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domingo, 10 de novembro de 2013

Guiné 63/74 - P12273: Memória dos lugares (251): Bafatá, fotos do álbum do 1º cabo bate chapas Otacílio Luz Henriques, Pelotão de Manutenção, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)

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Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Foto nº 326 > 3 militares numa carrinha de caixa aberta, típica da época (, pela marca e pelo desing parece ser uma Toyota Sout, japonesa, dos anos 60)... Não sei se era de um algum civil, ou se estava ao serviço das NT. Ampliando a foto, o condutor não me parece um militar, mas sim um funcionário da administração... se não mesmo o próprio administrador, o Guerra Ribeiro, não ?


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Foto nº 351 > Uma das entradas e saídas de Bafatá, com a avenida principal,   tendo ao fundo o Rio Geba e à direita a catedral.


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) >Foto nº 361 >  Rua conhecida como a rua da  sede de batalhão (à direita, porta de armas); à esquerda, se não me engano, o restaurante das Libanesas... que não ficava na avenida principal, como já aqui se tem lido...

[Legenda do Fernando Gouveia. Quanto às fotos nº 361, está ao contrário: a casa das libanesas era do lado direito de quem desce a rua]


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Foto nº 328 > Rio Geba, porto fluvial de Bafatá. Esta foto parece estar invertida. O porto fluvial ficava na margem direita do rio, à esquerda do parque e da piscina... Terá sido tirada do cais acostável junto ao parque... Vd. fotos aéreas do Humberto Reis.


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Foto nº 331 > Mercado de Bafatá: sempre animado e colorido.



Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Foto nº 364 > Mercado de Bafatá.




Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Foto nº 330 > Campo de futebol (creio que era do Sporting Clube de Bafatá; em frente, na parede ao fundo, publicidade à Casa Gouveia)


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) >Foto nº 378 > Aeródromo de Bafatá: chegada de um Dakota.



Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) >Foto nº 332 > Aeródromo de Bafatá: chegada de um Dakota; desembarque de homens e material.



Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) >  Foto nº 329 > Aeródromo de Bafatá: chegada de um Dakota. Personalidades militares não identificadas.

[O Fernando Gouveia mandou-nos a seguinte legenda: Na foto nº 329, da esquerda para a direita reconheço o Ten Cor. Teixeira da Silva do Comando de Agrupamento, um desconhecido e a seguir o Administrador de Bafatá].



Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Foto nº 362 > Aeródromo de Bafatá: Chegada ou partida de um heli




Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) > Foto nº 377 > Instalações do Esquadrão de Cavalaria.



Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Álbum do 1º cabo bate chapa Otacílio Luz Henriques, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) >Foto nº 493 > Vista aérea da então vila (ou já cidade) de Bafatá. Ao canto inferior direito, aparece a igreja  e o edifício da administração... mas parece-me que a imagem está invertida (trata-se de um "diapositivo" digitalizado): a igreja devia estar à direita de quem desce em relação ao rio...

[Legenda do Fernando Gouveia: Quanto à foto nº 493 está ao contrário:  a igreja (catedral será demais) fica do lado direito da avenida, do lado de quem desce.]

 Fotos do álbum do 1º cabo bate chapas Otacílio Luz Henriques, do Pelotão de Manutenção  (que era comandado pelo alf mil Ismael Augusto), CCS/ BCAÇ 2852 (Bambadinca, 19587/0).

Pede-se aos camaradas desse tempo para as conferir as legendas, comparando-as com as fotos do Fernando Gouveia, que foi Alf Mil Rec Inf, Comando de Agrupamento nº 2957, Bafatá, 1968/70, e que é seguramente o melhor cicerone de Bafatá desse tempo...  Ver também as belíssimas fotos aéras tiradas pelo Humberto Reis da nossa doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba. E, já agora, revisitar também os postes da I Série, do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47, que pertenceu ao Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71).

Vou, entretanto, propor a entrada para a Tabanca Grande do nosso amigo e camarada Otacílio... Preciso apenas de o contactar. Ele já deu um importante contributo para o nosso blogue, e para o enriquecimento das nossas memórias... Já não o vejo há um anos, desde o encontro do pessoal de Bambadinca (1968/70), em Coimbra.  Tenho o seu contacto telefónico. (LG).


Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.).


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Vista aérea de Bafatá ao tempo do Fernando Gouveia: a linha vermelho assinala a "avenida pincipal", que descia desde o hospital até ao parque, ao rio e ao mercado; a amarelo assinala-se o quarteirão ocupado pelo batalhão sedidado em Bafatá... Esta é a malha urbana da Bafatá colonial... O esquadrão de cavalaraia (bem como o comando de agrupamento) ficava na periferia, no bairro (ou tabanca) da Rocha... O Fernando, que é aqruiteto, é que um dia nos pode fazer o mapa e o roteiro da cidade, para acabar com as nossas memórias confusas... Ninguém conheceu (e amou) a cidade como ele...(LG)



Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Vista aérea de Bafatá ao tempo do Fernando Gouveia: a linha vermelho assinala a "avenida pincipal", que descia desde a rotunda até ao Rio Geba, ao mercado e ao parque, passando pela catedral (, visível na foto, à direita, sendo as duas torres ainda percetíveis)... Do lado direito, o depósito de água que abastecia a cidade; do lado esquerdo, em primeiro plano, parte da Tabanca da Rocha (onde se situava a mesquita). Ao fundo, no canto superior esquerdo, vê-se uma nesga do Rio Geba. Nas imediações da rotunda, situava-se o café do sr. Teófilo, a coluna de Bambadinca parava para beber o "último copo", antes de regressar á estrada (alcatroada) Bafatá-Bambadinca...


Guiné > Zona leste > Bafatá > c. 1968/70 > Vista aérea de Bafatá ao tempo do Fernando Gouveia: a linha vermelho assinala a "avenida pincipal", que descia desde a rotunda (visível na foto) até ao Rio Geba... Ao fundo, assinaladas a amarelos as instalaçõees do Comando de Agrupamento e do Esquadrão de Cavalaria.


Fotos: © Fernando Gouveia (2013). Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.).

sexta-feira, 22 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11293: Memória dos lugares (226): Vistas aéreas da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba (Humberto Reis, ex-fur mil op esp, CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) (Parte I)


Guiné > Zona leste >  Bafatá  > Vista aérea > Foto nº 5 > Em primeiro plano, o rio Geba e a piscina de Bafatá (que tinha o nome do administrador Guerra Ribeiro e foi inaugurada em 1962, tendo sido construído - segundo a informação que temos - por militares de uma unidade aqui estacionada ainda antes do início da guerra).

Do lado esquerdo, o cais fluvial, uma zona ajardinada, a estátua do governador Oliveira Muzanty (1906-1909)... Ao centro,  a rua principal da cidade. Vê-se, ao fundo, a estrada que conduz à saída para Nova Lamego (Gabu), à direita,  e Bambadinca-Xime, à esquerda. À entrada de Bafatá, havia rotunda. Para quem entrava, o café do Teófiloi, o "desterrado", era à esquerda..

Do lado direito pode observar-se a traseira do mercado. Do lado esquerdo, no início da rua, um belo edifício, de arquitetura tipicamente colonial, pertencente à  famosa Casa Gouveia, que representava os interesses da CUF,  e que, no nosso tempo, era o principal bazar da cidade, tendo florescido com o patacão (dinheiro) da tropa. Por aqui passaram milhares e milhares de homens ao longo da guerra,. que aqui faziam as suas compras, iam aos restaurantes e se divertiam... comas meninas do Bataclã.



Foto nº 5 - >  A piscina de Bafatá, na altura vazia


Foto nº 5-B > Cais do Rio Geba e jardim de Bafatá.. Ao centro a estátua do governador Oliveira Muzanty (1906-1909)



Foto nº 5- C > Do lado direito, o principal estabelecimento da cidade, pertencente à Casa Gouveia


Foto nº 5-  D > Jardim, estátua de Oliveira Muzanty (governador, 1906-1909) e Casa Gouveia, no início da rua principal


Foto nº 5 - E > Rua Principal de Bafatá, com início na Casa Gouveia... O terceiro edifício parece ser o cinema  (?) e o sexto a casa das libanesas... Ao fundo do lado esquerdo, a igreja católica de Bafatá.  À frente à Casa Gouveia, do outro lado da rua, o Mercado de Bafatá, de estilo revivalista. [Ou o cinema era na rua do mercado que era perpendicular à rua principal ? Também não tenho a certeza onde era o edifício da administração civil... parece.-me que ficava a meio da rua principal, do lado direito, tal como o edifício dos correios. Também não consigo localizar aqui o restaurante A Transmontana].




Foto nº 5 - F > Do lado esquerdo, a igreja de Bafatá e a casa das libanesas. A diocese católica de Bafatá (, abrangendo a s regiões de Bafatá, Gabú, Quinara,Tombali e Bolama) só foi criada em 2001. Ao alto da rua, do lado direito, era o hospital de Bafatá, dirigido por missionários italianos. [ Do lado esquerdo, não longe da igreja, ficava  - se não erro - a mesquita, que não aparece na foto nº 5].


  
Foto nº 2 > A mesquita de Bafatá (1)


Foto nº 2 - A > A mesquita de Bafatá (2)


Foto nº 5 - F >  As traseiras do Mercado de Bafatá... Vê-se a sua fachada, de arquitetura revivalista, de inspiração árabe.




Foto nº 5- G > Vista parcial da cidade... Bafatá passou a concelho, pela reforma político-administartiva de 1963 (Decreto nº 45.372, de 22 de Novembro de 1963, que entrou em vigor em 1 de janeiro de 1964). Com o novo estatuto foram criado os seguintes concelhos, tendo a xâmara municipal como corpo administrativo: Bissau, Bissorã, Bolama, Bafatá, Catió, Gabu  Mansoa, Farim e Cacheu. E ainda as seguintes circunscrições: Bijagós, Fulacunda e S. Domingos.

Bafatá  foi elevada a cidade em março de 1970. No nosso tempo, meu e do Humberto Reis (CCAÇ 12, 1969/71), a cidade destacava-se pela beleza dos seus edifícios (incluindo os seus estabelecimentos comerciais) e a limpeza das ruas. Os lancis eram pintados a branco.

Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]



Guiné > Zona leste > Bafatá > Bafatá, a rua principal, vista de norte,  com o Rio Geba ao fundo... Do lado direito, pintada a azul, a famosa casa das libanesas (restaurante e pensão). Foto do ex-alf mil op esp António Barbosa (2ª CART / BART 6523, Cabuca, 1973/74).

Segundo a reconstituição feita pelo Humberto Reis, esta era "a rua principal (alcatroada, como todas as demais) da doce e tranquila Bafatá, com as suas casas de arquitectura tipicamente colonial. Ao fundo era o mercado e cortava-se à esquerda, para a piscina. Na primeira à direita, ficava o Restaurante A Transmontana. Do lado esquerdo, no início da foto, ficava a casa do Administrador e edifício da Administração civil  bem como os CTT e as Finanças. A meio, a rua era cortada pela estrada que ligava a Geba".

Fotos: © António Barbosa (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.




Guiné > Zona leste > Bafatá > Estátua de Oliveira Muzanty... Foto do o José Luís Tavares, do Esq Rec Fox 2640 (Bafatá, 1969/71), sentado à direita... Foto gentilmenmte cedida pelo Manuel Mata, nosso grã-tabanqueiro da primeira hora. Ao fundo, o edifício da Casa Gouveia.

Foto: © José Luís Tavares / Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados.


1. Esta é uma das sete vistas áreas de Bafatá, tiradas pela máquina fotográfica do Humberto Reis, o meu amigo, vizinho e camarada da CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71). O Reis tinha vários amigos na FAP e, de vez em quando, apanhava uma boleia de helicóptero ou de DO 27. Estas fotos foram tiradas de heli. E tem uma excelente resolução (mais de 2 MG), o que permitiu o seu recorte em várias imagens parciais.

Peço aos grã-tabanqueiros que viveram em Bafatá, como o Fernando Gouveia,  antigo alf mil em Bafatá, no Comando de Agrupamento nº 2957 (1968/70), autor do livro "Na Kontra Ka Kontra" , e arquiteto de profissão, para as comentar e completar a legendagem. São imagens notáveis, e únicas, que nos ajudam a matar saudades da doce e tranquila Bafatá, princesa do Geba. (LG).
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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de março de 2013 > Guiné 63/74 - P11239: Memória dos lugares (225): Olossato, anos 60, no princípio era assim (8) (José Augusto Ribeiro)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9189: O nosso fad...ário (7): O fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche: letra de José Luís Tavares, recolha de Manuel Mata (Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > Jardim da Bafatá > Eis o autor das quadras que aqui se publicam, buscando inspiração na espuma dos dias, o José Luís Tavares, sentado, à direita, sob a estátua de João Augusto Oliveira Muzanty, um dos pacificadores da Guiné tal como Teixeira Pinto. Primeiro tenente da Marinha,  foi governador do território entre 1906 e 1909.

O monumento a Oliveira Muzanty, inaugurado em 28 de Maio de 1950, foi obra do escultor António Duarte e do arquitecto Fernando Pessoa. Encontra-se hoje parcialmente destruído (só resta a base em pedra onde assentava a estátua do nosso antepassado).

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > O Manuel Mata em cima de uma Autometrelhadora Daimler.

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados


1. Manuel Mata é dos mais antigos membros da nossa Tabanca Grande. Na I Série do nosso blogue tem diversos postes publicados. Foi 1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 (, máquina de guerra que nem sequer havia no TO da Guiné...). É do meu tempo do leste: pertenceu ao Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71, e era amigo (e confidente) do velho Teófilo, do Café Teófilo.

Há cinco anos atrás, ele mandou-nos algumas quadras que foram agrupadas, com maior ou menor propriedade sob a designação de Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá. Foi a minha maneira de fazer uma pequena homenagem aos nossos camaradas da arma de cavalaria que penaram lá para os lados de Bafatá, Nova Lamego, Piche, Buruntuma... Também iam a Bambadinca, mas menos vezes. Bambadinca tinha o seu Pel Rec Daimler, que fazia o que podia (e podia pouco) para, com dignidade e coragem, ir aos pontos mais críticos e difíceis (sobretudo na época das chuvas) do Sector l1, como Mansambo, Xitole, Saltinho...

Do alentejano Manuel Mata, que vive no Crato, aqui vão algumas quadras do seu amigo José Luís Tavares, "homem de transmissões, companheiro do Esquadrão e das lides de organização dos convívios anuais" (sic)... Ele fez, em 2006, questão de sublinhar que se destinavam aos "amigos que gostam de quadras com algum sentido crítico-satírico"... 


Nunca cheguei a saber, junto dele, se na Cavalaria de Bafatá se cantava o fado... marialva ou não. Presumo que sim... Mas não tenho qualquer indicação de música de fado (ou outra) para acompanhar esta letra...  As quadras, com versos de 7 sílabas, são perfeitas (depois de um retoque final),  tocam-se com música de um fado tradicional, haja uma viola, um guitarra e uma garganta afinada. Pode ser o fado corrido, que casa bem com as quadras populares. Chamei-lhe nesta revisão o Fado do Bart 2857, com uma 1ª parte, Obras em Piche... (Com a devida vénia, ao autor da letra e ao Manuel Mata, que a recolheu) (*) (LG)


2. Fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche (***)

Aqui em Piche é mato,
Mas manga de animação,
Tem cá uma [bela] piscina,
Foi hoje a inuguração.

F'zeram várias brincadeiras
Que meteram muita graça,
Jogaram também f'tebol
E, ao fim, entrega da taça.

Foi um jogo de grande interesse,
Como já é natural,
Mas ao fim, em vez da taça,
Deram uma cerveja Cristal.

Vou dizer-lhes o resultado.
Só para nós em comum,
Que perderam os furriéis
Por nove golos a um.

Foi um jogo bem disputado,
Ouvi eu, numa entrevista,
Que mais par'cia uma final
Com Sporting e Boavista.

Passou-se isto a vinte e oito,
Mais nada, vou terminar,
E quanto à arbitragem
Acho que foi regular.

José Luis Tavares - Radiotelegrafista
28 de Junho de 1970


[Recolha: Manuel Mata] (**)

[Revisão /fixação de texto: L.G.]

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 9 de Dezembro de 2011 Guiné 63/74 - P9165: O nosso fad...ário (6): Fado Canção da Fome: Livrou o autor de levar uma porrada do célebre Pimbas (Manuel Moreira, CART 1746, Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69)


(**) Vd. I Série >
 Poste de 31 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche

(***) Ao tempo do BART 2857 (Piche, 1968/70), que tem um blogue próprio, aqui. Pelo "slideshow" com fotos do João Maria Pereira da Costa, vê-se que era malta danada para jogar á bola...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7646: Camaradas da diáspora (5): José Oliveira Marques, condutor de White, ERC 2640 (Bafatá e Piche, 1969/71), a viver em Estrasburgo, França



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) >  Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. 

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados





1. Mandou-nos um email e telefonou-nos o camarada José Oliveira Marques, natural de Aveiro, a viver em França desde 1972, perto de Estrasburgo:

Caro Amigo de Bambadinca:

Eu,  José Marques,  venho por este meio lhe agradecer pelo blog, feito de tanta coisa,  riquíssima para nós, os ex-combatentes.

Estive em Bafatá de 1969 a71 e pertenci ao Esquadrão de Reconhecimento de Cavalaria [ERC 2640] do Sr Capitão Vouga. E tenho lido no vosso blog, os comentários de Fernando Gouveia, sobre Bafatá e no qual me reconheço, là no meio daquilo tudo.

Gostaria que este meu apoio chegasse até ele.

Tenho tanta coisa para contar. Fui condutor das famosas White, posto   do qual me sinto ainda hoje orgulhoso, pelo serviço que prestei ao serviço à nossa Pátria (ou ao que se dizia Nossa Pátria)-

 Gostaria que esta mensagem chegasse do Sr Gouveia, que, depois, muito mais tenho para contar,

Sr. Luís, obrigado,pela publicação, isto é se chegar às suas mãos

Desculpe os erros cometidos na escrita, porque só estou com isto [, o acesso à Internet,] desde este Natal último. A prática é pouca, mas a vontade é muita.Estou em França desde 72 mas assisto aos convívios quando posso, com o nosso correspondente Manuel Mata [ex-1.º Cabo Apontador de Armas Pesadas do EREC 2640].

Obrigado pela atenção dispensada,

Grande Abraço, de Bafatá até Bambadinca

José Marques


2. Comentário de L.G.:

Combinámos, ao telefone, seguir as regras do blogue e, portanto, usar o tratamento que é devido aos camaradas... Vê-se que o José Marques está entusiasmada com o "brinquedo" que os filhos lhe deram no Natal. Presumo que esteja reformado. Está com imensa vontade de "ir ao baú" buscar o "missal" (sic) onde escrevia pequenas notas sobre o seu quotidiano na Guiné... Prometeu-nos mandar fotos digitalizadas (quando os filhos passarem lá por casa...), de modo a regularizar a sua entrada na nossa Tabanca Grande.

O ERC 2640 tinha 4 grupos de combate, com viaturas blindadadas White e Fox (substituídas em princípios de 1971 pelas Chaimite), 3 em Bafatá e 1 destacado em Piche (em geral, faziam rotação de dois em dois meses). Lembra-se de um emboscada a 12 ou 13 de Outubro de 1970, em que um morteirada atingiu o radiador da sua White...Fala com evidente orgulho do poder de fogo da sua White e do "respeitinho" que a metralhadora 12.7 (Browning) impunha ao IN.

A rapaziada do EREC 2640 vai comemorar, em 8 de Outubro de 2011,  os 40 anos do regresso a casa, em Castelo Branco (informação confirmada ao telefone pelo Manuel Mata, que  tem sido o corpo e a alma dos encontros do pessoal; vive no Crato: telefone fixo, 245 996 260). 

O José Marques conta cá estar com o seu camarada (e nosso camarigo) Manuel Mata (que fez recentemente anos: oficialmente a 19, porque foi a data em que o registaram, na verdade nasceu a 16 de Janeiro de 1947, já lá vão 64 anos).  

A história do EREC 2640 (ou Esquadrão de Reconhecimento Fox, como também é conhecida esta subunidade de cavalaria, que é do meu tempo na Zona Leste) já aqui foi contada pelo Manuel Mata, na I Série do nosso blogue, em 2006. Já sugeri ao Manuel Mata para "refrescar" esses apontamentos e fotos de modo a podermos publicá-los nesta II Série. É natural que, ao fim de 5 anos, ele tenha mais informações sobre os camaradas que ele foi reencontrando, e sobre a os combates travados no leste.
_______________

Nota de L. G.:

Último poste desta série > 17 de Janeiro de 2011
>  
Guiné 63/74 - P7626: Camaradas na diáspora (4): José (ou Joe) Ribeiro, natural de Leiria, a viver em Toronto, Canadá, há mais de 35 anos: Sold Inf , 4º Gr Comb, CCAÇ 3307/BCAÇ 3833 (Pelundo, Jolmete, Ilha de Jete, 1970/72)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7636: Parabéns a você (202): José Crisóstomo Lucas, ex-Alf Mil da CCAÇ 2617 e Manuel Mata, ex-1.º Cabo do Esq Rec Fox 2640 (Tetúlia e Editores)

PARABÉNS A VOCÊ
19 DE JANEIRO DE 2011

JOSÉ CRISÓSTOMO LUCAS
E
MANUEL MATA

Caros camaradas aniversariantes José Crisóstomo Lucas* e Manuel Mata**, a Tabanca Grande solidariza-se convosco nesta data festiva. 

Assim, vêm os Editores em nome de todos os vossos camaradas e amigos desejar-vos um feliz dia de aniversário junto dos vossos familiares.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que vós amais e prezais.

Na hora do brinde não esqueçais estes vossos camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela vossa saúde e longevidade.
__________

Notas de CV:

(*) José Crisóstomo Lucas foi Alf Mil na CCAÇ 2617 (Magriços de Guileje) que esteve em Pirada, Paunca, Guileje e Quinhamel nos anos de 1969/71.

(**) Manuel Mata foi 1.º Cabo Apontador de Armas Pesadas do Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71.

(*) (**) Vd. poste de 19 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5674: Parabéns a você (64): José Crisóstomo Lucas, ex-Alf Mil da CCAÇ 2617 e Manuel Mata, ex-1.º Cabo do Esq Rec Fox 2640 (Editores)

Vd. último poste da série de 12 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7597: Parabéns a você (201): Adilan, o menino que Manuel Joaquim trouxe da Guiné (Miguel Pessoa)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Guiné 63/74 - P5674: Parabéns a você (64): José Crisóstomo Lucas, ex-Alf Mil da CCAÇ 2617 e Manuel Mata, ex-1.º Cabo do Esq Rec Fox 2640 (Editores)

19 de Janeiro de 2010 é dia de aniversário para dois camaradas e tertulianos da nossa Tabanca Grande.
São eles:

1 - José Crisóstomo Lucas, ex-Alf Mil Op Esp/Rânger da CCAÇ 2617, de quem não temos fotos, e

2 - Manuel Mata, ex-1.º Cabo Apontador de Armas Pesadas do Esq Rec Fox 2640.

A estes nossos camaradas vimos desta forma expressar os nossos desejos de um dia bem passado junto dos seus familiares e amigos, e que esta data seja comemorada por muitos anos, cheios de saúde e boa disposição.


Falemos destes nossos amigos.

De Crisóstomo Lucas*
, encontrei esta mensagem do dia 24 de Março de 2008:

Meu nome: José Crisóstomo Lucas, ex alferes miliciano de Operações Especiais, de uma Companhia residente em Guileje (Guiledje) entre 1969 e 1971, conhecida pelos MAGRIÇOS DE GUILEJE, de que muito me orgulho, a CCAÇ 2617.

Sou amigo pessoal do vosso cartógrafo de serviço (Humberto Reis) que conheci só em Lisboa através de outro alferes Magriço, já falecido, [o José Carlos Mendes Ferreira,] bem assim como do Hélder de Sousa, que hoje descobri também ter estado na Guiné sendo um antigo combatente, embora não tenha lá voltado.

Eu, pelo contrário, já voltei a Bissau. Fui muito bem recebido nomeadamente por diversos ministros e pelo Sr Presidente na altura (Nino Vieira, que é o mesmo de hoje). Alguns dos que estavam nessa reuniões, eram antigos combatentes (um deles, de que não me lembro do nome, na época de 69/71 era o comandante da zona Sul)... Posso dizer que, após alguns momentos de silêncio e de eventual desconfiança, a abertura e os risos de boa disposição foram totais.

Ao contrário de algumas notícias que li sobre Guileje e não só, sou dos que tenho orgulho do trabalho que executámos em Guileje, independentemente da tradicional frase do Sangue, suor e lágrimas. Faço notar que foi mais suor do que o resto.

Durante todo o tempo, além de termos resistido a muitos ataques, alguns ao arame - faz anos na Páscoa, tivémos 3 ataques ao quartel no mesmo dia - , ainda fizemos alguns roncos e peripécias de que me abstenho neste momento de contar mas que constam de um diário de guerra que, segundo li, está em vosso poder, basta ler.

Quero chamar a atenção que nem as gentes da Guiné são uns coitadinhos nem as nossas tropas foram uns malandros. Pensem que no meio estará o ponto de equilíbrio.

Enviei 2 emails sobre Guileje sobre a questão dos morteiros existentes na altura, mas não tive o prazer de os ver publicados

Uma abraço
J.C. Lucas

(*) Vd. poste com data de 25 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2681: CCAÇ 2617, Os Magriços do Guileje (Guileje, Mar 1970 / Fev 1971) (José Crisóstomo Lucas / Abílio Pimentel)

.../.../.../...

Manuel Mata, que foi 1.º Cabo Apontador de Armas Pesadas no Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640*, andou por Bafatá entre 1969 e 1971, vem já da primeira série do nosso Blogue.

Encontrei registos de postes seus datados do ano de 2006, referenciados em roda-pé, logo estamos perante um velhinho.

Desses postes retirei as três fotos que editei e se publicam.



Bafatá > Manuel Mata junto à Fonte Pública

Bafatá > Manuel Mata em cima de uma AM Daimler

Bafatá > Manuel Mata junto a uma Fox


(*) Sobre o Esq Rec Fox 2640, vd. os seguintes postes, publicados na 1.ª série do nosso blogue:

2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DXCVII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (1)

3 de Março de 2006 > Guiné 93/74 - DCIII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (2)

25 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (3)

2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXI: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade

2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 -DCLXXII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu

2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXIII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (6): as primeiras Chaimites para o Exército Português

Vd. último poste da série Parabéns a você de 6 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5598: Parabéns a você (63): Paulo Santiago, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 53 (Mário Migueis / Editores)

terça-feira, 16 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P759: Panfletos de propaganda dirigidos ao 'homem do mato'

Panfletos de propaganda política, destinados aos combatentes do PAIGG, elaborados em 1970 pelo Exército Português, escritos em crioulo. Chegaram à nossa tertúlia por mão do Manuel Mata. Foram-lhe oferecidos pelo seu amigo, o comerciante Sr. Teófilo, de Bafatá (1).

© Manuel Mata (2006) (2)

Tradução do crioulo: © Mário Dias (2006) (3)


"COMBATENTES, NÓS FOMOS ENGANADOS!

Agora nós sabemos que no PAIGC
nós lutamos só contra a felicidade do povo,
e contra o progresso da Guiné...
Agora nós vemos claro como os dirigentes do PAIG nos enganam".
Foi assim que NHATE BUIDA falou na Rádio de Bissau no dia 23 de Junho de 1970.

HOMEM DO MATO:
O Governo está a construir o progresso e a felicidade do povo.
O PAIGC só traz morte, miséria e sofrimento para o povo
e para os combatentes.

HOMEM DO MATO!
NO PAIGC TU LUTAS CONTRA O POVO

VEM JUNTAR-TE AO POVO PARA CONSTRUIR
UMA GUINÉ MELHOR.


HOMEM DO MATO !
O MOTIVO DA LUTA JÁ ACABOU

Assim disse Nhate Buida, chefe de grupo do PAIGC, de Naga,
que foi apanhado pela tropa no dia 16 de Maio de 1970.
ELE NÃO QUER REGRESSAR PARA O MATO.
__________

Notas de L.G.

(1) Vd. posts de:

11 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCXCIV: Panfleto de propaganda, em crioulo, do PAIGC: Irmãos...(1970)
2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu

(2) Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47, Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71).

(3) Mário Dias, ex-sargento Comando (Brá, 1963/66)

sexta-feira, 5 de maio de 2006

Guiné 63/74 - P727: Em 22 de Novembro de 1970 eu estava em Bafatá (Manuel Mata)

Cópia de excerto do relatório do comandante da Op Mar Verde (Fonte: António Luís Marinho: Operação Mar Verde – Um documento para a história. Lisboa: Círculo de Leitores. 2006. Com a devida vénia)


1. Excertos do texto do João Tunes, de 2 de Maio de 2006: Da hora dos aventureiros:

"Em Novembro de 1970, eu estava enfiado num quartel de uma aldeia do sul da Guiné, Catió, metido numa guerra sem vitória possível e ainda menos sentido que o de soprar contra a história (...).

"22 de Novembro de 1970 e dias seguintes, foram especialmente tensos. A tempestade que carregava a rotina quarteleira era mais pesada que costume. O comando andava de sobrolho mais fechado. Tinha de haver bernarda grossa. Depois amainou. Para se voltar à rotina das morteiradas do Nino. Dia sim e dia não. E o dia 22 de Novembro de 1970 ficou-se como um dia em que até pouco se passou. Ali, em Catió. Porque não longe dali, muito se passara.

"Só mais tarde vim a saber um pouco do que se tinha passado nesse 22 de Novembro de 1970 tornado um dia particularmente tenso na rotina militar de Catió. Nesse dia, o governo português tinha executado uma operação de guerra contra outro país soberano e inimigo, invadido a sua capital com o fito de mudar-lhe o Presidente (assassinando-o) e o governo, colocando no seu lugar um governo amigo dos colonialistas, liquidando a retaguarda do PAIGC (em que se incluía o assassinato de Amílcar Cabral e dos restantes altos dirigentes) e libertando os militares portugueses que tinham sido capturados pela guerrilha. Foi a operação Mar Verde, arquitectada e executada por Alpoim Calvão, aprovada por Spínola e por Marcelo Caetano, neutralizadas que haviam sido as vozes discordantes do Ministro do Ultramar, Silva e Cunha, e do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Patrício.

"Na noção adquirida da impossibilidade de ganhar a guerra na Guiné, era a aventura do tudo ou nada. E, como se a guerra tivesse solução numa noitada num casino, restava a aventura. Era a hora dos aventureiros" (...).


2. Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47, do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71)

Caro Luís Graça,
Quanto ao apelo do Camarada João Tunes - Onde estavas a 22 de Novembro de 1970? (1) -,envio a minha modesta participação.

Um Abraço
Manuel Mata


22 De Novembro de 1970

A vida no Esqadrão decorria com toda a normalidade que era habitual, no dia-a-dia da unidade em Bafatá, não fossem as notícias que ouvi, cerca das 6 horas da manhã na rádio de Conacri, onde anunciavam com alguma ansiedade a invasão da República da Guiné e apelava aos Boinas Verdes para virem em seu auxilio, pois estavam a ser invadidos por tropas colonialistas Portuguesas.

Fiquei estupefacto e comecei a falar com a rapaziada do Esquadrão, mas todos iam ficando pensativos sem nada se conseguir relacionar. Perguntou-se ao Manuel, um ex- turra a trabalhar na padaria do Esquadrão, como padeiro, se tinha conhecimento de alguma coisa. Resposta negativa, como era óbvio. Mas para nós, ele sabia e sabia fazer muito bem o seu jogo entre as partes envolvidas, o mesmo se passou com os restantes trabalhadores guineenses do Esquadrão o Braima e o Samba.

Já isso não se verificou com o Teófilo e o seu amigo, sobrevivente do desterro e residente em Bafatá (2), que comentaram:
- Pura intromissão, na vida de um país vizinho, só de um Governo Fascista e Colonialista como o Português, tem que ser derrubado!.

As notícias continuaram na rádio, ficamos a saber da entrega de um dos grupos, da libertação dos nossos prisioneiros, da destruição da pista de aviação, de muitos mortos, mas nada de muito concreto. Como era fácil adivinhar, foi um momento de muita alegria ao saber-se que haviam libertado os nossos prisioneiros.

Como nada mais se sabia, pedi a familiares e amigos na metrópole que estivessem atentos às notícias e que me enviassem a prestigiada revista da altura, a Vida Mundial. Semanas mais tarde lá chegou, com uma reportagem da entrevista, na televisão, com um dos prisioneiros, mas nada de grande luz sobre a situação da invasão à República da Guiné-Conacri.

Ansiei ao longo dos anos pela verdade, como certamente todos nós, finalmente, o livro de António Luís Marinho "Operação Mar Verde", nos veio clarificar toda a preparação maquiavélica da Operação.

A escolta Piche – Buruntuma

Esta escolta efectuada pelo 3º Pelotão do Esq Rec Fox 2640, destacado em Piche [na região de Gabu], dias antes do 22 de Novembro, teve como objectivo levar militares africanos e alguns civis desconhecidos na área, embora se tenha falado em homens da 1ª Companhia de Comandos Africanos. Teriam seguido para Conacri, hipótese levantada e comentada pelos homens do 3º Pelotão depois do conhecimento da invasão.

A destruição da revista "Vida Mundial"

Um dos meus passatempos, na Guiné, era ler, ouvir e gravar música subversiva para os amigos que me pediam, principalmente, Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira e tantos outros, que me chegavam da Metrópole, por intermédio de um estudante universitário de Coimbra, irmão do 1º Cabo Antunes (já falecido).

O comandante lá foi informado deste meu hobby. Então para me manter ocupado, andou durante algumas semanas, todos os dias, cerca das 10 horas da manhã a visitar, a arrecadação de material de guerra e aquartelamento. Entrava mudo e saía calado, deitava o material das prateleiras para o chão. Eu voltava a colocar o material nos devidos lugares, e assim foram decorrendo os dias. Já com alguma preocupação, falei com o 2º Comandante, prometeu ir ver o que se passava, disse-me depois:
- Termina com as gravações senão vais parar a Piche!

Claro, continuei mas fora de horas... Terminada a comissão, com receio que algo pudesse acontecer, visto estar já referenciado, pedi a um amigo insuspeito que me trouxesse todo o material subversivo, onde tinha as gravações, livros, incluindo a Vida Mundial.

Este amigo, o 1º Cabo Machuqueira, como não fui na semana seguinte, da passagem à disponibilidade, levantar o referido equipamento, e com medo da PIDE/DGS, queimou todo o material, que lhe confiei.

Manuel Mata
_________

Nota de L.G.

(1) Vd post de 4 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXXXII: Onde é que vocês estavam em 22 de Novembro de 1970 ? (João Tunes)

(...) "Terminei há pouco a leitura do livro de um jornalista da SIC sobre a famosa operação Mar Verde (22 de Novembro de 1970). Haverá camaradas que nela participaram. Outros, caso meu, viveram-no na tensão da espera do resultado (eu estava em Catió nessa altura). Terá sido também o teu caso e de outros muitos camaradas.

"Recomendo a leitura do livro (Operação Mar Verde - um documento para a história, de António Luís Marinho, Editora Temas & Debates). Pela minha parte, não tendo gostado nada do culto prestado a Alpoim Calvão, acho que é obra que ajuda a explicar-nos como estávamos ali e como, nos altos comandos, éramos comandados.

"Seja qual for a opinião que se tenha sobre o Mar Verde, o certo é que se tratou da cartada maior e mais arriscada na guerra em que estivemos metidos. A minha opinião pessoalíssima está no meu blogue, Água Lisa (6) ."(...).

(2) Vd post de 26 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLIV: Bafatá: o Café do Teófilo, o desterrado

(...) "Contou-me que tinha sido desterrado para a Guiné no inicío dos anos trinta, num grupo de 40 elementos dos quais restavam três à data, estando ele e um outro em Bafatá de quem não me recordo o nome - sei que tinha uma taberna na Tabanca entre a casa dele e o Hospital (pessoa com que, de resto, privei algumas vezes, para ouvir os programas em Português da BBC de Londres).

"Sei que o Sr. Teófilo tinha vindo à Metrópole apenas duas vezes, tinha uma estima profunda pelos Guineenses, pois foi esse povo maravilhoso que o tratou de inúmeras doenças, e só assim conseguiu sobreviver" (...).

terça-feira, 11 de abril de 2006

Guiné 63/74 - P685: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (4): Lavantamento de rancho

Cancioneiro do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá (1969/71).

Autor das letras: José Luís Tavares.

Recolha: Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47.

Levantamento de rancho no R.C. 8

Dizem mal do regimento
Mas isto não é nada mal,
Há sempre duas refeições
Como é habitual.

Ontem à refeição da tarde,
É caso para relembrar,
Puseram-nos batatas cruas
Que nem as podíamos esmagar.

Isto acvonteceu ontem,
À refeição do meio-dia,
Vimos que não podia ser,
Fizémos queixa ao Oficial-Dia.

O Oficial-Dia chegou,
A fazer-se muito valente
E para livrar responsabilidades
Foi dar parte ao Comandante.

O Comandante chegou e disse,
Cheio de força e mania:
"Vós sois do R. C. 8,
Soldados de cavalaria".

Eu estava cheio de fome,
A cair quadse morto,
E ele, ainda por cima,
Desafiou-nos para o sôco.

Ai, triste da nossa vida,
Ai, pobres de nós, coitados,
Com a barriga a dar horas,
Ainda somos desafiados.

Nós ouvimos o discurso,
Contentes e satisfeitos,
Bem lhe olhámos para os ombros
Mas tinha uma larga e dois estreitos (1).

Eram já três da tarde
Quando o discurso acabava,
Eu olhei para o meu ombro
E tinha a platina sem nada.

Voltou as costas, foi-se embora,
Cheio de nervos e a tremer,
Virou-se para nós e disse:
"Isto não volte a aconteceer".

Não sejam tão desordeiros,
Que isto não pode continuar,
E deu ordens ao Oficial-Dia (2)
Para nos mandar destroçar.

Tudo isto é verdade,
Sem exagero nem mania,
Se nos dessem sempre bife,
Nada disto acontecia.

Visado pela censura em 27-10-69.

Tavares - Radiotelegarfista
______

Nota de L.G.
(1) Galões correspondentes ao posto de tenente-coronel

Nota do autor dos versos:
(2) O Oficial-Dia era o Alferes Caturra

Guiné 63/74 - P684: Panfleto de propaganda, em crioulo, do PAIGC: Irmãos...(1970) (Manuel Mata / Mário Dias)

Guiné > Zona Leste > Bafatá > 1970 > Panfleto de propaganda do PAIGC, escrito em crioulo. Cópia de exemplar oferecido ao Manuel Mata pelo seu amigo, o comerciante Sr. Teófilo, dono do Café Teófilo, e um deportado político no início dos anos 30, conhecido pelas suas simpatias para com o PAIGC, aos olhos dos tugas... © Manuel Mata (2006) (1)


IRMÃOS,

Para além de todas as canseiras
que já passastes e continuais ainda a passar,

Há já sete anos que vós sofreis sem razão,
muitos de vós perderam a vida sem razão,
porque aceitaram ouvir as aldrabices dos tugas
e dos seus cães!

Já há sete anos que os tugas vos prometeram
que a guerra estava prestes a acabar,
mas até agora ainda não,
e mais se escondem por detrás de vós nas tabancas,
porque a nossa força não pára de crescer,
como vós dais conta!

Sete anos chegam para entenderdes
como nada pode parar o nosso ataque
contra os inimigos do nosso povo,
inimigos da independência da nossa terra

IRMÃOS,

Saiam dos lugares onde os tugas põem quartel,
porque as balas não têm olhos! (2)
Deixai os estrangeiros exploradores colonialistas
a sós com as suas dificuldades!
Vem e junta-te aos teus irmãos!

VIVA P. A. I. G. C.!

Morte aos estrangeiros tugas, e aos seus cachorros de dois pés.


Tradução do crioulo:
© Mário Dias (2006)
__________

Nota de L.G.:

(1) Vd. post de 2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu

Nota do tradutor (M.D.):

(2) ... pabia bála ca ten udju dé! > dé! é uma partícula de realce, sem tradução em português, e que expressa como que um sério aviso.

Guiné 63/74 - P681: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (3): O Hotel do RC 8

Cancioneiro do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá (1969/71). Autor das letras: José Luís Tavares. Recolha: Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 (1).


Hotel do R.C. 8 - Castelo Branco (2)(3)

De certo falo verdade,
Sem exagero nem mania,
Derivado ao fraco trato
Aqui em cavalaria.

Hoje que é Segunda-feira
E como mais nada não há,
É feijão à Castelo Branco
Com toucinho à moda de cá.

À Terça-feira é melhor
Mas de certo não é mau,
Batatas mal temperadas
E com peixe bacalhau.

À Quarta-feira, isso então
É que não vale mesmo nada,
Dão-nos então feijão crú,
Misturado com dobrada.

À Quinta-feira, que delícia,
Aquilo até mete medo,
Põem-nos arroz mal cozido
Com chouriço do vermelho.

À Sexta-feira não digo nada
É para nós um segredo
E então, para variar,
Dão-nos batatas com sebo.

Ao Sábado, que é fim de semana,
Eu digo e volto a dizer,
Fazem um rancho tão bom
Que nem se pode comer.

Ao Domingo é dia grande
E as comidas sempre fracas,
Dão-nos então arroz de frango
Com as asas e as patas.

Há água todos os dias
Que até é um regalo
E o pão sempre fresco,
Cozido o ano pasasdo.

E pronto, cheguei ao fim,
Acabei, vou terminar,
Não me falem mais em Rancho
Que estou quase a vomitar.

Tudo se passa no quartel
E ainda esta me resta,
Que o que dão melhor é a água
E mesmo essa não presta.

Já morri, não sou poeta,
De escrever cansei a mão,
De muitas quadras que eu fiz
Ainda estas aqui estão.

Visadas pela censura em 10-10-69
Tavares - Radiotelegrafista

____________

Notas de L.G.

(1) Vd. pots de 2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DXCVII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (1)

O convívio anual do Esq Rec Fox 2640, este ano, vai realizar-se no dia 30 de Abril, em Pombal. Contactos: Manuel Mata > Tel. 245 996 260 / 939 344 816; José Tavares > Tel> 214 685 597 /965 119 117.

(2) R.C. = Regimento de Cavalaria

(3) Vd. posts anteriores:

31 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857

31 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche

domingo, 2 de abril de 2006

Guiné 63/74 - P654: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (6): as primeiras Chaimites para o Exército Português

Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71> Viatura Chaimite anfíbia com canhão. As primeiras que foram distribuídas às NT. © Manuel Mata (2006)


Texto do Manuel Mata, ex-1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 > VI Parte da História do Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (*)

Junho de 1970:

Mês trágico para o Furriel Mil Humberto Sertório Fonseca Rodrigues que sofre um acidente no quartel ao deslocar-se ao gabinete do Comandante do Esquadrão (na altura Capitão de Carreira Fernando da Costa Monteiro Vouga, hoje Coronel na reforma), para atender um telefonema de Lisboa, da mãe.

E enquanto almoçava, este, ao entrar a correr no gabinete fez estremecer o soalho, tremeram os móveis, caiu um dilagrama que estava exposto em cima de um dos móveis e que explode. Esse dilagrama era um de dois por mim encontrados, junto da ponte do rio Colufe, numa tarde de pesca com tarrafa (rede de lançamento, cónica), não sendo este conhecido no nosso exército, na altura.

O Capitão, quando o viu na arrecadação de material de guerra e aquartelamento, pediu-me que, antes de os depositar no paiol subterrâneo, lhe desse um para observação.

Ainda hoje, quando recordo esta cena, vendo um corpo a rolar no chão, sinto alguma angústia, embora o Humberto Sertório se encontre bem, continuo com alguma dor… (Certamente alguns dos camaradas desta caserna, deste blogue, conhecem este camarada, foi Fundador e Presidente de ADFA – Associação dos Deficientes das Forças Armadas).


Agosto de 1970:

Mais um elemento do Esquadrão evacuado por doença, o Apontador de CCM 47, João Vicente Pereira Constantino.

Verificou-se ainda neste mês, no itinerário Piche – Nova Lamego, uma emboscada pelo IN a uma viatura civil. Acorreram os homens do Pel Rec que, ficaram surpreendidos por se tratar de uma viatura civil. Explicação do motorista: ultimamente não tinha entregue a sua contribuição (sacos de arroz e feijão) aos homens do PAIGC da região.



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71)> Uma das oito Viaturas White distribuídas ao Esq Rec Fox 2640. Rápida também em picadas, com bom poder de fogo devido ao carril onde as metralhadoras eram montadas, podendo deslocar-se para qualquer ponto frontal ou lateral da viatura, era ao mesmo tempo um excelente abrigo devido à sua forte estrutura metálica. Tornava-se, porém, difícil a sua deslocação na época das chuvas. © Manuel Mata (2006)


Setembro de 1970:

As oito viaturas White, distribuídas ao Esq começaram a ter problemas mecânicos, não havia material sobressalente em armazém, para reabastecimento, tendo esta situação leavdo a uma diminuição da nossa actividade operacional.

Neste mesmo mês um camarada do Esq é punido, com quatro anos e seis meses de presídio militar, por insubordinação (ameaça de lançamento de granada de mão ofensiva durante a noite, ou de G3 em posição de rajada, na caserna, quando todos estavam a descansar, etc.)... Lá fugia toda a malta em cuecas para a parada, com medo do Mouraria, que acabava a rir à gargalhada!!!

Conclusão: seguiu para Bissau, com destino ao Forte de Elvas, donde saiu beneficiando de uma amnistia pela morte de António Oliveira Salazar (1), não sendo por nós conhecida a sua situação desde essa data.


Mês de Outubro de 1970:

O Pelotão destacado em Piche fez mais uma das muitas escoltas, a Nova Lamego, sofreu uma forte emboscada, as viaturas White reagiram de imediato pelo fogo e movimento. Uma delas foi atingida por sessenta tiros e um dos nossos atiradores teve uma reacção inesperada e de grande bravura, sai da viatura para o meio da picada de bazuca em punho, mantendo-se ali de pé até disparar todas as granadas que havia de momento...

Apenas sofreu queimaduras ligeiras no rosto o nosso bravíssimo camarada Eduardo Pereira Subtil (mais conhecido pelo Minhoca). Houve um outro militar ferido mas sem gravidade. As forças escoltadas sofreram um morto e sete feridos.

Notava-se na zona um aumento significativo das ameaças e flagelações pelo IN, basta recordar o dia 25 de Outubro, mais uma em Piche sem consequências para o Pelotão Rec, mas o mesmo não aconteceu aos militares do Batalhão que sofreram um morto e um ferido, e também quatro feridos da população.
Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71)> Algum do material de guerra capturado ao IN ao longo dos meses na zona de Piche.

© Manuel Mata (2006)

No mesmo período outro Pelotão ao fazer uma escolta Bafatá – Xime – Bafatá foi atacado pelo IN com morteiro e armas ligeiras. As nossas forças reagiram em colaboração com as forças estacionadas no Xime, não tendo havido consequências, para as NT.

Logo, a seguir 5 de Dezembro, foi atacada a tabanca de Bambadinca. Neste período é de salientar a vinda à Metrópole de um Alferes, do Primeiro-Sargento Mecânico, e de cinco Praças, afim de receberem cinco viaturas Chaimite, destinadas a este Esq. Havia uma certa expectativa pois eram as primeiras viaturas do tipo para o Exército Português.

Estava assim decorrido o primeiro ano de Guerra e eis que chegou o segundo Natal na Guiné. Algumas mensagens para a família pela rádio e pela televisão, toda a gente em fila indiana numa corrida para o microfone (Sou o …, de …, Minha querida Mãe e Pai, e restante família, estou bem, até ao meu regresso!), lá fica toda a gente mais feliz.

Não podemos esquecer a lembrança posta na Bota, entregue pelo MNF Português(carteira contendo um maço de tabaco e um isqueiro)... Para muitos de nós era humilhante, tratar assim quem tudo dava incluindo a própria vida, por uma causa que não era nossa.

Para os amigos que gostam de quadras com algum sentido crítico/satírico, já comecei a publicar algumas, que são da autoria do meu amigo José Luís Tavares, homem de transmissões, companheiro do Esquadrão e das lides de organização dos convívios anuais (3).
______________

Notas de L.G.

(1) Vd. posts anteriores
2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (5): Foguetões 122 mm no Gabu
2 de Abril de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXXI: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (4): Elevação de Bafatá a Cidade

25 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (3)

3 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Manuel Mata) (2)

2 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DXCVII: Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71) (Manuel Mata) (1)

(2) Salazar morreu em 27 de Junho de 1970. Poucos de nós, na Guiné, demos pela ocorrência e menos ainda a lamentámos.

(3) Vd post de 31 de Março de 2006 >

Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche.

Guiné 63/74 - DCLXVI: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (2): Piche, BART 2857