quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17855: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (8): 6.º Dia: Bissau, Safim, Nhacra, Jugudul, Bambadinca, Bafatá e Gabu (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)


1. Continuação da publicação das "Memórias Revividas" com a recente visita do nosso camarada António Acílio Azevedo (ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72, Bula e da CCAÇ 17, Binar, 1973/74) à Guiné-Bissau, trabalho que relata os momentos mais importantes dessa jornada de saudade àquele país irmão.

AS MINHAS MEMÓRIAS, REVIVIDAS COM A VISITA QUE EFECTUEI À GUINÉ-BISSAU ENTRE OS DIAS 30 DE MARÇO E 7 DE ABRIL DE 2017

AS DESLOCAÇÕES PELO INTERIOR DA GUINÉ-BISSAU (8)

6.º DIA – DIA 04 DE ABRIL 2017: BISSAU, SAFIM, NHACRA, JUGUDUL, BAMBADINCA, BAFATÁ E GABU:

Depois de mais uma noite bem dormida, apesar do calor, e de um bom pequeno-almoço, que todas as manhãs já encontrávamos preparado na nossa habitual mesa, eis-nos preparados para mais uma etapa, entrando no jeep e deste vez com destino a terras do leste da Guiné.

Sempre bem conduzidos pelo motorista Armando, eis-nos sentados na nossa habitual viatura saindo, mais uma vez, em direcção a Safim, localidade onde, num posto de abastecimento da Galp, enchíamos o depósito de gasóleo, cujo preço que penso já atrás ter referido, era de 635 francos guineenses por litro, a que correspondem 98 cêntimos de euro.

Abastecimento concluído, divergimos em Safim, em direcção a Nhacra, pequena vila situada no sector da região administrativa de Oio e local onde, na época da nossa “estadia” por terras da Guiné se sediavam os antigos emissores da rádio da antiga Emissora Nacional, de Portugal, e onde também se sediava o quartel defensor não só daquele posto emissor, bem como da própria Vila, mas sobretudo funcionando como guarda avançada de defesa da Cidade de Bissau.

Foto 78 - Nhacra (Guiné-Bissau): Curiosa foto com o pequeno hospital em fundo (cor rosa), com os doentes na “sala de espera” exterior ao edifício e a placa informativa dessa Unidade de Saúde, colocada ao lado da estrada que segue para Mansoa. Em segundo plano, distinguem-se as duas antenas dos emissores/receptores das comunicações 
Foto: Com a devida vénia a http://www.flickriver.com

Daqui continuámos a nossa marcha, passando primeiro por Jugudul, localidade onde, num posto também da Galp Energia, parámos para encher de água o respectivo depósito da viatura e em cuja loja entrámos para tomarmos uma bebida fresca, já que o calor se começava a sentir e ainda tínhamos algumas dezenas de quilómetros para percorrer até chegarmos à cidade de Bafatá, que também tinha conhecido no ano de 1974.

Encaminhámo-nos para Bambadinca, até atingirmos Bafatá, passando pelo caminho por várias bolanhas onde se cultiva o arroz, uma das principais fontes de alimentação do povo guineense, ao que parece insuficiente, pois vimos em várias feiras/mercados locais, vendas em sacos desse produto, importado da América do Norte e de outros Países.

Ainda em Jugudul, aproveitei também para tirar uma foto ao antigo quartel militar, por sinal, ainda em razoáveis condições de conservação, mas que, soubemos depois, se justificavam pelo facto de parte do espaço ter sido ocupado por uma pequena empresa ligada à área das bebidas, que aí instalou uma destilaria, mas da qual fiquei sem saber o nome. De qualquer forma, uma louvável iniciativa de aproveitar um espaço que, sem isso, cairia no abandono e na ruína como muitos outros edifícios, não só militares, que vimos por toda a Guiné que visitámos.
Não posso deixar de salientar a boa estrada em que circulávamos, toda ela bastante bem asfaltada, em terreno plano e com extensas retas.

Seguindo a nossa viagem, chegámos, cerca de 50 quilómetros depois à vila de Bambadinca, centro estratégico durante o tempo da guerra colonial, também localizada junto às margens do Rio Geba, povoação que depois se foi gradualmente desenvolvendo e onde, nos dias de hoje, também deparamos nas ruas com diversos estabelecimentos comerciais onde, além de produtos agrícolas da região, se vêm à venda sacos com artigos tão diferentes como o arroz e o adubo, mas também se comercializam em pequenas bancadas, outros produtos como a gasolina e óleo destinados às motos e motorizadas, conforme se mostra numa das fotos seguintes, situação idêntica à que já havíamos deparado noutras localidades, como em Susana, no norte da Guiné, junto à fronteira com o Senegal e a que já havia feito referência atrás.

Foto 79 - Jugudul (Guiné-Bissau): As instalações do antigo quartel, actualmente transformadas numa pequena destilaria, explorada, ao que parece, por pequenos empresários locais.
Foto: © A. Marques Lopes. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Ultrapassada a localidade de Jugudul, continuámos a nossa viagem em direcção a Bambadinca, sediada a caminho do nosso primeiro destino, que era Bafatá. Que dizer sobre Bambadinca, onde estava instalada uma nossa companhia militar durante a guerra colonial?!
Que é actualmente uma povoação onde ainda se vê algum pequeno comércio tradicional, mas onde a maior parte do piso dos seus arruamentos são em terra e com muitas covas e muito degradadas, mais parecendo estar em sintonia com o que tivemos oportunidade de ver em muitas outras localidades que visitámos.

Era uma zona em que as nossas tropas colocadas nesta povoação bem como em Xime e em Galomaro, ao ocuparem essas posições estratégicas, tinham por principal missão o controlo dos movimentos das tropas do PAIGC de norte para o sul do território e vice-versa.

Foto 80 - Bambadinca (Guiné-Bissau): Aspecto actual de uma das suas ruas, com o antigo edifício dos CTT, a meio da foto
Foto: © Jaime Machado (2015). Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 81 - Bambadinca (Guiné-Bissau): Espaços comerciais numa rua da localidade, onde, em bancada avançada, lá se vê a venda de óleos e gasolinas, para as motoretas e dentro das lojas, arroz em sacos
Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados

Passadas estas localidades, continuámos a nossa viagem, utilizando uma estrada, sempre em terreno plano e bem asfaltada, marginada por bolanhas onde os naturais cultivam o arroz e aproximando-nos de Bafatá, cidade que tinha conhecido em Julho/Agosto de 1974, período em que acompanhei, por indicação do Comandante de Batalhão de Bula, o Major Dick Daring e outros quadros do PAIGC em acções de cariz psicológico, que tinham por intenção a aproximação e o contacto com as populações das localidades sediadas em três dos sectores da Guiné (creio que os sectores 2, 3 e 5) e de que o Comandante Dick Daring, era o responsável.

Vencidos esses cerca de 120 quilómetros, numa viagem calma e segura, chegámos a Bafatá, terra natal de Amílcar Cabral, fundador do PAIGC, cerca das 11 horas da manhã, cidade que nos recebeu também com tempo quente, mas que, em minha opinião, me decepcionou de imediato, já que aquilo que eu estava a ver, se apresentava muito pior e nada parecido com a que eu tive a oportunidade de conhecer em 1974.

Uma breve passagem de jeep pelas duas principais ruas de Bafatá, deu-me logo para perceber que esta cidade, outrora tão bonita e acolhedora e até com certo ar cosmopolita, está agora muito mais suja e pior conservada, realidades que me entristeceram bastante, principalmente ao olhar a antiga bela avenida que, do centro da cidade, conduz ao Rio Geba e que agora se encontra muito mal cuidada, o mesmo acontecendo com o bonito jardim que existia junto àquele rio que corria no final dessa avenida.

De louvar o aspecto cuidado em que ainda se encontra a elegante Igreja da cidade, localizada sensivelmente a meio e à direita dessa avenida que desemboca no Rio Geba, bem como o bem conservado edifício do hospital, construído um pouco mais acima e do lado esquerdo, para quem desce em direcção ao rio.

Dos antigos e bons restaurantes que ali existiam, resta o “Ponto de Encontro”, situado na Rua Porto e propriedade do casal D. Célia e José Dinis, portugueses das Caldas da Rainha e local onde depois saboreamos um bom almoço de carne de gazela, que com gosto nos prepararam, tendo-nos ainda afirmado que, embora gostem muito de Bafatá, têm muitas saudades de Portugal, onde têm as duas filhas a residir.
Como curiosidade, e porque o vimos chegar conduzindo um carro pesado de instrução, ficamos a saber que o Senhor José Dinis, é também proprietário de uma Escola de Condução, única que existe no interior da Guiné.
Foi muito agradável este “ponto de encontro” com o casal Dinis, porque se para nós foi muito bom termos este convívio em terras do interior guineense, com pessoas nossas conterrâneas, que ali labutam e vivem, para eles, ficámos convictos da enorme alegria que sentiram em contactar e falar connosco, porque segundo nos afirmaram só ali restam três Portugueses Continentais.

Como ainda faltavam cerca de duas horas para o almoço, decidimos dar primeiro uma saltada a Gabu, que dali dista 52 quilómetros, a fim de visitarmos esta cidade do interior leste.

Foto 82 - Bafatá (Guiné-Bissau) – Bela imagem da avenida, creio que dos anos 70 e que ligava a zona central da cidade ao Rio Geba e actualmente bem mais degradada do que a foto mostra. A meio, e à esquerda da avenida, vê-se a bonita Igreja da cidade.
Foto: © Humberto Reis (2006). Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 83 - Bafatá (Guiné-Bissau): A mesma avenida, com uma foto actual e que foi tirada ao lado da Igreja e em sentido inverso, vendo-se, em comparação com a imagem anterior, a total falta de asfalto naquela avenida
Foto: Com a devida vénia a TV Televisão de Moçambique

Foto 84 - Bafatá (Guiné-Bissau): Busto de Amílcar Cabral, erigido na sua terra natal, num largo junto ao Rio Geba

Foto 85 - Bafatá (Guiné-Bissau): Mercado da cidade, no largo onde existe o busto de Amílcar Cabral e junto ao Rio Geba
Foto: Com a devida vénia a Wikipédia

Foto 86 - Bafatá (Guiné-Bissau): Memorial a Amílcar Cabral, militante do PAIGC e fundador da nacionalidade e erguido numa praça do centro da cidade, situada no topo norte da avenida que desce até ao Rio Geba

Foto 87 - Bafatá (Guiné-Bissau): Hospital da cidade, localizado na avenida de acesso ao Rio Geba

Foto 88 - Bafatá (Guiné-Bissau): Os colegas Monteiro e Cancela, com o casal Célia e José Dinis, portugueses das Caldas da Rainha e proprietários do Restaurante “Ponte de Encontro”, onde almoçámos

A rápida deslocação de ida e volta à cidade de Gabú (ex-Nova Lamego), situada 52 quilómetros para o leste de Bafatá e a cerca de 30 quilómetros da fronteira com a Guiné-Conakry, foi percorrida em estrada asfaltada e de óptimo piso com longas rectas, a última das quais, antes de Gabu, com 20 quilómetros de extensão, conforme pudemos confirmar no regresso através do conta-quilómetros do jeep, deu bem para apreciar toda a paisagem envolvente, recheada de grandes manchas de vegetação verde.

Gabú, é um importante centro económico desta região leste do País, que se aproveita do facto de se encontrar muito próximo da fronteira de Guiné-Conakry, para trazer até ela muitos comerciantes desse País vizinho.
A sua população constituída, maioritariamente por elementos da etnia fula, com fortes raízes ligadas ao islamismo, possui uma população que deve actualmente rondar os 16.000 habitantes.
Embora no tempo da guerra colonial lhe tivesse sido imposta a designação de Nova Lamego, logo após a independência, voltou a designar-se Gabú, tendo nos dias de hoje, retomado o primado na importância das cidades do leste da Guiné-Bissau, em detrimento de outras localidades, como Bafatá, que durante a guerra colonial exerceu essa primazia, sendo no momento actual o centro nevrálgico de toda a movimentação comercial da Guiné-Bissau, logo a seguir à capital, Bissau.
Foi para nós extraordinário ver o enorme mercado de rua que é exercido nas principais artérias de Gabú, onde se expõe e vende de tudo (só não vi automóveis à venda), que atinge alguns quilómetros de extensão, e onde, em por vezes, em improvisadas tendas, são comercializados todos os tipos de produtos e mercadorias, que vão desde pequenos adereços locais, até a motorizadas, passando pela comercialização de arroz, fruta e produtos hortícolas.

Que mais dizer, apenas que é simplesmente espectacular, ver o número elevado de pessoas, que marca presença neste tipo de actividade comercial, quer sejam eles vendedores ou simples compradores.
Gostei de ver e sentir todo o pulsar desta cidade, principalmente na vertente comercial que vimos estar em marcha nesta simpática e acolhedora urbe, sendo difícil admitir que outra qualquer cidade da Guiné-Bissau, possua a pujança que vimos existir em Gabú.

Regressámos pouco depois a Bafatá, onde conforme combinado com o Casal Célia e José Dinis, proprietários do Restaurante “Ponto de Encontro”, nos esperava o almoço.

Foto 89 - Gabu (Guiné-Bissau): Uma das ruas da principal cidade do leste do País, que se enche de vendedores ambulantes, nos dias de feira
Foto: © João Graça. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 90 - Gabu (Guiné-Bissau): Panorâmica de uma rua desta cidade, em dia de feira. Reparem no elevado número de tendas que marginam a rua
Foto: © João Graça. Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 91 - Gabu (Guiné-Bissau): A confusão nas ruas da cidade, em dia de feira
Com a devida vénia a VOA

Foto 92 - Gabu (Guiné-Bissau): Rua da cidade, onde se vêm 2 prédios da era colonial, num dos quais existe uma agência do Banco da África Ocidental, já com multibanco.
Foto: © João Graça – Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

Foto 93 - Gabu (Guiné-Bissau): Venda ambulante de pão. Vimos isto em quase toda a Guiné
Com a devida vénia a mapio.net

Fotos: © A. Acílio Azevedo, excepto as cujos autores e proveniência foram devidamente indicados

(Continua)
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Nota do editor CV

Último poste da série de 10 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17844: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (7): 5.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Binar e Bissorã (continuação) (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

Guiné 61/74 - P17854: Parabéns a você (1327): Cátia Félix, Amiga Grã-Tabanqueira

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Nota do editor

Último poste da série de 11 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17848: Parabéns a você (1326): Benito Neves, ex-Fur Mil Cav da CCAV 1484 (Guiné, 1965/67) e Eduardo Campos, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 4540 (Guiné, 1972/74)

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Guiné 61/74 - P17853: Fotos à procura de... uma legenda (93): O monumento aos mortos em combate, erigido em Bissorã pela CART 1525, "Os Falcões"... Metamorfoses: 1966, 2011 e 2017




Foto nº 1 > Guiné > Região do Óio > Bissorã > CART 1525 (1966/68) > "Monumento erigido em  homenagem aos mortos em combate. Inaugurado no dia 26 de fevereiro de 1967, data do 1º aniversário da chegada da CART 1525 a Bissorã. Trabalho de autoria e execução, da parte de escultura, do 1º cabo radiotelegrafista José Hilário da Silva Portela, com a colaboração de outros militares da Companhia. Foto de Adrião Mateus, ex-fur mil da CART 1525."

Foto (e legenda):  página da  CART 1525 > Galeria de Fotos [com a devida vénia...] [editada pelo Blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné]



Foto nº 2  >  Guiné-Bissau > Região do Óio > Bissorã > "Monumento erigido em  homenagem aos mortos em combate, pela CART  1525 (Bissorã, 1966/68)



Foto nº 3  > Guiné-Bissau > Região do Óio > Bissorã > "Monumento erigido em  homenagem aos mortos em combate, pela CART 1525 (Bissorã, 1966/68)


Foto nº 3A

Guiné-Bissau > Região do Óio > Bissorã > 2011 >  O mesmo monumento, 44 anos depois... Foto tirada pelo José Gomes, da ONG Ajuda Amiga, na sua visita à Guiné-Bissau em fevereiro de 2011.

Legenda: "Homenagem aos que tombaram: Furriel [Armindo Vieira] Veloso;  1º Cabo [Acácio P. ] Rafael; 1º Cabo [José A. da S. ] Craveiro;  Pol Adm [Polícia Administrativa]  Paulo Gomes; Milícia Aia Mané; Milícia "Chico" [Mamadu] Seidi ; Mílicia Braima Duca [?]; Milícia Seni Camará."

Foto (e legenda):  página da  CART 1525 > Galeria de Fotos [com a devida vénia...][com a devida vénia...] [editada pelo Blogue Luís Graça &  Camaradas da Guiné]


Foto nº 4 


Foto nº 4A


Foto nº 4B


Foto nº 4C

Guiné-Bissau > Região do Óio > Bissorã > 2017 > 3 de abril de 2017 > "O colega Vitorino e um elemento da Administração local, junto a memorial que recorda a presença por aquelas paragens da Companhia de Artilharia 1525 (CART 1525)" (*)

Na lápide, parcialmente tapada, pode ler-se: "Homenagen aos guineenses Queba Camará, Citafá [ou Santifá ?] Camará, Bacai [?] Camará, que combateram do lado exército português por uma Guiné portuguesa; ao cabo-verdiano do PAIGC [?] Ramos, morto em combate pela [...]"

Foto (e legenda): © A. Acílio Azevedo (20017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  É apropriado falar de "metamorfoses" a propósito deste monumento que, passados estes anos todos, ainda lá está, "de pedra e cal", embora quase engolido pelas moranças que cresceram como cogumelos... 

Foi erigido em 26/2/1966 pela malta da CART 1525, em reconhecimento à vila de Bissorã e em homenagem aos mortos da companhia e subunidades adidas (Foto nº 1) Tinha a forma de uma pirâmide, encimada pelo brasão dos "Falcões" e da sua divisão "Mais Forte, Mais Alto"...
Tinha uma bela envolvente exterior, situando-se, como se presume, dentro do perímetro do quartel. Em 2011, com a expansão da povoação, o monumento ficou "emparedado"... E a sua cor original desapareceu...

Em 2017, aparece com um outro aspeto exterior: alguém o pintou com as cores (vermelho, verde e amarelo) da bandeira da Guiné-Bissau e acrescentou-lhe uma "lápide", que nos parece ser de mármore  (Foto nº 4).

2. Pode-se falar de "canibalização" ou de simples reaproveitamento do monumento ? Terá sido uma iniciativa da adminstração local, homenageando (i) 3 antigos combatentes, muito provavelmene naturais do concelho de Bissorã, que morreram sob a bandeira do exército português;  e, ao mesmo tempo, o que não é normal, (ii) um combatente cabo-verdiano do PAIGC, de apelido Ramos, igualmente morto em combate ?...

Quem seria este Ramos, e qual a sua ligação a Bissorã ?  E quem foram exatamente estes combatentes do exército português, guineenses, de apelido Camará ? No caso do combatente do PAIGC, não nos ocorre à memória nenhum dirigente ou militante conhecido, de apelido Ramos, para além dos irmãos Domingos e Pedro Ramos, mas esses não eram cabo-verdianos, tanto quanto sei...

Talvez algum dos nossos leitores nos possa ajudar a completar a legenda... (**)
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 10 de outubro de 2017 >  Guiné 61/74 - P17844: As memórias revividas com a visita à Guiné-Bissau, que efectuei entre os dias 30 de Março e 7 de Abril de 2017 (7): 5.º Dia: Bissau, Safim, Bula, Binar e Bissorã (continuação) (António Acílio Azevedo, ex-Cap Mil)

Guiné 61/74 - P17852: Convívios (827): XXII Encontro dos Combatentes, e seus familiares, da Guerra do Ultramar da Vila de Guifões, levado a efeito no passado dia 5 de Outubro, em Baião (Albano Costa)



1. Mensagem do nosso camarada Albano Costa (ex-1.º Cabo da CCAÇ 4150, Bigene e Guidaje, 1973/74), com data de 10 de Outubro de 2017:

Dia 5 de Outubro, é sempre o dia em que os Combatentes da Vila de Guifões - Matosinhos, se reúnem para celebrar o seu convívio anual. Este ano o local escolhido foi a Quinta das Hortas, em Baião.

Logo de manhã foi colocado no monumento aos combatentes do Ultramar da Vila de Guifões, uma coroa de flores, de seguida fomos em dois autocarros com destino à Quinta das Hortas.
Pelo caminho fizemos duas paragens para irmos confraternizando, uma no Marco de Canaveses e outra em Baião.
Finalmente chegámos ao local do convívio onde fomos recebidos pelas concertinas, que nos deram logo ali as boas vindas.

Depois foi o almoço, muito bem servido, aproveito para dar os parabéns ao Sr. César da Quinta das Hortas, pela magnifica recepção que nos fizeram, em todo o tempo que lá permanecemos, não faltando com nada e com abundância e qualidade.
O tempo foi pouco para tanto convívio.
Todos os presentes tiveram direito a uma lembrança e todas as senhoras a uma rosa.
A comissão do evento agradece ao Sr. Presidente da União de Freguesias, na pessoa de Pedro Gonçalves.

Por fim foi o regresso ao ponto de partida, uma viagem feita sem sobressaltos. Chegámos a Guifões pelas 21 horas.
Para o ano será celebrado o XXIII Convívio.

Sem mais de momento, um abraço de amizade,
Albano Costa




Fotos dos Combatentes de Guifões, e seus familiares, que participaram no XXII Convívio



Fotos da cerimónia de deposição de uma coroa de flores no Memorial aos Combatentes da Guerra do Ultramar da Vila de Guifões, momentos antes da partida para Baião






Fotos do Convívio no Restaurante Quinta das Hortas, em Baião
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de outubro de 2017 > Guiné 61/74 - P17847: Convívios (825): Festa de solidariedade com a Guiné-Bissau, em Santo Isidoro, Mafra, domingo, dia 22... Iniciativa da Fundação João XXIII - Casa do Oeste... Mais a notícia da doação de um barco-ambulância, o "Peniche", para Pecixe...

Guiné 61/74 - P17851: In Memoriam (305): José Martinho da Silva (1944-2013), ex-soldado corneteiro, CCAÇ 818, Xitole e Fá Mandinga, 1965/67... Natural de Ereira, vivia em Caixeira, Montemor-o-Velho, morreu em 25/12/2013... Faria hoje anos: homenagem da sua neta, Tânia Pereira


Foto nº 1 > O José Martinho da Silva, sold cornt, CCAÇ 818 (Xitole, 1965/67),  no Saltinho.. Ao fundo, um trecho da ponte sobre o Rio Corubal.



Foto nº 2 >  Xitole (?)... A hora rancho (c. 1965/67)


Foto nº 3 > Xitole (?)... Sentado, em tronco nu, a fumar (c. 1965/67)


Foto nº 4 >  No navio de transporte de tropas com mais camaradas (c. maio de 1965)


Foto nº 5 > Possivelmente no Xitole (c. 1965/67)




Foto nº 6 > Possivelmente, verso da foto anterior:  distinguem-se bem dois tipos de letra: à direita, possivelmente a de um graduado ("Um bajuda é sempre notícia entre os soldados. Até o 28, o Gerês, tocou harmónica"... À esquerda, a do José Martinho da Silva: "Idália, aqui mais uma vez me encontro com uma bajuda preta. Ofereço esta foto à minha futura noiva como prova de amor"... José Martinho da Silva assentou praça em 1964 (nº mecanográfico 1822/64)... O SPM da CCAÇ 818 era o 2778. 



Foto nº 7 > Possivelmente no Xitole, com as bajudas e a criançada (c.  1965/67) 


Foto nº 8 > Postal de Boas Festas, para a namorada e futura esposa Idália... Saltinho, 17/12/1966




Foto nº 9 > Dedicatória. no verso de uma foto,  à namorada e futura esposa. Maria Idália de Sousa Custódio... Xitole 16/9/1965.



Foto nº 10 > Xitole (?) ... Com uma bajuda, na rua principal da povoação... (c. 1965/67)



Foto nº 11 > Xitole (?) (c. 1965/67)




Foto nº 12 > Xitole (?)... Nicho com a imagem de N. Sra. Fátima, construído e inaugurado pela CCAÇ 510,  em 13 de maio de 1965. A CCAÇ 818 terá ido render a CCAÇ 510, justamente em maio de 1965.


Foto nº 13 > Xitole (?)... (c. 1965/67)


Foto nº 14 >  Louvor do comandante militar do CTIG, briagadeiro Reymão Nogueira, com data de 5 de fevereiro de 1967, dado ao sold nº 1822/64, José M. Silva.


Fotos: © Tânia Pereira (2017). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Da nossa leitora Tânia Paredes, recebemos hoje, às 1h19,  a seguinte mensagem:

Exmo. Sr.

Envio este e-mail, com vista a poder homenagear o meu avó, que faria anos hoje, dia 11 de Outubro, através do Vosso Blog 'Luís Graça & Camaradas da Guiné'. Também ele esteve presente na guerra colonial na Guiné, e gostava. por isso, que fossem publicadas algumas das suas fotografias neste dia, se for possível.

Desde já um muito obrigada pela atenção.

O meu avô deixou-nos a 25 de Dezembro de 2013, e tem por nome José Martinho da Silva, nascido na Ereira, vivia na localidade da Caixeira, pertencente ao concelho de Montemor-o-Velho, Coimbra.

Seguem em anexo, algumas das suas fotografias e registos [, em número de 17,], deixando ao seu critério a escolha e colocação das mesmas.


2.  Resposta do nosso editor:

Tânia, teremos muito gosto em realizar o seu desejo, publicando  hoje mesmo este  poste de homenagem ao seu avô... Vamos aproveitar algumas fotos, a maioria está em mau estado, temos que as recuperar... Mas têm interesse documental, além de sentimental...

Não tem a caderneta militar dele? Ele era soldado corneteiro... A companhia anterior era a Companhia de Caçadores 510, a CCAÇ 510 [, foto nº 12], que esteve em Bissau, Xitole, Saltinho e Bissau, comandada pelo capitão de infantaria João Fernandes da Ressurreição. Data da partida: 14/7/1963, regresso a casa: 7/8/1965...

Ora o seu avó estava  em 16/9/1965 no Xitole e no destacamento do Saltinho (que pertencia ao subsetor do Xitole) em 17/12/1966 [, foto nº 8]... Deve ter regressado a casa em fevereiro de 1967 [, foto nº 14]...

Estes são os elementos que conseguimos recuperar das fotos... Confirme também o ano de nascimento do seu avô [, provavelmente 1944; ele fez a recruta em 1964, com 20 anos]...

Segundo o que apurámos mais, ele deve ter pertencido à CCAÇ 818, mobilizado pelo BCAÇ 10 (Chaves). Esta companhia, independente,  partiu para a Guiné em 21/5/1965  [, foto nº 4] e regressou em 8/2/1967. Esteve no Xitole (e Saltinho) e Fá Mandinga, no leste da Guiné, região de Bafatá... Teve 2 comandantes: cap inf José Manuel Pires Ramalho e cap inf Humberto Amaro Vieira Nascimento.

Veja se confirma estes elementos, ainda esta manhã, a subunidade a que pertenceu o seu avô... Em qualquer altura podemos corrigir o poste que publicamos agora mesmo. Vou pedir também aos nossos colaboradores que confirmem estes dados. Tínhamos, até agora, apenas uma referência a esta companhia no nosso blogue e nenhum representante na Tabanca Grande.

Ficamos sensibilizados pelo seu gesto. Onde quem quer o seu avô esteja, sentir-se-á orgulhoso da sua neta. Com esta publicação, o seu avô não ficará seguramente inumado na "vala comum do esquecimento"... Esta é também a missão do nosso blogue: ajudar a salvar as nossas memórias e as memórias das nossas famílias...

Um beijinho dos editores.
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Nota do editor:

Último poste da série > 3 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17727: In Memoriam (304): Faleceu o Comandante Pombo, José Luís Pombo Rodrigues, uma figura lendária dos céus da Guiné. As cerimónias fúnebres terão lugar segunda e terça-feira, no Carregado e Póvoa de Santa Iria (Manuel Resende / Maria João Alves Pombo Rodrigues)