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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7874: Em busca de... (157): Camaradas da CART 3567 (António J. Pereira da Costa)

EM BUSCA DE...

CAMARADAS DA CART 3567

1. De acordo com o solicitado em mensagem de 26 de Fevereiro de 2011, pelo nosso camarada António José Pereira da Costa* (Coronel Art na reserva, na efectividade de serviço, que foi comandante da CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74), divulgamos o seguinte apelo:

A fim de eventualmente poderem participar no próximo Convívio da CART 3567, a ter lugar no dia 7 de Maio de 2011, em Portalegre, procuram-se informações dos seguintes camaradas, de quem nada se sabe:

Nelson Roma de Moura Pereira
Rúben Dias
Manuel Casimiro Esteves Antunes
José Alberto Guerreiro Gonçalves
Bernardino Silva Faria
Roberto Joaquim António Sequeira
Carlos Alberto Gonçalves Alpuim
Licínio Manuel F. Rios

____________

Notas de CV:

Emblema da CART 3567 da colecção do nosso camarada Carlos Coutinho

(*) Vd. poste de 27 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7513: Os nossos seres, saberes e lazeres (28): Banco de Crachás e Guiões (António Costa)

Vd. último poste da série de 23 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7846: Em busca de... (156): Paula Simões, filha do Sold da CCAV 1482 (1965/67), César J. Simões, procura notícias de seu pai e dos seus camaradas (V. Briote / J. Martins)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6624: Parabéns a você (122): António Costa, ou Tó Zé, de soldadinho de chumbo a cadete da Academia Militar, de Alferes em Cacine (CART 1692, em 1968/69) a Capitão no Xime (CART 3494, 1972) e Mansabá (CART 3567, 1972/73), cobrindo-se de glória da defesa antiaérea da BA 12, em Bissalanca (BRT AA 3434, 1971/72) (Miguel Pessoa / Tony Levezinho)

Infogravura: Miguel Pessoa (2010). 

1. O António José Pereira da Costa, ou simplesmente António Costa, faz hoje anos. E daqui vai um batalhão de abraços, beijinhos e chicorações. Além disso, a gente pediu a dois amigos para lhe fazerem a devida surpresa. O Miguel, inspiradíssimo como sempre, mandou-nos o boneco que inserimos acima.  O Tony Levezinho, lá do seu exílio dourado de Martinhal, Sagres, também teve o ensejo de lhe dirigir duas palavras amigas, como velho amigo de infância.

O António é um homem discreto e sobre o qual sabemos pouco. Oficial de carreira, estava (e creio que ainda está) à frente da Biblioteca do Exército, em Coimbra. Mas esteve igualmente na Guiné, por duas vezes, e tem aqui no nosso blogue uma série em que ele cultiva o seu humor especial: A Minha Guerra a Petróleo (*). Pedi-lhe há dias para nos mandar mais uns dados curriculares e umas fotos:
"Vais fazer anos e a gente não tem o teu 'cadastro' da Guiné (por onde e quando andaste)... Eu seu que vocês, miliatres de carreira, têm regras muitos rígidas no que diz respeito à identificação de unidades, etc... Vê o que podes mandar, em tempo útil... E fotos ? Um abraço. Luís"

Pois bem, vejam o que se pôde arranjar:

Camarada:  As minhas aventuras guerreiras são modestas. Comecei na CART 1692, na altura já em Cacine, em 16JAN68. Era um operacionalíssimo alferes adjunto do capitão. A maioria do pessoal da CArt era mais velha que eu. Já comecei a descrever a estadia no último quartel da Guiné.

Regressei à capital do Império exactamente um ano depois.  A 25MAI71 embarquei, de novo para "Uma Guiné Melhor",  para me cobrir de glória na desfesa antiaérea da BA 12, como Cmdt da BTR AA 3434.

A 22JUN72 assumi o comando da CART 3494 que, então guarnecia o Xime. A 11NOV72 (Dia de S. Martinho) passei à CART 3567, estacionada em Mansabá, que deixei no TO daquela PU em 09AGO73.

Como vês, ao todo, 38 meses. Não gostei. Não voltaria. Foi mesmo "Uma Guerra a Petróleo".

Creio que isto já alimenta o vosso lego, mas se for preciso mais é só perguntar. Não se esmerem muito na homenagem porque eu não mereço...

Um Ab do 
António Costa


Martinhal, Sagres, Vila do Bispo > 11 de Junho de 2010 > O Tony Levezinho, o neto e a Alice Carneiro... Foi uma visita tipo rapidinha que eu e a Alice fizemos ao Tony e à Isabel, no seu exílio dourado no barlavento algarvio (dourado, ou melhor, amarelo e azul, que são as belíssimas cores da sua vivenda junto à praia, no resort do Martinhal)... Deu apenas para matar saudades, beber um café e um digestivo e celebrar a nossa velha amizade que teve a Guiné como berço. Com promessas (e sobretudo ameaças) de lá voltar, com tempo e vagar. (LG)
Foto: © Luís Graça (2010). Direitos reservados

 3. Mensagem do Tony Levezinho (ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71)

Meu Caro António Costa (para mim,  o meu amigo Tó Zé de há mais de meio século)

Quão distante vão os tempos em que partilhámos os momentos sobrantes das obrigações escolares, ora a jogar à bola no pátio do prédio em que habitávamos, ora encenando jogos de guerra com os bonecos e as miniaturas, na altura disponíveis para o efeito.

Destas últimas brincadeiras à realidade dos jogos de guerra em que os bonecos viraram homens ( ou será que não viraram?) bastou apenas pouco mais do que uma década. Tu por opção (estava na cara que era mesmo o que gostarias de ser quando "fosses grande"),  eu e a grande maioria de nós, porque a inevitável lógica das coisas, ao tempo reinante, assim o determinava.

Para alguns, não tão poucos quanto isso, a história das suas vidas terminou por aí. Cumpre-nos a nós que por cá vamos ficando não os esquecer.

É minha convicção que uma boa contribuição para tal atitude será sabermos envelhecer, com a alegria de quem vai podendo somar mais um, na companhia dos familiares e amigos.

Certo de que este vai ser o teu estado de espírito no próximo dia 22, aqui te deixo um Grande Abraço e Muitos Parabéns.

Na primeira oportunidade beberemos um copo "À NOSSA"( leia-se: à de Todos Nós)

Tony Levezinho

_______________

Nota de L.G.:

(*)  Vd. último poste da série > 18 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6614: A minha guerra a petróleo (ex-Cap Art Pereira da Costa) (3): Gente de Cacoca e outros

terça-feira, 15 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6598: Controvérsias (86): A violência inusitada e gratuita do PAIGC no caso dos Três Majores e do Fur Mil Costa, da CART 3567, morto à punhalada (António Costa)

 1. Mensagem, datada de 7 de junho de 2010, enviada pelo  António José Pereira da Costa:

Camarada
A propósito da polémica levantada pelo Poste P6538 e das respostas do Ansaly e do Pepito,  gostava de fazer algumas considerações. (*)

Como sabes,  os povos têm reacções estranhas, como sejam o apoio maciço aos ditadores (Salazar) e seus delegados (como é o caso) e às vezes nem se compreende bem porque o fizeram, se depois os amaldiçoam. (Hitler, Mussolini, para não dizer outros).

No caso vertente, como noutros, (por exemplo  nas cerimónias fúnebres do Salazar),  o povo parece ter sido acometido de uma hilaridade que não se compreende. Ou compreende? Sabemos bem como se organizavam "as espontâneas": com a força pública e não apenas o público "à força", mas também seduzido em jeito, e apenas os (poucos?) simpatizantes.

Além disso, como vemos pela decoração, quem detém o Poder até pode organizar melhor manifes com todo o rigor e exactidão.

O que é um facto é que eles lá estavam. Hoje se fores perguntar não encontras um que lá tenha estado.
Enfim coisas estranhas e não apenas malhas que o Império tece...

Sobre a "Morte dos Majores" deixo a minha visão.

Tratou-se de uma operação psicológica que falhou porque o inimigo a detectou e entrou no Jogo da Espionagem. Em todas as guerras há operações deste tipo - e muito mais na guerra subversiva - em que se pretende desequilibrar uma unidade inimiga (maior ou menor) com ou sem população anexa.

O passo seguinte é a exibição do resultado e, se possível, virar os combatentes seduzidos a combater contra os seus ex-camaradas. No final da guerra ajustam-se as contas e "aí dos vencidos!"

Creio que, pelo nosso lado, os envolvidos estariam convencidos(?) de que estavam a fazer a Paz, pelo menos num sector, o que não seria nada mau numa guerra sem fim à vista...

Pelo lado do IN a operação pode ter sido detectada (cedo ou mais tarde) e levada até onde se quis. Depois foi uma explosão de barbárie que nada justifica, nem mesmo a táctica ou a estratégia. Imagina o que seria termos de negociar o resgate de 4 oficiais (3 superiores e homens de mão do Com-Chefe) e três civis...
O governo do tempo não podia calar-se como fizera com o Lobato, piloto, no início da guerra. E se o fizesse quais seriam as consequências? Estou certo de que haveria consequências. Quais? Não sei. 

O PAIGC andou mal nos dois planos (humano e bélico) e hoje pretende passar a imagem de que os seus guerrilheiros eram integérrimos, seguríssimos dos seus ideais e agiram assim sobre os "criminosos colonialistas tugas" porque se sentiram ofendidos e ridicularizados.

E eu,  com esta idade e a saber o que sei, a acreditar... (Olha para a minha cara de crédulo!).

Também não colhe a desculpa de que era necessário abandonar o local e os prisioneiros "pesavam muito" e retardavam o movimento. Sabemos que até podiam ter usado as nossas viaturas, pelo menos em parte do movimento, e que a unidade que recolheu os corpos só chegou ao local quase dez horas depois dos assassínios.

Enfim,  selvajaria como há em todas as guerras.  Relembro entre outros o caso do Furriel Mil Costa,  da CArt 3567 [,  Mansabá, 1972/ 74], morto à punhalada...

Acho que estamos perante mais um caso de falta de modéstia de quem ganhou a guerra. Relembro o programa do Joaquim Furtado sobre o raide a Conacri em que se discutia se as lanchas da Guiné tinham sido ou não neutralizadas no porto. Luis Cabral diz que não,  por não terem sido destruídas,  o que dá a ideia da sua falta de modéstia. A neutralização impede o uso de um meio bélico durante um período mais ou menos longo. Até com um simples martelo se podiam neutralizar as lanchas (partindo o sonar e radar) mas por pouco tempo. Aliás,  se elas permitiram a saída dos barcos portugueses do porto,  é porque estavam "neutralizadas".

Enfim, começo a não ter paciência para operações psicológicas e muito menos destas, demasiado infantis.

Farás com este mail o que quiseres pois não quero atirar achas para a fogueira...
Podes mantê-lo em banco de dados e jogá-lo no momento oportuno...

Um Ab. do
António Costa

PS: Viste o programa do Joaquim Furtado sobre os GE e GEP de Moçambique? Tens contacto com ele? Parece-me que 84 Gr de GE e GEP num total de cerca de 5000 homens é muito grupo e homens a mais...
Parece-me que há um uso abusivo das estatísticas como no caso da Guiné onde 20% eram militares do recrutamento local... Vamos fazer as contas.


2. Resposta do Carlos Vinhal, com data de 8 do corrente:


Caro Pereira da Costa

Obrigado pela tua opinião baseada em conhecimentos que terás mais abalizados, mercê da tua formação profissional. Vou endereçá-la ao Luís para ele dizer se a vamos publicar.

Nunca compreendi porque teve aquele caso um fim tão trágico. Saberiam os nossos camaradas Majores o perigo que corriam? Fariam aquilo a contragosto ou por dever de ofício? Ou por temerem o Spínola? Ou por ingenuidade?

Do outro lado é ainda mais complicado especular. Dependia de até que nível ia o conhecimentos das conversações, quem manobrava quem e por que é que de repente (?) mudaram de ideias. Que aconteceu aos mediadores e a quem tinha conhecimento do que se passava, no lado do PAIGC? Porque vieram a abater o Amílcar?

Quanto aos relatórios das operações, descrição de objectivos, aprendizagens, mortos, feridos, material gasto ou danificado, etc, sabe-se que era tudo feito conforme o fim em vista. Impressionar o IN, enganar os superiores hierárquicos, justificar material desaparecido, promover amigos, etc, etc. Falo por experiência própria porque trabalhei na Secretaria da minha Companhia praticamente toda a comissão. Fui escrivão de montes de autos de, e para tudo e mais alguma coisa.

Diga-se que como funcionário público vivi experiências similares, porque estive num gabinete de estudos como preparador de trabalhos, mais tarde como chefe de secção, cerca de 33 anos, fiz parte em comissões de recepção de todo o tipo de equipamentos, fiscalização de obras, etc, etc.

Tentaram subornar-me, chamaram-me nomes bons e maus. O que possas imaginar.

Mas quando se fala de manobrar massas por parte dos políticos, aí a coisa é mais complicada. Estes tipos têm formação específica para aprenderem  como isso se faz e quando não querem sujar muito as mãos não falta quem faça isso por eles.

Julgo que já no tempo do Marcelo (ou ainda Salazar?) houve aquela enorme manifestação de apoio ao regime aí em Lisboa, e era ver carregar funcionários públicos de todo o país a caminho do Terreiro do Paço. Mas atenção, porque agora faz-se o mesmo, ou parecido, seja o Governo, ou alguém por ele mandatado, os partidos, os sindicatos e até os clubes de futebol. Ofereça-se um passeio à borla e almoço bem regado com tintol e aí aparecem os espontâneos.

Um abraço, companheiro.
Carlos

[Revisão / fixação de texto / título: L.G.]
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Nota de L.G.: