sábado, 1 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13832: Postos escolares militares (1): Alunos, mestres e manuais... (Jorge Araújo / Hélder Sousa / J. C. Mussá Biai / Cherno Baldé / José Câmara)


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 > Galomaro > CSS/BCAÇ 3872 (1972/74) > "O mestre-escola [, o Joaquim Guimarães, ] mais o burro [, o Augusto, ] e o Mamadu Djaló, em 1972, em Galomaro, sede do batalhão. (*)...Burro, asno, jumento, jerico, cujo berço foi a nossa África Mãe, Equus africanus asinus, segundo a nomencolatura trinomial de Lineu (1758)... Mas também "besta de carga", desde há pelo menos 5 mil anos a.C. quando o seu ancestral selvagem foi domesticado, tal como o cavalo... Mas na escolinha do nosso tempo punham-se "orelhas de burro" aos mais atrasados  da classe... Pobre bicho, hoje em perigo de extinção...



Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Setor L5 (Galomaro) > Saltinho > CCAÇ 3490 (1972/74) > "Os professores dos Postos Escolares do Saltinho". [O Joaquim Guimarães é o terceiro a contar da esquerda; de seu nome completo, Joaquim Fernando da Silva Guimarães. ex-soldado nº 108261-7, pertenceu ao BCAÇ 3872 e vive hoje nos EUA; já há muito que não temos notícias dele].

Fotos (e legendas): © Joaquim Guimarães (2007). Todos os direitos reservados.



Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 (1972/74) Posto Escolar Militar (PEM) nº 14  (***) > 1972 > Alunos da Escola Primária. (**)


Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2014). Todos os direitos reservados [Edição de LG]




Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > Candamã, aldeia (tabamca) em autodefesa do regulado de Corubal que a guerra despovoou > Um improvisado Posto Escolar Militar ?. Do lado esquerdo, ao alto, numa árvore, está afixado um cartaz de propaganda das NT: "Juntos venceremos". Sob a bandeira das quinas, duas mãos (uma branca e outra preta) apertam-se... Foto do álbum do ex-alf mil Torcato Mendonça > Fotos Falantes IV. (***)

Foto: © Torcato Mendonça (2012). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; LG]



Guiné > Zona leste > região de Bafatá > Fajonquito > "O meu irmão Carlos (2 anos mais velho, hoje farmacêutico, formado pela Faculdade de Farmácia da Universidade Técnica de Lisboa), durante a alocução por ocasião do dia 10 de Junho de 1971, Dia de Portugal e de Camões, na escola primária de Fajonquito. Na imagem estão dois oficiais da companhia do Cap Figueiredo (CART 2742), um dos quais, o Alferes Félix encontrou a morte no mesmo dia que o seu Capitão". Foto do álbum do Cherno Baldé.(****)

[Meu caro Cherno: durante o Estado Novo, e até ao 25 de abril, era o feriado nacional do 10 de junho, o "Dia de Portugal, de Camões e da Raça"... Depois substituímos o politica e cientificamente incorreto termo "Raça" por "Comunidades Portuguesas"...Hoje é o "Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas"... LG]

Foto: © Cherno Baldé  (2012). Todos os direitos reservados [Edição; LG]



Guiné > Região de Tombali > Gadamael >  Posto Escolar Militar n.º 23 (PEM nº 23, Gadamael)  > Frequentaram as aulas da instrução primária algumas dezenas de jovens alunos (também alguns adultos da população). Não era fácil dar aulas a muitos que não falavam português (nem em crioulo se exprimiam), mas registaram-se muitos casos de bom aproveitamento, com conclusão da 4.ª classe . Foto do álbum do nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011) que foi fur mil,  CCaç 3518, Gadamael, 1971/74). (*****)

Foto (e legenda):  © Daniel Matos (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados [Edição ; LG]


1. Vamos iniciar uma  nova série ("Postos Escolares Militares"), com a publicação de cinco comentários ao poste P13812, subscrito pelo Jorge Araújo (*). Esperamos os contributos de todos os camaradas que foram professores ou monitores nas PEM... Afinal, mais do que a espada e a cruz, preocupamo-nos com a transmissão da língua portuguesa, veículo de identidade nacional da Guiné-Bissau... 

A língua do Padre António Vieira, de Fernando Pessoa, de Amílcar Cabral, de Carlos Lopes, de Siza Vieira, de Paula Rego, de Mia Couto, de Paulina Chiziane, de Ondjaki, de Ana Paula Tavares, de António Houaiss, de Cecília Meireles, de Xanana Gusmão, de Cesária Évora e de mais 255 milhões de homens e mulheres lusófonos espalhados pelo mundo, incluindo a malta da Tabanca Grande, o Hélder, o Jorge, o Cherno, o Zé Carlos, o Luís, o José Câmara, o Torcato, o Daniel, o Guimarães... Temos em comum um "poilão" sob o qual nos abrigamos, e à volta do qual comunicamos, e que é a língua... portuguesa. (LG)


 
Helder Sousa
(i) Hélder Sousa
 

Caro Jorge Araújo

Já estou habituado ao rigor e seriedade com que costumas pautar os teus trabalhos. Sejam eles os mais dramáticos como os que relataste das emboscadas sofridas, sejam alguns aspectos mais ligeiros.

Desta vez a 'pancada' deu-te forte ao descobrires uma ponta de ligação ao teu passado. Sim, porque isso é história, faz parte de ti, do todo que és e foste.

Esta dupla homenagem que fazes, ao José Carlos [Mussá Biai] e ao Carvalhido da Ponte, é fruto dessa tua sensibilidade para perceberes o que é verdadeiramente importante, a amizade, o reconhecimento, a vitória daquilo que dizes que te aconteceu quando percebeste que mais do que o "EU" o que era realmente duradouro seria a partilha com o "OUTRO".

Está aqui um bom trabalho. Oxalá, e acredito que sim, que se atinja o objectivo.

Abraço, Hélder S.

 (ii) Luís Graça
Luís Graça, em Candoz, 2011


 Aqueles de nós que foram professores primários, nos postos militares escolares, como o Carvalhido da Ponte (Xime), o Manuel Amaro (Aldeia Formosa) ou o Manuel Joaquim (Bissorã), podem falar, com propriedade e autoridade, sobre as dificuldades, perplexidades mas também sobre o prazer de ensinar, com o eventual apoio dos nossos velhos manuais escolares ou de outros textos (que eu desconheço se havia outros manuais na Guiné), a língua, a cultura e a história portuguesa aos putos das tabancas guineenses... É que nos nossos manuais bem sequer havia uma simples imagem com a cara do "pretinho da Guiné"...

Imagino que não fosse fácil ao Carvalhido da Ponte explicar ao José Carlos Mussá Biai, mandinga e muçulmano, do Xime, que nunca tinha sido da sua tabanca, o que era a pátria, ou significado da bandeira nacional, ou letra do nosso hino, ou a diferença entre um minhoto e um algarvio...

Ou ainda explicar as lendas das mouras encantadas do nosso romanceiro popular. Ou a conquista de Lisboa aos mouros. Ou ainda a lenda do Infante Santo... Muito menos as guerras de religião, no passado, entre cristãos e mouros...

Em todo o caso, o mais importante é que o José Carlos Mussá tenha aprendido a ler escrever, graças ao posta escolar militar do Xime, e a tenha chegado à universidade, sendo engenheiro florestal, se não erro. E trabalhando e vivendo em Portugal, como português e sem nunca esquecer as sua raízes guineenses.


Xime, PEM 14, 1972
(iii) José Carlos Mussá Biai

Olá. Luís,

Ao contrário que possa imaginar, quando andava na primária, sabiamos mais da metrópole, Angola e Moçambique do que da Guiné.

Os nomes dos rios, linhas de caminho de ferro, regiões e conquistas portuguesas, não havia nada que não era ensinado. O hino e a bandeira que era hasteada todos os dias não podiam faltar.

Quanto aos manuais, não me recordo bem, mas acho que nos de 1973 já vinham, como disse com o "pretinho da Guiné" (risos...).

Tenho uma vaga ideia de ter visto o Capitão João Bacar Djaló bem fardado. Mas o curioso é que nunca esqueci as letras do hino da metrópole sem nunca ter aprendido o hino da Guiné "independente".

Mas, são coisas de mininos. Quando acabou a guerra,  eu já tinha a 4ª classe feita e no preparatório não se ensinava o hino...

Um abraço, José C. Mussá Biai



Portugal. Ministério da Educação Nacional. Ensino Primário Elementar  - Livro de Leitura Segunda Classe. 5ª edição. Porto:  Editora Educação Nacional, de Adolfo Machado, 1958, 140 pp, capa dura. Dimensões: 17 x 22 x 1,5 cm. [Cortesia de Loja A Vida Portuguesa].... [Adorei este livrinho: foi ele que me ensinou a ler, escrever e contar... LG]. 


Guiné > PAIGC > Manual escolar, O Nosso Livro - 2ª Classe, editado em 1970 (Upsala, Suécia). Exemplar cedido pelo Paulo Santiago, Águeda (ex-alf mil, cmdt do Pel Caç Nat 53,
Saltinho , 1970/72)... [Afinal, em português nos entende(re)mos,,, LG].



Cherno Baldé, estudante

Kichinev, Moldavia, 
dezembro de 1985
(iv) Cherno Baldé:

Caro Luís Graça e amigos,

O Carlos Mussa diz "...Hino da Metropole...", errado.

O Hino a que se refere não era da metrópole, mas sim de Portugal e, na altura, éramos todos portugueses, de facto ou de jure.

Ainda em 1972 o meu irmão mais velho que veio a Bissau para prosseguir os seus estudos, já tinha o seu Bilhete de Identidade de cidadão português.

Acho que os manuais do ensino primário, na altura, eram iguais para as Provincias ultramarinas e não me recordo de ter visto a cara de nenhum "pretinho da Guiné".

Tal como o Carlos Mussá refere, tambem sabia entoar o Hino de Portugal da mesma forma que a partir de Setembro 1974 já entoava o novo Hino da Guiné-Bissau, cada qual o mais aguerrido e heróico que o outro, umas tretas.

Com abraço, amigos, Cherno Baldé

José Câmara
(,hoje, nos EUA)

(v) José Câmara:

Meus amigos,

Nós, os meninos açorianos e madeirenses, aprendemos por cartilhas iguais aqui referenciadas pelo Luís Graça. Até deu para não nos perdermos durante a nossa descoberta do caminho marítimo para a Guiné. Bem bom!

O que importa é que o José Carlos aprendeu connosco e depois, por si, conseguiu ir mais longe nos seus estudos. Hoje põe o que aprendeu ao serviço das populações em que está inserido. E nós fazemos parte dessa comunidade.

Cumprimentos, José Câmara,
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 1 de agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2019: Álbum das Glórias (23): O mestre-escola do Saltinho (Joaquim Guimarães, CCAÇ 3490, 1972/74)

Guiné 63/74 - P13831: Parabéns a você (808): José Carlos Gabriel, ex-1.º Cabo Op Cripto do BCAÇ 4513 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 29 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13817: Parabéns a você (807): Mário Vasconcelos, ex-Alf Mil TRMS do BCAÇ 4612/72 (Guiné, 1973/74)

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13830: Agenda cultural (349): Primeira sessão de divulgação da Colecção Literária "Fim do Império", dia 5 de Novembro de 2014, pelas 15h00, na Fundação Marquês de Pombal, Palácio dos Ciprestes, Linda-a-Velha (Manuel Barão da Cunha)

1.ª SESSÃO DE DIVULGAÇÃO DA COLECÇÃO LITERÁRIA "FIM DO IMPÉRIO", DIA 5 DE NOVEMBRO DE 2014, PELAS 15H00, NA FUNDAÇÃO MARQUÊS DE POMBAL, LINDA-A-VELHA


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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13829: Agenda cultural (348): Conferência promovida pela Secção de História da Sociedade de Geografia de Lisboa, dia 5 de Novembro de 2014, pelas 17h30, subordinada ao tema: "O impacto da Sociedade de Geografia de Lisboa na produção científica do Almirante Teixeira da Mota"

Guiné 63/74 - P13829: Agenda cultural (348): Conferência promovida pela Secção de História da Sociedade de Geografia de Lisboa, dia 5 de Novembro de 2014, pelas 17h30, subordinada ao tema: "O impacto da Sociedade de Geografia de Lisboa na produção científica do Almirante Teixeira da Mota"

CONFERÊNCIA PROMOVIDA PELA SECÇÃO DE HISTÓRIA DA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA, DIA 5 DE NOVEMBRO DE 2014, PELAS 17H30, SUBORDINADA AO TEMA: "O IMPACTO DA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO ALMIRANTE TEIXEIRA DA MOTA".
SERÁ ORADOR O SR. COMANDANTE CARLOS VALENTIM

C O N V I T E

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Nota do editor

Último poste da série de 31 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13825: Agenda cultural (347): Apresentação do livro "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau - Um Roteiro", da autoria de Francisco Henriques da Silva e de Mário Beja Santos, dia 6 de Novembro de 2014, às 18h00, na Sociedade de Geografia, Lisboa

Guiné 63/74 - P13828: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (36): Vídeo de homenagem ao Pepito (1949-2014)


Vídeo (2' 29''). Alojado no You Tube > ADBissau. Publicado  em  2/4/2014. Produção da TV Klele. No curto vídeo da TV Klele (que ele tanto acarinhava e apoiava) passam algumas imagens recentes da sua vida e das iniciativas que liderou no âmbito da AD de que foi cofundador e diretor executivo: Simpósio Internacional de Guiledje,  Assembleia Geral da ONG,. Festival da Escravatura (Quilambola), 2º Acampamento das EVA [Escolas de Verificação Ambiental].


1. Homenagem da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento ao seu mítico cofundador e líder, o carismático eng agr Carlos Augusto Schwarz da Silva (1/12/1949-18/2/2014). mais conhecido por Pepito, e nosso grã-tabanqueiro da primeira hora, além de amigo pessoal.

Passaram-se oito meses depois da sua morte, em Lisboa, por doença súbita, e  a saudade continua a ser imensa. Ele morreu, fisicamente, mas a força do seu exemplo e a sua pedagogia do desenvolvimento sustentado, integrado e participado continuarão a inspirar os seus amigos e antigos colaboradores. Não era apenas um homem de ação, mas também de ideias, memórias e afetos. Daqueles  fazem falta ao mundo. E, seguramente, à Guiné-Bissau. sua terra,  que ele amava apaixonadamente, apesar de todos sobressaltos, contrariedades, ameaças, riscos e desencantos. (LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 27 de março de 2014 >  Guiné 63/74 - P12904: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (35): Grande e sentida homenagem ao Pepito (1949-2014), no bairro do Quelelé, em Bissau, onde fica a sede da ONDG e a casa de família

Guiné 63/74 - P13827: Ser solidário (171): SOS, Ébola!... Vídeo de informação e sensibilização, em crioulo, acabado de lançar, em Bissau, pelos nossos amigos da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento



Vídeo (3' 33''): Campanha de Comunicação e Prevenção da Doença por Vírus Ébola. Publicado a 17/10/2014. Alojado enm You Tube >  ADBissau. Produção da TV Klele. (Em crioulo. Contem imagens que podem ferir a suscetibilidade de alguns leitores).

1. Os nossos amigos da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento lançaram  uma Campanha de Comunicação e Prevenção da Doença por Vírus Ébola  no dia 22 de setembro em Bissau. Esta campanha durará um ano até agosto de 2015. Este recente vídeo, da sua autoria, faz parte dessa campanha, devendo passar, além da Internet, nas televisões comunitárias, como a TV Quelelé
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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de outubro de 2014 > Guiné 53/74 - P13785: Ser solidário (170): SOS, Ébola!... Cooperação Portugal- Guiné-Bissau... Hospital Militar de Bissau vai ter equipas de saúde portuguesas na prevenção e combate a eventuais casos de doença por vírus ébola

Guiné 63/74 - P13826: Consultório militar, do José Martins (7): Sobre a morte do alf mil Nuno da Costa Tavares Machado, em Guileje, em 28/12/1967: Parte I - Dúvidas que, escritas na areia, desaparecem, mas acompanham sempre os entes queridos (Aníbal Teixeira, cunhado, Avanca, Estarreja)



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Guileje > Núcleo Museológico Memória de Guiledje >  A placa com o nome do alf Nuno da Costa Tavares Machado que estava na parada do aquartelamento (*)... Ou melhor: afixada na parede da messe de sargentos (**), e que foi descoberta por ocasião dos trabalhos de escavação de arqueologia militar que deram origem ao Núcleo Museológico Memória de Guiledje.  Não temos nenhuma foto, individual ou em grupo,  do nosso malogrado camarada.

Foto: © AD - Acção para o Desenvolvimento (2013) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]



Guiné  > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68) > Caserna das praças a que foi atribuído o nome dos sold António de Sousa Oliveira (o "Francesinho") e o António Lopes (o "Sargento"), mortos em 28/12/1967 na sequência da Op Relance, juntamente com o alf mil Tavares Machado, todos eles pertencentes ao grupo "Os Lordes" [... designação dum Grupo de Combate formado por voluntários da companhia que recebera instrução especial em Bissau com o fim de constituir o primeiro escalão de progressão e assalto, dado que a CART 1613 foi, inicialmente, companhia de intervenção à ordem do Comando Chefe e actuou em vários pontos do território, segundo explicação dada pelo nosso saudoso cap José Neto (1927-2007)].





Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1967 > CART 1613 (1967/68) > Ao centro, o Francesinho, alcunha do sold at António de Sousa Oliveira, transbordando de energia e de alegria, uns meses antes de morrer, no "corredor da morte", em 28/12/1967. Era natural de Celorico de Basto (, tal como o seu infortunado camarada, o António Lopes) e emigrante em França. É a única foto que temos dele.





Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 1613 (1967/68)> Alguns dos quadros da companhia, vestidos com trajes fulas... Dois militares parodiam a PM- Polícia Militar... O Cap Corvalho pode ser o terceiro a contar da esquerda, pelo menos é alguém que ostenta as divisas de capitão. "Aqui de certeza é o Corvacho, um bom amigo", garante-me o Nuno Rubim ...

Não, não se trata de nenhuma "festa de Carnaval", mas da tão desejada "receção dos piras"... Neste caso, a foto deve datar de maio de 1968, quando a CART 1613 (cuja comissão em Guileje vai de junho de 1967 a maio de 1968) é rendida pela CCAÇ 2316 (mai 1968/jun 1969)...Nessa altura, o alf mil Machado Tavares já tinha morrido, pelo que nunca poderia fazer parte deste "grupo de praxistas", ou no mínimo, encarregue de "dar as boas vindas" à periquitagem...
Fotos: © José Neto  (2006) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Mensagem de 20 do corrente, do nosso leitor Aníbal Teixeira, 

Assunto: Guiné- Alferes Tavares Machado
Data: 2014-10-20 03:01


Caro Sr. Luis Graça,  bom dia.

Sou cunhado do Alferes Nuno Tavares Machado, falecido em combate na Guiné em 28/12/1967 (***).

Ao ler o vosso site e ao comunicar à minha esposa, única irmã do Nuno, os sentidos de novo despertaram para a situação vivida há 47 anos...

Muitas interrogações e curiosidades reacenderam...

(i)  Como morreu o Nuno ?? Sofreu ?? 

(ii)  Foi condecorado a titulo póstumo porquê ?? 

(iii)  Porque fizeram a placa com o nome dele e a colocaram na parada da messe de sargentos ?? 

(iv)  Se diversos tombaram, porquê o Nuno ?? 

(v)  Porque aparece agora ?? 

(vi)  Há alguém vivo que me possa descrever ?? 

(vii)  Um dia, como alferes, no Quartel General do Porto, interroguei o Comandante da Região Corvacho. Lamentou, mas não me comentou o sucedido. Porquê ?? 

Sempre fiquei com duvidas...

São dúvidas que,  escritas em areia,  desaparecem, mas acompanham sempre os familiares..!....

Se algo possível pretenderem sobre o Nuno, para enriquecerem o excelente e digno trabalho que estão a fazer, estamos à vossa disposição.

Da família directa do Nuno resta a irmã, minha mulher,  e a mãe, com 97 anos. A mãe vive no Porto e nós em Avanca (Estarreja).

Ao vosso dispor, com um forte abraço

Aníbal Teixeira

Tlm (...) | Email (...)

2. Resposta do nosso colaborador, camarada e amigo José Martins [ex-fur mil trms, CCAÇ 5, Canjadude, 1968/70, TOC reformado, residente em Odivelas] (****):

Caro Aníbal Teixeira

Sobre o e-mail que escreveu ao Luís Graça, na qualidade de administrador do blogue “Luís Graça e Camaradas da Guiné”, cabe-me a mim, como colaborador permanente do blogue, tentar dar resposta às questões que colocou.

Para poder dar uma resposta sobre os factos, baseado em documentos oficiais, foram consultadas as seguintes fontes:

a) História da Unidade do Batalhão de Artilharia nº 1896 que tinha como subunidades orgânicas, além da CCS, as Companhias de Artilharia nºs 1612, 1613 e 1614, à guarda do Arquivo Histórico Militar, donde foi extraído o resumo que juntamos, e que consta no 7º Volume – Unidades, da CECA.

b) 8º Volume, Livro 1, Mortos em Campanha, na Guiné, de que juntamos página onde constam os nomes dos três militares que tombaram em 28 de Dezembro de 1967.

§ Na História da Unidade e à guarda do Arquivo Histórico Militar, que fomos consultar, consta na página número 127, a seguinte nota, relativa ao período de 1 a 31 de Dezembro de 1967:

«Em 27 – Executado a Operação “Relance”

Missão – Emboscada no “corredor” de Guileje.

Força executante:

- Companhia de Artilharia  [CART] 1613 (incompleta)

- 1 Grupo Combate da Companhia de Artilharia [CART] 1659

- 1 Grupo Combate da Companhia [de Caçadores] [CCAÇ] 1622

- Pelotão de Caçadores Nativos  [Pel Caç Nat] 51

- Pelotão de Milícias 138

Resultados obtidos:

- Causados ao IN 4 mortos prováveis e feridos vários não controlados

- As NT sofreram 3 mortos, 4 feridos graves (3 milícias) e 3 feridos ligeiros (2 milícias).»

c) 5º Volume, Tomo VI, página 363 de Condecorações atribuídas, onde consta a Portaria de atribuição da Condecoração, assim como o Louvor que deu origem à mesma.

Tentemos, então, dar respostas às questões colocadas, mas que se devem considerar como “opinião pessoal”. Dúvidas não esclarecidas, que se avolumam a cada dia, marcam, às vezes, mais do que a “chegada da notícia do acontecido”.

Como morreu o Nuno? Sofreu?

Pela leitura do Louvor, ainda que feito em termos muito normalizados, o Nuno foi um dos 1711 militares que Tombaram em Combate na Guiné. Quanto a sofrimento, sem querermos ser cruéis, pelo menos o Nuno deve ter sofrido, caso a morte não tenha sido imediata. Pelo menos deve ter pensado na mãe e na família, que era um dos pensamentos sempre presentes. 

Foi condecorado a titulo póstumo porquê?

A resposta está no teor dos louvores que lhe foram conferidos. Apesar de ser o “terceiro oficial” da subunidade, era bastante voluntarioso e admirado pelos “seus homens”, tendo criado e comandado um “grupo de elite” [, os Lordes,} que o seguia sempre. 

Porque fizeram a placa com o nome dele e a colocaram na parada da messe de sargentos?

Para mim, não é mais que camaradagem. Foi, provavelmente, uma forma de “fazer o luto” por um camarada de armas que, apesar de estar “vocacionado para mandar”, não hesitava em dar o exemplo.

Se diversos tombaram, porquê o Nuno?

Se quisesse dar uma resposta “fria”, diria que estava no local errado à hora errada. Se quisesse dar uma resposta “piedosa”, diria que estava na hora de partir para “outras paragens”. Mas, prefiro, dar uma resposta objectiva, baseada no texto do segundo louvor: Morreu porque foi socorrer um camarada ferido, e por isso ficou mais exposto ao perigo. 

Porque aparece agora?

Não sei o que pretende sobre o “agora”. Guilege [ou Guileje] é um marco muito negativo na história das nossas tropas na Guiné. Ficava situado no Sul junto à fronteira, num “corredor” muito utilizado pelo PAICG, para introduzir no território homens, armamento e outros bens. Muitas são as referências àquele destacamento que, em 1973 [, em 22 de maio], acabou por ser abandonado pelas tropas que o guarneciam, após longos dias de bombardeamentos tendo, inclusivamente, ficado sem transmissões, por terem atingido a antena.

Depois da independência, e já no século presente, a AD – Acção para o Desenvolvimento, uma ONG da Guiné-Bissau, recuperou a destacamento, com a colaboração de militares portugueses [, com destaque para o nosso blogue], e organizou um simpósio [, em março de 2008,], pelo que pode ser uma das razões de agora “ter sido colocado em cima da mesa”. 

Há alguém vivo que me possa descrever?

Infelizmente já não se encontram entre nós, o então Capitão [Eurico] Corvacho [e o então 2º Sargento José Neto [, que morreu em 2007, como cap refomado,], um como comandante e outro como responsável pela formação da companhia.

Há várias entradas sobre o tema no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. (Marcadores: Guileje, José Neto, CART 1613, referências no fim dos postes, etc; vd. coluna do lado esquerdo do blogue). 

Um dia, como alferes, no Quartel-General do Porto, interroguei o Comandante da Região Corvacho. Lamentou, mas não me comentou o sucedido. Porquê?

Quem comanda, em qualquer situação, tem apreço pelos que comanda. É natural que o Capitão Corvacho tenha interiorizado esta “baixa”.

Espero que estas notas, se não vão “apaziguar” as vossas dúvidas e saudades, possam ser uma maneira de “amenizar” tudo aquilo que levantou tantas dúvidas sobre um acontecimento de há 47 anos.

Seguem-se os textos referidos anteriormente [, a publicar, oportunamente, no seguimento deste poste].

José Marcelino Martins

josesmmartins@sapo.pt

21 de Outubro de 2014

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(**) Vd. poste de 8 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12127: Núcleo Museológico Memória de Guiledje (23): A placa toponímica "Parada Alf Tavares Machado" estava afixada na parede da messe de sargentos (Luís Guerreiro, Montreal, Canadá, ex-fur mil, CART 2410, 1968/70)


 (***) Vd. poste de 29 de junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6658: Lista alfabética dos 75 alferes mortos no CTIG, 54 (72%) dos quais em combate (Artur Conceição)

Guiné 63/74 - P13825: Agenda cultural (347): Apresentação do livro "Da Guiné Portuguesa à Guiné-Bissau - Um Roteiro", da autoria de Francisco Henriques da Silva e de Mário Beja Santos, dia 6 de Novembro de 2014, às 18h00, na Sociedade de Geografia, Lisboa

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "DA GUINÉ PORTUGUESA À GUINÉ-BISSAU: UM ROTEIRO" DA AUTORIA DOS NOSSOS CAMARADAS FRANCISCO HENRIQUES DA SILVA E MÁRIO BEJA SANTOS, DIA 6 DE NOVEMBRO DE 2014, PELAS 18H00, NA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA, LISBOA


C O N V I T E

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Nota do editor

Último poste da série de 25 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13801: Agenda cultural (346): Lançamento do livro "Quatro Rios e um Destino", de Fernando de Jesus Sousa, dia 30 de Outubro de 2014, pelas 14h30, no Auditório Jorge Maurício, Associação dos Deficientes das Forças Armadas em Lisboa

Guiné 63/74 - P13824: Notas de leitura (646): “Os congressos da FRELIMO, do PAIGC e do MPLA: Uma análise comparativa”, por Luís Moita, CIDAC/ULMEIRO, 1979, e "Aprender português na Guiné-Bissau": Um manual do aluno datado de 1994 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Março de 2014:

Queridos amigos,
Neste afã de ajuntar o que à Guiné diz respeito, dei com esta edição do CIDAC de 1978 e permito-me chamar à vossa atenção para o papel pioneiro que eles tiveram na cooperação luso-guineense, é documentação que se pode consultar na sua sede, não há para ali revelações bombásticas mas dá para verificar que houve muita generosidade, vários doadores apostaram no progresso guineense. E coube-me a sorte em encontrar um tocante livro de aprendizagem português feito em parceria com a Escola Superior de Educação de Setúbal.
Dá gosto ver como sabemos ajustar a comunicação e ir ao encontro às reais necessidades dos outros.

Um abraço do
Mário


Os congressos da FRELIMO, do PAIGC e do MPLA: 
Uma análise comparativa

Beja Santos

“Os congressos da FRELIMO, do PAIGC e do MPLA: Uma análise comparativa”, por Luís Moita, CIDAC/ULMEIRO, 1979, é o balanço feito por um dos fundadores do CIDAC aos congressos dos três principais movimentos de libertação africanos de língua portuguesa, em 1977. Para o leitor mais interessado em conhecer a história do CIDAC, que começou por ser Centro de Informação e Documentação Anticolonial, logo em maio de 1974, e que se tornou posteriormente em Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, remete-se para o link: www.cidac.pt/files/9013/8434/2125/Solidariedades.pdf, encontra-se neste documento a narrativa de 30 anos atividade laboriosa em termos de cooperação com as ex-colónias, o estudioso poderá encontrar na Biblioteca do CIDAC (Rua Tomás Ribeiro, 3-9 1069-069 Lisboa) o historial da cooperação com a Guiné-Bissau.

Importa registar que Luís Moita escreveu sobre os congressos do PAIGC anteriores a 1977. Referindo-se ao Congresso de Cassacá (13 a 17 de fevereiro de 1964), cita uma frase de Amílcar Cabral em 1969: “O partido já estava doente, após um ano de luta”. O Congresso tomou decisões fundamentais no domínio da organização política e militar, trata-se de matéria que está profundamente documentada. Passado 9 anos, o PAIGC reuniu o seu II Congresso no Boé. Em dezembro de 1972, tinham decorrido as eleições para a Assembleia Nacional Popular e em 20 de janeiro Cabral é assassinado. Neste II Congresso decidiu-se convocar a Assembleia Nacional Popular no decurso desse ano 1973, a fim de cumprir a decisão de proclamar o Estado da Guiné, são os acontecimentos de 24 d setembro de 1973. São portanto Congressos que assinalam etapas fundamentais da luta e onde se tentou a superação de contradições e dificuldades sentidas enquanto movimento independentista.

Luís Moita detém-se uma estrutura social guineense e cabo-verdiana e alude ao relatório do Conselho Superior de Luta do PAIGC onde se diz que o processo histórico da luta de libertação nacional foi desencadeado não por uma classe mas pelo setor revolucionário da pequena burguesia, não havia, tanto na Guiné como em Cabo Verde, um operariado consciente dos seus interesses.

O III Congresso debruçou-se sobre os anos de poder, entre 1974 e 1977. O PAIGC não fala em revolução socialista,  fala em democracia nacional revolucionária e procura não iludir as realidades: o poder político assentava numa base económica frágil, em virtude do baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas nacionais, por isso a tarefa primordial era alargar e fortalecer a base económica do poder político. O III Congresso considerou que a etapa que se vivia era fundamentalmente caraterizada pelas necessidades de consolidação da independência e de mobilização nacional.

Entendia o PAIGC que se tinha estruturado como partido e tinha adotado um programa de frente nacional, era a vanguarda do povo da Guiné e Cabo Verde, praticava uma política de unidade nacional e definia-se como um movimento de libertação no poder. Neste III Congresso aprovaram-se novos estatutos do PAIGC onde se equacionavam as relações entre o partido e as organizações de massas:

  “Processam-se na base do princípio da independência orgânica e autonomia dessas organizações e do princípio da direção e controlo pelo partido”.

E assim chegamos ao conceito de desenvolvimento, apresentado por Aristides Pereira: 

“Só tomando medidas concretas que conduzam à liquidação da exploração pelo homem na nossa terra podemos criar as condições para que seja real o progresso continuo no nosso povo. Isto significa que o desenvolvimento da nossa terra tem de processar-se na base da mobilização das camadas mais desfavorecidas da população, sobretudo dos trabalhadores do campo”

E, mais adiante: 

“Na Guiné, há duas questões fundamentais que estamos a desenvolver: uma, é a criação de condições que conduzam ao estabelecimento do equilíbrio da nossa balança de pagamentos e a outra é a necessidade de reforçar e alargar as medidas tendentes a quebrar o círculo fechado da nossa autossubsistência, em que se encontra 80 % da nossa população”

Segue-se a enumeração de um conjunto de projetos, que, como se sabe, ou foram rotundos fracassos (caso do complexo agro industrial do Cumeré) outros que não encontraram doadores ou financiadores.

A direção do PAIGC eleita no III Congresso tinha a seguinte Comissão Permanente: Aristides Pereira (secretário-geral), Luís Cabral (secretário-geral adjunto), Francisco Mendes, João Bernardo Vieira, Pedro Pires, Umarú Djaló, Constantino Teixeira e Abílio Duarte.

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Aprender português na Guiné-Bissau: 
Um manual do aluno datado de 1994

Encontrei este manual editado pela Escola Superior de Educação de Setúbal na Feira da Ladra, teve uma tiragem de 900 exemplares, foi escrito por Alcina Ferreira e tem desenhos de Luís Balata e Manuel Júlio, a capa é de Elisa da Costa, uma aluna guineense.

Na apresentação ao aluno diz-se que “Durante este ano, vais aprender a escrever em pequenas frases aquilo que pensas. Vais também aprender a ler melhor, para entender o que os outros te contam por escrito. No fim deste ano serás capaz de ler o jornal, as cartas, as revistas e outros livros”.

É um livro felizmente articulado com as realidades guineenses, oxalá tinha sido útil a muitos meninos, preparando-os para falar mais fluentemente o português. Dá gosto ver materializada a cooperação entre metodólogos portugueses e guineenses, o manual tem conteúdo e a sua sobriedade não afeta o valor das mensagens. Aqui ficam algumas imagens.



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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13806: Notas de leitura (645): “Cidade e Império, Dinâmicas coloniais e reconfigurações pós-coloniais”, organizadores Nuno Domingos e Elsa Peralta, Coleção História e Sociedade, Edições 70 (Mário Beja Santos)

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13823: Consultório militar, de José Martins (6): Respondendo aos nossos leitores, filhos ou netos de camaradas nossos, Luciano dos Reis Diniz, Francisco Bexiga e Jorge Fernandes... Alô, malta da CCAÇ 1787 (Empada, Buba, Bissau, Quinhamel) e da 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba, 1973/74)

A. Vamos ver o que temos aqui no "consultório militar" do nosso Zé Martins, que tenha ido a "despascho" e que esteja à espera de ser publicado...


1. Mensagem de um leitor nosso, Luciano dos Reis Diniz, com data de 25 do corrente:

Assunto - Batalhão 49, Companhia 3349

Boa noite,

O meu pai esteve na Guiné em 71 e gostaria de contactar os seus colegas, Tem alguma informação que me possa disponibilizar?
Obrigado.
Cumps


2. Resposta do nosso camarada José Martins [JM], no dia seguinte:

Boa tarde,  Luciano dos Reis Diniz

Acerca da questão que colocou ao administrador do blogue, passamos a informar:

A Companhia de Caçadores nº 3349, que em conjunto com as Companhias de Caçadores nºs 3350 e 3351, faziam parte do Batalhão de Caçadores nº 3841, foi constituida no Batalhão de Caçadores nº 10, em Chaves, tendo partido para a sua comissão de serviço, em ANGOLA, no dia 15 de Maio de 1971 e regressado em 29 de Maio de 1973. 

Foi comandada pelo Capitão Miliciano José Luciano Carvalho de Miranda e esteve estacionada em Cangamba e Lobito.

Portanto,. nos dados que nos informou, há uma incorrecção no número da Companhia ou no Teatro de Operações onde o seu pai prestou serviço.

Desta forma queira confirmar os elementos de que dispõe e, posteriormente, teremos todo o gosto em lhe comunicar o que nos for possivel obter.

José Marcelino Martins


3. Mensagem de Francisco Bexiga, com data de 6 do corrente

Boa tarde,

O meu nome é Francisco Bexiga, e sou filho do falecido Capitão António Alberto Rita Bexiga, em Cabinda, em 8 de Agosto de 1972.

O meu pai esteve na Guiné em 1968 e 69, e gostaria de saber se alguém que faça parte do Blogue, esteve com ele na Guiné.

Obrigado,
Francisco.


4. Resposta do José Martins: 
Manuel Serôdio, Rennes, França


O nosso camarada António Alberto Rita Bexiga foi Alferes na CCaç 1787 que esteve na Guiné entre Novembro de 1967 e Agosto 1969 [, Empada, Buba, Bissau, Quinhamel].

Veio a falecer em Angola.em 8 de Agosto de 1972. Tem várias entrada em Ultramar TerraWeb, procurando pelo nome.

Camaradas do blogue desta companhia: Manuel Serôdio, que vive em Rennes, na Bretanha, França. [, Foto à direita].

José Martins

5. Mensagem de Jorge Fernandes, com data de 6 do corrente:

 Bom dia.

Sou neto de um senhor que serviu na Guiné de 73 a 74, pertencia à 2.ª Companhia do Batalhão [BCAÇ 4513],  de nome António de Jesus Blanco Fernandes, natural  de Monção.

Gostaria de obter, se possivel, contactos de companheiros do meu avô para poder reencontrar velhos amigos.
Qualquer informação adicional não hesite em contatar-me.
José Carlos Gabriel

Cumprimentos e agradecido desde já.
Jorge Fernandes

6. Informação do JM para os editores:

Da  2ª CCaç / BCaç  4513 (Aldeia Formosa, Nhala e Buba - 1973/74) temos os camaradas António Murta, da Figueira da Foz, ex-alf mil (que está para entrar na Tabanca Grande) e o José Carlos Gabriel, ex-1º cabo cripto, que vive agora na Alemanha.[Foto à direita].

Vejam também a página Ultramar TerraWeb. Não verifiquei "um a um" os endereços que constam ao longo de 5 páginas.

Há noticias de encontros e procura de camaradas.


7. Um "anónimo" deixou, hoje,  um comentário no poste de 14 de  de junho de 2012 > Guiné 63/74 - P10033: Convívios (453): 2.º Encontro Nacional dos "Onças Negras de Bedanda" - CCAÇ 6, ocorrido no dia 9 de Junho na Mealhada (António Teixeira)


Boa tarde, fui condutor do Coronel Renato Vieira de Sousa em Lisboa, Campolide. Como posso ter o contacto com esse Sr.?

Chamo me Patricio (Coimbra)

fmpatricio@sapo.pt

Obg. Cumprimentos. Patricio


8. Resposta imediata do Hugo Moura Ferreira [, foto à esquerda], a pedido do Zé Martins;

Eu encarregar-me-ei desta tarefa, com todo o gosto!
Abraço a todos e em particular ao José M. Martins que me alertou para esta solicitação.


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Guiné 63/74 - P13822: (In)citações (71): Djarama (obrigado) a este "santástico" blogue por nos proporcionar um espaço de diálogo e de (re)encontro entre o passado, o presente e o futuro (Djuli Sal, neto do Cherno Rachide Djaló)


1. Comentário, de hoje (*), do nosso leitor, Djuli Sal, neto do Cherno Rachide [Djaló], do Quebo (ex-Aldeia Formosa), que morreu em 1973 ) (**):

[De acordo com o seu perfil no Google +,  "trabalhou em DGCI, fequentou a Universidade Colinas de Boe/Washinton State Uviversity; vive em Hafia,Bissau] [foto à esquerda]

Grato pela adopçao do termo "SANTÁSTICO" (*), agradeço a vossa amabilidade.

Ao meu ver,  este blog representa um veículo de divulgaçaã e contextualização da rica história da Guiné-Bissau.

Aos mais velhos proporciona uma autêntica nostalgia... Para os mais novos (como é o meu caso) é um meio de aprendizagem e de reencontro com as nossas verdadeiras raízes... 

E a todos faculta uma outra face da história, com possibilidades de fazer comparação com o passado recente e o presente, com intuito de projetar um futuro melhor... Um futuro liberto dos erros do passado, através de um novo raiar de sol da esperança de dias melhores rumo ao tão falado desenvolvimento do pais.

Mas para que tudo isso aconteça, os herdeiros da pátria do Cabral têm que enveredar pelo verdadeiro diálogo, perdão e reconciliação entre todos.

O meu obrigado do fundo do coração vai para a direção deste blog, por nos ter proporcionado um espaço de diálogo e encontro com a nossa histria.´

Djarama  (***)
Djuli Sal
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 21 de abril de  2011 > Guiné 63/74 - P8149: (Ex)citações (138): Sou o neto do Cherno Rachide (Djuli Sal)

(...) Olá, amigos, estou muito grato por esse santástico trabalho realizado por essa equipa de emprendedores que conseguiram reavivar a esperança de um povo esquecido no tempo.... o povo de Quebo (ex-Aldeia Formosa).

Sou neto do Tcherno Rachid Djaló [assinalado na foto, em rectângulo verde, tendo atrás, enquadrado por rectângulo a vermelho, o Cap Mil Vasco da Gama, Aldeia Formosa, Janeiro de 1973 ], e estou muito contente por essa iniciativa.(...) 


(...) O termo santástico deve ser lido como santo e fantástico (...)


(**) Al-Hajj Cherno Rachid Djaló parece ser a designação correta... Cito o especialista Francisco Proença de Garcia, oficial superior do exército português [, autor de  Guiné-Bissau 1963-1974: Os movimentos independentistas, o Islao e o poder português / Francisco Miguel Gouveia Pinto Proença Garcia. -Porto, 1996. -  (Texto policopiado) 283 f. : il. ; 30 cm. - Bibliografia, f. 268-283. - Tese de mestrado em Relaçoes Internacionais, Universidade  Portucalense, 1996]. Está disponível no sítio Triplov.com

(...) "Os dignitários islâmicos mais proeminentes eram Al-Hajj Cherno Rachid Djaló (futa-fula) de Aldeia Formosa (rebaptizada Quebo, após a independência), o Xerife Secuna Haydara (de linhagem xerifina) de Ingoré e, em Cambor, o Al-Hajj Cherno Mamagari Djaló (futa-fula).

(,,,) Sabe-se que foi disponibilizada uma verba de 200 mil dólares pela Presidência do Conselho de Estado para custear as despesas com a peregrinação a Meca para diversas personalidades destacadas da Comunidade. Na Guiné-Bissau, assim como em toda a África Ocidental, realiza-se a designada “peregrinação por procuração”, ou seja, emerge de uma comunidade um elemento para efectuar a peregrinação. Este elemento executa a peregrinação e obtem, na viagem, a bênção para toda aquela comunidade que suporta as despesas de tão honrosa missão. A comunidade em questão encarrega-se da família do peregrino, enquanto ele está ausente. O valor da peregrinação também envolve este procedimento. Se, por outro lado, o grupo social não realizar aquele esforço, podemos dizer que a peregrinação é afectada.

A peregrinação desempenha um importante papel político, uma vez que une muçulmanos de todo o mundo. Ao regressarem, os peregrinos são portadores do título honorífico de “Al-Hajj” (peregrino), o qual confere um estatuto aristocrático no plano sócio-religioso. De acordo com o Supintrep nº.11, entre 1959 e 1972, sob o patrocínio do Governo da antiga Província Portuguesa, visitaram Meca 230 peregrinos.(...)

(***) Último poste da série > 24 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13795: (In)citações (70): África meteu-se-nos debaixo da pele (Juvenal Amado)

Guiné 63/74 - P13821: Memória dos lugares (278): Jugudul, abril de 2006: (i) as instalações do antigo aquartelamento das NT, então cedidas ao empresário Manuel Simões (1941-2014); (ii) a bomba de combustível Galp; e (iii) a destilaria de aguardente de cana de açúcar (Fotos de A. Marques Lopes)











Guiné-Bissau > Região do Oio > Jugudul > Abril de 2006 > Aspetos parciais do antigo aquartelamento de Jugudul, cujas instalações foram adquiridas por (ou cedidas a) o empresário  lusoguinense Manuel Simões (Bolama, 1941- Jugudul, 2014) a seguir à independência (*). Ali instalou a sua casa, uma bomba de combustível (da GALP) e uma destilaria de aguardente de cana de açúcar.

Nos últimos anos de vida (de acordo com o testemunho do Zé Teixeira que esteva na sua casa em 2013), o Manuel Simões acabou por  fechar a destilaria, por não poder concorrer com os preços praticados por uma outra  destilaria, com moderna tecnologia,  que abrira entretantio, nos arredores de Bissau.

Na altura, da viisita da malta do Porto, em abril de 2006,  o Manuel Simões também tinha uma ponta (herdade) onde cultivava caju.

Fotos: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]
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1. São imagens do fim de uma época... e  de uma vida de 70 e tal anos vividos na Guiné. Referimo-nos ao Manuel Simões. Sobre ele escreveu, em comentário ao poste P13783, o António Rosinha:

"Essa figura de 'branco africanista' à portuguesa, que Manuel Simões representa, é que foi a estirpe de gente que foi totalmente incompreendida neste rectângulo onde se dizia que Àfrica era para os africanos, para não dizer 'terra dos pretos', como se dizia na realidade. Aliás, Mugabe também pensa assim."



As fotos são do A. Marques Lopes, tiradas no âmbito da viagem "Do Porto a Bissau", realizada em abril de 2006. (**).

Recorde-se, por outro lado, que a um ano e picos do 25 de abril de 1974, a tabanca de Jugudul esteve a "ferro e fogo" (6 mortos, meia centena de moranças destruída), , como recorda aqui o nosso camarada Carlos Fraga (Poste P11417, de 18 de abril de 2013);

(...) "Caro Luís: A tabanca do Jugudul foi destruída no ataque de 23/1/73. Tirei as fotos que te mandei dos restos dessa tabanca. As moranças já estavam construídas, quando lá estive a substituir as que foram destruídas no ataque." (...)

Consultando a história do BCAÇ 4612/72, verifiquei  que o novo reordenamento de Jugudul tinha começado, logo a seguir, em  7 de março de 1973, e que a construção da estrada Jugudul-Bambadinca era um "espinho" cravado na garganta do PAIGC... (LG)
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quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13820: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte XV: abril de 1973: depois de, em 25/3/1973, entrarem em cena, para surpresa das NT, os mísseis Strela, outros factos dignos de registo no setor L1: (i) presença de cubanos em Ponta Varela; (ii) Mansambo é flagelado ao fim de 8 meses; e (iii) a tabanca abandonada de Sinchã Bambe é reocupada e passa a chamar-se... Santa Cruz da Trapa, em homenagem à terra natal do cmdt do batalhão...



Guiné & amp; gt; Zona Leste & amp; gt; Setor L1 & amp; gt; Mansambo & amp; gt; 1970 & amp; gt; Vista aérea aquartelamento. Ao Fundo, da esquerda para a direita, a estrada Bambadinca-Xitole. Foto do Arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de Operações Especiais, CCAC 12, Bambadinca, 1969/71)

(...) "Quanto à foto de Mansambo, a vista aérea – que é espectacular e que pessoalmente agradeço - gostava de saber de que ano é, se o Humberto tiver esses dados. A zona está totalmente nua, só com uma grande árvore ao fundo que se encontra à entrada do aquartelamento, pois vê-se a bifurcação para a estrada Bambadinca-Xitole (esquerda-direita. Falta ali uma árvore, a tal de referência para o IN, e que os nossos soldados chamavam a árvore dos 17 passarinhos, tal era a quantidade deles, que se situava na parte mais afastada da entrada. A mancha branca de maior dimensão seria o heliporto. Faltam os obuses, um de cada lado à esquerda e à direita. Ao lado dessa árvore ficava o depósito, que era uma palhota, de géneros e munições, que ardeu a 20 de Janeiro de 1969 (nesse dia chegaram os 2 Obuses 105 mm). Era véspera do aniversário da CART 2339. Ao fundo vê-se uma mancha à esquerda do trilho de entrada que era a tabanca dos picadores. À direita no triângulo de trilhos, ficava a nossa horta. A fonte ficava à direita da foto onde se vêem 3 trilhos, na mancha mais negra em baixo. Se confrontares com um mapa da zona vê-se aí uma linha de água" (...) [Carlos Marques dos Santos  (ex-fur mil inf los, CART 2339, Mansambo, 1968/69, um dos construtores do " campo de forticado Mansambo ".. . Este topónimo tem 235 referências no nosso blogue].

Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. C ontinuação da publicação da História do BART 3873 (que esteve colocado na zona leste, no Setor L1, Bambadinca, 1972/74), a partir de cópia digitalizada da História da Unidade, em formato pdf, gentilmente disponibilizada pelo António Duarte.

[António Duarte, ex-fur mil da CART 3493, a Companhia do BART 3873, que Esteve los Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972-1974; Foi transferido para a  CCAC 12 (em  novembro de 1972, e não como voluntário,como por lapso temos indicado; economista, bancário reformado, foto atual à esquerda].

O grande destaque do mês de abril de 1973, três meses depois da morte de Amílcar Cabral (1924-1973) vai para os mísseis Strela que cruzam, peela primeira vez, em 25/3/1973, os céus do CTIG, apanhando  "de surpresa" as  NT ...

No setor L1 (Bambadinca) há a  registar apenas os seguintes factos (pp. 51/54,  cap II, da História da Unidade) (sublinhados, a vermelho, da responsabilidade  do editor):

(I) Presença, comprovada, de cubanos em Ponta Varela;

(Ii) Mansambo é flagelado ao fim de 8 meses; 

e (iii) A tabanca abandonada de Sinchã Bambe é reocupada e passa a chamar-se ... Santa Cruz da Trapa, em homenagem à terra natal do cmdt do Batalhão ...(LG)


Abril de 1973: depois de , em 25/3/1973, para surpresa das NT, entrarem em cena, no CTIG, os mísseis Strela, outros factos dignos de registo, no setor L1: 

(i) presença de cubanos em Ponta Varela; 
(ii) Mansambo é flagelado ao fim de 8 Meses;