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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13886 Da Suécia com saudade (47): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte VII): E depois da independência e até 1994, atingiu os 2 mil milhões de dólares! (José Belo)


Foto nº 15  > Quem disse que em tempo de guerra não se limpavam armas ? [Legenda original: "15 Soldiers in the liberated areas in Guinea Bissau"]



Foto nº 6 > Isto não é uma picada, é uma autoestrada...  [ Legenda original: "Soldiers marching in the liberated areas in Guinea Bissau"]


Foto nº 23 > Mezinhas para o povo...   [Legenda original: "Medical examination in the liberated areas in Guinea Bissau"]



Foto nº 22 >  O trabalho da menino é pouco mas quem não o aproveita é louco... [Não, não é a apologia do trabalho infantil, é um ditado popular português...[Legenda original: "Harvesting rice in the liberated areas in Guinea Bissau. The rice was stored in the little house with straw roof in the background"]


Foto nº 5  > Uma visão idílica da guerra de guerrilha por parte dos escandinavos... [Legenda original: "In a boat on the river in the liberated areas in Guinea Bissau.]



Foto nº 31 >  

Guiné-Bissau (ou Guné-Conacri) > PAIGC > s/l> Novembro de 1970 > Algures, na Guiné Conacri ou nas "áreas libertadas" (sic) da Guiné-Bissau, fotos do fotógrafo norueguês Knut Andreasson, por ocasião de um visita de uma delegação sueca.

Algumas destas foto foram publicadas no livro Guinea-Bissau : rapport om ett land och en befrielserörelse, da autoria de Knut Andreassen, Birgitta Dahl (Stockholm : Prisma, 1971, 216 pp.). [Título traduzido para português: Guiné-Bissau: relatório sobre um país e um movimento de libertação].

A chefe da delegação, a controversa deputada socialdemocrata e antiga presidente do parlamento sueco, Birgitta Dahl, fez um relatório desta missão, em sueco, e que infelizmente não está disponível na Net: a visita foi à Guiné-Conacri e às "áreas libertadas" da Guiné-Bissau, no período de 6 de novembro a 7 de dezembro de 1970 [”Rapport från studieresa till Republiken Guinea och de befriade områdena i Guinea-Bissau, 6 november–7 december 1970” (”Relatório da viagem de estudo à República da Guiné e às zonas libertadas da Guiné-Bissau, 6 de Novembro–7 de Dezembro de 1970”), Uppsala, Janeiro de 1971 (SDA)].

Fonte: Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa [Com a devida vénia] [Seleção, edição e legendaqgem livre: LG]

[As fotos podem ser usadas, devendo ser informado o Nordic Africa Institute (NAI) e o fotógrafo, quando for caso disso. Este espólio fotográfico de Knut Andreasson (, relativo à visita ao PAIGC na Guiné-Conacri  e, alegadamente, às áreas sob o seu controlo na Guiné-Bissau, em novembro de 1970, de uma delegação sueca) foi doado pela viúva ao NAI.]


1. Última parte da publicação de alguns dados e notas de contextualização, sobre a ajuda sueca ao PAIGC, a partir de 1969, e depois à Guiné-Bissau, a seguir à independência e até 1994, da autoria do nosso camarada José Belo (na Suécia há quase 4 décadas, e a quem a gente chama carinhosamente o "régulo da Tabanca da Lapónia") (*)


Data: 6 de Novembro de 2014 às 20:27

Assunto: Auxílio Sueco à Guiné (pós independência)

Caro Luís Graca.

A partir do dia 12 parto para os States por um bom período de tempo. Aproveitarei para umas longas férias "blogueiras" em todos os azimutes.


Um abraco, José Belo

[O blogue do Zé Belo, Lapland Near Key West tinha a seguinte inscrição à porta do iglô, às 19h00 ontem, de Lisboa: "Sorry, we 're closed  for vacation" ( Desculpem, estamos fechados para férias).] (LG)


2. Depois da independência a Suécia continuou a ser o maior fornecedor de assistência à Guiné (*).

O auxílio estatal era dado pela Swedish International Development Cooperation Agency (SIDA) e pela Swedish Agency for Research and Cooperation with Developing Countries (SAREC), para além de Organizações  näo Governamentais (ONG) como por exemplo a Save the Children/Sweden (Rädda Barnen).

O auxílio estatal entre 1974 e 1993 foi de 2 mil milhões (!) de dólares (USA),

De entre projectos financiados pela SIDA [, A Agência Sueca Para o Desenvolvimento e Cooperação  Internacionais] salientam-se:

(i) Programa de Desenvolvimento Rural Integrado (PDRI) administrado desde o Centro Olof Palme, em Bula:

(ii) Fábrica de Blocos e Tijolos em Bafatá;

(iii) Estaleiros de reparação GUINAVE em Bissau;

(iv) Oficinas mecânicas GUIMETAL em Bissau;

(v) Companhia de madeiras SOCOTRAM que operava 3 serrações, uma fábrica de mobílias,e uma fábrica de revestimentos de madeira para construção civil:

(vi) Uma rede telefónica automática:

(vii) Oficinas Volvo de reparação e manutenção;

(viii)  A PESCARTE - Direcäo Nacional da Pesca Artesanal

(ix) Laboratório Nacional de Saúde Pública e apoio em especialistas e material hospitalar para o diagonóstico e tratamento do  HIV/SIDA


Dos projectos financiados pela SAREC - Swedish Agency for Research and Cooperation with Developing Countries, salienta-se:

(x) Financiamento e assistência ao INEP-Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa.(Assstência e apoio ás publicações, projectos de pesquisa, conferências académicas, grupos de estudos, bolsas académicas).


Em 1994 uma avaliação  muito crítica(!) aos resultados da assistência desde 1974 recomendou uma redução  substancial da mesma por, entre outros motivos...menos diplomáticos..."O auxílio dado à Guiné-Bissau durante 20 anos ter resultado num crescimento económico muito limitado".

Cinco anos mais tarde, na sequência da destrutiva guerra civiil de 1998-1999 a embaixada sueca em Bissau foi encerrada.

José Belo 

[ ex-alf mil inf da CCAÇ 2381,Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70; cap inf ref, é jurista, vive Suécia há quase 4 décadas, e onde formou família: e, ultiimamente, reparte o seu tempo com os EUA, aonde família tem negócios].

3. Mail do José Belo,  recebido ainda hoje de manhã, por volta das 10h30:

Caro Luís Graça.

Aproveito já estar na minha casa em Estocolmo a aguardar o voo de amanhã para os States,  para enviar sugestão quanto à interessante leitura do documento de um dos estudos sobre os auxílios da Agência Estatal Sueca SIDA à Guiné, Moçambique, Nicarágua e Vietname, na época os países que maior auxílio sueco recebiam: (i) "Aid and Macroeconomics", de Stefan Vylder; (ii) "An evaluation of Swedish Import Support to Guinea-Bissau, Mozambique, Nicaragua and Vietnam".

É interessante a Suécia ter mantido um perfil muito discreto nos diálogos políticos com as autoridades de Bissau sobre os programas de ajustamentos estruturais. No relatório de estudo e análise, mais ou menos crítica,  de 1993,  constata-se não ter tido a Agência Estatal Sueca-SIDA uma influência nas políticas económicas do governo da Guiné,  compatível com a realidade de ser de longe a dadora do maior auxílio económico e dispondo de especialistas nesta área com mais vasta experiência do que a de outros países envolvidos.

A política seguida pela SIDA até essa data foi a de permitir ao Governo da Guiné a formulação das suas prioridades e solicitar auxílios de acordo com as mesmas. A seu modo auxílios... "requisitados".

Esta política (diferente de a seguida por outros países que têm sempre procurado estabelecer condições formais para fornecimentos de auxílios bilaterais) tem feito com que o governo local olhe a SIDA como um dador "soft", a ser encarado como amigo(!).....

Os resultados?

De qualquer modo é interessante o aumento dos números quanto aos milhões de coroas suecas fornecidas de ano para ano.

1988-1989...3 milhões.
1989-1990...6 milhões.
1990-1991...28 milhões

Um abraço do José Belo


PS - 1 Euro = 9,2691 Coroas Suecas (SEK); 1 SEK = 0,10787 €,  em 13/11/2014 (LG)

________________
Nota do editor:

(*) Últimos postes desta série:

3 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13842: Da Suécia com saudade (40): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte I)... à Guiné-Bissau, de 1974 a 1995, foi de quase 270 milhões de euros... Depois os suecos fecharam a torneira... (José Belo)

4 de movembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)

5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)

6 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13853: Da Suécia com saudade (43): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte IV): Rússia e Suécia, vizinhos e inimigos fidalgais, foram os dois países que mais auxiliaram o partido de Amílcar Cabral (José Belo)

7 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13859: Da Suécia com saudade (44): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte V)Quando se discutia, item a item, o que era ou não era ajuda humanitária: catanas, canetas, latas de sardinha de conserva... (José Belo)

domingo, 9 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13865: Da Suécia com saudade (45): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte VI): Para além de meios de transporte automóvel (camiões e outras viaturas Volvo, Gaz, Unimog, Land Rover, Peugeot, etc.), até uma estação de rádio completa, móvel, foi fornecida ao movimento de Amílcar Cabral, sempre para fins "não-militares"... (José Belo)



Foto nº 7 > A sueca Birgita Dalh atravessando um curso de água através de uma ponte improvisada, senso auxilaida por um guerrilheiro aramdo de "costureirinha" (pistola metralhadora PPSH] [Legenda original: "Soldiers crossing a river in the liberated areas in Guinea Bissau."]

Foto nº 7 > Um armazém do povo [Legenda original: " A 'people's store', armazém do povo, where gods were exchanged in the liberated areas in Guinea Bissau".]


Foto nº 19 >  Posto de enfermagem no mato [Legenda original:"A nurse is leaving her staff accommondation on her way to the hospital in the woods in the liberated areas of Guinea Bissau."]



Foto nº 21 > Prepação das refeições no mato [Legenda original: "Cooking in the liberated areas in Guinea Bissau."]


Guiné-Bissau (ou Guné-Conacri) > PAIGC > s/l> Novembro de 1970 > Algures, na Guiné Conacri  ou nas "áreas libertadas"  (sic) da Guiné-Bissau, fotos do fotógrafo norueguês Knut Andreasson, por ocasião de um visita de uma delegação sueca. Algumas destas foto foram publicadas no livro Guinea-Bissau : rapport om ett land och en befrielserörelse / Knut Andreassen, Birgitta Dahl, Stockholm : Prisma, 1971, 216 pp. [Título traduzido para português: Guiné-Bissau: relatório sobre um país e um movimento de libertação].

A chefe da delegação, a deputada socialdemocrata e antiga presidente do parlamento sueco,  Birgitta Dahl,  fez um relatório desta missão, em sueco, e que infelizmente não está disponível na Net: a visita foi à Guiné-Conacri e às "áreas libertadas" da Guiné-Bissau,  no período de 6 de novembro a 7 de dezembro de 1970 [”Rapport från studieresa till Republiken Guinea och de befriade områdena i Guinea-Bissau, 6 november–7 december 1970” (”Relatório da viagem de estudo à República da Guiné e às zonas libertadas da Guiné-Bissau, 6 de Novembro–7 de Dezembro de 1970”), Uppsala, Janeiro de 1971 (SDA)].

Fonte: Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa [Com a devida vénia] [Seleção e edição: LG]


José Belo, 2009
1. Continuação da publicação de  alguns dados e notas de contextualização, da autoria do nosso camarada José Belo (na Suécia há quase 4 décadas, e a quem a gente chama carinhosam,ente o "régulo da Tabanca da Lapónia"), sobre a ajuda sueca ao PAIGC, a partir de 1969, e depois à Guiné-Bissau, a seguir à independência (*):


[ Foto à esquerda: José Belo que está prestes a rumar a Keu West, Florida, EUA, a partir de 12 do corrente, aonde o chamam os negócios da família; e isso significa "férias bloguísticas"...]

[ É bom também lembrar: (i) José Belo foi alf mil inf da CCAÇ 2381, Ingoré, Buba, Aldeia Formosa, Mampatá e Empada, 1968/70; cap inf ref, é jurista, vive Suécia há quase 4 décadas, e onde formou família;  (ii) faz parte, de pleno direito, da nossa Tabanca Grande; (iii) aqui só se representa a ele próprio"; e (iv) e é o único "lusolapão" que conhecemos]


Assunto -  Os meios de transportes, a seguir aos alimentos, eram o item mais valorizado pelo PAIGC...

Resumo:

Durante a guerra o governo sueco enviou para o PAIGC um total de 53,5 milhöes de coroas, ao valor actual [c. 5,8 milhões de euros]. Destinaram-se a financiar a maioria das actvidades civis do partido: alimentacäo, transportes, educação, saúde, incluindo um vasto número de avultados fornecimentos às Lojas do Povo. A Guiné foi posteriormente incluída (como único país da África Ocidental) nos chamados "países programados" para a distribuicäo da assistência sueca ao desenvolvimento. Recebeu durante o período de 74/75 a 94/95, um total de 2,5 mil milhões de coroas suecas [c. 270 milhões de euros], colocando a Suécia entre os 3 maiores assistentes económicos da Guiné-Bissau.

A Suécia nunca deu nenhum cheque em branco ao PAIGC, tanto mais que Portugal era um dos seus importantes parceiros comerciais no âmbito da EFTA - Associação Europeia do Comércio Livre, a que ambos os países pertenciam, e de que foram membros fundadores. 


Ainda em vida de Cabral, em abril de 1972 o Comité ds Nações Unidas para a Descolonizacäo tinha adoptado uma resolução reconhecendo o PAIGC como o único e legítimo representante do território da Guiné-Bissau. Foi um tremendo sucesso político-diplomático para o PAIGC. Isso em nada alterou o pragamtismo da diplomacia sueca. A Suécia só irá reconhecer a Guiné-Bissau como país independente, em 9 de agosto de 1974, ano e meio depois da morte de Amílcar Cabral (que também era um político pragmático). 

Em novembro de 1972, foi a Noruega,. um país da NATO, a apoiar politica e diplomaticamente o PAIGC. A ajuda militar, essa, foi liderada pela URSS.

Os programas de "assistência humanitária" eram decididos anualmente entre a agência estatal sueca (SIDA) e o PAIGC. Inicialmente com a presença de Amilcar Cabral que se deslocava a Estocolmo incógnito. Para o governo sueco era importante que esta assistência näo viesse a tornar-se em apoio à luta armada, mantendo-se unicamente nas áreas civis. 


2.  Em 1971 Amilcar Cabral pediu o fornecimento de uma estação de rádio montada em dois camiões Mercedes Benz...também fornecidos pela Suécia. (**)

Em 19 de Setembro 1972, dois transmissores (e o material de estúdio respectivo) começaram a funcionar desde o Norte da Guiné, com programas também para Cabo Verde.

Os técnicos responsáveis por estas transmissões foram treinados na companhia sueca Swedtel.

A justificação não militar (!) apresentada pelo PAIGC para a necessidade destes transmissores "civis" estava relacionada com as necessidades educacionais das populações.

De acordo com Anders Möllander, então Secretário do Comité Consultivo da Assistência Humanitária, terá havido, em fins dos anos sessenta, algumas discussões quanto ao fornecimento de transportes, principalmente camiões, por serem passíveis de aproveitamento militar.

O PAIGC contra-argumentou ser impossível distribuir as mercadorias recebidas sem disporem de modos de as transportar. Foram então fornecidos Land Rovers e outros veículos de tracção ás quatro rodas.

Posteriormente foram também fornecidos camiões Volvo e Scania de modelos originalmente produzidos para o exército sueco...mas aparentemente modificados para usos civis (!?).

A componente "transporte"  em 1970/71 representava 11% do valor total da assistência; três anos mais tarde, em  1973/74,  a percentagem tinha aumentado para 18%.

No respeitante ao custo, os transportes tornaram-se a segunda maior componente do programa de assistência, depois dos alimentos, mas à frente dos medicamentos e materiais escolares.

Só no ano de 1973/74 foram fornecidos:

(i)  12 camiões Volvo`

(ii) 6 camiões GAZ-66;

(iii)  15 Unimogs com os respectivos atrelados;

(iv)  2 ambulâncias Peugeot;

(v) e 2 carros de representação modelo Peugeot.

Todo o material foi fornecido com as respectivas peças de substituiço, combustíveis e lubrificantes.

No mesmo ano,  1974/75,  foram fornecidos 10 motores fora da borda, outros transportes fluviais e 500 bicicletas.

A somar-se a este auxílio poderia apresentar a incrível lista apresentada pela "solidária" Guiné-Conacri à Suécia, exigindo mercadorias em troca de permitir os transportes do auxílio sueco para o interior da Guiné-Bissau. Entre outros,uma moderna tipografia de fazer inveja a qualquer país.

José Belo

(Continua)

___________

Notas do editor:

(*) Últimos postes desta série:

3 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13842: Da Suécia com saudade (40): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte I)... à Guiné-Bissau, de 1974 a 1995, foi de quase 270 milhões de euros... Depois os suecos fecharam a torneira... (José Belo)

4 de movembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)

5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)

6 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13853: Da Suécia com saudade (43): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte IV): Rússia e Suécia, vizinhos e inimigos fidalgais, foram os dois países que mais auxiliaram o partido de Amílcar Cabral (José Belo)

7 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13859: Da Suécia com saudade (44):  A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte V): Quando se discutia, item a item, o que era ou não era ajuda humanitária: catanas, canetas, latas de sardinha de conserva... (José Belo)

(**) Publicaremos, a seguir, um outro poste, da autoria do  nosso colaborador permanente e camaradda Hélder Sousa, especialista em radiolocalização... Ele considera de todo improvável que houvesse, no "norte da Guiné", uma potente estação de rádio, móvel, com estas característcias, a ser operada pelo PAIGC...

O mais provável era situar-se no território do Senegal, perto de Ziguinchor... O parecer do Hélder Sousa vai nesse sentido: "Não tenho nenhum motivo para duvidar dessa ajuda sueca. Inclino-me para a operação a partir do Senegal, com melhores condições para propagação das comunicações."

Guiné 63/74 - P13864: Armamento que equipava um bigrupo do PAIGC em novembro de 1970 (Luís Dias, ex-alf mil, CCAÇ 3491 / BCAÇ 3872, Dulombi e Galomaro, 1971/74)



Guiné-Bissau > PAIGC > Novembro de 1970 > Um bigrupo (em geral, constituído por 30/40 elementos). Repare-se que na sua generalidade os guerrilheiros usam sandálias de plástico e há uma grande indisciplina no vestuário. Imagem do fotógrafo norueguês Knut Andreasson (com a devida autorização do Nordic Africa Institute, Upsala, Suécia). A fotografia não traz legenda. São alegadamente tiradas em "regiões libertadas", aquando de uma visita, ao PAIGC; de uma delegação  sueca..

Pedi ao nosso especialista em armamente, Luís Dias, que está reformado a Polícia Judiciária, e que foi alf mil  para identiciar este armamento. Ampliei e decompus a foto em quatro partes, para melhor visualização dos pormenores.

Fonte: Nordic Africa Institute (NAI) / Foto: Knut Andreasson (com a devida vénia... e a autorização do NAI) [Edição: LG]



O Luís Dias, ex-alf mil da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74), empunhando uma pistola-metralhadora, a PPSH, a famosa "costureirinha". Foto de Luís Dias.


1. Resposta do Luís Dias, em 7 do corrente, ao meu pedido de identificação doa armamento (foto de cima)

Caríssimo Luís

Está tudo bem contigo? Continuo a ser um leitor do blogue, da nossa Tabanca Grande, embora, de facto, não tenha sido tão participativo quanto desejaria. Vou tendo uma vida atarefada, mas também tenho escrito sobre armamento para publicação no Facebook, em "Armamento Militar do Exército Português".

Tenho estado a actualizar o que escrevi sobre o armamento que utilizámos na Guiné (*), bem como o do PAIGC, com mais fotos, aliás, também tenho algumas destas fotos. Quando estiver pronto posso remetê-lo para tua apreciação e se achares que é de publicar, estarás à vontade.

Em relação ao que me pedes, embora nalguns casos haja dificuldade em identificar as armas, devido à posição das mesmas e qualidade da fotografia, julgo que no essencial são estas [que passo a descrever a seguir]:.



Foto nº 5 


Na 1ª foto, onde está um grupo de 8 elementos, só consigo certificar que o 2º indivíduo, da esquerda para a direita tem nas mãos uma metralhadora ligeira Dectyarev (ou também como é conhecida Dectyaryov) RPD, de origem,  normalmente, ex-URSS, no calibre 7,62 x 39 mm M43, de 1953, operando com uma fita de 150 munições inseridas num tambor. Só produzia fogo contínuo (automático).

Nos outros elementos não se percebe quais as armas que têm na sua posse.


Metralhadora ligeira Dectyarev RDP, calibre 7,62 x 39 mm, m/13, 153 (Origem: ex-URSS).




Foto nº 2

Na 2ª foto, onde estão 5 elementos e da esquerda para a direita verifico que: (i)  o primeiro tem uma metralhadora ligeira Dectyarev RPD, igual à acima descrita; (ii) o  segundo elemento terá uma espingarda semi-automática Simonov SKS-45, no calibre 7,62 x 39mm  M43, da ex-URSS (ou países satélites e da China), surgida em 1945, levando 10 munições dentro de uma caixa, com inserção superior (tipo pente como a mauser) e tendo uma baioneta acoplada. 

Os outros elementos na frente transportam Lança granadas foguete RPG 2, da ex-URSS e países satélites e também da China,surgido em 1949, pesando 4,67 Kg, quando carregada com a granada de 80mm, com capacidade para atingir alvos a um máximo de 200 m (práticos entre 100-150 m).



Espingarda semi-automática Simonov SKS-45, calibre 7,62 x 39mm  M43, 1945 (Origem: ex-URSS). 


LGFog (Lança granadas foguete)  RPG 2, com  4,67 kg de peso (quando carregada com a granada de 80 mm), 1949. (Origem: ex-URSS)



Foto nº 3

Na foto 3, estão 7 elementos, sendo possível identificar no 1º elemento  na frente (da esquerda para a direita), uma espingarda automática Kalashnikov, no calibre 7,62 x 39mm, M43, de origem ex-URSS, mas podendo ser fornecida também pelos países satélites  e pela China, surgida  a partir de 1949, carregador com capacidade para 30 cartuchos, uma cadência de tiro de 600 tpm, peso de 4,78 kg (com as munições), com uma energia de 715 m/s e com alcance prático até 400m.





Espingarda automática Kalashnikov,  calibre 7,62 x 39mm, M43, 1949, com carregador curbo de 30 cartuchos  (Origem: ex-URSS)



Por trás deste elemento está outro com o que parece ser uma espingarda semi-automática Simonov SKS, já identificada anteriormente. Ao lado do 1º e na frente está um guerrilheiro também com uma metralhadora ligeira Dectyarev RPD, também referida anteriormente.

Ainda na frente, do lado direito da foto e de lado está um elemento que parece ter nas mãos uma espingarda Simonov, que também já foi referida.




Foto nº 4

Na foto 4, onde se vêem 5 elementos, nota-se que o 1º do lado esquerdo tem uma espingarda automática ou de assalto Kalashnikov AK-47, o 2º 3º e 5º elementos não se consegue ver qualquer arma, parecendo que o 4º elemento é também possuidor de uma espingarda de assalto kalashnikov AK-47.



Foto nº 5


A foto 5 é a foto de todo o grupo e não acrescenta nenhuma outra arma diferente das que mencionei. O armamento apresentado aqui pelos guerrilheiros [que no total somam 28]  é um pouco inferior ao normal de um  bigrupo do meu tempo, em que surgiam também os RPG7 e mais AK-47 ou mesmo AKM do que as Simonov. Não se vê pistolas metralhadoras [, "costureirinhas",], que ainda usavam, mas também faltam elementos para completar o bigrupo, vê-se mais indivíduos lá atrás e esses poderão ter outras armas.

Junto fotos para comparação destas armas.

Um grande abraço para ti e para todos os editores.
Luís Dias

[Texto e fotos (do armamento): Luís Dias](*)

___________

Nota do editor:

(*) Vd. postes anteriores Luís Dias sobre Armamento;

21 de Janeiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5682: Armamento (1): Morteiros, Lança-Granadas, Granadas e Dilagrama (Luís Dias)

23 de janeiro de 2010 > Guiné 63/74 – P5690: Armamento (2): Pistolas, Pistolas-Metralhadoras, Espingardas, Espingardas Automáticas e Metralhadoras Ligeiras (Luís Dias)


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13859: Da Suécia com saudade (44): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte V): Quando se discutia, item a item, o que era ou não era ajuda humanitária: catanas, canetas, latas de sardinha de conserva... (José Belo)



Foto nº 30 > Equipamento hospitalar > Um autoclave para esterilização de material médico.-cirúrgico--- Material que só pdoe operar com energia elétrica... [Legenda original: "Liberated areas in Guinea Bissau"].


Foto nº 33 > Uma escola no mato, longe da tabanca para não ser alvo de ataques aéreos  [ Legenda original:  "A school with no roof yet in the liberated areas in Guinea Bissau. The schools were built hidden in the woods far from the villages, since they were targets of the Portugueses."]


Foto nº 12 > Visita da delegação sueca, em novembro de 1970, a um escola do mato


Foto nº 28 > Abastecimento de uma "loja do povo"... Deveria ser uma armazém, na retaguarda, no território da Guiné-Conacri, junto à fronteira, donde depois partiam as colunas de reabastecimento para o interior, para as chamadas áreas libertadas. [Legenda original: "Transporting rice in the liberated areas in Guinea Bissau."]


Foto º 20 > Vida quotidiana da guerrilha e da população sob o seu controlo... Em primeiro plano, um guerrilheiro equipado com a espingarda automática, de origem russa, Kalashnikov.  [Legenda original: "Military activities in the liberated areas in Guinea Bissau in November 1970."]


Guiné-Bissau > PAIGC > s/l> Novembro de 1970 > Algures, nas "áreas libertadas" (sic),  fotos do  fotógrafo norueguês Knut Andreasson, por ocasião de um visita de uma delegação sueca ao PAIGC, na Guiné-Conacri e no interior da Guiné-Bissau. Algumas destas foto foram publicadas no livro Guinea-Bissau : rapport om ett land och en befrielserörelse  / Knut Andreassen, Birgitta Dahl, Stockholm : Prisma, 1971, 216 pp. [Título traduzido para português: Guiné-Bissau: relatório sobre um país e um movimento de libertação].


[As fotos podem ser usadas, devendo ser informado o Nordic Africa Institute (NAI) e o fotógrafo, quando for caso disso. Este espólio fotográfico de Knut Andreasson, relativo à visita à Guiné-Bissau em novembro de 1970, foi doado pela viúva ao NAI]



Não há nenhum evidência de a delegação ter estado, efetivamente, no interior do então território da Guiné,  administrado por Portugal; por razões de bom senso e segurança, Amílcar Cabreal deve tê-los levado a passear, quansdo muto  até à fronteira... Mas também não podemos afirmar o contrário... Há fotos que, obviamente, são tiradas na República da Guiné (leia-se Guiné-Conacri) onde o PAIGC tinha bases de apoio por ex., Boké, Kandiafara, Conacri...)

Novembro de 1970, final da época das chuvas, início do tempo seco,  não era o melhor mês do ano para uma delegação  de um país europeu se aventurar pelo o interior da Guiné, para mais na véspera da Op Mar Verde...Ao que sabemos, a visita prolongou-se de 6 de novembro a 7 de dezembro de 1970... Não sabemos onde estavca a delegação no dia em que foi invadida Conacri (Op Mar Verde, 22 de novembro de 1971).  A delegação era chefiada pela ex.lider parlamenter  edeputada socialdemocrata Birgitta Dahl...

Há um relatório da missão, em sueco, da autoria  de Birgitta Dahl [”Rapport från studieresa till Republiken Guinea och de befriade områdena i Guinea-Bissau,  6 november–7 december 1970” (”Relatório da viagem de estudo à República da Guiné e às zonas libertadas da  Guiné-Bissau, 6 de Novembro–7 de Dezembro de 1970”), Uppsala, Janeiro de 1971 (SDA)].

No ano a seguir, em  1971, K. Andreassen e B. Dahl publicaram o seu livro sobre a viagem, não sabendo nós se há qualquer referência à invasão de Conacri...  [Guinea-Bissau: Rapport om ett Land och en Befrielserörelse (”Guiné-Bissau: Relatos de um país e de um movimento de libertação”), Prisma, Estocolmo].

Fonte: Tol Selltröm - A Suécia e as lutas de libertaçãoo nacional em Angola, Moçambique e Guiné. Uppsala: Nordiska Africka Institutet, 2008.  2008,, pp. 161 e ss.   [disponível aqui, em português, em formato pdf].
(LG)




1. Continuação da  alguns dados e notas de contextualização, da autoria do nosso camarada José Belo (na Suécia há quase 4 décadas) sobre a ajuda sueca ao PAIGC, a partir de 1969, e depois à Guiné-Bissau, a seguir à independência (*):

Assunto - Problemas quanto a defenir auxílio humanitário

Resumo:

Durante a guerra o governo sueco enviou para o PAIGC um total de 53,5 milhöes de coroas, ao valor actual [c. 5,8 milhões de euros]. Destinaram-se a financiar a maioria das actvidades civis do partido: alimentacäo, transportes, educação, saúde, incluindo um vasto número de avultados fornecimentos às Lojas do Povo. A Guiné foi posteriormente incluída (como único país da África Ocidental) nos chamados "países programados" para a distribuicäo da assistência sueca ao desenvolvimento. Recebeu durante o período de 74/75 a 94/95, um total de 2,5 mil milhões de coroas suecas [c. 270 milhões de euros], colocando a Suécia entre os 3 maiores assistentes económicos da Guiné-Bissau.

A Suécia nunca deu nenum cheque em branco ao PAiIGC, tanto mais que Portugal era um dos seus importantes parceiros comerciais no âmbito da EFTA - Associação Europeia do Comércio Livre, a que ambos os países pertenciam, e de que foram membros fundadores. Ainda em vida de Cabral, em abril de 1972 o Comité ds Nações Unidas para a Descolonizacäo tinha adoptado uma resolução reconhecendo o PAIGC como o único e legítimo representante do território da Guiné-Bissau. Foi um tremendo sucesso político-diplomático para o PAIGC. Isso em nada alterou o pragamtismo da diplomacia sueca. A Suécia só irá reconhecer a Guiné-Bissau como país independente, em 9 de agosto de 1974, ano e meio depois da morte de Amílcar Cabral (que também era um político pragmático). Em novembro de 1972, foi a Noruega,. um país da NATO, a apoiar politica e diplomaticamente o PAIGC. A ajuda militar, essa, foi liderada pela URSS.



Os programas de assistência humanitária eram decididos anualmente entre a agência estatal sueca (SIDA) e o PAIGC.

Inicialmente com a presença de Amílcar Cabral que se deslocava a Estocolmo incógnito.

Para o governo sueco era importante que esta assistëncia näo viesse a tornar-se em apoio à luta armada, mantendo-se unicamente nas áreas civis.

Obviamente era algo difícil de controlar na sua totalidade e implicações mais ou menos subtis.
Os avultados auxílios em alimentação, medicamentos, material escolar, transportes,etc,etc, eram transportados desde a Guiné Conackri para as zonas libertadas do interior da Guiné-Bissau.

Aí, combatentes e população apoiante viviam lado a lado e tinham acesso aos mesmos.

Exemplos de artigos nas listas estabelecidas criavam problemas do tipo:

(i) Säo este tipo de sapatilhas,ou de botas um artigo militar?:

(ii) Säo estas catanas para a agricultura passíveis de ser usadas como armas?

Conta-se que num destes encontros para estabelecer as listas de artigos, e perante este tipo de problemas, Amilcar Cabral terá pegado numa caneta e perguntado:

- Mas isto näo é também uma arma?

Quanto aos alimentos enlatados, o departamento sueco encomendou a uma fábrica local, Strömstad Canning, [,Varet, Strömstad], 100  toneladas de latas de sardinha. [Na imagem à esquerda, uma das marcas de sardinhas, em tomate, "Glória", que a empresa comercializava].

A fábrica procurou informar-se de qual o tipo de etiquetas e texto a serem impressos nas latas. Contactado o então representante do PAIGC em Estocolmo (Onésimo Silveira),  foi por este escolhida a impressäo de uma bandeira do PAIGC, com o texto "Áreas libertadas da Guiné-Bissau".

A propósito, vd. o livro de Tol Selltröm - A Suécia e as lutas de libertaçãoo nacional em Angola, Moçambique e Guiné. Uppsala: Nordiska Africka Institutet, 2008,   (disponível aqui, em português, em formato pdf): na pag. 159, há una foto, a preto e branco dessa lata de sardinhas. com a bandeira do PAIGC, e  os seguintes dizeres:

"PAIGC | Sardinha em óleo de soja | GUINÉ-BISSAU - ZONAS LIBERTAS | Strömstad Canning, Co, A/B, Strömstad, Suécia | País de origem: Suécia | Peso líquido: 225 gramas" 

[Por o documento estar gravado em pdf, não conseguimos copiar e editar a imagem...De qualquer modo 100 toneladas, perfaz 100 mil quilos; admitindo que cada caixa pesasse 300 gr - peso ilíquido - , dá um carregamento de mais de 333 mil latas de sardinha... LG].

 Escusado será dizer que algumas de estas latas vieram posteriormente a aparecer, aqui e acolá, junto das populações sob o controlo portuguës.

José Belo (**)

(continua) 
________________

Notas do editor:

(*) Vd. nota biográfica de Onésimo Silveira (n. Mindelo, São Vicente, Cabo Verde, 1935) na Wikipédia em inglês, donde recolhemos os seguintes elementos:

(i)  quando jovem poeta, era uma dos críticos literários mais proeminentes de Cabo Verde;

(ii)  esteve ligado ao grupo Claridade;

(iii) foi um acérrimo defensor da entidade cultural africana das ilhas;

(iv) estudou em  em Uppsala, na Suécia durante a década de 1960, depois de ter passado um períona China; licenciou-se em ciências políticas;

(v) em Uppsala tinha ligações estreitas um grupo local Comité África da Sul,  o que foi fundamental para o início das acções de ajuda e solidariedade para com o PAIGC, na Suécia;

(vi) tornou-se o representante do PAIGC, na Suécia;

(vii) fez várias visitas à Noruega , onde estabeleceu boas relações com o Conselho  Norueguês para a Africa e o Partido Trabalhista norueguês, tendo desempenhou um importante papel no apoio norueguês oficial ao PAIGC em 1972;

(viii) representou também o PAIGC nas visitas à Finlândia;

(ix) foi demitido do seu cargo de representante do PAIGC na Suécia, em novembro de 1972 (alegadamenet pr razões disciplinares, ao não ido a um  reunião na Guiné-Conacri; no entanto, o  PAIGC reconheceu publicamente o seu importante trabalho no âmbitio da cooperação e ajuda  entre a Suécia e PAIGC;

(x) trabalhou depois para as Nações Unidas, que representou em países como a Somália , Angola e Moçambique;

(xi) com a abertura política multipartidárias em Cabo Verde a partir de 1990, era hostil ao PAICV;

(xii) Em novembro de 1998, formopu o seu próprio partido político , o Partido Trabalhista e da Solidariedade (PTS) ;

(xiii) Foi presidente do município do idade do Mindelo:

(xiv) Em 2006 , foi eleito membro do Parlamento como candidato do PAICV.

(**) Últimos postes desta série

3 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13842: Da Suécia com saudade (40): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte I)... à Guiné-Bissau, de 1974 a 1995, foi de quase 270 milhões de euros... Depois os suecos fecharam a torneira... (José Belo)

4 de movembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13847: Da Suécia com saudade (41): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte II)... Um apoio estritamente civil, humanitário, não-militar, apesar das pressões a que estavam sujeitos os sociais-democratas, então no poder (José Belo)

5 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)

6 de novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13853: Da Suécia com saudade (43): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte IV): Rússia e Suécia, vizinhos e inimigos fidalgais, foram os dois países que mais auxiliaram o partido de Amílcar Cabral (José Belo)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13853: Da Suécia com saudade (43): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte IV): Rússia e Suécia, vizinhos e inimigos fidalgais, foram os dois países que mais auxiliaram o partido de Amílcar Cabral (José Belo)


Guiné-Bissau > PAIGC > s/l> Novembro de 1970 > Algures, nas "áreas libertadas", foto do norueguês Knut Andreasson, com um grupo de homens, jovens adultos, possivelmente balantas e guerrilheiros, a maioria deles descalços, ostentando todos eles o livrinho de leitura da 1ª classe, o primeiro em uso nas escolas do PAIGC (e que, se não erro, foi oferecido por estudantes noruegueses e impresso na Suécia, num total de 20 mil exemplares).

Fonte: Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa  [Com a devida vénia]

[As fotos podem ser usadas, devendo ser informado o Nordic Africa Institute (NAI)  e o fotógrafo, quando for caso disso. Este espólio fotográfico  de Knut Andreasson (, relativo à visita ao PAIGC  e, alegadamente,  às áreas sob o seu controlo, em novembro de 1970,  de uma delegação sueca) foi doado pela viúva ao NAI.]


Imagens da capa de "O NOsso Livro Livro da 1ª Classe", o primeiro livro de leitura, usado nas escolas do do PAIGC... Exemplar capturado pelo nosso camarada Manuel Maia no Cantanhez, possivelmente em finais de 1972 ou princípios de 1973. Vê-se que esse exemplar tinha uso. A capa teve de ser reforçada com uns improvisados adesivos (aparentemente autocolantes, que acompanhavam embalagens de apoio humanitário, vindas do exterior).

Foto: © Manuel Maia (2009). Todos os direitos reservados

José Belo

1. Continuação de alguns dados e notas de contextualização sobre a ajuda sueca ao PAIGC, a partir de 1969, e depois à Guiné-Bissau, a seguir à independência (*):


Data: 3 de Novembro de 2014
Assunto:   O exemplo sueco é seguido por outros países


Resumo: 

Durante a guerra o governo sueco enviou para o PAIGC um total de 53,5 milhöes de coroas, ao valor actual [c. 5,8 milhões de euros]. Destinaram-se a financiar a maioria das actvidades civis do partido: alimentacäo, transportes, educação, saúde, incluindo um vasto número de avultados fornecimentos às Lojas do Povo. 

A Guiné foi posteriormente incluída (como único país da África Ocidental) nos chamados "países programados" para a distribuicäo da assistência sueca ao desenvolvimento. Recebeu durante o período de 74/75 a 94/95, um total de  2,5 mil milhões de coroas suecas [c. 270 milhões de euros], colocando a Suécia entre os 3 maiores assistentes económicos da Guiné-Bissau. 

A Suécia nunca deu nenhum cheque em branco ao PAiIGC, tanto mais que Portugal era um dos seus importantes parceiros comerciais no âmbito da EFTA - Associação Europeia do Comércio Livre, a que ambos os países pertenciam, e de que foram membros fundadores. Ainda em vida de Cabral, em abril de 1972 o Comité ds Nações Unidas para a Descolonizacäo tinha adoptado uma resolução reconhecendo o PAIGC como o único e legítimo representante do território da Guiné-Bissau. Foi um tremendo sucesso político-diplomático para o PAIGC. Isso em nada alterou o pragamtismo da diplomacia sueca. A Suécia só irá reconhecer a Guiné-Bissau como país independente, em 9 de agosto de 1974, ano e meio depois da  morte de Amílcar Cabral (que também era um político pragmático).


1. O auxílio sueco ao PAIGC abriu caminho a um cada vez maior número de apoios de outros países ocidentais.

A Noruega estabeleceu em 1972 uma assistência oficial e directa,semelhante ao modelo sueco, que veio a ter grande repercussão política internacional pelo facto de ser um país membro da NATO.

Neste período eram a Suécia e a Uniäo Soviética  (URSS) os países que mais apoiavam o PAIGC.

Um apoio de modo algum coordenado mas... real, numa divisäo "de facto" de funções entre os dois países, que mais tarde se veio a manter em relação aos outros movimentos de libertação africanos.

Apesar de tanto os Estados Unidos como outros países ocidentais acusarem a Suécia de fazer causa comum com o bloco comunista, isto não veio impedir que o Parlamento Sueco e o Governo Social Democrata continuassem a aumentar gradualmente a assistência não militar.

Deve-se no entanto ter o cuidado de colocar estas acusações dentro de uma perspectiva realista da história local.

O "inimigo histórico tradicional" da Suécia é a Russia,  e para tal basta abrir um qualquer livro de 
história da instrução primária sueca.

Isto independentemente de ser a Rússia do séc XVII, a Rússia dos comunistas ou...a Rússi actual.

José Belo

(continua)
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Nota do editor


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13849: Da Suécia com saudade (42): A ajuda sueca ao PAIGC, de 1969 a 1973, foi de 5,8 milhões de euros (Parte III)... Pragmatismos de Amílcar Cabral e do Governo Sueco, de Olaf Palme, que só reconheceu a Guiné-Bissau em 9 de agosto de 1974 (José Belo)


Guiné-Bissau > PAIGC > Novembro de 1970 > Um bigrupo (em geral, constituído por 30/40 elementos).  Repare-se que na sua generalidade os guerrilheiros usam sandálias de plástico e há uma grande indisciplina no vestuário.  Imagem do fotógrafo norueguês Knut Andreasson (com a devida autorização do Nordic Africa Institute, Upsala, Suécia). A fotografia não traz legenda. São alegadamente tiradas em "regiões libertadas" (sic) (*).

Fonte: Nordic Africa Institute (NAI) / Foto: Knut Andreasson (com a devida vénia... e a autorização do NAI)



José Belo

1. Continuação de alguns dados e notas de contextualização sobre a ajuda sueca ao PAIGC, a partir de 1969, e depois à Guiné-Bissau, a seguir à independência (**):



Data: 3 de Novembro de 2014
Assunto:  Pragmatismos de Cabral e do Governo Sueco


Resumo: 

Durante a guerra o governo sueco enviou para o PAIGC um total de 53,5 milhöes de coroas,ao valor actual [c. 5,8 milhões de euros].  Destinaram-se a financiar a maioria das actvidades civis do partido: alimentacäo, transportes, educação, saúde,  incluindo  um vasto número de avultados fornecimentos às Lojas do Povo. 

A Guiné foi posteriormente incluída (como único país da África Ocidental) nos chamados "países programados" para a distribuicäo da assistência sueca ao desenvolvimento. Recebeu  durante o período de 74/75 a 94/95  2,5 mil milhões  de coroas suecas [c. 270 milhões de euros], colocando a Suécia entre os 3 maiores assistentes económicos da Guiné-Bissau.

A Suécai nunca deu nenhum cheque em branco ao PAiIGC, tanto mais que Portugal era um dos seus importantes parceiros comerciais no âmbito da EFTA - Associação Europeia do Comércio Livre, a que ambos os países pertenciam, e de que foram membros fundadores. A Suécia só irá reconhecer a Guiné-Bissau como país independente... em 9 de agosto de 1974. 


Em Abril de 1972 o Comité ds Nações Unidas para a Descolonizacäo adoptou uma resolução reconhecendo o PAIGC como o único e autêntico representante do território da Guiné-Bissau. Para o PAIGC foi um enorme sucesso político-diplomático.´

Baseando-se neste documento o Comité podia agora sugerir o reconhecimento dos movimentos de libertação, näo como peticionários, mas antes numa situacäo de observadores. Havia pela primeira vez na história das Nacöes Unidas a possibilidade de um representante de um movimento de libertação discurssar perante a Assembleia Geral da ONU, isto em Novembro de 1972.

Esta honra deveria caber a Amílcar Cabral. Este foi informado pelo Secretário do Comité da Descolonizacäo das Nações Unidas (Salim Ahmed Salim) de que tanto a Suécia como os restantes países nórdicos näo estavam satisfeitos quanto às implicacöes legais deste tipo de intervenção (sem precedência na Assembleia Geral) por parte de um representante de um movimento de libertação.

Salientou existirem mais do que suficientes votos e apoios de países africanos, asiáticos e sul americanos,  caso ele estivesse disposto a discurssar, independentemente da opinião dos nórdicos.

A diplomacia de Cabral era caracterizada por um pragmatismo realista que foi entäo amplamente demonstrado. Cabral näo discurssou,  afirmando: "Os países nórdicos têm sempre demonstrado serem nossos amigos.Recebemos o seu apoio em todas as situacöes. Não desejo de modo algum causar quaisquer problemas de ordem político-legal".

Já em 1971,   durante visita ao Ministério dos Negócios Estrangeiros,  em Estocolmo,  Cabral apresentou a hipótese de um reconhecimento "de jure" da independência da Guiné.

Tanto nesta ocasiäo como mais tarde em 1973,  aquando da proclamação da Independência da Guiné-Bissau como Estado dentro das fronteiras da entäo Guiné Portuguesa, a Suécia mostrou-se relutante a reconhecer o novo Estado.

Mesmo depois da Guiné-Bissau já ter sido reconhecida por mais de sessenta países...."inter allia" , o governo sueco  aplicou o princípio da necessidade de o PAIGC controlar TODO o território,  não reconhecendo assim a independência.

Esta atitude provocou fortes reacções nos partidos da esquerda sueca. nos inúmeros grupos de de suporte às lutas de África, e mesmo no seio do próprio partido governamental (Social Democrata).

O golpe militar de Abril de 74 veio facilitar o problema político-legal ao governo sueco.

Foi só 10 dias depois da publicacäo por parte de Portugal de uma "declaracäo de intencöes" quanto ás independências das colónias que o governo sueco reconheceu a Guiné-Bissau como Estado independente (9 de Agosto de 1974).

Portugal reconheceu a independência da Guiné em setembro de 74.

José Belo

(continua)
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Notas do editor:

(*) Vd. a página, em inglês,  sobre a Guiné-Bissau (não do  Nordic Africa Institute, Upsala, Suécia,  mas sim da Nordic Documentation on the Liberation Struggle on Southern Africa / Documentação dos Países Nórdicos sobre a Luta de Libertação na África do Sul):

Aqui vão traduzidos alguns excertos:

(...) Guiné-Bissau > Knut Andreasson eBirgitta Dahl em viisita a  zonas libertadas da Guiné-Bissau, no mês de novembro de 1970  

(...) O fotógrafo norueguês Knut Andreasson  e a ex-presidente do parlamento sueco Birgitta Dahl , juntamente com uma delegação sueca,  visitaram as regiões libertadas da Guiné-Bissau, em novembro de 1970. Esta visita deu-lhes a oportunidade de falar com Amílcar Cabral no seu próprio ambiente e ter uma compreensão mais profunda da luta pela independência, contra  Portugal.. Andreasson e Dahl depois fizeram um livro * em sueco  a partir das  suas impressões e observações  no ªambito desta viagem. 

Andreasson também organizou uma exposição de fotografia com o objetivo de informar o público dos países nórdicos sobre o PAIGC e  a Guiné colonizada . Não só a exposição, como também a maioria das fotos deste período foram posteriormente doadqs ao Instituto Nórdico de África pela viúva de Andreasson . A exposição, por sua vez,  foi oferecida à Fundação Amílcar Cabral pelo Instituto  e apresentada por Birgitta Dahl  por ocasião das celebrações do 80º aniversário do nascimento de Amílcar Cabral, em setembro de 2004.

As imagens que o Instituto disponibiliza mostram como era a vida nas zonas libertadas . Como é que a população fazia a sua sua vida diária, mas também mostram o lado militar, os guerrilheiros com as suas armas.. Como a Guiné-Bissau tem muita rios,  a canoa era   um importante meio de transporte, tanto mais que os portugueses fizeram explodir a maior parte das pontes.  Mais de 99 % da população era analfabeta quando a luta começou em 1963, por isso a educação era importante e o PAIGC montou escolas no mato para crianças e adultos,  Existiam cerca de 75 dessas escolas, uma das primeiras foi a Escola Piloto em Conacri . O primeiro livro de leitura foi financiado por estudantes noruegueses e impresso na Suécia. As fotos mostram também eventos culturais e serviços de saúde do PAIGC.

Algumas das imagens seguintes estão publicados no livro* de  Knut Andreasson e Birgitta Dahl, onde é possível ler mais sobre a situação na Guiné-Bissau naquela época