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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12154: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (2): Mensagem assinada pelo comandante do setor 2 da Frente Leste, Mamadu Indjai, sobre a emboscada em Ponta Coli, na estrada Bambadinca-Xime, em 18/4/1969, aos pelotões de mílicias de Taibatá, Demba Taco e Amedalai, e que foi conduzida pelo comandante de bigrupo Mário Mendes


Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca > Subsetor do Xime > Carta do Xime (1955) > Escala 1/50 mil > O traçado a vermelho indica a antiga estrada Xime-Bambadinca, passando por Taliuara, Ponta Coli, Amedalai, ponte do Rio Udunduma... Em abril de 1969 ainda não estava em construção a nova estrada, a cargo da Tecnil, que só será inaugurada em 1972... Na sempre temível Ponta Coli, houve várias emboscadas, como aquela que é referida neste poste, contra dois pelotões de  mílícas (destacadsos em Taibatá e em Demba Taco)...

Em abril de 1969, era o BCAÇ 2852 que tinha a seu cargo a defesa do Setor L1 (Bambadinca), incluindo o subsetor do Xime. Grosso modo, o Setor L1, com exceção do regulado do Enxalé e da parte oeste do regulado do Cuor, correspondia,  na divisão territorial do IN,  ao Sctor 02, da Frente Leste, também conhecido por região do Xitole (em 1970, Frente Xitole/Bafatá), com sede na região de Mina/Fiofioli.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013).

1. Transcrição de uma mensagem do PAIGC, assinada por Mamadu Indjai (comandante de setor, futuro conspirador contra Amílcar Cabral, sendo, depois do assassinato do líder histórico, em Conacri,  preso,  julgado e fuzilado em 1973) sobre uma emboscada realizada na estrada de Bamabadinca-Xime, em 20/4/1969, e que foi comandada por Mário Mendes e Sampui.

O comunicado é manuscrito em papel de bloco, liso. O conteúdo é o habitual nestas mensagens: lacónico e sem preocupações de rigor factual. Apesar da baixa literacia dos seus comandantes, Amílcar Cabral exigia que eles escrevessem em português. E esse é um facto que deve ser aqui sublinhado.

O dia desta emboscada, na Ponta Coli,  parece estra errada: será a 18 e não a 20/4/1969. Segundo a versão das NT (neste caso o BCAÇ 2852), não terá havido baixas entre os dois pelotões de milícias emboscados.  Mas ficamos a saber que Mário Mendes já combatia, em 1969,  no Setor  2 (Xitole), da Frente Leste, ao tempo do Mamadu Indjai.  e que sobrevive a este, gravemente ferido em agosto de 1969.  Mário Mendes será abatido pelas NT em maio de 1972.


Comando Sul

MSG [Mensagem] – No dia 20/4/69 os combatentes do Partido realizaram emboscada na estrada entre  Bambadinca / Xime onde os inimigos sofreram muitas baixas humanas de [entre] feridos e mortos. Por nosso lado não houve nada mal. Foi dirigido[a] por Mário Mendes e Sanpui  [Sampui] na SA  [?] Sector Dois – Mamadu Indjai.
 29/4/69

[Revisão/fixação de texto: editor L.G.]

Fonte:

(1969), "Mensagem - Comando Sul", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40645 (2013-10-15)

Casa Comum
Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07200.170.050
Título: Mensagem - Comando Sul
Assunto: Comunicado de Mamadu Indjai sobre a emboscada do PAIGC na estrada entre Bambadinca e Xime, dirigida por Mário Mendes e Sampui na Sa (Sector 2).
Data: Terça, 29 de Abril de 1969
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Diversos. Guias de Marcha. Relatórios. Cartas dactilografadas e manuscritas. 1960-1971.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos

2. Reprodução de excertos das pp. 64 e 75 da História do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) sobre a actividade IN no mês de abril de 1969. (REcorde-se que a grande Op Lança Afiada, tinha sido realizada um mês antes, em março de 1969).

A emboscada referida na mensagem acima reproduzida deve ter sido.  não a 20, mas 18 de abril de 1969, às 7h00, na zona de Ponta Coli, no troço estrada Bambadinca -Xime, entre Amedalai e o Xime. As forças emboscadas foram dois pelotões de milícias, o Pel Mil  nºs 104 (sediado em Taibatá, com 1 secção em Amedalai) e o Pel Mil 105 (destacado em Demba Taco, com uma secção em Amedalai).






Guiné 63/74 - P12152: (Ex)citações (228): Confirmo que o Mário Mendes, chefe de bigrupo do PAIGG; no subsetor do Xime, foi morto pela CCAÇ 12, em maio de 1972 (António Duarte, ex-fur mil, CART 3493 e CCAÇ 12, 1971/74)


1. Mensagem do nosso camarada António Duarte com data de ontem


Boa noite,  Camaradas

Confirmo que o contacto que resultou na morte do Mário Mendes, comandante do Bigrupo que atuava na zona [do Xime], teria sido em Maio de 72, tal como nos dá nota o Jorge Araújo,  da CART 3494.

Eu nessa altura estava ainda na CART 3493 / BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga, Cobumba e Bissau, 1972/74).

É curioso que na História do BART 3873, só encontro uma breve referência à incidência, que passo a transcrever:

"De harmonia com correspondência retirada a Mário Mendes (aniquilado pela CCAÇ 12), o IN planeava nova acção na estrada XIME - BAMBADINCA, o que nos leva a concluir que no futuro acções deste teor venham a ser cometidas, pois que a suceder seria a segunda vez no espaço de 02 meses."


Recordo que a 22 de Abril de 1972 tinha havido uma emboscada na Ponta Coli, que implicou a morte do nosso Bento, furriel da CART 3493, com mais um conjunto de feridos. O [Jorge] Araújo estava lá, felizmente para ele, sem consequências físicas. (*)

Eu tenho uma versão da História do BART 3873, que vou transformar em PDF para disponibilizar.

Abraços a todos (**)

António Duarte... que foi furriel mas que em consciência NUNCA deveria ter sido...

2. Comentário de L.G.:

O malogrado fur mil Manuel Rocha Bento pertencia à CART 3494 (e não 3493). Era natural de Galveias, Ponte de Sor, onde está sepultado.

Obrigado, António, pelos teus esclarecimentos.

_____________

Notas do editor:

(*) Jorge Alves Araújo,  ex-Furriel Mil Op Esp/ Ranger,  CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/1974)

Vd. postes de:


3 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9698: O caso da ponta Coli, Xime-Bambadinca (Jorge Araújo)



sábado, 12 de outubro de 2013

Guiné 63/74 - P12142: A guerra vista do outro lado... Explorando o Arquivo Amílcar Cabral / Casa Comum (1): Comunicado do comandante do setor 2 da Frente Leste, de 27/1/1971, relatando duas ações: (i) A instalação de 2 minas A/C em Nhabijões, acionadas pelas NT em 13/1/71; e (ii) Flagelação ao aquartelamento do Xime, no dia seguinte


Página de rosto do portal Casa Comum, desenvenvolvido pela Fundação Mário Soares, e de  que se transcrever a seguir uma sinopse sobre "Arquivos e Memórias:"

"Os arquivos são essenciais à Memória. Preservar e disponibilizar a documentação dos nossos arquivos é, por isso, uma tarefa de grande prioridade. Para a gradual constituição de uma comunidade de arquivos de língua portuguesa temos, a partir de agora, esta Casa Comum.

"Com este projeto, sublinhamos a importância da conservação dos documentos para as gerações futuras, a confiança que os arquivos devem inspirar em matéria de preservação da autenticidade e da fiabilidade da informação de que são guardiães e a sua relevância enquanto elementos de identidade da memória e da história individual e coletiva."


Sobre o Arquivo Amílcar Cabral, disponível na Net desde 20/1/1973 (40º aniversário do assassinato do líder histórico do PAIGC), pode ler-se o seguinte: 

"Constituído por mais de 10.000 documentos (com cerca de 27.600 páginas), incluindo 1.300 fotografias, o âmbito cronológico dos Documentos Amílcar Cabral situa-se entre 1956 e 1976, com excepção de alguns documentos posteriormente incorporados por sua Filha, Iva Cabral, que se referem a actividades profissionais de Cabral e, também, a acontecimentos posteriores à sua morte. O Arquivo Amílcar Cabral, essencialmente organizado em Dakar e em Conakry, é constituído por documentação de cariz político, militar e diplomático produzida pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e pelo seu fundador, Amílcar Cabral." (...)

1. Em 23 de setembro passado, mandeio o seguinte email para a o portal Casa Comum, ao cuidado do administrador do arquivo e biblioteca da Fundação Mário Soares, o dr. Alfredo Caldeira: 

Meu caro Alfredo Caldeira:

Antes de mais, boa saúde e bom trabalho. Como já em tempos te manifestei verbalmente, tenho particular apreço pela paixão e rigor com que foram salvos, recuperados, tratados e disponibilizados, aos estudiosos e ao grande público, os documentos (ou parte deles) do Arquivo Amílcar Cabral. Esse trabalho é mérito da Fundação Mário Soares e dos seus dedicados e competentes técnicos, sob a a tua direção.

Esse trabalho merece ser melhor conhecido e reconhecido pelos antigos combatentes portugueses, mas também pelos guineenses que têm acesso à Net. É nesse sentido, e celebrando-se amanhã a efeméride dos 40 anos da independência da Guiné-Bissau, que eu te venho pedir a competente autorização, na tua qualkdiade de coordenador do projeto, para reproduzir, de acordo com as vossas normas técnicas e legais, alguns ou a totalidade dos documentos (na a maior parte fotos, incluindo as da Bruna Polimeni) a seguir listados, no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné de que, como sabes, fui o fundador, e sou o principal administrador e editor. Publica-se há mais 9 anos, tem mais de 5 milhões de visualizações, possui um espólio de dezenas de milhares de fotos e documentos. 

Se assim o entenderes, contiunua a dispor do nosso blogue para os devidos efeitos, como fonte de informação e conhecimento,

Um Alfa Bravo (Abraço),
Luís Graça

2. A resposta veio a 2 do corrente:

Caro Luís Graça,

Obrigado pela tua mensagem e, como sempre tenho referido, pelo trabalho fantástico que tens feito no blog. 

Quanto às imagens solicitadas, levantam-se alguns problemas, que temos procurado evitar. Por isso, proponho a seguinte solução:

(i) Fotografias: cedemos cópia das fotografias com 72dpi de resolução e a dimensão máxima de 400 pixels;

(ii) Documentos: podem ser referenciados com um thumbnail (dimensão máxima 200 pixels) que serve de link para o documento em www.casacomum.org.

Todos estes elementos devem ser devidamente referenciados, conforme consta do campo "Fundo" na descrição que encontra no site.

Espero que entendas a solução proposta, que resulta de compromissos e equilíbrios com outras instituições.

Um grande abraço,
Alfredo Caldeira

Administrador
Arquivo & Biblioteca
Fundação Mário Soares
Rua de São Bento, 176
1200-821 - Lisboa
Tel: (+351) 21 396 4179
Fax: (+351) 21 396 4156
www.fmsoares.pt
www.casacomum.org

3. Transcrição de comunicado do PAIGC sobre acções levadas a cabo em Nhabijões (13/1/1971) e Xime (14/1/1971), referidas no poste P12139 (*), com revisão/fixação  de texto pelo editor L.G. O comunicado é manuscrito em papel de carta, com linhas.

Comunicado


No dia 13/1/71, um grupo de 5 camarada[s] armados estalaram [instalaram] 2 minas anti-carro na estrada entre Nhabions [Nhabijões] e Bambadinca, causou os [causando aos] inimigos de grandes perdas em vidas humanas, e destruiu [destruindo] 2 viaturas cheio[as] de tropas tugas que tinham ido [iam] pra [para] Bambadinca buscar comida para aqueles que ficaram na[em] Nhabions [Nhabijões].


Os Inimigos sofreram grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos.

Por no [nosso] lado não houve nada mau.
Dirigido por [pelos] camaradas:
Mário Mendes e Mário Nancassá.

No dia 14/1/71, os nossos artilheiros bombardiaram [bombardearam] guarnição fortificada de militares tugas no Xim[e], com canhões e morteiros 82, causou os [causando aos] inimigos estagionados [estacionados ] de grandes percas em vidas humanas, entre mortos e feridos.
Por nosso lado, não houve nada mal.

Bombardiamento [bombardeamento] foi dirigido por [pelos] camaradas:

Djambu Mané, António da Costa e Bicut Iula [ou Tula] [?]

[Assinatura ilegível]

Sector 2 da Frente Leste, 27/1/71


Fonte:

(1971), "Comunicado - Frente Leste", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40689 (2013-10-12)


Instituição: Fundação Mário Soares
Pasta: 07200.170.117
Título: Comunicado - Frente Leste
Assunto: Comunicado da Frente Xitole Bafatá sobre as acções militares do PAIGC em Nhabiam, Bambadinca e Xime.
Data: Quarta, 27 de Janeiro de 1971
Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Diversos. Guias de Marcha. Relatórios. Cartas dactilografadas e manuscritas. 1960-1971.
Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral
Tipo Documental: Documentos

4. Comentário do editor:

Segundo informação do António Duarte, nosso camarada, membro da Tabanca Grande, ex- furriel miliciano da 3ª terceira geração de quadros metropolitanos da CCAÇ 12, o "Mário Mendes, comandante de bi-grupo na zona do Xime, foi morto numa acção da CCaç 12 no final de 1972: numa deslocação feita para lá de Madina Colhido, foi abatido pelo apontador de HK21 do 4º pelotão".

O Mário Nancassá era, por seu turno, o chefe do grupo de sapadores do setor 2 (Xime/Xitole). Foi ele que montou as minas em Nhabijões. Foi ele que matou o sold cond auto Manuel Costa Soares, da CCAÇ 12... A guerra também tem rostos!

Cotejando as versões dos acontecimentos, do nosso lado e do lado do PAIGC, é óbvio que eram diferentes as preocupações de rigor factual, bem como a literacia dos combatentes de um lado e doutro.  Mas fica aqui, para informação e conhecimento dos nossos leitores, o que sobre nós diziam e escreviam os homens que. no passado, foram nossos inimigos e contra os quais combatemos,

______________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 11 de outubro de 2013 > Guiné 63/74 - P12139: A minha CCAÇ 12 (29): 1 morto e 6 feridos graves em duas minas A/C, no reordenamento de Nhabijões, Bambadinca, em 13/1/1971, aos 20 meses de comissão (Luís Graça)

Resumo: Em 13/1/1971, às 11h24, na estrada Nhabijões-Bambadinca um Unimog 411 que ia buscar a comida para o pessoal do destacamento, accionou uma mina A/C, causando um morto e 3 feridos graves.

O gr comb da CCAÇ 12, que estava de piquete em Bambadinca,  dirigiu-se de imediato ao local... No regresso, duas horas depois, cerca das 13h30, a GMC que transportava duas secções,  accionou outra mina A/C, não detectada, na berma da estrada, a 10 metros da anterior. As NT sofreram mais cinco feridos graves, de imediato evacuados para o HM 241. 

No dia seguinte, em 14/1/1971, o IN flagelou o Xime, da direcção de Ponta Varela, com morteiro 82, "à distância,  sem consequências".

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7865: Operações do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (1): Quadrilha Sagaz, Satecuta, subsector do Xitole, 11-12 de Julho de 1971



1. Excertos do Cap II da História do BART 2917, Bambadinca, 1970/72 - Documento classificado como "reservado" - , segundo versão policopiada gentilmente cedida ao nosso blogue pelo ex-Fur Mil Trms Inf, José Armando Ferreira de Almeida, CCS/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande; cotejada igualmente com a versão, em suporte digital, corrigida e melhorada pelo Benjamim Durães (*).

Já aqui publicámos alguns excertos deste documento, nomeadamente com elementos de caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (*)... Hoje damos início a nova série, Operações do BART 2917, com a publicação de um excerto , correspondente às pp. 78-81, e à Op Quadrilha Sagaz, que envolveu forças da CART 2716 (Xitole) e CART 2714 (Mansambo)... 

O objectivo nas NT, com, esta operação que decorreu em 11 e 12 de Julho de 1971, era atingir a antiga tabanca de Satecuta (subsector de Xitole, abaixo de Galo Corubal, na margem direita do Rio Corubal), onde se estimava que o PAIGC tivesse sob o seu controlo cerca de 300 habitantes (p. 42), defendidos por um grupo, comandado por MÁRIO MENDES (p. 44) (Segundo informação do António Duarte, nosso camarigo, lisboeta, furriel miliciano da 3ª terceira geração de quadros metropolitanos da CCAÇ 12, o "Mário Mendes, comandante de bi-grupo na zona do Xime, foi morto numa acção da CCaç 12 no final de 1972: numa deslocação feita para lá de Madina Colhido, foi abatido pelo apontador de HK21 do 4º pelotão"). 

Em 11 de Julho de Julho de 1971, noutro subsector (Xime) do Sector L1,  "um grupo IN não estimado flagelou, durante 25 minutos, da direcção de SSE com CAN S/R, MORT 82 e FOGUETÕES 122 o aquartelamento e a tabanca do XIME, causando um ferido ligeiro à população" (p.78)... (No meu tempo, ainda não havia, no Sector L1,  os Katiusha).

Esta operação acaba também de ser descrita por nosso camarada Jorge Silva, no poste P7843 (**).


[ Fixação / revisão de texto / título: L.G.] 


Mapa (esboço) do Sector L1, ao tempo do BCAÇ 2851 (1968/70), do BART 2917 (1970/72) e da CCAÇ 12 (1969/71)... 

Observações: NT= Nossas Tropas; Badora, Bissari, Corubal, Cuor, Xime = Regulados; RGeba, RCorubal = Rio Geba, Rio Corubal; N, W, S, L= Quatro pontos cardeais: norte, oeste, sul, este; IN= Inimigo; 1 = Um bigrupo (50/60 guerrilheiros); 2 = Dois bigrupos (90/100 guerrilheiros); A/B = 1 grupo de artilharia (morteiro 82, canhão s/r 75 e 82) + 1 grupo especial de bazuqueiros (RGP) (Mangai…).



Guiné > Zona leste >Sector L1 > CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) > Um coluna logística ao Xitole... O pessoal fazendo uma paragem na Ponte dos Fulas, destacamento do Xitole.

Foto: © Arlindo Teixeira Roda (2010) & Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


11 e 12.JULHO.71  > OPERAÇÃO “QUADRILHA SAGAZ”

(DESENROLAR DA ACÇÃO)

- No dia 08.JUL pelas 9,00 horas um Grupo de Combate da CCAÇ 12 saiu de BAMBADINCA para o XITOLE onde chegou através de GALOMARO, pelas 16,00 horas a fim de garantir a defesa do XITOLE e tabancas em A/D na área durante a operação.

- No dia 09.JUL pelas 13,00 horas um Grupo de Combate da CCAÇ 12 saiu de BAMBADINCA para MANSAMBO afim de reforçar a guarnição de MANSAMBO durante a operação garantindo a defesa da povoação e tabancas em A/D da área durante a operação.

- Tal antecedência de reforço, que pode ter denunciado a operação,  foi devida aos apoios aéreos inicialmente concedidos para 10.JUL.71 terem sido cancelados pela mensagem 3131/C de 091645JUL71 (já com as tropas da CCAÇ 12 em movimento) e posteriormente concedidos para 12JUL71.

- No dia 11.JUL pelas 22,00 horas os AGRUPAMENTOS saíram dos seus respectivos quartéis em marcha, pela estrada de MANSAMBO – XITOLE,  tendo o AGRUPAMENTO VERMELHO [CART 2714, Mansambo], atingido pelas 23,30 horas a PONTE do RIO BISSARI, continuando a progressão a corta mato ao longo da margem esquerda deste rio até à bolanha que corre para leste da sua confluência com o RIO SAMBA ERIEL onde emboscou pelas 3,00 horas do dia 12.JUL para descanso do pessoal.

- Entretanto o AGRUPAMENTO AZUL [CART 2716, Xitole] ao atingir a área de CULOBO abandonou a estrada inflectindo para W na direcção de GALO CORUBAL tendo pelas 04,30 horas emboscado na área de (XIME 4F6-37) aguardando a chegada dos meios aéreos.

- No dia 12 pelas 04,00 horas o AGRUPAMENTO VERMELHO continuou a progressão para Sul tendo pelas 5,30 horas emboscado na área de (XIME 4F1-54) onde aguardou a chegada dos meios aéreos.

- Pelas 6,30 horas o AGRUPAMENTO AZUL referenciou uma patrulha IN de 4 elementos armados que, descobrindo o trilho das NT,  fez um disparo de LROCK e alguns tiros de LM possivelmente para alertar outras forças IN e população da área. As NT não reagiram para evitarem revelar a sua posição. Os AGRUPAMENTOS tentaram simultaneamente entrar em contacto entre si (o AGRUPAMENTO VERMELHO para perguntar o que sucedera, o AGRUPAMENTO AZUL para informar que a patrulha seguira para NW), mas não conseguiram estabelecer a ligação rádio.

- Pelas 7,00 horas chegou a DO-27 a BAMBADINCA,  tendo nele imediatamente embarcado o Comandante da Operação que se dirigiu para o XITOLE (as nuvens muito baixas obrigaram o piloto a seguir o RIO CORUBAL a baixa altitude para conseguir atingir aquela pista de aterragem).

- Estabelecido contacto rádio com os AGRUPAMENTOS,  o Comandante da Operação ordenou o reinício da progressão,  indo aterrar no XITOLE onde ficou em alerta.

- Pelas 7,15 horas o AGRUPAMENTO VERMELHO continuou a sua progressão para Sul, paralelamente ao antigo trilho de GALO CORUBAL com grandes dificuldades devido à densidade da vegetação que embaraçava a progressão o que, associada às nuvens baixas que cobriam o Sol, desorientava o guia nativo.

- Pelas 7,20 o AGRUPAMENTO AZUL reiniciou a progressão mas como o guia principal encontrasse grande dificuldade na sua orientação devido à arborização apresentar nesta época um aspecto uniforme, o capim estar já com uma razoável altura e as nuvens muito baixas encobrirem o Sol, houve, a seu pedido,  que deslocar um auxiliar de guia de um dos pelotões para a testa da coluna para entre ambos encontrarem o caminho a seguir.

- Pelas 8,30 um grupo IN estimado em 40 elementos emboscou com MORT 82, RPG-2 e ML em [XIME 4F3-37] o AGRUPAMENTO AZUL,  ferindo nos primeiros disparos os dois guias que tiveram posteriormente a ser evacuados.

- A pronta reacção das NT obrigou o IN a debandar levando consigo pelo menos 4 elementos feridos confirmados visualmente por vários elementos das NT e pelos rastos de sangue deixados no terreno. Ao mesmo tempo que debandava o IN flagelava a zona com MORT 82 cujos impactos cobriram eficazmente a sua retirada não permitindo a perseguição das NT.

- É de realçar que este grupo tem que dispor de um muito bom apontador de MORT 82 dada a precisão de tiro desta arma. As NT,  impedidas de perseguir o IN, flagelaram-no com MORT 60, BAZOOKA e dilagramas provocando possivelmente mais baixas pois os impactos situaram-se na zona de retirada do grupo IN.

- Apenas se deu esta emboscada,  o Comandante da Operação sobrevoou a área tendo pelas 8,40 horas pedido a evacuação dos dois guias feridos e orientado o AGRUPAMENTO AZUL para uma clareira em [XIME 4F3-38] de onde se iriam fazer as evacuações e nas imediações da qual o AGRUPAMENTO AZUL emboscou.

- O AGRUPAMENTO VERMELHO que,  aos primeiros rebentamentos se encontrava a uma distância estimada em 1.000 metros do local dos impactos, possivelmente em [XIME 4E7-44], emboscou preparando-se para socorrer o AGRUPAMENTO AZUL se necessário ou intersectar, capturando-o ou ao menos aniquilando-o, o Grupo IN em retirada.

- Às 9,00 horas obtida a certeza de que o IN não retirara na sua direcção e de que o AGRUPAMENTO AZUL não precisava de auxílio, o AGRUPAMENTO VERMELHO deixando parte das suas tropas emboscadas iniciou o reconhecimento da zona definida pelos pontos:

PONTO 12 - XIME 4D7-45; PONTO 13 – XIME 4E7-47; e pelo PONTO 3 – XIME 4E2-36,

Não tendo sido detectados trilhos ou indícios de instalação IN.

- A vegetação muito densa, dificultando a orientação, frequentemente obrigava a retroceder até ao antigo trilho do GALO CORUBAL para orientação.

- Pelas 10,10 horas do dia 12 com a protecção do Helicanhão foi feita a evacuação dos dois guias feridos e ordenado pelo Comandante da Operação o seu prosseguimento dentro dos planos estabelecidos.

- O AGRUPAMENTO AZUL informou então de que os guias evacuados eram os únicos que conheciam o caminho dispondo agora apenas de dois auxiliares de guias e que,  dado o aspecto actual da vegetação e as condições meteorológicas que dificultavam a orientação, estavam bastante diminuídas as possibilidades de atingir o objectivo.

- Perante esta informação e dado que o DO necessitava de abastecer, o Comandante da Operação ordenou, pelas 10,25 horas, que as tropas emboscassem até ao regresso do DO à zona em virtude de ter reconhecido ser impossível prosseguimento do AGRUPAMENTO AZUL sem que o mesmo fosse orientado por um meio aéreo.

- Abastecido o DO em ALDEIA FORMOSA,  o Comandante da Operação dirigiu-se imediatamente à zona onde chegou pelas 11,30 horas precisamente na altura em que o AGRUPAMENTO AZUL voltava a ser flagelado em [XIME 4F2-39] com MORT 82, ML e Lança Rocket, por um grupo IN estimado em 40 elementos, sem consequências para as NT, que reagiram prontamente, sendo de admitir terem provocado baixas do IN, uma vez que os pontos de impacto de MORT 60, Bazooka, e dilagramas se situaram sobre a área de instalação do Grupo IN; mais uma vez os impactos de MORT 82 cobriram eficazmente a retirada do IN, não permitindo a sua perseguição pelas NT.

- Não tendo os meios aéreos localizado o IN, o Comandante da Operação determinou a sua continuação dentro dos planos previstos,  passando o DO a orientar directamente a progressão do AGRUPAMENTO AZUL.

- Entretanto o Helicanhão teve de seguir para ALDEIA FORMOSA para abastecer.

- Pelas 12,15 horas com o AGRUPAMENTO AZUL,  progredindo na mata cerrada em direcção ao objectivo e a cerca de 3 km de distância deste o piloto do DO informou que em virtude de ter recomeçado a chover na área da linha de borrasca que se aproximava, não lhe era possível continuar a orientar o AGRUPAMENTO AZUL atingir SATECUTA e tendo o AGRUPAMENTO VERMELHO já explorado a área de GALO CORUBAL, o Comandante da Operação deu ordem de retirada aos AGRUPAMENTOS pelas 12,20 horas, para a estrada XITOLE – MANSAMBO por itinerários sensivelmente paralelos aos que tinham seguido na aproximação.

- No dia 12 pelas 12,40 horas o AGRUPAMENTO VERMELHO sensivelmente em (XIME 4E7-48) detectou um elemento armado IN que se erguera a coberto de um tronco de árvore alertando todo o pessoal.

- As NT abriram fogo, tendo o IN respondido com grande intensidade e potencial de fogo diverso, com MORT 82, LROCKET e ML , não tendo as NT caído na zona de morte.

- Ao fim de cerca de 5 minutos de fogo intenso, o IN retirou para Leste na direcção da Ponte do RIO JAGARAJÁ.

- Da batida imediatamente feita, estimou em 20 elementos armados o efectivo do grupo IN e verificou-se que os impactos e crateras provocadas pelas armas das NT se situavam na zona de instalação IN e, pelos rastos de sangue e sinais de corpos arrastados, era de admitir que o IN tivesse sofrido baixas. Não foi encontrado qualquer material abandonado,  a não ser cápsulas de cartuchos e um chapéu de palha.

- Na consequência do fogo IN, sofreram três feridos ligeiros provocados por estilhaços; foram eles o:

- Alferes Mil Atirador JOAQUIM SILVA PEREIRA;  Soldado Atirador MANUEL AUGUSTO SILVA RIBEIRO; e o  Guia Nativo Assalariado IABO BALDÉ.

- Sobrevoada entretanto a zona,  o PCV nada detectou tendo o AGRUPAMENTO VERMELHO continuado a progressão inflectindo mais para Norte atingindo a estrada XITOLE – MANSAMBO, a 2 km a Sul da Ponte do RIO BISSARI, pelas 15,15 horas.

- O PCV manteve-se na área até que o péssimo estado de tempo o obrigou a aterrar pelas 13,00 horas,  orientando sempre o AGRUPAMENTO AZUL que, quando o PCV abandonou a área,  seguia em bom andamento e aparentemente sem dificuldades de orientação cerca de [XIME 4G3-22].

- Pelas 15,15 horas o AGRUPAMENTO AZUL foi novamente flagelado em [XIME 4D7-49] com MORT 82, ML e lança Rocket, tendo-se notado nesta flagelação uma considerável redução de utilização de armas ligeiras o que leva admitir que o Grupo IN agora estimado, pelos vestígios deixados, em cerca de 30 elementos tivesse nos primeiros recontros, sofrido baixas ou esgotado munições.

- Mais uma vez é de realçar o excepcional trabalho do apontador de MORT 82, cobrindo excelentemente a retirada do IN que debandou pela reacção das NT. Nesta altura constatou o Comandante do AGRUPAMENTO AZUL que o guia se encontrava perdido pois dizia ser a estrada XITOLE – MANSAMBO para OESTE,  pelo que solicitou orientação aos meios aéreos que imediatamente haviam ocorrido à área.

- O Comandante da Operação determinou então ao Helicanhão que orientasse o AGRUPAMENTO AZUL para a estrada MANSAMBO – XITOLE,  o que fez até ao seu limite de autonomia de voo e visibilidade para atingir ALDEIA FORMOSA numa manifestação de espírito de missão verdadeiramente notável,  aliás já manifestada também pelo piloto do DCON que,  após a saída do Héli,  continuou a orientar a progressão do AGRUPAMENTO AZUL até cerca das 17,30 horas, [altura] a que teve de regressar a BAMBADINCA e posteriormente a BISSAU.

- No dia 12 pelas 16,30 horas o AGRUPAMENTO VERMELHO atingiu MANSAMBO, em meios auto a partir da Ponte sobre o RIO BISSARI.

-No dia 12 pelas 18,30 horas o AGRUPAMENTO AZUL atingiu a estrada do XITOLE na área do PONTÃO sobre o RIO JAGARAJÁ e pelas 21,00 horas atingiu o quartel do XITOLE transportado em viaturas auto a partir da PONTE PULON.

- No dia 13 pelas 2,30 horas [?] do dia 13 o Grupo de Combate da CCAÇ 12 abandonou o XITOLE tendo atingido BAMBADINCA pelas 15,30 horas.

-No dia 14 pelas 6,30 horas o Grupo de Combate da CCAÇ 12 abandonou o XITOLE tendo atingido BAMBADINCA pelas 14,00 horas.


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Notas de L.G.:


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6601: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (6): Povoações sob controlo IN; Recursos; Clima e meteorologia; Dispositivo e actuação da guerrilha (Benjamim Durães / J. Armando F. Almeida / Luís Graça)



Guíné > Zona Leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) >  O RPG 2 , uma das temíveis armas usadas pela guerrilha no Sector... Parte do armamento apreendido, era usado depois pelos Pelotões de Milícia... Segundo o autor das fotos, o Benjamim Durães, Fur Mil Op Esp, Pel Rec Inf, "o guineense,  de óculos escuros,  é um soldado milícia,  de nome Demba Baldé,  que era filho do Régulo do Xitole, pertencia à Companhia de Milícias e foi adstrito ao Pel Rec da CCS; os militares brancos são todos do Pelotão de Sapadores da CCS; os africanos ao fundo são da população de Amedelai; o Capitão é o Passos Marques, da CCS [e membro da nossa Tabanca Grande].... As fotos foram tiradas em Amedelai, numa vistoria ao armamento"...

Fotos: © Benjamim Durães (2010). Direitos reservados


[Continuação da publicação de excertos do Cap II da História do BART 2917, Bambadinca, 1970/72 - Documento classificado como "reservado" - , segundo versão policopiada gentilmente cedida ao nosso blogue pelo ex-Fur Mil Trms Inf, José Armando Ferreira de Almeida, CCS/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande; cotejada igualmente com a versão, em suporte digital, corrigida e melhorada pelo Benjamim Durães; é um excerto desta última versão que se publica aqui hoje. Fixação / revisão de texto / bold a cores / título: L.G.] (*)



Fonte:  BART 2917. HU- Cap II, pp. 5 a 10A.
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Situação Geral

a) Terreno (...)
b) Aglomerados populacionais (...)


3) – POVOAÇÕES SOB O CONTROLO IN


- Os aglomerados populacionais que a seguir se indicam são os que,  existindo antes do início de subversão, se localizam na área sob controlo IN e são os de maior população, o número de habitantes que para cada um se indicam foi estimado com base em relatórios de notícias, relatórios de interrogatórios e RVIS.

- MADINA

-Localizada em (MAMBONCÓ 8G-1), estima-se possuir 1.500 habitantes

- CANCODEA BEAFADA

-Localizada em (XIME 1G-2) com uma população estimada em 500 habitantes

- CANCODEA BALANTA

-Localizada em (XIME 1F-3) com uma população estimada em 500 habitantes.

- MINA

-Localizada em (XIME 1I-6) com uma população estimada em 100 habitantes.

Há referências de ali se localizar o Comando do Sector 2.

- PONTA JOÃO DA SILVA

-Localizada em (FULACUNDA 8I-5) com uma população estimada em 1.000 habitantes.

- PONTA LUÍS DIAS

-Localizada em (FULACUNDA 8G-3) com uma população estimada em 1.000 habitantes.

- SATECUTA

-Localizada em (XIME 4E-1) com uma população estimada em 300 habitantes.

- MANGAI

-Localizada em (FULACUNDA 7G-8) com uma população estimada em 700 habitantes.

- BANIR

-Localizada em (MAMBONCÓ 8H-9) com uma população estimada em 400 habitantes.


c) - RECURSOS

- Os principais recursos económicos do SECTOR são:

- FLORESTAS

- Com o fornecimento de madeira (na área do XITOLE há grande quantidade de bissilon) e coconote.

- Antes do início do terrorismo a madeira era muito explorada, existindo várias serrações que, hoje em dia, com excepção da serração de BAMBADINCA, se encontram abandonadas. Presentemente apenas são exploradas as rachas de cibe.

- AGRICULTURA

- Esta é, de um modo geral, de subsistência (arroz, milho e funcho), com excepção de cana-de-açúcar e da mancara.

- DESTILARIAS

- Presentemente só existem duas destilarias de cana-de-açúcar no SECTOR DO BART, uma em BAMBADINCA e uma outra em PONTA BRANDÃO.

- SOLO

- Na área do SECTOR DO BART existem muitas bolanhas ricas, verificando-se no entanto que estas, com excepção das do ENXALÉ, NHABIJÕES e FINENTE, ou estão abandonadas (SAMBA SILATE, SÃO BELCHIOR, SALIQUINHÉ, etc.) ou são exploradas por populações sob controlo IN (todas as bolanhas da margem direita do RIO CORUBAL e margens do RIO MALAFO).


- CRIAÇÃO DE GADO

- Embora haja em certa quantidade gado bovino este no entanto, no SECTOR não pode ser considerado um recurso económico na medida em que não é explorado. É considerado sinónimo de riqueza, avaliando-se a riqueza da família pelo número de cabeças que possui. Somente em certas ocasiões especiais como por exemplo, “choros”, é que uma ou mais reses são abatidas para consumo.

- Existe no entanto outro tipo de gado, porcos, cabritos e galinhas que é explorado economicamente, sendo por conseguinte considerado como fonte de receita.





Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > CCAÇ 12 (1969/71) > Destacamento da Ponte do Rio Udunduma > Uma manada de vacas, cambando o Rio Udunduma... Possivelmente pertencentes a uma notável fula da região (Amedalai, por exemplo, que era a tabanca mais perto)... Só com muita relutância os fulas vendiam cabeças de gado à tropa...´O gado era, tradicionalmente, um "sinal exterior de riqueza", um símbolo de "status" social...

Foto: © Humberto Reis (2006). Direitos reservados



d) – CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E METEOROLÓGICAS

- A zona de acção do BART 2917, como todo a Província da GUINÉ, tem um clima quente e húmido característico das regiões tropicais em que apenas se assinalam duas estações, a “quente” ou das “chuvas”, que começa em meados de MAIO e se estende até meados de NOVEMBRO, e a estação a “seca” e “fresca”, durante o restante período do ano.

- Na época das chuvas a humidade atmosférica é bastante elevada e a temperatura média, à sombra, oscila entre 26 e 28 graus centígrados.

- A pluviosidade é superior em média a 2.000 m/m, sendo os meses de JULHO e AGOSTO, os que registam maior número de dias de chuva. A pluviosidade na ZONA DE ACÇÃO é menor do que no litoral e sul da Província.

- As temperaturas médias da época seca não vão além de 24 graus centígrados sendo meses mais frescos os de DEZEMBRO e JANEIRO.

- No que respeita a temperaturas, podemos dividir o ano nos seguintes quatros períodos:

- PERÍODO FRESCO

- No qual se verificam amplitudes térmicas elevadas e que abrange os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro.

- PRIMEIRO PERÍODO QUENTE

- Durante os meses de Março, Abril e Maio, em que as variações térmicas são ainda de certo vulto especialmente nos meses de Março e Abril.

- PERÍODO DAS CHUVAS

- Que se estende pelos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro.

- SEGUNDO PERÍODO QUENTE

- Abrange os meses de Outubro, Abril e Novembro.

- A época das chuvas faz-se anunciar pelos chamados “TORNADOS”, característicos pela grande velocidade do vento enorme turbulência, que quase sempre provocam estragos avultados descobrido edifícios, inutilizando instalações eléctricas, derrubando antenas de rádio, etc..

- Nos meses “frios” do ano – Dezembro e Janeiro – as cerradas neblinas matinais prolongam-se normalmente até à 10,00 horas.

2 - INIMIGO

a) – FORMAS DE ACTUAÇÃO

- O IN tem actuado ofensivamente sobre as NT minando os itinerários e flagelando os aquartelamentos, tabancas em A/D (Auto Defesa) e meios navais que se deslocam no RIO GEBA nas áreas de PONTA VARELA e MATO DE CÃO. De um modo geral todas as flagelações têm demorado cerca de 5 minutos, são feitas a horas que não permitem, ou dificultam a intervenção das F. A., e nelas o IN tem demonstrado fraca agressividade.

Pelo contrário, tem-se mostrado fortemente aguerrido quando as NT penetram nos seus redutos, quer emboscando-as nos seus acessos, quer armadilhando-os, quer flagelando intensamente as NT.

- Admite-se que tenha uma rede de informadores no seio da população por nós controlada.

- Não há indícios que o IN tenha feito colectas entre a população que controlamos embora seja de admitir a sua “colaboração” nos “choros” de familiares realizados nas zonas sob controlo IN.

b) - ORGANIZAÇÃO

- Parte do Sector L-1, com excepção do Regulado do ENXALÉ e da parte Oeste do Regulado do CUOR, corresponde na divisão territorial do IN ao Sector 02, também conhecido por região do XITOLE (hoje incluída na Frente XITOLE/BAFATÁ) e cujo comando está localizado na área de MINA.

Nesta região o IN mantém uma estrutura político-administrativa organizada, numa vasta área correspondente aos Regulados do XIME e BISSARI, a partir donde irradia a sua actividade de guerrilha que se caracteriza por ataques e flagelações aos aquartelamentos e destacamentos das NT, às tabancas em A/D, e aos meios navais no RIO GEBA “estreito”, emboscadas e colocação de engenhos explosivos nos itinerários.

- A Zona do Sector L-1 que engloba o Regulado do ENXALÉ e a parte Oeste do Regulado do CUOR, está incluída na Frente MORÉS-NHACRA.

Nesta zona a actividade IN está principalmente orientada para as áreas fora dos limites do Batalhão, embora ultimamente se tivesse manifestado sobre o CUOR, nomeadamente em MATO DE CÃO.

c) – EIXOS OU LIMITES DE INFILTRAÇÃO

- Podem-se considerar os seguintes:

1) – Do exterior para o interior do SECTOR;

- Corredor de GUILEGE / CANTURÉ / FIOFIOLI

- Corredor de GUILEGE / FARENÁ BALANTA / FIOFIOLI

- Corredor de GUILEGÉ / UANÁ PORTO / PONTA LUÍS DIAS

- Corredor de MANTÉM / QUEBÁ JILÃ / MANSONA / MANSOMINE

- Corredor de CHÃO NALU / GANTURÉ / RIO MALAFO / CHEREL / BUMAL / LAMEL ou SITATÓ

- Corredor de QUIRAFO/DUÁ/CULOBO/GALO e CORUBAL/MINA

2) – No interior do SECTOR

- Corredor de MINA / GÃ JÚLIO / GALO CORUBAL / ZONA DO XITOLE

- Corredor de MINA / GÃ JÚLIO / BIRO / MANSAMBO

- Corredor de MINA / GONEGE / MANSAMBO

- Corredor de BURUNTONI / GONEGE / BOLÓ / MORICANHE

- Corredor de BURUNTONI / CHICAMIEL / DEMBA TACÓ / BADORA

- Corredor de BURUNTONI / CHICAMIEL / TAIBATÁ / BADORA

- Corredor de BURUNTONI / CHACALI / AMEDALAI / BAMBADINCA

- Corredor de BURUNTONI / MADINA COLHIDO / XIME

- Corredor de BURUNTONI / CHACALI / AMEDALAI / BAMBADINCA

- Corredor de BURUNTONI / CHACALI / PONTA COLI

- Corredor de BURUNTONI / GUNDAGUÊ BEAFADA / PONTA VARELA

- Corredor de PONTA JOÃO DA SILVA / PONTA DO INGLÊS / POINDON

- Corredor de MADINA / CABUCA / PONTA LUÍS / ENXALÉ

- Corredor de MADINA / SINCHÃ CORUBAL / MATO CÃO / FINETE

- Corredor de BANIR / QUEBÁ JILÃ / SANCORLÃ / MISSIRÁ / FINETE

- Corredor de MADINA / IARICUNDA / SÃO BELCHIOR.

d) – DISPOSITIVO DO IN

- Nas zonas que o IN efectivamente controla no SECTOR, implantou uma organização e hierarquias paralelas Administrativa-Militar cuja estrutura em pormenor é ainda mal conhecida.

Na primeira, definida pelo RIO CORUBAL, entre a foz do RIO BURUNTONI e RIO PULON, por uma linha imaginária que une a foz deste último à nascente do RIO BURUNTONI e por este rio até à sua foz, está referenciada a existência do Comissário Político PEDRO LANDIM que com as FARL  controla toda a população civil, sendo JORGE JOÃO BICO aparentemente o Comandante Militar da mesma Zona, esta está, dentro da organização IN, incluída na FRENTE BAFATÁ-XITOLE, SECTOR 02, e dispõe dos seguintes efectivos:

- Um Grupo, Comandado por MAMADU TURÉ na área de TUBACUTA.

- Um Grupo, Comandado por INCUDE na área de GÃ JÚLIO.

- Um Grupo, Comandado por MÁRIO MENDES  (**) na área de SATECUTA.

- Estes quatros Grupos permutam entre sí com frequência as áreas em que actuam.

- Dispõe o IN ainda na zona, em permanência, de um Grupo Especial de Bazookas comandado por VITORINO COLUNA COSTA, normalmente estacionado na área de GÃ JOÃO e de um Grupo de Sapadores comandado por MÁRIO NANCASSA.

Frequentemente o IN balanceia os meios da Frente BAFATÁ-XITOLE com os da Frente do QUINARA pelo que na situação de esforço sobre a Frente BAFATÁ-XITOLE (incluí toda a zona do Sector L-1 a sul do RIO GEBA) os efectivos indicados podem ser substancialmente reforçados.


- Na segunda área que compreende a área do REGULADO DO CUOR a norte dos RIO QUEBÁ JILÃ e RIO PASSA, e a área do REGULADO DO ENXALÉ para Oeste da linha ENXALÉ-MADINA, está referenciado o Comissário Politico LOURENÇO, e o Comandante Militar OSVALDO MÁXIMO VIEIRA que aparentemente, como membro do BUREAU do Partido, exerce o controlo de cúpula, em ambas as hierarquias Militar e Civil.Esta área está dentro da Frente MORÉS-NHACRA em que se situa toda a Zona do SECTOR L-1 a Norte do RIO GEBA e além dos diversos elementos da FAL dispõe em permanência dos seguintes núcleos das FARP:

- Um Bi-Grupo na área de MADINA-ENXALÉ comandada por IMBADE.

- Um Grupo destinado a atacar barcos e possivelmente localizado no CUOR.

- Dois Morteiros da Bateria de BESSUNHA.

- Um Grupo de Sapadores comandados pelo ARMANDO.

- Ainda nesta Frente, mas fora da Zona de Acção do Batalhão e com possibilidade de nele intervir, dentro do normal balanceamento de efectivos que o IN utiliza, estão referenciados os seguintes Grupos:

- Um Bi-Grupo comandado por FAI TURÉ.

- Um Bi-Grupo comandado por CAMARÁ.

- Um Bi-Grupo comandado por INFANDA NAMENA.

- Uma Bateria não identificada.

- Um Grupo de Foguetões comandado por AGNELO DANTAS.

- Todos estes efectivos pertencem ao C.E. 199 C/70 das FARP.

e) – POSSIBILIDADES

- O IN tem as seguintes possibilidades no SECTOR L-1:

1 – Reforçar os efectivos existentes na região XIME / BISSARI com unidades vindas da frente Sul especialmente da região do QUINARA.

2 – Reforçar os efectivos existentes na área MADINA / BELEL por unidades da região de SARA/SARAUOL região a que se encontra intimamente ligada operacional e logisticamente.

3 – Prover às necessidades de alimentação com os produtos cultivados pela população, nas bolanhas situadas na área que domina.

4 – Obter reabastecimentos

5 – Obter informações.

6 – Recrutamento de pessoal destinados aos Grupos Armados.

7 – Executar acções de terrorismo (sabotagem e destruições).

8 – Manter as acções de fogo sobre os aquartelamento das NT sobre os quais vem actuando do antecedente e orientar a sua acção a novas povoações.

9 – Utilizar novas linhas de infiltração que:

- Do BOÉ conduzam aos Regulados do XIME e BADORA através da faixa Norte do Regulado do CORUBAL.

- Da área do XIME/BISSARI conduzam à Estrada BAMBADINCA/BAFATÁ.

10 – Efectuar acções de barragem à navegação dos RIO CORUBAL e RIO GEBA em especial a W do XIME, na área de PONTA VARELA.

11 – Resistir nos seus redutos quando atacados pelas NT.

12 – Armadilhar e emboscar os acessos aos seus acampamentos.

13 – Colocar engenhos explosivos nos itinerários mais frequentemente utilizados pelas NT.

f) – AGRESSIVIDADE
- É aguerrido quando atacado nos seus redutos e é apoiado por grande potência de fogo. No entanto as suas acções ofensivas não se caracterizam por uma grande agressividade, sendo em geral pouco duradoiras.


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Notas de L.G:

(*) Vd. postes anteriores da série:

17 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6413: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (1): Populações controladas pelas NT e pelo PAIGC, ao tempo do BART 2917 (1970/72) (José Armando F. de Almeida / Luís Graça)


20 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6437: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (2): O Fula, a sua lealdade,o seu preço (José Armando F. de Almeida / Luís Graça)

30 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6499: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (3): Quando Mandinga já não quer dizer turra, mas quando ainda não se esquecem os desmandos feitos pelas NT no início da guerra (J Armando F. Almeida / Luís Graça)

2 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6519: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (4): Os balantas; as diversas individualidades (J. Armando F. Almeida / Luís Graça)

8 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6557: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (5): A zona de acção do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) e os seus principais aglomerados populacionais (Benjamim Durães / J. Armando F. Almeida / Luíos Graça)

(**)  Segundo informação do António Duarte (da 3ª terceira geração de quadros metropolitanos da CCAÇ 12, e membro da nossa Tabanca Grande), o "Mário Mendes, comandante de bi-grupo na zona do Xime, foi morto numa acção da CCaç 12 no final de 1972: numa deslocação feita para lá de Madina Colhido, foi abatido pelo apontador de HK21 do 4º pelotão".

Comentário do poste de 24 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5878: PAIGC: um curioso croquis do Sector 2, área do Xime, desenhado e legendado por Amílcar Cabral (c. 1968) (Luís Graça)