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sábado, 26 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15905: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (18): "Prisioneiros de guerra": Duarte Dias Fortunato, António Teixeira, em 1971 (e depois mais seis, por ordem alfabética: António da Silva Batista, Jacinto Gomes, José António Almeida Rodrigues, Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho, Manuel Vidal e Virgílio Silva Vilar)


Quadro - Lista dos prisioneiros que se encontravam, nos últimos meses de 1971,  na prisão do PAIGC em Conacri, conhecida por "Montanha". Dados obtidos a partir de documento manuscrito, da autoria  de Amílcar Cabral.  Fonte:  Casa Comum / Arquivo Amílcar Cabral



1. No Arquivo Amílcar Cabral (*), não se encontra nenhuma referência ao José António de Almeida Rodrigues (1950-2016)  nem ao António da Silva Batista (1950-2016), por estranha coincidência, camaradas do mesmo batalhão (BCAÇ 3872, Galomaro, 1972/74), embora de companhias diferentes (o Batista, da CCAÇ 3490, Saltinho; o Rodrigues, da CCAÇ 3489, Cancolim). e companheiros de cativeiro (Conacri, Boé,  Boké), que vão morrer, no mesmo dia, e ambos com 66 anos, um na Régua, outro em Matosinhos..
.

 Há, no entanto,  fotos e documentos a relativos outros "prisioneiros de guerra" que estiveram com eles, na "Montanha", entre 1972 d 1974, a prisão do PAIGC em Conacri, e depois no campo do Boé: é  do caso do António Teixeira, da Lixa, Felgueiras; e do Duarte Dias Fortunato, de Pombal...

Estes nossos dois camaradas, os dois primeiros a serem apanhados e levados para Conacri, depois da Op Mar Verde (22/11/1970), constam de uma lista, manuscrita (com a letra do Amílcar Cabral!) em que se discriminam os seis prisioneiros, do PAIGC, que estão na "Montanha", em 1971 (em data posterior a agosto de 1971),  por nome, data de entrada, proveniência, acusação, data de saída e observações...

Sendo a lista do 2º semestre de 1971, ainda não poderiam constar os nomes do António da Silva Batista e do José António Almeida Rodrigues, capturados em abril e junho de 1972, respetivamente... Mas o que é interessante é o tipo de "acusação"... Há portugueses (2) e guineenses (4)... Não sabemos se, uns e outros, estavam misturados ou separados...

Sabemos que, depois do assassinato do Amílcar Cabral, em 20/1/1973, os 8 prisioneiros portugueses detidos na "Montanha" foram levados para a região do Boé Ocidental,  num "campo" junto ao Rio Corubal... donde iria fugir, de canoa, em 7/3/1974, o José António de Almeida Rodrigues, sold at inf, CCAÇ 3489 (Cancolim, 1972/74). Ao fim de nove noites e nove dias, conseguiu chegar ao Saltinho, devendo ter percorrido não mais do que 50 quilómetros,  pelo rio, segundo as nossas estimativas.

Dos guineenses da lista de prisioneiros, guerrilheiros do PAIGCum é "desertor", outro acusado é de "homicídio", um terceiro de "furto", e o último de ter "contacto com o inimigo"...

Os portugueses, ambos "prisioneiros de guerra" (sic), são o António Teixeira (entrado em 21/1/71) e o Duarte Dias Fortunato (24/2/71)... O Fortunato tem a palavra "desertor" riscada; o Amílcar Cabral escreveu por cima "prisioneiro" (a azul) e acrescentou (a lapiseira preta) "de guerra"... O mesmo se passa com o Teixeira: primeiro era simples "prisioneiro" e depois passou a ser "prisioneiro de guerra"...

As proveniências são diversas, não se percebendo bem se PAIGC disporia de diversos "campos de detenção  temporária" (ou prisões, mesmo que precárias), antes de os prisioneiros chegaram à "Montanha", em Conacri.... Ou se o termo proveniência tem a ver com o local de detenção ou aprisionamento no caso dos portugueses. Há referências a Ziguinchor (no Senegal), Norte, Madina do Boé, Boé Oriental...

O Amílcar Cabral utilizava habilmente uns e outros, os prisioneiros de guerra e os desertores, para fins de propaganda diferentes e interlocutores diferentes: Igreja Católia / Vaticano, Cruz Vermelha Internacional, "países amigos", etc....

Recorde-se aqui, mais umas vez, os nomes dos últimos prisioneiros de guerra que foram entregues, em 14 de setembro de 1974 pelo PAIGC às NT (**):

(i) o nosso "morto-vivo" António da Silva Batista (1950-2016), da Maia;

(ii) Manuel Vidal, de Castelo de Neiva;

(iii) Duarte Dias Fortunato, de Pombal;  [ex-1º cabo at art, CART 3332, 1972/74; capturado no subsetor de Piche, em 22/2/1971, na sequência de emboscada no decurso da Acção Mabecos]; (**)

(iv) António Teixeira, da Lixa, Felgueiras;

(v) Manuel Fernando Magalhães Vieira Coelho, do Porto;

(vi) Virgílio Silva Vilar, de vila da Feira;

e (vii) Jacinto Gomes, de Viseu.

Como escreveu algures o Manuel Carvalho, o José António Almeida Rodrigues foi um homem de grande coragem física, ao arriscar, com sucesso, a fuga... Se ele fosse considerado "desertor", nunca teria ido parar à "Montanha" nem muito menos ao "campo do Boé"... E muito menos ainda teria necessidade de fugir aos seus captores... Noutro país, a sua história, a sua fuga, daria um filme...




Documento manuscrito, pelo punho de Amílcar Cabral, com a lista dos prisioneiros que se encontravam, nos últimos meses de 1971 na prisão do PAIGC em Conacri, conhecida por "Montanha". Cortesia da Casa Comum / Arquivo Amílcar Cabral


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Instituição:
Fundação Mário Soares
Pasta: 07062.034.017
Título: Registo dos prisioneiros na "Montanha"
Assunto: Registo dos prisioneiros na "Montanha" [prisão do PAIGC em Conakry].
Data: 1971
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Manuscritos de Amílcar Cabral.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos
Direitos:
A publicação, total ou parcial, deste documento exige prévia autorização da entidade detentora.

Arquivo Amílcar Cabral
05.Organização Militar
Justiça Militar

Citação:
(1971), "Registo dos prisioneiros na "Montanha"", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40241 (2016-3-26)



(Foto reproduzida por Beja Santos no seu poste P14454, de 10 de abril de 2015. A fonte provável é o artigo "Desaparecido em combate", de Duarte Dias Fortunato, publicado na revista da GNR, "Pela lei e pela grei", nº de abril de  2000 (*) [Na altura, o Fortunato era soldado de infantaria da GNR e prestava serviço no Posto Territorial de Quiaios, na Figueira de Foz]


... E o António da Silva Batista (1950-2016), nesta foto,  deve o primeiro da direita, de bigode e de patilhas. Falta aqui o José António Almeida Rodrigues (1950-2016), que conseguiu fugir do "campo de detenção" do Boé, do PAIGC, junto à margem esquerda do Rio Corubal, na parte ocidental da região do Boé, situado algures entre Gobige, Guileje e Madina do Boé, junto à fronteira, segundo as nossas estimativas.  

O "campo de detenção", pelas descrições do Batista e do Rodrigues, só podia ser na região de Tombali, junto ao rio Corubal e à fronteira (sul) com a Guiné-Conacri (por razões de segurança e logísticas), ou seja, em zona considerada "libertada", segundo a terminologia do PAIGC, mas sujeita aos bombardeamentos da aviação portuguesa.  

Depois da fuga do Rodrigues, em 7 de março de 1974, os prisioneiros foram levados para o outro lado da fronteira, já na República da Guiné, segundo o depoimento do Duarte Dias Fortunato, em 2000. Foi aí que  receberam a notícia do 25 de abril de 1974 (**). 

_______________

Notas do editor:


(**) Vd. postes de 


(...) Ao fim de dois anos, começaram a chegar mais prisioneiros [, à "Montanha", em Conacri]: uns capturados no posto de sentinela, outros que saíam do quartel para irem à caça e eram caçados. No final éramos oito. 

Um certo dia, mandaram-nos sair da prisão, fomos metidos num camião do PAIGC, ao fim de três dias chegámos a Madina de Boé [, ou à região ocidental do Boé]. Percebemos que estávamos a mudar para um prisão improvisada mas com muita segurança e ali permanecemos alguns meses. Aqui sofremos muito com a nossa aviação, que atacava frequentemente o local. Houve depois uma fuga [,em 7 de março de 1974, a do José António de Almeida Rodrigues,] e os prisioneiros foram deslocados para o lado da fronteira da Guiné Conacri. Quando chegámos a um local, junto de um grande rio, cujo nome nunca soube [, talvez rio Kogon, não longe da base de Kandiafara, província de Boké], ali acampámos. Construíram uma prisão de madeira onde ficámos instalados alguns meses.[até setembro de 1974...].


Certo dia pela manhã, apareceram alguns guardas com os rádios junto aos ouvidos e gritavam com júbilo “Tuga, tuga, Marcelo caiu. Independência, independência”. Através da rádio demos conta que em Portugal tinha havido um golpe de Estado.

No dia 11 de setembro, entregaram-nos vestuário dizendo-nos que no dia seguinte seguíamos em direção a Bafatá, a fim de sermos entregues por troca com outros prisioneiros. Ao fim de três dias chegámos a Bafatá. Embarcámos de seguida num avião militar, onde recebemos os primeiros cuidados médicos. (...) 

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14432: Notas de leitura (699): “Elefante Dundum – Missão, testemunho e reconhecimento”, por João Luíz Mendes Paulo, edição de autor, 2006 (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Junho de 2014:

Queridos amigos,
O Major Mendes Paulo chega a Piche e volta a sonhar com carros de combate, material satisfatório para aquelas picadas sem fim daquele ermo do Leste. Spínola apoia-o, o Ministério da Defesa Nacional entrava o processo, dá-lhe viaturas Chaimite com armas que encravavam, desapontamento maior não podia haver.
E segue-se a ação Mabecos, um desastre, um monumento à incompetência dos seus superiores. Ele decide pôr termo à carreira militar. É punido e louvado, algo que eu também experimentei.
O mais edificante deste livro não é o amor aos carros de combate, é o apreço que ele denota em cada página pelos seus soldados.
Não percam esta leitura.

Um abraço do
Mário


O senhor M5A1: A história prodigiosa do Elefante Dundum (2)

Beja Santos

O Major Mendes Paulo quando chega à Guiné é colocado em Piche, recorda os carros de combate M5A1, que usara com sucesso em Nambuangongo.

Em “Elefante Dundum, Missão, Testemunho e Reconhecimento”, edição de autor, 2006, este oficial de Cavalaria descreve ao pormenor como lhe negaram esse sonho, oferecendo-lhe em alternativas viaturas Chaimite, que se revelaram inadequadas ao terreno. Será na Guiné que irá descobrir que a sua carreira militar chegou ao fim.

Descreve o dispositivo do Batalhão colocado em Piche e com elevado sentido de humor conta como os soldados respondiam de forma sugestiva e humorística à falta de meios. Um pórtico assinalava o “Aeroporto Internacional de Canquelifá”; neste destacamento havia o Largo do Patacão, mas também o beco das necessidades e uma tabuleta colocada numa chapa de bidão:

Noites Festivas de Canquelifá
Programa
Rajadas de Longo Alcance
Corrida para as Valas
Concurso de Palavrões
Salva de Foguetões e Morteiros
Pirotecnia Variada
Com a simpática colaboração do PAIGC

Não demorou a que Mendes Paulo entrasse em litígio com o CAOP 2, ver-se-á adiante o seu desfecho. Confrontado com os graves problemas a que eram sujeitas as colunas auto, obrigadas a laboriosas picagens para a deteção de minas, Mendes Paulo apercebe-se que os M5A1 fariam ali um jeitão. E dá-se a circunstância de Spínola, informado das propostas de Mendes Paulo para trazer carros de combate para a Guiné, convocou de urgência para Bissau. O Comandante-Chefe começou a conversa nos seguintes termos: “Vamos direitos ao assunto. Preciso de blindados para manter abertos os itinerários principais. Empenhamos cada vez mais meios aéreos para garantir a segurança. Dizem que não há mais blindados e que já compraram tudo o que podiam. Conte lá essa história dos M5A1 no norte de Angola”. Mendes Paulo contou.

Vem até Lisboa e dirige-se até ao Ministério da Defesa Nacional. Começaram a chover as objeções: cada revisão de um M5A1 custaria mais de 200 contos e, pior do que tudo, eram material NATO. Mendes Paulo protesta, aquilo é material obsoleto. Há depois uma conversa entre Spínola e o interlocutor de Mendes Paulo. O Ministro da Defesa Nacional manda fornecer quatro viaturas Chaimite e preparar pessoal apropriado.

E começaram a surgir problemas com armamento: as metralhadoras HK-21 encravavam, pediu para se usarem as Browing-30, iguais às do M5A1, responderam que não, que era material NATO. Mendes Paulo sente saudades dos M5A1, com tudo no sítio – metralhadoras, canhão, rádios, intercomunicação, motor auxiliar e até, luxo máximo, giro estabilizador e rotação da torre elétrica hidráulica. Onde as Chaimite davam provas francamente positivas era na capacidade anfíbia, mas não tinham armamento capaz nem rádios eficientes. Na demonstração em João Landim, em fevereiro de 1971, as Chaimite desiludiram, o espetáculo foi um fiasco, salvou-se a demonstração da capacidade anfíbia. Enfim, foram mais cinco blindados para reforçar os parcos meios do Esquadrão de Bafatá.

O azedume com o CAOP 2 era notório e patente. E é nisto que surge a ação Mabecos. Tratava-se de uma ação de artilharia, o BCAV 2922 devia fornecer a devida escolta às peças. Estudaram-se os itinerários e o apoio aéreo. Os planos pareciam em boa conformidade, o CAOP 2 adia a ação. Para Mendes Paulo, tinha-se perdido a surpresa, o inimigo ia perceber qual era a missão, acabava o segredo, estariam à espera da força que ia sair de Piche. Ordens e contraordens. Para agravar a situação, rebentou uma granada numa caserna, morreram três homens. Caía a tarde quando começou a ação Mabecos.

Não demorou a terem pela frente os guerrilheiros do PAIGC, é um bigrupo fortemente armado. Rebentam granadas por toda a parte. Os artilheiros guineenses de Canquelifá abrem fogo com o 14, em tiro direto. Vai por ali tropa novata. O IN acaba por retirar. O soldado Duarte Dias Fortunato será feito prisioneiro pelo PAIGC, será libertado depois dos acordos de 1974, mas salvou da morte certa o seu comandante, o Alferes José Augusto Rodrigues. O IN vinha com vontade de destruir toda aquela artilharia, e depois daquele vendaval de fogo, retiraram com mortos e feridos e um elemento valioso, um soldado português capturado. As tropas reagrupam-se. O autor descreve a situação:
“Desloquei-me às apalpadelas até ao improvisado posto de socorros, na caixa de um dos Unimog. Felicito o 1.º cabo Louro.
- Como está o alferes Rodrigues? É grave?
- Cego deve ficar, tem várias feridas de estilhaços, estão lá dentro…
- Ele sabe?
- Desconfia.
- E o estado dos outros?
- O Faria é o pior, continua a perder muito sangue. Os outros safam-se.
Fiquei ali, era a primeira vez que falava com o Alferes Rodrigues depois da emboscada. Lembrava-se do Fortunato a disparar a G3 de rajada, os guerrilheiros a avançarem aos gritos. Acordou com o Louro a arrastá-lo para a bolanha e a dar-lhe morfina. Tentei animá-lo, já passou, ia ficar bom, era mais o susto.
- E o outros?
É espantoso: ligadura na cara, braço ao peito, a primeira preocupação era com os seus homens”.

E vem o mais condoído, comovente parágrafo desta bela obra, o momento em que se toma a decisão irrevogável de fechar o livro da carreira militar:

“Era a noite mais longa de todas as noites. Os três mortos em Piche, a emboscada, o sofrimento do alferes Rodrigues e dos outros feridos. Depois, a raiva de ter previsto o que aconteceu. Como podemos ter crédito perante o nosso pessoal quando todos os que tinham dois dedos de testa viram os erros cometidos?

A missão é imperativa. Aprendi, ensinei, cumpri. Expliquei muitas vezes que nos pode parecer estranha uma determinada missão e, no entanto, quem a ordenava teria mais dados e saberia o que estava a fazer. Até aqui nunca tinha posto este princípio em causa.

Noite fora, senti uma vida inteira a passar em ritmo lento. Das primeiras memórias, correndo pela horta da aldeia do Gavião, despreocupado e feliz, quando caçar um grilo na sua toca era o alvo apetecido de cada dia; até Cascais, com cinco filhos e uma mulher que amava – tudo aparecia filmado à minha frente. A correria virou marcha, com a tropa sempre em primeiro lugar. Casámos em julho, em março seguinte já estávamos em Goa, num distante quartel de Valpoy. E depois Moçambique, Angola e agora a Guiné, com a Beira e a academia nos intervalos.

Que estás tu aqui a fazer, no meio da noite, numa bolanha perdida, com nove canhões, bouum, bouum, bouum, a cada minuto? Monco caído, moral em baixo, orgulho ferido, quiseste armar em bom e comandar a escolta dos nossos coronéis, convencido de que ias dar uma lição ao PAIGC…
Primeira ilação: os supostos comandantes nunca iriam comandar, fosse na ficada, de avião ou no quartel. Segunda ilação: nunca devia ter contado com o apoio aéreo. Terceira: teria de confiar apenas na nossa tropa e experiência – e aqui a maior revolta, por ter iniciado a ação a uma hora contrária a todas as normas, quer de ordem operacional, quer de segurança”.

E Mendes Paulo chega à vida civil. O livro está profusamente ilustrado, é um registo pessoal que todas as suas comissões e do seu desvelo incontido aos carros de combate.

E não esqueçamos o Elefante Dundum a propósito do carro elefante que apanhou de surpresa a UPA/FNLA. Livro empolgante, sem margem de dúvida.
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Nota do editor

Poste anterior de 30 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14418: Notas de leitura (698): “Elefante Dundum – Missão, testemunho e reconhecimento”, por João Luíz Mendes Paulo, edição de autor, 2006 (1) (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 30 de março de 2015

Guiné 63/74 - P14418: Notas de leitura (698): “Elefante Dundum – Missão, testemunho e reconhecimento”, por João Luíz Mendes Paulo, edição de autor, 2006 (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 4 de Junho de 2014:

Queridos amigos,

É a história de um sonhador, um militar visionário que acreditou que podia levar carros de combate para os trópicos. Os M5A1, velhos tanques da II Guerra Mundial, fizeram sucesso em Nambuangongo.

Mendes Paulo escreve uma narrativa aliciante, crónicas da sua vida de criança até à Guiné, onde arrumou as botas, e mudou de vida. Insistiu que podia levar os M5A1 para a Guiné, argumentou em vão, deram-lhe viaturas Chaimite, inadequadas.
Irá descrever, com imensa dor, a operação Mabecos, em fevereiro de 1971, foi o canto do cisne nos seus sonhos.

Elefante Dundum lê-se de um só sorvo, é prosa autêntica, não há para ali sinceridade remendada.
O senhor M5A1 fez muitíssimo bem em escrever este seu testemunho que fica para a história.

Um abraço do
Mário


O senhor M5A1: 
A história prodigiosa do Elefante Dundum (1)

Beja Santos


A obra intitula-se “Elefante Dundum – Missão, testemunho e reconhecimento”, por João Luíz Mendes Paulo, edição de autor, 2006. É uma narrativa que se devora como um livro de aventuras, o Major Mendes Paulo regista imagens da sua infância no Ródão, no Colégio Militar, na Academia, na Índia, em Moçambique, em Angola, na Guiné, onde voluntariamente pôs termo a uma briosa carreira militar. Explica o nome da obra:

“Elefante Dundum foi o nome dado pelos guerrilheiros nacionalistas da FNLA a uma máquina que surgiu imprevistamente em Nambuangongo e deu brado. Que feitiço, medo e sentir lhes provocou tão evocativo nome de batismo? Para os soldados portugueses, o Elefante Dundum era um cavalo de ferro, com lagartas e torre, cheiro a óleo e nome de mulher… esta é a história dos carros e combate M5A1, velhos tanques da II Guerra Mundial que a determinação e ousadia de um oficial do Exército fez resgatar à sucata, e dos homens que então se fizeram protagonistas construindo a aventura dos únicos carros de combate que participarem em ações de guerra em toda a história do Exército português”.

Spínola enviará Mendes Paulo a Lisboa para resgatar vários M5A1 que seriam destinados a região de Piche. Lisboa indeferiu, era armamento cedido pela NATO, desculpas de mau pagador, no mais pechincheiro mercado do armamento mundial encontrava-se esta pseudo-sucata a preço de saldo. Em contrapartida, foram viaturas Chaimite para Bissau. A seu tempo se falará do assunto.

O Major Mendes Paulo desvela-se, é homem que não tem rebuço na transparência, expõe sentimentos íntimos, é mesmo ternurento, arranca a sua prosa com se estivesse movido pelo estro poético:

“A primeira imagem é de um cão grande, malhado de branco e preto e que se chamava Tejo. Ele era grande e eu pequeno porque conseguia montá-lo sem tocar com os pés no chão. Ainda nem andava na escola. Atrás da casa havia uma serra enorme que acabava no Penouco, uma parede redonda e branca que se via cá de baixo”. 

E um dia vai para o colégio militar, para ele um tempo muito bonito, vê-se que guarda as melhores recordações. A seguir a carreira das armas, a Cavalaria está-lhe no goto, cavalos e máquinas, blindados Fox, tanques M-47. E em janeiro de 1959 é mobilizado para Goa. Em março de 1961, em Valpoy, o tenente Mendes Paulo, que vai regressar, finda a sua comissão deixa escrito algumas recomendações para o novo comandante, destaco:

“Os tempos movem-se ao sabor das políticas e um dia também podemos ficar sem Goa. Se tal acontecer podem mudar os governos, mudar a política, mas o nome de Portugal, a religião cristã, a boa relação com todos, não mudará na memória dos goeses nem na longa história comum”.

Na Academia Militar encontra pela primeira vez os carros de combate ligeiros designados por M5A1. Não será amor à primeira vista, ficará como amor serôdio. E em março de 1963 é mobilizado para Moçambique, CCAV n.º 570. Em 1965, a FRELIMO está a desencadear as hostilidades, o capitão Mendes Paulo tem muito orgulho na sua CCAV n.º 570. Regressa e teve que acompanhar as terras que pertenciam a um tio em Sarnadas e Ródão, vê-se que não desgostou. Volta ao convívio com os M5A1 em Beirolas, está de novo colocado na Academia Militar. Congemina como pode aplicar os M5A1 na guerra africana, faz exposições, há muitas objeções, que os carros eram velhos, se aqueciam aqui, nunca iriam aguentar climas mais quentes, rebate essa argumentação. É mobilizado para Angola no BCAV nº 1927, lá vão os M5A1, chegarão a Nambuangongo. Os Elefantes Dundum entram na guerra, têm nome de mulheres: Milocas, Gina, Licas. Rádio Brazzaville diz cobras e lagartos destas máquinas, Mendes Paulo tem a cabeça a prémio. João Medina, na sua História de Portugal, deixará uma referência a estas máquinas insólitas nas guerra dos trópicos:

“… os cavaleiros deitaram mão de todos os seus dotes para manterem a tradição e darem vida nova a velhas autometralhadoras Fox do tempo 2.ª guerra e conseguiram até, embora isso seja raramente referido, utilizar no Norte de Angola, carros de combate! Um capitão diligente conseguiu vencer a burocracia e as más-línguas e levar consigo tanques M5A1, exatamente iguais aos que os canadianos haviam utilizado na conquista de Paris aos alemães”.

Mendes Paulo frequenta o curso de oficial superior, a seguir é promovido a Major e mobilizado para a Guiné com o BCAV n.º 2922, é o oficial de operações. O batalhão vai operar a partir de Piche, vasto território onde cabem Canquelifá e um destacamento em Dunane; no eixo norte, Cambor era também importante; em caso de ataque, a artilharia de Piche podia alcançar Cambor e a de Canquelifá chegava a Dunane. E escreve:

“No eixo Leste era Piche, Ponte Caium, Camajabá e Buruntuma. Ponte Caium dependia da Companhia de Piche, Camajabá da de Buruntuma, mais uma vez meia dúzia de homens-soldados comandados pelos alferes. Ponte Caium tinha de ser rendida a cada três semanas pela necessidade de géneros e água, mas também – talvez acima de tudo – porque seria esse o máximo de tempo que, psicologicamente, o destacamento podia aguentar. Ainda hoje quando me dizem que estiveram na Guiné e conheceram Leste eu costumo perguntar: - Como era Ponte Caium? Se me dizem que era o maior ‘buraco’, uma ponte com trinta metros de comprimentos, dois abrigos à entrada e dois à saída, dia e noite passado nos limites do espaço, do tempo, na expetativa do ataque – quando este começava, já estavam cercados por todos os lados porque ali não havia milícias nem tabanca, nem pista de aviação ou possibilidade de retirada…”.

Descreve também Piche: era um quartel novo, com razoáveis instalações para a CCS e para mais duas companhias operacionais. Tinha água canalizada e gerador elétrico, era bem melhor que Nambuangongo. O primeiro ataque foi para nos testar. Vieram pela pista de aviação com morteiros 82, RPG-7, metralhadoras pesadas e as inevitáveis Kalash e PPSH. Apesar de todas as recomendações anteriores, foi um festival de fogo-de-artifício. As instalações do quartel incluíam trincheiras, base de fogos do morteiro 81, três peças 11,4 e as habituais casernas, messe, cozinha e posto de socorros, tudo rodeado por arame farpado, com a respetiva Porta de Armas. A povoação de Piche envolvia o quartel do lado Sul e todo o perímetro da povoação era protegido por abrigos enterrados, 13 ao todo, em ligação com as trincheiras, com holofotes, metralhadoras e contacto via telefone e rádio para o posto de comando. Em caso de ataque, só os tais abrigos da periferia abriam fogo, quando atacados diretamente ou à ordem, para alvos já referenciados”.

Buruntuma estava dias e noites inteiras debaixo de fogo dos morteiros 120, retaliava-se com os morteiros 107, os nossos maiores morteiros. Ocorre um ataque brutal a 25 de novembro de 1971. Dois dias depois, Spínola aterra num Dornier na pista de Buruntuma. Manda juntar todo o pessoal, milícias e população. Nesse momento seis Fiat G-91, rasam Kandica, e depois ouviram-se enormes rebentamentos em Sofá, a base do PAIGC. Spínola falou às populações locais: - "Viram o que aconteceu? Agora vão dizer aos do lado de lá que se tornam a fazer outro ataque com morteiros, mando o dobro dos aviões e o dobro das bombas!”

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de março de 2015 > Guiné 63/74 - P14411: Notas de leitura (697): "Império Ultramarino Português", Empresa Nacional de Publicidade, 1950 (2) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11058: O Spínola que eu conheci (28): Figura incontornável da nossa História, que respeito mas não idolatro (Hélder Sousa, ex-fur mil trms TSF, 1970/72)

O SPÍNOLA QUE EU CONHECI

 por Hélder Sousa [, foto à esquerda, no seu quarto em Bissau, quando era fur mil trms TST,  nov 1970 / nov 1972]]

Esta série tem dado a oportunidade para que uma quantidade e diversidade notável de camaradas se tenham pronunciado sobre o tema.

E as intervenções têm sido desde o simples ‘conhecimento’ pelo contacto visual, pelo contacto pessoal directo, até às diversas considerações que a figura de António Spínola suscita. (*)

Eu também tenho um “Spínola que conheci”. Mas não tenho a menor dúvida em afirmar que António Spínola (aquilo que foi antes de Brigadeiro, o Brigadeiro, o General, o Marechal, o ‘caco Baldé’, etc.), é uma figura incontornável da História de Portugal e não pode, nem deve ser ignorado.

Estive perto do Comandante-Chefe do CTIG, António de Spínola, que me lembre, por duas vezes.

(i) Em Piche, fevereiro de 1971

A primeira foi em Piche e disso já dei conta num artigo que enviei para o Blogue a propósito do Carnaval. Nesse artigo relatei que, em consequência da Acção 'Mabecos’ ocorrida em Fevereiro de 1971, por ocasião do Carnaval desse ano, entre 20 e 22 de Fevereiro, o General Spínola ‘aterrou’ em Piche. E foi lá porque o que deveria ter sido o operacional responsável no terreno pela referida operação, Major cav Mendes Paulo (operação essa que correu bastante mal em termos organizacionais e também por atitudes, digamos assim, menos correctas por parte de ‘oficiais superiores’, daqueles que supervisionavam por via aérea a ‘progressão’ no terreno), quando regressou a Piche no final da referida operação, em atitude ostensiva de desagrado por tudo o que tinha acontecido, arrancou os seus galões de Major, deitou-os para o caixote de lixo que estava perto da porta do seu quarto, fechou-se nele e recusou-se a sair de lá a não ser que fosse o próprio Comandante-Chefe a ir ter com ele. Tudo isto foi visto e falado por muita gente.

E foi o que aconteceu, o General Spínola deslocou-se a Piche, não me recordo agora se foi logo no dia seguinte, mas creio que sim, dirigiu-se directamente ao alojamento do Major, conversaram, e depois o Major acabou o seu isolamento. Havia quem dissesse que o General tinha o Major de Cavalaria Mendes Paulo em alta estima e consideração e que se devia a essa estima mútua o facto das “Chaimites” terem ido para a Guiné.

Como se percebe da situação, ‘conhecer o Spínola’, nestas circunstâncias, foi só de longe, mas deu para ver e confirmar tudo aquilo que já aqui se tem dito sobre a sua pose, a sua figura, o seu carisma, a sua capacidade de suscitar a admiração e o reconhecimento por parte dos soldados.



O Capitão [Raul] Folques, até então 2º Comandante do Batalhão de Comandos, a receber das mãos de Spinola os galões de Major do Almeida Bruno. Uma cerimónia original. Foto do livro Guerra, Paz e Fuzilamento dos Guerreiros: Guiné 1970/80, de Manuel Bernardo.  Com a devida vénia aos Coronéis Bernardo e Raul Folques e ao General Almeida Bruno. [Virgínio Briote].




Guiné > Bissau > Santa Luzia > Quartel do Agrupamento de Transmissões > 1972 > Foto do álbum do Sousa de Castro.

Foto: © Sousa de Castro (2005). Todos os direitos reservados

(ii) Na inauguração do Quartel do Agrupamento de Transmissões, em Santa Luzia [, finais de 1971 ou princípios de 1972]


A outra vez em que estive com Spínola foi aquando da inauguração do Quartel do Agrupamento de Transmissões, em Santa Luzia, [Bissau,] não me lembro agora da data.

Mas lembro-me bem das peripécias relacionadas com isso. Eu integrava a ‘guarda de honra’ e fiquei posicionado quase na ponta direita das tropas que estavam mais próximo e em frente ao palanque onde o General ia discursar. Podia assim vê-lo quase de perfil do seu lado esquerdo, a uns escassos 4 metros.

Em certa altura do discurso - parece que o estou a ouvir - Spínola diz, com a encenação habitual, ou seja, de braços abertos, dobrados pelos cotovelos, como quem está a acenar, agradecendo, com a sua voz meio rouca, meio gutural, marcando bem as pausas:

- “porque aqueles …”

- “que dizem …”

- “que o Exército …”

- “é uma máquina acéfala…”

Nisto, um ruído vindo da máquina do operador fotocine indicou que houve um problema. Fita partida? Encravamento? Já não me recordo, mas isso passou-se exactamente à minha frente pois vi claramente os olhos do nosso General faiscarem, quase fulminando o operador que estava perto de mim, em clara reprovação pelo sucedido, e manteve a pausa do discurso enquanto resolveram o problema. Breves instantes é certo, mas naquelas circunstâncias pareciam uma eternidade.

Resolvido o problema, o General retomou o ‘fio da meada’, e agora com o pingalim na mão esquerda recomeçou:

- “porque aqueles …”

- “que dizem …”

- “que o Exército …”

- “é uma máquina acéfala…”

- “em breve irão ver que assim não é!”

Reparem que esta última frase era a que faltava antes, mas ele achou por bem fazer todo o discurso.

Como disse, não tenho bem presente a data do acontecimento, inauguração do Quartel do Agrupamento de Transmissões, o qual deve ter sido no trimestre final de 1971, inícios de 1972, mas quem quiser ler nas entrelinhas pode ver já aqui, principalmente por essa frase final, a promessa/ameaça de maior protagonismo pessoal ‘em breve’…

Estes foram os dois momentos em que estive mais perto do Comandante Chefe, General António de Spínola. Entram portanto, naturalmente, na categoria do “Spínola que conheci”.

Mas há outros aspectos que podem ser chamados à consideração.

Que António de Spínola é uma figura incontornável da nossa História, disso não tenho nenhuma dúvida e até já o referi lá mais acima. Que o seu percurso de vida é controverso, também acho que esta afirmação, em si mesma, não tem contestação. Tem, quanto a mim, entre outras coisas, um grande mérito, trata-se de uma pessoa que procurou ‘ter opinião’, procurou agir no seu tempo, ou melhor, nos seus tempos e, já se sabe, só não erra quem não faz.

Agora, se me perguntarem se sou fã, como agora é moda, do Spínola, ou se sou seu detrator, o que direi?

Tenho que saber de que Spínola se trata.

Do ‘jovem Spínola’ fascinado pelas fardas, pela organização, pelas práticas do Exército Alemão dos anos 30-40? Do Spínola da Guerra Civil de Espanha? Do Spínola em Angola? Do Spínola na Guiné? Daquele que implementou a política de “Uma Guiné Melhor” procurando ganhar a população para o ‘lado’ de Portugal tentando fazer em poucos anos o que não fora feito em séculos? Daquele que implementou a “acção psicológica”, umas vezes exaltada, outras vezes rejeitada? Quantas vezes não se ouviu o “Zé Soldado” dizer “o que faz ‘isto’ é a filha da puta da psícola, agora já nem se pode dar uma chapada num cabrão dum preto”? Do Spínola que escreveu “Portugal e o Futuro” em que foi capaz de apontar caminhos que, na prática, eram contra a prática governamental que afinal tinha seguido toda a vida? O Spínola que se envolveu em conspirações?

A vida de um homem é um balanço complexo, não se pode ‘agarrar’ apenas num determinado tempo e espaço, é todo o conjunto. Tem todo o mérito de não se acomodar, de empreender uma constante evolução, de raciocinar e, pelo menos aparentemente, mudar quando entendeu dever mudar.

É um elemento de referência de uma época. Mas a minha consciência diz-me que o devo respeitar mas não o posso idolatrar.

Um abraço para toda a Tabanca!

Hélder Sousa

Fur. Mil. Transmissões TSF

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Notas  do editor:

(*) Vd. poste de 23 de fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3926: Efemérides (17): Piche, 22 de Fevereiro de 1971 ou... Carnaval, nunca mais! (Helder Sousa)

(...) Referência à Acção Mabecos, feita pelo Fernando de Sousa Henriques, ex-Alf Mil Op Esp, no seu livro No Ocaso da Guerra do Ultramar, obra em que retrata a história da sua Unidade, a CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883, Canquelifá, 1972/74. Esta acção, em que tomou parte o BCAV 2922, em 22 de Fevereiro de 1971, é descrita como tendo sido de escolta e de segurança a forças de artilharia no trajecto Amedalai - Sagoiá - Rio Sagoiá - Rio Camongrou - Piche 4E545 - Rio Nhamprubana - Piche... As NT formavam 4 Agrupamentos, sendo o primeiro comandado pelo Major Mendes Paulo (...)

(...) As forças das NT foram comandadas pelo Major Mendes Paulo (à data oficial de operações do BCAV 2922, homem muito conceituado no seio da Arma de Cavalaria, da confiança do General Comandante-Chefe, falecido em 6 de Setembro de 2006 e autor dum livro intitulado “Elefante Dundum”), que o IN “composto por brancos e pretos sujeitou as NT a forte emboscada da qual resultou 3 mortos, 1 desaparecido (“apanhado à mão”), 2 feridos graves, 3 feridos ligeiros e a destruição de um Unimog e uma White”, sendo que é indicado terem sido infligidos ao IN 6 mortos e vários feridos. (...)

Vd. também poste de 25 de julho de 2012 >  Guiné 63/74 - P10195: Histórias em tempos de guerra (Hélder Sousa) (12): O senhor Major Calixto

(...) Comentário de António J. P. Costa.

(...) Olá, Camaradas!... Conheci o major Mendes Paulo que passou à reserva a seu pedido, depois desta comissão. Creio mesmo que ainda meteu o requerimento durante a comissão. Era um homem sério e íntegro, embora tivesse "o seu feitio". Escreveu um livro e CD que se chama "O Elefante Dundum" em que relata assuntos tão interessantes como a aquisição/experiência das Chaimites, ou o uso de dois carros de combate M5A1 que estavam para ir para a sucata e que ele recuperou e usou em Angola, com certo êxito.
Enfim um livro interessante. Pena que tenha sido edição de autor, mas na BibEx existe e pode ser consultado. Um Ab.
António J. P. Costa


Quinta-feira, Julho 26, 2012 3:20:00 PM

(**) Vd. poste de 13 de setembro de 20006 > Guiné 63/74 - P1067: Morreu o major Mendes Paulo (BCAV 2922, Piche, 1970/72) (José Martins)

(...) Major de Cavalaria JOÃO LUIS LAIA NOGUEIRA MENDES PAULO, que foi Oficial de Informações e Operações no Batalhão de Cavalaria nº 2922, oriundo do Regimento de Cavalaria nº 3 de Estremoz.

Chegou à Guiné em 23 de Julho de 1970 e assumiu o sector L 4 - Piche em 12 de Agosto de 1970. Regressou à Metrópole em 20 de Junho de 1972.

É autor do livro 'Elefante Dundun', que conta as suas aventuras em Macau, Angola e Guiné. O livro é acompanhado de um DVD, que contou com a colaboração de seus filhos. (...)


(***) Último poste da série > 2 de fevereiro de 2013 > Guimé 63/74 - P11043: O Spínola que eu conheci (27): Depoimentos de António Rosinha / António J. Pereira da Costa / José Martins / Augusto Silva Santos / José Manuel Dinis