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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12258: Álbum fotográfico do Luís Nascimento, ex-1º cabo cripto, CCAÇ 2533, Canjambari e Farim, 1969/71 (Parte VI): Farim, em finais de 1970 e princípios de 1971:


Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71)>  C. finais de 1970/princípios de 1971 > O Luís Nascimento, 1º cabo op cripto,  junto ao monumento ao BART 733 (Bissau e Farim, de 8/10/1964 e 7/8/1966).


Guiné > Região do Oio > Setor 02 > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71)>  C. finais de 1970/princípios de 1971 > O Luís Nascimento, 1º cabo op cripto,  á esquerda, junto ao monumento ao BART 733 (1964/66),  tendo a seu lado um outro camarada não identificado.



Guiné > Região do Oio > Setor 02 >  Farim > CCAÇ 2533 (1969/71)>  C. finais de 1970/princípios de 1971 >  O Luís Nascimento com mais "3 viseenses"...


Guiné > Região do Oio > Setor 02 > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71)>  C. finais de 1970/princípios de 1971 >  Em primeiro plano, o.O Luís Nascimento na piscina de Farim, com o rio Cacheu ao fundo.




Guiné > Região do Oio > Setor 02  > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71)>  C. finais de 1970/princípios de 1971 > Uma coluna [de Camjambari]  a Farim


Guiné > Região do Oio > Setor 02  > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71) >  C. finais de 1970/princípios de 1971 >  Quem disse que os criptos não saíam... para o mato ?


Guiné > Região do Oio > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71)>  C. finais de 1970/princípios de 1971 > O Luís Nascimento na sua cama... sem rede mosquiteira.




Guiné > Região do Oio > Setor 02  > Farim >  CCAÇ 2533 (1969/71)>  C. finais de 1970/princípios de 1971 >  Cartão (personalizado) de boas festas, Natal de 1970.




Guiné > Região do Oio > Setor 02  > Farim > CCAÇ 2533 (1969/71) >  C. finais de 1970/princípios de 1971 >  O  Luís Nascimento em tronco nu... Repare-se na tatuagem no braço direito, "Guiné 69-71". Na época, ou pelo menos entre nós, a arte da tatuagem ainda era incipiente... Nada que se pudesse comparar con a sofisticação, a técnica e a estética de hoje... Já tentámos abrir uma série sobre tatuagens... Mas creio que só saiu um poste...



Guiné > Região do Oio > Setor 02  > Farim >  CCAÇ 2533 (1969/71) >  C. finais de 1970/princípios de 1971 > "Homenagem ao Homem Grande de Farim"... Régulo ? Dignitário religioso ? Não sabemos...

(Esclarecimento posterior do nosso querido amigo e camarada Carlos Silva, esse sim o verdadeiro 'régulo de Farim', como a gente lhe chama na brincadeira, devido aos contactos e ao conhecimento profundo que tem da Guiné, e em especial da região de Farim: "Meu caro Luís Nascimento: O 'Homem Garandi' da foto não era régulo, mas um simples cidadão muito simpático a quem chamavam carinhosamente '120 chuvas', porque,  e quando toda a malta em tom de brincadeira lhe perguntava quantos anos tinha, punha-se em sentido e respondia com simpatia ter '120 chuvas', pois era assim a forma de ele contar os anos.Era uma figura típica de Farim. Várias vezes me cruzei e falei com ele. O seu nome que de momento não tenho presente, consta da HU do BArt 733 que faz alusão à sua detenção em consequência de um acontecimento triste, já aqui narrado, em que morreram mais de uma dezena de civis devido ao lançamento de uma granada para o meio de uma batucada, pois presumiram que ele era um informador duplo. Abraços, Carlos Silva.").


Fotos (e legendas) : © Luís Nascimento (2013). Todos os direitos reservados. [Edição / Legendagem complementar: L.G.]


1. Continuação da publicação de uma seleção  de fotos
 do álbum do nosso camarada, Luis Nascimento, o ex-1º cabo operador cripto Nascimento (também conhecido, na tropa por Assassã, do francês "assassin", assassino, alcunha que ganhou no tempo em que era... júnior do Académico de Viseu) [, foto atual à esquerda].

O nosso grã-tabanqueiro Luís Nascimento pertenceu à CCaç 2533 (Canjambari e Farim, 1969/71). As fotos foram-nos enviadas pela sua neta, Jessica Nascimento em 1/10/2013.



2. Sobre a história desta subunidade, ver o dossiê completíssimo publicado pelonosso querido camarada e amigo  Carlos Silva, na sua página Guerra na Guiné 63/74.


(i) A CCAÇ 2533  fdoi mobilizada pelo  BCAÇ 10, Chaves;

(ii) Partiu para o TO da Guiné em 24/5/1969 e regressou a 17/3/1971

(iii) Comandante: Cap. Inf Sidónio Martins Ribeiro;

(iv) Em 10/6/69, seguiu para Canjambari, a fim de realizar o treino operacional, sob a orientação do COP 3;

(v) Em 19/6/69, assumiu a responsabilidade do respetivo subsetor de Canjambari, em substituição do pessoal restante da CArt 2340 e outros efetivos ali colocados temporariamente em reforço,  ficando integrada no dispositivo e manobra do COP3 e depois BCaç 2879;

(v) Para atuação nos corredores de Sitató e Lamel, destacou, por períodos variáveis, dois pelotões para Cuntima, de 25/11/1969  a 3/12/196969 e de 27/12/1969 a 15/2/1970; e para  Jumbembem, de 19 a 27712/1969, 23/3/1970 a 10/4/1970 e de 23/4/197070 a 4/9/1970, ambas no mesmo setor;

(vi) De 16 a 21/11(1970, efetuou a rotação do seu efetivo com a CCaç 2681, deslocando-se para Farim, no mesmo setor, com a missão principal de contra penetração na linha de Lamel;

(vii) Em 20/2/191, foi substituída pela CCaç. 14 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de aguardar o embarque de regresso.

  As fotos que hoje publicamos foram tiradas em Farim,  presumivelmente entre finais de novembro de 1970 e meados de fevereiro de 1971.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11542: In Memoriam (149): Maio de 1973 - Guidaje - Campo da morte para os: 1.º Cabo Mil Bernardo Moreira Castro Neves e Soldado António Júlio Carvalho Redondo do BCAÇ 4512; Fur Mil Arnaldo Marques Bento e Soldado Lassana Calissa da CCAÇ 14 (Manuel Marinho)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Marinho (ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Nema/Farim e Binta, 1972/74), com data de 2 de Maio de 2013:

Caro amigo Carlos,

Ao vasculhar os meus papéis encontrei uns escritos que foram enviados a um concurso que o DN lançou em 1997, intitulado: “UMA GUERRA CEM PALAVRAS”.

Destinava-se a todos os ex-combatentes (ou não), que quisessem participar, com textos vividos ou ficcionados.

O regulamento entre outras coisas, impunha que os textos enviados não poderiam exceder as CEM PALAVRAS. Está exactamente como o enviei, se vires interesse em publicar, avança.

Eu na altura procurei que eles tivessem a ver com a realidade vivida por mim na Guiné, mandei três textos, claro que não tive prémio, apenas desabafei, e em cem palavras lembrei um momento complicado da minha vida, ao homenagear um camarada morto ao meu lado, depois só escrevi sobre a guerra quando deparei com o nosso blogue.
 
Mas este texto na altura tinha, e tem, destinatário, e porque se aproxima a data de 8 e 9 de Maio, resolvi enviar à tua consideração, pretendendo homenagear o meu camarada 1.º Cabo Miliciano Bernardo Moreira Castro Neves da 1.ª C.ª / BCAÇ 4512 que foi um dos primeiros a tombar por Guidaje, com apenas dois meses de comissão, estava a integrar-se muito bem no nosso 1.º GComb.

Faz agora 40 anos que esta emboscada aconteceu, aproveito também para homenagear os outros nossos três camaradas que tombaram nesse dia:

Soldado António Júlio Carvalho Redondo - 3.ª C.ª / BCAÇ 4512 
Fur Mil Arnaldo Marques Bento - CCAÇ 14 
Soldado Lassana Calissa - CCAÇ 14 


Esta foto foi cedida pelo camarada da minha CCaç, Carlos Cotrim, que está na foto, e foi tirada no bar de Nema. O camarada Bernardo Neves é o primeiro a contar da esquerda.


**********

Texto enviado a concurso 

 A MEDALHA

Avançam de noite tensos e apreensivos, missão – levar mantimentos e armamento ao aquartelamento sitiado. Não conseguirão…

Mobilizado por castigo disciplinar, o Furriel fora integrado recentemente no Grupo de Combate. Tem um pressentimento lúgubre. 
Diz:
- Não sairemos vivos desta. Não voltarei a ver os meus. 

Contempla a medalha estimativa que traz ao peito, aperta-a com força. 
Caem na emboscada nocturna, e breve. A noite é a mais longa da vida. 

Surge a manhã, recomeçam os ataques, o Furriel é atingido com gravidade. Os seus gritos dilaceram os ouvidos. Volta a ser atingido e morre. 

Passado algum tempo, já em terreno minado, são levantados os corpos. 
O Furriel foi reconhecido pela MEDALHA.

Setembro de 1997

Um grande abraço
Manuel Marinho
____________

Notas do editor

Vd. comentário de Manuel Marinho no poste de 29 DE MAIO DE 2012 > Guiné 63/74 - P9961: Efemérides (96): Guidaje foi há 39 anos: a coluna que rompeu o cerco, em 10 de maio de 1973 (Amílcar Mendes, ex-1º Cabo Cmd, 38ª CCmds, 1972/74)

Último poste da série de 8 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11540: In Memoriam (148): Cândido Perna Tavares, o "República" (1943-2013), CART 730, Bissorã, e Grupo Vampiros, dos Comandos do CTIG, Brá, 1964/66 (João Parreira)

terça-feira, 9 de abril de 2013

Guiné 63/74 - P11365: Tabanca Grande (392): Camaradas da CCAÇ 14: António Bartolomeu (Contuboel, Aldeia Formosa e Cuntima, 1969/71) e Eduardo Estrela (Bolama e Cuntima, 1969/71)




Guiné > Região do Oio > Cuntima > Outubro de 1970, com a macaca Xica  ao colo

1. Mensagem de Eduardo Francisco da Cruz Estrela, nosso grã-tabanqueiro desde 29/2/2012 (*)

De: Eduardo Francisco da Cruz Estrela

Data: 19 de Fevereiro de 2013, 18:44

Luis!

Localizei a mensagem de 6 de Março de 2012, onde enviava as duas fotos que me tinhas pedido. Há momentos mandei uma e agora repito o envio de 2012, de modo a que publiques a outra fotografia.

Um abraço, 

Eduardo Estrela
(ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71) (*)
___________

Eduardo Estrela Date: Tue, 6 Mar 2012 13:13:49 -0100
Luis!

Em anexo remeto duas fotos conforme pedido feito. Uma actual e outra tirada em Outubro de 1970 em Cuntima, tendo ao colo a Xica

Um grande abraço
Eduardo Estrela

__________________

2. Comentário de L.G.:

Camarada Eduardo, afinal  já tínhamos as fotos. A duplicação, às vezes, não tem mal. A tua mensagem acaba por ser um ensejo para a gente falar da nossa viagem comum (partimos de Lisboa, no mesmo dia, e no mesmo navio, as CCAÇ 2590, 2591 e 2592, independentes, que deram depois origem às CCAÇ 12, 13 e 14) e das nossas peripécias no CTIG. Mas também de amigos e camaradas comuns, como é o caso do Joaquim Fernandes. Afinal, contigo, tudo começou porque andavas à procura dele. Tinha  estado no CISMI, em Tavira, na mesma altura que tu... (e julgo que também na mesma altura em que eu lá estive, embora a minha especialidade fosse a de armas pesadas). Dei-te alguns contactos do Joaquim, mas não me chegaste a dizer se o encontraste depois disso.

Gostava, por outro lado, de te pedir mais fotos da tua passagem pela Guiné, por Bolama e por Cuntima, integrado na CCAÇ 14. Não me arranjas fotos tuas, com boa resolução e com as respetivas legendas ? Como sabes, eu tenho um especial carinho pelas companhias africanas. Das 3 companhias acima citadas, a tua é a que tem menos informação no nosso blogue. E representantes só tem dois, se não me engano: tu e o António Bartolomeu, que entrou para a Tabanca Grande, o nosso blogue, em 31/5/2007.

Aproveito para saudar os dois e pedir-lhes para nos arranjarem  mais rapaziada da CCAÇ 2592/ CCAÇ 14 para engrossar as nossas fileiras e alimentar este bicho "alarve e sedento" que o nosso blogue (**)... Olhem, era uma bela prenda de aniversário: vamos fazer 9 anos, no próximo dia 23 de abril... Penso que, tru, Estrela,  continuas a viver no Algarve, é isso ? E o Bartolomeu na Cova da Piedade, Almada. Um grande Alfa Bravo para os dois. Luís Graça.

PS - Podem ver, na página do Carlos Silva, Guerra na Guiné 63/74, informação mais completa e detalhada (e fotos diversas do pessoal) da vossa companhia, a CCAÇ 2592 / CCAÇ 12. [Há lá fotos cedidas pelo António Bartolomeu].

Guiné > Zona Leste > Contuboel > CCAÇ 2592/CCAÇ 14 (1969/71) > O Fur Mil António Bartolomeu, que esteve a dar instrução de especialidade a um pelotão de mandingas, na mesma altura (Junho/Julho de 1969) em que estávamos (a CCAÇ 2590) a formar a CCAÇ 12, uma das unidades da nova força africana.  Este pelotão, o 4º esteve depois em Aldeia Formosa, quarto meses, reunindo-se mais tarde à companhia, em Bolama,. e seguindo depois para  Cuntima. Viemos no mesmo, o Niassa, tendo partido de Lisboa em 24/5/1969.
Esta companhia tinha uma composição heterogénea: mandingas, manjacos e felupes, além de quadros  e especialistas metropolitanos. (LG)



Foto: © António Bartolomeu (2007). Todos os direitos reservados.
______________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 29 de fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9548: Tabanca Grande (322): Eduardo Estrela, ex-Fur Mil da CCAÇ 14 (Cuntima, 1969/71)

(...) Sou o ex-Fur Mil Eduardo Estrela e enquadrei o início da CCaç 14, originalmente CCaç 2592.
Embarcámos para a Guiné em 24 de maio de 1969 , no T/T Niassa, juntamente como outras companhias independentes como a 2590 e 2591 [, futuras CCAÇ 12 e 13], e depois de termos dado instrução aos militares africanos que compunham a Companhia (dado e recebido, pois muitos deles já tinham experiência de combate), partimos em 3 de novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, Cuntima, junto à linha de fronteira do Senegal.

Ainda em Bolama, onde a instrução foi dada e recebida e depois de uma operação mal programada para a zona de S. João, onde as CCaç 13 e CCaç 14 podiam ter sofrido sério revés, face ao local de desembarque escolhido, extremamente lodoso e onde vi camaradas atolados até à cintura, ainda em Bolama dizia, sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma.

Em Cuntima, a actividade operacional era intensa pois estavam no mato permanentemente 2 ou mais grupos de combate, por períodos de 48 horas. A guarnição de Cuntima normalmente composta por 2 Companhias operacionais, Pelotão de Obuses e Pelotão de Milícias, para além das interdições ao corredor de Sitató, fazia picagens à estrada, escolta às colunas para Farim, segurança próxima e afastada ao aquartelamento e as operações militares que obrigavam a utilização de maiores meios.

Aquando do reordenamento de Cuntima, as colunas a Farim eram diárias e o desgaste físico e psíquico muito grande, pois volta não volta o PAIGC aparecia. O meu grupo de combate foi o primeiro a transitar para Farim, no início de dezembro de 1970 e não no fim de dezembro como já vi indicado, e durante um mês estivemos a reforçar a CCaç 2549 estacionada em Nema, a qual tinha estado anteriormente connosco em Cuntima.

Em Farim fazíamos interdição ao corredor de Lamel, numa época em que o PAIGC estava muito activo. De tal modo activo que entre o início de dezembro de 1970 e meados de janeiro de 1971, a guarnição do Batalhão 2879 sofreu na zona de Lamel 14 mortos, uns em combate e outros por acidente resultante de actividade operacional. Para além dos camaradas falecidos, também houve muitos feridos.

No final de 1970, o meu grupo de combate regressou a Cuntima e só no início de fevereiro de 1971 a CCAÇ 14 foi para Farim, tendo o meu grupo ficado em Cuntima para dar sobreposição à Cart 3331, até ao fim de fevereiro. (...)

(**) Último poste da série > 25 de março de 2013 >  Guiné 63/74 - P11312: Tabanca Grande (391): António Baldé, fula, natural de Contuboel, português, apicultor, pai do Umaro e da Alicinha, ex-1º cabo, CIM, Bolama (1966/69), Pel Caç Nat 57 (São João, 1969/70) e CART 11 (Paunca e Sinchã Queuto, 1970/71), grã-tabanqueiro nº 610

terça-feira, 5 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10000: (Ex)citações (184): Respostas a interrogações de Luís Graça, ainda sobre o tema Guidaje (1) (José Manuel Pechorro)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Pechorro (ex- 1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 19, Guidaje, 1971/73) com data de 1 de Maio de 2012:

Respostas às perguntas formuladas pelo Luís Graça no seu comentário deixado no Poste 9960* (1)

Comentário de Luís Graça

Camarada: 

Talvez nos possas ajudar a compreender melhor certas coisas que por aí aparecem escritas... 
Naturalmente que respondes só ao que quiseres (e puderes..., se bem que a guerra, dizem, já tenha acabado há 38 anos).

Pergunta: Por exemplo, quantos mortos teve a CCAÇ 19? E quantas dessas baixas mortais ocorreram no período de 8 de maio a 8 de junho em que costumamos (alguns...) balizar a batalha de Guidaje?

Resposta: Ficaram enterrados em Guidage 23 corpos, 8 brancos metropolitanos e 15 negros naturais da Guiné. Alguns foram mortos ou ficaram feridos: no quartel, na estrada, ou no ataque a Kumbamory, acabando por morrer no aquartelamento alguns dos feridos.

Os mortos da CCaç 19, foram sete:

Os 5 que ficaram no Cufeu e 2 no quartel, feridos graves do abrigo na madrugada do dia 25 de Maio 73:

- ANTÓNIO DOS SANTOS JERÓNIMO FERNANDES, Fur Mil AP, NM 0948627, CCaç 19
- ANTÓNIO TALIBÓ BAIO, Soldado At NM 82081071, CCaç 19, Morcunda – N. Sra da Graça – Farim.

Pergunta: Porquê só dois mortos no quartel ?

Resposta: Ocupavam as 4 casernas abrigo e os cerca de 5 abrigos que existiam. - Ser uma companhia amadurecida na guerra e habituada a flagelações e ataques ao quartel.

Pergunta: Havia malta da CCAÇ 19, nomeadamente camaradas nossos guineenses, entre os cadáveres espalhados nas imediações da bolanha do Cufeu, quando por lá passaram a 38.ª CCmds e depois a CCP 121/BCP12?

Resposta:

10 de Maio de 1973, Quinta-feira 

01,15 h da manhã, acordados com morteiro 82. Sem consequências.

É organizada uma nova coluna auto com 15 viaturas (a segunda), traz granadas de obus, morteiros, munições, e géneros alimentares. Transporta água para ceder aos soldados que dela precisem, o que não é fácil devido à posição estratégica e rigorosa que cada um ocupa no terreno e que pode ser distante… Este movimento saiu de Binta, ao amanhecer pelas 5,30 h.

Escolta:

2.º Gomb/1.ª CCaç/BCaç 4512 de Nema,
1 GComb da 2.ª CCaç/BCaç 4512 de Jumbémbem,
2 GComb da CCaç 14 de Farim,
1 GComb da CCaç Africana “Eventual” (milícia especial) de Cuntima,
2 GComb da 38.ª de Comandos (2.º e 4.º)
e 1 Sec/Pel Mort 4274.

Foi comandada pelo Cmdt do BCaç 4512,  de Farim (Ten Cor António Vaz Antunes) e 2 capitães, acompanhados pelo Sr Ten Cor Cav António Valadares Correia de Campos (“Águia”),  comandante do COP 3 e o seu adjunto Sr Fur Mil Infor e Op Inf do Cop3 Carlos Jorge Lopes Marques Pereira (“Lobo”). Bigene ficou sob o comando do Sr. Cap. Jaime Simões da Silva (Cmdt interino por morte do Maj Mariz).

Ao encontro da acção logística e para manter segurança, ao longo da via,  saem de Guidage 4 GCOMB: 1 bi grupo da CCaç 3 e outro da CCaç 19 (Os pelotões dos Alf Mil Leitão e Luciano Diniz). O da CCaç 3 marcha nas bermas, seguindo atrás e executando a picagem da estrada, o da 19 até ao Cufeu. O bigrupo da CCaç 3 progredindo proponha-se fazer a picagem até ao contacto com a coluna!...

Estas colunas (apeadas e auto) avançam ao compasso da lentidão dos “picadores”, podem ser alvo fácil da guerrilha que por vezes está emboscada muito perto, podendo o confronto armado acontecer repentinamente. Os condutores esforçam-se por pisar o rasto do carro da frente. Acontecendo o mesmo com os soldados, pisam onde o da frente pisou… A tensão é grande! As minas no terreno podem não ser detectadas…

Entre o UJEQUE e o CUFEU accionam uma mina anti-pessoal, cerca das 9h40, causando 1 ferido grave e 1 ligeiro.

Pouco depois, na vanguarda a CCç 3, passada a ponte no Cufeu, avista o IN contra o qual investe, encurralando-o na bolanha que corta a estrada; causando baixas prováveis ao adversário. Foi por pouco tempo… São atacados por grupo estimado em 100 turras que passa ao assalto, mostrando boa preparação e fazendo bom uso dos RPG, morteiro 60 e armas ligeiras  (armamento russo).  Elementos das NT afirmam que foram alvejados com canhão sem recuo, o que é provável. Já com escassez de munições não resistem e debandam as nossas forças. Os 2 Cmdts brancos, os Alf Mil At Inf José Soeiro e o José Pacheco, bem tentaram desesperadamente deter o avanço adversário: Notou-se na conversação via-rádio…

Esfarrapados, cansados e abatidos, os militares foram chegando ao quartel de Guidage e a Binta.

Mais atrás, a CCaç 19 não vai em auxílio da 3. Separados em consequência do accionamento da mina. Aguarda emboscada e montando segurança que a coluna chegue até eles.

Acaba por receber ordem de retirada, a marcha forçada, para Guidage, mas foi tarde… Emboscados na beira da estrada, avistam o IN e hesitam se seriam os da CCaç 3… Deu-se um contacto muito forte, com grupo de cerca de 70 a 100 elementos (?).  Sofreu 3 embates. Separados pela estrada. O último foi o mais violento, tendo os guerrilheiros avançando a descoberto, em terreno não favorável, procurando envolver-se com as NT para fugir ao bombardeamento da FAP, que procurava oportunidade para actuar, dificultada pela dispersão dos militares da CCAÇ 3, fugidos e perdidos na mata. Os nossos,  executando tiros de precisão,  alguns (principalmente os que morreram, pois acabaram envolvidos…) não aguentam o forte potencial de fogo adverso (morteiro 60, RPG e armas ligeiras) e dispersam, com baixas: 5 baixas africanos, que ficaram no terreno; 7 feridos graves e 16 ligeiros.

Os 5 mortos:

- Abdulai Mané, de Barro/ Bigene/ Farim,  1.º Cabo At, NM 820863/71, CCaç19/Cart 3521, enterrado em Guidaje;
- Jacom Turé, de Samba Condé/N.Sra. da Graça/Farim, Sold At, NM 82084271;
- Mamudu Lamine Sanhá, de Perim/ N.Sra. Fátima/ Catió, Sold Aux Enf, NM 82120372;
- Sadjó Sadjó, de Morcunda/ Canicó/ Farim, Sold At, NM 82080371;
- Suleimane Dabó, de Morcunda/ Canicó/ Farim, 1.º Cabo At, NM 82080471.

Obs: - Segundo o Braima Djaura, Soldado Condutor Auto, escondido, observou com o Soldado Mecânico Auto Ridel, após ter sido morto, o Mamudu Lamine Sanhá foi degolado e a cabeça colocada em cima de um tronco de árvore…

13 de Junho de 1973, terça-feira

A pedido dos Soldados da CCAç 19 e considerando não haver perigo o Maj Inf Carlos A.W. C. Campos ordenou o levantamento dos corpos dos 5 camaradas deixados para trás no Cufeu, foi um momento de grande emoção e foram dignamente enterrados junto das campas dos outros soldados anteriormente sepultados...

O 1.º Cabo Comando Amílcar Mendes,  da 38.ª CCmds, numa postagem no sítio da Internet do Luís Graça,  afirma que os 2 GComb da 38.ª C.Cmds enterraram 2 corpos que alegam pertencer à 19. Poderá tratar-se de 2 baixas do IN...

O PAIGC não se apercebeu da entrada em Guidage, ontem, vindos via corta mato, da zona de Samoge onde montavam patrulhamento e segurança, dos 2 GComb da CCaç 3 e pagou caro este facto, pensou estar a enfrentar apenas os 2 GComb da CCaç 19…

O IN retirou também, fortemente combalido: 10 a 12 a mortos que sofreu, e nove feridos. Segundo várias fontes de informação LERPOU o seu comandante (Solo Danfá?). Ao abandonarem a zona terão levado alguns dos seus mortos. Sentindo o aproximar da coluna fugiram também.

Viveram os contactos o 1.º Cabo Radiotelegrafista Joaquim Janeiro e o Soldado Trms Inf Carlos Alberto Valentão, este chegou esgotado ao aquartelamento. A aviação não acorreu rapidamente. Temos que ser compreensivos, a distância… Mas a nossa impaciência, leva-nos provavelmente a sair da realidade operacional… Foi requisitada para ajudar a CCaç 3 e acabou a tentar intervir, nos confrontos com a CCaç 19…


Cadáveres de soldados africanos da CCAÇ 19, abandonados no campo de batalha. 

Foto ©: Amílcar Mendes, ex-1.º Cabo Comando/38.ª CComandos. Com a devida vénia


Soldado atingido numa perna amparado

Foto ©: http://tantasvidas.blog.pt/2006/4/ do ex-Alf Mil Comando V.Briote) Com a devida vénia.

Entretanto a coluna de auxílio progrediu com andamento acelerado, sempre que possível. Pelas 14h05, entre o GENICÓ e CUFEU accionou mina anti-pessoal de que resultou 1 ferido grave e 3 ligeiros. Contornou abatizes, ao longo do percurso. Num fornilho, situado perto da ponte no CUFEU, sofreu um morto: o Soldado At NM 06471572 Manuel Maria Rodrigues Geraldes, da 2.ª CCAÇ/BCaç 4512/72, de Vale Algoso, Vimioso …

Chegados os militares, do bi-grupo da CCaç 19 que sofreu os confrontos na estrada, a guarnição ficou abalada, alguns chegaram em estado de choque e em pânico, que se pegou a outros que estavam no aquartelamento… As minhas tentativas em tentar acalmar e dizer que o auxílio acabaria por chegar, não davam resultado…

Na CCaç 19 nota-se a falta de um Comandante do Quadro, um oficial miliciano não é a mesma coisa.

Valeu, em parte, a calma do Fur Mil do SIM António Hermínio Camilo Sequeira que procurou conter a quebra dos restantes. Tomou a iniciativa de entrar em contacto com o Comando-Chefe, expondo a situação e pedindo o auxílio de Tropa Especial, de preferência pára-quedistas. A emoção aumentou, entretanto, com o choro das mulheres pelos mortos, em conjunto na tabanca.

Muitos não crêem que seja possível à coluna auto passar no CUFEU. A falta de esperança levou alguns a levantar a hipótese do abandono do posto fronteiriço, seguindo a corta mato para Farim, durante a noite. Se tal se concretizasse, teria sido um “suicídio” ou passaríamos por um pesadelo.

No meu entender não estávamos em condições de fazer uma marcha destas, com um efectivo pouco numeroso, para transportar os feridos e proteger a população, na mata. Os observadores do IN, davam pelo acontecido e possivelmente o PAIGC caía-nos em cima…

Em virtude destas atitudes, queimei toda a correspondência, parte do arquivo e o material cripto que estava a aguardar a destruição (algum que guardava para trazer para a metrópole, por me parecer interessante…). Envolvi o dinheiro que dispunha em plástico e alguns apontamentos sobre os acontecimentos de Guidage… enchi os bolsos de munições, preparando-me para seguir atrás deles, caso se concretizasse! Temia que a coisa fosse repentina…

É ordenada a separação auto e o avanço veloz, ao bigrupo da 38.ª CComandos, para Guidage. Ao atingir a povoação esta imagina tratar-se de viaturas dos turras e foi mais um sobressalto!..

É o primeiro grupo da coluna auto a atingir GUIDAGE e a quebrar o cerco, através da estrada!

Foi com muita alegria que os vimos entrar e a esperança voltar aos nossos espíritos.


Viatura a entrar em Guidage.

Foto ©: Adquirida ao 1.º Cabo Radiotelegrafista Janeiro Alentejano

Estes comandos brancos estão equipados com material capturado ao PAIGC. Na estrada e na berma avistaram alguns dos nossos mortos e do PAIGC, não os levantaram por suporem serem do IN, ou estarem armadilhados…

Integrado na 38.ª, vinha um ex-companheiro e amigo de adolescência, de alcunha “Cachucho”, da Ribeira de Santarém. (Tomei conhecimento que outro companheiro de infância e do Cachucho, o Joaquim, também faz parte mas não veio por estar doente…).

Chegaram com uma viatura com o pneu rebentado por uma mina, um ferido grave decepado de um pé ao saltar da viatura e num Unimog que estacionou ao lado da antena do Posto de Rádio e próximo deste, com um morto envolvido num poncho.

Por volta das 18h, somos flagelados com morteiro 82, durou 10 minutos. Atingida a enfermaria que se encontrava a abarrotar de feridos. Não houve baixas. De realçar que as granadas alcançaram vários edifícios.

Pouco depois chegou a coluna, dando entrada para regozijo de todos, tropas e civis. Tendo havido gritos e vivas de contentamento. Foi uma festa-relâmpago.

O Ten Cor Cav António Correia de Campos (foto à direita), com um revólver à cintura, de galões, botas dos fuzos e bengala na mão, fez o percurso quase todo a pé.

No Posto de Comando, na presença dos oficiais, declarou que era ele que comandava o aquartelamento!

O Cmdt da coluna, do Batalhão de Farim (Ten Cor António Vaz Antunes) e 2 capitães, deitaram-se no dormitório do pessoal de transmissões, anexo ao Posto de Rádio, debaixo de chapa de zinco.

Um soldado condutor da Companhia de Transportes, de nome Dinis, é natural de Santarém. Saíu de Bissau para Farim e foi parar a Guidage… Foi meu colega na JOC. Passada a surpresa do encontro, perguntou-me onde poderia deitar-se em “sossego”? Disse-lhe que na minha cama não podia ser, pois estava no Centro Cripto. Indiquei-lhe o paiol, poderia deitar-se entre as caixas (cunhetes) de munições; tinha placa e paredes muito grossas em betão armado… mas rindo não ligou, dizendo que poderia ir pelos ares, talvez pensando que brincava… Eu falava a sério! Dormiu no banco da Berliett, na parada: Durante a flagelação das 22h40, cansadíssimo nem deu pelos rebentamentos, só acordando de manhã.

A CCaç 3 tem 6 homens desaparecidos: Os 2 alferes brancos José Manuel Levy da Silva Soeiro e o José Manuel Nogueira Pacheco; um 1.º cabo e 3 praças africanas negras.

A certa hora da noite um soldado da CCaç 19 atravessou a luz exterior e o arame farpado. Afirmou que foi apanhado pelos turras que o mandaram embora, depois de despido e completamente nú!… Não será um elemento do IN infiltrado nas nossas tropas? Não consigo lembrar o seu nome.

A escuridão é completa, para se andar é quase às apalpadelas…

Perto das 22h30 o Alf Mil Atir Inf José Manuel Levy da Silva Soeiro, da CCaç 3 contacta via rádio que se encontra perto do quartel do lado de Quelhato. Informa que grupo IN se aproximou e montou base de artilharia e se preparava para flagelar Guidage… Cerca das 22h40 somos atacados e reagimos bem. O Alferes da CCaç 3 observador e camuflado na mata em contacto com o Ten Cor Cav Correia de Campos, que veio para fora do posto de comando com o rádio na mão demonstrando coragem, foram dirigindo o fogo da nossa artilharia para cima deles… Embora com muita dificuldade de comunicação em virtude estarem muito perto do IN e ao que parece com pilhas fracas ou sem antenas, que se soltaram, devido às correrias por entre o matagal… Parte do nosso fogo passou por cima dos guerrilheiros.

(Continua)
____________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 29 de Maio de 2012 > Guiné 63/74 - P9960: (Ex)citações (179): A actuação da FAP em Guidaje (José Manuel Pechorro)

Vd. último poste da série de 3 de Junho de 2012 > Guiné 63/74 - P9991: (Ex)citações (183): Comparandos os dois G, Guidaje e Guileje... (António Martins de Matos, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1972/74)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9970: Efemérides (99): Guidaje foi há 39 anos: Relembrando a primeira trágica coluna, dos dias 8 e 9 de maio de 1973 (Manuel Marinho, 1ª CCAÇ / BCAÇ 4512., Nema, Farim e Binta, 1972/74)




A fatídica picada Binta -Genicó - Cufeu -Ujeque - Guidaje...



1. Oportunos esclarecimentos do Manuel Marinho em relação ao poste P9961 (*):

Esta coluna parte para Guidaje a 10 [de maio de 1973] e regressa a 13 a Farim, o camarada Amílcar Mendes até publicou as cópias dos relatórios da 38ª Ccmds referentes a esta coluna.

Quanto às baixas mortais das 1ª e 2ª colunas, são estas.

1ª – Coluna Dias 8 / 9 Maio:

1º Cabo Mil Bernardo Moreira Castro Neves,  1ª/Bcaç 4512

Sold António Júlio Carvalho Redondo,  3ª/Bcaç 4512

Fur Mil Arnaldo Marques Bento,  Ccaç 14

Sold Lassana Calissa,  Ccaç 14


 2ª – Coluna Dia 10:

Manuel Maria Rodrigues Geraldes, 2ª/ Bcaç 4512 (enterrado em Guidaje).

Baixas mortais da Ccaç 19ª, que saem ao encontro desta coluna:

1º Cabo Abdulai Mané, Ccaç 19

Sold Jancon Turé,  Ccaç 19

Sold Mamadu Lamine Sanhá,  Ccaç 19

Sold Sadjó Sadjó,  Ccaç 19

Sold Suleimane Dabó,  Ccaç 19

Estes corpos ficaram no terreno, portanto contam-se 9 desditosos camaradas das NT, o que não contradiz o testemunho do Amílcar, porque as baixas do IN foram em número superior, e presumo que não tivessem sido todos levados.

Dias 12 e 13 no aquartelamento de Guidaje > Baixas mortais:

Sold Cond Auto David Ferreira Viegas,  Comando Agrup Op nº 1/CTIG

Sold José Luís Inácio Raimundo,  38ª Ccmds

Sold Cond Auto Ludjero Rodrigues Silva, CCS/Bcaç 4512.

Por último, lembro que tenho o P4957 (**), que descreve o que foi a 1ª emboscada.
E correspondendo ao teu pedido, estou a ultimar uma descrição das colunas de e para Guidaje, valem o que valerem, mas quero apenas deixar uma nota: O meu Batalhão 4512 teve 9 baixas, 6 são pela luta por Guidaje. 

2. Em relação à constituição da coluna do dia 10, não são 5 Gr Comb do Bcaç 4512, mas apenas 2, um de Nema (2º) e um de Jumbembem (2º). Mas se juntarmos os 2 Gr Comb da Ccaç 14, mais 1 Gr Comb da Ccaç Afr de Cuntima, dá 5 Grcomb, embora estejam sob o Comando do Bcaç 4512, o Cmdt desta coluna foi o Cmdt do Bcaç 4512, Ten Cor Inf [António] Vaz Antunes.

No dia 10 a 2ª coluna é assim constituída:

-1 Gr Comb (2º) da 1ª /Bcaç 4512,  de Nema
-1 Gr Comb (2º) da 2ª/ Bcaç 4512,  de Jumbembem
-2 Gr Comb da 14ª Ccaç, de Farim

-1 Gr Comb da Ccaç Afr Eventual, de Cuntima

-2 Gr Comb da 38ª Ccmds, [de Mansoa, CAOP1]

-1 Secção do Pel Mort 4274, de Farim. 

Abraço

Manuel Marinho
ex-1.º Cabo da 1.ª CCAÇ/BCAÇ 4512,
Nema, Farim e Binta, 1972/74  [, foto à direita].

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(...) GUIDAJE - A PRIMEIRA GRANDE EMBOSCADA
por Manuel Marinho


A nossa Companhia [, 1ª CCAÇ / BCAÇ 4512,] estava sediada desde meados de Janeiro em Nema, aquartelamento avançado de Farim, com dois Gr Comb, o 1.º e o 2.º os outros dois, 3.º e 4.º em Binta.

No dia 8 de Maio, o 1.º Gr Comb recebe ordens para juntamente com um Grupo da CCAÇ 14,  de Farim, escoltar uma coluna de abastecimento, 2 Berliet mais 2 Unimog com armamento e mantimentos para socorrer um aquartelamento que era Guidaje, e do qual apenas sabíamos que era flagelada com bastantes ataques de morteiros. De noite, em Nema avistavam-se os clarões dos rebentamentos e ouviam-se, ainda que remotamente, os estrondos das explosões.

Deslocámo-nos de tarde para Binta, fortemente armados, escoltando as viaturas carregadas. O trajecto foi feito sem problemas e quando começava a findar o dia, a ordem de avançar para Guidaje foi dada,  já começava a anoitecer, quando esperávamos seguir apenas ao raiar o dia seguinte. Havia apreensão, porque escoltar viaturas de noite era complicado já que nos retirava a mobilidade necessária em caso de ataque.

Avançamos com os picadores na frente da coluna para a detecção de minas enquanto foi possível, depois foi dada ordem para a subida para as viaturas, porque já não se via para fazer a picagem, e foi a primeira viatura a fazer de rebenta-minas.

O roncar dos motores das viaturas, com as luzes acesas, fazia-nos temer o pior, até que aconteceu o rebentamento da mina na primeira Berliet, cerca das 19 horas [...] , causando desde logo dois feridos, entre os quais o nosso Alferes que comandava a coluna.

Depois dos saltos para o chão dos que seguiam nos Unimogs após o rebentamento da mina, ficamos emboscados, e apenas víamos o camarada à nossa esquerda e o outro à direita. Cerca de 10 a 15 minutos depois, o restolhar de passos no mato, vindo do nosso lado esquerdo,  obrigou muitos de nós a fazer a respectiva rotação, porque de imediato começou o primeiro ataque, e único desse dia.

O IN avançou até à picada, disparando rajadas curtas e, dada a proximidade, chegando eu a divisar na noite a silhueta dum IN de tão próximo eles se aproximaram, provavelmente esperando o efeito de desorientação da nossa parte, (posteriormente soubemos que estavam emboscados mais à frente com a picada cortada por abatises), o rebentamento da mina A/C, apenas precipitou os acontecimentos, a julgar pelo que aconteceu depois, ainda podia ser pior. Também RPG,  LGFOG e MORT foram utilizados no ataque.

Depois de intenso fogo de resposta da nossa parte, houve a retirada estratégica do IN para logo de seguida lançarem very-lights e granadas que iluminaram a picada, no sentido de medirem a extensão da nossa coluna.

Este primeiro contacto foi de 15 a 20 minutos. Tivemos de pernoitar no local sem possibilidades de retirada, pois não era possível retirar as viaturas, ficando com a desvantagem de o IN ter tempo de montar a sua estratégia de ataque durante a noite para nos emboscarem, com mais precisão.

Ao raiar o dia 9 de Maio somos novamente atacados, sofremos logo o primeiro morto, e durante cerca de 4 a 5 horas os ataques foram ininterruptos, atacavam-nos revezando-se, ora do lado direito, ora do esquerdo da picada, causando-nos mais 3 mortos e bastantes feridos e, como no local o mato era denso, os estilhaços dos RPG e LGF fizeram-nos muitos estragos.

Era um cenário desolador e trágico o que nos rodeava, até pelo facto de estarmos rodeados de camaradas feridos, alguns com gravidade, eu apenas fui carimbado com pequenos estilhaços sem gravidade, mesmo perante esta situação limite, resistíamos, já tínhamos experiência de combate, mas isto era inimaginável.

Nem o apoio de fogo aéreo conseguiu aliviar a pressão. Sem munições e muito desgastados física e psicologicamente, e já no limite, fomos socorridos por forças de Binta que nos ajudaram a retirar e resgatar os feridos, aguentamos até onde foi humanamente possível, e é com mágoa que relembro a impossibilidade da retirada dos nossos mortos, 1 do meu Grupo, 1 da 3.ª CCAÇ do meu Batalhão, e 2 da CCAÇ 14.

Hoje tenho a impressão que o IN, já nesta fase, esperava a nossa retirada para o saque das viaturas.

A demora na chegada de reforços contribuiu, na minha opinião, para que tal acontecesse, e a prioridade eram os feridos, a ordem de destruir as viaturas, de imediato (?)... é ainda hoje um mistério para mim, porque havia feridos junto às viaturas.

Mas é a agonia e o sofrimento atroz do meu camarada, que atingido gravemente, por duas vezes, acabou por morrer, mau grado todos os esforços, feitos debaixo de fogo do IN pelo nosso enfermeiro para atenuar o seu sofrimento, e perante a nossa impotência para o retirar. É o meu maior pesadelo de guerra até morrer, honra à sua memória.

Infelizmente fomos nós a sofrer esta emboscada que.  se não foi a maior, seguramente foi das piores que aconteceram na Guiné, e deu início ao fatídico mês de Maio de Guidaje.

Mais tarde se o entenderem, direi o que penso sobre o resgate dos corpos.
Omito os nomes dos meus camaradas mortos por razões de respeito.

Algumas clarificações que valem o que valem a esta distância quando a memória começa a falhar, mas este testemunho é o de quem viveu praticamente todas as incidências de e em Guidaje, que apenas e só pretende dar mais um passo na reconstituição dos factos.

Depois falarei sobre a minha chegada a Guidaje integrado na última coluna, do dia 29 [de maio], e de alguns episódios que ocorreram nesse mês. (...)


terça-feira, 22 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9934: Efemérides (90): Guidaje foi há 39 anos: reconstituindo a 5ª coluna, de 22 e 23 de maio de 1973 (Victor Tavares e † Daniel Matos)

A 5ª coluna,  a caminho de Guidaje>  Operação Mamute Doido, com os páras da CCP 121 > 23 de Maio de 1973 [fusão de dois postes]

por Victor Tavares (*) 
e † Daniel Matos (**)


1A. Victor Tavares [, ex-1º cabo paraquedista, CCP 121/ BCP 12, BA 12, Bissalanca, 1972/74). foto à direita]:

No início do mês de maio de 1973, as forças do PAIGC intensificaram os ataques aos destacamentos de fronteira, mais concretamente Guidaje, a norte, e Guileje, a sul. Em Guidaje a pressão das forças IN começou com ataques ao aquartelamento e depois às colunas de reabastecimento no período 7 a 30 de Maio de 1973. Nesse período realizaram-se seis colunas. Apenas a terceira conseguiu alcançar o objectivo sem problemas.

E porque fiz parte da quinta coluna (***), gostaria de dar algumas ideias do que passei na mesma aos tertulianos interessados na guerra de Guidaje.


Para começar quero dizer-vos que já li que os efectivos da CCP 121 que participaram nessa coluna eram na ordem de 160, quando na verdade seríamos pouco mais de metade. Mas avançando para o desenvolvimento, mais concreto, do deslocamento entre Binta e Guidaje, de má memória para os paraquedistas da 121, nesse dia fatídico para as nossas tropas recebemos a informação de que íamos fazer protecção a uma coluna auto que ia para Guidaje, e que regressaríamos de imediato, até porque não nos fora distribuída alimentação.


1B. Daniel Matos [1950-2011, ex-Fur Mil da CCaç 3518, Gadamael, 1972/74, foto à esquerda] ...


[Em 22 de maio de 1973,] do quartel de Binta, sensivelmente à mesma hora (sete e trinta) em que saíramos de Guidaje, avançara também nova coluna logística, com a missão de evacuar o pessoal, sobretudo os feridos. A CCP 121 faria protecção a oeste da estrada, cabendo a um destacamento misto de fuzileiros (42 homens dos DFE n.º 1 e n.º 4, comandados pelo primeiro-tenente Albano Alves de Jesus) a protecção a leste. Os picadores seriam de um grupo de combate da CCaç 14 (guarnição de Farim), participando também um grupo reduzido de elementos da CCaç 3. Um dos elementos, – o furriel miliciano Arnaldo Marques Bento, – deste grupo comandado pelo alferes Gomes Rebelo, acciona uma mina antipessoal, reforçada com outra, anticarro, e tem morte imediata. Também um picador – o soldado Lassana Calisa, – morre alguns metros adiante e a mesma mina provoca dois feridos graves. 


Ainda um outro engenho viria a ferir gravemente outro homem. Cerca do meio dia, um grupo de combate saiu de Genicó e veio reforçar a coluna. O tenente-coronel Correia de Campos manda abortar a coluna de reabastecimento e o pessoal regressa a Binta, onde chega apenas por volta das 18 horas.

2A. Daniel Matos

[A 23 de maio de 1973,] sai de Binta em direcção a norte uma coluna/auto comandada a partir de uma DO-27 pelo major 
paraquedista  José Alberto de Moura Calheiros. É protegida por uma unidade de fuzileiros especiais e por grupos pertencentes a unidades do Exército, nomeadamente da CCaç 3 e, como sempre, por uma equipa de picadores que rasga caminho lá bem na cabeça da coluna.

Ao chegar perto de Genicó liga-se aos cerca de 90 homens da CCP 121 que, sob o comando do capitão pára-quedista Armando de Almeida Martins, emboscada desde bem cedo, ali aguardam a sua passagem, para lhe fazer protecção. Os pára-quedistas faziam parte de uma força de intervenção, que incluía ainda uma companhia de comandos e uma companhia de fuzileiros, enviada para Guidaje para tentar romper o cerco e aliviar a pressão do PAIGC sobre o quartel.


2B. Victor Tavares:

Lá seguimos manhã cedo, [a 23 de maio de 1973,] até passar uma pequena ponte. Logo de seguida estacionámos e emboscámo-nos do lado esquerdo da picada, ficando a aguardar a chegada da coluna auto que, passado algum tempo, chegou já protegida do lado direito por um grupo de fuzileiros especiais, seguidos de elementos do exército.

Na frente da primeira viatura seguiam vários sapadores (picadores). É de referir que a mata envolvente era bastante aberta o que facilitava o contacto à vista com as outras nossas forças.

Entretanto, é dada ordem para iniciarmos a marcha lenta por forma a manter a ligação à vista com a frente da coluna. Nessa altura rebentou uma mina antipessoal, provocando 1 morto. Isto cerca das 8.30h. 

Recomposta a ordem, retomamos a marcha, até que, passados pouco mais de 15 minutos, novo engenho é accionado, desta vez por uma viatura, desfazendo parte dela e provocando mais 1 morto e 2 feridos graves. A partir daqui foi fazer a transferência da carga e retomar o deslocamento. Pouco tempo andámos para nova mina ser accionada provocando mais 1 ferido grave.

Nesta altura estávamos próximos de Genico [a seguir a Caur, vd. carta de Binta]. Perante estes acontecimentos foi dada ordem para que a coluna regressasse a Binta, uma vez que a zona se encontrava toda minada e seria de evitar correr mais riscos.

2.C. Daniel Matos:

Por volta das 8,30 horas, com a ligação à vista praticamente a ser efectuada, uma mina antipessoal é deflagrada e provoca a morte do soldado Bailó Baldé, da CCaç 3. Escassos minutos a seguir, quando a coluna recolhe o corpo e retoma o andamento, uma viatura acciona outra mina e causa mais uma morte imediata (soldado Fonseca Nancassa, também da CCaç 3) e dois feridos com gravidade. 

Uma terceira mina vem a ocasionar mais um ferido grave. Perante as adversidades da progressão, parecendo impossível ultrapassar o enorme campo de minas e armadilhas que encontrou em cada metro de caminho, é recebida ordem para que a coluna retroceda e regresse a Binta. Aos  paraquedistas , no entanto, é dito que devem avançar até ao destino, em missão de patrulha (operação Mamute Doido). Assim procedem, vindo a efectuar uma pausa para descanso, já na área do Cufeu. Conforme estas fatídicas jornadas demonstram à saciedade, seja ao longo da bolanha seja em torno da casa amarela que avistamos a cada passagem – ou do esqueleto que dela resta, – o Cufeu é uma zona propícia para as emboscadas, desde logo pelo número inusitado de morros de baga-baga atrás dos quais dezenas de corpos se podem ocultar e proteger-se das nossas balas.
3A. Victor Tavares:

Com tudo isto já passava do meio dia, quando é dada ordem para a CCP121 continuar a operação em patrulhamento, regressando os fuzileiros e o exército.

Em direcção a Guidaje seguiam os paraquedistas, até que foi feita mais uma de muitas paragens para descanso do pessoal, esta já na zona mais perigosa de todo o percurso, que era Cufeu.

Como me encontrava desde o início na retaguarda, desloquei-me até junto do meu comandante de pelotão, Tenente Paraquedista Hugo Borges, afim de saber qual seria o nosso destino, porque nos encontrávamos já bastante debilitados fisicamente. Foi nesse momento que a grande altitude apareceu sobrevoando a nossa posição uma DO 27 aonde se encontrava o Major Paraquedista Calheiros que, em contacto com o comandante da CCP 121, Capitão Paraquedista Armando Almeida Martins, informa-nos que teríamos de seguir para Guidaje porque já estaríamos perto.

Dada esta informação, regressei a retaguarda mas ao fazê-lo pedi ao Melo, apontador de MG 42, para ocupar o meu lugar (todos os operacionais sabem o desgaste físico e psicológico que tal posição provoca) porque eu já vinha a mais de uma dezena de quilómetros naquele lugar.

Entretanto inicia-se a marcha e, quase de imediato, rebenta na frente a emboscada, tendo os primeiros tiros dados pelas forças do PAIGC abatido logo os Soldados Paraquedistas, Victoriano e Lourenço e ferindo gravemente o 1º Cabo Paraquedista Peixoto, apontador de HK21 e MG42.

A reacção dos paraquedistas foi pronta e rápida: apanhados em zona aberta sem qualquer protecção reagiram ao forte poder de fogo do IN, conseguindo suster o assalto das nossas posições como se verificou na retaguarda onde guerrilheiros, alguns de tez branca, tentaram fazer um envolvimento as nossas forças, o que foi evitado pela elevada capacidade de organização em combate e disciplina de fogo, aliada à coragem dos nossos militares.

Quero referir que simultaneamente toda a nossa coluna ficou debaixo de fogo IN numa extensão de mais de 300 metros.

É de realçar também a organização e o poder de fogo dos guerrilheiros do PAIGC que, equipados com bom armamento, bem melhor que o nosso, caso das Degtyarev, RPG2, costureirinha PPSH, Kalashnikov, Canhão Sem Recuo, RPG7, Morteiros 61mm e 81mm, mísseis terra-ar Strela (estes a partir do início de 1973 começaram a derrubar a nossa aviação tirando-lhe capacidade de actuação no teatro de operações).

Não era por acaso que as forças do PAIGC estavam tão bem organizadas nesta zona e neste período, tinham como comandantes Francisco Santos (Chico Té) e Manuel dos Santos (Manecas), dois dos mais temidos pelas nossas forças, além do comandante Nino Vieira.

3B. Daniel Matos:

Retemperadas as forças, o pessoal da companhia de caçadores paraquedistas reinicia a marcha e é de pronto surpreendido por constringente emboscada. Dois dos pára-quedistas que seguem na frente (António das Neves Vitoriano e José de Jesus Lourenço, este com apenas 19 anos) têm morte imediata; o 1.º Cabo Manuel da Silva Peixoto, apontador de HK-21, é colhido por uma rajada e fica gravemente ferido. O fogo inimigo é muito intenso, a frente prolonga-se por algumas centenas de metros e dura três quartos de hora praticamente consecutivos. Há quem garanta ter avistado gente branca do outro lado.

“Os militares José Lourenço, António Vitoriano e Manuel Peixoto iam na primeira linha e foram os primeiros a cair”, relata muitos anos mais tarde Hugo Borges, na altura da emboscada tenente, comandante de pelotão (hoje general).

À mistura com tiros de Kalashnikov ouvem-se estrondos de canhões sem recuo e roquetadas das RPG-7, que causam pelo menos mais duas baixas graves: a do soldado Palma, que se encontrava a tentar desencravar a metralhadora MG 42 do soldado António Melo, que foi também ferido e ficou imediatamente em coma (viria a falecer após evacuação, já na metrópole). 

Apesar da resistência das NT, a ofensiva só é contida graças ao apoio aéreo que desta vez corresponde ao chamamento. Os Fiat lançam bombas de cinquenta quilos ao longo de meia hora bem medida sobre a zona de acção IN (cuja força é estimada em cerca de setenta guerrilheiros). 

Algumas viaturas saíram de Guidaje e foram ao encontro dos paraquedistas. Fizeram inversão de marcha para se carregarem os corpos das vítimas e regressarem à origem. Abrindo um novo trilho, conseguem chegar à aldeia de Guidaje, não sem que os guerrilheiros retirados do Cufeu após o bombardeamento da aviação os tenham atacado de novo, mas de longe e sem consequências. 

O Cabo Peixoto não resiste aos ferimentos e morre também neste dia 23 de Maio, – imagine-se! – considerado o “Dia dos Paraquedistas” por ser há precisamente 17 anos (desde 1956) a data da fundação, em Tancos, da Escola de Tropas Paraquedistas!...

O Batalhão de Caçadores Paraquedistas (n.º 12) teve durante as campanhas na “Guiné Portuguesa” cinquenta e seis baixas, (três oficiais, seis sargentos e quarenta e sete praças).

Os corpos dos militares da CCaç 3 que protegiam a coluna inicial e que pela manhã foram vitimados pelo rebentamento de minas (mormente os de Bailó Baldé e Fonseca Nancassa), ainda devem ter sido transportados pelas mesmas viaturas que os camaradas 
paraquedistas  trouxeram para Guidaje, pois viriam a ser ali sepultados, dias depois, conjuntamente. Se assim não fosse, teriam sido levados pelos fuzileiros e elementos do Exército que regressaram a Binta e o tratamento aos seus esquifes teria sido diferente.

4A. Victor Tavares:

Continuando a relatar o desenrolar da operação: durante o contacto fomos flagelados com morteiradas e canhoadas que rebentavam a poucos metros de nós, tendo uma delas ferido gravemente os Soldados Paraquedistas Palma e Melo, este com grande gravidade, ficando de imediato em estado de coma e vindo a falecer, na Metrópole.

Ainda relacionado com as granadas que rebentavam junto a nós, aí poderíamos ter mais mortos e feridos, mas a nossa sorte foi o terreno ser mole porque as granadas enterravam-se e os estilhaços saíam em V. Faço esta afirmação porque a dois, três metros da minha posição de combate, rebentaram 3 granadas e felizmente nada me aconteceu. Já a quarta granada veio mais longa, atingindo os paraquedistas atrás referidos, quando se encontravam a desencravar a MG42 da qual o Paraquedista Melo era apontador, de grande categoria (este camarada era uma autêntica máquina de guerra).

Ainda debaixo de fogo começaram a ser socorridos os feridos da retaguarda, pelo enfermeiro 1º Cabo Paraquedista Fraga.

Ainda antes de terminar este feroz combate, os bombardeiros Fiat 91 bombardearam as posições IN tal foi a duração do mesmo (mais de 30 minutos).

Terminado o contacto, tratou-se de improvisar a maca para transporte do Melo, o outro ferido, o Palma, seguiria a pé, já que o ferimento era no pescoço. Entretanto chega-nos a indicação da frente que tínhamos mais feridos e mortos (os átras referidos Peixoto, Vitoriano e Lourenço).

Entretanto, quando chegamos à frente, deparamos com os corpos dos nossos camaradas que jaziam no chão, dois já defuntos, e um ferido de morte, este a ser assistido pelos enfermeiros dos pelotões.

A partir daqui aguardava-se a chegada de viaturas que vinham de Guidaje. Chegadas estas, carregaram-se os mortos e feridos. Nnessa altura fui à viatura onde se encontrava o Peixoto para ver qual era o seu estado. Apertando o meu braço, diz-me ele:
- Tavares, desta vez é que eu não me safo. - Aí respondi-lhe:
- Não, tu és forte e tudo vai correr bem, tem calma.

Quando desci da viatura depois de ver os ferimentos, fiquei com a convicção de que só por milagre é que o Peixoto se safava: fora atingido por vários tiros em zonas vitais .

De seguida iniciámos a marcha rumo a Guidaje, para pouco tempo depois a coluna na frente ser novamente atacada, desta vez sem consequências de maior, para as forças que seguiam na frente, Fuzileiros e Paraquedistas, seguidas das viaturas e na retaguarda os restantes Paraquedistas que ainda tentaram fazer um envolvimento às forças do PAIGC, o que não resultou derivado à distância ser grande e as mesmas terem abandonado as suas posições de ataque.

5. Daqui até Guidaje não houve mais qualquer incidente. Chegados, fomos instalados ao longo das valas, montando segurança durante os dias que ai permanecemos, sete ou oito. Durante esses dias foram elementos dos Comandos Africanos que regressavam da Operação Ametista Real (no período de 17 a 20 de Maio de 1973) na qual também participou a Companhia de Paraquedistas 121 (Assalto à base de Kumbamory) dentro do Senegal. Participou também o grupo do Marcelino da Mata.

Em Guidaje também aí encontrámos parte de um destacamento de Fuzileiros que aqui se encontravam sitiados há alguns dias e que pertenciam ao destacamento de Canturé.

A seguir relatarei a permanência em Guidaje durante 9 dias e o funeral dos meus camaradas paraquedistas . (...)

PS - No que atrás relato não estão incluídas algumas passagens muito importantes que entendo de momento não publicar. (****)




Guiné > Região do Cacheu > Carta de Binta (1954) (Escala 1/50 mil)  > Detalhes: posição relatiav de Binta, Genicó, Cufeu e Ujeque (na picada Binta-Guidaje).

__________

Notas do editor:

(*) 25 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1212: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (1): A morte do Lourenço, do Victoriano e do Peixoto

Vd. também poste de 9 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1260: Guidaje, de má memória para os paraquedistas (Victor Tavares, CCP 121) (2): o dia mais triste da minha vida

(**) 5 de abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6108: Os Marados de Gadamael (Daniel Matos) (7): Os dias da batalha de Guidaje, 22 e 23 de Maio de 1973


(***) Os historiógrafos militares Carlos de Matos Gomes e Aniceto Afonso falam em 6 colunas, realizadas nas seguintes datas:

1ª coluna: 8 a 9 de maio de 1973;
2ª coluna: 10 de maio [ vd. aqui o testemunho do nosso camarada A. Merndes, da 38ª CCmds]
3ª coluna: 12 de maio;
4ª coluna: 15 de maio;
5ª coluna: 22 de maio;
6ª coluna; 29 de maio.

(In: Os anos da guerra colonial: volume 14: 1973 - Perder a guerra e as ilusões. Matosinhos: QuidNovi. 2009, p.45).

(****) Último poste da série > 9 de maio de 2012 > 
Guiné 63/74 - P9874: Efemérides (55): Cerimónia da transição da soberania nacional na Guiné (2) (Magalhães Ribeiro)


quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9548: Tabanca Grande (322): Eduardo Estrela, ex-Fur Mil da CCAÇ 14 (Cuntima, 1969/71)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Eduardo Estrela* (ex-Fur Mil da CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71), com data de 28 de Fevereiro de 2012:

A história é a narração de factos sociais, políticos, económicos, militares, etc. Aquilo que na Tabanca Grande se vem fazendo é extremamente importante para a nossa memória colectiva e a par dos outros "sítios", um contributo para esclarecimento daquilo que aconteceu aos jovens Portugueses nascidos entre 1940 e 1955 e que largaram a pele na Guiné, em Angola e Moçambique.

Sou o ex-Fur Mil Eduardo Estrela e enquadrei o início da CCaç 14, originalmente CCaç 2592.
Embarcámos para a Guiné em 24 de maio de 1969 e depois de termos dado instrução aos militares africanos que compunham a Companhia (dado e recebido, pois muitos deles já tinham experiência de combate), partimos em 3 de novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, Cuntima, junto à linha de fronteira do Senegal.

Ainda em Bolama, onde a instrução foi dada e recebida e depois de uma operação mal programada para a zona de S. João, onde as CCaç 13 e CCaç 14 podiam ter sofrido sério revés, face ao local de desembarque escolhido, extremamente lodoso e onde vi camaradas atolados até à cintura, ainda em Bolama dizia, sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma.

Em Cuntima, a actividade operacional era intensa pois estavam no mato permanentemente 2 ou mais grupos de combate, por períodos de 48 horas. A guarnição de Cuntima normalmente composta por 2 Companhias operacionais, Pelotão de Obuses e Pelotão de Milícias, para além das interdições ao corredor de Sitató, fazia picagens à estrada, escolta às colunas para Farim, segurança próxima e afastada ao aquartelamento e as operações militares que obrigavam a utilização de maiores meios.

 Eduardo Estrela em Cuntima

Aquando do reordenamento de Cuntima, as colunas a Farim eram diárias e o desgaste físico e psíquico muito grande, pois volta não volta o PAIGC aparecia. O meu grupo de combate foi o primeiro a transitar para Farim, no início de dezembro de 1970 e não no fim de dezembro como já vi indicado, e durante um mês estivemos a reforçar a CCaç 2549 estacionada em Nema, a qual tinha estado anteriormente connosco em Cuntima.

Em Farim fazíamos interdição ao corredor de Lamel, numa época em que o PAIGC estava muito activo. De tal modo activo que entre o início de dezembro de 1970 e meados de janeiro de 1971, a guarnição do Batalhão 2879 sofreu na zona de Lamel 14 mortos, uns em combate e outros por acidente resultante de actividade operacional. Para além dos camaradas falecidos, também houve muitos feridos.

No final de 1970, o meu grupo de combate regressou a Cuntima e só no início de fevereiro de 1971 a CCAÇ 14 foi para Farim, tendo o meu grupo ficado em Cuntima para dar sobreposição à Cart 3331, até ao fim de fevereiro.

Mas a "actividade operacional" que mais me agradava, eram os "golpes de mão" que fazíamos à messe ou ao bar e onde através duma "emboscada" bem montada, agarrávamos a amizade a fraternidade e a comunhão de alegrias e tristezas, partilhadas por irmãos que fomos e que sei, continuamos a ser.

Vista panorâmica de Cuntima. Uma povoação com gentes de várias origens (não faltavam os comerciantes libaneses).

Foto: © Vítor Silva (2008). Direitos reservados.

Na Guiné todos deixámos dois anos da nossa juventude, mas eu para além disso deixei também o meu coração. Habituei-me a gostar daquela gente e ainda hoje me preocupo com tudo o que diga respeito aos meus irmãos guinéus.

Às vezes fecho os olhos e deixo as lembranças viajarem ao encontro daquela terra vermelha. Então, sinto os sons os cheiros e os sabores da Guiné e os meus sentidos ficam inundados pela beleza daquele bocado de África. Aqueles que calcorrearam os matos e as bolanhas da Guiné sabem bem do que falo. Por isso a Guiné é para mim como que uma segunda Pátria, lamentavelmente cheia de problemas.

A todos os nossos irmãos camaradas da Tabanca Grande e de todas as outras Tabancas, o meu abraço fraterno. Aproveito para dar ao ex-Alf Mil Virgínio Briote uma triste notícia. O camarada Heitor que foi Fur Mil duma das equipas de Comandos que o Briote comandou, faleceu há mais ou menos dois anos aqui em Faro.

Um abraço para ti, Luís, e oportunamente mandarei as fotos.

Eduardo Estrela,
ex-Fur Mil
CCaç 14


2. Comentário de CV:

Caro camarada Eduardo Estrela, em nome do Luís Graça, dos restantes editores e da tertúlia em geral, recebe um abraço de boas vindas.

Estou a receber-te nesta caserna virtual a que chamamos Tabanca Grande, onde os camaradas que combateram ou cumpriram a sua comissão de serviço na Guiné em funções menos bélicas, são recebidos de braço abertos, porque todos nós os que pisámos aquele chão de África, temos em comum o amor àquele povo irmão e àquele país que nos marcou para sempre. Fomos para lá meninos e regressámos homens feitos pelo sacrifício imposto, pela fome, pelo sangue derramado e pela saudade dos que connosco fizeram a viagem de ida, mas não nos acompanharam no regresso pela perda da sua jovem vida, por evacuação motivada por ferimentos recebidos em combate ou doença grave adquirida em campanha.

Honrando a memória dos que hoje não podem falar, cabe-nos deixar aqui o nosso testemunho e contarmos o porquê do seu sacrifício. Morreram ou ficaram estropiados, mas não foram esquecidos. Contamos contigo para nos ajudares a complementar este registo. E para trazer novos camaradas para a Tabanca Grande!

Para completar a tua apresentação, por favor manda-nos as fotos da praxe que serão em devido tempo acrescentadas a este poste. Passas a ser o tabanqueiro nº 541.

Por agora é tudo, recebe um abraço do teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9456: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (50): Em busca do Joaquim Fernandes (ex-Fur Mil, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), meu camarada da recruta e da especialidade do CISMI, Tavira (Eduardo Estrela, ex-Fur Mil, CCAÇ 2592 / CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)

Vd. último poste da série de 16 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9493: Tabanca Grande (321): João José Alves Martins, ex-Alf Mil Art.ª, BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1971/74)

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9456: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (50): Em busca do Joaquim Fernandes (ex-Fur Mil, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71), meu camarada da recruta e da especialidade do CISMI, Tavira (Eduardo Estrela, ex-Fur Mil, CCAÇ 2592 / CCAÇ 14, Cuntima, 1969/71)


Guiné > Zona Leste > Sector de Farim > Cuntima > Destacamento de Cuntima > CCAÇ 14 > 1970 > 4º pelotão. O Fur Mil At Inf António Bartolomeu é 1º da direita.

Foto: © António Bartolomeu (2007) / BLogue luís Graça & Camaradas da Guine. Todos os direitos reservados.


1. Mensagem,de ontem, do nosso leitor (e camarada) Eduardo Francisco da Cruz Estrela, ex-Fur Mil da CCAÇ 14 (Cuntima, 1969/71) Amigo,  Companheiro e Camarada !

Preciso da tua ajuda!

Retirei do blogue o némero de telemóvel do Joaquim Fernandes [ ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) e já fiz várias tentativas para o contactar,  mas todas elas resultaram infrutíferas.

Com ele fiz no CISMI [ Tavira,]a recruta e a especialidade, sempre no mesmo pelotão e convosco [ a malta da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12,] embarquei a 24 de Maio de 1969 para a Guiné [, no N/M Niassa].

Agradeço o favor de me indicares a forma de contactar com o Joaquim Fernandes. Se for caso disso, informa-o que é o Estrela da 14, que quer falar com ele. A última vez que o vi, foi pouco depois do nosso regresso, aqui no Algarve,  na zona da Praia Verde.

Um grande abraço e um bem hajam pelo extraordinário trabalho que têm desenvolvido em prol da nossa memória colectiva.

Eduardo Estrela
Ex-Fur- Mil,
CCaç 14 (Cuntima, 1969/71)

2. Resposta de L.G.:

Eduardo: O Joaquim não aparece pelo blogue... Faz parte da nossa Tabanca Grande, vai aos encontros anuais da malta de Bambadinca (1968/71), vive no Barreiro, está bem de saúde... Não tenho o telemóvel dele, atual, mas tens aqui o mail dele... Eu mesmo dou-lhe conhecimento da tua tentativa de contacto.

Agradeço-te as referências elogiosas que fazes ao blogue. Gostaria de te ver integrado na nossa Tabanca Grande. Ficas, por isso, convidado a juntar-te à malta: só preciso de duas fotos e uma pequena apresentação tua  ("Sou o Eduardo Estrela, estive na CCAÇ 14, no sítio tal e tal...")...


Infelizmente temos poucas referências à tua CCAÇ 14... O único camarada que vos representa, aqui, é o António Bartolomeu, do 4º pelotão,  que esteve connosco em Contuboel, a dar instrução.

Um Alfa Bravo (ABraço)
do Luís Graça (Henriques)


3. Historial da CCAÇ 14 (elementos informativos, retirados - com a devida vénia - da página do Carlos Fortunato, ex-Fur Mil da CCAÇ 13 >  Guiné História):

"Companhia de Caçadores N.° 14

"A história da CCaç 13 e da CCaç 14 estão muito ligadas, ambas foram costiuidas em Portalegre na mesma data, e ambas seguiram para Bolama, para treinar os soldados africanos que iriam constituir as respectivas companhias.

"A CCaç 14, e tal como a CCaç 13, teve inicialmente outra identificação, neste caso a de CCaç 2592.

"Em Bolama a CCaç 13 treinou um pelotão de felupes, contudo acabou por ser a CCaç 14, que os integraram durante as suas primeiras operações, mas durante poucos meses, tendo estes seguido depois para Varela, como estava inicialmente planeado.

"O 4º pelotão foi inicialmente destacado para Aldeia Formosa, mas ao fim de poucos meses, juntou-se ao resto da companhia em Cuntima". (CF)
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Resumo Oficial da história da CCaç 14

Companhia de Caçadores n.° 2592
Identificação: CCaç 14
Cmdt: Cap Inf José Luís de Sousa Ferreira
Cap Inf José Augusto da Costa Abreu Dias
Cap QEO Humberto Trigo de Bordalo Xavier
Cap Inf José Clementino Pais
Cap Inf Mário José Fernandes Jorge Rodrigues
Cap Inf Vítor da Silva e Sousa
Alf Mil Inf Silvino Octávio Rosa Santos
Cap Art Vítor Manuel Barata

Início: 18Jan70 (por alteração da anterior designação de CCaç 2592). Extinção: 02Set74

Síntese da Actividade Operacional:

(i) Em 18Jan70, foi criada por alteração da sua designação anterior, integrando quadros e especialistas metropolitanos, e pessoal da Guiné, das etnias Mandinga e Manjaca,  e ainda um pelotão da etnia Felupe, que constituíam anteriormente a CCaç 2592;

(ii) Continuou instalada em Cuntima, nas funções de subunidade de intervenção e reserva do sector de Farim, com vista à actuação prioritária sobre a linha de infiltração de Sitató;:

(iii) Após ter deslocado um pelotão para Farim, a partir de finais de Dez70, foi transferida para Farim em 20Fev71, depois de ter sido substituída, por troca, pela CArt 3331;

(iv) Rendeu, na função de intervenção e reserva do sector, a CCaç 2533, com vista a realizar acções de contrapenetração no corredor de Lamel;

(v) Destacou ainda pelotões para reforço temporário de outras guarnições, nomeadamente de Binta, de 25Abr71 a 12Jun71, Jumbembém e Canjambari;

(vi) A partir de 10Fev73, mantendo no entanto a sede era Farim e continuando orientada para a sua anterior missão assumiu, cumulativamente, a responsabilidade do subsector de Saliquinhedim, para onde deslocou um pelotão;

(vii) Em 02Set74, foi desactivada e extinta.

Observações: Tem História da Unidade a partir de Jan72 (Caixa n.° 117 - 2.a Div/4.a Sec, AHM).

[Este texto foi retirado do livro Resenha histórico militar das Campanhas de África, 7º Volume, Fichas das Unidades, Tomo II - Guiné.] (CF)
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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9358: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (49): O "anónimo" J.B. Marques que comunicou o falecimento de Daniel Matos (Hélder Sousa)