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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5075: Não-Estórias de Guerra (1): O Furriel Enfermeiro de Quebo (Manuel Amaro)

1. Mensagem de Manuel Amaro *, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892 que esteve em Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala nos anos de 1969 a 1971, com data de 26 de Setembro de 2009:

Caros Editores,
Há muito, muito tempo que não colaboro activamente no blogue.
Este regresso de férias permitiu-me descobrir umas coisas congeladas, que vou enviar, assim, aos bocadinhos.
Hoje é esta não-estória.

Com um pedido de desculpas pelo incómodo.
Um Abraço
Manuel Amaro


2. Uma não-estória de guerra > O Furriel Enfermeiro de Quebo
por Manuel Amaro

Eu delicio-me a ler e ver estórias de guerra. Em livros, em filmes e, mais recentemente, aqui no blogue.

Mas eu não tenho estórias de guerra para contar porque, apesar de ter estado em zona de guerra, de 28 de Outubro de 1969 a 6 de Setembro de 1971, durante todo esse tempo nunca disparei um único tiro. Logo, não fiz a guerra.

Mas eu gosto de participar. Então, decidi contar a minha não-estória de guerra, na Guiné-Bissau.

Quando cheguei a Aldeia Formosa (Quebo) no final de 1969, aquilo era assim quase um paraíso.

Tínhamos feito um mês de estágio em Nhacra (englobando Safim, João Landim, Cumeré e Dugal). Aqui no Dugal, o Pelotão do Alferes Caçador ainda foi presenteado com uma rocketada que levantou as chapas da cobertura.

A viagem em LDG, via Bolama, até Buba, foi desagradável. A coluna Buba/Aldeia de uma qualidade indescritível.

Mas em Aldeia Formosa não havia guerra. Diziam os mais velhos que isso se devia à acção de alguns Comandantes que por lá passaram, nomeadamente o major Azeredo e o major Fabião. E também devido à existência do Cherno Rachid Djaló. Mas… como não há bem que sempre dure…

Entre 20 de Março e 30 de Abril de 1970, Aldeia Formosa foi duramente castigada pelo inimigo. Tanto com emboscadas no mato, de que resultaram três mortos, como ataques ao quartel.

Os ataques do PAIGC a Aldeia Formosa incomodaram tanto o General Spínola que este tomou a decisão de substituir o Comandante do BCAÇ 2892, nomeando para o cargo, o Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira.

O novo Comandante, mal tomou posse reuniu com o 2.º Comandante, o Oficial de Operações, Comandantes de Companhia, Oficiais e Sargentos. Falou muito e ouviu pouco. De seguida, sentou-se naquela mesa enorme, na Sala de Operações, e, olhando para os mapas, questionava o oficial de operações:
- A CART 2521 tem o pessoal todo operacional?
- Sim, tem, meu Comandante.
- E a CCAÇ 2615 tem o pessoal todo operacional?
- Sim, tem, meu Comandante - repetiu o Major... Mas hesitou e corrigiu…
- Bem, quer dizer… o Furriel Enfermeiro está destacado no Posto Escolar.

O Comandante deu um salto e gritou:
- É isso… não pode ser. O pessoal de saúde tem que estar integrado nas suas Unidades Operacionais. Esse Furriel cessa funções hoje. Amanhã já está integrado na Companhia. Nomeia-se outro Furriel, Amanuense ou de Transmissões, para a Escola.

O Tenente Lopes, que dava os últimos retoques no stencil da Ordem de Serviço, ainda conseguiu incluir o texto do Despacho, que foi publicado e distribuído, nesse dia, já noite dentro.

Esta foi a grande decisão do novo Comandante. E a decisão foi cumprida

No dia 6 de Maio de 1970, quando o Pelotão (aqui apetece-me chamar-lhe Grupo de Combate) saiu para a Operação de rotina, já integrava o Furriel Enfermeiro, de camuflado, carregando uma bolsa tradicional, mas de G3 a tiracolo. Esta cena teve assistência, mirones, assim uma coisa semelhante à apresentação do Cristiano Ronaldo, em Madrid…

Saliente-se que esta decisão e a sua imediata implementação, foi tão importante que, quando o Pelotão que fazia a segurança nocturna, no exterior do quartel, regressava a casa, já se cruzou com o gila, informador do PAIGC, que ia a caminho da fronteira, para transmitir a novidade.

Nino recebeu o mensageiro que chegou com ar cansado da viagem, mas feliz por cumprir tão importante missão informativa:
- O novo Comandante de Quebo já tomou uma decisão. O Furriel Enfermeiro que estava na Escola passou a operacional. A partir de hoje, cerca de 15% das operações na área de Quebo terão a sua participação.

Nino, que de início parecia tranquilo, começou a dar sinais de impaciência e algum nervosismo. Para disfarçar, começou por acariciar a sua kalash com a mão direita, mas a esquerda, mais difícil de controlar, começou a coçar a cabeça. Quando o Nino coçava a cabeça já se sabia que alguma coisa estava a correr muito mal.
- Isso é mau. E logo agora que tínhamos algum controlo na zona.

Nino pensou, pensou… mas não demorou mais de cinco minutos para ordenar aos seus adjuntos o que fazer de imediato:
- As armas pesadas cumprem o plano até esgotar as munições... O grupo do GB, até ordem em contrário, não faz as emboscadas previstas na zona de Quebo.

E a ordem foi cumprida. E a vida continuou. Até que uns dias depois, ainda em Maio, o gila aparece de novo e informa:
- Camarada Comandante Nino, o Furriel Enfermeiro deixou a zona operacional. Agora só faz colunas de reabastecimento Quebo/Buba/Quebo. É que os outros enfermeiros não gostam de fazer colunas e ele gosta de ir a Buba comer peixe grelhado e cumprimentar os amigos que tem em Buba e Nhala.

Nino pareceu não dar muita importância à informação, mas logo que o gila se afastou, ordenou, até ordem em contrário, a paragem da colocação de minas na estrada e/ou ataques às ditas colunas. E a ordem foi cumprida.

Mas a vida no teatro de guerra é muito agitada, mesmo para quem não faz a dita. Ainda decorria o mês de Junho e já o gila estava a solicitar nova audiência.
- Camarada Comandante Nino´, lembra-se do Furriel Enfermeiro de Buba, que foi ferido e não foi substituído? Está no Hospital em Lisboa, com uns centímetros de intestino a menos…

Nino não entendeu a razão desta conversa, mas replicou:
- Em Buba os colonialistas têm um médico.
- Pois - concordou o gila -, mas o médico vai de férias a Portugal. O Camarada Nino imagina quem vai substituir o médico durante esse tempo?... O Furriel Enfermeiro do Quebo.

Nino soltou um palavrão. (Que eu não repito, porque eu não escrevo palavrões, mesmo quando são ditos por outros). E depois ordenou:
- Até ordem em contrário, o Grupo do MS não executa ataques na zona de Buba.

E a ordem foi cumprida.... Em Outubro lá estava de novo o gila informador, o que era um incómodo para Nino, porque estas informações eram pagas, mas ao mesmo tempo eram informações válidas e sempre credíveis, portanto úteis, para a operação do PAIGC.
- Então que notícias temos de Quebo? - perguntou Nino.
- Coisa grande, Camarada. A Companhia de Nhala vai para Quebo e a de Quebo vai para Nhala.

Nino não entendeu a razão da importância desta informação e argumentou:
- Mas isso é uma simples troca, não altera nada.
- Altera, sim, camarada Comandante. É que o Furriel Enfermeiro, agora, vai ficar em Nhala, até ao fim da comissão, em Setembro do ano que vem. – sentenciou o gila.

Nino, que até ali estivera de pé, durante toda a conversa, sentou-se, baixou a cabeça, colocou-a entre as mãos e, em vez do tradicional palavrão, disse baixinho:
- … Dasse… dasse… dasse…

Passados uns minutos levantou-se, passou as mãos pelo rosto, alisou o cabelo e ordenou a todos os seus comandantes:
- Até Setembro de 1971, não haverá qualquer acção contra os militares colonialistas instalados em Nhala, incluindo o quartel, a estrada e os carreiros.

E a ordem foi cumprida.... Em Setembro de 1971, o Furriel Enfermeiro do Quebo e Nhala regressou à Metrópole. O gila emigrou e é estivador no porto de Marselha. O Nino… bem, sobre o Nino toda a gente sabe tudo.

A maior parte dos protagonistas desta não-estória já faleceram e não poderão confirmar o que aqui está escrito. Mas o nosso Camarada José Martins, recorrendo a todas as suas fontes de informação, poderá confirmar que todas as ordens de Nino, aqui referidas, foram cumpridas.

A bem de uma situação de guerra, que se queria de paz.

Um Abraço
Manuel Amaro
CCAÇ 2615


2. Comentário de CV:

E assim, com esta fantástica não-estória de guerra do nosso camarada Manuel Amaro, a quem aproveito para pedir desculpa pelo tempo que demorei a publicá-la, demos início a uma série que pode servir para guardar as vossas ficções ou histórias verdadeiras, mas colaterais a acções de guerra propriamente dito.
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 20 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4840: Parabéns a você (20): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892 (Os Editores)

domingo, 13 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4946: Convívios (161): convívio da CCAÇ 2615, dia 12 de Setembro de 2009 em Fernão Ferro (Manuel Amaro)



1. O nosso Camarada Manuel Amaro foi Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892 que esteve em Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, nos anos de 1969 a 1971, e enviou-nos a seguinte mensagem em 12 de Setembro de 2009:


Camaradas,



Junto envio um texto e algumas fotos, sobre o convívio da minha CCAÇ 2615:

Realizou-se hoje, 12 de Setembro, no restaurante Flor da Mata, em Fernão Ferro, mais um convívio da CCAÇ 2615, comemorando o 38º aniversário da sua chegada a Lisboa, no regresso da comissão de serviço na Guiné.


A CCAÇ 2615 fazia parte do BCAÇ 2892, (TCOR Manuel Agostinho Ferreira, Major José Sampaio e Major Pezarat Correia) e chegou a Bissau em 28 de Outubro de 1969.

No regresso, embarcou em Bissau, 6 de Setembro de 1971.


O Comando e os Serviços do Batalhão estiveram sempre em Aldeia Formosa (actual Quebo).

A CCAÇ 2615 esteve em Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala.












Foi seu Comandante o Cap Mil António Ramalho Pisco.

Mais uma vez se fez justiça ao lema da Companhia "POUCOS QUANTO FORTES".

O número de participantes vai reduzindo a cada ano, muito por culpa das vindimas, das festas de casamento e das férias no estrangeiro.


Pelo menos são essas as razões que os telemóveis nos fazem chegar.

Mas foi uma festa bonita, com cerca de uma centena de participantes, alegres e divertidos, embora com algumas saudades dos velhos tempos à mistura...

Como habitualmente foi guardado um minuto de silêncio, em memória dos quatro camaradas mortos em combate, bem como por todos aqueles têm “partido” ao longo destes 38 anos.

E no próximo ano lá estaremos, ali ou noutro lugar, porque somos...


"POUCOS QUANTO FORTES"

















Foto da esquerda: A equipa de saúde da CCAÇ 2615 - José Boita, Amadu Djaló Candé, Américo Vicente e Manuel Amaro. Foto da direita: Fur Mil Fernando Pereira, Cap Mil António Pisco e Soldado Nunes Pinto.

Um Abraço,
Manuel Amaro
Fur Mil Enf da CCAÇ 2615


Fotos: © Manuel Amaro (2009). Direitos reservados.
Emblema: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

__________
Nota de MR:

Vd. último poste da série em:

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Guiné 63/74 - P4840: Parabéns a você (20): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892 (Os Editores)

Hoje dia 20 de Agosto de 2009, completa mais um ano de vida, de muitos que ainda tem para viver, o nosso camarada Manuel Amaro.

Manuel Amaro (*) foi Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892 que esteve em Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala nos anos de 1969 a 1971


Recordemos Manuel Amaro no dia 27 de Maio de 2008, quando se apresentou à tertúlia:

Caro Carlos Vinhal,
Tentando cumprir a praxe da Tabanca Grande, aqui vai o meu pedido de adesão a este grande clube de ex-combatentes.

Manuel Amaro, 62 anos, casado, Técnico Superior de Comunicação e Relações Públicas, aposentado, residente em Alfragide, Amadora.
Ex-Fur. Mil. Enfermeiro na CCAÇ 2615/BCAÇ 2892.
Nhacra-Aldeia Formosa-Nhala.

Cheguei à Guiné em 28 de Outubro de 1969 e a minha Companhia ficou uns tempos em Nhacra, enquanto a CCS foi de avião para Aldeia Formosa e as CCAÇ 2614 e 2616 foram de LDG para Buba. A 2614 fixou-se em Nhala.

No início de Dezembro, logo que a auto-estrada Buba-Aldeia, ficou transitável(?), (a velha, porque a nova nunca foi utilizada, como já foi aqui explicado por vários camaradas), fizemos a viagem Bissau-Bolama-Buba-Aldeia.

Maravilha... Assim que me instalei em Aldeia Formosa, abriu concurso para Professor do Posto Escolar Militar. Concorri e ganhei.

Professor, a tempo inteiro. Mas com o meu espírito de escuteiro, logo inventei forma de praticar a enfermagem, auxiliando a população das pequenas tabancas e praticando a minha boa acção, quase diária. Para isso contei com a colaboração do Cabo Enfermeiro Torres, da CART 2521 e do Furriel da Psico, (hoje Deputado, na AR), que me emprestava a viatura e o motorista.

Desde meados de 1969 até 20 da Março de 1970, Aldeia Formosa era assim como um campo de férias. Mas como não há bem que sempre dure, começou a porrada, a sério.

Mudança de Comandante. Nova política. Um enfermeiro como professor? Nem pensar. A partir de 6 de Maio vai para o mato.
E o Enfermeiro, este mesmo, foi.

De 6 de Maio a 23 de Junho, foram 11 seguidas, entre colunas a Buba, operações, saídas de rotina, essas tretas da guerra.

Mas o destino, a estrelinha estava comigo e não com o Comandante. Aldeia Formosa continuou e eu fui para Buba, substituir o médico, que partiu para férias. Outra Maravilha... Só voltei a Aldeia Formosa em trânsito pois após as minhas férias a CCAÇ 2615 trocou com a 2614 e fomos fazer o segundo ano da comissão em Nhala.

Nhala, que creio que já não existe, (segundo o Daniel Reis do Expresso), era mesmo um fim de mundo. Uma Companhia mais um Pelotão e cerca de 200 civis. Tirando a passagem das colunas Aldeia-Buba-Aldeia, ali nada mais acontecia. Nem amigos, nem inimigos. Mais uma vez a Escola e a Enfermaria.

Muitas horas de trabalho, mas também a possibilidade de sentir o prazer de trabalhar. O prazer de me sentir útil, solidário. E chegamos a Agosto de 1971.

Metade da Companhia segue para Bissau. Aguardar embarque. Eu fico com o último grupo. Quase sem dar por isso, um dia ao jantar digo para os camaradas de mesa: amanhã faço 26 anos. A reacção foi em coro. Temos que fazer uma festa. Fizemos. Dois leitões, uma grade de Casal Garcia, um frigorífico de cerveja, não sei quantas garrafas de scotch. Bebedeiras? Claro. E a meia-companhia de piriquitos que já lá estava, reagiu mal.

Mas tudo acabou bem. Foi quase uma directa, Nhala-Bissau-Uige-Lisboa.

Além dos quase dois anos de Guiné, o Glorioso Exército Português levou-me tanto tempo... que passados todos estes anos ainda não sei o porquê de tudo o que aconteceu desde a minha primeira entrada na porta de armas, em 17 de Abril de 1967. Foram 54 meses. Fardado... Só fiz uma vez Sargento de Dia, mas ainda hoje, quando vejo um refeitório grande, apetece-me gritar... Vossa Senhoria meu Capitão, dá-me licença... A Companhia da Formação está pronta... E só não grito, porque sei que não está lá alguém para... bater os calcanhares, responder à continência e dizer... Pode mandar entrar...

Um dia destes, qualquer dia, podemos falar mais sobre tudo isto...

Um Abraço
Manuel Amaro



Caro Manuel Amaro

Os editores e a tertúlia toda desejam-te um bonito dia de aniversário, com muita alegria, junto dos teus familiares e amigos, marcando desde já encontro para daqui a um ano.
__________

Notas de CV:

(*) Sobre Manuel Amaro vd. postes de:

29 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2895: Tabanca Grande (72): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2895 (Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71)

22 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3223: Convívios (85): Pessoal da CCAÇ 2615, no dia 18 de Setembro de 2008 em Benavente (Manuel Amaro)

18 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3331: O meu baptismo de fogo (12): Aldeia Formosa, 23 de Abril de 1970: realiza-se a premonição de um furriel enfermeiro (Manuel Amaro)

28 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3374: Controvérsias (8): Cherno Rachide Djaló: um agente duplo ? ( José Teixeira / Manuel Amaro / Torcato Mendonça)

9 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3427: Em bom português nos entendemos (5): Estórias com história... ou deixem-se de estórias / histórias...

29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4094: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (5): Não esperava ouvir tal coisa (Manuel Amaro)

Vd. último poste da série de > 19 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4834: Parabéns a você (19): Mário Vicente Fitas Ralheta, ex-Fur Mil Op Especiais da CCAÇ 763 (Os Editores)

domingo, 29 de março de 2009

Guiné 63/74 - P4094: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (5): Não esperava ouvir tal coisa (Manuel Amaro)


1. Mensagem, de 26 de Março, de Manuel Amaro (ex-Fur Mil Enf, CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71)

Camarada Luís Graça:

Ontem estava em casa e vi quase tudo do episódio (*). Principalmente a parte referente à Guiné, incluindo a retirada de Madina e acidente do Cheche.

Os dados já conhecia da leitura do nosso blogue. As imagens, sim, impressionaram-me.

As declarações do General Almeida Bruno deixaram-me, por momentos, sem acção. Não esperava ouvir tal coisa.

Mas é uma visão do problema. Exagerada? Talvez. Injusta? Sim, pelo menos para muita gente que deu o "corpo ao manifesto" e agora podem aparecer os familiares e amigos a dizer que o General disse... tal... e tal.

Também não gostei de ouvir o Coronel José Aparício. Até porque, a sua postura me fez lembrar os meus colegas de escola, que depois de fazerem uma "patifaria", confessavam e punham aquele ar ingénuo...

Não vi no Coronel Aparício a imagem que eu tenho dos Coronéis do nosso Exército. Eu sei que há temas muito polémicos, Madina, Cheche, Guileje... e cada um de nós tem os seus heróis e vai elegendo os seus vilões.

Tento manter-me equidistante, mas sei que é difícil.

Por isso, hoje manifesto o meu desagrado pelas declarações, tanto do General Almeida Bruno, como do Coronel José Aparício.

Um Alfa Bravo

Manuel Amaro

____________

Nota de L.G.:

(*) Vd postes anteriores:

29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4092: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (4): Bolas, não nos deixam em paz! (Paulo Salgado)

29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4091: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (3): Fui desrespeitado de maneira ignóbil (António Matos)

29 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4090: Bandos... A frase, no mínimo infeliz, de um general (2): Recuso-me a ser um bandalho e um rato cheio de medo (David Guimarães)

28 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4089: Bandos... A frase, no mínino infeliz, de um general (1): O nosso direito à indignação (Luís Graça / Mário Pinto / Jorge Canhão)

sábado, 18 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3331: O meu baptismo de fogo (12): Aldeia Formosa, 23 de Abril de 1970: realiza-se a premonição de um furriel enfermeiro (Manuel Amaro)

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf, CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71 (*)

Caro Luís Graça,

Com o meu pedido de desculpas por ocupar este espaço, que estará mais adequado às histórias dos nossos camaradas operacionais, atrevo-me a relatar à Tabanca, o meu baptismo de fogo (**).

É o baptismo de fogo de um furriel enfermeiro, destacado no Posto Escolar.

No final de 1969, Aldeia Formosa era um lugar pacífico. Situação que se manteve até 20 de Março de 1970. Por vezes, à noite, ouviam-se uns rebentamentos, mas sempre à distância, mais para sul.

Até que um dia, há sempre uma primeira vez para tudo, o Pelotão do Alf Martins sofreu três emboscadas de que resultou um milícia morto (roquetada no tórax) e cinco feridos ligeiros.

Terminei as aulas mais cedo para que os alunos não assistissem à chegada do pelotão com os feridos e o morto e dirigi-me para o posto médico. Enquanto a equipa de saúde tratava dos feridos, o Keba Sanhá entregou-me o morto que tinha transportado às costas, embalado num pano de tenda. Missão: utilizar uma maca como suporte para recolocar cada órgão no seu lugar, de forma que o corpo fosse entregue à familia para efectuar o funeral.

Duas horas depois, com muito trabalho, silêncio absoluto, algumas lágrimas, a missão estava cumprida.

A vida continuou e passadas quatro semanas, a 18 de Abril [de 1969], nova emboscada: dois soldados mortos. (Os primeiros e únicos mortos em combate, da CCaç 2615).

Desta vez fui "poupado" pela equipa de saúde e fiquei livre para dar apoio moral ao meu amigo Jorge Leitão, furriel de Operações Especiais, a imagem da raiva e do desespero, sem encontrar explicação para o que lhe tinha acontecido.

O ambiente ficou pesado. As conversas na messe e nos quartos giravam sempre à volta do mesmo assunto. Finalmente, aos seis meses de comissão, tinha começado a guerra.

(Na noite de 22 para 23 de Abril, tive um sonho/pesadelo. Eu, que dormia sempre tranquilamente, acordei em sobressalto. Nesse sonho, surgia um avião IN, voando baixo, com um foco de luz para localizar os alvos. E onde é que eu me protegi contra o avião? Nos abrigos de Aldeia Formosa? Não. O meu esconderijo era um tanque/piscina, protegido por uma frondosa nogueira, numa quintinha, com uma casa amarela, que ainda hoje existe, perto do antigo CISMI, na estrada Tavira/Santa Luzia, onde eu passei as férias de verão de 1962.)

Entretanto, a vida no quartel de Aldeia Formosa continuava com uma rotina de paz. Até o corneteiro tocava para o almoço. E no dia 23 de Abril de 1970, poucos minutos depois das 11h30 começou o toque para o primeiro turno ir almoçar. Quase em simultâneo o IN inicia o ataque ao quartel, com armas ligeiras e pesadas, muito perto do início da pista de aviação.

Corri para o abrigo com uma turma de cerca de trinta alunos, previamente treinados.
A resposta das NT foi um pouco lenta, pois naquele momento, mais de metade do efectivo estava de marmita e não de G3.

Lembro-me de ouvir o Alferes do Pelotão FOX gritar: Vou fazer tiro directo... e pensei que com o Obus a disparar, a situação estava controlada. E assim aconteceu...

Foi um baptismo duro. Senti alguma raiva por saber que o IN estava ali tão perto, mas já estava preparado... e depois, aquele sonho/pesadelo alertou-me ainda mais para a possibilidade de acontecer algo semelhante...

Concluindo, o baptismo foi a única vez que estive debaixo de fogo. Durante toda a comissão, não tive oportunidade de disparar um único tiro. A última vez que disparei a minha G3 foi, algures, nos arredores de Évora, um tiro certeiro, como deve fazer um bom atirador, para destruir o prato que tinha utilizado na semana de treino.
A minha missão nesta guerra... foi de paz.

Um dia destes eu escrevo mais um capítulo.

Um Abraço
Manuel Amaro
Fur Mil Enf
CCAÇ 2615
___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de 22 de Setembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3223: Convívios (85): Pessoal da CCAÇ 2615, no dia 18 de Setembro de 2008 em Benavente (Manuel Amaro)

29 de Maio de 2008 > Guiné 63/74 - P2895: Tabanca Grande (72): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2895 (Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71)

(**) Vd. poste de 16 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3325: O meu baptismo de fogo (11): Mampatá, 20 de Fevereiro de 1973 (António Carvalho)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3223: Convívios (85): Pessoal da CCAÇ 2615, no dia 18 de Setembro de 2008 em Benavente (Manuel Amaro)


1. Mensagem, com data de 18 de Setembro de 2008, do nosso camarada Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71, dando notícia do rescaldo do Convívio da sua Companhia.


Caro Carlos Vinhal

No âmbito do espírito da Tabanca Grande, junto envio um texto e foto, sobre o Convívio da CCAÇ 2615.
Grato pela atenção.

Um abraço.
Manuel Amaro

CONVÍVIO ANUAL DOS EX-MILITARES DA CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, EM BENAVENTE, NO DIA 13 DE SETEMBRO DE 2008

Foto de família do Encontro do pessoal da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, realizado no dia 18 de Setembro em Benavente

Realizou-se no passado dia 13 de Setembro, no Restaurante O Miradouro, em Benavente, o convívio anual dos ex-militares da CCAÇ 2615 (BCAÇ 2892). Guiné (Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala), 1969/71.

Foi uma festa maravilhosa, das 11h00 às 20h00, com 126 participantes (40% militares e 60% familiares), sendo de realçar que, além dos cônjuges, estiveram presentes muitos jovens, que também participaram nas conversas saudosistas dos ex-militares e introduziram novos temas, relacionados com o futuro, proporcionando aos progenitores, darem conta aos antigos camaradas, da forma como geriram a sua vida, como singraram, sempre a pulso e como contribuiram para o desenvolvimento do país.

Em termos de informação, eu sou um priviligiado, porque sempre perguntei coisas do género... o que fazes?... tens filhos?... quantos?... e acompanhei, sem ser chato a evolução do grupo.

E hoje, sem perguntar, são eles que me dizem... este é engenheiro, o outro tem um bom lugar na PSP. E é ver quantos médicos, engenheiros, advogados, psicólogos, e mais uma série de licenciaturas e outras profissões dignas.

Sei que já passaram 37 anos.
Mas é muito agradável verificar hoje, quem são, onde estão e como estão, os cidadãos que durante dois anos constituiram a CCAÇ 2615.

Em Nhala, o furriel enfermeiro (e professor), ainda arranjou um tempinho para dar aulas aos que não tinham a 4.ª classe, para irem a exame, logo após o regresso à metrópole.

E tanto os oficiais como os sargentos, sempre incentivaram os cabos e soldados a lutar pela vida, no trabalho, mas também no estudo, pois ainda estavam bem a tempo.
Missão cumprida.

Só mais um pormenor deste convívio. Três senhoras que ficaram uns minutos a conversar, à sombra duma árvore, junto à entrada do parque de estacionamento, comentavam, com agradável surpresa, a boa qualidade da frota automóvel. Mesmo com todas as crises. Felizmente.

Pois, afinal não escrevi sobre a guerra. Agora é tarde.

No final da festa, guardou-se um minuto de silêncio, em memória dos três camaradas falecidos na Guiné e também por todos aqueles que não têm resistido às emboscadas da vida.

Em Setembro de 2009, lá estaremos de novo.

Manuel Amaro
ex-Furriel Mil.
CCAÇ 2615

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Guiné 63/74 - P2895: Tabanca Grande (72): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2895 (Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71)


Manuel Amaro
Fur Mil Enf
CCAÇ 2615/BCAÇ 2892
Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala
1969/71



1. Em 27 de Maio recebemos uma mensagem do nosso novo tertuliano Manuel Amaro dando conta do seu desejo de aderir à nossa Tabanca Grande.

Caro Carlos Vinhal,
Tentando cumprir a praxe da Tabanca Grande, aqui vai o meu pedido de adesão a este grande clube de ex-combatentes.

Manuel Amaro, 62 anos, casado, Técnico Superior de Comunicação e Relações Públicas, aposentado, residente em Alfragide, Amadora.
Ex-Fur. Mil. Enfermeiro na CCAÇ 2615/BCAÇ 2892.
Nhacra-Aldeia Formosa-Nhala.

Cheguei à Guiné em 28 de Outubro de 1969 e a minha Companhia ficou uns tempos em Nhacra, enquanto a CCS foi de avião para Aldeia Formosa e as CCAÇ 2614 e 2616 foram de LDG para Buba. A 2614 fixou-se em Nhala.

No início de Dezembro, logo que a auto-estrada Buba-Aldeia, ficou transitável(?), (a velha, porque a nova nunca foi utilizada, como já foi aqui explicado por vários camaradas), fizemos a viagem Bissau-Bolama-Buba-Aldeia.

Maravilha... Assim que me instalei em Aldeia Formosa, abriu concurso para Professor do Posto Escolar Militar. Concorri e ganhei.

Professor, a tempo inteiro. Mas com o meu espírito de escuteiro, logo inventei forma de praticar a enfermagem, auxiliando a população das pequenas tabancas e praticando a minha boa acção, quase diária. Para isso contei com a colaboração do Cabo Enfermeiro Torres, da CART 2521 e do Furriel da Psico, (hoje Deputado, na AR), que me emprestava a viatura e o motorista.

Desde meados de 1969 até 20 da Março de 1970, Aldeia Formosa era assim como um campo de férias. Mas como não há bem que sempre dure, começou a porrada, a sério.

Mudança de Comandante. Nova política. Um enfermeiro como professor? Nem pensar. A partir de 6 de Maio vai para o mato.
E o Enfermeiro, este mesmo, foi.

De 6 de Maio a 23 de Junho, foram 11 seguidas, entre colunas a Buba, operações, saídas de rotina, essas tretas da guerra.

Mas o destino, a estrelinha estava comigo e não com o Comandante. Aldeia Formosa continuou e eu fui para Buba, substituir o médico, que partiu para férias. Outra Maravilha... Só voltei a Aldeia Formosa em trânsito pois após as minhas férias a CCAÇ 2615 trocou com a 2614 e fomos fazer o segundo ano da comissão em Nhala.

Nhala, que creio que já não existe, (segundo o Daniel Reis do Expresso), era mesmo um fim de mundo. Uma Companhia mais um Pelotão e cerca de 200 civis. Tirando a passagem das colunas Aldeia-Buba-Aldeia, ali nada mais acontecia. Nem amigos, nem inimigos. Mais uma vez a Escola e a Enfermaria.

Muitas horas de trabalho, mas também a possibilidade de sentir o prazer de trabalhar. O prazer de me sentir útil, solidário. E chegamos a Agosto de 1971.

Metade da Companhia segue para Bissau. Aguardar embarque. Eu fico com o último grupo. Quase sem dar por isso, um dia ao jantar digo para os camaradas de mesa: amanhã faço 26 anos. A reacção foi em coro. Temos que fazer uma festa. Fizemos. Dois leitões, uma grade de Casal Garcia, um frigorífico de cerveja, não sei quantas garrafas de scotch. Bebedeiras? Claro. E a meia-companhia de piriquitos que já lá estava, reagiu mal.

Mas tudo acabou bem. Foi quase uma directa, Nhala-Bissau-Uige-Lisboa.

Além dos quase dois anos de Guiné, o Glorioso Exército Português levou-me tanto tempo... que passados todos estes anos ainda não sei o porquê de tudo o que aconteceu desde a minha primeira entrada na porta de armas, em 17 de Abril de 1967. Foram 54 meses. Fardado... Só fiz uma vez Sargento de Dia, mas ainda hoje, quando vejo um refeitório grande, apetece-me gritar... Vossa Senhoria meu Capitão, dá-me licença... A Companhia da Formação está pronta... E só não grito, porque sei que não está lá alguém para... bater os calcanhares, responder à continência e dizer... Pode mandar entrar...

Um dia destes, qualquer dia, podemos falar mais sobre tudo isto...

Um Abraço
Manuel Amaro


2. Comentário de CV

Caro Manuel Amaro,
Por favor, não peças para entrar. A porta está sempre aberta. Instala-te e começa a fazer o que te compete de pleno direito, que é aumentar os nossos conhecimentos, contando a história da tua Unidade, a tua experiência na guerra, que fizeste a teu modo, actuando como professor e enfermeiro. Quantos como tu e como o teu amigo José Teixeira podem contar as mais belas estórias de relacionamento com as populações?

Qualquer um de nós, os chamados operacionais, contam aventuras de guerra, mais ou menos temerosas, mas vós, os que trates da saúde e da instrução daquele povo, tendes estórias diferentes, vividas em ambiente mais íntimo. Nós perscrutávamos o horizonte em busca do IN e vós olháveis para o interior de cada um dos que a vós recorriam, em busca de um pouco de saúde ou de instrução.

Falei no teu amigo José Teixeira a fim de ter um pretexto para publicar a mensagem que ele te mandou (com conhecimento a mim).

Recebe um abraço de boas vindas da tertúlia.
Vamos agora deixar falar o nosso Zé Teixeira.

3. Mail que o camarada José Teixeira enviou ao Manuel Amaro, nosso novo tertuliano

Meu querido amigo Manuel Amaro ou "Tavira" como eras conhecido no RSS - Regimento de Serviços de Saúde em Coimbra, onde tive o grande prazer de te conhecer e gerar amizade, daquelas que nunca mais se irão, (não foras tu escuteiro como eu, sem o sabermos na altura).

A confirmação do que afirmo está no esforço que fizeste para me localizar e vice-versa, como há dias me disseste, quando por instinto, viste o meu nome no blogue, localizaste o meu endereço e assim podemos recomeçar a velha amizade.
Sê bem-vindo a este espaço de partilha e de amizade.

Ao ler o teu pedido de entrada, senti que não estava completo. Permite-me que esclareça os camaradas, que tu sem saberes quais os motivos, pese embora, soubesses que alguns dos teus escritos para o Jornal de Tavira foram ao crivo da "censura" tinhas condições académicas para ires para o CSM, foste incorporado como soldado raso e de seguida selecionado para auxiliar de enfermeiro.
Daí o nosso conhecimento e selar de amizade nos meses que em comum vivemos na cidade dos estudantes, a estudar. Não só para sermos uns "aprendizes de feiticeiro" o melhor que conseguíssemos ser, como continuarmos os nossos estudos académicos.

Por ti soube há dias que meteras requerimento e foste chamado ao CSM, passando a sargento.

O que nunca me passaria pela cabeça é que irias seguir os meus passos pela Guiné mais de um ano depois de eu lá ter chegado. Eu saí de Buba para Empada em Setembro de 1969 e tu chegaste a Buba em Outubro desse ano como "periquito".

Quanto à tabanca de Nhala, posso dizer-te por experiência própria recente, que ainda lá está. Agora livre das amarras do arame farpado em duas fiadas, das minas e dos terríveis tiroteios e rebentamentos que por lá sentimos. Nhala, Sare Donhã, Samba Sábali, Uane, Mampatá, etc. sem esquecer a bolanha dos passarinhos.

Deixa-me só recordar-te que quando deixei a zona, Nhala tinha apenas um Grupo de Combate. Com o crescer dos trabalhos de construção da estrada, parece que a zona "aqueceu" um pouco... Eu safei-me a tempo

Agora ficamos à espera das tuas "estórias", pois o teu apetite pela escrita já vem de longe e deixou marcas.

Um abraço do tamanho do mundo que trilhamos.

J.Teixeira
Esquilo Sorridente