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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13644: Tabanca Grande (447): Egídio Avelino Lopes, ex-Tenente Pilav da BA 12 (Bissalanca, 1966/67)... É o nosso grã-tabanqueiro n.º 668

1. Mensagem do nosso camarada Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec Inf, Bafatá, 1968/70) com data de 21 de Setembro de 2014:

Carlos:
Com vista a satisfazer a voragem do blogue, qual dragão chinês, aí mando este duplo trabalho, da apresentação de um novo tabanqueiro, o Egídio Lopes, e duma viagem à China a qual está interligada com a apresentação do Egídio.

Dado o seu grande tamanho, em termos de fotos, faz a publicação como entenderes.

Com um grande abraço.
Fernando Gouveia


O mundo é pequeno e a nossa tabanca é … grande.

Sim, o mundo é pequeno. Pois não é que se foram encontrar, na terra do dragão, lá no outro lado do mundo, quatro ex-combatentes sino-admiradores?

Dos quatro, três são conhecidos da Tabanca Grande porém o quarto carece de apresentação no blogue. Trata-se de Egídio Lopes com o nome de guerra, lá na Guiné, de “Brutus”.

Contrariamente ao que é habitual passo eu próprio a apresentar o “Brutus”, mandando as respectivas fotos, do tempo da guerra e de agora bem como a primeira história da guerra, que me contou. Mais tarde, “fazendo um looping”, será ele a gerir os seus assuntos junto do blogue.


O Egídio Avelino Lopes e eu próprio nascemos no concelho de Torre de Moncorvo, embora em aldeias diferentes. O Egídio na freguesia da Lousa.

Como Piloto do Quadro, antes de ir para a Guiné, fez vários cursos de pilotagem, nomeadamente com os jactos T37, T33, F86 e Fiat G-91.

Já na Guiné, onde esteve de Março de 1966 até Outubro de 1967, como Tenente Piloto na BA 12, foi o fundador da Esquadra dos FIAT G-91 - TIGRES, voando também no DO-27.
Nessa altura a missão principal dos Fiats era a destruição das antiaéreas e apoio próximo às missões das FT, tendo sido várias vezes atingido pelo fogo das antiaéreas.
Nos DO-27 realizou missões de REVIS e transporte de pessoas e bens para e entre quartéis.

Depois da Guiné a sua actividade como piloto não parou e em 1968/69 aparece como Capitão Piloto de Experiências nas OGMA e faz o curso de piloto de helicópteros AL II e AL III.

Em 1970/72 faz uma comissão em Angola, no avião Noratlas.
E como muitos outros bons pilotos não deixa de ser piloto da TAP, de 1973 a 2000.

De 2000 a 2010 foi Assessor de Segurança Operacional da ANA e de 2001 a 2005 foi Director Adjunto da Academia Aeronáutica de Évora.


O Tenente pilav Egídio


Pilotos Fiat G91- Guiné 1966. Da esquerda para a direita: TCor Hugo (CMDT Grupo); Alf. Luís António; Ten. Egídio Lopes (CMDT Esquadra Fiat); Cap. Costa Pereira (Operações); 1.º Sarg Cardoso e Fur. Mec.


Antiaéreas que os Fiat atacavam no Quitafine


Fotos ©: Egídio Lopes (2014)


Uma pequena história contada pelo Egídio, que se espera venha a contar muitas mais.

Quase no final da minha comissão, regressava à Base voando a cerca de 10.000 pés, depois de mais um ataque a antiaéreas no Quitafine.

De repente vejo um DO-27 por baixo de mim e a voar por cima do Cantanhês. Chamei-o e disse-lhe para se afastar imediatamente pela direita, porque estava a ser alvejado por uma antiaérea.
Assim fez e livrou-se de ser abatido, porque àquela velocidade e altitude era “tiro e queda”!

Quando aterrou na BA12, o piloto (Cap. Vasquez, recém chegado e um operacional de mão-cheia) veio ter comigo a exagerar que lhe tinha salvo a vida!

- Não ouvias os disparos da antiaérea, àquela altitude e já tão próximo?

Resposta:
- Ouvia um matraquear, mas julgava que eram os cintos soltos da parte de trás do DO, que estavam a bater!

Ainda hoje recordamos esta cena, com alguma saudade e muita amizade, não obstante o perigo evidente, que só pode ser compreendida por quem andou pelas terras da Guiné.

Aquele abraço
Egídio Lopes


2. Comentário do editor

Aqui deixamos o nosso obrigado ao camarada Fernando Gouveia por ter trazido até nós o novo tertuliano Egídio Lopes. Ao nosso novo Grã-Tabanqueiro enviamos um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores Luís Graça, Eduardo Magalhães Ribeiro e Carlos Vinhal.
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Nora do editor

Último poste da série de 20 de Setembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13631: Tabanca Grande (446): Alexandre Alberto Correia Cardoso, ex-Soldado Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 2464 CCAÇ 2464/BCAÇ 2861, Biambe, 1969/70)... É o nosso grã-tabanqueiro nº 667

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Guiné 63/74 - P11127: Memória dos lugares (214): Cameconde, no subsetor de Cacine, o destacamento mais a sul do CTIG... (José Vermelho / Augusto Vilaça / Juvenal Candeias)



Guiné > Mapa geral da província ( 1961) > Escala 1/500 mil > Posição relativa de Cameconde, a guarnição militar portuguesa mais a sul, na região de Quitafine, na estrada fronteiriça Quebo-Cacine... Em 1968 era o batalhão que estava em Buba (BART 1896, 1966/68) quem defendia esta importante linha de fronteira...


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

1. Há mais de duas dezenas de referências a Cameconde, no nosso blogue, mas há informação este destacamento, que dependia de Cacine (*). Fomos recolher alguns apontamentos:




Guiné  > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > c. maio de 72/abril 73) > O José Vermelho, quando passou pela CCAÇ 6, as "Onças Negras".

Foto: © Vasco Santos (2010). Todos os direitos reservados.


(i) José Vermelho, nosso grã-tabanaqueiro nº 471, fur mil, CCAÇ 3520 - Cacine, CCAÇ 6 - Bedanda, CIM - Bolama, 1972/74):

(...) Cameconde era um destacamento de Cacine, distando 6/7 Kms entre si.

Tinha uma forma mais ou menos rectangular, talvez aí de uns 50 por 70 mts., encravado no meio da mata, completamente isolado, sem qualquer população civil.

Era o destacamento das N/T situado mais a sul da Guiné.

Tinha em permanência 1 Pelotão de Artilharia + 1 Grupo de Combate de Cacine, sendo este substituído mensalmente por outro, em regime rotativo.

Era feita uma coluna diária Cacine - Cameconde (com picagem) e volta.

Nos primeiros meses de 1972, também fui um dos "turistas voluntários à força", convidado a visitar Cacoca...isto é...o pouco ou nada que restava dela!

Um abraço para todos os camaradas

José Vermelho [ Comentário ao poste P11109]


(ii) Augusto Vilaça [ex-Fur Mil da CART 1692/BART 1914, Sangonhá e Cacoca, 1967/69]

Quando viemos para Cacine, tínhamos o destacamento, Cameconde, onde tínhamos de estar 15 dias. Quando haviam flagelações, bastava uma "obussada " para que os turras desistissem. Eu tirei a especialidade em artilharia, mais concretamente em armas pesadas, como bazuca, morteiros de 60 ou 120 mm. Chefiava uma secção de 5 homens.

Pergunta do J. Casimiro Carvalho:

Ó Gusto, isso aí deve ser um 10,5  [,. referência a foto, a seguir,  do Augusto Vilaça junto a um obus que me parece ser 8.8] ?! Cameconde era com abrigos, casamatas ? Eu estive aí em 73.

Resposta de Augusto Vilaça:

Olá. Quando lá estive, o nosso refúgio eram os abrigos, um em cada quadrado. Como sabes, esses abrigos eram muito frágeis. Felizmente nunca caíu um morteiro neles, senão.....

Comentário de Silvério Lobo:

Amigo augusto estive lá, em 2008, com o Luís Graça, vi um abrigo bem forte, com alguns frases do vosso tempo [Eu e o Silvério Lobo, estivemos em Cacine, não em Cameconde]

Comentário de J. Casimiro Carvalho:

Eu estive de passagem em Cacine. Cameconde tinha casamatas fortificadas e estava desativado. Ou estou enganado ?

[Fonte: Página do Facebook da Tabanca Grande, Grupo Antigos Combatentes da Guiné, 30/7/2012]


Guiné-Bisssau > Região de Tombali > Setor de Cacine > Cacine, na margem esquerda do Rio Cacine > 2 de Março de 2008 > Simpósio Internacional de Guileje (1-7 de Março de 2008) > Visita dos participantes ao sul > Por aqui passou a CART 1692... Esta tosca placa em cimento, delicioso vestígio arqueológico dos "tugas", diz-nos que em dois dias, de 16 a 18 de Abril de 1968, foi construído este abrigo, em tempo seguramente recorde, a avaliar pelas "60 bebedeiras neste 'priúdo'... TRABALHO RÁPIDO". Estão também gravados dois topónimos portugueses, Nisa e Alenquer.



Guiné-Bissau > Região de Tombali > Cacine > 2 de março de 2008 > Visita no âmbito do Simpósio Internacional de Guiledje (1-7 março de 2008) > O Silvério Lobo junto a uma "bunker", construído pelas NT em cimento armado (, seguramente pelo BENG...).

Fotos: © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados


(iii) Quem tem estórias, deliciosas, de Cameconde (e de Cacine) é  o Juvenal  Candeias (, ex-alf mil, CCAÇ 3520,  Estrelas do Sul, Cacine e Cameconde e Guileje, 1971/74]  [, foto à esquerda]

Reproduzo aqui, a do Viente Piu (**)

(...) Vicente era o Furriel de Minas e Armadilhas do 2º Grupo de Combate da CCaç 3520! Popularmente era conhecido por Piu, alcunha que nada tinha a ver com um temperamento piedoso, mas simplesmente com o seu vício de caçador de passarada!

Era ele, provavelmente, quem mais contribuía para o moral elevado das nossas tropas. Embora não fosse aquilo a que habitualmente chamamos uma figura carismática, o Vicente era a boa disposição permanente e contagiante, que nos permitia rir com gosto e facilidade!

Era o homem sempre pronto a pregar partidas aos camaradas!

O Vasconcelos, Furriel de Artilharia em Cameconde, homem dos obuses 14, era uma das suas principais vítimas! Pequenino e bom de bola, fazia inveja ao Garrincha, de tal modo as suas pernas eram arqueadas, e, segundo o Piu, bastante feias! Por essa razão, andava sempre de calças e só tomava banho à noite e sozinho! Salvo quando o Vicente lhe colocava baldes de água em cima das portas por onde ele ia passar!

O Vasconcelos veio à Metrópole de férias e terá conhecido, numa festa, uma miúda por quem se apaixonou! Quem escolheu para confessar a sua paixão? Exactamente o Piu, que explorou exaustivamente a situação, obtendo informação detalhada! Estava em marcha mais uma partida!

O correio enviado diariamente por Cameconde aguardava transporte em Cacine. A correspondência chegava e partia de Cacine, na melhor das hipóteses uma vez por semana, em avioneta Dornier 27. O pessoal que estava destacado em Cameconde recebia o correio no dia seguinte, através da coluna auto que todas as manhãs ligava os dois aquartelamentos.

Com alguém em Cacine feito com o Piu, o Vasconcelos começou a receber correspondência da sua paixão, aerogramas que eram escritos e falsificados em Cameconde pelo Piu, vinham a Cacine e voltavam a Cameconde, sempre que havia correio geral a distribuir. Naturalmente que as respostas do Vasconcelos nunca passavam de Cacine, voltando a Cameconde, onde eram entregues ao Piu.

O detalhe da tramóia incluía carimbos e restantes pormenores que faziam acreditar no realismo da correspondência! O conteúdo, inicialmente erótico, posteriormente pornográfico, com inclusão de sexo virtual, era do conhecimento de todos, apenas o Vasconcelos desconhecia a partida! Estava cada vez mais apaixonado… e continuava a confessá-lo ao Piu com quem, ainda por cima, comentava o correio que recebia da sua paixão!

A partida durou as semanas que o Piu entendeu e quando se fartou… escreveu uma última missiva, identificando-se, descompondo o Vasconcelos e chamando-lhe alguns nomes que pouco abonavam a sua masculinidade!

Acabou, assim, deste modo abrupto, um passatempo que animou, durante algum tempo, o destacamento de Cameconde, buraco do… cú do mundo, onde nada existia e nada acontecia, para além de umas bazucadas com maior frequência que a desejada! (...)

(iv) Sobre esta região, o Quitafine, leia-se o excelente enquadramento feito pelo Juvenal Candeias  [, foto à direita, então alf mil da CCAÇ 3520] (***):
(...) A região do Quitáfine, a Sul de Cacine, era considerada o santuário do PAIGC, que aí estava fortemente instalado e provido de dispositivos de segurança, que tornavam os nossos movimentos impossíveis, salvo com utilização de meios excepcionais. Trilhos minados e sentinelas avançadas, permitiam-lhes uma tranquilidade apenas quebrada pelos obuses de 14 cm, disparados do nosso destacamento de Cameconde!

Os efectivos de que dispunham com um grupo especial de 20 lança-granadas, responsável pelas constantes flagelações a Cameconde, apoiado por um bigrupo disperso pela zona de Cassacá e Banir (onde se supunha estar o comando), eram reforçados por uma vasta população armada em auto-defesa, distribuída, entre outras, pelas tabancas de Ponta Nova, Bijine, Dameol, Cassacá, Banir, Campo, Cassebexe e Caboxanque.

O PAIGC furtava-se sistematicamente ao contacto, optando por uma estratégia defensiva de protecção às populações que controlava, privilegiando as flagelações e a colocação de engenhos explosivos! Quem circulava a Sul de Cambaque (que distava cerca de 3 Km de Cameconde) tinha como certo algumas surpresas no trilho! Provavelmente um campo de minas e a seguir (algum humor-negro), munições de Kalash espetadas no chão formando a palavra PAIGC!

O Quitáfine permitia ainda,  ao PAIGC,  um reabastecimento regular e seguro, processado a partir da República da Guiné, através de vários rios, em especial o Caraxe e o Camexibó! Ao dispositivo militar juntava-se uma mata densa intransponível!

Os pára-quedistas, após uma operação no Quitáfine, só à noite conseguiram chegar a Cameconde, com grande dificuldade e orientados pelo clarão da queima de cargas de obus, em cima dos abrigos!  O grupo de Marcelino da Mata, largado de helicóptero, fez um golpe de mão a Cabonepo, a base do PAIGC mais a Norte do Quitáfine, onde estaria instalado um posto transmissor. Quando chegou, após lenta progressão através da mata… não havia lá nada… a base tinha sido abandonada momentos antes!

O Quitáfine era, efectivamente, o santuário do PAIGC, desde o início da guerra! Foi ali que se realizou, na tabanca de Cassacá – a 15 Km de Cacine e a 8 Km de Cameconde -, em meados de Fevereiro de 1964, o 1º Congresso do PAIGC, com a presença de Amílcar Cabral, Luís Cabral, Aristides Pereira e outras individualidades do Partido!

A CCaç 3520 tinha chegado ao porto de Cacine, a bordo da LDG Montante, em 24 de Janeiro de 1972, para render a CCaç 2726 – companhia açoriana comandada pelo Capitão Magalhães -, o homem que retorcia as pontas do bigode com cera e a quem o tabaco nunca faltava! Dizia-se mesmo, à boca pequena, que, quando o tabaco acabava em Cacine, o PAIGC deixava, no mato, uns macitos para o Capitão! Rumor ou realidade… ninguém sabe! Ficou por provar!

Decorria ainda o período de sobreposição, que se prolongou até 22 de Fevereiro, quando foram recebidas instruções de Bissau, para ser preparada uma operação ao Quitáfine – Cabonepo e… Cassacá! (...)



Plano de retração das guarnições militares portuguesas, no pós-25 de abril. Região sul. Cameconde e Gadamael foram desativados no mesmo dia,  19 de julho de 1974. Cacinbe, uns dias mais tarde, a 12 de agosto.  Nesta lista há 3 aquartelamentos que pertenciam ao leste, não ao sul: Bambadinca, Mansambo e Xime. Reprodução (parcial) da página 54 (de um total de 74) do relatório da 2ª rep/CC/FAG, publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto".

Sangonhá e Cacoca já tinham sido abandonados no início do consulado de Spínola, no 2º semester de 1968, como conta aqui o António J. Pereira da Costa, numa das histórias da sua "guerra a petróleo", e quando ele foi alferes QP da CART 1692.

Digitalização do documento: Luís Gonçalves Vaz (2012) / Edição das imagens: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012) ]
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quarta-feira, 7 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9577: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (7): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar

 


1. Em mensagem do dia 3 de Março de 2012, o nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), enviou-nos a VII Parte das Memórias da sua Companhia.






MEMÓRIAS DA CCAÇ 798 (7)

De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné

Uma Perspectiva a Partir de Gadamael Porto - 65/67 (VII Parte)

A Evolução da Situação Militar

O título da minha intervenção “De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné . . .” foi escolhido por considerar a “Batalha de Gadamael” como o corolário natural da evolução militar na Fronteira Sul, ou mesmo na Guiné. Retomo por isso, a análise feita nas Partes I e II, sem pôr de lado o princípio, que uma luta de guerrilhas não se resolve pela via militar.

Depois de um período em que reagiu à instalação das NT, ao longo da fronteira, o PAIGC considerou prioritário o reforço, noutras zonas, nomeadamente no Cantanhez e no Quitafine. Mas para intensificar a sua presença no interior, tinha de manter abertas as vias de reabastecimento com a República da Guiné, país amigo por onde passava a maior parte do apoio. Ora, na Fronteira Sul, a solução natural era o “Corredor de Guileje”, já que o Quitafine estava encostado à fronteira e era abastecido diretamente através dos rios Caraxe e Camexibo.

Apesar das evidências, a primeira força militar colocada no corredor, foi um pelotão da CART 495 de Aaldeia Formosa, (4/FEV/64) sem capacidade operacional para contrariar a actividade do PAIGC na zona. A primeira Companhia instalada no “Corredor” foi a CCAÇ 726, em 28/OUT/64, praticamente um ano depois de estabelecida a malha operacional em Gadamael/Sangonhá. A reação não se fez esperar e surgem confrontos violentos com o PAIGC, visto que “ . . .o IN estava habituado a utilizar o corredor sem ser incomodado, uma vez que os efetivos de Guileje até então, não tinham passado de um pelotão”. (16)

Em 30/MAR/65 a CCAÇ 726, instala o respectivo destacamento no Mejo e completa-se assim, nesta fase, a Quadrícula das NT, na Fronteira Sul.

Os elementos apresentados explicam, até certo ponto, a relativa acalmia que, a partir da ocupação do “corredor”, se começou a sentir nos setores mais a Sul (Gadamael e Sangonhá), enquanto a Norte, Guileje se vai transformando num “inferno”, apesar da intervenção das “forças especiais”. A situação vai manter-se até o PAIGC consolidar a presença no “Corredor de Guileje” e respectivos apoios, dentro e fora da fronteira.

Entretanto o ano de 1968, vai ser o ano de grandes mudanças. O Comando-Chefe, apercebe-se que a estratégia de Quadrícula se encontra esgotada, remetendo as forças no terreno, a uma atitude defensiva. Em JAN/68 resolve utilizar o Batalhão de Paraquedistas “numa operação arrojada, a fim de recuperar a iniciativa da guerra no Cantanhez. . . . Os Para-quedistas sofreram três feridos graves e dois ligeiros . . . capturaram todo o material de guerra . . . quarenta guerrilheiros foram mortos e 19 foram feitos prisioneiros”. (17)

Aspeto do interior de Ganturé que viria a ser abandonado em 13/MAI/70

Entretanto, em 08/ABR/68, três anos depois da ocupação do Mejo e demasiado tarde face à evolução militar da zona, a CCAÇ 2317 é colocada na zona de Gadembel, no coração do “Corredor da Morte” e instala um Destacamento a defender a ponte do rio Balana, de maneira a garantir a ligação com A. Formosa. O PAIGC reage, deslocando mais efetivos para a zona. O Aquartelamento é continuamente bombardeado e a situação sofre um agravamento a Norte e a Sul do rio Balana, com tendência a estender-se mais para Sul.

Em MAI/68 o general Arnaldo Schulz é substituído pelo brigadeiro António de Spínola que altera a política e a estratégia, tentando ganhar as populações e a iniciativa militar.

Em JUN/68 põe em marcha um plano de retração do dispositivo militar, de maneira a recuperar efetivos sem comprometer a defesa das populações. Em Cacine, fala com o Cap. Veiga da Fonseca e questiona-o quanto à possibilidade de abandonar posições na zona, para recuperar mais unidades de intervenção. A resposta foi: “ . . . para não perder o controle da estrada para Guileje, não deveria abandonar nenhuma posição, mas se a ideia era essa, então abandonasse Sangonhá e Cacoca”. (18) Estes aquartelamentos foram extintos nos finais de 1968. As populações deslocam-se, à sua escolha, para Ganturé Gadamael e surge neste, com o apoio das NT, “ . . .o primeiro reordenamento da população da Guiné . . .” (18) uma das bandeiras do General Spínola.

Em 28/JAN/69, são ainda abandonados os aquartelamentos de Mejo, Gadembel e Ponte Balana, entre outros.

O regresso de uma patrulha no rio Queruane com o médico Batalhão, em primeiro plano

Entretanto a situação continua a degradar-se. Em Gadamael, com um setor alargado para além de Sangonhá, os contactos com o IN são mais frequentes, bem como as flagelações dos aquartelamentos. O destacamento de Ganturé, a 6 Km da fronteira é agora o mais exposto e a 06/JAN/69 (um ano depois de Spínola ter informado a população do seu abandono e quase um ano ates deste se ter concretizado – 13/MAI/70), sofre um ataque com Mort/82 e Canhão S/R, a partir da pista de Sangonhá. O apoio aéreo pedido surpreende o IN, destruindo o armamento pesado e causando uma autêntica “chacina”.

A pressão do PAIGC estende-se a toda a Fronteira Sul. O Aquartelamento de Guileje, fortificado com abrigos de betão para resistir à artilharia inimiga, está isolado no “corredor da morte” e entregue aos apetites do PAIGC. (19)

Para causar instabilidade ao IN, nas “zonas problemáticas”, Spínola utiliza as “forças especiais”, fortemente apoiadas por meios aéreos, capazes de incursões rápidas e violentas. Foi assim em Cassebeche, no Quitafine, a 07/MAR/69, mas as NT são rechaçadas. Os intensos bombardeamentos, não conseguem eliminar a bateria de antiaéreas e assim não é possível apoiar a progressão dos Páras.

Todo o Sul da Guiné, cujo comandante da Guerrilha é Nino Vieira, é um quebra-cabeças para Spínola e a sua captura seria um golpe importante contra a guerrilha. A oportunidade chega com as informações que dão como certa a sua passagem, no “Corredor de Guileje” a 18/NOV69. Os PÁRAS montam uma emboscada e capturam um elemento importante, mas não é o Nino, é um Cap. Cubano de nome Peralta.

Na Fronteira Sul, as notícias não são Boas. “ A CCAÇ 2796 foi fustigada de forma brutal nos seus primeiros passos em Gadamael, numa primeira tentativa do PAIGC de, indirectamente, eliminar a posição de Guilege. Sofreu baixas, incluindo o Comandante de Companhia ( 24/JAN/71 ) . . .” (20) O Médico do Batatalhão diz mesmo que “no tempos da CCAÇ 2796, Gadamael era o pior buraco do sul .“ (21) As citações deixam perceber que o PAIGC pressiona mais a sul na tentativa de isolar Guiledje, o que vai continuar a fazer, dada a sua capacidade crescente.

A situação que, no cômputo geral, melhorou com a chegada de Spínola, começou entretanto a regredir e a principal preocupação é o Sul. O Comando-Chefe planeia uma grande ofensiva no “Corredor de Guileje”, em que os efectivos são deslocados de avião para A. Formosa e Gadamael Porto. A operação que durou 10 dias, teve início a 28/MAR/72, com fortes bombardeamentos, a norte e a sul do R. Balana. Foi considerada um êxito pelo material apreendido, as destruições e as baixas provocadas, num zona em que o PAIGC lançava estruturas de apoio.

Mas o Comandante-Chefe tem planos mais ambiciosos para o Sul: ”. . . fazer do rio Cacine a principal linha de defesa do Sul da Província. Para a concretização deste plano, era absolutamente necessário que as tropas portuguesas ocupassem a Península do Cantanhez ....” como “... apoio aos aquartelamentos de Cacine, Guilege e Gadamael . . .” (22)

A 12/DEZ/72 o plano é posto em marcha com o ataque à base de apoio à guerrilha no Cantanhez. Depois de violentos confrontos, os Páras conseguem entrar na base, enquanto Caboxanque, Cadique e Cafine são ocupados. A par desta acção militar, toda a fronteira, desde Aldeia Formosa a Cacine, é objecto da intervenção conjugada de forças especiais e outras, de maneira a desarticular e criar instabilidade ao IN. O conjunto de Acções que decorreu de DEZ/72 a JUN/73 permitiu a captura de diverso material do qual se destacam 2 rampas de foguetões. Foi ainda capturado o comandante do bi-grupo de Simbeli.

Aspeto do rio, na zona de descargas, onde posteriormente foi construído o cais

O PAIGC decide responder à ofensiva das NT. Desde o assassinato de A. Cabral a 20/JAN/73) que a cúpula dirigente prepara uma grande ofensiva a que dará o nome do seu fundador.

Na primeira semana de MAI/73, o IN cerca Guidage a poucos metros da fronteira com o Senegal e corta todos os acessos a sul do aquartelamento com um vasto campo de minas. Os PÁRAS não conseguem romper o cerco. Os Comandos Africanos atacam a norte a base de apoio do IN que enfrentam em luta corpo-a-corpo. Uma força de Fuzileiros consegue fazer chegar ao aquartelamento uma coluna de reabastecimentos, mas a artilharia IN não dá tréguas. A FA limitada na sua ação pelos mísseis terra-ar, não consegue apoiar as NT. Feridos e mortos não são evacuados.

Guidage resistiu, mas “ . . . a operação de cerco ... terminou quando já não tínhamos necessidade de desviar as Forças de Intervenção do nosso objetivo principal, que não era ali, mas no Sul da Guiné”. (23).

O Objetivo principal era Guileje e por isso, às 07H00 de 18/MAI/73, uma coluna que se dirige para Gadamael cai numa emboscada e sofre 1 morto, 7 feridos graves e vários ligeiros. O apoio aéreo pedido não é concedido e as evacuações só a partir de Cacine, o que gera mal-estar, agravado com a morte de um dos feridos. Conhecedor da situação, o Comandante do COP5 esforça-se por apresentar, junto do Comandante-Chefe, os seus pontos de vista e pedir reforços.

Apesar dos responsáveis militares considerarem que “ O IN está a preparar as necessárias condições para conquista e destruição de guarnições menos apoiadas. . .“ onde se incluíam Guileje e Gadamael, (24) o Comandante-Chefe não só não atendeu o pedido de reforços do Comandante do COP5, como o nomeia 2º Comandante, entregando o comando ao Coronel Rafael Durão. Regressado a Guileje, depois de três dias de ausência, pela ida a Bissau, Coutinho e Lima encontra o Aquartelamento parcialmente destruído pela Artilharia, sem víveres, sem água, sem comunicações, com escassez de medicamentos e munições alguns abrigos destruídos, um furriel morto e a presença confirmada do IN nas imediações. Perante a situação, depois de uma reunião com os oficiais, decide retirar para Gadamael, na madrugada seguinte com toda a guarnição e a população, depois de destruir ou inutilizar o armamento pesado, viaturas e documentos. A retirada para Gadamael colhe de surpresa o IN que continuou a bombardear Guileje, (atingida até então por mais de 700 impactos ), mas surpreende também o Comandante-Chefe que, através do Cor. Rafael Durão, lhe dá ordem de prisão à chegada.

Aparentemente, para as chefias militares, tudo se resolvia com o afastamento do Comandante do COP 5, esquecendo que “ . . . encontrarmo-nos na entrada de um novo patamar da guerra . . .” e na “ . . . passagem para acções de tipo convencional embora ainda isoladas . . .” (24) esquecendo também a aglomeração de efetivos e de população em Gadamael, bem como a impreparação das defesas do Aquartelamento para resistir a um ataque de Artilharia em que ninguém parecia acreditar.

A 31/MAI/73, o Cor. Rafael Durão é substituído pelo Cap. Comando Ferreira da Silva, que, após a chegada, promove uma reunião com os dois Comandantes de Companhia. Finda esta, começam a cair as primeiras granadas que, gradualmente se vão aproximando, nove dias depois da chegada da coluna vinda de Guileje

Quando em 1966, olhava o Aquartelamento, não imaginava que um dia iria ser arrasado pelo PAIGC

No dia seguinte, estando no exterior do Aquartelamento dois pelotões, em patrulhamento, o IN desencadeia um ataque (cerca de 800 granadas) com vários tipos de armas e granadas. As guarnições dos Obuses, são praticamente dizimadas, ficando a resposta limitada aos Canhões S/R 5,7 e Mort/81 que não tinham alcance para atingir a base de fogos do IN, bem como a tiros esporádicos de um dos Obuses.

No entanto o IN coloca as granadas onde quer, destruindo o Aquartelamento: - Os 2 Comandantes de Companhia, de uma só vez, são atingidos, no Posto de Transmissões que fica inoperacional. Segue-se o médico que é evacuado. O Comandante do COP5, bem como vários graduados multiplicam esforços para socorrer e evacuar mortos e feridos.

Até à chegada dos PÁRAS, na manhã de 03/JUN, a guarnição de Gadamael respondeu ao ataque constante da Artilharia, com os meios disponíveis numa “ . . .aparência de capacidade de reacção que dissuadisse um eventual reconhecimento em força por parte do inimigo . . .” (25), municiando as armas, assistindo os feridos e procedendo às evacuações pelo rio, até Cacine. Entretanto regressaram ao Aquartelamento os militares que se tinham refugiado no exterior, enquanto outros com a população (cerca de 300/400) eram socorridos pela Marinha e levados para Cacine, entre eles muitos feridos, de tal maneira que “ à noite, a coberta das praças estava completamente repleta de feridos . . . “(26)

Mas os guerrilheiros pressionam nas imediações do Aquartelamento, emboscando e atacando as NT. O Comando-Chefe, depois de recusar a proposta de retirada, (27) decide empenhar na defesa de Gadamael todo o Batalhão de Paraquedistas que se transferem do Cantanhez para o COP5. A partir daí, a situação vai progressivamente melhorando com o patrulhamento ofensivo e permanente, de maneira a afastar o IN para lá da fronteira.

A situação permitiu toda a reorganização defensiva do Aquartelamento, até que no dia 23/JUN os PÁRAS descobrem e atacam uma base fortificada, na linha da fronteira, a 2,5 Km a sul de Caur, capturando importante material de Guerra e provocando muitas baixas, trabalho que FA completou. A Batalha de Gadamael custou às NT 18 mortos e 76 feridos, mas a operação “Amilcar Cabral” veio revelar a capacidade do PAIGC e a incomodidade das NT, perante as limitações da FA, resultantes da ameaça dos mísseis terra-ar. Repor a capacidade operacional da Força Aérea estava fora de causa, pelo isolamento internacional do País e pelos custos financeiros do seu reequipamento. (24) Assim, o colapso das NT está a prazo, perante o arsenal anunciado do PAIGC, onde se incluíam aviões MIG, Carros de Combate, mísseis terra-ar de tubos múltiplos, etc. etc.

A situação encaminha-se para um fim que a recusa do Plano Spínola/Senghor deixava adivinhar. O Regime de Lisboa não soube resolver o problema da Guerra, vai ser a Guerra que vai ajudar a resolver o problema do Regime que cai em ABR/74.
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(16) – Virgínio Briote, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 2360
(17) – Manuel Catarino, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COlONIAL ( 2º Vol. ) (18) – António Costa (Coronel na reserva ), Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 6614 e 3013
(19) – “Dizia Amílcar Cabral que, se Guileje caísse, tudo o mais se desmoronaria.”- Depoimento de Manuel dos Santos (Comandante do PAIGC), ANEXO de A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros
(20) – Morais da Silva, (Coronel na reserva), Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 7825
(21) – Amaral Bernardo, EX. Alf, Mil. Médico, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 7796
(22) – Manuel Catarino, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COlONIAL ( 8º Vol. ) (23) – Manuel dos Santos (Comandante do PAIGC), ANEXO de A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros
(24) – Acta da Reunião de Comandos de 15/MAI/73, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 5627
(25) – João Seabra, , Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 3801
(26) – Pedro Lauret, Com. Da Fragata ORION, Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, P 6217
(27) - “SITUAÇÃO CADAMAEL PORTO INSUSTENTÁVEL( . . . ) PESSOAL COM MORAL EM BAIXO POUCO TEMPO AGUENTARÁ NESTA SITUAÇÃO VIRTUDE NÃO DORMIR, NÃO COMER VÁRIOS DIAS . . . SOLICITO AUTORIZAÇÃO PARA SE EFECTUAR RETIRADA ORDENADA COM MEIOS NAVAIS EXISRENTES NESTE ( . . . )”, Msg 5/P de 032229JUN73 do COP5 para COMCHEFEOPER, in A ÚLTIMA MISSÃO de José M. Calheiros

ANEXOS:
 I – Presença das NT na Fronteira Sul ( Diagrama );
II – Presença das NT em Gadamael Porto ( Cronograma );
III – Reforço de Pessoal e Armamento em Gadamael Porto ( Diagrama );
IV – As NT em Gadamael Porto ( Representações Várias )

FONTES:
- Vários, Blogue LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA CUINÉ
- Catarino, M, AS GRANDES OPERAÇÕES DA GUERRA COLONIAL, Presselivre, Imprensa Livre SA, 2010
- Calheiros, J. M, A ( Cor. Par. ) ÚLTIMA MISSÃO, Caminhos Romanos, Porto, 2010
- Lima, C, ( Cor. Art. ) A RETIRADA DE GUILEJE, DG Edições, Linda-a-Velha, 2010
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9435: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (6): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VI Parte - Momentos de descompressão

domingo, 1 de março de 2009

Guiné 63/74 - P3953: O Spínola que eu conheci (3): Um homem de carácter (Jorge Félix)

1. Mensagem, de 25 de Fevereiro de 2009, do Jorge Félix, residente em Vila Nova de Gaia e frequentador da Tabanca de Matosinhos (na outra vida, foi Alf Pil Al III, BA 12, Bissalanca, Guiné, 1968/70), a quem saudamos, pelo seu regresso ao nosso convívio, e a quem desejamos as melhoras (de saúde):


Caro Luís:

Por motivos menos agradáveis tenho esquecido o PC. A 'cabeça' ainda não vai respondendo como quero, e o corpo teima em envelhecer.

Li alguns postes e dois merecem que fale, mesmo com a precariedade da minha gramática actual.

Agradeço que os emendes e, caso não mereçam algum interesse os comentários, 'delete' com eles.

Jorge



Comentário ao poste P3929 - O Spinola que eu conheci.


Escrevi um comentário neste Poste (*) para atestar a admiração que tinha (e tenho) pelo Gen Spínola, mas não coloquei datas e nomes de pessoas referenciadas. Envio-as e, caso não vejas mal, pois acho que o Gen Vasques ainda está no activo (**), Blogue com elas.

Então vamos aos factos:

(i) A Operação foi no dia 7 de Março de 1969.

(ii) De Catió saíram dez Helis com Páras para o Quitafine, local onde o IN tinha varias antiaéreas.

(iii) Os Fiats fizeram o habitual bombardeamento e os Helis descarregam os Páras.

(iv) Uma PEQUENA descoordenação, tempo do bombardeamento e descarga do pessoal, fez com que os atiradores das quádruplas antiaéreas não conseguissem sair das suas posições, o que resultou numa aguerrida defesa das mesmas. Com os Helis à vista e os Fiats no ar, o IN não parou de disparar. Os Páras não conseguiram avançar contra o fogo das antiaéreas. Foram atingidos dois Fiats e uma DO 27.

Os Páras foram retirados na Zops.

(v) À noite, na residência do Comandante Spinola, num reunião com alguns dos Oficiais intervenientes, disse ele a determinada altura:
- Hoje era o dia para distribuir medalhas!

O Cap Vasques atalhou:
- Só se fosse a titulo póstumo.

Spinola ouviu e nada disse.

(vi) É destes momentos que se moldam certos homens. Por estas e por outras eu gostava do Comandante.
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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 24 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3929: O Spínola que eu conheci (1): Antes que me chamem spinolista... (Vasco da Gama)

(Não consta nenhum comentário anterior neste poste, da autoria do Jorge Félix)

Vd. também o último poste desta série > 24 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3935: O Spínola que eu conheci (2): O artigo da Visão e o meu direito à indignação (Vasco da Gama)

(**) Será o Ten Gen Vasques Osório, da FAP, que passou à reserva em 2003 ?