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terça-feira, 29 de outubro de 2019

Guiné 61/74 - P20287: Agenda cultural (707): Curso “A Herança Judaica em Portugal” pela Universidade Lusófona: dias 9, 16, 23, e 30 de novembro, Livraria-Galeria Municipal Verney/ Col. Neves e Sousa, Oeiras


Guiné > c. 1954/55 > Carlos Schwarz da Silva, "Pepito" (Bissau, 1949-Lisboa, 2014), entºao  com "seis/sete anos",  e Clara Schwarz da Silva (Lisboa, 1915- Lisboa, 2018).

Foto do arquivo de João Schwarz da Silva, que vive em Paris, e que edita a página da Web, "Des Gens Intéressants". São três membros da mesma família que fazem parte da nossa Tabanca Grande e têm ascendência judaica, como muitos outros portugueses que ignoram completamente esse facto, a herança (genética) hebraica...

Fonte: Página "Des Gents Intéressants", de João Schwarz da Silva (2017) (com a devida vénia...)


1. Mensagem de Maria José Rijo, técnica superior da CM Oeiras:

Data: 29 out 2019 13:52



Assunto: Curso “A Herança Judaica em Portugal” pela Universidade Lusófona:

Sinopse:

Potenciada pela recente lei que permite aos descendentes dos sefarditas obter a nacionalidade portuguesa, a procura e reencontro com a memória e identidade judaica é hoje um forte ponto de interesse em Portugal. Verifica-se uma intensa dinâmica cultural em torno desta temática com a proliferação de museus e centros interpretativos.

Que lugar dão os portugueses a esse património quase desconhecido que hoje se começa a vislumbrar?

Este curso proporcionará uma abordagem aos aspetos mais importantes e significativos da cultura sefardita, neste reencontro fundamental com a nossa História.



Livraria-Galeria Municipal Verney/ Col. Neves e Sousa, Oeiras


9 Nov, sáb, 15h: Curso Lusófona (1ª sessão) – "A herança judaica em Portugal: A antiguidade da presença na Península Ibérica", por Paulo Mendes Pinto.

16 Nov, sáb, 15h: Curso Lusófona (2ª sessão) – "A herança judaica em Portugal: Sinagogas, Judiarias e Comunidades",  por António Caria Mendes.

23 Nov, sáb, 15h: Curso Lusófona (3ª sessão) – “A Inquisição no património mental”,  por Susana Bastos Mateus


30 Nov, sáb, 11h: Curso Lusófona (4ª sessão) – “As cosmopolitas comunidades da diáspora: Amesterdão e Nova Iorqu",  por Susana Bastos Mateus e Carla Vieira


Preço: 15€ (para todas as sessões)

Informações e inscrições: galeria.verney@cm-oeiras.pt;


Maria José Rijo

Técnica Superior
Livraria-Galeria Municipal Verney/ Col. Neves e Sousa
Divisão de Bibliotecas e Equipamentos Culturais
Câmara Municipal de Oeiras
Rua Cândido dos Reis, nº90-90 A
2780-211 Oeiras

Tel: 21 440 83 29/ Ext: 51505

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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20269: Agenda cultural (706): III Encontros Literários de Montemor-o-Novo, a levar a feito na Biblioteca Municipal Almeida Faria, entre os dias 24 e 27 de Outubro (José Brás)

terça-feira, 17 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18531: Agenda cultural (635): Convite para a inauguração da exposição "A Biblioteca de Samuel Schwarz, espelho de uma vida", amanhã, dia 18, 4ª feira, às 17h30, na Assembela da República (João Schwarz)


Cinquenta e cinco anos depois da nossa muito querida e saudosa amiga Clara Schwarz (1915-2016) ter chegado a um acordo com o Estado Português para a preservação e conservação da preciosa biblioteca do seu pai, Samuel Schwarz, Portugal homenageia a este homem, avô do Pepito e do João, que nos deixou um importante legado cultural.

Já o seu pai, Isucher Szwarc, nascido em Zgierz, na Polónia,  era detentor de uma um das  maiores bibliotecas  privada do país e a sua casa era o ponto de encontro de intelectuais de primeiro plano da Haskalá (movimento do iluminismo judaico, surgido na Alemanha no séc. XVIII).

Samuel veio para Portugal em 1914, e aqui prosseguiu os estudos sobre a história dos judeus portugueses, a par da sua atividade profissional como engenheiro de minas e homem de negócios. A biblioteca do pai, Isaque., foi pilhada   pelos nazis, desconhecendo-se o seu paradeiro.

A biblioteca do filho, Samuel  (e em especial a "biblioteca hebraica")  foi transferida para os arquivos históricos do Ministério das Finanças em 1953, em condições muito deficientes de transporte e depois de conservação, arquivo e salvaguarda. ...

Só em 1986 (!), a  biblioteca de Samuel Schwarz (ou que restava dela) foi finalmente parar a "boas mãos", a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa...  Foi preciso mais de meio século para, na casa da democracia, se dar a conhecer aos portugueses algumas das raridades da biblioteca de Samuel Schwarz (que em vida reuniu mais de 10 mil livros)...De qualquer modo, o ncleoo importante da biblioteca é chamada "biblioteca hebraica" (c. de mil livros e incunábulos).

Eu lá estarei amanhã para homenagear este homem, a quem se deve, entre muitas outras coisas, a descoberta da antiga sinagoga de Tomar (, edifício que ele próprio comprou, com dinheiro do seu bolso, e de que fez doação ao Estado Português), a par da descoberta da comunidade cripto-judaica de Belmonte. Nunca esquecerei o amor filial e a admiração intelectual que por ele tinha a sua filha Clara Schwarz. Esse trabalho de culto da memória tem sido continuado pelo seu filho João, irmão do Pepito. (LG)


1. Mensagem que nos foi enviada pelo nosso grã-tabanqueiro João Schwarz da Silva, hoje, às 11h38:

Caro Luís

Junto envio um convite para a exposição que terá lugar a partir de amanhã na Assembleia da Republica.

Abraços, João,


2.  Trata-se de um convite da Assembleia da República e da Faculdade de Ciências e Humanas (FCSH) da Universidade NOVA de Lisboa (UNL) para a inauguração da exposição "A Biblioteca de Samuel Schwarz, espelho de uma vida", no edifício da Assembleia da República, amanhã, 4ª feira, dia 18 de abril,  às 17h30 (no final da sessão plenária).

O engº Samuel Schwarz (Zgierz, Polónia, 1880 - Lisboa, 1953) tem meia dúzia de referências no nosso blogue. Foi pai da nossa grã-tabanqueira Clara Schwarz (Lisboa, 1915-Lisboa, 2016), e avô (materno) do Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (Bissau, 1949-Lisboa, 2014) e do João Schwarz da Silva, ambos membros da nossa Tabanca Grande, bem como bisavô (paterno) da nossa jovem amiga e grã-tabanqueira Catarina Schwarz que vive em Bissau.


3. Excerto da notícia relativa à à Biblioteca de Samuel Schwarz, que vai  ser exposta na Assembleia da República 

(...)  Samuel Schwarz juntou, ao longo de 73 anos de vida, uma extensa biblioteca, principalmente dedicada a temáticas judaicas. Depois de dezenas de anos no Arquivo Histórico do Ministério das Finanças, esta coleção está hoje a cargo da Biblioteca Mário Sottomayor Cardia, da NOVA FCSH. A partir de 18 de abril e até 22 de maio, fica em exposição na Assembleia da República.

Esta mostra biobibliográfica, que fará igualmente parte das comemorações do Parlamento de Portas Abertas, a 25 de abril, estará dividida em três núcleos: um dedicado ao percurso de vida de Samuel Schwarz, com vários objetos pessoais e fotografias, outro com uma seleção de livros da sua biblioteca pessoal (alguns bastante raros, do século XVI e seguintes) e o terceiro com obra do próprio.

Samuel Schwarz, com formação em engenharia de minas, naturalizou-se português em 1939 e distinguiu-se como investigador e historiador, tendo publicado obras de referência acerca da presença dos cripto-judeus, também chamados marranos, em Portugal. O seu trabalho foi fundamental no processo de desocultação dos cripto-judeus portugueses.

Chegou ao nosso país em 1914, para trabalhar na extração de volfrâmio. No entanto, ainda no início dos anos 20, iniciou uma atividade paralela como arqueólogo e etnógrafo, o que lhe permitiu identificar a sinagoga de Tomar, que adquiriu e ofereceu ao Estado português em 1939. Algumas das fotografias que o próprio tirou nessa época farão parte do primeiro núcleo da exposição no Parlamento português, em formato físico ou digital.

Será também exposta uma seleção do seu acervo bibliográfico, que constituirá o segundo núcleo da exposição. Marcel Paiva do Monte, da Divisão de Bibliotecas e Documentação da NOVA FCSH, refere uma biblioteca “de grande coerência”, cujas obras estão maioritariamente relacionadas “com o povo judeu, a sua história, religião, língua e cultura”.

Da sua carreira como investigador serão também expostos alguns exemplares das suas publicações, entre artigos, livros e ensaios, que constituirão o terceiro núcleo desta exposição. Estas obras estão presentes nas suas versões originais, datilografadas ou manuscritas, mas também em versões e edições mais recentes, atualmente disponíveis na Biblioteca Mário Sottomayor Cardia.

Esta exposição teve origem num projeto de estudo e preservação do fundo de Samuel Schwarz, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian com o apoio da Direcção-Geral do Livro dos Arquivos e das Bibliotecas.(...)

(Fonte: FCSH / UNL,  14 abr 2018. Adapt. , com a devida vénia)

4. Sobre a biblioteca de Samuel Schwarz, ver ainda aqui, no síto do seu neto, João Schwarz:

Des Gents Interessants > Samuel Schwarz >  La bibliothéque de Samuel Schwarz [2012, em francês]

Vd. também o artigo a “Les bibliothèques de Isucher et Samuel Schwarz” [, em formato pdf, 9 pp., em francês].


Página do nosso amigo e grã-tabanqueiro João Schwarz > Des Gens Intéressants > "Eis aqui um mundo de outrora e de gentes que tiveram uma vida interessante. O que vai de Odessa a Lisboa, passando por Lisboa, Paris, Rio de Janeiro, Dacar, Montreal, Tel-Avive. Bissau e Zgierz. Todos têm por único atributo comum fazer parte da mesma família e ter conhecido sob uma forma ou outra as agruras da gierra ou da perseguição". [tradução do francês, LG]

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Nota do editor:

sexta-feira, 30 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18471: Tabanca Grande (459): João Schwarz, novo grã-tabanqueiro, nº 768


João Schwarz da Silva, nosso novo grã-tabanqueiro, nº 768..
É o autor da página Des Gens Intéressants,
onde tem perpetuado as memórias de amigos e familiares.
Tem já uma dezena de referências no nosso blogue.


1. Mensagem do João Schwarz, com data de hoje, enviada às 09:29


Olá,  Luís. Aqui vai a fotografia.

Quanto à autoapresentação,  proponho um texto com pequenas recordações da Guiné. Não são duas ou três linhas mas são elementos de uma vida.

Nasci em Alcobaça em 1944, e fui para a Guiné pela primeira vez com 4 anos. Depois da morte do meu avô Samuel Schwarz em Lisboa [, em 1953,] voltei para Bissau onde frequentei o Colégio Liceu Honório Barreto até à minha vinda para a universidade, em Lisboa, em 1960. 

Éramos sete na turma a terminar o 7° ano do Liceu. Destes sete, três vieram para a Universidade em Lisboa. Os outros três desapareceram para o Senegal ou para a Guiné Conakri. Durante muitos anos o reitor do Liceu de Bissau era o Sr. Pequito que toda a gente chamava Sr. Periquito. 

Homem de muita idade, o Sr. Pequito não podia conceber que os rapazes tivessem um certo interesse pelas raparigas. Nos intervalos das aulas os rapazes do pavilhão de baixo iam ver as meninas do pavilhão de cima brincar. Um belo dia o Sr. Pequito viu que havia rapaziada a mais e mandou um berro que entrou para a história: "Saias para cima,  calças para baixo". Acho que não teve outra solução se não  a de demitir-se depois de uma tal bronca.

Com os meus pais [Clara Schwarz e Artur Augusto da Silva,]  visitei toda a Guiné numa época em que só havia 60 km de estrada alcatroada entre Bissau e Mansoa. Passávamos as férias do Natal e da Páscoa em Varela,  no hotel do Sr. Pireza. 

No Natal pendurávamos "neve artificial" nas casuarinas en frente do hotel. Havia um conjunto de casas que tinham sido construídas por varias instituições nas quais eram albergados os amigos deste ou daquele. Para evitar qualquer potencial conflito de interesses,  o meu pai comprou um terreno onde mandou construir uma casota de férias. Lembro-me de assistir ao desembarque, na praia de Varela, de centenas de tartarugas,  o que nos levava a fazer omeletes gigantescas de ovos de tartaruga com sabor a peixe. 

A partir de Varela íamos muitas vezes a Ziguinchor [, no Senegal,]  comprar "coisas modernas" tais como iogurtes. Em Varela lembro-me também de assistir à prospecção de petróleo por uma companhia americana que, quando se foram embora,  deixaram por todo o lado frigoríficos, barcos de fundo chato e material de transporte. O meu pai comprou um desses frigoríficos que era tão bom que só foi reformado em 2014, ou seja,  com 60 anos de serviço. O conceito de obsolescência programada não tinha ainda integrado o mundo industrial. 

Em 1958, com 14 anos, os meus pais decidiram mandar-me em visita à família no Canadá e nos Estados Unidos. Com um passaporte emitido em Bissau e um visto americano concedido em Dakar, lá parti em viagem. Chegado a Chicago, vindo de Montreal, a polícia decidiu entrevistar-me durante umas boas horas pois não sabiam onde era a Guiné.

No meu melhor inglês expliquei que a Guiné era em África e até pedi um mapa do mundo para melhor explicar a situação.Tanto olharam para aquele passaporte que perdi o avião para São Francisco. A polícia não fazia a minima ideia sobre a existência de um continente além do continente americano. 

Em 1968 fui de férias a Bissau onde tirei a carta de condução num dia. Lembro-me que tive que responder à pergunta "O que se faz quando a cancela do comboio esta baixada?". Várias vezes fomos a Dakar de carro com passagem por Bathurst [, hoje Banjul, capital da Gâmbia], uma verdadeira expedição tantos eram os percalços durante o percurso, com travessias em múltiplas jangadas.

Num dos regressos a Bissau, vindos de Dakar, demos boleia ao Amilcar Cabral.

Mais tarde em 1976, com o Luís Cabral como presidente, voltei à Guiné onde trabalhei durante seis meses como perito das Nações Unidas. Dava aulas de matemática ao pessoal do emissor de Nhacra, e fiz um plano para uma rede de rádio FM que cobria toda a Guiné.

Tempos formidáveis onde se concebia o futuro de ânimo leve. A exceção eram os momentos em que havia um problema de saúde. Entre os médicos russos e cubanos que lá estavam lembro-me que os únicos que tinham mesmo cara de ser médicos eram os Cubanos.

Um grande abraço

João


2. Comentário do editor LG:

O convite,  para o João ingressar na nossa Tabanca Grande, tem dois dias (*):

"Gostava que o João se sentasse à sombra do poilão da Tabanca Grande, no lugar nº 768... Não é um lugar físico, é penas simbólico... Somos já 767, entre vivos e mortos, os amigos e camaradas da Guiné, formalmente registados na nossa comunidade virtual...

"Como sabe, exercemos aqui o direito e o dever de memória... A Guiné é o nosso traço de união. O João é um construtor de pontes tal como o Carlos. E, se aceitar o nosso convite, passamos a tratar-nos por tu, à boa maneira romana, dá mais jeito... Só gostaria de ter,eventualmente, uma foto sua, atual, e duas linhas de autoapresentação.".

Obrigado, João, "quem bebeu a água do Geba", fica com o bichinho da Guiné, vacinado contra muitas doenças e sobretudo protegido contra alguns vícios dos filhos dos cavaleiros do apocalipse:  a estupidez, a intolerância, a arrogância, o racismo...

Obrigado, João, pela bem humorada e pessoalíssima apresentação à Tabanca Grande onde se reúnem amigos e camaradas da Guiné. Os camaradas tratam-se por tu, encurtando eventuais distâncias e facilitando a comunicação.  O João, filho da Clara e do Artur, mano do Pepito, está à vontade para me tratar por tu. Por mim, é uma honra acolhê-lo, a partir de agora, nesta comunidade que é mais do que virtual: a Tabanca Grande é a mãe de todas as tabancas, incluindo a Tabanca de São Martinho do Porto.. Pode ser que, com o João, a gente ainda volte lá em dia, em agosto, para homenagear os nossos grã-tabanqueiros, a Clara e o Pepito. (**)

Enfim, para os novos grã-tabanqueiros, costumamos sugerir a leitura, por alto, das 10 regras da política editorial do blogue...
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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 26 de março de  2018 > Guiné 61/74 - P18461: Tabanca Grande (458): António Joaquim Alves, natural da Malveira, Mafra, a viver no Carregado, Alenquer: ex-sold at cav, CCAV 8351, "Os Tigres de Cumbijã", destacado no COMBIS, Bissau, 1972/74... Senta-se à sombra do nosso poilão no lugar n.º 767

quarta-feira, 28 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18463: História de vida (44): O meu saudoso mano mais novo, Carlos Schwarz da Silva, "Pepito" (1949-2014) (João Schwarz da Silva) - Parte I


Lisboa > São Sebastião da Pedreira (ou S. Martinho do Porto?) > 1950 > Em primeiro plano, o Carlos, ainda bebé de meses,  mais os irmãos Henrique (Iko) e João.  Foto do amigo de família, António Lopes. (*)

Foto: © António Lopes (2009). Todos os direitos reservados.[Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Portugal >  Lisboa >  s/d > Anos 50 > Clara Schwarz com os filhos, da esquerda para a direita, João, Carlos (1949-2014) (**) e Iko [Henrique] , também já falecido recentemente. (**)

Foto: © João Schwarz da Silva (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné] 



Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente do Quelelé > 18 de março de 2014 > Homenagem da ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento ao Pepito > Homenagem ao Pepito, Carlos Augusto Schwarz da Silva (Bissau, 1949-Lisboa, 2014), por parte dos funcionários e parceiros da AD, bem como dos seus muitos amigos e admiradores. É no bairro do Quelelé que fica a sede da AD e a casa do Pepito e da Isabel bem como de outros amigos próximos (por ex., o Nelson Gomes).. Na foto, da esquerda para a direita, a filha mais velha, Cristina ("Pepas), a outra filha,  Catarina, a  viúva, Isabel Levy Ribeiro e o Henrique Schwarz da Silva, o irmão mais velho do Pepito.


Guiné-Bissau > Bissau > Quelelé > Campo polivalente do Quelelé > 18 de março de 2014 > Homenagem da ONGD AD - Acção para o Desenvolvimento ao Pepito > Em primeiro plano, o irmão, Henrique Schwarz  da Silva, o Ika (que vivia em Lisboa, enquanto o irmão João vivia e vive em Paris). O Ika, infelizmente, também já nos deixou o ano passado,

Fotos da AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau (2014).[Edição e legendagem; Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]  (***)


Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1 de Março de 2008 > Visita ao antigo aquartelamento e tabanca de Guileje, no âmbito do Seminário Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008) > Pepito, um dos fundadores e então director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau. Integrou a Tabanca Grande em finais de 2005. Era o único dos três irmãos que ficara a trabalhar em Bissau. Tinha apenas a nacionalidade guineense e vinha regularmente a Lisboa.

Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mensagem de Luís Graça, com data de 5 do corrente, enviada ao João Schwarz da Silva, que vive em Paris, e administra e edita a página Des Gens Intéressants [, em francês, Pessoas Interessantes ou Notáveis].

Só agora li o seu depoimento sobre o Carlos, na página, que tem vindo a construir com tanta ternura, cumplicidade, labor, rigor e saudade... 

E confesso que me emocionei... Conheço mal o João, passei a conhecê-lo um pouco melhor... E gostei de ler o seu escrito, as suas (in)confidências sobre a vossa relação de uma vida, com todos os pequenos grandes problemas que há em todas as famílias do mundo...

Eu tive o privilégio de ser amigo (infelizmente, da 23ª hora...) do seu mano e da sua mãe, dois seres humanos de eleição, daqueles que precisamos de ter e manter no olimpo dos deuses, porque são mais do que homens, menos do que deuses... Quero eu dizer: precisamos dos seus exemplos, das suas histórias de vida, as suas memórias... 

Conhecemo-nos em 2006, como sabe, e a Guiné foi o nosso traço de união... Tornámo-nos bons amigos, nós e as nossas famílias.

O Carlos tem mais amigos e admiradores no nosso blogue da Tabanca Grande... E eu gostaria de poder partilhar com eles (e com um público mais vasto: o nosso blogue tem cerca de um milhão de visualizações de página por ano) a "petite histoire de vida" do Carlos, contada pelo mano João. 

Como podemos fazê-lo ? Através de um simples link para a sua página ? Ou da reprodução de alguns excertos, ao meu critério ?

O João logo me dirá o que é mais confortável para si e para a memória da família que eu prezo acima de tudo.

Uma boa noite, um "alfabravo" (ABraço) do Luís.

2. Amável resposta do João Schwarz da Silva, com data de 6 do corrente:

Caro Luís,

Obrigado pelos comentários. Utilize como bem entender o conteúdo do meu site. Não tenho preferências nenhumas. Tudo que possa contribuir para manter a memória do Pipito será sempre bem-vindo.

Um grande abraço, João


3. Damos início à reprodução do texto do João Schwarz da Silva sobre o seu malogrado mano mais novo, membro da nossa Tabanca Grande, e que tem por título Carlos Schwarz (Pipito), que nos deixou há 4 anos atrás.

Revisão / Fixação de texto / Subtítulos / Fotos: LG (****)


O meu  saudoso mano mais novo, Carlos Schwarz da Silva, "Pepito" (1949-2014)  (João Schwarz da Silva) - Parte I


O nascimento do Carlos Schwarz da Silva 
 em 1 de dezembro de 1949


Não me lembro bem que horas eram, mas sei que foi no dia 1 de Dezembro de 1949, à noite pois tanto o Ica como eu estávamos a dormir, quando o nosso pai Artur, nos acordou para anunciar com muita satisfação o nascimento do novo irmão. Tinha eu nessa altura 5 anos feitos e o meu irmão Ica (Henrique) 8.

Perguntei como se chamava, Carlos disse o meu pai que nos deixou voltar a dormir. Vivíamos nessa altura numa casa alugada na actual rua Marien N’Gouabi [, em Bissau,] que tinha a particularidade de ter uma enorme varanda que partilhávamos com os nossos vizinhos Osório e Isilda Flamengo, os pais do Fananeca que viria a ser grande amigo do Carlos.

Da varanda da casa podíamos ver do outro lado da rua, um descampado com um enorme poilão. À esquerda desse descampado havia uma casa que devia estar alugada a uma associação de músicos que se reuniam regularmente, penso eu, aos sábados para tocar musica. Para nós era uma atracção enorme pois eles conseguiam fazer uma barulheira incrível com trombetas e saxofones.

Depois do nascimento do Carlos, ficamos em Bissau mais uns meses pois entretanto a nossa avó Agatha tinha morrido em Lisboa em Agosto de 1950.

Clara, a nossa mãe, que adorava o pai Samuel, quando da morte de Ágata, não quis deixar o pai sozinho e pensou que seria uma boa ideia mandar-me a mim e ao Ica para Lisboa onde o avô Samuel se encarregaria da nossa educação. O Carlos ficou a viver em Bissau por ser pequeno demais e só voltamos a viver juntos depois da morte de Samuel que teve lugar em Junho de 1953.

No entanto nas férias do verão de 1951, os nossos pais vieram até Lisboa. Enquanto eu andava na escola primária ali mesmo, ao lado, na qual fiz a segunda e terceira classe, o Ica entrou para o Liceu Camões onde foi até ao 2° ano do liceu (terminou o primeiro ciclo).

Lembro-me particularmente do meu pai trazer latas de chocolate Cadbury-Mackintosh que tinha quilos de bombons que infelizmente tínhamos que partilhar com a numerosa primalhada que aparecia em casa do meu avô.

Em Lisboa vivíamos no 118, 1°,  na Av António Augusto Aguiar em frente ao que é hoje o Corte Inglês. Era um apartamento enorme com um corredor todo à volta e com tantos quartos que alguns estavam sempre fechados. Havia também uma sala dedicada à biblioteca do meu avô na qual se entrava em silêncio.


Lisboa, c. 1920 > Clara Schwarz (1915-2016), com os pais, Samuel e Ágata. 
Foto: cortesia de João Schwarz

A origem do 'nick-name', Pepito 
[ou Pipito]

Depois da morte de Samuel, em princípios de Outubro de 1953, regressamos a Bissau no navio Ana Mafalda que tinha algumas cabines de passageiros. A viagem durava sete dias e passamos pela Madeira e por Cabo Verde. A chegada a Bissau, como não havia ainda uma ponte cais, o navio ancorava no meio do rio e os passageiros iam para terra num barco a motor. O Ica tinha entretanto ido para Montreal no Canadá onde passou um ano em casa do tio Oles e da tia Sónia.

De regresso a Bissau em 1953, fui para a escola primária que nessa altura estava mesmo atrás do tribunal e lá fiz a quarta classe. Numa carta que escrevi ao Ica em Fevereiro de 1954 queixava-me de não ter ninguém com quem brincar pois o Pepito só queria andar de triciclo. Lembro-me que nessa altura tínhamos uma empregada doméstica, a Vitoria (Toia), que levava o Carlos a passear até à ponte cais do Pidgiguiti. Passando um dia em frente do tribunal, tentei explicar ao Carlos que era ali que o nosso pai trabalhava

As únicas revistas de banda desenhada para jovens que se podiam comprar em Bissau eram o Mundo de Aventuras e o Cavaleiro Andante que apresentavam heróis como o Sitting Bull, o Beau Geste ou o capitão Hadock. Numa das múltiplas histórias contadas no Cavaleiro Andante aparecia um herói que se chamava Agapito. Não sei porque razão pensei em atribuir ao Carlos o nome de Agapito, o facto é que ele não conseguia dizer Agapito e dizia em vez Pipito. Ficou-lhe o nome para a vida inteira, pelo menos na Guiné.

Continuamos a viver na mesma casa com o Fananeca ao lado. O Pipito durante esse tempo mostrou-se sempre extremamente irrequieto, passando a vida a aparecer debaixo das cadeiras ou surgindo debaixo da mesa, a tal ponto que usávamos a expressão “lagartixa eléctrica” para nos referirmos a ele.

Frequência do liceu Honório Barreto 
e férias em Varela


Entrei para o primeiro ano do liceu, na altura colégio-liceu Honório Barreto, no Outono de 1954. Situado na praça do Império à direita do palácio do governador, era um liceu muito pequeno com um número muito reduzido de alunos, que mais tarde foi convertido em museu. Fiz neste edifício o primeiro ciclo.

Durante a minha estadia na Guiné, de Outubro 1953 ao verão de 1962, íamos todos os anos pelos menos na altura do Natal e na Páscoa até Varela, onde ficávamos hospedados no hotel do Sr. Pireza. Nos primeiros tempos a ida de Bissau para Varela era uma verdadeira expedição que levava quase 8 horas com a travessia de dois rios (e duas jangadas) e com múltiplos percalços no percurso (pontes de madeira sem traves, vacas a passear, jiboias a atravessar a estrada) passando por Mansoa, Bissorã, Barro, Ingoré, Sedengal, São Domingos , Susana e finalmente Varela.

Em Varela, o Pipito quando não íamos à praia, passava o tempo a jogar pingue-pongue com os amigos, e a brincar com o chimpanzé do Sr. Pireza que passeava em liberdade pelo restaurante no terraço a pique sobre o mar.

Ao fim de um certo tempo o meu pai decidiu mandar fazer uma casa que hoje é uma ruína.

A diferença de idades entre o Pipito e os irmãos mais velhos (8 anos e 5 anos) levou a que ele fosse sempre tratado pelos irmãos com uma certa condescendência. Aproveitávamos o facto de sermos mais velhos para lhe dar ordens, às vezes com atitudes muito despóticas. Uma vez em Bissau consegui levar o Pipito a tal extremidade de desespero que ele me atirou uma faca de cozinha que veio a voar até se espetar na porta que eu tive tempo de fechar.

Em Lisboa no apartamento da rua Augusto Gil, alugado pelos meus pais (Setembro 1961) em preparação da nossa vinda para a universidade, lembro-me de duas histórias que levavam o Pipito ao auge da revolta contra o despotismo. Uma delas fazia alusão ao facto de a certa altura o Pipito ter engordado mais do que seria de esperar. Deveria ter ele 11 ou 12 anos. O meu irmão Ica começava o gozo com um anúncio radiofónico da extracção da lotaria Santa Casa da Misericórdia. O Ica ia dando os números sorteados e eu respondia, 10 contos, 20 contos etc., e o Pipito começava a espumar. O anúncio dos números sorteados continuava até que finalmente saía o primeiro prémio. Nessa altura o locutor da Santa Casa gritava que nem um possesso “Saiu a Gorda” e o Pipito entrava em transe pois o Ica e eu começávamos a dançar à volta dele uivando “A Gorda”, “A Gorda”.

Mais tarde e não sei porque razão se não a de colocar o Pipito em transe, uma nova história foi inventada. Dizia o Ica num tom muito solene “O general saiu a dar o seu passeio matinal, selem o minhoca” . Nessa altura eu obrigava o Pipito a agachar-se para que o general pudesse montar a cavalo. O Ica exibia uma chibata fictícia para acelerar o processo e o Pipito perdia totalmente as estribeiras.

Talvez tenha sido por este motivos que o Pipito durante toda a vida deu provas de irritação quando confrontado com o abuso de poder. Manifestava uma aversão total em relação à arrogância de uns, ao despotismo de outros e à imbecilidade de muitos.  Neste último caso reagia contra, com um humor acérrimo herdado do pai,  o que penso deve ter contribuído para um certo número de inimizades.

No verão vínhamos quase sempre a Portugal e passávamos as férias em São Martinho do Porto, com toda a primalhada. No verão de 1958, fomos todos, em dois carros, até Bruxelas para ver a Exposição Universal. Quatro anos mais tarde fomos a Marrocos de carro,  passando por Algeciras, Ceuta Tetuão e Tânger.

(Continua)

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Nota do editor - Leituras adicionais: vd. página de João Schwarz:

(i) Sobre o avô materno Samuel Schwarz (Zgierz, Polónia, 1880 - Lisboa, 1953) > Des Gents Intéressants > Samuel Schwarz (em francês);

(ii) Sobre o avô paterno Artor Augusto da Silva (Nova Sintra, Ilha da Brava, Cabo Verde, 1912 . Bissau, 1983) > Des Gents Intéressants > Artur Augusto Silva

(iii) Vd. também, no nosso blogue, o texto autobiográfico do Pepito > 31 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3101: História de vida (13): Desistir é perder, recomeçar é vencer (Carlos Schwarz, 'Pepito', para os amigos)

(***) 27 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12904: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (35): Grande e sentida homenagem ao Pepito (1949-2014), no bairro do Quelelé, em Bissau, onde fica a sede da ONDG e a casa de família

(****) Último poste da série > 4 de dezembro de 2015 >  Guiné 63/74 - P15445: História de vida (43): Anda(va) meio mundo a enganar o outro... Ou o conto do vigário em que caiu a minha pobre mãe quando eu estava em Galomaro e lhe apareceu à porta de casa um falso camarada meu... (Juvenal Amado, autor de "A tropa vai fazer de ti um homem", Lisboa, Chiado, Editora, 2015, 308 pp.)

domingo, 14 de maio de 2017

Guiné 61/74 - P17353: In Memoriam (296): Clara Schwarz (1915-2016), a "mulher grande", foi homenageada pelas Rádios Sol Mansi e Voz de Klelé... As suas cinzas repousam finalmente ao lado do seu filho mais novo Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014) e do seu "cretcheu" Artur Augusto Silva (1912-1983) (Catarina Schwarz, neta)


Guiné-Bissau > Bissau > Rádio Sol Mansi > 10 de maio de 2017 > Da esquerda para a direita, Catarina Schwarz, Swaila Fonseca, declamadora de poesia, e Iano, autor  da iniciativa.


Guiné-Bissau > Bissau > Rádio Sol Mansi (RSM) > 10 de maio de 2017 >  Leonildo, locutor da RSM


Guiné-Bissau > Bissau >  Rádio Sol Mansi > 10 de maio de 2017 > Da esquerda para a direita, Leonildo, locutor da RSM,  Swaila, declamadora de poesia, e Iano, autor  da iniciativa.



Guiné-Bissau > Bissau > Rádio Sol Mansi > 10 de maio de 2017  > Estúdio Central, em Bissau, na av Combatentes da Liberdade da Pátria, Cúria de Bissau. Ver aqui o sítio oficial. O diretor da RSM é o padre Alberto Zamberletti. Criada em 2001,  e diz-se uma estação de "rádio escola ao serviço da paz":

"A Rádio Sol Mansi começou as emissões em Mansoa, no dia 14 de fevereiro de 2001, com um pequeno emissor de 250 Watts e uma área atingida de poucos quilómetros. A ideia surgiu do missionário católico italiano, Padre Davide Sciocco, que estava naquela cidade durante a guerra civil de 98-99. Vendo que as rádios foram uma 'arma' fundamental no conflito, e toda a população escutava 'religiosamente' os programas e convites a apoiar as diferentes partes, o seu pensamento foi: 'se a Rádio foi usada para favorecer a guerra, porque não fazer uma Rádio para favorecer a paz, a reconciliação e o desenvolvimento?' "-

1. Mensagens de Catarian Schwarz, com datas de 9 e  10 do corrente:

(i) Olá,  Luís, como estás ?

O programa sobre a minha avó [Clara Schwarz] (*)  terá lugar hoje e amanhã e no terceiro dia iremos depositar a urna junto do meu pai [Pepito] e avô [Artur Augusto Silva], no cemitério de Bissau. (...)


(ii) Terminamos agora o programa de rádio, na rádio Sol Mansi e na Voz de Klelé.

É sempre difícil avaliarmos o resultado, pois estando no estúdio, não temos nenhuma ideia de como está a correr. De qualquer maneira, recebemos imensas chamadas de ouvintes, de Catio, Bafatá, Bissau, Gabú, engraçado!

Assim que tiver a gravação do programa, eu digo qualquer coisa.

Aproveito para agradecer a todas as pessoas que gentilmente deram o seu contributo:

Abdulai Silá
António Delgado
António Estácio
Auzenda Cardoso
Eduardo Costa Dias
Ernst Schade
Fernando Flamengo
João Graça
Jorge Camilo Handem
José Teixeira
Luís Graça
Pedro Lopes Junior

Os poemas foram lidos pela Swaila Fonseca, que foi uma querida. O Iano,  dos "Fidalgos", teve esta bonita ideia que acabou de ser concretizada! (**)

Beijinhos

Catarina


PS - Nas fotos aparecem:

- Leonildo - locutor da RSM
- Iano - desencadeador da iniciativa
- Swaila - declamadora de poesia

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quinta-feira, 6 de abril de 2017

Guiné 61/74 - P17212: Homenagem a Clara Schwarz (1915-2016): gravações precisam-se para passarem na Rádio Voz de Klelé e eventuamente na Rádio Sol Mansi, em programas que deverão ir para o ar depois da Páscoa (Catarina Schwarz)


Uma das últimas fotos de Clara Schwarz (1915- 2016): uma (e)terna imagem de despedida para os seus filhos, netos, bisnetos e demais família e amigos... A foto é da Catarina Schwarz, a neta que nos últimos anos esteve mais próxima da avó paterna, afetiva e efetivamente, tendo-lhe dado inclusive a alegria de mais uma bisneta,

A Clara era carinhosamente conhecida no seio da família e dos amigos mais íntimos pelo "nickname" Calinhas. Para além dos amigos e admiradores, mais recentes, da Tabanca Grande, deixa muitos amigos também entre os antigos alunos e professores do Liceu Honório Barreto, em Bissau, de que foi cofundadora, com o marido, o jurista e escritor Artur Augusto Silva (1912-1983), e onde foi também professora de francês... 

Deixou uma marca indelével nos seus antigos alunos, alguns dos quais são membros da nossa Tabanca Grande (como, por exemplo, os camaradas António Estácio e o embaixador Manuel Amante da Rosa) ou ainda prestigiadas figuras da nossa vida intelectual e cultural como a escritora e investigador Maria Estela Guedes, que foi sua aluna de francês, "do 2º ao 7º ano" (*). Ou ainda de outras figuras como  João Ramiro Caldeira Firmino, o João Câmara, a engª agrónoma Xanda Monteiro, esposa do engº agr. Manuel Monteiro, amigos da Maria Alice Carneiro.  O nosso António Júlio Estácio tem esses contactos dos antigos alunos da professora de francês dra. Clara Schwarz.

Por sua vontade expressa, as suas cinzas vão ser depositadas junto do marido e do filho Pepito (1949-2014), em Bissau. A Catarina está a organizar um programa de homenagem nas rádios locais e pede a nossa colaboração.

Foto: Cortesia da Catarina Schwarz, Página no Facebook, disponível aqui,


I. Mensagem da nossa amiga Catarina Schwarz, filha do nosso saudoso amigo Pepito (1949-2014) e neta da mulher grande Clara Schwarz (1915-2016), que foi durante anos a "decana" da Tabanca Grande

Data: 31 de março de 2017 às 11:14

Assunto: Clara Schwarz

Olá.  Luís e Maria Alice,

Como estão? Espero que esteja tudo a correr bem convosco!

Nós andamos por Bissau... Um Bissau já bem diferente de há uns anos atrás. Novas caras, outras dinâmicas e outras crises políticas!

Escrevo-vos pelo seguinte: há 3 anos atrás, a minha avó Calinhas, Clara Schwarz, expressou a sua
vontade em ser enterrada na Guiné-Bissau, junto do marido [, Artur Augusto Silva,] e do meu pai.

Assim fizemos e neste momento, estamos a preparar um pequeno programa de rádio em sua homenagem, na Rádio Voz de Klelé e, em princípio,  na Rádio Sol Mansi.

Este programa irá decorrer durante 5 dias e incluirá:


1 - Um apresentação da biografia  da Calinhas;

2 - Pequenas passagens de uns apontamentos  que a Calinhas escreveu em "cadernos dos avós"

3 - Entrevistas presenciais com pessoas  que foram alunas de francês  [, no Liceu Honório Barreto, em Bissau,]  ou conheciam a Calinhas;

4 - Emissão de contributos gravados de amigos  e ex-alunos da Calinhas e que vivem fora da Guiné;

5 - Uma linha aberta para quem esteja interessado em participar com questões ou contributos,


Gostávamos muito que este programa fosse enriquecido com o vosso testemunho, amigos do meu pai, amigos da minha avó, que de uma forma ou de outra, sempre a acompanharam e de quem ela falava com regularidade e muita estima.

A ideia é gravar (via WhatsApp ou Skype) breves palavras sobre a Calinhas, ou uma história que viveram com ela (o vosso contributo seria enquadrado no ponto 4 do programa de rádio).

Caso tudo isto seja possível, teríamos de trocar contactos (WhatsApp ou Skype), para que depois eu possa descarregar as gravações e passá-las na rádio.

Por outro lado, se acharem mais conveniente (do que as gravações) podemos ler o poema que escreveste à minha avó, por ocasião dos seus 100 anos,  e passar a(s) música(s) que o João tocou para a Calinhas, em São Martinho do Porto.

Beijinhos e um bom fim-de-semana.
Catarina

II. Resposta do nosso editor Luís Graça:


Catarina: Que bom receber notícias tuas!... Acabamos, eu e a Alice, de chegar do sul de Marrocos onde fomos passar 12 dias de "férias"... Estive estes dias completamente desligado do blogue e da Net...

Fico feliz pela tua iniciativa de cumprir o desejo da tua avó... A "Tabanca Grande" quer desde já associar-se a homenagem que estás a preparar... Afinal, para além de amiga, ela foi durante anos a "decana" da Tabanca Grande... Pelo que, se mo permites, deixa-me dar a notícia no blogue e da nossa página do Facebook, de modo a que outros contributos de amigos e admiradores da tua avó possam aparecer...

Para já dispõe de todos os materiais (textos, fotos, vídeos...) que publicámos ao longo destes anos de convívio estreito com o teu pai, com a tua avó, contigo, a tua mãe e demais família...

O João está no sul de Itália, deve voltar no próximo fim de semana. Vou-lhe  pedir que grave de novo uma das músicas klezmer de que a tua avó tanto gostava (a começar pelo Bulgar de Odessa, cidade onde os teus avós, Samuel e Agatha, se casaram).

Diz-me qual é o teu "timing"... Posso também gravar um texto poético... E haverá, por certo, outros amigos, como o Zé Teixeira, que vão querer participar...

Vai dando notícias... Beijinhos para ti, para a tua menina e para a tua mãe.

Luís.
Xicoração da Alice.

PS - A Clara Schwarz entrou para a Tabanca Grande em 14/2/2010, no dia em que fez 95 anos (*). Foi a nossa "decana" até à data da sua morte, em 11 de dezembro de 2016. (**)

Na altura, escrevemos-lhe o seguinte: "A nossa singela prenda de aniversário, é pô-la aqui, debaixo do poilão da nossa Tabanca Grande, a falar com todos os amigos e camaradas da Guiné, a partilhar connosco as histórias de uma vida... A Clara, que atravessou o Séc. XX e continua a sorrir-nos e a surpreender-nos no Séc. XXI, passa ser a Mulher Grande da nossa Tabanca Grande, o novo membro, o 397º, da nossa tertúlia. (O seu nome figura, desde hoje, na nossa lista alfabética, na letra C)... E daqui a cinco anos, em 2015, vamos apagar-lhe a vela do centenário!... Combinado ?"...

E a verdade é que ela e nós cumprimos o prometido. Ela chegou, não aos 100, mas aos 101. Não quis festejar os 100 anos por estar ainda a fazer o luto da morte recente do seu filho Carlos Schwarz da Silva, o nosso Pepito. Mas não demos-lhe, como sempre, os parabéns (***). Tem 44 referências no nosso blogue. O seu nome continuará  a figurar, na Tabanca Grande, na coluna do lado esquerdo do nosso blogue, na lista dos 53  amigos e camaradas da Guiné que "da lei da morte já se foram libertando".

III. Nova mensagem da Catarina Schwarz, com data de anteontem: 

Olá, Luís, Maria Alice e João

Obrigada desde já pela vossa atenção!

Marrocos e Itália, parece-me muito bem! Será que as catástrofes naturais de Itália já acabaram? A nossa catástrofe chama-se José Mário Vaz, o presidente da república da Guiné... que diz que quer ser o melhor PR do país e só faz disparates!

Entretanto, estamos a apontar para depois da Páscoa, o início do programa de rádio.

Vou aproveitar então o poema e a música tocada pelo João que também está no blogue. A história da Joana também é engraçada! A minha avó ficou maravilhada e lembrava-se sempre desse episódio.

Os contributos da Tabanca Grande serão mais do que bem-vindos!

Temos de encontrar uma forma eficaz de fazer as gravações (o WhatsApp parece ser a forma mais simples).

Beijinhos a todos!
Catarina

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 14 de fevereiro de 2010 >  Guiné 63/74 - P5813: Parabéns a você (79): Clara Schwarz da Silva, 95 anos, uma grande senhora, viúva de Artur Augusto da Silva, mãe do nosso amigo Pepito, leitora do nosso blogue, novo membro da Tabanca Grande (Luís Graça)

(**) Vd. poste de:

11 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16825: In Memoriam (272): dra. Clara Schwarz da Silva (1915-2016), mãe dos nossos amigos Henrique, João e Pepito (1949-2014), cofundadora e professora do Liceu Honório Barreto, em Bissau, decana da Tabanca Grande. Dia 14, 4ª feira, haverá uma pequena cerimónia de despedida, no crematório de Barcarena, Oeiras 20 de dezembro de 2016 



(***) Vd. postes de:


14 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15744: Parabéns a você (1033): Senhora D. Clara Schwarz, Centenária Amiga Grã-Tabanqueira, Mãe do nosso falecido amigo Carlos Schwarz (Pepito), e decana da Tabanca Grande... Faz hoje 101 anos!

14 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14256: Homenagem da Tabanca Grande à nossa decana: a "mindjer grande" faz hoje 100 anos... Clara Schwarz da Silva, mãe do Pepito (8): Mensagens da Tertúlia

14 de fevereiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12715: Parabéns a você (691): Senhora Dona Clara Schwarz, Grã-Tabanqueira, mãe do nosso amigo Pepito, que a partir de hoje fica a um pequeno passo do seu centenário

14 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11094: Memória dos lugares (212): Ilha da Brava, Sotavento, Cabo Verde... Em homenagem a Clara Schwarz (n. 1915, Lisboa) e ao seu saudoso cretcheu Artur Augusto Silva (1912, Brava -1983, Bissau) (João Graça / Luís Graça)

14 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11093: Parabéns a você (535): Senhora Dona Clara Schwarz faz 98 anos!

14 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9484: Parabéns a você (216): 97° Aniversário de Clara Schwarz da Silva, mãe do nosso amigo Pepito, a nossa matriarca, a decana da nossa Tabanca Grande, a anfitriã da Tabanca de São Martinho do Porto

14 de fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7780: Parabéns a você (216): 96° Aniversário de Clara Schwarz da Silva, nascida a 14/2/1915, uma cidadã do mundo, co-fundadora e professora do Liceu Honório Barreto, em Bissau, cuja presença na Tabanca Grande muito nos honra... (Luís Graça, co-editores, amigos e antigos alunos)


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16856: (De)Caras (59): Na despedida de Clara Schwarz da Silva (1915-2016), a decana da Tabanca Grande: um adeus da família e amigos, e um trecho de música klezmer, por João Graça


Vídeo (1' 41'').- Alojado em You Tube > Luís Graça

São Martinho do Porto > "Casa do Cruzeiro" na estrada do Facho >  Almoço-convívio. 7 de Agosto de 2008.> Anfiriões  Clara Schwarz da Silva (1915-2016) e seu filho  Carlos Schwarz  da Silva, "Pepito" (1949-2014)...   Violinista: João Graça, executando um, "freylach".  Homenagem às raízes judaicas, polacas e russas, da anfitriã (que nasceu em Lisboa, em 1915)... Tratou-se de um trecho de música klzemer, a música tradicional dos judeus da Europa de leste, os asquenazes. Na imagem,  o Pepito aparece à esquerda, de pé, e a sua mãe, então com 93 anos, à direita, sentada.

Vídeo carregado no You Tube em 07/08/2008, com a devida autorização ao artista...que é membro da nossa Tabanca Grande desde pelo menos 2011 (, tendo, cerca de uma centena de referências no nosso blogue). É cofundador e membro, desde 2006, do grupo Melech Mechaya.

O João Graça,  que por razões profissionais não pôde despedir-se da sua amiga, por quem tinha grande estima e admiração, pede-nos para publicar este vídeo, mesmo antigo e gravado ao ar livre, em condições precárias,  como homenagem derradeira,  por sua parte, à dona Clara que, também ela cursara, como ele,   o Conservatório Nacional de Música de Lisboa e tocava violino, o seu instrumento preferido.  (LG)



Foto nº 1


Foto nº 1A> > Crematório de Barcarena, Oeiras > 14 de dezembro de 2016 > 15h32 > Funeral de Clara Schwarz (1915-2016) > O arco-íris e o seu forte simbolismo para os seres humanos: na foto nº 1, é difícil distinguir a sequência das 7  cores do espectro solar, mas aqui (foto nº 1A) pode identificar-se melhor ou pior o vermelho, o   laranja, o amarelo, o verde, o azul, o índigo (ou anil) e o violeta (ou roxo).

É um arco-íris de homenagem à nossa amiga e decana da Tabanca Grande, uma homenagem a um vida que atravessou dois séculos e que, por onde passou, deixou luz, amor, humor, felicidade, beleza, conhecimento, simpatia, tolerância, amizade...


Foto nº 2 > Crematório de Barcarena, Oeiras > 14 de dezembro de 2016 > Funeral de Clara Schwarz (1915-2016) > A urna, os cravos, a caixinha para as cinzas...Uma imagem que nos vem lembrar a nossa condição humana: "Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris" [Lembra-te, ó homem, que és pó e em pó te tornarás. Fonte: Antigo Testamento, Génesis, 3, 19].


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2016). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foi uma cerimómia singela: não éramos mais de meia centena, mas os familiares e amigos vieram de vários pontos, de Bissau, de Paris, de Lisboa (*)...

O João Schwarz da Silva foi o "mestre de cerimónias", discreto, comedido, num ambiente que ainda é estranho para muitos de nós, a antecmara do forno crematório (neste caso, o de Barcarena, Oeiras).

Por vontade expressa da nossa decana, Clara Schwarz, foi uma cerimónia simples, em cima da urna, vários ramos de cravos vermelhos (como a Clara gostava), além da caixa de madeira para guardar as cinzas... Houve depois quatro ou cinco intervenções de familiares e amigos, que quiseram tomar a palavra: 

(i) o filho João, e a seu lado, o Henrique; 

(ii) a neta Mariana (filha do João, que vive em Paris e que estava emocionadíssima, era também uma neta muito ligada à avó); 

(iii) uma afilhada da Clara, cujo nome não retive; 

(iv) o antigo primeiro ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, velho amigo do Pepito, conhecido por Cadogo Júnior (enquanto o pai, Carlos Domingos Gomes é conhecido como Cadogo Pai, e é nosso grã-tabanqueiro); no fim, o político e empresário guineense deu-me um cartão de visita, seu; 

e por fim (v) o editor do nosso blogue, amigo da família...

Alguém fez questão de passar, muito apropriadamente, dois trechos de música, sinfónica e klezmer, de que a Clara muito gostava... E no final depois batemos palmas... à nossa heroína (que ultrapassou a fasquia dos 100 anos),  à vida, à saudade, à amizade, ao amor, ao futuro (representado pelas novas gerações a quem compete pegar no "testemunho" dos que partem...)

A família, que não é numerosa, estava lá: os filhos João e Henrique, os netos (a Pepas, o Ivan, a Catarina, do lado do Pepito e da Isabel), a Marina e o Martin (?), do lado do João... Até a última bisneta, a Lara, com escassos meses, filha da Catarina... e a avó Isabel Levy Ribeiro (que regressa, coma a filha e a neta, a Bissau, no princípio de janeiro... porque "a vida continua"!)...

Do lado da Tabanca Grande, além de mim e da Alice, vi (e estive com) o Carlos Silva, o António Estácio, o Eduardo Costa Dias... Conheci mais algumas camaradas, nascidos ou crescidos na Guiné, e que foram alunos da prof Clara Schwarz, no liceu Honório Barrreto (um dos que fixei o nome tem por calcunha o "Manuel Balanta" e é hoje colega, na EDP,  do nosso colega Eduardo Magalhães Ribeiro) (**).

A prof Clara Schwarz tinha fama de disciplinadora e os alunos respeitavam-na e temiam-na, mas todos asseguram que foi graças a ela que aprenderam a dominar o francês. Todos me têm falado dela com saudade. Por ocasião do seu 100º aniversário, o nosso camarada Manuel Amante da Rosa, então  embaixador de Cabo Verde em Roma,  evocava-a nestes termos:

(...) "Cincoenta anos passados e ainda me lembro de como entrou pela primeira vez, altiva e austera, no nosso 1º ano B, com o Bonjour da ordem, pasta em cima da mesa, livro de ponto aberto e caderneta nova, com as nossas fotos, ainda por preencher nos recantos das notas e chamadas orais. Iniciar ela própria a chamada da praxe para nos ir identificando pelo primeiro nome, um sorriso e olhar maternal ocasional para os mais amedrontados dissiparem o respeito que nos incutia.

Não me lembro nunca de ter visto algum aluno a ser expulso das suas aulas ou levar falta de material. Ela teria o dom da disciplina sem ter que castigar. Uma admoestação verbal dela caía fundo porque era dada de frente para o aluno, olhando-lhe bem nos olhos. Muito preocupada sempre com aqueles que sabia serem os mais carenciados e carentes de locais para estudo. Poucos olhares se mantinham fixos nela quando por detrás das lentes procurava um de nós para as chamadas orais.

Durante quatro anos tive o privilégio de a ter como minha Professora de Francês e ao mesmo tempo educadora. Como eram os Professores antigamente. Fui expulso algumas vezes de outras aulas. Éramos irrequietos, jovens e sempre à procura de algo diferente mas nas classes da Clara Silva e mais um ou outro Professor imperava a atenção e a disciplina." (...)

Reencontrei o Rui Miranda e a esposa Isabel Miranda, que trabalham na AD, e que eu conheci em 2008, em Bissau... (Desejo ao Rui boa continuação do tratamento hospitalar a que está a ser sujeito e Lisboa!... Lembro-me do Pepito sempre o tratar, com graça, por "furriel Miranda", já que ele havia servido o... exército colonial!...Também ele foi aluno da prof Clara Schwarz).

Estranha coincidência ou não, foi o mesmo crematório, o de Barcarena, onde o nosso Pepito foi incinerado. N a altura, estranhei, eu e a Alice,  ninguém quer dizer uma palavar de despedida, antes da entrada da urna no forno crematório... Provavelmente a família não estava, ali, preparada para dar a palavra a quem que fosse... Aliás, a morte, repentina, do Pepito tinha-nos deixado a todos consternados e sem palavra... Fiquei agora a saber que as suas cinzas foram levadas para Bissau onde o pai, Artur Augusto Silva, morrera, em 1983 e onde fora sepultado.

Transmiti aos presentes, e nomeadamente à família Schwarz, os votos de pesar de toda a Tabanca Grande, pela morte da nossa decana, uma grande senhora que soube viver e morrer com toda a dignidade. E relembrei dois ou três (quadras populares) das que publicámos no nosso blogue por ocasião dos seus aniversários:

(...) Fazer anos, que maçada,
Já não tenho, p’ra isso, idade,
Mas estou-vos muito obrigada,
P'los votos… de eternidade!

Decana, eu ? Ah, pois sou,
Com muita honra e prazer!
E ao blogue ainda vou,
Mesmo sem poder escrever.

Nesta terra querida,
Tive mundo, e tive amor,
Não me posso queixar da vida,
Tive tudo, e também dor. (...)

(...) Há festa no Tabancal,
Os seus anos celebramos
De Lisboa ao Corubal,
Nossa decana saudamos.

Fez da vida maratona,
A nossa grã-tabanqueira,
Clara, senhora e dona,
É atleta de primeira.

É um mix de culturas
A nossa aniversariante,
Passou por muitas agruras,
Mas foi sempre adiante.

De polaco pai e russa mãe,
Tem alma rubra e verde,
Apaixonou-se também
Por um filho de Cabo Verde.

Artur foi o seu 'cretcheu',
Que lhe deu três belos filhos,
Pepito é o guinéu,
Sempre metido… em sarilhos!

Quem anda, tropeça e cai,
Parte braço, mas recomeça,
Mais vale dizer ai!,
Do que perder… a cabeça! (...)


 PS - Ah!, esqueci-me de mencionar a presença da na nossa querida e amiga tabanqueira Júlia Neto, a viúva do nosso saudoso capitão Zé Neto (1929-2007), que me deu notícias das filhas e dos netos...  Reencontrei-os na Tabanca de São Martinho do Porto, depois de os ter conhecido no funeral do pai e avô. Fiquei a saber que a Júlia é bisavó... Lembram-se da conversa, aqui, do Zé Neto, o capitão José Neto, o primeiro dos nossos grã-tabanqueiros a deixar-nos  ?

Na altura, em 2006, ele era o "patriarca" da nossa tertúlia (ainda não dizíamos Tabanca Grande...). Chegou ao nosso blogue com a seguinte mensagem, que eu adorei, porque vi logo que era um homem de palavra e com sentido de humor, um excelente camarada, para além de amigo do Pepito:

(...) "Meu caro Luis: depois de muito meditar cheguei à conclusão de que, pelo menos tu, mereces a minha confiança para partillhar contigo uma parte 'muito significativa' das memórias da minha vida militar. São trinta e três páginas retiradas (e ampliadas) das 265 que fui escrevendo ao correr da pena para responder a milhentas perguntas que o meu neto Afonso, um jovem de 17 anos, que pensava que o avô materno andou em África só 'a matar pretos' enquanto que o paterno, médico branco de Angola, matava leões sentado numa esplanada de Nova Lisboa (Huambo). Coisas de família" (...).

Pois é, o nosso Afonso é hoje um respeitável chefe de família e já deu à Júlia um bisneto... A nossa querida, Leonor, a mana do Afonso, por sua vez, tirou comunicação social, trabalhou na TVI, está agora fazer outras coisas e faz companhia à avó...

Uma bela família,  também... Gostei de rever a Júlia, mesmo que o sítio e a ocasião não fossem os mais adequados...A Júlia soube da notícia da morte da Clara através do Facebook da Tabanca Grande.

_______________

Notas do editor:

(*) Vd. postes de:

14 de dezenbro de 2016 > Guiné 63/74 - P16834: In Memoriam (273): Clara Schwarz da Silva (1915-2016): hoje, 4ª feira, dia 14 de dezembro de 2016, às 15h30, vamos despedir-nos, no crematório de Barcarena, Oeiras, da nossa querida amiga, a decana da Tabanca Grande

11 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16825: In Memoriam (272): dra. Clara Schwarz da Silva (1915-2016), mãe dos nossos amigos Henrique, João e Pepito (1949-2014), cofundadora e professora do Liceu Honório Barreto, em Bissau, decana da Tabanca Grande. Dia 14, 4ª feira, haverá uma 
pequena cerimónia de despedida, no crematório de Barcarena, Oeiras

(**) Último poste da série > 10 de dezembro de  2016 > Guiné 63/74 - P16820:(De)Caras (66): Fotos da sessão de lançamento, em Lisboa, no passado dia 6, do novo livro de Mário Beja Santos, "História(s) da Guiné-Bissau"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Guiné 63/74 - P16834: In Memoriam (273): Clara Schwarz da Silva (1915-2016): hoje, 4ª feira, dia 14 de dezembro de 2016, às 15h30, vamos despedir-nos, no crematório de Barcarena, Oeiras, da nossa querida amiga, a decana da Tabanca Grande


Uma das últimas fotos de Clara Schwarz (Lisboa, 1915- Paço d'Arcos, Oeiras, 2016):  uma (e)terna imagem de despedida para os seus filhos, netos, bisnetos e demais família e amigos... A foto é da Catarina Schwarz,  a neta que  nos últimos anos esteve mais próxima. da avó paterna, afetiva e efetivamente, tendo-lhe dado  inclusive a alegria de mais uma bisneta,

A Clara era carinhosamente conhecida no seio da família  e dos amigos mais íntimos pelo "nickname"  Calinhas.

Para além dos amigos e admiradores, mais recentes, da Tabanca Grande, deixa muitos amigos também entre os antigos alunos e professores  do Liceu Honório Barreto, em Bissau, de que foi cofundadora, com o marido, jurista e escritor, o dr. Artur Augusto Silva (1912-1983), e onde foi também professora de francês... Deixou uma marca indelével nos seus antigos alunos, alguns dos quais são membros da nossa Tabanca Grande (recordo-me de canaradas nossos como o  António Estácio e o Manuel Amante da Rosa).

(Cortesia da Catarina Schwarz,  Página no Facebook, disponível aqui),



Alcobaça > São Martinho do Porto > "Casa do Cruzeiro" > 13 de agosto de 2011 > Convívio da "Tabanca de São Martinho do Porto", sob a batuta do Pepito

 " Ela é uma pessoa linda, inteligente, sempre com um sorriso, sempre com vontade de se rir, mesmo quando as coisas estão mal. Tenho imenso orgulho de ter uma avó tão fantstica como a Calinhas! Obrigada por ter escrito isso tudo sobre ela [, no blogue]!"




Alcobaça > São Marinho do Porto > "Casa do Cruzeiro" > Convívio da Tabanca Grande > 13 de agosto de 2011 > A Clara com os filhos do Zé Teixeira. o Tiago (que é médico, especialista em doenças infectocontagiosas, e que já trabalhou na Guiné-Bissau como  voluntário). Ao longo destes anos, na Tabanca de São Martinho do Porto, a Clara conviveu também comn os filhos do nosso editor,Luís Graça, e com as filhas e os netos da Júlia Neto... Adorava falar com (e ouvir) os mais novos. E a sua jovialidade era contagiante, como se comprova pelo vídeo a seguir.



 

Alcobaça > São Martinho do Porto > "Casa do Cruzeiro" > Convívio da Tabanca Grande > 11 de agosto de 2012 > Divertidíssima, a Joana Graça tenta manter um diálogo em "russo", com a anfitriã, a amiga Clara, a quem já tinha "pregado a partida" dois anos antes, com a cumplicidade do Pepito...Não se viam desde então, mas a Clara reconheceu-a e divertiu-se imenso  com esta cena...tal como ficava muito sensibilizada quando o João Graça lhe tocava, no violino, temas da música klezmer. Clara era filha de pais de origem judia, pai polaco, e mãe russa, de Odessa..

Vídeo 1' 55'' > Alojado no You Tube  > Luís Graça (2012)



Alcobaça > São Marinho do Porto > "Casa do Cruzeiro" > Convívio da Tabanca Grande > 13 de agosto de 2011 > O José Eduardo Oliveira (JERO) mais a filha, fazendo a entrega,  aos anfitriões,   de um livro sobre São Martinho do Porto. Outros camaradas, que ocioso mencionar aquii de maneira exaustiva, também passaram pela Tabanca de São Martinho, tendo o privilégio de conhecer a "mulher grande", a grande senhora que era a Clara



Alcobaça > Martinho do Porto > Casa do Cruzeiro > 21 de Agosto de 2010 >  A Clara recebendo mais uma amiga, de origem guineense (se não erro)... Talvez uma antiga aluna,,,
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Alcobaça > São Martinho do Porto > Estrada do Facho > "Casa do Cruzeiro" > 7 de Agosto de 2008 > Casa de verão de Carla Schwarz da Silva, mãe do nosso amigo Carlos Schwarz (Pepito).  Mãe e filho tinham um relação de grande respeito, admiração, ternura e cumplicidade... Pepito escolheu a Guiné como paixão da sua vida. Uma vida intensa e solidária...A usura (física e mental) do trabalho levou-o à morte prematura...Foi um, duro golpe, em 2014,  para uma mãe à beira de celebrar o seu centenário natalício, no ano seguinte ... Foi uma mãe-coargem... Em 2016, foi a sua vez se juntar ao filho... Falando com ela ao telefone, eu ia sentindo, cada vez mais, que ela estava a desistir da vida... Achava que era um disparate continuar a fazer anos... Viveu e morreu com grande dignidade!...



Alcobaça > São Martinho do Porto > Estrada do Facho > "Casa do Cruzeiro" > 7 de Agosto de 2008 >  Uma vista fabulosa da baía de São Martinho do Porto, a partir da janela do quarto do Pepito e da Isabel.   A casa, cuja construção remonta ao ínício dos anos 30, é uma das mais antigas daquela fantástica estância de veraneio, pertencente ao concelho de Alcobaça. O pai do Pepito exerceu advocacia em Alcobaça e Porto de Mós,  antes de ir para a Guiné,  com a família no final dos anos 40 do século passado.



Fotos (e legendas) do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

1.  Lembrete: a família e os amigos da dra. Clara Schwarz (1915-2016) realizam  hoje, às 15h30   no crematório da Barcarena, Oeiras, uma pequena cerimónia de despedida. Todos os amigos e camaradas da Guiné que se queiaam associar,  serão bem vindos. Recorde-se que esta grande senhora foi também, até à hora da sua morte, aos 101 anos, a decana da nossa Tabanca Grande.  


A dona Clara Schwarz foi sempre tratada com grande carinho e admiração por todos nós (*). Durante anos lia inckusive o nosso blogue com regularidade.  Ficava sempre muito sensibilizada com os postes que publicámos sobre ela, em dia de aniversário (*), sobre o trabalho do sue seu filho Carlos na Guiné-Bissau e os nossos convívios em agosto, em São  Martinho do Porto (que remontam a 2008, por convite do seu filho),

Na sua casa de praia, realizámos pelo menos 3 convívios anuais, passando a "Casa do Cruzeiro" a ser mais uma extensão da Tabanca Grande, pelo menos por um daia.  O 1º convívio da Tabanca de São Martinho do Porto realizou-se em 2010. Houve mais duas edições, em 2011 e 2013. Em 2013 não se conseguiu arranjar uma  data conveniente e em 2014 deu-se, a 18 de fevereiro, a inesperada morte do Pepito, em Lisboa  (1949-2014).

Clara Schwarz tem mais de 40 referências no nosso blogue. Vamos sentir a sua falta (como sentimos  a falta do seu filho, Pepito) mnas continuaremos a honrar a sua memória. O seu nome passrá a figurar na coluna do lado esquerdo do nosso blogue na lista dos 51 amigos e camaradas da Guiné que "da lei da morte já se foram libertando". 

Metaforicamenmte falando, acreditamos que, lá do alto do nosso mágico e fraterno poilão, a nossa amiga Clara Schwarz vai continuar a inspirar-nos, a proteger-nos e a iluminar-nos pelo seu exemplo e história de vida.



2. Publicam.se a seguir as mensagens de alguns dos nossos camaradas e amigos deixadas na caixa de comentários do poste P16825  (**)




(i) António Carvalho


Aqui expresso o meu pesar pelo acontecimento, à família e amigos.

Carvalho de Mampatá


(ii) Jorge Picado

Envio os meus sentidos pêsames à sua família.

JPicado


(iii) Carlos Vinhal

As minhas homenagens a uma grande senhora que agora nos deixa.

Carlos Vinhal
Leça da Palmeira


(iv) Hélder Valério

Caros amigos Pelo avançar da idade a sua "partida" seria coisa expectável, mais ano menos ano.
Esse 'avançar na idade' também nos contempla..... Mas, na verdade, por muito que se pense nessa inevitabilidade, estamos sempre prontos a surpreender-nos com a chegada das 'más notícias'.

E lamentamos a perda. E lamentamos sinceramente.

O que o Luís, em seu nome e também em nome desta "Tabanca" escreveu e descreveu (e que subscrevo) sobre a Senhora Clara Schwarz da Silva é bem justo e demonstra bem como entre nós os afectos suplantam a rudeza que por vezes também aparece.

À família e amigos deixo aqui a minha homenagem a tão exemplar Senhora.

Hélder Sousa


(v) José Teixeira


A D.Clara que eu conheci quando já tinha 96 anos, foi para mim como que uma avó, com quem não nos cansamos de estar. A sua forma de acolher cativou-me e "prendeu" os meus filhos. Foi um prazer vê-los em amena cavaqueira numa bela tarde de Agosto em S. Martinho do Porto.Que presença e clareza de espírito! Que sorriso a envolver as suas palavras!

Era um prazer profundo estar com a D.Clara, conversar com a D. Clara.

Há dois anos viu partir o seu filho, meu bom e grande amigo. Agora foi a sua vez de partir. Sei que partiu em paz. Controlou a vida dela até ao fim e decidiu que tinha chegado a sua hora.

Descanse em paz minha boa amiga.

José Teixeira


(v) João José Alves Martins

Paz à sua alma e o nosso profundo pesar pela sua partida com a certeza de que, pelo muito que fez em prol dos outros, nomeadamente em terras da Guiné, se encontra em lugar de destaque ao lado dos que muito contribuiram para um Mundo Melhor com muito amor no serviço do próximo.

Terá sido, sem dúvida, um exemplo para todos nós. Bem haja e o nosso muito obrigado.

João Martins


(vi) José Eduardo Oliveira (JERO)

Sentido texto, que partilho da primeira à última palavras.

As minhas homenagens à grande senhora que tive o privilegio de conhecer na sua casa de São Martinho do Porto e que tantas ligações tinha à minha Alcobaça..Sentidas pêsames à família.


(vii) José Marcelino Martins 


Condolências à família, e num sentido lato a todos nós, que vemos desaparecer membros da Tabanca.


(viii) Manuel Augusto Reis

 Luis, conheci a D. Clara em S. Martinho do Porto. Não vou ter oportunidade de estar presente na cerimónia de despedida. No Blogue já exprimi os meus sentimentos aos familiares.A ela desejo-lhe que repouse em Paz, uma vez que em vida nem sempre teve a paz que merecia.

Um abraço.

(ix) Virgínio Briote

Belo texto, Luis!

V Briote

(x) Carlos Silva

É com pesar que tomo conhecimento do falecimento da Dra Clara que tive o prazer de a conhecer pessoalmente.

As minhas condolências a toda a família e que a Dra Clara repouse em paz

Um abraço de solidariedade
Carlos Silva


(xi) AD - Acção para o Desenvolcvimento, Bissau

O sítio da AD - Acção para o Desenvolvimento de que o nosso Pepito foi cofundador e seu diretor executivo até à data da sua morte, em 2014, deu a triste notícia, citando como fonte o nosso blogue:

http://www.adbissau.org/faleceu-este-fim-de-semana-em-lisboa-a-mae-do-pepito

Faleceu este fim de semana em Lisboa, a mãe do Pepito

Dez 12 2016

clara-da-silva 1915-2016 (foto)

Fonte: Luis Graça e Camaradas da Guiné


(xiii) Eduardo Costa Dias [, na  respetiva página do Facebook]

Clara Barbash Schwarz, 14 Fevereiro 1915 – 11 Dezembro 2016

A Doutora Clara Schwarz, mãe de velhos amigos, deixou-nos esta manhã.

A Doutora Clara, jurista de formação (FDUL), cofundadora e durante muitos anos professora no então Liceu Honório Barreto em Bissau, teve uma vida longa e recheada de "cruzamentos próximos" com grandes acontecimentos do mundo. O fim da Mitteleuropa dos seus antepassados, o holocausto, o nascimento de Israel, o 25 de Abril, a independência da Guiné.

Todas as homenagens lhe são merecidamente devidas, todas as suas grandes qualidades humanas e intelectuais devem ser enaltecidas e recordadas por todos quantos com ela privaram

Recordo, a grande cultura, a memória fantástica, a perspicácia das análises, a rectitude à prova de bala e a enorme perseverança. E a amizade

Curvo-me perante a sua memória. Envio os meus pêsames ao Henrique, ao João e a toda a família. Recordo o seu filho mais novo, o meu amigo Carlos Schwarz.

______________

Notas do editor:

(*) Vd. entre outros os postes de:



(...)

No dia dos namorados,
Temos um grande aniversário,
Noventa e nove, abençoados,
Falta um pró centenário!

Fez da vida maratona,
A nossa grã-tabanqueira,
Clara, senhora e dona,
É atleta de primeira.

É um mix de culturas
A nossa aniversariante,
Passou por muitas agruras,
Mas foi sempre adiante.

De polaco pai e russa mãe,
Tem alma rubra e verde,
Apaixonou-se também
Por um filho de Cabo Verde.

Artur foi o seu cretcheu,
Que lhe deu três belos filhos,
Pepito é o guinéu,
Sempre metido… em sarilhos!

Quem anda, tropeça e cai,
Parte braço, mas recomeça
Mais vale dizer ai!,
Do que perder… a cabeça!

Há festa no Tabancal,
Os seus anos celebramos
De Lisboa ao Corubal,
Nossa decana saudamos.

Luis Graça,
em nome de toda a Tabanca Grande
e dos seus bons irãs,
acocorados no alto do seu poilão,
mágico, fraterno e protetor. (...)


14 de fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5813: Parabéns a você (79): Clara Schwarz da Silva, 95 anos, uma grande senhora, viúva de Artur Augusto da Silva, mãe do nosso amigo Pepito, leitora do nosso blogue, novo membro da Tabanca Grande (Luís Graça)