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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Guiné 63/74 - P10638: Agenda cultural (231): VISITAS GUIADAS Exp. Álbum de Memórias - Índia Portuguesa 1954.1962


1.  Recebemos o seguinte pedido de publicação enviado pela Sra. Maria Cecília Cameira (Sala de exposições Padrão dos Descobrimentos):

Exmos. Senhores, agradecemos a divulgação das visitas guiadas à exposição Álbum de Memórias Índia Portuguesa / Scrapook of Memories Portuguese India, 1954.1962, para o mês de Novembro.

Com os melhores cumprimentos,
Maria Cecília Cameira 


ÁLBUM DE MEMÓRIAS – ÍNDIA PORTUGUESA
SCRAPBOOK OF MEMORIES – PORTUGUESE INDIA
1954.1962

Padrão dos Descobrimentos
Visitas Guiadas – Novembro 2012

11 NOVEMBRO, 11.00PRISIONEIROS DA MEMÓRIA HISTÓRICA
PATRÍCIA OLIVEIRA – OP

11 NOVEMBRO, 15.30PRISIONEIROS NUM MUNDO EM MUDANÇA
BRUNO BERNARDES – OP

18 NOVEMBRO, 11.00PRISIONEIROS DAS POLÍTICAS DE ESTADO
TERESA FURTADO – OP

25 NOVEMBRO, 15.30PRISIONEIROS DAS CULTURAS CRUZADAS
ANA FILIPA GUARDIÃO – OP

As visitas deverão ser previamente marcadas e estão sujeitas a confirmação

Preço: 03.00€
Reduções: Professores; Estudantes; Membros da Associação Nacional dos Prisioneiros de Guerra; Membros do Observatório Político

Inscrições:
T. 213 031 950

Padrão dos Descobrimentos | Egeac, E.E.M.
Av. Brasília, 1400-038 Lisboa
Tel. 213 031 950 | Fax. 213 031 957

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Nota de MR:

Vd. último poste desta série em:

8 DE NOVEMBRO DE 2012 > Guiné 63/74 - P10636: Agenda cultural (230): Lançamento do livro "Sobreviventes", de Lúcia Gonçalves e Cristina Freitas, dia 15 de Novembro de 2012, no Auditório Prof. Alexandre Moreira - Hospital de Santo António, Porto

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10595: Agenda cultural (227): Lançamento do livro "Goa - O Preço da Identidade - Invasão 50 Anos Depois", de autoria do Prof. Doutor Valentino Viegas, dia 16 de Novembro de 2012, pelas 18h30 na Casa de Goa, em Lisboa (Maria Teresa Almeida)

1. Mensagem da nossa amiga Maria Teresa Almeida, da Liga dos Combatentes, com data de 29 de Outubro de 2012, com pedido de publicação do convite para a apresentação do livro "GOA - O Preço da Identidade - Invasão 50 Anos Depois", de autoria do Prof. Doutor Valentino Viegas:

Bom Dia Querido Combatente Sr. Carlos Vinhal
Espero que se encontre bem.
É mais um livro, que peço o favor de divulgar no Blog, um Livro de muito interesse, relativo à Invasão da Índia.

Junto envio o convite do Livro "GOA O PREÇO DA IDENTIDADE – INVASÃO 50 ANOS DEPOIS".

O Autor, é natural de Goa, é Combatente do Ultramar, em Angola, e condecorado com uma Cruz de Guerra.

Grata por mais este favor, envio o meu abraço, de imensa gratidão e estima
Maria Teresa Almeida


C O N V I T E

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 27 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10581: Agenda cultural (226): A banda musical portuguesa Melech Mechaya no 20º Festival Sete Sóis Sete Luas: seis concertos em quatro ilhas de Cabo Verde, 6-11 de novembro de 2012 (João Graça)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10486: Os Soldados não morrem, apenas tombam no campo de honra (2) (José Martins)

Todos fomos INFANTES: 
Infantes na Idade; 
Infantes no Esforço; 
Infantes no Combate; 
Infantes na Nobreza, 

Somos soldados mal-amados, não só depois de mortos, mas ainda em vida!

Monumento de homenagem AO VALOR DO INFANTE, em Mafra


Os que caíram pela Pátria!

Os soldados não morrem, apenas tombam no campo da honra!

Por José Martins

Terminada a invasão francesa e afastada que estava a possibilidade de nova investida estrangeira, a Família Real, acompanhada da Corte, continuava a sua estadia no Brasil, enquanto em Portugal o povo se interrogava sobre o seu destino: era uma “colónia” do Brasil e um “protectorado inglês”, já que cá quem “reinava”, em nome do monarca o oficial inglês, William Carr Beresford, depois 1.º Marquês de Campo Maior, acumulando o comando das forças do exército.

Em 1815 formou-se o "Supremo Conselho Regenerador de Portugal e do Algarve", integrando oficiais do exército e maçons, com o objectivo de “libertar Portugal do domínio inglês” e restaurar a salvação do país. Chefiados pelo General Gomes Freire de Andrade e Castro, foram denunciados em Maio de 1817, julgados e executados em 18 de Outubro. O General Gomes de Andrade no forte de São Julião da Barra e, os restantes, no Campo de Santana, hoje Campo Mártires da Pátria, em Lisboa.

Durante uma deslocação de Lord Beresford ao Brasil, onde foi solicitar ao monarca mais poderes, no regresso foi impedido de entrar no país. Em 24 de Agosto de 1820, reuniram-se no Campo de Santo Ovídio, no Porto, hoje Praça da República, grupos de militares que, depois de ouvirem missa e dar uma salva de artilharia como inicio do levantamento, reuniram-se na Câmara Municipal dando origem à “Junta Provisional do Governo Supremo do Reino”, constituída por representantes de militares, do clero, da nobreza, da magistratura, da universidade, do comercio e das várias províncias do norte, cujo objectivo primeiro era:
● O imediato retorno da Corte para Portugal, visto como forma de restaurar a dignidade da antiga Metrópole, deslocada para o Brasil; e
● A restauração da exclusividade de comércio com o Brasil.

No mês seguinte, a 15 de Setembro de 1820, um grupo de oficiais subalternos, apoiado pela burguesia e pelo povo, depõem os regentes e constituem um Governo Interino. A 28, os governos de Lisboa e Porto, unem-se numa única “Junta Provisional do Governo Supremo do Reino”, para organizarem a eleição de Cortes Constituintes. As Cortes reúnem-se em 30 de Janeiro de 1821, aprovando uma Constituição provisória e um Conselho de Regência, para governar em nome de Dom João VI.

O monarca deixa o Brasil em 26 de Abril e chega a Lisboa em 3 de Julho de 1821. O Brasil proclama a independência a 7 de Setembro de 1822 e no dia 23 desse mesmo mês, é jurada a Primeira Constituição Portuguesa.

D. João VI, quando regressou a Portugal, deixou como regente o seu filho D. Pedro, herdeiro da coroa portuguesa, que se tornou imperador de Brasil em 12 de Outubro de 1822. Entretanto o monarca, D. João, tinha nomeado a sua filha D. Isabel Maria de Bragança como regente do reino, na ausência do herdeiro e seu irmão.

Assim, à morte do monarca, a 10 de Março de 1826, D. Pedro IV assume a coroa portuguesa, mas dias depois abdica a favor da sua filha D. Maria da Glória, em 28 de Março de 1826, uma vez que, a constituição brasileira, lhe vedava a possibilidade de ser soberano de mais que um país. Para obviar a possibilidade de D. Miguel, seu irmão, reivindicar a coroa de Portugal, ficou assente que a sua filha casaria com o tio, tentando, assim, selar um armistício entre os partidos que, cada uma das figuras tutelava: liberais e absolutistas.

Independência ou Morte! do pintor paraibano Pedro Américo (óleo sobre tela, 1888) © Foto: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/40/Independence_of_Brazil_1888.jpg

A 23 de Junho de 1828, D. Miguel é proclamado Rei pelas Cortes Gerais do Reino. O novo monarca anula a Carta Constitucional e restabelece as antigas leis. O novo monarca é reconhecido pelo Vaticano, Espanha e Estados Unidos, enquanto as outras potências se mantêm na expectativa.

É exactamente nesse ano, de 1828, em que se comemoravam os 700 anos da Batalha de São Mamede, a primeira guerra civil portuguesa, que se inicia uma fase da nossa história, ligada à sucessão da coroa, que irá terminar numa nova guerra civil, que se prolongaria por quatro anos, envolvendo não só as ilhas atlânticas, mas estendendo-se, rapidamente, a todo o território nacional.

É perante este e outros acontecimentos que D. Pedro I, do Brasil, em 7 de Abril de 1831, abdica a favor do seu filho D. Pedro II, dirigindo-se para os Açores, onde irá formar exército para defender o direito ao trono de sua filha D. Maria. Nas ilhas dos Açores trava o Combate do Pico do Seleiro, ilha Terceira (4 de Outubro de 1828); a Batalha da Praia da Vitória, ilha Terceira (11 de Agosto de 1829); o Recontro da Ladeira do Gato, ilha de São Jorge (Abril de 1831) e o Combate da Ladeira da Velha, ilha de São Miguel (3 de Agosto de 1831).

Dos Açores parte para o norte do país, desembarcando na Praia dos Ladrões, rebaptizada como Praia da Memória, dando-se o Cerco do Porto (entre Julho 1832 - Agosto 1833), seguindo-se as Batalhas da Ponte Ferreira, freguesia de Campo, concelho de Valongo (23 de Julho de 1832); Batalha do Cabo de São Vicente (5 de Julho de 1833); a Batalha de Alcácer do Sal (2 de Novembro de 1833); a Batalha de Pernes (30 de Janeiro de 1834); de Almoster (18 de Fevereiro de 1834); de Sant’ana (24 de Abril de 1834) e da Asseiceira (16 de Maio de 1834).

A paz regressou ao reino com a assinatura da Convenção de Evoramonte em 26 de Maio de 1834, determinando o regresso ao trono da rainha D. Maria II, o exílio na Alemanha de D. Miguel e o fim da Guerra Civil Portuguesa.
Porém, esta guerra civil, marcaria o final de umas centenas de anos de nacionalidade, em que, no final de cada batalha, recolhidos que eram os corpos dos oficiais caídos em combate, ficavam os corpos dos soldados tombados no campo de batalha, aguardando não só serem “encontrados” pelos familiares, ou o habitual saque, especialmente aos estrangeiros, das populações próximas ou que se movimentavam atrás dos exércitos, mas que alguém lhes desse sepultura, que mais não era que uma vala comum aberta no local.

Esta guerra, a travada entre 1831 e 1834, foi a última em que este triste espectáculo aconteceu.
A partir desta altura, o campo de batalha mudou-se para África e Ásia, já que na América do Sul, o território brasileiro não era mais possessão portuguesa.

O estranho na situação de abandono dos corpos, tratando-se de corpos de militares, que mais não são do que “povo em armas em defesa da Mãe Pátria”, contrasta com a forma como, à época, as populações reagiram à lei, datada de 21 de Setembro de 1835 e assinada por Rodrigo da Fonseca Magalhães, que impunha a construção de cemitérios em campo aberto assim como a cobrança de taxas, e de tal forma “mexeu” com as populações que, uma dezena de anos depois de publicada, ainda não tinha sido implementada.

Um novo decreto, datado de 28 de Setembro de 1844, assinada por António da Costa Cabral, que vem reforçar a lei anterior de Rodrigo da Fonseca, reforçando não só a proibição do enterramento de defuntos nas igrejas, mas impondo o registo do óbito e a obtenção de licença sanitária para o depósito dos corpos nos cemitérios construídos a céu aberto, tendo de pagar despesas pelo funeral.

Revolta da Maria da Fonte 
© in A Ilustração v. II, pagina 71 

É daqui que resulta a Revolta da Maria da Fonte, iniciada em Fontarcada, uma freguesia da zona de Póvoa do Lanhoso, no Minho, e com forte participação feminina. O rompimento com uma tradição multissecular, só podia ser “obra do diabo”.

Os políticos não conseguem conter as crescentes manifestações populares, que já envolvem cartistas e setembristas, ou mesmo liberais e miguelistas, fazendo recuar aos problemas contemporâneos das Lutas Liberais, até que os militares passam à acção e se envolvem nas “contendas”.

Estes acontecimentos iniciam-se a 10 de Outubro de 1846 e, de golpe ou golpes, de revoltas, de intentonas, de alianças feitas e desfeitas, de convenções, de juntas governativas, tumultos e ameaças de intervenção estrangeira, falando-se, também, da abdicação da Rainha D. Maria II a favor de seu filho Pedro, futuro D. Pedro V, com a nomeação de um regente face à pouca idade do príncipe.

A Quádrupla Aliança assinada em 21 de Maio de 1847, formada pela Grã-Bretanha, Espanha e França e, logicamente por Portugal, vem sossegar os ânimos e, no cumprimento do articulado da mesma, a rainha D. Maria II, anuncia uma amnistia geral e promete cumprir com as condições do protocolo assinado.

Muitos nomes, de vários quadrantes políticos e militares, correm nas bocas de governantes ou governados, vindo tudo a acabar na Convenção de Gramido, assinada na Casa Branca do lugar de Gramido, em Valbom, Gondomar, em 19 de Junho de 1847, voltando a reinar no país a calma, pelo menos, aparente.

O apetite das potências europeias, dos finais de XIX, por África, alertou para a necessidade de Portugal rever a sua posição neste universo, já que o seu vasto império espalhado pelo mundo o tornava “mais pequeno” aos olhos das nações.

Mapa cor-de-rosa, apresentado por Portugal 
© Foto Google (DR) 

Por proposta de Portugal, tendo como país anfitrião a Alemanha e como organizador o Chanceler Otto von Bismark, é convocada a Conferência de Berlim, que decorre entre 19 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885, tendo representantes da Grã-Bretanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-Hungria, Império Otomano, além de Portugal e da Alemanha, que não tinha territórios em África.

Foi nesta conferência que a África foi retalhada, “redesenhada a régua e esquadro, fazendo tábua rasa da história, etnias e laços familiares do povo africano”. Os portugueses, que de certa forma se estabeleciam perto da costa, sem avançarem muito para o interior dos territórios, tinham alterado o seu procedimento e iniciaram o desbravamento do interior do continente africano, de tal forma que, aos fazerem o percurso “de Angola à Contra Costa (Moçambique)” e criando o célebre Mapa Cor-de-Rosa, puseram em causa planos acarinhados pela Inglaterra, que era a ligação por via férrea, sempre assente em território britânico, da cidade do Cabo, na África do Sul, ao Cairo, no Egipto, projecto de Cecil Rhodes.

Desta “nova atitude de Portugal” levou a que a Inglaterra, aliada de Portugal de longos anos que, em forma de memorando entregue, pelo Lord Salisbury em 11 de Janeiro de 1890, um “Ultimato” exigindo a retirada da força militar que se encontrava na zona situada ente Angola e Moçambique, comandada pelo Major Alexandre Alberto da Rocha de Serpa Pinto.

Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa 
© Foto José Martins 

É a partir destes acontecimentos que se iniciam as Campanhas de Ocupação ou Pacificação, em África, que levou à mobilização de muitos militares para fazerem parte do Exército Colonial, já que existia um exercito colonial e um exército metropolitano, dependentes do Ministério das Colónias, o primeiro, e do Ministério da Guerra, o segundo. Muitas foram as expedições enviadas para as possessões, a fim de submeterem à soberania portuguesa as populações revoltadas, e que se prolongaram para além do final da Grande Guerra.

Os militares que tombavam em África, já tido como dado adquirido, ficariam sepultados lá, nos cemitérios das povoações próximas, cuja manutenção era atribuída às unidades que lá se encontravam.

Quando a Alemanha declarou guerra a Portugal, em 6 de Março de 1916, já há bastante tempo que as tropas portuguesas se batiam contra os alemães em África: a Sul de Angola, onde ficava a África Ocidental Alemã; e a Norte de Moçambique, separada da África Oriental Alemã pelo Rio Rovuma.

Porém, era no teatro de guerra na Europa, que os governantes deste país, eleitos nos escrutínios que se seguiram à Implantação da República de 5 de Outubro de 1910, pretendiam entrar. Várias razões eram invocadas, para tal: a já várias vezes citada Aliança com a Inglaterra; a vontade de aparecer, ao lado das potências europeias, na assinatura de rendição da Alemanha; o manter as suas possessões de além-mar, já de si ambicionadas, por acordos secretos entre a Inglaterra e a Alemanha; a vontade de se apresentar com uma postura diferente da Espanha, apresentando valores diferentes.

Os ingleses embora não inviabilizando a hipótese da nossa colaboração, adiavam sempre essa possibilidade, até que essa “oportunidade” surgiu, no mês de Fevereiro de 1916, quando os ingleses por falta de “meios navais de transporte”, solicitam o aprisionamento dos navios que se encontrassem ancorados nos portos lusitanos.

Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa 
© Foto José Martins 

A 9 de Março seguinte, a Alemanha, pela mão de Friedrich Von Rosen, faz a entrega ao Ministros Português dos Negócios Estrangeiros da declaração formal da declaração de guerra, apesar de já ter havido vários combates com os portugueses em África desde 1914.

A 15 de Junho seguinte, o governo britânico convida, formalmente, a entrada de Portugal na guerra, ao lado dos aliados.

As condições de combate em África, apesar de adversas para os nossos soldados, já eram bastante conhecidas. Os Oficiais e Praças do nosso exército, conheciam bem o terreno, o clima e, sobretudo, os nossos opositores, instigados ou não por intuitos e interesses estranhos à nossa politica de além-mar.

Foram necessários esforços sobre-humanos para reunir e treinar, em pouco tempo, cerca de cinquenta e sete mil homens para formar o Corpo Expedicionário Português, além de mais cerca de trinta e dois mil mobilizados para África [Imagens da I Guerra Mundial – EME 1998 – pagina 193].

Em França, os militares do CEP encontraram uma forma diferente de combate: a guerra de trincheiras. Era um sistema da valas comunicantes onde, as unidades destacadas para a linha da frente viviam em condições insalubres, até porque as condições atmosféricas eram muito mais rigorosas e onde, o frio e a chuva não davam tréguas, provocando alagamentos onde, para tornar mais fácil a vida, era necessário recorrer a bombas de escoamento de água.

Quando soava a artilharia, antecedendo um combate próximo, poucas vezes não deixava no terreno vários mortos mas, se coincidia cair dentro de alguma trincheira, os números subiam, dependendo da quantidade de militares que se encontrassem nesse espaço, apesar do “desenho” das trincheiras prever essas defesas contra explosões. Depois havia as patrulhas na “terra de ninguém” que, ao cruzarem-se patrulhas antagonistas, acabavam por deixar os seus mortos nessa zona, até que a sorte de avanços e recuos, permitisse dar sepultura condigna.

A Pátria coroando um soldado português tombado em combate – Grande Guerra 
Pintura de Veloso Salgado – 1923 
Sala da Grande Guerra – Museu Militar – Lisboa (DR) 

Quando havia “barragem de fogo de artilharia”, o cair desordenado das granadas provocava, a maior parte das vezes o “enterramento” dos corpos caídos, mas também a sua reaparição, quando o solo era revolvido com a queda das granadas. Em 9 de Abril de 1918, deu-se a Batalha do Lys, assim apelidada pelos aliados, enquanto os Alemães lhe chamaram “Operação Georgette”, onde as forças do CEP sofreram uma das maiores ofensivas registadas em toda a guerra, tendo provocando um elevado número de baixas, entre mortos, feridos, desaparecidos e prisioneiros, sendo certo que unidades inteiras quase desapareceram.

Em França, segundo as fontes consultadas, foram registados 2086 militares “Tombados pela Pátria”, tendo as seguintes causas: Combate – 1310; gaseados – 70; desastre – 121; doença – 529; outros motivos – 56. Deste número, só 1882 têm sepultura conhecida, repousando 1831 em Richebourg, 44 em Boulogne-sur-Mer e 7 em Antuérpia. Registaram-se, como prisioneiros, 439 Oficiais e 6840 Praças, e feridos e/ou incapacitados 12.508 militares [Imagens da I Guerra Mundial – EME 1998 – paginas 164, 180 e 193].

O primeiro militar português a tombar foi o Soldado António Gonçalves Curado, mobilizado pelo Regimento de Infantaria n.º 28, da Figueira da Foz, tendo embarcado para França em 22 de Fevereiro de 1917. Tombou em combate, na Flandres, no dia 4 de Abril de 1917. Foi transladado, para a sua terra natal, onde chegou a 31 de Julho de 1929, por iniciativa do Município de Vila Nova da Barquinha, onde os seus restos mortais foram depositados no Monumento Mausoléu, erigido para o efeito.

Em África, onde Angola e Moçambique faziam fronteira com possessões alemãs, tiveram combates desde 1914, nos quais tombaram 5621 militares, sendo 810 em Angola e 4811 em Moçambique. Foram registados, também em Angola 683 feridos e/ou incapacitados, enquanto em Moçambique eram registados 1592 militares.

A Campa Rasa, o Cristo das Trincheiras e o Lampadário – Sala do Capítulo – Mosteiro da Batalha 
© Foto Google (DR) 

Para saldar a “dívida de gratidão” de Portugal para com os seus “Militares tombados pela Pátria”, e na linha seguida pela Itália, Bélgica e Estados Unidos da América, seguido no ano de 1922 pela Grécia, Jugoslávia e Polónia, o governo tomou a decisão de fazer trasladar um soldado tombado na Flandres e outro tombado em Moçambique, que seriam inumados na Sala do Capítulo do Mosteiro da Batalha, em campa rasa, o que viria a acontecer no dia 10 de Abril de 1921.

Apesar de, desde a implantação do regime republicano em Portugal, estar a exercer o seu mandato o 7.º Presidente da República e estar no Governo o 30.º Presidente do Conselho, todos eles, Presidente e Governo, olhavam o esforço dos militares como uma dádiva à Pátria, quer tombassem em combate, na defesa directa nas possessões portuguesas, quer fosse noutro local, como em França, para onde foram defender, ainda que indirectamente, o direito à manutenção da nossa soberania. Embora a terra tenha continuado o seu percurso de rotação sobre si, e a rotação à volta do sol, o ser humano manteve-se fiel à sua decisão de dominar o seu semelhante e, por este, o próprio mundo.

Em África, na Ásia ou na Oceânia, onde quer que houvesse alguma possessão portuguesa, continuávamos a ter uma presença militar para, em colaboração com os recrutados localmente, se ir mantendo a “lei e a ordem”, missões essas atribuídas às forças armadas, além da administração desses territórios, mantendo para tal, os militares dos Quadros Coloniais ou, se necessário, o envio de forças de reforço. Foi assim que, após o eclodir da II Guerra Mundial, e em consequência da evolução das tropas do eixo no terreno, que Portugal, já em regime de Estado Novo, e a Espanha, após a guerra civil espanhola, acordam entre um Pacto de não agressão, a fim de manter a neutralidade face aos acontecimentos que, em crescendo, vai envolvendo uma parte substancial dos países do globo.

É neste conflito que os países beligerantes “descobrem” as ilhas atlânticas portuguesas, nomeadamente os Açores e Cabo Verde. Nos Açores e, por arrastamento, a Madeira, são reorganizadas e redistribuídas pelas ilhas as forças locais, que também são reforçadas com tropas mobilizadas no continente.

Cabo Verde - Ilha de São Vicente - Mindelo - Cemitério de Mindelo – 1943 
Foto do álbum de Luís Henriques (1920-2012), ex-1º Cabo nº 188/41 da 3ª Companhia do 1º Batalhão Expedicionário do Regimento de Infantaria nº 5. Oferecido pelo seu amigo Boaventura no dia 17-8-1943, dia em que ficou livre da junta (hospitalar). 
© Foto: Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné (DR)

Diferente foi em Cabo Verde. A reorganização do exército, prevista para este arquipélago, ainda não se tinha iniciado, pelo que foi necessário guarnecer este território com tropas metropolitanas que, devido à distância e falta de equipamentos, foi necessário transportá-los, via marítima e, no local, encontrar forma de desembarcá-los.

Aí ficarão, para sempre, os militares que, devido à agressividade do clima, não resistiram às doenças. Impressionantes são as imagens que nos chegaram, dos arquivos dos próprios expedicionários que, quando se preparavam para regressar à metrópole, não deixaram de desfilar “em continência” perante as campas dos seus camaradas, num adeus sentido, que só os militares sabem sentir.

A vintena de anos que marcam a transição da primeira para a segunda metade do século XX, da África à Oceânia há um “vento de revolta” que vai mudar a face daquela parte do planeta.

A 15 de Agosto de 1947, a coroa inglesa concede a independência à Índia, passando este território a ser governado por Jawaharlal Nerhu. Assim que é declarada uma Republica e aprovado o texto governamental, em 26 de Janeiro de 1950, a União Indiana passa a reivindicar a posse dos territórios que Portugal detinha naquelas paragens. Em 24 de Junho de 1954, sem qualquer aviso prévio ou sinal que o fizesse prever, invade e ocupa os territórios de Dadrá e Nagar Haveli e impede a entrada naqueles territórios de qualquer força militar não indiana. Perante esta invasão, Portugal envia mais forças militares para a região, tendo-se registado o total de cerca de 12.000 efectivos e três navios de guerra. Dada a defesa ser muito difícil, devido à dispersão dos territórios e, face ao início da revolta armada em Angola, é decidido baixar os efectivos para cerca de 3500 militares, tendo sido os excedentes distribuídos pelos outros territórios.

Estado Português da Índia em 1961

Como em 1954, e após um incidente ocorrido em 17 de Novembro de 1961, começam a notar-se alguns movimentos militares que têm o seu epílogo no dia 18 de Dezembro seguinte, quando o Estado Português da Índia é invadido por uma força militar de cerca de 45.000 efectivos. A aviação ataca as embarcações que se encontram na área e, desta forma, dá-se o último combate da Marinha Portuguesa no Índico. Em terra, dada a fraca qualidade dos armamento e pouca quantidade de munições, e sendo a proporção do ataque de 10 para 1, contra as nossas forças, foi transmitida a ordem de “alto ao fogo”, dando-se a rendição.

No rescaldo desta acção houve 31 militares tombados e 57 feridos em combate, e o aprisionamento de 3306 militares, encontrando-se entre eles o próprio governador, além de um número indeterminado de civis.

O Governo de Portugal recusa-se a negociar com a União Indiana, ficando os prisioneiros “abandonados” nos campos de concentração, até que em Maio de 1962, se iniciou a repatriação dos prisioneiros, através de uma ponte aérea para Carachi, no Paquistão, e daqui para Lisboa em três navios enviados de Lisboa, tendo chegado a Lisboa em 22, 26 e 30 desse mês de Maio de 1962.

Quando chegam a Lisboa os navios que transportam os ex-prisioneiros de guerra da Índia, os militares repatriados só saíram sob forte dispositivo de segurança militar, sendo esta atitude justificada “pela necessidade de os proteger da população, que os queria linchar pela cobardia demonstrada”.

No cais apenas alguns familiares e amigos dos regressados.
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 4 de Outubro de 2012 > Guiné 63/74 - P10479: Os Soldados não morrem, apenas tombam no campo de honra (1) (José Martins)

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10376: Agenda Cultural (213): Festival Todos 2012: Do Intendente ao Poço dos Negros... Viajar pelo mundo sem sair de Lisboa: de 14 a 23 de setembro)






Uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa para promover Lisboa como cidade intercultural: Festival Todos 2012 (de 14 a 23 de setembro): Música, fotografia, circo, dança, teatro, gastronomia, arte urbana


1. Começa amanhã e prossegue até 23 de setembro a  4ª edição do festival TODOS - Caminhada de Culturas… Em Lisboa, viajando sem sair de Lisboa… Como sempre no Intendente (14, 15 e 16 de setembro) (principais locais: Largo do Intendente, Rua do Benformoso, Arquivo Municipal na Rua da Palma, Grupo Desportivo da Mouraria),  mas também, e pela primeira vez, entre a Rua de S. Bento, a Rua dos Poiais de S. Bento e a Rua Cruz dos Poiais (22 a 23 de setembro), no eixo do Poço dos Negros.

O objetivo é reafirmar e promover Lisboa como capital intercultural.

Nas edições anteriores, este evento teve uma média anual de 20 mil participantes…  Este ano podemos contar com espetáculos e outras iniciativas que nos trazem as cores, os sons, os sabores, as imagens e os artistas e as gentes que habitam aquela parte do território da cidade e que vieram, definitiva ou temporariamente, morar com os alfacinhas, e que são provenientes das mais desvairadas partes do mundo ( Índia, China, Paquistão, Bangladesh, Ucrânia, Brasil, Cabo-Verde, Guiné Bissau, etc.)

O programa inclui uma oferta diversificada de espetáculos, workshops em lojas, praças e ruas do bairro da Mouraria, desenvolvidos em colaboração com os seus habitantes. Artistas de teatro, dança, música, novo circo, contemporâneos, convivem com projetos comunitários e artistas da world music ou das danças tradicionais do mundo.

 Haverá workshops de gastronomia do mundo, exposições de fotografia, a Rua TODOS (no eixo das ruas de São Bento / Poiais de São Bento) e múltiplos espetáculos em lojas e casas do bairro.

Aqui fica um repto e um  convite aos nossos leitores, nomeadamente os que residem em Lisboa e na área metropolitana de Lisboa,  descobrirem ou revisitarem com tempo e vagar ruas, bairros, restaurantes, mesquitas, lojas exóticas de uma parte da cidade que muitos  lisboetas ignoram….

Tudo isto pode e deve ser feito a pé ou utilizando o já mundialmete famoso elétrico nº 28 no seu percurso entre o Martim Moniz e o Poço dos Negros,,,

Da Guiné-Bissau, destaque para:

(i) Cozinmha da Guiné-Bissau, com Nina Codé

22 de setembro, sábado,  das 13h00 às 15h00
Centro InterculturaCidade
Travessa do Convento de Jesus, 16A

Caldo de Chabéu (fruta, óelo de palma, beringelas, tomates, cebolas, alhos, quiabos e galinha)

(ii) Djumbai Djaz

22 de setembro, sábado,  23h00 / 24h00

Formação incontornável na história da música guineense em Portugal, onde se cruzasm as matrizes tradicionais e comtemporâneas  com o som afromandinga e a canção urbana de José Carlos Schwarz

(LG)

Descarregar o programaTodos 2012 aqui.

2. Destaque > Sinopse > Programa 2012 (texto da organização, reproduzido com a devia vénia)

A quarta edição do Festival Todos apresenta-se de novo sob o signo da interculturalidade em Lisboa, mas desta vez com uma novidade de alargamento territorial. Depois de ter dedicado três edições exclusivamente ao bairro que une a Mouraria ao Martim Moniz e ao Intendente, desta vez, abalança-se a estender a sua programação a uma outra zona de Lisboa: S. Bento e o Poço dos Negros.

A História da chegada de comunidades africanas àquele bairro é antiquíssima. Hoje, este bairro caracteriza-se por ter uma população cosmopolita, que convive nas ruas apertadas e íngremes. Indianos e paquistaneses, brasileiros e africanos, estudantes de todas as nacionalidades vindos através do programa Erasmus, trazem a este bairro que também mantém as suas tradições portuguesas, na arquitectura, nas antiguidades e velharias, nos cafés, barbeiros, e os seus residentes, uma atmosfera que cruza ventos do oriente com os do ocidente, num lugar que dá vontade de conhecer melhor.

A programação prolonga-se pela primeira vez, por dois fins-de-semana. O público é convidado a vir e a voltar, para seguir uma rota de espectáculos de grande público e de intimidade, de experiências gastronómicas que desta vez alcançam Timor, Xangai, Cabo Verde, o Alentejo, a cozinha europeia, São Tomé e Príncipe, Guiné, Nepal e Goa. Um baile oriental, para dançar com residentes asiáticos que vivem na Mouraria. Haverá peças de pequeno formato de Teatro, Dança e muita música em lojas e restaurantes para as crianças acompanhadas de adultos. Uma orquestra de pequenos músicos acenderá as emoções de uma bailarina na rua...

Os espectáculos nesta edição foram especialmente escolhidos a pensar na história já percorrida deste Todos. Será que um festival tem uma personalidade que nasce e amadurece? Será que um festival tem um corpo com braços que se estendem para além de si? Será que o Todos será cada vez mais de Todos?

Na Mouraria ecoará na noite de abertura, o som da Orquestra Todos que, ao lado de elementos da Orquestra di Piazza Vittorio, fará o maior concerto de todos os Todos.

O Circo MANDINGUE que chega da Guiné Conacri traz-nos a força incrível da África Negra que se mostra nas danças contorcionistas e acrobáticas desta trupe impressionante de bailarinos.

Haverá um conjunto de propostas para que pessoas do bairro, pessoas de toda a Lisboa e públicos, possam “meter as suas mãos na massa” do festival. ARRAIAL, será um exemplo: Um espectáculo de dança e música ao vivo da Companhia Circolando, traz à Mouraria o universo das festas do norte de Portugal, que contará para além da participação de oito bailarinos e a banda Dead Combo, com cinquenta residentes de ambos os bairros, pessoas e crianças oriundas de todos os cantos do mundo.

A companhia francesa Kumulus irá abrir o segundo fim de semana do Todos num parque de estacionamento, na Rua D. Luís I, em Santos, com um espectáculo que fala do desabamento do valor humano, das cidades do lixo e da vida invisível de uma polis aparentemente desmoronada. Um espectáculo pungente e dotado de uma actualidade desarmante.

O Todos está aí, para viver a cidade por dentro. É no interior deste festival, agora com braços, que a respiração do mundo que vive em Lisboa, se sente melhor. Não hesite, venha e traga todos consigo.
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Nota do editor:

Último poste da série > 13 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10373: Agenda Cultural (212): “Do Tejo ao Rovuma” (sessão de lançamento e apresentação), 28 de Setembro, Biblioteca Municipal - Núcleo Cultural José Afonso (Alhos Vedros)

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Guiné 63/74 - P10123: Os nossos seres, saberes e lazeres (48): Festa do pão do moinho, 1 de julho de 2012, Atalaia, Lourinhã (Parte II): A banda da Associação Musical da Atalaia... é uma festa! ... (E onde se fala também dos antigos prisioneiros portugueses na ìndia, 1961/62) (Luís Graça)




Lourinhã, Atalaia, 1 de julho de 2012. Festa do pão do moínho. Atuação da banda da Associação Musical da Atalaia.


Vídeo (4' 16''): Luís Graça (2012). Alojado em You Tube > Nhabijoes 




1. A 2º edição da Festa do Pão do Moinho (a 1ª edição realizou-se o ano passado) foi organizada pela Associação Musiscal da Atalaia (AMA) e abrilhantada pela sua banda (*)...

A AMA tem uma escola de música e uma banda de música, composta essencialmente por gente jovem. Lê-se no sítio desta associação:

(...) "A Escola de Música, iniciou a sua primeira aula no dia 1 de Dezembro de 1985 com 18 alunos e teve a sua primeira actuação no dia 6 de Setembro de 1986 com a designação de Escola de Música da Atalaia, criada por Joaquim Isidoro dos Santos e Luís Fernando dos Santos, tendo sido na altura, inserida na Associação Desportiva e Recreativa Marítimo de Atalaia.

(...) "Mais tarde, por imperativos legais e legítimos, verificou-se a necessidade de ser separada da Associação Desportiva e Recreativa Marítimo de Atalaia.


(...) "[Em finais de ] 2007, foi legalmente criada a AMA – Associação Musical da Atalaia, no Cartório Notarial da Lourinhã por um grupo de outorgantes que quiseram dar à Banda a existência legal como é seu direito e melhorar as suas condições de vida como Órgão Cultural (...).

"Como Sede, foi-lhes cedida pela Câmara Municipal da Lourinhã a antiga e desactivada E.B.1 [, antiga escola do ensino primário,] da Cabaceira,  em Atalaia, local onde são dadas as aulas de instrução musical e realizados os ensaios gerais. A actual direcção  [está a construir de raiz uma sede, a qual vai permitir] oferecer melhores condições aos jovens músicos.

"A finalidade desta Associação destina-se ao cultivo das artes, visando a formação Humana através da Educação Cultural e Recreativa e encontrando-se aberta a pessoas de ambos os sexos para o ensino da música. Neste local ensaia, para além da Banda, uma Orquestra Ligeira e poderá surgir a formação de outros grupos, nomeadamente um Grupo Coral e/ou um Rancho Folclórico.

"Actualmente a Banda é composta por 45 elementos maioritariamente jovens com idades compreendidas entre os 12 e os 66 anos, com uma média de idades de 16 anos. São na sua maioria adolescentes, estudantes do Ensino Secundário, sendo que, existem alunos do Conservatório e estudantes em Escolas Profissionais de Música. (...).





 Lourinhã > Atalaia > 1 de julho de 2012 > Festa do pão do moinho > Uma terra de gente trabalhadora, mas que gosta e sabe divertir-se e conviver: terra de agricultores, pescadores, mariscadores, "viveiristas de frutos do mar", comerciantes, improtadores e exportadores de marisco, músicos, padeiras, moleiros e... moleirinhas! Foto de L.G.

2. Sobre os dois fundadores da Escola de Música da Atalaia convirá dizer o seguinte:

(i) Luís Santos é o atual maestro da banda da AMA. Nasceu na Atalaia, em 1941;Começou a aprender música aos 10 anos.  Em 1959, ingressou como voluntário na Banda de Música da Escola Prática de Infantaria, em Mafra. Em 1967, através de concurso público, entra para a  Banda de Música do Comando Geral da Guarda Nacional Republicana (GNR).

Em 1982, é sargento ajudante, e fica a desempenhar as funções de Subchefe da Banda de Música do Comando Geral da GNR.

Em 1984, é promovido ao posto de sargento chefe e em 1989 ao posto de sargento mor, desempenhando as funções de chefe adjunto da referida Banda de Música.

Desde 1975 dirige a Banda do então Batalhão de Sapadores Bombeiros, hoje Regimento. Reformado da GNR, dirige igualmente a banda da AMA.

(ii) O Joaquim Isidoro Santos, o outro dos fundadores da primitiva Escola de Música da Atalaia, em 1985, é irnão do maestro da banda da AMA. Foi taxista, é também nascido na Atalaia. Tinha 21 anos quando foi para Índia, em cumprimento do serviço militar. Pertencia à CCAÇ 8 do RI 5, Caldas da Rainha. Em Goa, foi nomeado encarregado da messe de sargentos, tarefa que cumpriu desde Março de 1961 até à invasão do território pelas tropas da União Indiana, em 18/19 de Dezembro de 1961. Foi então feito prisioneiro.



Caldas Rainha, RI 5... S/d... Convívio de antigos prisioneiros na India (1961/62). Pertenciam às Companhias de Cacadores 6, 7 e 8 , do RI 5.



O estandarte da CCAÇ 8, do RI 5, Caldas da Rainha.


Fotos da página do Joaquim Isidoro no Facebook (Reproduzidas com a devida vénia...)





Já aqui, no nosso blogue, tínhamos falado deste meu conterrâneo e camarada lourinhanense, um homem voluntarioso e decidido, e da sua  iniciativa, inédita, em 2008, de homenagear publicamente o seu antigo comandante, o gen Vassalo e Silva, prisioneiro como ele das tropas indianas, conforme

(…) “Manuel António Vassalo e Silva, último governador português de
Goa, Damão e Diu, foi homenageado no passado dia 22 de Junho [de 2008] na Atalaia, naquela que foi a primeira cerimónia pública do género no país. Para prestar a homenagem, foi descerrada uma lápide em sua memória junto à praceta que passou a designar-se Praceta General Vassalo e Silva, localizada a cerca de 600 metros a norte da Igreja de Nª Srª da Guia”. (...)

O Joaquimn Isidoro também é um dos co-fundadores, em 2000, [, originalmente, Associação dos Ex-Prisioneiros de Guerra da Índia e de Timor]. Tal como no passado, fui de novo encontrá-lo na Festa do Pão do Moinho. Falámos, naturalmente, como camaradas, das coisas da guerra e da paz, e das dificuldades que os antigos combatentes enfrentam, a começar pelas da sua representação e organização... Até um dia destes, Joaquim!

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 5 de julho de 2012 > Guné 63/74 - P1020: Os nossos seres, saberes e lazeres (47): Festa do pão do moinho, 1 de julho de 2012, Atalaia, Lourinhã (Parte I): O som inconfundível do vento a soprar nas velas, nos mastros, nas cordas e nos búzios dos moinhos da minha terra, acompanhou-me desde sempre, desde a minha infância até Bambadinca..., tal como o cheiro, o sabor, a cor e a textura do pão, feito com a farinha do moleiro... Desculpem-me a fra(n)queza!... (Luís Graça)

sábado, 17 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9219: Efemérides (82): A invasão da Índia Portuguesa em 18 de Dezembro de 1961 (José Martins)

 


1. Em mensagem do dia 11 de Dezembro de 2011, o nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), enviou-nos este brilhante trabalho de pesquisa sobre a invasão da Índia Portuguesa em Dezembro de 1961, há precisamente 50 anos:




A QUEDA DA ÍNDIA

18 de Dezembro de 1961

Há quem atribua a queda da Índia, como marca do início da queda do Império Português. Mas, não. Tal não é verdade.

Em 22 de Agosto de 1415, com a expedição portuguesa e a consequente conquista de Ceuta, dá-se inicio expansão de Portugal rumo ao desconhecido, mas foram necessárias mais de quatro décadas, para que Ceuta consolidasse a sua posição, após a tomada em 1458 da praça de Alcácer Seguer e em 1471 de Arzila e Tânger.
Quando a Índia caiu, Alcácer Seguer, Arzila e Tanger já não faziam parte do Império, assim como o Brasil, que foi descoberto e anexado à Coroa Portuguesa depois da Índia. Também não podemos esquecer que muitas “possessões” que Portugal detinha, ao longo das costas de África e na Ásia, se foram esfumando, umas atrás das outras, independentemente do seu tamanho e/ou importância.
A “perda” de possessões nem sempre se ficou devendo à “sorte das armas”. Por exemplo, na Índia, Bombaim foi cedida ao Reino Unido, em 1661, incluída no dote de D. Catarina de Bragança, na altura do seu casamento com Carlos II de Inglaterra.

Voltemos à Índia, onde a maioria dos Portugueses nunca estiveram. Melhor, voltemos ao princípio da descoberta do caminho marítimo para a Índia, ao Século XV, que quer dizer ao meio da história deste nosso país.

Coube ao Almirante-Mor Vasco da Gama (n. Sines entre 1460 e 1469 † Cochim em 1524), filho ilegítimo de Estêvão da Gama, Cavaleiro da Casa de D. Fernando de Portugal, Duque de Viseu e Alcaide-Mor de Sines, casado com Dona Isabel Sodré, filha de João Sodré (também conhecido como João de Resende), que era de ascendência inglesa e tinha ligações à Casa do Príncipe Diogo, Duque de Viseu e Governador da Ordem Militar de Cristo.

A viagem, para a Índia começa no dia 8 de Julho de 1497 com a saída da barra do Tejo da frota constituída pelas embarcações São Gabriel, São Rafael, Bérrio e São Miguel, com cerca de cento e setenta homens a bordo entre soldados, marinheiros e religiosos.

O objectivo, a Índia, é atingido em 20 de Maio do ano seguinte, tendo Vasco da Gama que enfrentar a hostilidade do Samorim de Calecut. De regresso, a Armada atinge Lisboa, em fins de Agosto de 1499, tendo sido recebida em triunfo. Vasco da Gama realiza ainda mais duas viagens à Índia, sendo a última já com o título de Conde da Vidigueira e na qualidade de Vice-Rei, acabando por falecer em Cochim a 25 de Dezembro de 1524.

O Estado Português da Índia, Estado da Índia ou simplesmente Índia Portuguesa, foi um governo com a função de administrar todas as possessões portuguesas localizadas na zona do Oceano Indico, desde a África Oriental até à Ásia, que viu reduzida a sua área de governo em 1752 com a atribuição de governo próprio a Moçambique, situação que se verificou em relação a Macau, Solor e Timor em 1884, ficando, assim, restringido aos territórios de Goa, Damão, Diu, Ilha de Angediva, Dadrá, Nagar-Haveli, Simbor e Gogolá.

Com a independência obtida, da Coroa Britânica, em 15 de Agosto de 1947, a União Indiana, começou a reivindicar a posse dos territórios portugueses na zona, que foram sendo absorvidos pouco a pouco, até que, com a constituição de uma republica parlamentar, o Primeiro Ministro Pandit Jawaharlal Nehru recupera a declaração feita por Mahatma Gandhi [Mohandas Karamchand Gandhi (n. em Porbandar em 2 de Outubro de 1869 † Nova Déli em 30 de Janeiro de 1948), mais conhecido popularmente por Mahatma Gandhi (do sânscrito "Mahatma", "A Grande Alma") foi o idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução (in Wikipédia)], de que “Goa não podia ficar separada”, pelo que resolve reivindicar, formalmente, a abertura de negociações com Portugal, tendente à anexação dos territórios na Índia.

Com o Império Português “em ordem”, depois das “escaramuças” havidas em África, aquando da dobragem do século XIX para o século XX, apesar de se ter prolongado muito para além do regresso das tropas que estiveram em França, e mesmo depois do regresso dos expedicionários aos Açores e Cabo Verde, durante a 2.ª Guerra Mundial, só a Índia, a Jóia da Coroa (mesmo na República), estava a causar alguma perturbação.
Durante o período que este antecede, também na Índia houve situações que, dado os acontecimentos que ocorreram no país, desde a Conferência de Berlim até ao final da Grande Guerra, ao territórios da Índia tiveram de fazer face a uma rebelião dos soldados marathas do Batalhão de Infantaria da Índia. Esta rebelião teve origem na ordem de deslocação, para Moçambique, de duas Companhias. Desenvolveram-se, então, as operações militares em Satary, entre 1895 e 1897.

Para conter esta insurreição, foi enviado à Índia um Corpo Expedicionário do Reino, ainda estávamos no regime monárquico, sob o comando de Sua Alteza real o Senhor D. Afonso, Duque do Porto. Constituíam este corpo expedicionário, as seguintes forças: Comando e Estado-maior (1 oficial e 6 praças); uma Secção de Artilharia de Montanha (1 oficial e 40 praças); uma Companhia de Cavalaria 3 (4 oficiais e 70 praças); duas Companhias de Infantaria 3 (11 oficiais e 444 praças); Serviço de Saúde (4 praças); Serviços Administrativos (1 oficial e 3 praças); num total de 22 oficiais e 567 praças. Convém lembrar que, à época, os sargentos eram considerados praças. Também faziam parte do corpo expedicionário, um contingente de marinheiros do cruzador “Vasco da Gama”, não quantificados na fonte consultado.

Na sequência das perturbações havidas, houve novas Operações de Polícia em 1901 e 1902, dirigidas pelo Governador-geral da Índia Coronel Eduardo Augusto Rodrigues Galhardo.
Em 1912 foram efectuadas novas operações em Satary, sendo necessário recorrer ao reforço da guarnição da Índia, pelo envio de três Companhias de Moçambique.

Só uma preocupação se colocava ao poder de então, no início dos anos 50 do século passado: Guarnecer os territórios naquele estado com o maior número possível de militares.
Sem negociações, a União Indiana acaba por anexar os territórios de Dadrá e Nagar-Haveli e impede o reforço daqueles territórios, mas Portugal envia mais tropas para a Índia, tendo chegado a cerca de 12.000 homens e três navios de guerra.

No inicio de 1961, o Coronel Francisco da Costa Gomes, na sua qualidade de Subsecretário de Estado do Exército (56.º Ministério, cargo que ocupou de 14 de Agosto de 1958 a 13 de Abril de 1961), sugeriu a redução dos efectivos naquelas paragens para cerca de 3.500 homens, em virtude de se ter constatado que aquele território seria indefensável, perante uma, mais que provável, invasão. Esses efectivos foram deslocados para África, onde se tinham iniciados os conflitos que se prolongariam por cerca de treze anos, e que se propagou a três frentes de combate.

Com uma guarnição de pequena dimensão, mal armada e pouco municiada, dá inicio a alguns combates esporádicos, com forças da União Indiana, em 17 de Dezembro de 1961. Porém, no dia 18, uma força de cerca de 45.000 homens, mantendo na retaguarda como reserva cerca de mais 25.000, dá inicio à invasão simultânea dos três territórios ainda em poder efectivo de Portugal.


Socorro-me, agora, dum trabalho que venho efectuando ao longo dos últimos anos, talvez 10, que intitulei, genericamente de “AD UNUM”, que significa “ATÉ AO ÚLTIMO” e é o lema da Escola Prática de Infantaria, a Casa-Mãe daquela Arma:

17 de Novembro de 1961 – Num incidente na ilha de Angediva, ao sul de Goa, a guarnição abre fogo sobre o navio de passageiros “Sabamati”, sendo transformado no pretexto para uma intervenção militar tendente a libertar os territórios pela força.

12 de Dezembro de 1961 – Na Índia, dá-se a evacuação das mulheres e crianças. A operação é desaconselhada por Lisboa, por contrária ao interesse nacional, mas o General Vassalo e Silva, governador do Estado Português da Índia, não abdica de pôr a salvo os familiares dos seus homens. Com capacidade para cento e cinco passageiros, o navio Índia larga de Mormugão com seiscentos e cinquenta.

14 de Dezembro de 1961 – Na Índia é decretado o estado de emergência, ao mesmo tempo que é recebida a mensagem rádio, enviada pelo Dr. Oliveira Salazar, presidente do Conselho e Ministro da Defesa: “Recomendo e espero a sacrifício total, única forma de nos mantermos à altura das nossa tradições e prestarmos o maior serviço ao futuro da Nação. Não prevejo possibilidades de tréguas, nem prisioneiros portugueses, como não haverá navios rendidos, pois sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos".

17 de Dezembro de 1961 – Os territórios de Goa, Damão e Diu são cercados por efectivos das forças armadas da União Indiana, num total de quarenta e cinco mil homens e mais vinte e cinco mil de reserva, utilizando carros de combate do último modelo, artilharia, tropas aerotransportadas, unidades anfíbias, engenharia, aviação moderna. Do lado português cerca de três mil e quinhentos militares deficientemente armados e municiados – há quem não tivesse melhor que uma espingarda Kropatcheq, anterior à Primeira Guerra Mundial, espingardas Lee-Enfield, britânicas, modelo de 1917 e metralhadoras ligeiras Lewis -, sem blindados e sem armas anticarro, sem aviação e praticamente sem artilharia.

17 de Dezembro de 1961 – Ao principio da noite aterra no aeroporto de Dabolim um avião da TAP, vindo de Carachi. Prevê-se que traga uma encomenda urgente das desejadas granadas “Instalaza”, destinadas a reforçar a depauperada artilharia anticarro. Os caixotes são abertos com ansiedade, mas ninguém quer acreditar no que vê: em vez de granadas, chouriços, enviados por Lisboa no âmbito da campanha do “Natal do Soldado”.

18 de Dezembro de 1961 – Invasão, pela União Indiana, do Estado Português da Índia. Mal armados e em número reduzido, cerca de três mil e quinhentos efectivos, perante as forças indianas invasoras, cerca de cinquenta mil militares do exército, marinha e força aérea, resistir significava uma cruel e inútil auto-imolação para os efectivos militares portugueses.

19 de Dezembro de 1961 – O contingente português acabou por se render, tendo o governador, general Vassalo e Silva, ordenado a “suspensão de fogo” às suas tropas. Mais de três mil militares portugueses foram feitos prisioneiros, entre eles o próprio Comandante. O Presidente do Conselho, Dr. Oliveira Salazar que queria “Só soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos”, puniu e perseguiu alguns dos oficiais em serviço na Índia, o que abriu dolorosa ferida nas Forças Armadas Portuguesas e foi uma das raízes do derrube do regime Salazar, doze anos depois da queda de Goa, Damão e Diu.

19 de Dezembro de 1961 - Foram feitos prisioneiros em Goa (3412), Damão (853) e Diu (403), entre civis e militares, metropolitanos, africanos e indianos. Os 4668 prisioneiros foram enviados para os campos de concentração de Goa localizados em Nevelim, Praça da Aguada, Pondá e Alparceiros.

20 de Dezembro de 1961 – O General Chaudhury, das Forças Armadas Indianas, dirige-se ao campo de Alparqueiros, para uma visita ao já ex-Governador, no seu quarto-cela. O General Vassalo e Silva quis levantar-se para cumprimentar o indiano, mas este, pousando-lhe a mão no ombro, não deixou, puxando de seguida uma cadeira, sentou-se. O General português recusa a oferta de tratamento preferencial enquanto o indiano louva os militares portugueses, pelo seu comportamento nos combates travados em Mapuçá, Bicolim, Damão e Diu. O general indiano, no final, apertou a mão ao general português, colocando-se à disposição do vencido para o que fosse necessário.

27 de Dezembro de 1961 – Jawahalal Nehru, primeiro ministro indiano, manifesta-se contra os ataques internacionais de que foi alvo por ter invadido os territórios portugueses de Goa, Damão e Diu.

3 de Janeiro de 1962 – Estabelecimento, em Lisboa, de um governo do Estado da Índia.

12 de Janeiro de 1962 – O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Dr. Franco Nogueira, entrega ao Presidente do Conselho de Ministros, Dr. Oliveira Salazar, um documento intitulado “Notas sobre a Política Externa Portuguesa”. Neste documento, de dezoito páginas, era preconizada a entrega de Macau à China e Timor à Indonésia, enquanto à Guiné e São Tomé e Príncipe seria dada a autonomia e independência. Os territórios de Angola, Moçambique e Cabo Verde seriam mantidos como colónias essenciais.

27 de Janeiro de 1962 – Acordo entre Portugal e a União Indiana para o repatriamento de mais de três mil prisioneiros.

Maio de 1962 – Começa a repatriação dos prisioneiros, com o estabelecimento de uma ponte aérea até Carachi no Paquistão, sendo, a partir daí, a viagem efectuada por mar nos navios enviados pelo Governo de Lisboa:
• Vera Cruz – Sai no dia 8 e chega a Lisboa a 22, com 2968 pessoas a bordo;
• Pátria - Sai no dia 12 e chega a Lisboa a 26, com 1265 pessoas a bordo;
• Moçambique - Sai no dia 15 e chega a Lisboa a 30, com 1382 pessoas a bordo. Foram transportadas mais de 5600 pessoas, entre militares e civis.

Quando chegam a Lisboa os navios que transportam os ex-prisioneiros de guerra da Índia, os militares repatriados só saíram a coberto da noite, debaixo de forte dispositivo de segurança militar, sendo esta atitude justificada “pela necessidade de os proteger da população, que os queria linchar pela cobardia demonstrada”.
No cais apenas alguns familiares e amigos dos regressados.


Em memória dos camaradas de armas tombados em nome de Portugal, deixamos o registo dos seus nomes, para que a História e os Homens, os não esqueçam, e não se tornem em SOLDADOS ESQUECIDOS:

Militares tombados em Defesa da Índia Portuguesa

Abel Araújo Bastos – Soldado
Abel dos Santos Rito Ribeiro – Alferes Miliciano de Infantaria
Alberto Santiago de Carvalho – Tenente Infantaria
Aníbal dos Santos Fernandes Jardino – Marinheiro
António Baptista Xavier - 1.º Cabo
António Crispim de Oliveira Godinho - 1.º Cabo
António Duarte Santa Rita - 1.º Sargento da Armada
António Fernando Ferreira da Silva - 1.º Cabo
António Ferreira – Marinheiro
António José Abreu Abrantes – Alferes Miliciano Infantaria
António Lopes Gonçalves Pereira – Alferes Miliciano Engenharia
Cândido Tavares Dias da Silva - 1.º Cabo
Damuno Vassu Canencar – Soldado
Fernando José das Neves Moura Costa - Soldado
Jacinto João Guerreiro – Soldado
João Paulo de Noronha - Guarda 2.ª classe
Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo - 2º Tenente Armada
José A. Ramiro da Fonseca - Furriel Miliciano
José Manuel Rosário da Piedade - 1.º Grumete Armada
Joviano Fonseca - Guarda-Auxiliar
Lino Gonçalves Fernandes - 1.º Cabo
Manuel Sardinha Mexia – Soldado
Mário Bernardino dos Santos – Soldado
Paulo Pedro do Rosário - Guarda Rural
Tiburcio Machado - Guarda-Rural

OBS: Esta lista pode estar incompleta

Os Soldados da Índia só foram “reabilitados” do ostracismo a que foram votados, após o 25 de Abril. Todos os prisioneiros de guerra, foram condecorados com a Medalha de Reconhecimento (*) em 03 de Maio de 2003, pelo então Ministro de Estado e da Defesa Nacional Dr. Paulo Portas.

Odivelas, 10 de Dezembro de 2011
José Marcelino Martins

(*) Sobre a Medalha de reconhecimento, criada em 27 de Dezembro de 2002, pode ver-se a descrição da mesma no Poste de Sexta-Feira, 30 de Outubro de 2009, Guiné 63/74 - P5184: Controvérsias (40): Carta Aberta ao Senhor Ministro da Defesa Nacional (José Martins)
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Notas de CV:

Vd. também Dossier Goa 1961 em Super Goa

Vd. último poste de José Martins de 14 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9200: Um novo Monumento aos que tombaram pela Pátria, aos que construíram uma terra (5) (José Martins)

Vd. último poste da série de 17 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9218: Efemérides (60): Como os acontecimentos de Goa, Damão e Diu foram vividos em Luanda (Antº Rosinha)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9202: Efemérides (79): A invasão por tropas indianas dos territórios de Goa, Damão e Diu, em 18 de Dezembro de 1961




1. Chegou às bancas no passado dia 7 de Dezembro mais um número temático da VISÃO História, desta vez  "inteiramente dedicado à invasão de Goa, Damão e Diu, há 50 anos, que marca o princípio do fim do império colonial português". 


(...) "A Índia marchou a 18 de Dezembro sobre Goa. Salazar exigiu às forças portuguesas o 'sacrifico total' e que aguentassem, sem meios, durante uma semana, uma desproporção de dez para um.


(...) "Perdida a joia da coroa, o regime não baixou os braços. E pretendeu mesmo levar a cabo uma guerra clandestina em Goa e na Índia que incluía subversão, sabotagem e atentados terroristas.


(...) "O último governador do Estado Português da Índia, Vassalo e Silva, cometeu a ousadia de desobedecer a Salazar, não permitindo que as tropas portuguesas fossem chacinadas. A decisão fez do ditador seu inimigo". (...) Para saber mais clicar aqui.







2. Entretanto, ontem, Carlos Matos Gomes, historiógrafo da guerra colonial,  romancista e amtigo combatente, evocou em conferência, em Lisboa,  o caso da Sirus.  Infelizmente a notícia do evento chegou-nos tarde, não podendo ser oportunamente divulgada. Aqui fica  um excerto da mensagem que o Carlos Matos Gomes nos remeteu, com data de 13 do corrente:


(...) "O resumo da história da Sirus encontra-se no anexo (Revista Visão). O navio afundado pelo seu comandante após o ataque da armada indiana ter inutilizado o Afonso de Albuquerque. A fuga da tripulação para Carachi num navio mercante. O regresso a Lisboa e o que aconteceu ao comandante e à tripulação.


"Amanhã [, dia 14,] vou falar sobre este caso, sobre as questões éticas e deontológicas que ele levantou e levanta para um militar (...).


"A sessão é organizada por Manuel Barão da Cunha (Livraria Verney de Oeiras) e pela Liga dos Combatentes, no ambito de uma série de conferências intitulada Fim do Império. Contará com a participação do comandante da Sirius, engenheiro Manuel Marques da Silva.


"Dia 14 (amanhã, quarta-feira), às 16 horas, no Palácio da Independência [, Largo de São Domingos, 11, Lisboa]. Os meus amigos serão bem vindos. Carlos Matos Gomes". (....)
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Nota do editor:


Último poste da série > 3 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 – P8987: Efemérides (57): Excursão a Lisboa, a propósito do 88.º aniversário da Liga dos Combatentes e do 93.º aniversário do Armistício (Carlos Vinhal)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9191: Agenda cultural (177): Apresentação do romance histórico de Paulo Aido, A Primeira Derrota de Salazar, que teve lugar no dia 1 de Dezembro de 2011 (José martins)

1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 8 de Dezembro de 2011:

Boa noite
Há pouco estive presente no lançamento do livro de Paulo Aido, na cidade de Odivelas.
Apesar de ter no título "primeiro", não é a primeira obra do autor.
Aqui vão as fotos do lançamento

Abraço
José Martins


Apresentação do Romance Histórico de Paulo Aido

A PRIMEIRA DERROTA DE SALAZAR*


Pelas 17 horas teve lugar do Restaurante “O Forno da Cidade” em Odivelas e, num ambiente intimista e de boa disposição, foi apresentado o livro já citado, pelo jornalista Joaquim Letria, edição de Zebra Publicações. Em fundo revistas sobre o mesmo tema.

O tema deste romance é a queda da Índia Portuguesa, com alusões a factos históricos passados no ano em que nasceu o autor. É o “resultado” de quatro anos de pesquisa, para ler, segundo palavras de Paulo Aido, de um só fôlego. Será, obviamente, a minha próxima leitura.

Da esquerda para a direita: O autor Paulo Aido, o apresentador Joaquim Letria e o editor Rui Braz

Aspecto da assistência. Ao fundo está o balcão de serviço

Aspecto da assistência, com a garrafeira ao fundo

Como a publicidade não faz mal a ninguém, é um local agradável de frequentar. Eu próprio costumo, apesar de não ser cliente assíduo, de almoçar, de vez em quando, no Forno da Cidade, em Odivelas (http://www.blogger.com/www.fornodacidade.com).

José Marcelino Martins
8 de Dezembro de 2011
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9115: Agenda Cultural (172): Lançamento do livro A Primeira Derrota de Salazar, de Paulo Aido, dia 1 de Dezembro pelas 17 horas, na Casa de Goa, em Lisboa (Teresa Almeida)

Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9157: Agenda cultural (176): Apresentação da obra Elementos de Cultura Militar, de João Freire, sociólogo, dia 12 de Dezembro de 2011, pelas 18 horas, na Associação 25 de Abril

sábado, 3 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9133: Agenda cultural (174): Museu da Marinha, 10 de Dezembro, sábado, às 11 h: Cinquenta anos da invasão de Goa: a acção da Armada: conferência do Cmdt Rodrigues Pereira




1. Breve nota curricular sobre o orador, o Capitão-de-Mar-e-Guerra José António RODRIGUES PEREIRA, actual Director do Museu de Marinha

(i) O Comandante Rodrigues Pereira nasceu em Lisboa em 7 de Junho de 1948 e entrou para a Escola Naval, como Cadete, em 1 de Setembro de 1966;~


(ii) Foi promovido ao actual posto em 27 de Julho de 1999, tendo passado à situação de Reserva, por limite de idade, em 7 de Junho de 2005;

(iii) Especializou-se em Electrotecnia em 1971-72, frequentou o segundo Curso Geral Naval de Guerra do ano lectivo de 1981-82 e o curso conducente ao Mestrado em Estratégia no ISCSP/UTL nos anos lectivos de 1988-90; (...)

(iv) Prestou serviço em diversas unidades navais, algumas em zona de conflito, salientando-se os embarques nos NRP Porto Santo e Boavista nos Açores (1970-71), NRP Jacinto Cândido em Moçambique (1973-75), NRP Afonso Cerqueira em Timor (1975-76), NRP Comandante Hermenegildo Capelo (1977-78), imediato dos NE Vega (1984-85), NE Polar (1985-86), e do NRP São Miguel durante a 1ª Guerra do Golfo (1990-91), participando nas operações de embargo ao Iraque decretadas pela Organização das Nações Unidas; desempenhou os cargos de comandante dos NRP Zaire (1979-82) e NE Polar (1986-88);

(v) Foi professor efectivo da Escola Naval, da cadeira de História Naval, de 1982 a 1990, regendo ainda as cadeiras de Ciências Sócio-Militares (Liderança) e de Organização;

(vi) Desde muito novo que se dedica à investigação de temas relacionados com a história marítima e a navegação; (…) 

(vii) Proferiu diversas conferências sobre temas de História e Estratégia em diferentes instituições e organismos no país e no estrangeiro; tem publicados mais de meia centena de trabalhos sobre aquelas matérias, alguns em publicações estrangeiras;

(viii) Publicou os livros: (a)Wenceslau de Moraes, o Marinheiro e a Armada do Seu Tempo, Fortalezas Marítimas da Figueira da Foz, (b) Campanhas Navais Portuguesas (2 volumes) 1793-1807 e 1808-1823; (c)) Portugal no Mar, Nove Séculos de História, e ainda (d) volume da História da Marinha Portuguesa: Viagens e Operações Navais (1139-1499); 

(ix) Membro efectivo da Classe de História Marítima da Academia de Marinha e membro da Comissão de Estudos Corte-Real e da Secção de História da Sociedade de Geografia de Lisboa; membro do Conselho Consultivo da Comissão Portuguesa de História Militar; foi o representante da Marinha na Comissão organizadora dos 200 Anos das Invasões Francesas;

(x) É professor da Escola Naval no curso de pós-graduação em História Marítima e da Universidade Autónoma de Lisboa na pós-graduação em Arqueologia Náutica; é ainda conferencista convidado do Instituto de Estudos Superiores Militares; (...)

(xi) O comandante Rodrigues Pereira é Director do Museu de Marinha desde 7 de Fevereiro de 2006. 

Fonte: Sítio da Câmara Municipal de Aveiro

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9115: Agenda Cultural (172): Lançamento do livro A Primeira Derrota de Salazar, de Paulo Aido, dia 1 de Dezembro pelas 17 horas, na Casa de Goa, em Lisboa (Teresa Almeida)

1. A pedido do nossa tertuliana Teresa Almeida (Bibliotecária da Liga dos Combatentes), damos a conhecer o lançamento do livro A Primeira Derrota de Salazar, de autoria de Paulo Aido*, dia 1 de Dezembro pelas 17 horas na Casa de Goa. Narana Coissoró** será o apresentador.




CONVITE


[...] "A Primeira Derrota de Salazar" acompanha os eventos em Goa nos dias do fim desta colónia portuguesa. Lisboa procura, por todos os meios, influenciar os países amigos a interceder a nosso favor contra o colosso indiano, mas, com o passar do tempo, percebe-se que a invasão vai mesmo acontecer. Todos sabem que é impossível vencer militarmente, mas Salazar ordena que só pode haver soldados vitoriosos ou mortos! Nem sequer admite a hipótese da rendição, mas a catástrofe está iminente.[...] Fonte: sítio Zebra Edições.


(*) Paulo Aido tem 49 anos, é jornalista há mais de duas décadas e, actualmente, vereador [,independente,]  na Câmara Municipal de Odivelas. É também autor de diversos livros de temática religiosa que se têm revelado verdadeiros bestsellers. É o caso de "A Mensagem da Irmã Lúcia", "O Peregrino de Fátima" e "As Mais Belas Orações", apenas para citar os mais recentes. Em "A Confidente de Sá Carneiro", embora não abdicando do rigor que sempre pautou a sua escrita, assume uma clara mudança de registo, enveredando pela primeira vez pela literatura de memórias biográficas. Fonte: sítio Zebra Edições.


(**) Sobre Narana Coissoró:


Nasceu em Goa a 3 de Outubro de 1931. É um advogado e professor português.
Licenciado em Direito, na Universidade de Coimbra e doutorado pela Universidade de Londres, é advogado, professor catedrático jubilado do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, onde preside ao Instituto do Oriente, e professor catedrático da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Militante histórico do Centro Democrático Social, foi eleito deputado nas I, II, III, IV, V, VI, VIII e IX Legislaturas, liderando o Grupo Parlamentar do CDS, entre 1978 e 1991. Autor de vários livros, é membro da Academia Internacional de Cultura Portuguesa. (...)  Fonte: Wikipédia
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Nota de CV:


Vd. último poste da série de 26 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9098: Agenda Cultural (171): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (9): Rescaldo da sessão do dia 23 de Novembro de 2011 (Carlos Cordeiro)