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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8064: O meu baptismo de fogo (24): Num ataque de... formigas (José Barros)

1. Mensagem do nosso camarada José Barros (ex-Fur Mil Atirador de Cavalaria, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 4 de Abril de 2011:

Caro amigo e camarada Carlos Vinhal
Envio uma pequena história do meu tempo de “periquito” a que dei o nome de Baptismo de fogo.

Junto ainda fotografias de Mansoa e Cutia, que farás com elas, e com o texto, o que bem entenderes.



O meu baptismo de... formigas


Cutia, 1966-68 > Estes eram os homens da minha Secção.

Às primeiras horas da manhã de um certo dia de Novembro de 1966, tudo apostos para mais uma operação de treino operacional.

Saímos do quartel em fila indiana na direcção da mata, não me recordo que sentido seguimos.

À frente ia um Pelotão de Milícias, seguidos pelos elementos da Companhia dos “velhinhos” que nos iam dando algumas dicas sobre os perigos que poderíamos encontrar.

Andámos horas e horas pelo meio da mata, até que saímos do mato e entrámos numa bolanha, que na época estava seca. Caminhávamos há já algum tempo, quando reparo que em determinado local os homens da frente davam um salto, e toda agente a seguir chegava aquele local e saltava.

No lugar onde seguia não era visível nenhum obstáculo. Ia perguntando a mim mesmo o porquê daquele salto!

Não demorou muito para ficar a saber o porquê de tal salto.

No momento em que me aproximo do local, rebenta uma emboscada vinda da orla da mata. Vai toda a gente de imediato para o chão e vira fogo contra o IN.

Secretária improvisada para escrever o meu primeiro bate-estradas para minha mãe

Eu não fugi à regra, também fui para o chão, mas nem um tiro dei. Mal caí fui atacado por uma enorme quantidade de formigas, que imediatamente se meteram pelo camuflado dentro e foram alojar-se nas zonas mais sensíveis do corpo, nomeadamente nos “ditos cujos”. O desespero era tanto que nem conta dei da emboscada ter acabado. Os camaradas que seguiam junto a mim, nomeadamente o pessoal da minha Secção, fartaram-se de gozar com o sucedido durante algum tempo.

Continuamos o nosso caminho de regresso ao aquartelamento. As dores e o desespero lá foram desaparecendo com o decorrer do tempo.

Chegado ao aquartelamento, fui tomar banho. Espanto dos espantos! O raio das formigas estavam mortas, mas com as suas tenazes cravadas na pele. Tive que as catar como quem cata piolhos.

Nunca soube qual o nome dessa formiga. Sei apenas que era uma formiga preta e pequena.

Foi este o meu baptismo de fogo. Não fiz fogo, mas sofri a bom sofrer com as malfadadas formigas.

Um grande abraço
José Barros
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7984: Memórias de Mansabá (11): A construção da estrada Cutia-Mansabá e a defesa dos seus pontões (José Barros)

Vd. último poste da série de 24 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3511: O meu baptismo de fogo (23): Uma vacina para o enjoo... (António Paiva)

terça-feira, 22 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7984: Memórias de Mansabá (22): A construção da estrada Cutia-Mansabá e a defesa dos seus pontões (José Barros)

1. Mensagem de José Ferreira de Barros* (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 18 de Março de 2011:

Caro camarada e amigo Carlos Vinhal:
Obrigado pela rectificação do nome da zona do pontão.

Junto uma fotografia de um dos pontões rebentado pelo IN. A esta distância já não consigo dizer se era o de Mamboncó ou algum dos anteriores.
Durante muito tempo foi o pão nosso de cada dia. Nós construíamos, eles destruíam, era o jogo do rato e do gato.

Já depois da estrada toda construída até Mansabá, o rebentamento do pontão de Mamboncó era frequente.

Ouve necessidade de ter naquela zona uma actividade operacional muito grande, sobre tudo emboscadas. Eram feitas por um Grupo de Combate que era rendido de oito em oito horas, durante muitas semanas. Foi um período muito desgastante para a nossa gente. Nesta actividade nunca tivemos feridos, mas houve muita “pólvora”.

Junto ainda duas fotografias da entrada de Mansabá que farás com elas e com a do pontão aquilo que bem entenderes.

Obrigado pela foto do memorial do meu Batalhão. Penso que foi construído na traseira do edifício do Comando.

Já agora, não te querendo maçar, gostaria de saber se a história do menino JM contada por um camarada que andou por aquelas andanças nos anos 65/67, não esteve em Mansabá com a CCav 1617 e por conseguinte com o BCav 1897.

Um grande abraço de amizade para ti e para todos os camaradas.
J.Barros


Um dos vários pontões existentes ao longo da estrada Cutia-Mansabá.

Tanto quanto me lembro, uma vez que não foi enviada legenda para esta foto, a casa que se vê à esquerda era o estabelecimento da Casa Gouveia que tinha como gerente um cabo-verdiano que nos deixava nervosos sempre apanhava boleia nas nossas colunas para se afastar de Mansabá. Dá para perceber. Lá ao fundo na confluência da estrada para Farim, ficava o abrigo do Castelo.
Fotos © José Barros (2011). Direitos reservados  de José Barros
Legendas de CV

Localização do Memorial do BCAV 1897, localizado junto ao Refeitório dos Praças que no tempo desta Unidade talvez ainda não tivesse sido construído.
Foto © César Dias (2011). Direitos reservados.
Legenda de Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)

Vd. último poste da série de 18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7811: Memórias de Mansabá (10): Fotos da bolanha de Mansabá, a nossa praia (Ernesto Duarte)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)

1. No dia 10 de Março recebi esta mensagem do nosso camarada José Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897:

Sou um ex-Fur Mil da CCav 1617 do BCav 1897. Gostava de fazer parte desta grande família. O que devo fazer?
Um abraço amigo.

Junto uma foto da construção da estrada Cutia-Mansabá.

Frente de trabalho da construção da estrada Cutia/Mansabá
Foto: © José Barros (2011). Direitos reservados

Localização (aproximada) do destacamento de Cutia na estrada Mansoa/Mansabá


2. No dia 11 de Março enviei ao nosso novo camarada esta mensagem:

Caro camarada e amigo José Barros
Muito obrigado pelo teu contacto.
Começo por justificar a palavra amigo, já que camaradas somos de certeza.
Pela foto que envias, deduzo que fizeste parte das forças de protecção aos trabalhos de construção da estrada entre Cutia e Mansabá.
Eu fui um dos passantes nessa estrada nos anos de 1970 a 1972, com algum conforto e segurança, graças ao teu esforço e ao dos teus camaradas. Estive em quadrícula em Mansabá durante 22 dos 23 meses de comissão na Guiné. És meu amigo, desde já por isso.

Para fazeres parte da nossa tertúlia, envia-nos por favor uma foto actual e outra do tempo de tropa, em formato JPEG, tipo passe, se possível.

Queremos que nos digas quando embarcaram e quando regressaram, qual a vossa Unidade, por onde andaram na Guiné, o teu posto, Especialidade e tudo o mais que nos possas contar. Poderás fazer um pequeno resumo da tua actividade que servirá como apresentação à tertúlia. Nada de muito elaborado porque somos pessoas simples como verás.

Fico a aguardar o teu novo contacto.

Recebe um abraço do camarada e amigo
Carlos Vinhal


3. No dia 13 de Março tivemos novo contacto do nosso camarada:

Caro camarada e amigo Carlos Vinhal:
Obrigado pela amabilidade das tuas palavras.

Sou:
José Ferreira de Barros, casado, natural de Godim – Peso da Régua.
Vivo em Vila Real há já 41 anos.
Tenho 68 anos e sou pai de três filhas.
Actor reformado.

Fui:
Fur Mil Atirador de Cavalaria. (carne para canhão)
Pertenci à CCav 1617/BCav 1897 que esteve em Mansoa, Mansabá e Olossato de Novembro de 1966 a Agosto de 1968.

A CCav 1617 saiu de Alcântara no “Ana Mafalda” em 30 de Outubro de 1966, tendo chegado ao porto de Bissau em 4 de Novembro, seguindo nesse mesmo dia em coluna militar para Mansoa, onde ficou aquartelada até à chegada do restante Batalhão que terá acontecido duas ou três semanas depois.

Depois dos periquitos terem recebido algum treino operacional dado pelos “velhinhos” foram assim distribuídas as companhias:

CCAV 1615, CCS e comando – Mansoa
CCAV 1616 – Olossato
CCAV 1617 – Cutia, onde ficou aquartelada até a construção da estrada Mansoa - Mansabá.

Quando a construção da estrada chegou mais ou menos ao pontão de Macombo “se a memória me não falha”, esta Companhia passou para Mansabá onde se encontrava há já algum tempo a CCS e o Comando.

O Batalhão regressou à Metrópole em 2 de Agosto de 1968.

Obrigado a vós editores e a todos os que não deixam apagar da memória o que a nossa geração sofreu e continua a sofrer.

Um grande abraço para todos.

Aqui vão as fotos de um menino e moço e as de um “Velho” alegre e dinâmico com muita vontade de viver sempre com um sorriso nos lábios mesmo nos momentos difíceis.


4. Comentário de CV:

Caro José Barros
É um bom tema para o blogue o testemunho dos camaradas da década de 60, principalmente daqueles que participaram na protecção aos trabalhos de construção de estradas alcatroadas, que tiveram um incremento nessa altura. Era notória a dificuldade na deslocação da tropa, assim como os reabastecimentos, ao longo de todo o TO mais ainda porque era fácil a instalação de minas anticarro nas estreitas picadas existentes, que ceifavam diariamente vidas e causavam muitos feridos graves.

Julgo que a tua Companhia levou a estrada até Mansabá, se não mesmo até ao Bironque. A minha Companhia participou, com outras forças, na protecção aos trabalhos de prolongamento e conclusão da estrada até à margem esquerda do Rio Cacheu, em frente a Farim. Esta importante localidade da Guiné ficou assim ligada por uma boa estrada até Bissau, numa distância superior a 100Km, em alternativa à perigosa ligação fluvial.

Na tua mensagem dizes que quando a estrada chegou ao pontão de Macombo a CCAV 1617 passou para Mansabá. Não quererias dizer Mamboncó?

Se clicares no nome das localidades sublinhadas, abrirás os respectivos mapas e poderás relembrar nomes de sítios por onde andaste.

Se quiseres colaborar na feitura das nossas memórias, particularmente no que respeita à zona por onde andámos, o Óio, manda as tuas fotos e textos com aquilo que ainda lembras para que possamos dar a conhecer à tertúlia e aos nossos leitores, que são muitos.

Antes de terminar, mando-te o abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores, e já agora, vê se te lembras do memorial que se vê nas duas fotos abaixo.

Recebe um abraço do camarada mansabense
Carlos Vinhal


Mansabá, 11OUT70 > Fur Mil Carlos Vinhal, Sold Avelino Gonçalves Pinto e Fur Mil Fernando Nunes no memorial do BCAV 1897 que assinala a sua passagem naquela localidade.
Foto: © Carlos Vinhal (2011). Direitos reservados



Mansabá, 10 de Março de 2008 > O mesmo memorial do BCAV 1897 fotografado pelo nosso camarada Carlos Silva
Foto: © Carlos Silva (2011). Direitos reservados
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7932: Tabanca Grande (269): Manuel Alberto Cunha Bento, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do CAOP Teixeira Pinto (1969/71)