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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5743: Em busca de ... (116): O Ruiguila procura ex-Condutores da CCAV 2749 do Abrigo Os Volantes, Piche, 1970/72

1. Mensagem de Francisco Palma (ex-Condutor Auto Rodas na CCAV 2748/BCAV 2922, Canquelifá, 1970/72), com data de 18 de Janeiro de 2010:

Carlos Vinhal
Poderemos ajudar este "amigo dos velhos tempos" atraves da nossa Tabanca?

Um Guineense a viver na zona de Amadora , "moço de recados" naquele altura e que os Condutores apelidaram de o Riguila, procura contactar com antigos ex-Combatentes do Abrigo "os Volantes" de PICHE 1970-1972/3. Não disse o nome da companhia ou Batalhão, mas nessa altura estava lá o BCAV 2922 e a CCAV 2749.

Francisco Palma


2. Comentário de CV:

Encontrei na Página do Jorge Santos um pedido de contacto de um camarada da CCAV 2749, o Lopes, com o telemóvel 917 633 249. Talvez não fosse descabido contactá-lo para início de pesquisa.

Fica no entanto aqui registado o apelo do Riguila para ajudar a encontrar os Condutores da CCAV 2749(?), Abrigo dos Volantes que esteve em Piche no início dos anos 70.

Quem tiver notícias poderá encaminhá-las para o contacto móvel do Riguila ou para o Francisco Palma, email fapalmaster@gmail.com

Quem poderá também ajudar é o nosso camarada e tertuliano Luís Borrega que foi Fur Mil da CCAV 2749.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 1 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5742: Em busca de ... (115): Camaradas de meu pai, Júlio Marques Tavares, CCS / BART 1913 (Catió, 1967/69) (Marisa Tavares)

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5161: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (11): Operação Tripas na Cidade Invicta (Luís Borrega)

1. Mensagem de Luís Borrega, ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72, com data de 5 de Outubro de 2009:

Caro Camarigo Luís Graça e restantes editores

Nháluda! [boa tarde, em fula]

Vou enviar um pequeno texto, se vocês acharem que vale a pena publicarem... façam-no.


O CÉU É O LIMITE PARA A AMIZADE E A CAMARADAGEM

O título vêm a proposito de uma deslocação que eu fiz à Cidade Invicta.

Um dos Ex-Furriéis da minha Companhia (CCAV 2749), Manuel Costa, Fur Mil Mec Auto, pediu, por sugestão minha, a Medalha das Campanhas de África, mas como ele mora em Braga, disse-lhe que levantava a Medalha em Lisboa, bastando que ele me mandasse uma declaração a autorizar o levantamento, o que ele fez.

Tinha ficado combinado entregar-lha no decorrer do Almoço da nossa Companhia, a realizar este ano. Acontece que nem ele nem eu fomos ao almoço. Por isso no passado dia 19 de Setembro dispus-me a ir levá-la ao Porto. Apanhei portanto o Alfa proveniente de Faro, às 9h23, no Pinhal Novo e desembarquei em Campanhã pelas 12h50.

Já lá estava o Costa e também os ex-1.ºs Cabos Alfredo Lopes e David Gonçalves, ambos da minha Companhia e do meu Gr Comb. Presente também o Eduardo Teixeira Lopes, da CART 3332 (Companhia de intervenção em Piche, connosco).

Estava em marcha a Operação TRIPAS. Corremos os restaurantes limítrofes e nada de Tripas à Moda do Porto. Começei a sentir-me fustrado, então vinha do Sul para comer peixe e carne grelhados?... Não!

Estava um indivíduo encostado à porta de um café e eu disse que éramos um grupo de veteranos de guerra e que procurávamos um restaurante para comer as afamadas tripas. Ficámos surpreendidos pois o indivíduo também era um ex-combatente. Tinha pertencido à 28.ª Companhia de Comandos, sob o comando do Cor Jaime Neves, e tinha estado em Moçambique (salvo erro). Para irmos ao Restaurante Três Unidos no Largo de S. Lázaro e pedirmos ao gerente, senhor Machado, uma Dieta.

Caros amigos, a dieta era um tacho enorme cheio de Tripas à Moda do Porto. Tivemos um almoço espectacular, repetimos e voltámos a repetir e isto bem acompanhado com um tinto maduro de se lhe tirar o chapéu. Depois queriam que ficasse no Porto, o Costa queria que eu fosse para Braga. Lá me consegui safar e apanhar o Alfa às 15h47 e chegar ao Pinhal Novo pelas 19h30. Foi um dia muito bem passado, a recordar tanta coisa!!!

Zona ribeirinha da cidade do Porto, altamente perigosa para Operações gastronómicas.
Foto retirada do site da
Câmara Municipal do Porto, com a devida vénia.

No passado dia 2, resolvi empreender mais uma Operação Gastronómica. Demos-lhe o nome de código PEIXE DA BOLANHA, e fui eu mais o ex-Fur Mil At Inf Eugénio Pereira e o ex-Fur Mil Armas Pesadas, Rogério Lourenço da CCAÇ 3545/BCaç 3883, Batalhão que nos rendeu em Piche em Maio de 1972.

A CCAÇ 3545 foi render a CCAV 2748 em Canquelifá, e foi protagonista da Operação dos Comandos, pois tiveram debaixo de fogo vários dias, cercados pelo PAIGC (Março de 1974). Fomos almoçar ao Restaurante O Pescador, situado em Lagameças, que serve um peixe fresco grelhado espectacular.

Já está combinada outra Operação denominada BARBAS, pois vai ser no Restaurante Barbas, sito na Bolanha da Costa da Caparica, para comer uma Caldeirada de Peixe. Espero que não seja de peixe da bolanha...

E é assim que vou recordando o tempo passado na Guiné cultivando as amizades de então.

Nada é mais importante do que a amizade, nem a fama, nem o dinheiro, nem a morte !!!

Alfa Bravo
Luís Borrega
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5017: Parabéns a você (28): Luís Borrega, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72 (Os Editores)

Vd. último poste da série de 17 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4541: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (10): Juvenal, como foste nessa de chamar Vanessa à tua menina ? (Luís Graça)

domingo, 27 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P5017: Parabéns a você (28): Luís Borrega, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72 (Os Editores)

Neste Domingo, dia 27 de Setembro de 2009, completa mais um ano de vida, que se quer seja muito longa, o nosso camarada Luís Borrega (*), ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72.

Toda a Tabanca se junta, para numa só voz, desejar ao Luís Borrega as melhores venturas e um dia muito alegre, junto dos que lhe são mais queridos.

Aproveitámos para deixar já marcado encontro para, pelo menos os próximos 30 anos, sempre neste dia.

Luís Borrega está connosco desde Dezembro de 2008, quando se nos dirigiu assim:

Caro amigo, após conversa com nosso camarada Mário Beja Santos, decidi escrever para o teu blog para me inscrever na tabanca grande, ai vai a minha apresentação:

Luís Filipe de Magalhães Borrega (Luís Borrega)

Ex-Fur Mil Cav com o curso de Minas e Armadilhas, mobilizado para a Guiné pelo Regimento de Cavalaria 3 de Estremoz, integrando a CCAV 2749/BCAV 2922, colocado no sector L4, no leste da Guiné em Piche.

A minha Companhia tinha os destacamentos CAMBOR, Ponte de RIO CAIUM e mais tarde reocupamos o destacamento de BENTEM.
A nossa área de operações era Piche, Canquelifá e Buruntuma.

Aguardando noticias tuas...

Alfa Bravo!
Luis Borrega



Se bem se recordam, Luís Borrega reclamou para si a fasquia do visitante UM MILHÃO do nosso Blogue (**). Manga de ronco para ele e um orgulho para todos nós, por termos atingido, e já de longe suplantado, tão importante meta.

Quem quiser saber um pouco de dialeto Fula, por mera curiosidade que seja, também pode recorrer ao Mestre Borrega, ou consultar os seus postes dedicados ao Dicionário Fula/Português

Consultados os arquivos do Blogue, apenas encontramos esta foto do Luís:

O Ex-Fur Mil Cav MA Luís Borrega a partir mantanha com os bravos do seu Pelotão (3.º GComb da CCav 2749/BCav 2922) no almoço/convívio realizado em Santarém no ano de 2008.
__________

Notas de CV:

V. postes postes de Luís Borrega de:

(*) 4 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3699: Tabanca Grande (108): Luís Borrega, ex-Fur Mil Cav da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72

24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3785: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (1): Nafinda, nháluda, naquirda... Bom dia, boa tarde, boa noite...

24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3786: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (2): Gô, Didi, Tati, Nai, Joi.../ Um, Dois, Três, Quatro, Cinco...

26 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3798: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (3): Jungo, neuréjungo, ondo... / Braço, mão, dedo, ...

1 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3827: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (4): Nhamo, nano... / Direita, esquerda...

14 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3889: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (5): Jubi, ala poren, iauliredu... / Miúdo, avião, tem medo...

3 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3833: Em busca de... (64) Militares do BCAÇ 3872, Guiné 1971/73 (Luís Borrega)

21 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3922: Blogoterapia (92): A guerra nunca acaba para aqueles que se bateram em combate (Luís Borrega)

15 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4190: Convívios (109): Pessoal da CCAV 2749 e CCS/BCAV 2922, Vila de Teixoso, no dia 1 de Maio de 2009 (Luís Borrega)

(**) 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4215: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (7): Luís Borrega, visitante um milhão (Luís Borrega)

27 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4252: Os Bu...rakos em que vivemos (7): Destacamento de Rio Caium (Luís Borrega)

Vd. último poste da série de 21 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4986: Parabéns a você (27): O veterano Coutinho e Lima, Cor Art Ref, Gadamael (1963/65), Bissau (1968/70), COP 5 (1972/73)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4252: Os Bu...rakos em que vivemos (7): Destacamento de Rio Caium (Luís Borrega)

1. Mensagem de Luís Borrega, ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72, com data de 22 de Abril de 2009:

Caríssimos LG,VB e CV
Aí vai alguns considerandos sobre a Ponte Caium
Alfa Bravo
Luís Borrega


Destacamento da ponte de Rio Caium visto da margem direita do Rio Caium

DESTACAMENTO DE RIO CAIUM

UM BU... RAKÃO


Na perspectiva do Gen Almeida Bruno, Colónia Balnear de Férias para os “BANDOS ARMADOS” da CCav2749/BCav 2922 (PICHE 1970/1972)

Se houvesse um ranking para os maiores BURACOS da Guiné, Ponte Caium estaria certamente no TOP TEN, e provavelmente dentro dos 10, muito à cabeça.

O Destacamento de Ponte Caium, em conjunto com o Destacamento de Cambor (na estrada Piche-Canquelifá) pertenciam à CCav 2749.

Ponte Caium tinha que ser rendido a cada três semanas, (só em teoria), pela necessidade de géneros, mas também porque psicologicamente era o máximo de tempo que o Destacamento podia aguentar.

No entanto só éramos rendidos mês e meio ou dois meses depois. Numa das vezes estivemos 15 dias a sobreviver só com latas de atum, café e pão confeccionado sem fermento. Podem imaginar a qualidade desta panificação. Não havia mais nada no depósito de géneros. Era o meu grupo de combate que estava lá nessa altura. Foi um bocado complicado lidar com a situação, especialmente acalmar a guarnição.

Para o comandante do BCav 2922 (Ten Cor Raúl Augusto Paixão Ribeiro), não era prioritário ir reabastecer-nos. Tivemos de esperar pela coluna de reabastecimento a Buruntuma, para recebermos os géneros necessários à manutenção do Destacamento.

E como era o Destacamento da Ponte de Rio Caium?

Era uma ponte estreita em pedra e cimento com 59 metros de comprimento sobre o Rio Caium, na estrada Piche – Buruntuma. Estava situada a 17,5 km de Piche, a 3,5 Km do Destacamento de Camajabá (pertença da CCav 2747 sediada em Buruntuma) e a l8,5 Kms de Buruntuma.

O aquartelamento estava instalado no tabuleiro da ponte. Dois abrigos à entrada e dois abrigos à saída. Estes eram feitos de bidões de gasóleo de 200 litros, cheios de terra, uns em cima dos outros, cobertos com troncos e cimento por cima. Ao meio do tabuleiro a cozinha, o depósito de géneros e o refeitório. Eram uns barracos, cujo telhado eram chapas de zinco. Havia ainda um nicho com uma santa e do lado esquerdo (sentido Buruntuma) estava o forno.

Como armamento pesado tínhamos um Canhão S/recuo montado num jeep e um morteiro 81 mm num espaldão apropriado. O restante do armamento era HK21 e RPG 7 apreendidos ao IN

Dilagramas, morteiro de 60 mm e G3 distribuídas pelo Grupo de Combate.

Para nos reabastecermos de água (para beber, cozinha e banhos) tínhamos que nos deslocar a 2 km do aquartelamento, a um poço cavado no chão, com um Unimog a rebocar um atrelado carregado com barris de vinho (50 litros) vazios, que eram cheios com latas de dobrada liofilizada, adaptadas para o efeito.

Como era de difícil solução a localização de um heliporto, foi decidido superiormente, manter sobre a estrada, uma superfície regada com óleo queimado, para a aterragem de helicópteros.

Como se pode imaginar, nas horas de lazer o tempo era preenchido a jogar cartas, ler, escrever à família. Quase todos os dias tínhamos saída à agua, patrulhamento às áreas em redor, etc.

Os dias e as noites eram passados nos limites do espaço, do tempo, na expectativa dum ataque – e quando este começasse, já estaríamos cercados por todos os lados, porque ali não havia milícias, nem tabanca, nem pista de aviação ou possibilidade de retirada (só saltando o parapeito da ponte e atirarmo-nos ao rio uns bons metros mais abaixo).

A desvantagem da área diminuta tinha contrapartidas benéficas: era mais difícil ao PAIGC acertar com os morteiros e a nossa artilharia tinha mais à vontade nos tiros de retaliação, nos limites do alcance das peças de 11,4 instaladas em Piche.

Se o General Almeida Bruno tivesse sobrevoado o Destacamento a bordo dum Alloette ou numa DO 27, certamente teria pensado que ali estaria alojada a “Colónia Balnear de Férias” do BCav 2922 para premiar os seus “Bandos Armados”.

Ali tínhamos praia fluvial (não era aconselhável ir a banhos por causa dos Crocs), caça grossa (aos Crocodilos e a outras espécies cinegéticas)e pesca.

Pensaria de certeza que a boa vida que levava em Bissau, na messe de oficiais e também no Palácio do Governador (onde deve ter almoçado e jantado bastantes vezes) era inferior à vida que os “BANDOS ARMADOS” levavam na sua Colónia Balnear de Ponte Caium (cercada do tão falado arame farpado).

No dia 27 de Junho de 1971, pelas 22,00 h, um grupo IN estimado em 30 elementos, flagelou o Destacamento com morteiros 61 mm, RPG 2 e RPG 7 e com armas automáticas ligeiras (Kalash e PPSH vulgo costureirinhas) causando um ferido às NT. A rápida e certeira retaliação obrigou o IN a retirar deixando rastos de sangue, indicando terem tido baixas.

Nesse ataque, apesar de ter um vasto palmarés de ataques e emboscadas, não estava presente junto do meu Grupo de Combate (3.º GC/CCav 2749), não me lembro concretamente do motivo, mas pela data só poderia ter ido render algum graduado por motivo de férias no Destacamento de Cambor (situado na estrada Piche-Canquelifá) ou estar envolvido nalguma operação de minagem nas margens do Rio Corubal em conjunto com os sapadores da CCS/BCav.

Caros Camarigos LG, CV e VB

Espero que o Corpinho esteja Jametum.

Em resposta à solicitação do Luís Graça, para falarmos dos BU… RACOS da Guiné estou a enviar uma estória acerca de um desses Bu… racos.

Espero que informaticamente façam o tratamento adequado.

Manga di Saúde
Alfa Bravo
Luís Borrega
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4215: O mundo é pequeno e o nosso blogue... é grande (7): Luís Borrega, visitante um milhão (Luís Borrega)

Vd. último poste da série de 19 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4211: Os Bu...rakos em que vivemos (6): Banjara, CART 1690 (Parte II): Lugar de morte (A. Marques Lopes / Alfredo Reis)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Guiné 63/74 - P4190: Convívios (111): Pessoal da CCAV 2749 e CCS/BCAV 2922, Vila de Teixoso, no dia 1 de Maio de 2009 (Luís Borrega)

1. Mensagem de Luís Borrega, com data de 12 de Abril de 2009:

Caros Camaradas e Amigos LG,VB e CV

Junto envio anuncio referente ao almoço da CCav 2749 + CCS/BCav 2922, agradecia que o publicassem na Tabanca Grande.

Envio com foto que como ainda não domino a arte de mexer na informática, envio parece-me em duplicado, vocês mestres na arte informática dêem um jeito.

Manga de saúde para todos vós.
Alfa Bravo
Luís Borrega

O Ex-Fur Mil Cav MA Luís Borrega a Partir Mantanha com os bravos do seu Pelotão (3.º GComb da CCav 2749/BCav 2922 no almoço/convívio realizado em Santarém no ano de 2008.

BATALHÃO DE CAVALARIA 2922 - PICHE 70/72

Convívio da CCav 2749 + CCS - 1 de Maio de 2009

CAMARADA E AMIGO

É na Vila de Teixoso, a 5km da Covilhã, que no dia 1 de Maio de 2009 (Sexta Feira) nos vamosreunir. Este ano o Almoço Convívio é organizado pelo Rev.º Padre Alberto (nosso Alferes Capelão), que nos vai receber com a simpatia e cordialidade com que já nos habituou.

Ali reviveremos, mais uma vez, as nossas histórias e factos vividos, com os Camaradas e Amigos que estiveram em Piche, entre 1970/1972.

PROCURA ESQUECER OS PROBLEMAS QUE JÁ PASSARAM, MAS APROVEITA A VIVER OS MOMENTOS FELIZES DE CADA DIA.

TENS MOMENTOS FELIZES À TUA ESPERA (1/5/09) NA COVILHÃ, COMPARECE E APROVEITA.

Com a tua alegria, o teu sorriso e juventude comparece, pois que só com a tua presença é que poderemos fazer um GRANDE CONVÍVIO.

COMO LÁ CHEGAR:

-De Coimbra/Viseu apanhar a A25/na Guarda apanhar a A23. Saída em Caria/SENHORA DO CARMO.

-De Portalegre ou Castelo Branco apanhar a A23, saída Covilhã/Norte/Teixoso/SENHORA DO CARMO.

LOCAL E HORA DO ENCONTRO:

Junto ao recinto da CAPELA DE N.ª S.ª DO CARMO, a 2km de Teixoso, Covilhã.

10/11 Horas Concentração.

11,30 Horas missa pelos nossos Camaradas já falecidos, celebrada pelo nosso Capelão Padre Alberto.

13,00 Horas Almoço/Convívio no restaurante TOMAZ/CANHOSO (a 2km de Teixoso).

EMENTA:

ENTRADAS: QUENTES: SOBREMESAS


Enchidos da Região Sopa/Bacalhau assado/Cabrito Café, Bolo Aniversário

Espumante

PREÇO DO ALMOÇO/FORMA DE PAGAMENTO:

Preço: 26,00 euros – Adultos

13,00 euros - Crianças entre os 5 e 9 anos

Forma de Pagamento: Inscrição e pagamento até 20 de Abril para:

Alfredo da Rocha Lopes
Rua da Agontinha, 120
Rio Tinto-Gondomar
4435-612 Baguim do Monte

Telef:224 896 398 / Telem: 917 633 249

NB: Pelas 19,00 Horas haverá uma merenda jantarada com grelhados, oferta/graciosa do nosso Capelão e de João José Castanheira (da CCav 2747) do Teixoso, para todos os Camaradas.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4187: Convívios (108): Pessoal dos Pelotões 953; 954; 955; 956 e 1.ª CCAÇ Africanos, em Azeitão, dia 2 de Maio de 2009 (António Bastos)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3926: Efemérides (17): Piche, 22 de Fevereiro de 1971 ou... Carnaval, nunca mais! (Helder Sousa)



Referência à Acção Mabecos, feita pelo Fernando de Sousa Henriques, ex-Alf Mil Op Esp, no seu livro No Ocaso da Guerra do Ultramar, obra em que retrata a história da sua Unidade, a CCAÇ 3545 / BCAÇ 3883, Canquelifá, 1972/74. Esta acção, em que tomou parte o BCAV 2922, em 22 de Fevereiro de 1971, é descrita como tendo sido de escolta e de segurança a forças de artilharia no trajecto Amedalai - Sagoiá - Rio Sagoiá - Rio Camongrou - Piche 4E545 - Rio Nhamprubana - Piche... As NT formavam 4 Agrupamentos, sendo o primeiro comandado pelo Major Mendes Paulo.




O Joaquim Andrade, ex-Fur Mil Trms, num dos convívios do pessoal da CCS / BCAV 2922, em 25 de Abril de 2009
Fotos: Hélder Sousa (2009). Direitos reservados

1. Mensagem do nosso camarada Hélder Sousa, ex-Fur Mil de Transmissões TSF ( Bissau e Piche, 1970/72):

Caros amigos

O texto que vos envio será um pouco longo, mas verão se tem interesse a sua publicação.
Estive a relê-lo e verifico que a minha preocupação em dar todos os pormenores possíveis faz com que fique extenso e talvez esse não seja o formato que mais resulte em blogues. Será mais apetecível o curto e sintético mas agora já está, e como deu trabalho fazê-lo e principalmente ir rebuscar na memória "apagada" essas imagens, sons e cheiros, não estou com coragem para alterações e depois também se perde a data.

Vou ter mais atenção e nas próximas colaborações serei mais comedido nas palavras.

Um abraço para todos, os amigos, os camaradas, os "camarigos" e até os "bernardos".
Não vai do "tamanho do Cumbijã" porque não o conheci e não sei a que "tamanho" é que o amigo Mário Fitas se refere. Se é ao comprimento, se à largura, se à profundidade. É que me parece que o Corubal é bem mais comprido que o Cumbijã...

Hélder Sousa



2. Efemérides (16) > CARNAVAL OU O MEU CONTACTO COM O PERIGO (*)
por Hélder Sousa

A história que quero partilhar convosco hoje não é propriamente o meu “baptismo de fogo”, pois apesar de não ter sido um “operacional”, como sabem, acontecia a muita boa gente na Guiné ser “contemplada” com a diversidade da oferta que generosamente era distribuída por todo o território (não seria certamente por capricho de alguém que toda a “província” era considerada T.O.).

(i) Chegado a Piche em Dezembro de 1970

Nessa perspectiva, e sem qualquer intuito de me aproximar sequer daquelas situações por que passaram todos os que fizeram patrulhas, emboscadas, assaltos, vigílias, em operações de rotina ou integrados em operações de maior envergadura, da tropa de quadrícula ou de operações especiais, também tive a sensação particular que se tem quando se é alvo de um ataque, quando se ouvem as “saídas” e se espera pelo rebentamento (que se quer longe), quando os segundos parecem minutos, quando a dúvida se instala de modo avassalador (já acabou? ainda não? haverá mais? estes sons agora são dos nossos?, etc.) e isto numa situação de absoluta dependência do valor, da coragem e de eficácia da resposta de outros (os “nossos”) pois, não sendo operacional, não tinha local distribuído a não ser tentar garantir que o rádio funcionaria com uma alternativa qualquer, em caso de “força maior”.

Também me integrei em “colunas” para fazer as estradas do leste (Nova Lamego a Piche, o sentido inverso, por Bafatá, Bambadinca, Xime, novamente ida e volta duas vezes), sempre dependente da sorte e da qualidade dos “operacionais”, pois nem sequer tinha arma distribuída. Essas “viagens”, principalmente entre Nova Lamego e Piche, eram sempre um mundo de apreensões, de dúvidas, de angústia, pelo desejo que acabassem depressa e bem.

Tendo chegado a Piche no início de Dezembro de 1970, salvo erro a 4 ou 5, tive a oportunidade de “saborear” flagelações ainda nesse mês de Dezembro, depois em Janeiro e Fevereiro, ataques com foguetões e morteiros, isto a Piche, em directo, e também ouvir um pouco mais ao longe um ataque a Cambor (em 6 de Janeiro de 71) e a Canquelifá (2 de Fevereiro).

Portanto, já tinha alguma vivência das consequências da vida no “mato”.

(ii) Piche, 22 de Fevereiro de 1971

O que quero então agora referir é uma outra situação, passada exactamente nesta mesma data, 22 de Fevereiro, mas em 1971, portanto há 38 anos e era também época de Carnaval. Nunca falei disto, a não ser com o meu filho mais velho, um dia destes faz pouco tempo.

Nessa ocasião tinham decidido as “altas esferas” desencadear uma forte operação de artilharia, com bombardeamento das zonas das alegadas bases do IN para lá da fronteira. Para isso concentrariam em Piche uma quantidade apreciável de “obus 14”, força essa que depois se deslocaria até sul de Piche, na margem do Corubal e fariam o seu festival de metralha. Seriam escoltados e com segurança pela CCAV 2749, salvo erro (do nosso “tertuliano” Luís Borrega, com quem também estive em Santarém), que era a Companhia pertencente ao BCVA 2922 que estava na sede do referido Batalhão, reforçada pela CART 3332 que nessa ocasião também estava em Piche, não me recordo se só com essa finalidade se por outros motivos operacionais, para além, é claro, do pessoal do PELREC Fox de Bafatá, que tinha um Destacamento em Piche. Tenho também a ideia que estavam por lá, ou passaram, pára-quedistas que teriam por finalidade tentar explorar as esperadas vantagens resultantes da tal operação de artilharia que iria ter lugar.

O principal problema, em minha opinião, é que alguém se deve ter esquecido de fazer uma “fita de tempos” para a preparação da operação, na CAOP ou lá onde fosse. Ou então as coisas correram mal e pronto!

É que os vários “obus 14” não chegaram a Piche, foram chegando..! Para além dos existentes em Piche, vieram peças de artilharia de Canquelifá, de Sare Uale, de Sare Banda, de outros locais e até de Pirada. A questão é que a meio da tarde da véspera da data da operação chegaram uns, ao fim da tarde outros, ao princípio da noite outros e até no dia seguinte, dia da operação, chegaram os de Pirada, se a memória não me atraiçoa, ou seja, não houve uma concertação dos meios para mais facilmente se obter o efeito surpresa.

O movimento de tropas era fora do normal e em número elevado, o tipo de equipamentos era não usual, daí que os elementos informadores do PAIGC tivessem podido suspeitar que algo, e de grande envergadura, estaria para acontecer e, convenhamos, dada a natureza dos equipamentos, não seria de estranhar que concluíssem tratar-se de uma operação de bombardeamento, restando-lhes adivinhar exactamente aonde, embora também não devessem ter muitas dúvidas a esse respeito.

(iii) A Acção Mabecos, sob o comando do Major Mendes Paulo

No livro que eu já referi de Fernando de Sousa Henriques (“No ocaso da guerra do ultramar”), pertencente a uma Companhia do Batalhão que foi render o BCAV 2922, onde o autor faz a história da sua “viagem” pela vida militar e da sua própria Unidade, há lá uma referência ao acontecimento que tenho estado a relatar. Essa referência à Acção “MABECOS” (não é a já várias vezes referida no Blogue “Op , Mabecos bravios”, essa é outra) cuja foto da página envio em anexo, dá conta, de forma resumida e com todo o aspecto de ser coligida do registo oficial das operações, do que se passou “na operação”, ou seja, no acto em si. Não refere os antecedentes nem os subsequentes.

No que podemos ler, sabe-se que as forças das NT foram comandadas pelo Major Mendes Paulo (à data oficial de operações do BCAV 2922, homem muito conceituado no seio da Arma de Cavalaria, da confiança do General Comandante-Chefe, falecido em 6 de Setembro de 2006 e autor dum livro intitulado “Elefante Dundum”), que o IN “composto por brancos e pretos sujeitou as NT a forte emboscada da qual resultou 3 mortos, 1 desaparecido (“apanhado à mão”), 2 feridos graves, 3 feridos ligeiros e a destruição de um Unimog e uma White”, sendo que é indicado terem sido infligidos ao IN 6 mortos e vários feridos.

A questão é que “antes” também ocorreram problemas. Com a situação que descrevi de estarem no mesmo aquartelamento muitos mais militares do que estavam normalmente e, tendo em conta que não houve um ritmo sequencial para as diferentes fases da operação (pela tal situação de “irem chegando” os meios), criaram-se alguns atritos entre as “altas esferas” no local, com uns a alegarem que as condições estavam deterioradas (pela falta do elemento surpresa, que já não o era) e outros a insistirem que a operação deveria avançar logo que estivessem todos os meios previstos.

(iv) Um grave acidente, no aquartelamento, provocando uma série de feridos graves

Esta situação, que para alguns foi presenciada “in loco” e para outros, onde eu me incluo, foi o de “ouvir dizer”, gerou um conjunto de ordens e contra ordens com o pessoal a ser mandado equipar para seguir para a operação, depois a ser mandado desequipar, novamente a equipar, novamente a aguardar, sem desequipar, numa caserna, que seria a da Companhia local e onde estava “a monte” todo o pessoal incluindo agora também a CART 3332.

É quando nessa situação há nova ordem para avançar que, dentro da caserna, alguém deixa cair qualquer coisa que deflagra, com um estrondo enorme, ouvem-se de imediato gritos e mais rebentamentos e mais gritos, coisas que deflagram por “simpatia”, balas que são disparadas, enfim, um inferno.

Imediatamente, alguns elementos que estavam fora da caserna, três ou quatro, entre os quais eu me inclui (tinha acabado de almoçar e estava na conversa no alpendre da messe de oficiais e sargentos, mesmo ao lado da caserna onde ocorreu o acidente), corremos e entrámos no local sinistrado para (sabia lá para quê!) retirar de lá os feridos que não conseguiam sair por si.

Recordo-me que ajudei a segurar pelas pernas um militar que parecia mal, estava a ser segurado pelos braços, salvo erro pelo Cap Pissarra, da CCAV 2749, arrastando-o para o exterior e lembro-me de ouvir silvos à volta da cabeça. Deixando-o o chão, no exterior, voltámos a ajudar outros a sair até que a coisa acalmou. Nessa ocasião, quando a tensão principal afrouxou, o cheiro a pólvora e a sangue, a poeira levantada no ar e com as mãos com um líquido viscoso, quente e avermelhado, deram-me volta ao estômago e acabei por vomitar o almoço na vala ali mesmo ao lado. Nessa altura tive vergonha dessa “fraqueza” mas hoje vivo bem com isso, afinal eu não tinha treino de “operacional”!

O resultado desse grave incidente foram vários feridos, tanto quanto me lembro 4 com gravidade, evacuados por meios aéreos que se pediram e utilizando também uma DO que estava na pista. Houve mais cerca de uma dezena de outros elementos que ficaram com ferimentos ligeiros, salvo erro todos da CART 3332 que, como se pode imaginar, ainda antes da operação já estava com a moral “bastante elevada”.

Foi no seguimento da confusão gerada, com as evacuações dos feridos e o reagrupamento das forças físicas e mentais para se iniciar a operação, que se constou que tinha sido pedido para que a DO destinada ao “Comando aéreo” fizesse um voo de reconhecimento mas, constou também, não posso confirmar, que isso foi negado. E constou ainda que foi sob protesto que o Major Mendes Paulo assentou dar o início à coluna. Já se sabe que a mesma foi fortemente emboscada (está no relato do livro do Fernando de S. Henriques) só que reconhecimentos posteriores confirmaram que não só aquele trilho por onde a coluna seguiu como também os outros dois possíveis estavam emboscados, através de sinais que puderam ser detectados. Quer dizer, se tivesse havido reconhecimento aéreo talvez tivesse sido possível evitar a emboscada.
(v) Um major que arranca os galões e que se tranca no quarto… até o Com-Chefe, dois dias depois, o demover

Da operação propriamente dita já se sabe o que consta dos registos mas se já falei do “antes”, houve também um “depois”.

É que no regresso, o Major Mendes Paulo de forma deliberada, ostensiva e quase até teatral, arrancou os seus galões e deitou-os num caixote que se encontrava à porta do seu quarto, recusando-se a sair de lá e a comer, até que alguém com responsabilidades superiores fosse lá falar com ele.

E não é que 2 dias depois o Comandante-Chefe, Sr. General A. Spínola (himself) apareceu por lá vindo do céu para conversar com o Sr. Major (e não só), acabando por “convencê-lo” a terminar a atitude de rebelião e a retomar as funções? Pois foi isso mesmo!

Entretanto, nesses dias que se seguiram ao regresso da operação, a força anímica da maioria do pessoal estava um tanto abalada, o que parece natural, com tudo o que se tinha passado. Os calmantes esgotaram-se e eu próprio cheguei a ajudar o Fur Enfermeiro Santana a dar “genéricos de ocasião” (ou seja, os “vallium” tinham-se acabado mas sempre havia aqueles comprimidos de sal que se colocavam na água e que para quem não estava no seu perfeito entendimento serviam mesmo de calmante). Foi desse modo que consegui que o meu amigo Fur Centeno (homem do Porto, familiar de um vulto da cultura portuense, e não só, Ivete Centeno, e pertencente aos elementos que operavam a artilharia de Piche) ficasse mais calmo pois, obviamente, o remédio que eu lhe estava a dar só podia ter esse efeito...

Tudo isto aconteceu enquanto em Portugal se brincava ao Carnaval. É claro que a festa em si não teve culpa, e até já nessa altura havia um escrito dum alegre poeta, que tinha estado em Angola, que dizia “… em Portugal, na mesma, isto é, a vida corre!”, a propósito da contradição sentida pela vida que se levava nas zonas de combate e a vivida no que se suporia ser a “retaguarda”.

Mas é claro que, para mim, brincar no Carnaval foi coisa que nunca mais me passou pela cabeça. Nem gosto, vá lá saber-se porquê!

Também não é menos verdade que, hoje em dia, friamente, se pode questionar da sanidade mental de quem se “atira” literalmente para uma zona de “inferno na terra” mas, sinceramente, naquelas ocasiões não se pensa, age-se e reage-se. Podia-se ficar paralisado, tolhido, acobardado, esconder na vala ou mesmo fugir para qualquer lado longe do problema mas não foi isso que fiz, o instinto de solidariedade que cultivava e ainda cultivo (malgré tout) foi mais forte que o instinto de sobrevivência e disso também não me envergonho. Simplesmente tive sorte, ou fui contemplado com a protecção divina.

Não será o mais apropriado para enquadrar na série “o meu baptismo de fogo”, mas pode servir.

Um abraço e bom Carnaval, para vocês!

Hélder Sousa
Fur Mil Transmissões TSF

PS - Em anexo remeto fotos já antes enviadas, mas para facilitar a vossa pesquisa, com a página 201 do livro “No ocaso da guerra do ultramar” de Fernando de Sousa Henriques em que se refere a Acção “Mabecos” bem como uma foto do Fur Mil Joaquim Andrade, das Transmissões da CART 3332 que também estava na parada na altura das deflagrações na caserna e que não chegou a ir na operação.
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Notas de L.G.:

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3922: Blogoterapia (92): A guerra nunca acaba para aqueles que se bateram em combate (Luís Borrega)

1. Mensagem de Luís Borrega, ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72, com data de 17 de Fevereiro de 2009:

Boa tarde

Parto mantenha com todos vós LG, VB e CV.

Ontem fui a Lisboa tratar de assuntos pessoais e como é costume fui com o meu camarada Ex-Fur Mil MA da CCav 2748/BCav 2922 (Companhia de Canquelifá), Luís Filipe da Encarnação, que me acompanhou sempre no Serviço Militar: Recruta e Especialidade, ambas em Santarém (e com Salgueiro Maia com a patente de Tenente e Comandante do meu Esquadrão), Curso de Minas e Armadilhas em Tancos, formação do BCav 2922 em Estremoz, depois em Companhias diferentes ele para Canquelifá e eu para Piche. Depos em 1972 indigitados para irmos para CIM de Bolama dar Minas e Armadilhas. Hoje reformados da mesma Instituição Bancária, aproveitamos para irmos almoçar com bastante frequência e todos os dias falamos ao telefone a comentar o que é publicado na Tabanca Grande.

Isto vem a propósito de toda as vezes que nos encontramos irmos ao Largo de S. Domingos falar com os guineenses. Eu aproveito e vou desenferrujar o meu fula, pergunto pelo pessoal de Cambor e de Piche. Ainda não tive a sorte de localizar nenhum. Já me disseram que ao fim de semana há muitos, destas tabancas, na Estação da CP na Damaia. Hei-de lá ir.

Tenho constatado que há muitos ex-Comandos Africanos, Milícias e todos eles guardam religiosamente os antigos papeis militares portugueses.

Alguns tem-me confidenciado que teria sido melhor Portugal ter continuado na Guiné. Tenho sido sempre bem recebido. Ontem tive um encontro gratificante com o irmão do meu amigo de Canquelifá (na altura furriel) Alferes Comando Aliu Sada Candé, condecorado com Cruz de Guerra, fuzilado após a independência em Bambadinca

Muitos conhecem as minhas referências de Cambor (Cherno Al Hadj Mamagari Djaló) e de Piche (Duarte Embaló, Comandante do Pel Mil e o meu guia predilecto Amejara).

Desculpem estes devaneios, mas nenhum dos combatentes, que teve a sorte de regressar do Ultramar, jamais foi e será o mesmo.

A Guerra nunca acaba para aqueles que se bateram em combate !!!


Alfa Bravo para vós.
Luis Borrega

OBS:-Negritos da responsabilidade do editor
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3880: Blogoterapia (91): Eu, Ranger, me confesso: todos iguais, todos diferentes (Paulo Salgado / Magalhães Ribeiro)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3798: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (3): Jungo, neuréjungo, ondo... / Braço, mão, dedo, ...



Continuação da publicação do Dicionário Fula/Português, organizado pelo nosso camarada Luís Borrega, ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922 (Piche, 1970/72).

III parte da lista de vocábulos em dialecto fula (e respectiva tradução em português) (*), recolhidos em resultado de conversas com o seu amigo Cherno Al Hadj Mamangari, que vivia em Cambor, a nordeste de Piche. Como já foi dito, o título Al Hadj é dado ao crente muçulmano, depois de regressar da sua peregrinação a Meca.

2. Comentário do nosso camarada José Colaço (ex-Sold de Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), publicado no poste P3786:

"Nafinda. Só tive uma lição de Fula/Português da qual enviei cópia do original P3598 (**). Estive a compará-la, pensava que estava pior. O meu prisioneiro professor portou-se como um homem grande. Passe a minha modéstia eu tenha requisitado todas as minhas capacidades para merecer a sua confiança. Nafinda, Nháluda ou Naquirda, conforme a hora o local em que o comentário seja lido. Um alfa bravo, Colaço" .

3. Sitografia:

Há uma tese de dissertação de mestrado sobre o idioma fula (também conhecido por peul, fulani, pulaar, fulbe, fulfulde...), que está disponível na Net, e cuja leitura se recomenda a quem quiser aprofundar os seus conhecimentos sobre este idioma que é falado na Guiné-Bissau, e noutras partes da África Ocidental, por um universo de falantes estimado entre 10 a 16 milhões de pessoas.

É um ficheiro em formato pdf, de 79 páginas. É um trabalho académico apresentado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Linguística, Departamento de Linguística, Português e Línguas Clássicas, Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília, 2007:

Título> Fonologia segmental preliminar da língua fula da Guiné-Bissau
Autor > Ricardo Washington de Sousa Moura
URL > http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2446

Resumo > "Esta dissertação tem por meta uma descrição inicial da fonologia da língua Fula da Guiné-Bissau. Primeiramente, descreve-se seu espaço geográfico, seu povo e sua família lingüística. Em seguida, aborda-se o foco central deste trabalho, que é a análise segmental fonológica desse idioma. Faz-se uma análise de seus sons vocálicos, consonantais e identificam-se os padrões silábicos existentes. A metodologia adotada para esta pesquisa foi por meio de um trabalho de campo com uma falante nativa do idioma, a qual pronunciou as palavras solicitadas para que fossem gravadas para posterior análise. Com isso, partiu-se para uma análise bibliográfica baseada, sobretudo, em COUTO (1994, 1995), SILVA (1999) e WEISS (1988), a fim de que os fatores fonológicos da língua fossem identificados e teorizados. A língua estudada apresenta um conjunto de sete vogais orais /a,e,",i,o,¿,u/ e cinco nasais /ã,~e,i,õ,u/. As consoantes somam 19 /p,b,t,d,k,g,?,?,f,s,z,?,½,h,ä,m,n,µ,l/ e há um par de semivogais /w/ e /j/. Os padrões silábicos são cinco, CV, CVC, VV, V e VC, ordenados conforme o grau de ocorrência".

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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes anteriores desta série:

24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3785: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (1): Nafinda, nháluda, naquirda... Bom dia, boa tarde, boa noite...

24 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3786: Dicionário fula / português (Luís Borrega) (2): Gô, Didi, Tati, Nai, Joi.../ Um, Dois, Três, Quatro, Cinco...

(**) Vd. poste de 11 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3598: O segredo de... (4): José Colaço: Carcereiro por uma noite

domingo, 4 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3699: Tabanca Grande (108): Luís Borrega, ex-Fur Mil Cav da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72



1. Mensagem de Luís Filipe de Magalhães Borrega, ex-Fur Mil Cav MA da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72, com data de 25 de Dezembro de 2008:

Caro amigo, após conversa com nosso camarada Mário Beja Santos, decidi escrever para o teu blog para me inscrever na tabanca grande, ai vai a minha apresentação:

Luís Filipe de Magalhães Borrega ( Luís Borrega )

Ex-Fur Mil Cav com o curso de Minas e Armadilhas, mobilizado para a Guiné pelo Regimento de Cavalaria 3 de Estremoz, integrando a CCAV 2749/BCAV 2922, colocado no sector L4, no leste da Guiné em Piche.

A minha Companhia tinha os destacamentos CAMBOR, Ponte de RIO CAIUM e mais tarde reocupamos o destacamento de BENTEM.
A nossa área de operações era Piche, Canquelifá e Buruntuma.

Aguardando noticias tuas...

Alfa Bravo!
Luis Borrega

2. Comentário de CV

Caro Luís Borrega, já devias estranhar o nosso silêncio. Acontece que a época natalícia é culpada de tudo. Alguma acumulação de correspondência de Boas-Festas, ausência de alguns dos editores, umas gripes à mistura e contactos mais estreitos com a família. Assim os assuntos do Blogue ficam um pouco descuidados.

Interessa sim que estou aqui a dar resposta ao teu mail, onde manifestas a tua vontadde de fazer parte desta família de ex-combatentes.

Já sabes que o preço para entrar na nossa Tabanca Grande é entregar duas fotos e contar uma história.

Parte do preço já pagaste, mandando as fotos, agora falta contares uma história, que poderá ser algo passado contigo. Como julgo não haver ninguém da tua Companhia na nossa Tabanca, ficas com a responsabilidade de a dar a conhecer à nossa Tertúlia.

Recebe desde já um abraço da parte dos editores e da tertúlia em geral.

Peço mais uma vez desculpa pela demora em dar resposta.

O teu camarada
Carlos Vinhal
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Nota de CV

Vd. último poste da série de 3 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3692: Tabanca Grande (107): José Carlos G. Ferreira, ex-1.º Cabo Caixeiro da CCS/BCAÇ 3832, Mansoa, 1971/73