desde logo uma forte impressão. Deu-me sinais imediatos de uma grande perspicácia e inteligência natural, sabendo-se comportar e falar, embora exprimindo-se num português básico. Ostentando sinais exteriores de poder e riqueza, tão necessários naquelas terras, usava um grande e pesado relógio, tinha nos dedos vistosos anéis e exibia uma grossa pulseira, em forma de cadeia, tudo em ouro brilhante e reluzente. Os seus olhos, vivos e irrequietos, a sua própria postura física, parecendo sempre pronto a atacar, deixavam adivinhar uma forte personalidade. Via-se nele, ou por detrás dele, um homem implacável, decidido e sem disponibilidade para ser contrariado. Mas que sabia sorrir, quando necessário”.

Nino Vieira pretendia que se enchesse a Guiné de professores portugueses. A situação do ensino do português não era brilhante se bem que o número de falantes portugueses tivesse aumentado e o Centro Cultural Português tivesse envidado esforços para fazer crescer o número de estudantes. Rosa Lã enceta conversações com todos os partidos existentes, animando-os a fazerem pressão para a realização de eleições democráticas. Apercebe-se do emaranhado da teia no relacionamento de Nino Vieira com as Forças Armadas e deplora o desaparecimento do coronel Cassamá e a sua substituição por Ansumane Mané, sente que os antigos companheiros de Nino, com o próprio Ansumane e Saturnino Costa estão desapontados com o presidente. E dedica toda a sua atenção ao apoio que Portugal podia dar às eleições na Guiné-Bissau.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13664: Notas de leitura (636): “Adeus, Bissau!", A ternura de um conto à volta da guerra civil de 1998-1999 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13684: Os Últimos Anos da Guerra da Guiné Portuguesa (1959/1974) (José Martins) (6): 4 de Setembro de 1968





1. Publicação da sexta parte do trabalho de pesquisa e compilação do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), que diz respeito aos últimos 5517 dias de luta pela independência da então Guiné Portuguesa.





(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13678: Os Últimos Anos da Guerra da Guiné Portuguesa (1959/1974) (José Martins) (5): 23 de Dezembro de 1964

Guiné 63/74 - P13683: Caderno de Poesias "Poilão" (Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino, Bissau, Dezembro de 1973) (Albano de Matos) (4): "Vem à minha tabanca" e "Música que foi cantada", dois poemas de Atanásio Miranda, guineense, à época funcionário das alfândegas, pp. 12/14



Guiné > Bissau > Sede da UDIB - União Desportiva Internacional de Bissau > c. 1962/64. Foto do nosso camarada açoriano Durval Faria (ex-fur mil da CCAÇ 274, Fulacunda,  jan 1962/ jan 64)

Foto: © Durval Faria / Blogue Luís Graça > Camaradas da Guiné (2011). Todos os direitos reservados.



Elemento gráfico da capa do documento policopiado do Caderno de Poesias "Poilão", editada em dezembro de 1973 pelo Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino (O GDC dos Empregados do BNU foi criado em 1924).

 Com o 25 de abril de 1974, esta coleção não teve continuidade: estava prevista publicação de um  2º caderno («Batuque», com poemas do Albano de Matos) e de um 3º,  dedicado ao Pascoal D'Artagnan.














14


1. Dois poemas de Atanásio Miranda, filho da Guiné, funcionário aduaneiro na época (1973/74). São escassas as referências a este poeta, de quem não sabemos se continuou, depois da independência do seu país,  a cultivar a poesia.  Vem nesta  antologia nas pp. 12/14.

Por ter o título truncado, pedimos ao Albano de Matos que nos substitísse a pag. 14 ("Música que foi cantada").  O outro  poema ("Vem à minha tabamca", pp. 12/13) foi menção honrosa nos jogos florais da UDIB - União Desportiva Internacional de Bissau,, em 1972.

Recorde-se que esta antologia da poesia guineense (ao que parece, a primeira a ser  publicada em português)  deve muito à carolice, ao entusiasmo, à dedicação e à sensibilidade sococultural de dois homens: o Aguinaldo de Almeida, funcionário do BNU, e o nosso camarada  Albano Mendes de Matos [, hoje ten cor art ref, esteve no GA 7 e QG/CTIG, Bissau, 1972/74, e foi o "último soldado do império"; é natural de Castelo Branco, vive no Fundão; é poeta, romancista e antropólogo] [Foto à esquerda, em Bissau, então tenente]

Temos uma cópia, em pdf, do Caderno de Poesias "Poilão", que ele nos mandou,.

Temos também a sua autorização para reproduzir aqui, para conhecimento de um público lusófono mais vasto, este livrinho de poesia, de que se fizeram apenas 700 exemplares, policopiados, distribuídos em fevereiro de 1974, em Bissau. A iniciativa foi do Grupo Desportivo e Cultural dos Empregados do Banco Nacional Ultramarino (BNU), cuja origem remonta a 1924. 

Num próximo poste publicaremos as respostas que o Albano de Matos nos deu em relação alguns questões sobre o "making of" desta antologia e os autores selecionados, com destaque para o Pascoal d'Artagnan (1938-1991), sem dúvida o grande poeta guineense da sua geração, na opinião do Albano de Matos.  Era filho de pai italiano e de mãe balanta,
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Guiné 63/74 - P13682: Parabéns a você (793): Carlos Alberto Prata, Coronel Ref (Guiné, 1973/74) e Hélder Valério Sousa, ex-Fur Mil TRMS (Guiné, 1970/72)


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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13662: Parabéns a você (792): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953 (Guiné, 1964/66)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13681: In Memoriam (198): Lisboa, Cemitério dos Olivais: uma última homenagem ao comandante Alpoim Calvão (1937-2014), por uma Companhia a três pelotões de Fuzileiros, com ternos de clarins. Fuzileiro uma vez, fuzileiro para sempre! (José Martins)



Foto nº 1 > Companhia a três pelotões de Fuzileiros, com ternos de clarins.


Foto nº 2 > Aproximação do Estandarte Nacional, à Guarda do Corpo de Fuzileiros.


Foto nº 3 > Continência à Bandeira.


Foto nº 4 > Estandarte Nacional integrado na Guarda de Honra.



 Foto nº 5 > A força em posição de “Funeral Armas” à aproximação do féretro (1)


 Foto nº 6 > A força em posição de “Funeral Armas” à aproximação do féretro (2)



Foto nº 7 > Cortejo fúnebre. O carro que antecede o carro fúnebre, transporta as insígnias
do falecido.



Foto nº 8 > Um pelotão procede às Salvas da Ordenança – 3 Descargas (1)



Foto nº 9 > Um pelotão procede às Salvas da Ordenança – 3 Descargas (2)



Foto nº 10 > Um pelotão procede às Salvas da Ordenança – 3 Descargas (3)


Foto nº  11 > Transportadas por dois Oficiais Subalternos, as Condecorações, o Bicórneo, a Espada e a Boina de Fuzileiro.


Foto nº 12 > Urna transportada por Fuzileiros, à entrada para o crematório. 


Foto nº 13 > Destroçar da Força

Lisboa > Cemitério dos Olivais > Última homenagem ao comandante Alpoim Calvão (1937-2014), por uma Companhia a três pelotões de Fuzileiros, com ternos de clarins.

Fotos e legendas: © José Marcelino Martins  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

 1. O José Martins, nosso colaborador permanente,  acaba de nos enviar, às 15h10, esta série de 13 fotos, que publicamos acima. 



 Caros editores

Para quem não foi possivel estar presente, junta-se reportagem fotográfica da Cerinónias Fúnebres do Capitão-de-Mar-e-Guerra Guilherme Almor de Alpoim Calvão, realizado hoje, para o Cemitério dos Olivais, onde foi cremado.

 José Martins

[ex-Fur Mil Trms, CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70],

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Nota do editor:

Último poste da série > 30 de setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13672: In Memoriam (197): Comandante Alpoim Calvão (1937-2014): o funeral realiza-se na quinta-feira, dia 2, para o cemitério dos Olivais, após a missa de corpo presente no Mosteiro dos Jerónimos


José Marcelino Martins

(…) Qual é a opinião de cada um sobre este homem? Neste momento, todas as questões que se possam colocar, são de somenos importância.

Partiu, como muitos outros, e não voltará. É um dos nossos que parte. É um combatente que desaparece. A história, que ainda não está escrita, o julgará. Todos, até nós, teremos o nosso julgamento.

Condolências à família e a todos os camaradas de armas (…)


José Botelho Colaço

Ao 1º tenente Ribeiro Pacheco , comandante do 7º destacamento de fuzileiros, e ao 1º tenente Alpoim Calvão, a companhia, a CCAÇ 557 (da qual fiz parte), a eles ficou a dever muito pela os conhecimentos que partilharam sobre a guerra de guerrilha. Nós, maçaricos, acabados de chegar e enviados para a Operação Tridente, senão tivessemos tido o apoio e a instrução destes valorosos militares, quase de certeza que a CCAÇ.557 não teria granjeado o nome da temida companhia do Como.

Com este valoroso militar tive a oportunidade de confraternizar e falar falar com ele no museu do exército lançamento do livro do Amadú Djaló.
Condolências à família.

Adriano Moreira


Foi também Comandante do COP 3 que englobava as Companhias que estavam instaladas em Barro, Bigene, Binta e Guidage, pelo menos a partir de finais de 1969, até à nossa saída de Barro, em Maio do ano seguinte. Fizemos várias operaçôes em conjunto com os fuzileiros na nossa Zona de acção. Foi um grande militar. 

Que descanse em paz e condolências à Família.

Abílio Duarte

Estava em Paunca, na altura da Operaçâo Mar Verde, e vivia numa casa da tabanca, para onde ia de madrugada, depois de sair do abrigo. Nessa manhã, o dono da casa acordou-me, sobressaltado: “Furriel, os portugueses estão em Conackry”. .Eu , muito parvo, perguntei: “A fazer o quê?”.

Ele estava a ouvir um rádio, já não sei se do Senegal , se da Guiné Conackry, mas estavam a relatar em francês, o que se passava, e foi assim que tomei conhecimento daquela Operação.
No entanto, eu e a minha Companhia CART 11, também entramos nos preparativos da mesma operação. Como?
Umas semanas antes, andamos a fazer Colunas de Nova Lamego até Buruntuma, levando uns africanos, que vinham de avião de Bissau, e os levávamos até é fronteira. Vim mais tarde a saber que eram refugiados politicos, na Europa, que vinham para o Golpe de Estado, que se pretendeu fazer, na Guiné-Bissau, e que fracassou.
Recordo-me também, da rendição do TenJanuário, comandante dos Comandos Africanos, a falar na Radio Conackry, quando foi cercado e não teve alternativa, assim como os seus homens, e que vieram a ser todos mortos, por Sekou Touré.
São páginas da vida de todos nós, que passámos, pelos confins da Guiné. Como diria o outro, é a vida.

Manuel Carvalho

O meu respeito a este grande combatente.

Paz à sua alma, condolências à família.

JERO [José Eduardo Reis de Oliveira]

Tive a honra de o conhecer na Guiné em Binta, em data que não sei precisar mas seguramente em meados de 1965. O Comandante Alpoim Galvão era contemporâneo do meu Capitão Alípio Tomé Pinto. Nunca mais o esqueci e falei-lhe, recordando essa passagem por Binta, num lançamento de um livro de um camarada em Lisboa. E fui por ele abraçado. Recordo esse momento como uma condecoração.

Foi um Militar Operacional digno do maior respeito pelo seu heroísmo e sentimento do dever.

Será referência na História do Portugal recente. Até sempre, meu Comandante.

Luís Graça

Dizem que a morte nivela, tudo e tudos. Comos se fora um buldózer.

Dizem que a morte apazigua.

Dizem que a morte relativiza e amortece os conflitos, as diferenças, os choques de personaliidade, os antagonismos, as vaidades...

Dizem que a morte consensualiza...

A morte obriga-nos a esquecer as querelas do passado. E até os ódios de estimação, que é uma coisa que se cultiva muito nos nossos "jardins"... Há ainda tantos ódios de estimação, que remontam à guerra colonial, à descolonização, ao 25 de abril, ao PREC, ao 25 de novembro, enfim, ao novo regime democrático que nasceu do 25 de abril...

A morte faz sobressair sobretudo o melhor dos homens. Depois vamos lembrar sobretudo os seus feitos, não os seus defeitos...

E ainda bem que é assim...Acontece com os nossos maiores, desde o fundador da Pátria até aos mais recentes "presidentes da república"...

Não conheci pessoalmente este combatente, capitão de mar e guerra, com direito a usar o "título" de comandante"...Ou melhor, vi-o uma vez, na Fundação Mário Soares, no lançamento da biografia de Spínola... E no entanto ele é do teu tempo de Guiné...

Ficará, por certo, na história da guerra da Guiné como um dos seus grandes protagonistas. A par de Spínola e outros.

Estava longe de imaginar, em Bambadinca, no dia 22 (e seguintes) de novembro de 1970, que ele era o cérebro da Op Mar Verde, quando os meus vizinhos, de Fá Mandinga, a 1ª Companhia de Comandos Africanos, partiram para destino secreto (sabemos hoje, a Ilha de Soga, no arquipélago dos Bijagós, e dali até Conacri, em LDG)...

(..) Não tenho suficiente distância (e sobretudo conhecimento direto) sobre a Op Mar Verde... para falar "ex-cathedra" destes acontecimentos marcantes da história da Guiné...

Enfim, um dia a história nos julgará a todos... Ao nosso blogue não compete julgar ninguém, pelo seu comportamento na guerra, do ponto de vista operacional, militar, humano,
ético...

Registo com apreço que Alpoim Galvão tenha referido, antes de morrer, que agora era "um homem de paz". Espero que ele tenha podido efetivamente ter morrido em paz, ter feitos as pazes, consigo, com a história, com os outros, com a Marinha, com os fuzileiros, com o seu país, e com a Guiné-Bissau (que ele muito amava)...

Vejo agora que, para além do grande militar (mesmo controverso), ele foi sobretudo um homem, um cidadão, um português, um de nós, e que também foi pai e foi avô...

Não gosto de mitificar os seres humanos. E tenho relutância em pô-los no Olimpo dos deuses. Heróis ou não, todos acabamos na campa rasa, com 7 palmos de terra por cima, ou reduzidos a um punhado de cinzas...

De qualquer modo, é mais um combatente, um bravo combatente da Guiné, que "da lei da morte se foi libertando"... Respeitemos a sua memória e ajudemos a sua família e amigos a fazer o luto.

Manuel Luís Lomba

O comandante Alpoim Calvão é um português de primeira água e foi um marinheiro da têmpera dos portugueses de outras eras. Como cidadão e como militar, deu sempre a cara e o corpo ao manifesto em prol do que acreditava como o melhor para o seu país. Lembro-me de haver alinhado com ele e com os seus fuzileiros no sul da Guiné, salvo erro numa batida e assalto à mata de Cafine. E a "Operação Mar Verde" ombreará com os feitos dos nossos antepassados.

Sentidos pêsames à família. Até sempre, comandante! (...)