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quinta-feira, 6 de junho de 2019

Guiné 61/74 - P19863: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (6): o inferno de Bissá: um homem apanhado à mão (Abel Rei, ex-1.º cabo at, CART 1661, Fá, Enxalé, Bissá, Porto Gole, 1967/68)




O autor, Abel Rei (ex-1º cabo at art, CART 1661, 1967/68, em Porto Gole, escrevendo o seu diário),  e a capa do livro,"Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 196/1968". [Prefácio do Ten Gen Júlio Faria de Oliveira. Edição de autor. 2002. 171 pp. Execução gráfica: Tipografia Lousanense, Lousã. 2002].


Fotos: © Abel Rei (2002). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem:: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Já tive ocasião, há dez anos atrás, de fazer uma extensa e detalhada recensão do livro do Abel Rei, "Entre o Paraíso e o Inferno: De Fá a Bissá: Memórias da Guiné, 196/1968". [Prefácio do Ten Gen Júlio Faria de Oliveira. Edição de autor. 2002. 171 pp. Execução gráfica: Tipografia Lousanense, Lousã. 2002].

Nessa altura, destaquei  "a honestidade intelectual do autor que recusou a tentação de, décadas depois, 'retocar', 'embelezar' ou 'rever' o seu diário, escrito entre 1 de fevereiro de 1967 e 19 de novembro de 1968 [cerca de 22 meses]. 

A única coisa que ele terá acrescentado, posteriormente, foram as notas de rodapé, com apontamentos (factuais) retirados da história da sua unidade, a CART 1661… Não tenho dúvidas de que o nosso ex-1º cabo Abel Rei deu um contributo importante, ao escrever e publicar o seu diário, para a compreensão socioantropológica do quotidiano dos militares portugueses durante a guerra colonial na Guiné (1963/74)…

E acrescentei, em jeito de síntese:

"É um documento singelo, escrito por um homem bom, recto e simples, dotado de talento literário mas com pouca literacia como a maior parte dos homens da sua/nossa geração (tinha, na época, apenas a 4ª classe), um homem nascido em 1945, de família operária, e que viveu num meio social, como a Marinha Grande, onde havia uma forte tradição de cultura operária, de autodidactismo, e de resistência ao poder político, típicos da aristocracia operária do Séc. XIX e princípios do Séc. XX.

"Deliberadamente ou não, o Abel nunca assume a condição de soldado que está ali, no 'Ultramar', como então se dizia, para defender a Pátria. Veja-se a imensa alegria com que ele, tal como todos nós, saúda a ‘peluda’… 

Percebe-se, ao longo da leitura do diário, que o moral das NT, nomeadamente no subsetor de Porto Gole, já era mau, que o PAIGC exercia um forte pressão a sul do Oio, que a situação militar parecia estar a degradadar-se no final do consulado do Schulz, sem que contudo se pudesse dizer que a guerra estava ganha para o PAIGC… Usando as próprias palavras do autor, “era uma guerra que se ia arrastando sem soluções à vista”, de um e do outro lado…

Verifica-se que na época da CART 1661 o destacamento de Bissá é um osso duro de roer para as NT, que é alvo de frequentes ataques e flagelações, mas a verdade é que o PAIGC nunca conseguiu desalojar as tropas da CART 1661 que o defenderam, reforçadas com um pelotão da polícia administrativa de Porto Gole. 


E não foi, no tempo do Spínola, abandonado, contrariamente ao que aconteceu a outros destacamentos e aquartelamentos, de que já aqui temos falado sobejamente: por exemplo, a Ponta do Inglês (no subsector do Xime), Beli (na região de Madina do Boé), a própria Madina do Boé, etc., etc. (para não falar já no sul, na região de Tombali, sendo o caso mais flagrante o de Gandembel)… Pelo menos em 1973 Bissá ainda existia e continuava a ser atacada pelo PAIGC (segundo testemunho do António Graça de Abreu, quando esteve no CAOP1, em Mansoa).

O Abel Rei (*) teve o mérito de pôr no mapa da guerra da Guiné o nome de Bissá, sobre o qual poucos de nós sabiam alguma coisa. Um camarada nosso que conheceu bem a região de Porto Gole, Bissá e Enxalé, o Henrique Matos, 1º comandante do Pel Caç Nat 52 (1966/68) já aqui veio reconhecer que a manutenção de Bissá foi um erro, possivelmente pelo elevado custo, em vidas humanas, que terá acarretado.


Ao celebrarmos os 15 anos de existência do nosso blogue (**), criação coletiva dos "bravos" da Guiné, faz sentido voltar a reproduzir aqui alguns excertos das memórias do Abel Rei, seguindo as minhas notas de leitura publicadas há 10 anos atrás (***).



Guiné > Carta de Fulacunda (1955) > Escala 1/50 mil > Pormenor: posição relativa de Porto Gole, Séè, Bissá e o rio Geba.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2019)


2. Um homem apanhado à mão

(...) Vemos de novo o Abel Rei a ocupar o cargo de cabo vagomeste, em substituição do responsável pelo depósito de géneros da companhia que está de férias na metrópole. Um pouco mais descontraído, o Abel dá azo à sua veia literária descrevendo um amanhecer na Guiné, num dos dias em que esteve de sentinela ao quartel… (25/4/1968, Porto Gole, pp. 143-143).(...)

No final do mês de maio de 1968, o Abel volta a “alinhar” como operacional, com o regresso, de férias, do cabo vagomestre.

Em Bissá, durante o mês de maio, o PAIGC continua a fazer “a vida negra” às NT… De acordo com a história da unidade:

(i) a 3 há um morto confirmado no ataque a Bissá; 

(ii) a 8, um grupo estimado em 100 elementos volta a atacar o destacamento, durante 1 hora, com armas ligeiras e pesadas, embora sem consequências para as NT, enquanto que o IN retira com “bastantes baixas” (inclusive teria sido ferido o comandante da base de Changalene, que ficava a nor-nordeste do Pelundo); 

(iii) a 14, novo ataque, sem consequências; 

(iv) a 29, um pequeno grupo de 12 elementos faz uma flagelação de 5 minutos a Bissá… (p. 146).

É uma das poucas vezes em que o Abel Rei se permite fazer um juízo sobre o curso da “guerra que se vai arrastando, sem soluções à vista – ora atacando, ora defendendo” (p. 146).

A 2 de junho de 1968, a CART 1661 recebe [, em Porto Gole,] a visita do novo Com-Chefe e Governador-Geral, brigadeiro António Spínola, que tinha acabado de chegar ao CTIG (p.151).

Nas vésperas, as NT tinha sofrido um desaparecido e 7 feridos. O PAIGC, por sua vez, teve uma baixa mortal importante, a do chefe de bigrupo (?) António Cambará (ou Camará ?), na sequência da Op Gato Pimpão (p. 150).

Na Op Gato Pimpão, a CART 1661 atuou conjuntamente com forças da CCAÇ 2315 (Mansoa, 17/1/68 – 4/12/69) e do Pel Caç Nat 54 (Porto Gole). Essa operação constou de batidas às matas a norte de Seé e Bissá. As NT foram divididas em dois agrupamentos. Um deles esteve debaixo de fogo durante 3h30 (!), quase ininterruptamente.

(...) O Abel Rei faz uma dramática descrição desta situação que ele viveu intensamente. Vale a pena citar alguns excertos, para termos uma ideia mais precisa do pesadelo em que se podia transformar um simples patrulhamento ofensivo, às portas de casa, bem como da ferocidade em que por vezes se transformavam os combates (Porto Gole, 1/6/1968, pp. 148-150):

(i) Acordado à uma da madrugada, o Abel partiu às 3…“O nosso destino era uma ligeira patrulha nas matas de Seé, a pouco mais de 10 km de percurso” (p. 148)…de

(ii) Tudo parece correr, dentro da ‘normalidade’, até às 6 da manhã, quando as NT são avistadas por uma sentinela avançada do PAIGC que dá o alarme;

(iii) À entrada de uma bolanha, “rodeada de uma mata espessa”, são emboscados pelos guerrilheiros (leia-se: “inimigos”); após tiroteio intenso, as NT são obrigadas a retroceder; há cinco feridos, entre eles o Capitão da CCAÇ 2315;

(iv) ”Depois avançamos ao longo da mata, com as forças inimigas bem instaladas e a fazer fogo constante sobre nós. Num momento de maior aflição era deixado o capitão e alguns homens nessa dita zona de morte” (p. 149).

(v) Nesse momento, o Abel estava “no meio da bolanha”, oferecendo um alvo fácil ao IN, ouvindo passar por cima de si “rajadas e roquetadas” e vendo os seus camaradas a ‘fugirem’ em direcção de Bissá…

(vi) “Gritei!... Pedi que recuassem!... E vi os turras correrem para os que estavam em perigo. Depois – disse um soldado de nome Pombinho, de quem eu trazia a arma – ‘os turras avançaram, mandando-lhe levantar as mãos e ordenando que se rendesse’. A resposta dele foi uma rajada com uma arma de um ferido, obrigando-os a fugir para o mato” (p. 149)… 


(Esta descrição é interessante, por duas razões: é reveladora da intenção dos guerrilheiros do PAIGC em fazer prisioneiros: interessava-lhes muito mais um tuga vivo na mão do que dois tugas mortos no chão; e, por outro, o comportamento do Pombinho tanto pode tipificar uma situação de heroísmo em combate, como pode ser sido ditado pelo desespero de um animal acossado pelo medo).

(vii) Há dois grupos de combate que recuperam e reagrupam os que ainda estavam na zona de fogo… 

“À frente, tudo corria para Bissá. Atrás ficavam duas armas: uma pesada MG e uma ligeira G3; e o pior de tudo, um homem da outra companhia, [a CCAÇ 2315, de Mansoa, ] era apanhado à mão pelo inimigo! (Mais tarde falou-nos de Conacri, via rádio, a informar-nos que se encontrava bem)” (p. 149).

(viii) No regresso a Bissá chegam dois bombardeiros  e um helicóptero que faz a evacuação do capitão [da CCAÇ 2315] e de mais dois feridos graves…

(ix) Com apoio aéreo, partem de Bissá às duas da tarde do dia 1 de junho
 de 1968, para enfrentar mais três horas, penosas, de caminhada a pé até Porto Gole…

(x) E o relato, dramático, deste dia termina assim: 

“Apesar de ter poucas esperanças em aguentar essas três horas de andamento, abalei disposto a cobri-las, pois trazia unicamente no pensamento o nome de Porto Gole! (…). Cansado e sem forças, fui o primeiro a chegar a Porto Gole” (p. 150)

Entre os feridos graves (e evacuados) da secção do Abel está o outro cabo, o 1º Cabo Arnaldo Victória Lopes… 

“Três dias passados após a fatídica ‘patrulha’, o meu corpo anda todo partido, e dificilmente me sai da cabeça o espectáculo daquele infernal tiroteio” (Porto Gole, 3/6/1968, p. 151).

A 4 de Junho o Abel jura ter avistado um “helicóptero dos turras” (sic), a cerca de 3 km de Porto Gole, em pleno Rio Geba, por volta das onze e meia da noite, quando ele estava em serviço de reforço… (pp. 151/152). 

Miragem, ilusão de óptica, pesadelo ?... Não seria o primeiro militar português a alegar ter visto aeronaves do PAIGC… À distância de 3 km, e à noite, é difícil reconhecer uma aeronave a não ser eventualmente pelo barulho dos motores…

Enquanto Bissá continua a ser flagelada pelo IN, obrigando a um tremendo esforço de reabastecimento do destacamento por parte de Porto Gole, a escrita do diário do Abel vai rareando, devido à “preguiça da caneta” (p. 155).


Numa coluna até Bissá, a 15 de junho de 1968, o Abel dá-se conta, novamente, da dramática situação em que se encontram as tropas locais:

“Pude averiguar que as tropas em Bissá estão sem comida e sem bebida. O seu alimento é à base de arroz miúdo comprado na tabanca, a água é escassa e salobra… Na breve conversa que pude ter com os mais responsáveis, foi-me pedido, a título de desespero (sic), o envio de cerveja assim que me fosse possível” (p. 53). 

A 12 e a 17 de junho [de 1968], Bissá é de novo flagelada…

A 20 o destacamento começa a ser reabastecido, com recurso a pessoal balanta, requisitado pela tropa (?), para transporte, a pé, à cabeça, dos géneros alimentícios e outros… O Grupo de Combate do Abel faz a segurança à coluna… 

“A bolanha está seca e, com o forte calor que faz, tanto nós como os nativos, quase rebentamos com a caminhada. A nós (…) coube-nos fazer o segundo dia de patrulha: ainda faltam mais dois para lá colocar tudo (?)… O júbilo em Bissá é enorme”, como é fácil de compreender (Porto Gole, 21/6/1968, p. 154). 

Não houve contacto com o IN, que se limitou a observar e vigiar as NT…
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Notas do editor:


(**) Último poste da série > 7 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19758: 15 anos a blogar, desde 23/4/2004 (5): quem se lembra do fur mil op esp / ranger Eusébio, da CCAÇ 3490 / BCAÇ 3872, Saltinho, 1972 /74 ?

terça-feira, 21 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19809: Convívios (895): Pessoal que passou pelo Enxalé, em 1965/67, reuniu-se na Ericeira, Mafra: CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54. Organizador, o "Mafra", Manuel Calhandra Leitão. Alguns vieram de longe, como o Henrique Matos (Olhão) ou o João Crisóstomo (Nova Iorque, EUA)


Mafra > Ericeira > Restaurante Onda Mar > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, Porto Gole e/ou Missirá, 1965/67 >   Da esquerda para a direita, dois homens da CCAÇ 1439: o ex-alf mil Sousa (V. N. Famalicão) e  o ex-fur mil Teixeira (Faro), mais o "Mafra" (Manuel Calhandra Leitão, também conhecido por "Ruço"), ex-1º cabo apontador do morteiro 81, Pel Mort 1028, o organizador do convívio.



Mafra > Ericeira > Restauarnte Onda Mar > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, Porto Gole e/ou Missirá, 1965/67 > O Henrique Matos, 1º comandante do Pel Caç Nat 52 (Enxalé, 1966/68). Veio de Olhão, onde vive há décadas, mas é açoriano da ilha de São Jorge. É um veterano da Tabanca Grande (desde 22 de junho de 2007, que se senta  à sombra do nosso poilão). Tem cerca de 70 referências no nosso blogue.  


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1012, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  A Maria Helena Carvalho, mais conhecida, carinhosamente, como a Lena do Enxalé, ou só Helena Carvalho, veio das Caldas da Rainha, com o marido, Alberto Carvalho. São dois amigos da Guiné  e membros da nossa Tabanca Grande, com cerca de duas dezenas de referências no nosso blogue. A Helena Carvalho era filha do falecido empresário Amadeu Abrantes Pereira, o Pereira do Enxalé, natural de Seia, proprietário de ums destilaria de cana de acúcar, no Enxalé. As instalações a a sua casa foram abandonados com o início da guerra, em 1962.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1012, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  O crachá da CCAÇ 1439, que veio de Nova Iorque no casaco do dono, o João Crisóstomo.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > A neta do Teixeira, que veio de Faro com os avós. O avô paterno era 2º srgt art, do BAC 1, morreu na região de Tombali, em 1973 ou 1974, vítima de mina A/C, segundo bem percebi...Mostrou-me um excerto do "Correio da Manhã"... Mas não fixei o apelido...



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À esquerda, o Arlindo Alves da Costa, ex-fur mil, DFA, do Pel Caç Nat 54, e à  direita, o  João Vaz,  que foi prisionerio de guerra,em Conacri, libertado no decurso da Op Mar Verde, em 22 de novembro de 1970, vai fazer 50 anos para o ano.( Era fur mil do Pel Caç Nat 52.) Por sua vez, o Pel Caç Nat 54 era comandado pelo alf mil Marchand. A ele pertencia também o nosso grã-tabanqueiro, o algarvio José António Viegas, ex-fur mil.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > Profissionalismo, simpatia, bom marisco, boa relação qualidade-preço: 25 euros pro pessoa. Escolha acertada do "Mafra", a quem demos os parabéns.


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > O topo da mesa, com o organizador à esquerda, o "Mafra", e à direita o Henrique Matos. Ao fundo, o João Vaz, que mora no Poceirão, Palmela.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > O ex-1º Cabo João Manuel Januário (DFA), com a esposa. O casal vive em Odivelas. O Januário é transmontano. Tive pena de não ter tido tempo para gravar, em vídeo, o seu "cancioneiro de Missirá", uma lengalenga poética com muitas expressões em crioulo. Deixou-me o nº de telemóvel. É um talentoso poeta popular.


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > Um camarada do Pel Mort 1028, era municiador do morteiro 81. Veio do Cartaxo (ou de Almeirim ?) com o sobrinho, ao lado.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > Mais um camarada e a sua esposa. Lamentavelmente não fixei os nomes...


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > O Álvaro Carvalho, que fez também a cobertura fotográfica do evento... E, como todos os fotrógrafos, raramente aparece nas fotografias...


Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > Um aspeto geral dos convivas, em sala reservada, e que não eram mais do que um quarteirão... 



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > O João Crisóstomo, ao centro, falando com a arqueólogaa Mila [Simões de ] Abreu, e o seu companheiro, também arqueólogo, de origem sul-africana. Trabalham, ambos na Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real. É uma amiga de longa data do João Crisóstomo, ambos participaram na campanha,  de1995, para salvar a arte ruprestre de Foz Coa. A Mila, especialista em arqueologia da chamada "pré-história", é uma mulher de causas, generosa, afetuosa e solidária... Como o João e a Vilma não podiam, desta vez, delsocar-se a Vila Real, foi ela e o seu companheiro que vieram à Ericeira para estar algumas horas com os seus amigos nova-iorquinos. Foi esta mulhar que há me disse, em Lisboa, na Sociedade de Geografia: "Portugal já devia ter condecorado este homem"... E eu acrescentei: "Já fez mais por Portugal do que muitos diplomatas de carreira"...Mas o Palácio de Belém conhece o seu nome, a sua pessoa e a sua obra como ativista social na diáspora lusitana...



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  A Mila, o João e a Vilma.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À direita, a Felismina, a "patroa" do "Mafra", que o ajudou a organizar o encontro, juntamente com os filhos (um rapaz e uma rapariga). À esquerda, a Alice Carneiro.



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À direita, o filho do "Mafra", o  Pedro Leitão, que é informático, dono da empresa Skytrails Lda, com sede em Torres Vedras. . À esquerda, o sobrinho do organizador. 



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 > À conversa, à saída da marisqueira, o "Mafra", a Alice e a Mila

Já lá fui a casa dele, o "Mafra", há uns meses atrás. E sobre ele escrevi: "É um grande camarada que está a precisar do nosso carinho e apoio, numa fase de doença que ele felizmente está a superar com grande dignidade, determinação, lucidez e coragem. Tem uma exploração agrícola de 3 heactares, onde faz sobretudo limões, os famosos limões da zona de Sobreiro-Achada, Mafra."... E tem uma bela família!... Todos se envolveram, discretamente, na organização deste evento. 



Mafra > Ericeira > Restaurante Marisqueira OndaMar by Furnas > 18 de maio de 2019 > Encontro do pessoal da CCAÇ 1439, Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54, que passou pelo Enxalé, 1965/67 >  O João Crisóstomo e o filho do "Mafra", o Pedro Leitão, que empresta "a caixa de correio eletrónico" ao pai... Também gostei muito de falar com ele e incentivei-o a gravar, em áudio e vídeo, as histórias de vida do pai, o nosso camarada "Mafra"... Obrigado, Manel Leitão, por me teres convidado, a mim e à Alice.


Fotos (e legendas): © Luís Graça (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].



1. Em cima do joelho, e enquanto a Alice conduzia o carro da Lourinhã até à Ericeira, tive a oportunidade de escrever cinco  quadras em louvor dos bravos do Enxalé... Foram ditas, no fim do almoço, homenageando os presentes e os ausentes, com destaque para o Jorge Rosales, o régulo da Tabanca da Linha, que nos deixou há poucos meses, e que também frequentava estes convívios do pessoal do Enxalé, do seu tempo:



Os bravos do Enxalé,
Gente boa e porreira,
P'ra relembrar a Guiné,
Vieram à Ericeira.

Da América veio o João,
Das Caldas, a Helena,
De Mafra, o Leitão,
Quem não veio, fica com pena.

Andámos por Missirá,
Geba abaixo, Geba acima,
De Bambadinca a Bafatá,
Nenhuma terra, a da prima.

A juventude deixámos,
Por matos, rios, bolanhas,
Se com vida regressámos,
Foi por mil artes e manhas.

P'ró Rosales, com saudade,
E outros que nos deixaram,
Vai o preito da amizade,
Todos aqui os honraram.


Luís Graça 
(CCAÇ 12, Bambadinca, jul 69/mar 71)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 15 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19790: Convívios (894): eao

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Guiné 61/74 - P19790: Convívios (894): CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67) , Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e Pel Caç Nat 54: próximo dia 18, sábado, na Ericeira. Organizador: Manuel Calhandra Leitão, o "Ruço", Achada, Mafra, ex-1º cabo apontador do morteiro 81 (telem 938 028 152)


Torres Vedras > A-dos-Cunhados > Paradas > 16 de setembro de 2018 > Dois camaradas da Guiné: no lado esquerdo, o régulo da Tabanca de Porto Dinheiro, Eduardo Jorge Ferreira; no lado direito, um camarada de Achada, Mafra que esteve com o João Crisóstomo, ex-al mil da CCAÇ 1439, no Enxalé, em 1965/67, o Manuel Calhandra Leitão; mais conhecido como o "Ruço" (, pertencia ao Pelotão de Morteiros, era 1º cabo apontador do morteiro 81, que julgamos ter sido o Pel Mort 1028, set-65 Fá Mandinga / nov-66 Bambadinca mai-67); um grande contador de histórias, a quem já convidei para integrar a Tabanca Grande; não se lembrava do nº do Pel Mort, que estava sediado em Bambadinca; falou-me de homens "lendários" como o Luís Zagallo e Abna Na Onça e de operações dramáticas a norte do Emxalé).

O Manuel Callhandra Leirãol, o "Ruço",  o organizador do encontro deste ano, na Eticeira, Mafra, da malta que esteve no Enxalé, entre 1965/67, incluindo o seu Pel Mort e a CCAÇ 1439...

Foto: © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].




Manuel Calhandra Leitão, o "Ruço" 
1. É já no sábado, dia 18, que se realiza o encontro da rapaziada da CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67), de maioria madeirense, e subunidades adidas (Pel Mort 1028, Pel Caç Nat 52 e 54, que passaram sobretudo pelo Enxalé e Missirá).

O encontro, a realizar numa marisqueira da Ericeira, está a ser organizado pelo Manuel Calhandra Leitão ("Ruço"), que vive na Achada, Mafra (Telem. 938 028 152). O preço do almço é de 25 "aéreos".

O "Ruço" foi 1º cabo, apontador de morteiro 81 do Pel Mort 1028 (, ele não se lembrava...). É mais um herói desconhecido da guerra da Guiné. Já lá fui a casa dele, há uns meses atrás. É um grande camarada que está a precisar do nosso carinho e apoio, numa fase de doença que ele felizmente está a superar com grande dignidade, determinação, lucidez e coragem. Tem uma exploração agrícola de 3 heactares, onde faz sobretudo limões, os famosos limões da zona de Sobreiro-Achada, Mafra.


O luso-americano João Crisóstomo e a eslovena Vilma [Nova Iorque, EUA, à direita] vêm de propósito de Nova Iorque para estarem no encontro (*).

A Lena do Enxalé (, Helena Carvalho,) e o seu marido, Álvaro Carvalho, das Caldas da Rainha, também estarão presentes. A "Lena do Enxalé" organizou,com o Henrique Matos,o encontro de 2015


O nosso editor, Luís Graça, também irá estar Presente este ano, no encontro da Ericeira, Mafra.

Ainda se aceitam, à ultima hora, inscrições. O Manuel  "Ruço" não prevê mais do que três dezenas de presenças. Infelizmente, diz-me ele, os "bravos" da CCAÇ 1439 estão a ficar pelo caminho (**). A maioria, madeirense, não pode deslocar-se ao continente. (***)

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Notas do editor:



(***) Último poste da série > 13 de maio de 2019 > Guiné 61/74 - P19782: Convívios (893): Almoço/Convívio do pessoal da CCAÇ 2796 (Gaviões de Gadamael) levado a efeito no passado dia 11 de Maio em Pedroso, Vila Nova de Gaia (Adolfo Cruz)

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18504: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (27): Visita de uma delegação do PAIGC a Missirá, em julho de 1974, no âmbito dos acordos de cessar-fogo - Parte I


Foto nº 9/10


Foto nº 9A/10


Foto nº 9 B/10


Foto nº 9 C/10


Foto nº 9 D/10


Foto nº 9 E/10


Foto nº 9 F/10

Guiné > Região de  Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Missirá > Pel Caç Nat 52 >  c. julho de 1974 > São 10 fotos para a história, são documentos históricos, estes... As NT "deixam-se fotografar" com uma delegação do PAIGC, que vem (sempre) armada,  em "visita de paz" ao destacamento e tabanca de Missirá, na sequência do processo de cessar-fogo e negociação da paz...

Na foto nº 9/10,  do Pel Caç Nat 52 só parecem estar 3 militares metropolitanos: o alf mil at inf Luís Mourato Oliveira e dois cabos... Em duas outras, aparece um furriel miliciano, cujo nome desconhecemos e que era de elevada estatura. Deve ter sido ele que tirou as fotos nº 9/10 e 8/10.


Foto nº 8/10


Foto nº 8A /10


Foto nº 8 B / 10

Guiné > Região de  Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > Missirá > Pel Caç Nat 52 >  c. julho de 1974 >  Da direita para a esquerda, (i) o Luís Mourato Oliveira, comandante do  Pel Caç Nat 52; (ii)  o comandante do PAIGC (ou, mais provavelmente,  comissário político: aparece noutra foto a falar à população local e aos militares do destacamento; traz pistola à cintura e usa botas);  e (iii) o porta-estandarte do PAIGC (que usa sapatilhas, vem desarmado e que aparenta um ar jovem e tímido, nunca olhando para o fotógrafo). O momento é de alguma formalidade, o que não impede o comandante português de pôr a mão no ombro do guerrilheiro do PAIGC, num gesto amistoso. Este, por sua, tem uma pose cerimonial, com a mão direita no cano da arma, com a  bandoleira no ombro,  e a mão esquerda na ilharga, junto ao coldre da pistola. Enfim, detalhes... (LG)


Fotos (e legendas): © Luís Mourato Oliveira (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].

1. Mais fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, nosso grã-tabanqueiro nº 730, que foi alf mil inf, de rendição individual, na açoriana CCAÇ 4740 (Cufar, 1973, até agosto) e, no resto da comissão, comandante do Pel Caç Nat 52 (Setor L1 , Bambadinca, Mato Cão e Missirá, 1973/74). (*)


Lisboeta, tem raízes na Lourinhã (Marteleira e Miragaia), pelo lado materno. Durante a sua comissão no CTIG foi sempre um apaixonado pela fotografia... Fotografou quase tudo... e neste caso algumas das últimas cenas da presença portuguesa no TO da Guiné.

São 10 fotos ("slides" digitalizados) da visita, a Missirá, de um grupo do PAIGC, menos que um bigrupo. Missirá era o destacamento mais a norte, no regulado do Cuor, do setor L1 (Bambadinca). Provavelmente estes homens do PAIGC pertenciam à base de Sara-Sarauol,  no Morés, a noroeste de Madina / Belel (aonde fui, com o Beja Santos, na sequência da Op Tigre Vadio, iniciada em 30 março de e terminada em 1 de abril 1970).

As fotos vieram, sem legendas, mas "falam por si". Em conversa, ao telefone,  com o Luís Mourato Oliveira, fiquei a saber o seguinte: 

(i) as fotos foram tiradas em Missirá, destacamento de que ele foi o último comandante [para a história, registe-se que o primeiro comandante do Pel Caç Nat 52, tendo estado também em Missirá,  foi o alf mil Henriques Matos (Bolama e Enxalé, 1966/68), nosso grã-tabanqueiro da primeira hora];

(ii) foi na altura do cessar-fogo e das primeiras visitas do PAIGC aos aquartelamentos e destacamentos das NT, mais provavelmente em julho de 1974; 

(iii) em agosto, o Pel Caç Nat 52, tal como todas as outras subunidades baseadas em em militares do recrutamento local (tal como a CCAÇ 12, por exemplo) foram dissolvidas; 

(iv) o Luís Mourato Oliveira não fez formalmente a entrega do destacamento de Missirá: foi pessoalmente, de viatura, com um 1º cabo condutor auto, até à base mais próxima do PAIGC, a norte (talvez Madina /Belel ou Sara-Sarauol...) assistir à cerimónia (simbólica) da "transferência de soberania" com o hastear da bandeira da nova república; 

(v) os tipos do PAIGC ficaram "chateados" de ele não vir acompanhado do pessoal do seu Pel Caç Nat 52 (que entretanto já tinha sido dissolvido). 

Recorde-se  com a Lei 7/74 de 26 de Julho,  Portugal encetava formalmente o processo de descolonização (**)  e a 26 de Agosto, após mais uma longa ronda negocial, Portugal e o PAIGC chegavam finalmente  a um acordo de paz em Argel, na presença do presidente argelino Houari Boumedienne: o Estado português comprometia-se a retirar as suas tropas do novo território até, no máximo, a  31 de outubro desse ano, reconhecia a independência da República da Guiné-Bissau (a partir de 10 de setembro de 1974) e confirmava o direito à independência de Cabo Verde, em termos a definir em negociações à parte (mas que ficava marcada para 12 de julho de 1975)..

Antes disso, e logo na sequência do 25 de Abril de 1974,  o PAIGC reuniu primeiro em Dacar (16 de maio) e depois em Londres (25 de maio) com as novas autoridades portuguesas, representadas por Mário Soares (Ministro dos Negócios Estrangeiros) e o ten-cor Almeida Bruno, delegado de Spínola. As conversações, com o Aristides Pereira, e sob mediação senegalesa,   não foram conclusivas, permitiram no entanto  chegar a um acordo de cessar-fogo (não "de jure" mas "de facto"), em 16 de maio. As negociações iriam prosseguir, mas  agora em Argel.


Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1  (Bambadinca) > Regulado do Cuor > Missirá > S/d  [ c. 1968/69] > 

"Um momento de Missirá: à esquerda. Madiu Colubali, baixo de corpo, grande de coragem. Grande conhecedor do Corão e da escrita marabu; à direita, o régulo Malã Soncó, em perfeito traje de  chefe mandinga - figura bíblica, bravura sem igual. Atrás, o pequeno monumento que os rebeldes destruíram e nós reconstruímos. Ao fundo, à esquerda, a mesquita. À direita, cubata destruída no ataque de  [6 de ] setembro [de 1968]. Tudo tão belo"... 

Foto (e legenda): Mário Beja Santos (2006).

2. Voltando à fotos nº 9/10 e 8/10:

O homem de branco deve ser o imã local, o "padre" lá da terra, Mané, como lhe chamava o Beja Santos (que comandou o Pel Caç Nat 52, entre 1968 e 1970)...

Parece haver ainda um alferes de 2ª linha (foto nº 9F /10), talvez o comandante de milícia de Finete, na segunda fila, de pé, na ponta direita (foto nº 9/10)...

Os soldados guineenses do Pel Caç Nat 52, maioritariamente fulas, não se terão querido misturar... com este "grupo do PAIGC", cujo chefe, vestido de cáqui castanho, deve ser o que está à esquerda do nosso camarada Luís Mourato. Inclino-me mais para a hipótese de ser o comissário político (foto nº 8/10).

 À esquerda do tipo do PAIGC há um militar, de camuflado, guineense, que deve ser do Pel Caç Nat 52 (Foto nº 9 D/10). E há um outro, em mangas de camisa, na primeira fila, na ponta direita (Foto nº 9 C/10). Além do "padre Mané" (o imã da mesquita de Missirá), há civis que tanto podem ser da tabanca de Missirá como "acompanhantes" do grupo do PAIGC, talvez "simpatizantes" ou "militantes". Ou simplesmente soldados do Pel Caç Nat 52, naquele dia de folga... Ou eventualmente até algum jornalista: por exemplo, quem será o tipo, de T-shirt azul, à direita do cmdt do Pel Caç Nat 52 ? (Foto nº 9 C / 10). (***)

(Continua)  
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 12 de março de 2018 > Guiné 61/74 - P18407: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, ago 73 /ago 74) (26): Os "animais, nossos amigos"...

(**) Portugal, Lei n.º 7/74 de 27 de Julho 

Tendo o Movimento das Forças Armadas, através da Junta de Salvação Nacional e dos seus representantes no Conselho de Estado, considerado conveniente esclarecer o alcance do n.º 8 do capítulo B do Programa do Movimento das Forças Armadas Portuguesas, cujo texto faz parte integrante da Lei n.º 3/74, de 14 de Maio;

Visto o disposto no n.º 1, 1.º, do artigo 13.º da Lei n.º 3/74, de 14 de Maio, o Conselho de Estado decreta e eu promulgo, para valer como lei constitucional, o seguinte:

ARTIGO 1.º

O princípio de que a solução das guerras no ultramar é política e não militar, consagrado no n.º 8, alínea a), do capítulo B do Programa do Movimento das Forças Armadas, implica, de acordo com a Carta das Nações Unidas, o reconhecimento por Portugal do direito dos povos à autodeterminação.

ARTIGO 2.º

O reconhecimento do direito à autodeterminação, com todas as suas consequências, inclui a aceitação da independência dos territórios ultramarinos e a derrogação da parte correspondente do artigo 1.º da Constituição Política de 1933.

ARTIGO 3.º

Compete ao Presidente da República, ouvidos a Junta de Salvação Nacional, o Conselho de Estado e o Governo Provisório, concluir os acordos relativos ao exercício do direito reconhecido nos artigos antecedentes.

Visto e aprovado em Conselho de Estado. Promulgado em 26 de Julho de 1974. Publique-se.

O Presidente da República, ANTÓNIO DE SPÍNOLA.

(***) Vd. postes anteriores com fotos do álbum do Luís Mourato Oliveira, respeitantaes ao setor L1, tiradas em lugares como Bambadinca, Mato Cão, Fá Mandinga  e Missirá:

9 de abril de 2017 > Guiné 61/74 - P17227: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (14); Uma horta em Missirá, no regulado do Cuor

11 de março de 2017 > Guiné 61/74 - P17126: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (13): Visita de cortesia a Fá Mandinga, onde ainda pairava o fantasma do famoso "alfero Cabral"...

22 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17073: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (12): Bambadinca (a "cova do lagarto", em mandinga) e algumas das suas gentes

21 de fevereiro de 2017 > Guiné 61/74 - P17068: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (11): Bambadinca, o porto fluvial, onde atracavam os heróicos e lendários "barcos turras"

23 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16981: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (10): 28 de outubro de 1973, dia de festa ecuménica, a festa do fim do Ramadão (Eid-ul-Fitr) no... Mato Cão

14 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16954: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (9): cenas do quotidiano do destacamento de Mato Cão

9 de janeiro de 2017 > Guiné 61/74 - P16936: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (8): o comandante do destacamento de Mato Cão "travestido" de... mandinga

23 de dezenmbro de 2016 > Guiné 63/74 - P16873: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (7): o destacamento de Mato Cão - Parte III: a construção da tabanca

12 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16828: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (6): o destacamento de Mato Cão - Parte II

7 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16808: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-alf mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (5): o destacamento de Mato Cão - Parte I

4 de dezembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16797: Álbum fotográfico de Luís Mourato Oliveira, ex-al mil, CCAÇ 4740 (Cufar, dez 72 / jul 73) e Pel Caç Nat 52 (Mato Cão e Missirá, jul 73 /ago 74) (4): A nosso Natal de 1973, onde não faltou nada, a não ser o cartão de boas festas dos nossos vizinhos de Madina / Belel

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Guiné 61/74 - P17740: Em busca de... (279): Arq. Luís Vassalo Rosa, ex-Cap Mil, CMDT da CART 1661 (Henrique Matos e João Crisóstomo)



1. Mensagem de Henrique Matos, (ex-Alf Mil, 1.º Comandante do Pel Caç Nat 52 Enxalé, 1966/68), com data de 10 de Agosto de 2017, dirigida ao Mário Beja Santos a propósito do Poste de 12 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17666: (In)citações (110): À procura de… Luís Vassalo Rosa, arquiteto e comandante da CART 1661 (Mário Beja Santos):

Meu caro Beja Santos,
Aqui vai a resposta ao teu pedido.

Estive pouco tempo com o Cap. Mil. Vassalo Rosa no Enxalé porque fui transferido para o Comando Chefe em Bissau. Penso que o [João]  Crisóstomo nem o conheceu. Tenho 3 fotografias que anexo, tiradas no campo de jogos do mesmo Enxalé durante uma evacuação mas por azar o Capitão em todas está de costas.

Talvez por eu ser o mais velho naquela tropa, descarregou comigo as suas mágoas. Casado e com filhos, arquitecto de profissão, sentia-se completamente desamparado. O Cap Mil Rosa era o oposto do Cap Mil Pires da antecessora CCaç 1439; este era um homem destemido no mato.

Com as alterações do Spinola,  a companhia [, a CART 1661,] mudou a base para Porto Gole, onde terminou a comissão. Não sei se ainda lá está o memorial da companhia. (anexo)

Vi-o em Lisboa de passagem em 1968, acho que tinha um carro Triumph verde Nunca fui aos encontros da CArt 1661 porque são sempre no Norte. Penso que este ano foi em Chaves, vê lá o esticão que era para mim.

O Abel Rei publicou um livrinho interessante com as peripécias desta companhia. (anexo)

Abraço,
Henrique





"Entre o Paraíso e o Inferno - (De Fá a Bissá) - Memórias da Guiné 1967/1968", de Abel de Jesus Carreira Rei

Porto Gole - Memorial que assinala a passagem ali da CART 1661
Foto: © Abel Rei (2002). Direitos reservados

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2. Sobre o mesmo assunto, mensagem de João Crisóstomo (ex-Alf Mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67):

Caro Beja,
Por mim não te posso adiantar nada sobre o Capitão Luís Vassalo Rosa. Talvez o Henrique Matos possa ajudar mais do que eu.
Estive algum tempo (duas vezes, um ou dois nesse de cada vez, “destacado" em Porto Gole (foi nos meus tempos lá, sob a minha orientação, que se fez com a ajuda do Cap/Régulo Amena na Onça a “descapinagem" e , assim mesmo muito por alto, a primeira “limpeza" do terreno para a futura pista de aterragem que só foi utilizada depois de eu já estar em Portugal); mas depois voltei a Enxalé meses antes do regresso a Portugal.
E a verdade é que depois de ter chegado a Portugal por muitos anos deixei de ter contactos com ninguém sobre assuntos da tropa e da Guiné. Estava a organizar a minha vida em Inglaterra, França, etc e o que eu queria era mesmo esquecer... nem quando me contactavam (vários anos seguidos) para me convidarem para eu receber uma medalha (Cruz de Guerra de 4.ª classe) eu respondia que não podia ir (a não ser que essa medalha fosse dada a todos os que faziam parte do grupo que eu comandava nesse momento; desses, na minha opinião, alguns mais do que eu mereciam essa medalha; e se assim fosse eu faria um esforço para ir a Portugal para a receber com eles. Mas a minha sugestão nunca mereceu uma resposta sequer e a medalha acabou por ficar por lá em qualquer gaveta…
Nem sabia sequer que havia encontros da CC1439 (como eles não tinham o meu endereço eu não recebia o convite; não sei se era enviado para a casa dos meus pais, que já velhinhos não teriam lembrança de me reenviarem esse correio!
O meu reatar com os meus colegas da CC 1439 deve-se a simples acaso: uma das minhas irmãs fez uma excursão qualquer na qual o Arantes também ia e ao falar com ele, que ia sentado ao lado dela, vieram a falar da Guiné… ; tempos depois o Capitão Pires falecia e o Arantes telefonou para Nova Iorque; mas eu não estava e vi a mensagem que me foi deixada escrita num pedaço de papel; mas só bastantes anos mais tarde tive oportunidade de ir a Portugal e reatar (em momentos de tremenda emoção que não esqueço) com alguns dos meus colegas da Guiné!; na altura ainda ninguém sabia do paradeiro do Zagalo nem do Lopes que viríamos a encontrar mais tarde.
Nem sei do nome do capitão que nos substituiu, nem da companhia… nada… estou a ficar velho...

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3. Nota do editor:

Sobre o Cap Mil Luís Vassalo Rosa, vd. também o Poste de 1 de Setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17720: (De) Caras (97): Luís Vassalo Rosa e Sousa Dias Figueiredo, ex-comandante da CART 1661 (Fá, Enxalé, Porto Gole, 1967/68), juntos pela primeira vez, 2010, em São Pedro de Moel (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Porto Gole e Ilha das Galinhas, 1966/68)
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de agosto de 7 de setembro de 2017 > Guiné 61/74 - P17739: Em busca de... (278): informação sobre uma senhora cabo-verdiana, Maria da Graça de Pina Monteiro, nascida em 1900, e que teve 3 filhas: (i) Ana Gracia Malaval, nascida em 1918, em Bafatá, de uma união com o sr. Edmond Malaval; e (ii) Judite e Linda Vieira, em Bissau, de uma outra união com um sr. português ou cabo-verdiano, de apelido Vieira (Ludmila A. Ferreira)