quinta-feira, 11 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14729: Convívios (687): A malta da Tabanca Grande no 10 de junho de 2015, Lisboa, Belém- Parte I


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 1


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 2



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 3



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 4 > O Marcelino da Mata entre dois elementos da comissão organizadora


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 5 > Aspeto parcial da cerimónia


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 7 > O orador deste ano, o professor doutor Nuno Garoupa, especialitsa em direito e economia, e atualmente presidente da comissão executiva da Fundação Manuel dos Santos


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 8 > Comandos


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 9 > Paraquedistas



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 10 > Comandos


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 11 > Quatro representanets do batalh de Comandos africanos


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 12 > Um grupinho da malta da Tabanca da Linha e da Tabanca Grande


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 13 >O Miguel Pessoa é reconhecido por ex.para da CCP 123 / BCP 12  do seu tempo (1972/74) 


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 14 > O António Marques


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 15 > O António Marques e o Carlos Silva


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 16 > O Jorge Canhão e o António Marques



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 17 >O Humberto Reis e o António Marques



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 18 > O Jaime Bonifácio Marques da Silva e o Leonel Pedro Cabrita (, autor de duas obras de ficção inspiradas na sua vida como capitão miliciano em Angola: Capitães do Vento e O Último Inferno). Tal como o Jaime, foi professor de educação física.

Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 19 > O Peças, um soldado do pelotão do Jaime, em Angola, do BCP 21


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 20 > Foto de grupo com malta paraquedista que esteve em Angola, o Jaime à direita. (O Jaime Bonifácio Marques da Silva é membro da nossa Tabanca Grande; desta vez sem boina verde porque a emoprestou à Rosa Serra)


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 21 > Alice e o Xico Allen (que já esteve duas  vezes, este ano na Guiné-Bissau e que me deu notícias lá da terra, uams boas e outars menos boas... Uma das boas foi ter encontrado postos de iluminação pública nas rias de Empada, a.alimentadas a energia solar... Umas das más, é o oportunismo de muita gente que anda a tratar da vidinha...


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 22 > O Araújo Alves que reconheceu o Luís Graça, da Tabanca Grande, e prometeu escrever a pedir  a sua inscrição... Pertenceu à CART 2410, Os "Dráculas"  (1968/70). Dois grã-tabanqueiros: Luís Guerreiro (que está no Canadá) e José Barros Rocha (Penafiel) 


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 23


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 24 >Dos veteraníssimos  da Tanca Grande, e da Guiné o José Colaço (que é de 1963)  e o João Parreira (que é de 1964)


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 25 > O fidelíssmo António Santos



Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 26 > O Silvério Lobo, o Francisco Silva (hoje médico) e a Alice


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 27 > Xico Allen e Francisco Silva


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 28 > O José Casimiro e o Silvério Lobo... A representação do Porto veio de comboio.


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 29 > O Acácio Correia e a Alice




Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 30 > Alice o Vacas de Carvalho, triste pelo gesso na mão (caiu da cama!, foi a desculpa---) e sobretudo  por não encontrar, este ano,  o "alfero Cabral"... Também faltaram camaradas que não costumam faltar como o José Martins, por exemplo...


Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 >Foto nº 30 As salvas da marinha



Vídeo (0' 22'')   > As salvas da Marinha., no final da cerimnia


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2015). Todos direitos reservados (Edição: LG]


1. Lisboa, Belém > 10 de junho de 2015 > As primeiras fotos... Espero que o Miguel Pessoa me disponibilize as fotos que deve ter tirado, com as  nossas "meninas", as nossas camaradas enfermeiras paraquedistas que, finalmente  e muito justamente foram lembradas e homenageadas num 10 de junho ao fim destes anos todos... Mesmo que se trate do 10 de junho dos pobrezinhos (sem ofensa para ninguém...), à margem das cerimónias oficiais (que este ano decorreram em Lamego).

De qualquer modo, este é  um espaço e esta é uma data de que os antigos combatentes já se apropriaram há muito. A ocasião é sobretudo para fazer a "prova de vida" e "matar saudades"... É um dia de festa e de camaradagem entre antigos combatentes da guerra do ultramar / guerra colonial...  Há malta que vem de longe, em grupo, e vem fazer o seu piquenique à beira Tejo, à sombra inspiradora da Torre de Belém que faz agora 500 anos.... Mas notei muito menos gente do que em anos anteriores...

O fotógrafo (de ocasião) não teve acesso  ao espaço onde se concentravam as "individualidades" que presidiram a esta cerimónia, e os seus "convidados"...Vi ao longe a Arminda, a Rosa Serra, a Giselda...  pelo que são óbvias as lacunas desta reportagem fotográfica que é apenas a reportagem possível... Nestas coisas interessam-me sempre, muito mais, os bastidores e os figurantes, ou sejam, os que não irão figurar nas capas dos manuais da história... Mas as nossas enfermeiras paraquedistas, essas, fizeram história, e merecem aqui o devido destaque.

Espero que a II parte desta reportagem (possível) seja completada com fotos de outros camaradas que tiveram presentes, e que assistiram nomeadamente à homenagem às nossas queridas camaradas enfermeiras paraquedistas. (LG)

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Nota do editor;

Último poste da série > 9 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14721: Convívios (686): XI Encontro do pessoal da CART 1742 (Os Panteras) (Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69), levado a efeito no passado dia 30 de Maio em Viana do Castelo (Abel Santos)

Postado por Luís Graça at 1

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14728: 25º convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70): Vimeiro, Lourinhã, 30 de maio de 2015 (Valdemar Queiroz) - Parte II


Lourinhã. Vimeiro_> Comvívio 2015 da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, NovaLamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015> O Valdemar Queiroz e o Pais  de Sousa (ex-fur mil mec auto)




Lourinhã. Vimeiro_> Resrauarnte Comvívio 2015 da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, NovaLamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015> O Cândido Cunha


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > O Pinheiro e o Pina Cabral


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > O Silva dos rádios e esposa


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Rapaziada auto.




Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Silva, cozinheiro




Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Saraiva, auto, e família


Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Casimiro, mecânico


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Pais de Sousa, Cunha e esposa


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Nanuel Macias e Pinto


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Altino e família


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > O Renato Monteiro é o terceira desta mesa, dop lado esquerdo, de óculos, cabelo e barba de cor branca...


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > O serviço do restaurante Braga



Lourinhã, Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Martins e Pinheiro.



Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz & Renato Monteiro (2015). Todos os direitos rservados (Edição: LG]



1. Continuação da publicação da mensagem,  com data de 8 do corrente, do Valdemar Queiroz [ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70] [, foto à esquerda, em Contuboel, 1969]


(...) Depois foi o encontro/convívio de toda a rapaziada e família, no Restaurante Braga, no Vimeiro.

Todos já nos tinhamos visto em encontros anteriores, mas a presença do ex-fur.mil mecânico  Pais de
Sousa foi bem acolhida,  ainda no Centro Interpretativo. Quando chegamos ao Restaurante deparamos com a presença do ex-fur mil Renato Monteiro, velho 'Lacrau'.

Já com o cabelo e barda brancos, o Monteiro foi logo reconhecido e muito nos sensibilizou. Conheceu-me a mim, Queiroz, particularmente, por um tique que tenho no olhar, disse ele, emocionado mas, a não ser o Cunha, não se lembrava das caras de mais ninguém.

Passaram 45 anos, mas depois começou a reconhecer
Renato Monteiro,   c. 1969/70
alguns de nós. Quando lhe mostraram fotos do nosso tempo em Contuboel, o filho do Aurélio Duarte disse que ele chorou, sem dar nas vistas.

Obrigado, Monteiro,  todos nós precisamos de chorar, o mais não seja de alegria.

Anexo algumas fotos do evento, com a curiosidade de terem sido tiradas pelo  grande fotógrafo Renato Monteiro e daí ele não aparecer nelas, a não ser numas fotos fatelas da minha autoria.  Uma delas infelizmente tremida que se calhar o nosso editor não aproveitar. Ele tem carta branca para selecionar e publicar o que entender.

Abraços
Valdemar Queiroz
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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14723: 25º convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70): Vimeiro, Lourinhã, 30 de maio de 2015 (Valdemar Queiroz) - Parte I

Guiné 63/74 - P14727: Tabanca Grande (467): José João Braga Domingos, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4516/73 (Colibuia, Ilondé e Canquelifá, 1973/74), 691.º Grã-Tabanqueiro

1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo tertuliano José João Braga Domingos, ex-Fur Mil At Inf da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4516 (Colibuía, Ilondé e Canquelifá, 1973/74), com data de 3 de Junho de 2015:

Caros Camaradas
Já há alguns anos que frequento o blogue para criar ainda mais saudades.
A sua existência é uma excelente ideia e agradeço reconhecidamente aos que cuidam da sua manutenção.
Reparei que existe pouca participação do pessoal que esteve na Guiné em 1973-1974 (talvez por acharem não ter cumprido o que esperavam deles). Por isso, puxei pela memória e mais de 40 anos depois fiz uma resenha da passagem da minha Companhia (e de mim próprio) pela Guiné.
Se lhe encontrarem algum mérito façam dela a utilização que entenderem.
Quase trinta anos depois do regresso esta Companhia reuniu-se pela primeira vez num convívio e foi formidável. Temos continuado a encontrar-nos e no próximo dia 6 de Junho lá estaremos na Quinta das Carrascas, Carrascas, Alcobaça.

Um abraço
José João Domingos
Ex-Fur Mil At Inf

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BCAÇ 4516 - 2.ª CCAÇ

Esta descrição tem com certeza alguns erros e omissões. As recordações são as de cada um e as versões do mesmo facto serão tantas e tão diversas quantos os seus narradores. Por isso mesmo, não consultei qualquer documentação ou camarada para validar o que escrevi que saiu apenas da minha memória ou da falta dela.

Após formação do Batalhão no RI 15 em Tomar, embarque em Alcântara, no navio “Niassa”, no dia 6 de Julho de 1973 com destino à Guiné. Despedida com a presença de uma multidão de familiares, namoradas e amigos dos militares que partiam.

No barco boas condições de alojamento, higiene e alimentação que, com o decorrer dos dias, se iam nitidamente degradando. Por outro lado, as diferentes condições de transporte dos militares das várias patentes não potenciavam o espírito de grupo indispensável a quem ia viver dois anos em circunstâncias muito duras.

Chegado ao porto de Bissau, após escala no Funchal para receber uma Companhia Independente, uma semana depois, sexta-feira 13 de julho de 1973.

Largas horas entre o fundear do navio (não acostou), em que se processou a distribuição de correio e à desinfestação do navio, e o desembarque para uma LDG com destino a Bolama.

O BCAÇ 4516 estava destinado a Teixeira Pinto mas tinha havido alteração na distribuição das tropas e ficaria como unidade de intervenção. A divisa do Batalhão era “Firmes e Constantes”.

Instalado na LDG, no meio de grande confusão de bagagem, indaguei junto de alguém da tripulação pelo local de satisfação das necessidades básicas e, obtida a resposta, conclui que tinha chegado à guerra.

A LDG de vez em quando andava uns metros mas, meia dúzia de horas depois, ainda víamos as luzes de Bissau. Já clareava quando, finalmente, se pôs a caminho tendo chegado a Bolama cerca do meio-dia.

O desembarque foi um quadro surrealista. Apareceram dezenas de crianças negras propondo-se transportar as bagagens dos militares até ao quartel, que era próximo, a troco de uns pesos. Era doloroso vê-los a arfar debaixo de malas maiores do que eles, sendo frequente os donos das malas pagar-lhes e fazerem eles o serviço. Entretanto, aqueles que não tinham arranjado cliente colocavam-se ao lado dum recém-chegado que transportasse um saco de plástico e, subrepticiamente, no meio da barafunda, com as unhas iam produzindo rasgões no saco até que o seu conteúdo caísse no chão após o que em bando disputavam os despojos.

À vista de uma cidade que tinha sido capital da Guiné Portuguesa fiquei dececionado e perguntei-me que civilização, após 500 anos de domínio, apenas consegue produzir uma cidade daquelas, com edifícios degradados (o hotel, residência dos oficiais, estava escorado) e as ruas sem asfalto. Salvava-se a piscina, junto ao mar, o quiosque perto da entrada onde se bebia um café manhoso e o restaurante do cabo-verdiano onde se comia leitão (já velhote) muito mal escanhoado.

O patriotismo que levava na bagagem: o meu respeito pela nossa bandeira, o arrepio que sempre me causava a audição do hino nacional e o meu orgulho de ser português, contra tudo e contra todos, levou um forte abanão.

Um mês em Bolama a tirar a IAO deu-nos mais preparação do que toda a instrução na Metrópole, em particular para adaptação ao clima na época das chuvas. A experiência com a época seca viria mais tarde e foi bem mais dolorosa pois as noites no mato faziam abanar o corpo todo e as consequências estão hoje bem presentes.

No dia 3 de Agosto de 1973, dia de festa do PAIGC, fomos brindados com cerca de uma dezena de disparos de morteiro 120mm que causaram sete ou oito vítimas mortais, entre militares e população. Só por sorte não aconteceu uma tragédia ainda maior pois o pessoal estava preparado para o jantar e algumas das granadas explodiram bem perto do aquartelamento. O obus do CIM retaliou passada mais de meia hora sendo provável que os autores já estivessem bem longe. Por precaução, fomos dormir para a mata nos arredores da cidade.

Durante a instrução o general Spínola deslocou-se a Bolama para receber o BCAÇ 4516, na presença dos representantes das forças vivas locais, com uma parada de tempo exagerado e alguns desfalecimentos. Na reunião com oficiais e sargentos, realizada no tal hotel, lembro-me bem do general Spínola dizer, entre outras coisas que não fixei, que “a guerra em África não se mantinha devido aos grandes rasgos de visão da retaguarda”.
De facto, era claro que aquela guerra não tinha saída para o nosso lado. A conquista de populações tão diversas teria que ter sido feita muitas décadas atrás se o País tivesse gente com visão no seu comando. Por outro lado, a concessão da independência traria consequências para os territórios mais apetecíveis sob o nosso domínio. Também o final da guerra do Vietname iria com certeza trazer problemas acrescidos para as nossas tropas por maior disponibilidade dos fornecedores de armamento.

Na segunda quinzena de Agosto lá fomos de LDG para Buba, com destino ao setor de Aldeia Formosa (Quebo). O caminho entre Buba e Aldeia, com paragem em Nhala e Mampatá, demorou uma eternidade para um periquito mas perfeitamente normal para o resto do pessoal, atendendo à época das chuvas.

Chegados a Aldeia pôs-se a questão do aboletamento tendo o pessoal ficado muito mal instalado nos primeiros dias, em sobreposição com o BCAÇ 4513.

Passados dias fomos integrados numa força militar conjunta para efetuar uma operação, creio que o nome era “Operação Pertinente”, cujo objetivo era chegar ao Unal. Para além do BAÇ 4516 entraram na força uma CCAV e outra do BCAÇ 4513.
Foram 4 dias de operação a partir de Buba, com chuvadas intensas, cujo objetivo não foi alcançado tendo apenas servido para treino operacional do BCAÇ 4516.
No regresso o primeiro paludismo e, em poucos dias, 10 kg a menos.

E lá fomos todos distribuídos pelo setor de Aldeia: 1.ª CCAÇ: Cumbijã; 2.ª CCAÇ: Colibuia e 3.ª CCAÇ: Nhacobá. A CCS ficou em Aldeia.

Ficou, portanto, a minha companhia estacionada em Colibuia, tendo adstrito um pelotão de milícia e dispondo de um morteiro de 81mm. Fazíamos o patrulhamento diário da zona e, periodicamente, estacionávamos uma noite no mato. Os confrontos mais frequentes foram com as abelhas. Diariamente procedíamos ao abastecimento de água numa fonte entre Colibuia e Aldeia, cuja estrada era de alcatrão, num local particularmente exposto a ataques o que obrigava a medidas de segurança rigorosas.

O aquartelamento não teria maior área que um campo de futebol sem bancadas e o telhado das casernas era em chapa de zinco tornando-as um forno a energia solar. A segurança do perímetro era feita com duas fiadas de arame farpado e, no meio, alguns fornilhos. Mas, finalmente, tínhamos a nossa casa.

A comida era péssima e escassa, não existindo alternativa no aquartelamento. Nestas condições, não faltavam clientes para o posto médico de Aldeia.
Contudo, se houve tempo em que senti grande liberdade em relação ao espartilho militar foram esses dois meses. Ninguém se preocupava com o tamanho do cabelo e da barba, com o ataviamento e com a ordem unida. Tomar banho era uma necessidade diária cuja concretização tinha alguma coisa de épico pois, devido à escassez de água, o caudal saído do buraco do depósito da água (que não chuveiro porque gastava mais) era pouco superior à baba de um menino o que permitia que se fumasse durante o banho, entre o acto de molhar e o de ensaboar, quando se dava a vez a outro.

Em Outubro, substituídos pela 3.ª CCAÇ, deslocámo-nos para Bissau (Adidos), durante alguns dias, tendo sido depois colocados no Ilondé, entre Bissalanca e Quinhamel, em tendas de campanha, sem latrinas, tendo sido aberta uma vala para onde as tropas defecavam directamente, e sem refeitório, sendo a comida feita e distribuída ao ar livre. O tempo passado até serem construídas as latrinas e os chuveiros dava para uma longa metragem de situações caricatas.

Passámos a fazer segurança às colunas de Bissau para Farim, às quintas-feiras, com paragem em Mansoa, Cutia, Mansabá e K3, tendo substituído uma companhia de açorianos que, já com a comissão cumprida, estava a ser bastante castigada. Uma das colunas estendeu-se a Guidaje e vimos bem as sequelas dos ataques de Maio de 1973 quer materiais quer psicológicos com destaque para as campas de algumas vítimas daquela acção que, creio, repousam hoje nas suas terras de origem, graças ao trabalho de camaradas que não os esqueceram e a quem presto homenagem.
Participámos ainda em várias operações no terreno e fizemos segurança entre Bissau e Mansoa ao Ministro do Ultramar.

Entretanto, a 1.ª CCAÇ foi para Binta fazer segurança à construção da estrada Binta-Guidage e a 3.ª CCAÇ foi para o Ilondé em trânsito para Canquelifá. A CCS ficou no Ilondé.

Em Fevereiro/Março de 1974 estive de férias na Metrópole. Estava em Lisboa quando se deu o levantamento das Caldas da Rainha em 16 de Março e, embora sem êxito, deu para perceber que alguma coisa estava finalmente a mudar. No regresso de férias trouxe na mala um exemplar do livro “Portugal e o Futuro” de autoria do general Spínola.

No final de Março nova mudança, agora para Canquelifá, a substituir a 3.ª CCAÇ que passou lá um mau bocado. Outro buraco, sem comida e sem água potável.

O segundo paludismo, em poucos dias menos 10kg e, na recuperação, uma peritonite que me mandou evacuado para o HM 241 de Bissau, e cujo tratamento correu muito mal. Esta evacuação, a 20 de Abril de 1974, dava também um filme pois evacuado de helicóptero em Canquelifá pelas 12h00 cheguei ao HM pelas 20h00 horas, após paragens em Nova Lamego (para um salto de pára-quedas) e Bambadinca (para receber correio e lanche). Com um peso de 80kg à chegada trouxe 53kg à partida.

No Hospital, ainda nos cuidados intensivos, tomei conhecimento do 25 de Abril. Foi uma alegria enorme plena de esperança em dias melhores para nós e para o nosso País.
Seguiram-se dias de grande expectativa cheios de bocas e palpites que confundiam os que não estavam por dentro da revolução.

Por mero acaso, estava nos Adidos, assisti a uma reunião feita na parada de Brá, com o pessoal dos Comandos africanos, na altura da sua desmobilização, onde lhes foram prometidos benefícios e protecção que, foi depois voz corrente, teriam sido esquecidos.

A minha Companhia regressa de Canquelifá e passa a fazer segurança a Bissau até à independência da Guiné-Bissau em Setembro de 1974.

Em linhas gerais está aqui um pouco da minha história e da 2.ª CCAÇ do BCAÇ 4516.

Foram tempos difíceis mas ficaram recordações para toda a vida, boas e más, tristes e alegres. Talvez um dia me disponha a contar alguns episódios a que assisti e que representam bem a forma como os portugueses são desenrascados ou, antes, como encontram soluções para resolver problemas em contextos complicados.

Gostaria de destacar ainda alguns factos que considero muito importantes na estadia desta Companhia na Guiné:

1 – O seu comandante, capitão miliciano, foi muito competente na defesa dos seus homens e no trabalho operacional.

2 – Todos comiam do rancho, sendo que os soldados comiam primeiro e o que restava era para oficiais e sargentos.

3 – Estando definido o custo unitário de cada refeição, nunca percebi porque comíamos tão mal (estivemos quase sempre dependentes de outros em matéria de alimentação) e outros que fomos conhecendo comiam bem melhor.

Pessoalmente, adorei o povo da Guiné que considero puro e justo apesar de notar aqui e ali a influência perniciosa oriunda da Metrópole. Acho, também, que aquela terra se entranha em nós (ou nós nela) e, apesar das condições difíceis, sinto que ainda hoje a tenho em mim.




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2. Comentário do editor

Caro camarada Domingos
Desde já, bem aparecido na Tabanca Grande, escolhe um lugar sob o nosso poilão e dispõe-te a cumprir a promessa que fazes: Talvez um dia me disponha a contar alguns episódios a que assisti e que representam bem a forma como os portugueses são desenrascados ou, antes, como encontram soluções para resolver problemas em contextos complicados.

Como referes, há algum défice de memórias da nossa presença na Guiné depois do 25 de Abril até à nossa retirada, talvez porque da parte de quem viveu esses tempos haja uma espécie de conflito de interesses, por um lado os momentos difíceis vividos antes da revolução e por outro a euforia do fim da guerra que contrastará com um sentimento de missão não cumprida. Não sei se pensas assim.
No vosso tempo havia já muita malta com convicções e ideais contra a guerra colonial, que ficaram contentes com o desenrolar da situação, e outros camaradas que por formação ideológica ou suposto dever patriótico talvez ficassem frustrados com aquela retirada sem glória.
Acredito que em muitas Unidades a indisciplina imperasse, pois já ninguém teria mão nos militares que queriam regressar depressa a casa e esquecer aquele pesadelo.

Como vês há aqui muita matéria da qual te podes valer para desenvolver a tua colaboração.

Aqui fica um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores Luís Graça, Eduardo Magalhães e eu próprio.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 5 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14705: Tabanca Grande (466): Joaquim Fernando Monteiro Martins, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 4142 (Ganjauará, 1972/74) - 690.º Grã-Tabanqueiro

Guiné 63/74 - P14726: Os nossos seres, saberes e lazeres (99): Tomar à la minuta (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 11 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
Foi um sábado que amanheceu pardo e até ventoso, depois ensoleirou. Ziguezagueei entre o velho RI 15, a Praça da República, de novo o Rossio onde está esse velho RI 15 e depois a capela de S. Gregório, bem perto do Mouchão.
Assim se juntam avulsamente imagens do que há de místico e fervoroso, do esplendor da natureza, de um casco histórico que guarda lembranças de uma abastança passada, Tomar em muito supera o que está classificado como património da Humanidade, tem o bastante para que o forasteiro passe aqui pelo menos quatro dias envolvido por tesouros da arquitetura civil e religiosa, ruas e ruelas, arcaria, azulejos. Isto para já não falar daquele momento estarrecedor que dá pelo nome da Festa dos Tabuleiros.

Um abraço do
Mário


Tomar à la minuta (3)

Beja Santos

Em termos convencionais, o chamado percurso histórico à cidade de Tomar inicia-se pela visita ao Castelo dos Templários e ao Convento de Cristo, deambulação que requer horas, e é de toda a conveniência ir previamente informado ou ter guia, só no Paço há pedras amontoadas que não podemos decifrar e mesmo à entrada do Convento temos tudo a ganhar quando alguém nos ajuda a decifrar vestígios, lápides, aquele edifício arruinado em frente ao Convento e que tem tanto peso histórico, pois aqui se realizaram as Cortes de Tomar que alçapremaram Felipe II. Temos andando aos ziguezagues, misturamos arquitetura civil com arquitetura militar e também com a arquitetura religiosa, é um passeio ao sabor das possibilidades, acicatado pelo bichinho da descoberta. É por isso que começamos hoje pela zona do antigo RI 15, fronteiro a um esplendoroso rossio, marcado por um lado pelo tribunal e do outro pela estação ferroviária e terminal rodoviário.


Aqui houve Convento, chegados a 1834 foi extinto e mais tarde apareceu quartel. Há lugares recuperados como este, tirou-se a imagem à porta do Museu dos Fósforos, do outro lado há um atelier de bela cerâmica, o que me cativou é o empedrado e as belas artes contrastando com a brancura da alvenaria.



Já se disse que o Sr. Aquiles da Mota Lima terá sido o maior colecionador de fósforos que se conhece. Uma das facetas do seu colecionismo são os fósforos primitivos e caixas de fósforos do princípio do século XX. Goste-se ou não se goste do tema dos fósforos, a verdade é que estas caixas têm um belo cromatismo, não resisti a comprar estes dois bilhetes-postais. Atravessei a praça e dirigi-me à Igreja de S. Francisco.



A Igreja de S. Francisco está a precisar de uma boa intervenção, por fora as manchas de unidade anunciam graves problemas, abre-se a porta e é penetrante o odor a bafio. É um templo de grandes proporções, o olhar é atraído pelo altar, por este gigantesco calvário com figuras em terracota. Aqui é insólito mas todos sabemos que estas figuras são comuns em certas vias-sacras, caso da mata do Buçaco e nos Olivais em Coimbra. Artistas houve que se renderam à terracota, caso de Rafael Bordalo Pinheiro que fez uma impressionante Paixão de Cristo que está hoje no museu José Malhoa, nas Caldas da Rainha, aqui se mostra.


No cimo da Corredoura, numa praça desafogada, elegante pela simetria e deslumbrante pela vista que se projeta daqui até ao castelo, apanhando-se mesmo uma nesga Mata Nacional dos Sete Montes, temos a Igreja de S. João Batista, consta que aproveitou as estruturas de outro templo que vinha do século XII, mas o que se pode ver, e a fachada é eloquente, é o gótico flamejante, tem uma esplêndida torre manuelina, e no seu interior são de visita obrigatória os quadros de Gregório Lopes e o tríptico flamengo onde se representa o batismo de Cristo. Mas gosto muito deste púlpito e de outros pormenores, que mostro adiante.




Juro que esta deambulação em nada se prende com estabilidade ou instabilidade emocional, mesmo amador canhestro, sei que não podemos brincar com a luz e nem sempre as manhãs de Tomar são resplandecentes, vim a correr do Rossio para apanhar certos detalhes: a fachada do tal gótico flamejante, mais a mais as obras de restauro são muito recentes, está tudo um brinquinho; e temos o interior da igreja, suspirei em apanhar aquelas infiltrações de luz, acho que tive sorte e aconteceu-me um puro acaso, um claro-escuro quando a luz caiu a pique sobre a rua, pus-me na obscuridade e catrapus, gosto muito da imagem que daqui resultou.







Voltei açodado ao antigo RI 15, sempre a perguntar-me como malbaratamos edifícios, com a guerra de África tornou-se imperativo um quartel novinho em folha, está lá em cima, na vizinhança do hospital e de um supermercado. Cá em baixo ficou numa lenta agonia, há edifícios emprestados à Cruz Vermelha e a uma outra instituição, o resto parece arqueologia industrial, em que somos pródigos, temos as velhas fábricas de têxteis em Castanheira de Pera também a apodrecer. Destaco o monumento aos heróis da Primeira Grande Guerra, sóbrio e perfeito, dá para estar ali a meditar no sofrimento dos nossos avós. Depois indignei-me com a lista de mortos, há ali um desditoso José da Silva que só temos direito ao nome da mãe, mesmo tombado em nome da Pátria ali fica o vexame de filho de pai incógnito. Passei-me no interior desse velho RI 15, encontrei as armas da Unidade, não consigo conformar-me com tanto edifício ao abandono, se quiserem façam condomínios fechados, shopping chineses ou indianos, hotéis de charme, albergarias para os peregrinos de Fátima mas aproveitem o que custou dinheiro ao contribuinte. E a última imagem é porque não resisti aos sanitários públicos ali à porta, usava-se então a palavra sentinas, é do nosso tempo, caiu em desuso, felizmente ficaram ali os azulejos para nos lembrar que temos outras palavras para além de WC.




O passeio termina na Capela de S. Gregório, perto do Hotel dos Templários e do parque conhecido por Mouchão, onde está a roda ou nora, dispositivo que herdamos dos árabes, e que é um dos símbolos da cidade, com o Nabão a murmurejar em cascata. O que tem de especial esta capela? É um templo octogonal, pequenino e harmonioso, doseado pela decoração manuelina, o interior é muito sóbrio e os azulejos opulentos, teve recentemente obras, e daí o ar de lavado e pintado de fresco. Nada mais por ora, mas promete-se que a viagem continua: ainda não se mostrou o Nabão, o local onde Nuno Álvares Pereira se encontrou com o Mestre de Avis e dali partiram até Aljubarrota onde mudaram a História; e à Mata Nacional dos Sete Montes, e muito mais, o casco histórico tem detalhes extraordinários, irresistíveis.

(Continua)
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Nota do editor

Poste anterior de 3 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14694: Os nossos seres, saberes e lazeres (97): Tomar à la minuta (2) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 7 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14709: Os nossos seres, saberes e lazeres (98): A Ana Luísa Valente mais o José Manuel Lopes, a Quinta Senhora da Graça e o Pedro Milanos à vossa espera hoje, das 17h às 22h, nos jardins setecentista do Palácio do Marquês de Pombal, em Oeiras, no Festival de Vinhos Europeus e do Enoturismo

Guiné 63/74 - P14725: (Ex)citações (280): Sexo em tempo de guerra... Regra geral, por onde passavam, os soldados respeitavam as populações locais, e mantinham com elas um bom relacionamento; os abusos, quando existiam, eram esporádicos... Citam-se dois casos (Domingos Gonçalves)



Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > "A psico na tabanca. Em pé está o fulano que eu conheço desde o meu primeiro dia de vida" [
João Carvalho, ex-furriel miliciano enfermeiro].

[E no meio, uma bajuda fula, ainda adolescente, linda de morrer, talvez ligeiramente estrábica... Sob o olhar vigilante da mãe, e rodeado dos irmãos mais pequenos... Dois militares brancos não param de a  contemplar... Repare-se como os tugas, no TO da Guiné, passada a primeira surpresa da exposição ao nu étnico, se apoderaram rapidamente do termo psico e deram-lhe uma outra conotação... mais épica, mais erótica, mais camoniana... Outra legenda possível: Canjadude, Ilha dos Amores, Lusíadas, Canto IX] ]LG]

Foto: © João Carvalho (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: LG]


1. Mensagem de Domingos Gonçalves [ex-alf mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887,  Nova Lamego,  Fá Mandinga e Binta, 1966/68]


Data: 9 de junho de 2015 às 09:15

Assunto: Amores em tempo de Guerra.


Prezado Luís Graça:


Sobre o assunto, que reconheço algo delicado, passo a fazer algumas observações.

Regra geral, por onde passavam, os soldados respeitavam as populações locais, e  mantinham com elas um bom relacionamento. Os abusos, quando existiam, eram  esporádicos. Desse bom relacionamento com as populações indígenas, nasciam  alguns amores, relacionamentos consentidos, ou até desejados.

Cito dois casos que, penso, não estiveram na origem de qualquer nascimento de criança.

Um desses casos tem a ver com um militar que se apaixonou por uma nativa. Quando o pelotão,  a que pertencia, foi substituido, quis ficar na localidade em causa, Como não o deixaram,  nos tempos seguintes ia sempre, voluntariamente, integrado na escolta das colunas de viaturas que abasteciam a guarnição militar da localidade. Quando regressámos à metrópole, quis  ficar, com o seu grande amor, na localidade, Não foi fácil demovê-lo.

Outro caso tem a ver com um abuso. Determinado militar,  para ter um relacionamento, não  consentido, que consumou, espancou, para o conseguir, o marido da vítima. Sofreu, claro, as consequências disciplinareas.

A abordagem do assunto, que não é fácil, deve ter em conta, por um lado, (i) o facto de grande parte  do nosso contingenrte militar ser originário das aldeias, com acentuada formação cristã, e mentes saudáveis, portadores de um sentido ético da vida muito acentuado; e  por outro lado, /ii) a mentalidade das populações nativas, os seus usos e costumes.

Com um abraço amigo,

Domingos Gonçalves

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P14724: Parabéns a você (919): Alcides Silva, ex-1.º Cabo Estofador do BART 2913 (Guiné, 1967/69)

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Nota do editor

Último poste da série de 9 de Junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14716: Parabéns a você (918): Ernesto Duarte, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 1421 (Guiné, 1965/67)

terça-feira, 9 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14723: 25º convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego e Piche, 1969/70): Vimeiro, Lourinhã, 30 de maio de 2015 (Valdemar Queiroz) - Parte I



Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio  da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) >  30 de maio de 2015>  Concentração do pessoal junto ao monumento comemorativo do 1º centenário (1908) da batalha do Vimeiro (1808).



Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Chegada ao Vimeiro, restauranet Braga: Cunha, Martins e Pereira, de costas.


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Centro interpretativo da batalha do Vimeiro (1808)  > Esposa do Cunha,  Pinto, Cunha  e Pina Cabral.


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Centro interpretativo da batalha do Vimeiro  (1808) > Escutando a palestra (1)...



Lourinhã. Vimeiro_> 26º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Centro interpretativo da batalha do Vimeiro  (1808) > Escutando a palestra (2): à esquerda, o Valdemar Queiroz.


Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > Centro interpretativo da batalha do Vimeiro (1808) > O conimbricense Aurélio Duarte.
Fotos (e legendas): © Valdemar Queiroz & Renato Monteiro (2015). Todos os direitos rservados (Edição: LG]




Lourinhã. Vimeiro_> 25º Convívio da CART 2479 / CART 11, "Os Lacraus" (Contuboel, Nova Lamego, Piche, 1969/70) > 30 de maio de 2015 > 


Vídeo (3' 36''), produzido pelo ex-1º cabo op trms Francisco Marques. Alojado em You Tube > Luís Graça


Vídeo da autoria do Francisco Marques, 1º cabo op trms. Enviado pelo Valdemar Queiroz. Continha  originalmente um excerto da música da canção "Ó Tempo, volta para para trás",  criação do fadista  António Mourão (1935-2013) (*),  composição de Eduardo José Dantas... O som  foi removida por violar direitos de autor... Não tem a mesma graça, sem a conhecida letra e música de um dos mais populares fados do nosso tempo de Guiné, mas enfim... É um "slide show"... Nós respeitamos os direitos de autor, de acordo com as nossas regras editoriais, e por isso temos de dar o exemplo (LG),


1. Mensagem do Valdemar Silva, com data de 8 do corrente:

Ora viva, caro Luís Graça:

A CART 2479 / CArt 11,  'Os Lacraus',  fez o seu Convívio  2015, no dia 30 de Maio passado, no Vimeiro (Lourinhã), organizado, desta vez, pelo ex-alf mil Martins.

Foi um encontro extraordinário. Primeiro por que a maioria da rapaziada está já em cima, alguns já lá estão, dos 70 anos de vida. Só por isso é extraordinário, o facto de ainda nos juntarmos para conviver uns com os outros e de nos  lembrar de quando estivemos na Guiné, com poucos mais de 20 anos de idade.

Começamos a concentração no Centro Interpretativo da Batalha do Vimeiro (1808). Levamos com uma palestra, interessante, por parte duma jovem que explicou tudo o que se passou, exaustivamente, naquela Batalha do Vimeiro (1808). Desde as táticas utilizadas, passando pela a novidade do armamento, envolvimento da cavalaria,  ela explicou tudo, até à derrota do Junot que, ainda por cima, ficou a 'ver navios', em Lisboa, quando a corte de D. João VI foi para o Brasil. 

No fim de toda a explicação agradecemos e surgiu a voz do Aurélio Duarte,  declamando o que o D.
João VI decretou quando chegou a Paquetá. Espanto geral, até a cicerone bateu palmas no final e confessou que nunca tinha acontecido nada igual. (**)

Para além de fotos, a maior parte tiradas pelo Renato Monteiro, também anexo um pequeno filme com áudio da autoria do transmissões Marques.

Seleciona e publica o que entenderes. (...)(***)

 Abraços, Valdemar Queiroz

(Continua)

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Notas do editor:

(*) Ver aqui a letra da canção:

O Tempo Volta Pra Trás

Antonio Mourão

A Severa foi-se embora
O tempo p'ra mim parou
Passado foi com ela
Para mim não mais voltou

As horas p'ra mim são dias
As horas p'ra mim são dias
Os dias p'ra mim são anos
Recordação é saudade
Recordação é saudade
Saudades são desenganos

Refrão

Ò tempo volta para trás
Dá-me tudo o que eu perdi
Tem pena e dá-me a vida
A vida que eu já vivi
Ò tempo volta p'ra trás
Mata as minhas esperanças vâs
Vê que até o próprio sol
Volta todas as manhãs

Porque será que o passado
E o amor são tão iguais
Porque será que o amor
Quando vai não volta mais
Mas para mim a Severa
Mas para mim a Severa
É o eco dos meus passos
Eu tenho a saudade à espera
Eu tenho a saudade à espera
Que ela volte p'rós meus braços


(**) Vd. poste de 23 de março de  2014 > Guiné 63/74 - P12886: Memórias de um Lacrau (Valdemar Queiroz, ex-fur mil, CART 2479 / CART 11, Contuboel, Nova Lamego, Canquelifá, Paunca, Guiro Iero Bocari, 1969/70) (Parte X): Quando a corte dos Lacraus chegou a Canquelifá..

(...) 

“D. João VI e a mulata”


Música; Armando Rodrigues
Letra: R Calado
Disponível no You Tube

Cortesia de Manuel Casimiro de Lopes Lopes

Canto de Villaret da Côrte de D. João VI e a Mulata de Paquetá,
gravado no Teatro Boa Vista,
em Lisboa no ano de 1954.

Quando a corte de D. João VI
Chegou a Paquetá,
Tudo servia de pretexto
P’ra censurar, p’ra criticar
Certa mulata que havia lá.

Diziam que ela era um perigo,
Que ela era uma tentação,
E que um marquês de nome antigo
Desdenhava o rei, não cumpria a lei,
P’ra ser só dela o cortesão.

Mas, quando alguém o censurasse,
Pedindo ao rei que a exilasse
Pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha,
De frango ou de galinha,
E sempre respondia:
– Já lhes disse que, aqui em Paquetá,
Eu sigo a lei da corte de Lisboa
E não me digam que a mulata é má,
Porque eu decreto que a mulata é boa.

Certa noite muito escura,
A moça se assustou,
Vendo surgir uma figura,
Gorda, a ofegar,
Que, sem falar,
Nos gordos braços logo a apertou,
Ela sentiu-se muito aflita,
Como a dizer que não,
Até na treva era bonita,
E lá fez de conta, que ficava tonta,
Sem saber que era o seu D. João.

Mas, quando alguém o censurasse,
Pedindo ao rei que a exilasse
Pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha,
De frango ou de galinha,
E sempre respondia:
– Já lhes disse que aqui em Paquetá
Eu sigo a lei da corte de Lisboa,
E não me digam que a mulata é má
Porque eu já sei como a mulata é boa.