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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13887: In Memoriam (207): Faleceu hoje o ex-Alf Mil Manuel Alcides André Rocha, que pertenceu à CCAÇ 3461/BCAÇ 3863 e à CCAÇ 16 (Carenque e Bachile, 1971/73) (Ricardo Figueiredo)

1. Mensagem do nosso camarada Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74), com data de hoje, 13 de Novembro de 2014:

Boa tarde Carlos,
Para conhecimento do blogue, participo-te que faleceu hoje, 13 de Novembro de 2014, o nosso camarada MANUEL ALCIDES ANDRÉ ROCHA, ex-Alferes Miliciano que pertenceu à CCAÇ 3461 / BCAÇ 3863 e à CCAÇ 16.

O corpo do nosso já saudoso camarada está em Câmara Ardente na Igreja de S. Mamede de Infesta - Matosinhos até amanhã às 10h00, quando sairá para inumar no Cemitério local.

Um abraço,
Ricardo Figueiredo

Em primeiro plano e à direita da foto, o nosso malogrado camarada Manuel Alcides André Rocha.

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2. Nota dos editores:

Nesta hora de dor, em nome da Tertúlia deste Blogue, deixamos à família enlutada os nossos mais sentidos pêsames.
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Nota do editor

Último poste da série de 13 de Novembro de 2014 > Guiné 63/74 - P13881: In Memoriam (206) Nuno da Costa Tavares Machado, alf mil art, CART 1613, morto em Guileje, em 28/12/1967, e condecoado com a cruz de guerra, de 3ª classe, a título póstumo

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Guiné 63/74 - P13305: IX Encontro Nacional da Tabanca Grande (38): "Caras novas" em Monte Real... E algumas de camaradas que ainda não se sentam à sombra do nosso poilão


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 >  O Joaquim da Silva Jorge e a esposa Esmeralda (Ferrel / Peniche)... Garantiu-me que vai mandar as fotos da praxe para entrar na nossa Tabanca Grande...É "velhinho" na guerra (ex-alf mil, CCAÇ 616, Empada, 1964/66, companhia que também comandou)   e "pira" em Monte Real... Foi em Empada que a guerra começou, não foi em Tite... Estivemos a falar de episódios (ainda mal conhecidos)  desses tempos e lugares... A  CCAÇ 616 foi substituir malta açoriana.


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 > A minha /nossa amiga Tucha (é a segunda vez que vem a este convívio anual, com o seu companheiro Manuel dos Santos Gonçalves)... O casal vivce em Carcavelos, Caiscais, Ao lado da Tucha,  a Alice Carneiro.


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 > O Manuel dos Santos Gonçalves (ex-alf mil mec manut, que passou por Aldeia Formosa, no início da década de 1970) e a Maria de Fátima  (Tucha) (Carcavelos / Cascais). O Manel prometeu-nos que ia "tratar dos papéis!" para se poder  semtar, "de jure et de facto", à sombra do poilão da Tabanca Grande,.,



IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 >  O Francisco Baptista e a esposa Fátima Anjos, em conversa com o Hélder Sousa.  É um transmontano de boa cepa que vive no Porto. É "cara nova"  em Monte Real..  Foi alf mil inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72),


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 >  Da direita para a esquerda, Francisco Baptista  (Porto) e Joaquim Luís Fernandes (Maceira / Leiria)


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 >  O Mário Gaspar ao lado do João Martins..  Dois camaradas que passaram por Gadamael. O Mário é "estreante" nestas lides e trouxe o seu livro "O corredor da morte" (edição de autor, 2014).


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 > Outra "cara nova" em Monte Real, o nosso grã-tabanqueiro Ricardo Figueiredo (Porto), aqui ao centro ladeado do José Saúde  e o Fernando Súcio (Via Real). Foi fur mil Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523,Cabuca, 1973/74.


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 > Fernando Roque (Sesimbra)... Sei que é um homem da arma de transmissões, TSF... Vive no Meco e é amigo do Hélder Sousa, além admirador do nosso blogue... Há uma fotografia dele com o Hélder e o Nelson Batalha no "Pelicano", em Bissau c. 1970/72... Espero também que aceite o nosso convite para se sentar  à sombra do poilão da Tabanca Grande...


IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 > Rui Pedro Silva (Lisboa)...  Um rapaz de Angola, que veio para estudar aso 14 anos... É do Lobito, se a memória ne não falha. É informatico e já teve uma página ou um blogue sobre a guerra da Guiné. Acompmha-nos há muito, mas ainda não se quis sentar à sombra do nosso poilão...  Garantilhe que khe reservava o lugar nº (cabalístico) 666...  Foi  cap Mil e comandante da CCAV 8352 (Caboxanque, 1972/74)...

Fotos (e legendas) : © Luís Graça (2014). Todos os direitos reservados.




IX Encontro Nacional da Tabanca Grande > Palace Hotel Monte Real > 14 de junho de 2014 > À direirta, o Rogé Guerreiro, uma "rapaz da linha" (leia-se; Tabanca da Linha),.,, É primeira vez que vem aos nossos encontros da Tabanca Grande... Recorde.se que foi 1.º Cabo Op Cripto da CCAÇ 4743 (Gadamael e Tite, 1972/74) e  está no nosso blogue desde 6 de maio de 2012. É um "periquito" em relação à malta que vem atrás. o Manuel Joaquim, o Rui Silva e o Jorge Rosales... Mora em Cascais,

Foto: © Manuel Resende  (2014). Todos os direitos reservados.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12466: Boas Festas (2013/14) (8): Tony Borié, Rui Silva, Ricardo Figueiredo, José Colaço, Jorge Picado e Torcato Mendonça

1. Mensagem natalícia do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66:



Como me chamo já não importa, pois nunca esqueço que fui combatente.
Depois da escola, na minha inocência, esperei pela guerra com ar sorridente.
Era o Tó d’Agar, era aldeão, era feliz, pastoreava as ovelhas, sempre contente.
Depois era o “Cifra”, um nome de guerra, havia tiros, havia luta, na África ardente.

No século passado, nos anos sessenta, tal como vocês, fui mobilizado.
Passei dois “Natais”, sempre com medo, de arame farpado estava cercado.
Era um jovem, nos melhores anos, mas já não era um camponês, andava fardado.
Andei por bolanhas, vi terra vermelha, mosquitos ferozes, desesperado.

Sujo de sangue, pó, lama, água da bolanha, suor do calor, quente e abafado.
Todos o usavam, o Curvas Refilão, o Setúbal, o Trinta e Seis, ou o Marafado.
Servia de manto, onde enrolavam um companheiro de balas crivado.
Roto, sem mangas, já não era amarelo, verde ou castanho, aquele camuflado.

Havia algum álcool, cigarros feitos à mão, arroz da bolanha e muitos tormentos.
Agora é Natal, ano de 2013, esquecemos a guerra por alguns momentos.
Vamos festejar, eu sei que há guerra, mas ainda virão alguns melhores tempos.
Estamos vivos, uns com saúde, outros vivendo com os seus sofrimentos.

Os anos passaram, Portugal está longe, a minha bandeira, por quem combati
Não vos esqueço, meus companheiros, heróis combatentes, com quem convivi.
Neste Natal, época festiva, de amizade e com alegria, que jamais esqueci.
Sorriam, sejam felizes, vão ter saúde, olha o Pai Natal, que eu acredito, mas nunca vi!

Vamos abraçar, os familiares, os amigos, trocar prendas, “fugir daquele canto”.
Comer bolo-rei, esperar mais um ano, ver aquelas fotos a preto e branco.
Ouvir música, dançar, rir, beber um bom vinho, seja tinto ou branco.
Andar por aí, apanhar sol, nem que às vezes, tenha que ser, sentado num banco.

O vosso companheiro, que está feliz, por ter chegado ao Natal de 2013, que vos deseja o mais Feliz Natal do mundo e que o Ano de 2014 vos traga muita saúde e tudo o que mais desejarem.

Tony Borie, 2013

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2. Mensagem de Natal do nosso camarada Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67):

Todo o sempre com os camarigos no coração, esta quadra é um bom pretexto para os contatar e assim poder desejar-lhes umas Boas Festas, na melhor da saúde e felicidade.

Bem hajam e tenham um Natal 365 dias por ano!

Um abraço para todos.
Rui Silva

PS: No “postal”, que junto, pendurei a vista aérea do Olossato, prestando (ou querendo prestar), uma simples homenagem aquele sacrificado povo a que natureza só lhes deu bom coração, nada mais, nada mais…
Boas festas Guineenses.


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3. Mensagem do nosso camarada Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74):

Aos meus Bons Amigos e Familia
Desejo um SANTO NATAL e que o novo Ano de 2014 que se avizinha, seja mensageiro de muita PAZ, SAÚDE e AMOR.

São os votos sinceros do
Ricardo Figueiredo e Família



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Monte Real, 2012 - VII Encontro da Tertúlia
Foto: Juvenal Amado


4. Mensagem do nosso camarada José Colaço (ex-Soldado Trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)

Desejo a todos os camarigos aqui presentes e ausentes, uns por motivos imponderáveis, outros por opção, um Santo Natal e um bom ano novo 2014.

Cumprimentos
Colaço


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5. Mensagem do nosso camarada Jorge Picado (ex-Cap Mil na CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, na CART 2732, Mansabá e no CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72):

Caríssimo Amigo Carlos
A poucos dias de entrarmos em mais um inverno das nossas vidas e próximo da chegada do Natal, aqui vai o meu sinal de que continuo "agarrado", ainda que não pareça, ao Blogue.

Para toda a Grande Família desta Tabanca, onde incluio os que possam não estar na "Grande", mas participam nas "Tabancas Adjacentes", envio os votos de um Bom Natal com muita saúde e alegria, bem como o desejo de que 2014 seja tão cheio, tão cheio de melhorias como este moliceiro tão carregado de moliço da Ria de Aveiro, nos tempos de outrora.

Grande Abraço
Jorge Picado


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6. Mensagem do nosso camarada Torcato Mendonça, ex-Alf Mil da CART 2339, Mansambo, 1968/69:

Natal de 1968
Foi o único que passei na Guiné – embarquei, para lá, em Janeiro de 68 e regressei em meados de Dezembro de 69.
Quarenta e cinco anos já passaram em tempo rápido, demasiado apressado e encurtando, cada vez mais, a distância à meta.
Ainda recordo aquele Natal por ter deixado marca certamente e, sempre que acontece Natal, vou até lá um pouco.

Agora, neste ano, quarenta e cinco depois, fui ler o “Historial da Companhia” para ver o mês de Dezembro de 68, lá estava uma Operação no dia 23,duração de dois dias, juntamente com militares de outra Companhia à zona do Galoiel e Biro. Tivemos fraco contacto com o IN que, talvez por gentileza devido à data que se aproximava, bateu em retirada apressada. Deixou uma prenda que foi desativada. Tudo bons rapazes e ainda hoje temos exemplos.
Nessa Operação participou o Ten-Coronel Pimentel Bastos, Comandante do BCaç 2852 de Bambadinca. Creio mesmo, a memória não me atraiçoa, que nesse dia fez 51 anos.

Regressamos a Mansambo a tempo das festividades Natalícias. Talvez tenhamos comido melhor, talvez tenhamos tentado dar um pouco de “Espirito de Natal”, talvez. De certeza, que o mais presente foram os olhares para o céu, um céu diferente nas estrelas mas, para a maioria daqueles homens, gentes do Norte e com forte religiosidade, conseguiram certamente trazer para ali o céu de seu País e sentiram-se assim mais perto de suas famílias. Muitos já eram casados e tinham filhos. A maioria não entendia porque ali estava metida em oito abrigos, semienterrados e aprisionados naquele hectare, de forma quadrada, na mata desbravada, com fiadas de arame farpado e garrafas de cerveja dependuradas, sem luz, duvidosa água potável e comida desenxabida.

Nesse Natal tentavam comer, beber e abrir sorrisos de encomenda, sorrisos que eram mais esgares em rostos habituados a estarem fechados. Mas era Natal e certamente lá longe as famílias enviavam pensamentos para eles… talvez se encontrassem no caminho.
Natal diferente este de sessenta e oito como fora o de sessenta e sete e seria o de sessenta e nove. Um, onde fortemente se sentia a partida próxima, outro lá onde a amizade e a camaradagem marcaram forte presença e o outro, já cá, depois do regresso com a família, as recordações do outro e dos camaradas e sentirem-se um pouco perdidos em pensamentos de confusão na habituação à vida civil.

Quarenta e cinco anos depois as recordações ainda aparecem, algumas fortes e a recordarem tempos de afetos no sentir Natal.
Diferente hoje, já Século XXI, onde a força do marketing e do consumismo nos presenteiam com Natais de desembrulha e deita fora. Certamente deixam brevíssimas recordações.
Pessimista? Talvez!

PARA TODOS UM SANTO NATAL, COM O VELHO ESPÍRITO NATALÍCIO.
UM ÓPTIMO 2014 COM SAÚDE E RESPEITO PELO HOMEM.

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Nota do editor

Último poste da série de 15 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12454: Boas Festas (2013/14) (7): Alberto Sousa e Silva, Manuel Maia, Jorge Teixeira, Giselda e Miguel Pessoa, Felismina Costa, Hilário Peixeiro, Manuel Lema Santos e Joaquim Cardoso

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Guiné 63/74 - P12422: O que é que a malta lia, nas horas vagas (14): a 2ª CART/BART 6523, atirada para Cabuca, nas profundezas da mata do Leste, teve de facto uma Bibliioteca (com 400 livros), um jornal (O Abutre) e uma Rádio!... (Ricardo Figuiredo)

1. Mensagem de Ricardo Figueiredo (ex-fur mil, 2ª CART / BART 6523, Cabuca, 1973/74), membro da nossa Tabanca Grande desde 19/1/2011


Data: 5 de Dezembro de 2013 às 20:04

Assunto: Biblioteca. O que se lia durante a Comissão


Meu Caro Camarada e Amigo Luís Graça,

Não pude deixar de responder ao teu desafio e,  recorrendo ao meu arquivo, posso afirmar com orgulho que a 2ª CART/BART 6523, atirada para Cabuca, nas profundezas da mata do Leste, teve de facto uma BIBLIOTECA, um JORNAL e uma RÁDIO.

Publicado no primeiro número do nosso jornal "O ABUTRE", passo a transcrever ipsis verbis ( por impossibilidade de o digitalizar com alguma qualidade) um artigo por mim assinado e então com o título "A NOSSA BIBLIOTECA":

"Desde que cheguei a Cabuca logo pensei em criar uma biblioteca para assim,nas horas vagas, nos podermos dedicar um pouquinho à leitura e, consequentemente,  aumentar a nossa cultura geral. Sim, porque isto de estarmos destacados no mato tem por vezes certos inconvenientes e um deles é o nosso apaixonamento gradual pela literatura destrutiva ou ainda pelas célebres histórias aos quadradinhos. Efectivamente assim tem vindo a acontecer.

"Assim, um dia falei com o Comandante da Companhia e expus-lhe o meu plano respeitante àfundação de uma biblioteca. Ele aceitou-o com a melhor das boas vontades e logo se prontificou a apoiar-me dentro das suas possibilidades.

"Mas logo um problema surgiu: onde instalar a biblioteca ? Claro que tivemos de ponderar bem sobre o assunto,uma vez que não dispunhamos de instalações apropriadas nem possibilidades de construção.

"Mas pensando bem, se uma criança em qualquer lugar se faz, uma  biblioteca em qualquer lugar se há-de instalar! Vai daí não estivemos com meias aquelas. À sala do soldado,  como era enorme, facilmente se poderia roubar um bocadinho. E assim foi! Arranjou-se um entreleado de canas e aqui se faz jus aos habilidosos africanos pela maneira simples e funcional como as fazem,e vai de fazer a divisão da sala. Arranjaram-se umas prateleiras com os caixotes dos géneros, pintaram-se e colocaram-se na parede. Arranjaram-se quatro mesinhas e outras tantas cadeiras, pintou-se o distintivo da Companhia numa parede, decorou-se a outra com peças africanas, desde o colar à celebre catana e...agora será melhor ir mais devagar: arranjaram-se alguns livros, poucos, mas bons. Verdade! Uns gentilmente oferecidos pela FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN a uma Companhia que já por aqui passara, outros da RTP e também generosamente oferecidos pela EDITORIAL VERBO por intermédio do MOVIMENTO NACIONAL FEMININO a uma outra Companhia que por aqui igualmente passou e alguns conseguidos pelo FUR MIL MARQUES.

"Mas para que a biblioteca possa atingir aquele nível satisfatório será necessário que mais alguns livros cheguem até nós e que todos procurem dar a sua colaboração,não só na indicação desta ou daquela obra, como também procurar mandar vir de lá de casa, do canto do sótão ou da cave, debaixo daquele ferro velho, aquele livro que lá está esquecido e que tanta falta aqui nos faz.

"A biblioteca é nossa! Ela é para nós! A ela vamos buscar nos nossos momentos de ócio, um bocadinho de cultura e distracção.

"Aqui vos deixo pois este apelo, certo de que convosco continuarei a poder contar e que assim o meu sonho,que afinal é o vosso se tornará uma realidade. "

Este artigo, como já referi,  fazia parte do primeiro número do jornal "O ABUTRE", também por mim coordenado,  teve uma edição de 120 exemplares ( O 1º Sargento AZÓIA, é que não gostou muito do número de exemplares, pois dei-lhe cabo do papel e do stencil) e para além da distribuição nos abrigos e messe, foi enviado para as Escolas Práticas,  MNF, Editorial Verbo, FCG e outras entidades, para além de alguns dos nossos familiares. E de retorno chegaram-nos alguns livros, chegando a nossa biblioteca a ter cerca de quatrocentas obras,de quase todos os Autores Portugueses: Eça, Garret, Castelo Branco, Júlio Dinis, Aquilino e até Nemésio, entre outros.

E porque referi o 1º Sargento Azóia, não posso deixar de
. transcrever parte de um artigo por ele assinado e publicado
no nosso jornal "O ABUTRE" , para que possam ver que após algum tempo também ele comungou com os Milicianos o dinamismo que discretamente lhe "impusemos":

"Parece-me mentira mas é pura verdade.

"Eu que já ando nestas andanças desde 1961 e tendo já cumprido duas Comissões em Moçambique e uma em Angola e sempre estive no mato integrado em Companhias Operacionais,  nunca encontrei um punhado de bons rapazes que,  em vez de pensarem em si próprios, pensam antes de mais nada nos outros, que por motivos vários não tiveram a felicidade de poderem ir mais além na sua cultura. Pois graças a esse punhado de rapazes, que arregaçaram as mangas e sem olharem a sacrifícios de toda a ordem, especialmente pelo isolamento em que vivemos, esses rapazes dizia eu, já puseram a funcionar aulas para a 4ª Classe e Ciclo Preparatório, uma Biblioteca ondejá temos um número de livros muito engraçado e onde todos nós podemos requisitá-los para melhor passarmos os nossos momentos de ócio e iremos ter um jornal diário do Porto,o Jornal de Notícias (não esquecer que 80% do pessoal é nortenho) e três vezes por semana o jornal A Bola. Montaram um Posto Emissor interno, que quando só podemos estar nos respectivos abrigos nos proporciona umas horas de boa música. Um campeonato de Futebol inter-pelotões e ainda o nosso jornal "O Abutre".
"Foi só isto que este punhado de rapazes já fizeram e segundo parece ainda não querem parar aqui."

Como vês, a 2ª CART/BART 6523 , apesar da sua muita actividade operacional, procurou sempre ocupar os tempos mortos da melhor forma possível, minorando o sofrimento e o isolamento de todos os seus elementos.


Os textos transcritos foram-no ipsis verbis,para respeitar a memória dos factos.


Portanto, o P12393 [em que se diz que não havia bibliotecas no mato]  ficou sujeito ao contraditório !

Um grande abraço e obrigado por tudo quanto nos têm dado !

Ricardo Figueiredo
Ex-Fur Mil At Art
 2ªCart/Bart 6523,
Cabuca, 1973/74

[Foto acima, à direita: um jagudi. Foto: © João Santiago & Paulo Santiago (2006). Todos os direitos reservados]

2. Comentário de L.G.:

Uma obra notável para menos de um ano de comissão no leste (agosto de 1973/junho de 1974)!... É pena é que não tenhas mandado uma capa do vosso jornal de caserna, "O Abutre"... Não o encontrei na coleção de capas de jornais de unidades que constam no sítio da biblioteca do Exército (, um total de 240 capas, das quais 40 são referentes a unidades do CTIG). Quando puderes, manda digitalizar as edições que tiveres...  Presumo que sejam poucas. Fazer um jornal a stencil dava muito trabalho...

Quanto ao apoio da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), é interessante o que escreves. Sabemos muito pouco da acção da FCG no eventual apoio (oferta de livros, essencialmente...) às "miniblibliotecas" militares, existentes nos teatros de operações, em África, durante a guerra colonial. Não sabemos se esse apoio era institucional, ou se era meramente casuístico, resultante de pedidos isolados ou se era feito através do Movimento Nacional Feminino. Também havia o apoio da RTP, da editorial Verbo...

Em contrapartida, é de sublinhar e louvar a iniciativa (histórica) da FCG,  substituindo-se ao Estado, ao criar o Serviço de Bibliotecas Itinerantes, em 1958... Eu próprio beneficiei muito desse serviço, quando adolescente e jovem, na minha terra.

Leia-se aqui, a propósito, no sítio Bibliotecas Itinerantes:

(...) "Fundação Calouste Gulbenkian: Ainda em 1958, baseado na experiência pioneira de Branquinho da Fonseca e sob a sua direcção, foi criado pela Fundação Calouste Gulbenkian, instituição privada, o Serviço de Bibliotecas Itinerantes, com o intuito de tentar resolver um problema: o da educação pós-escolar dos cidadãos.

"As bibliotecas itinerantes ou carros-biblioteca levavam a bordo cerca de dois mil volumes arrumados nas estantes. Nas prateleiras de baixo, encontravam-se os livros para crianças, nas prateleiras do meio a literatura de ficção, de viagens e biografias e, por fim, nas de cima os livros menos procurados, de filosofia, poesia, ciência e técnica.

"Em 1962 existiam 47 bibliotecas itinerantes, o número de leitores rondava os trezentos mil e os livros emprestados atingiam os 3 milhões.

"Durante a ditadura salazarista, que assentava a sua acção na manutenção da censura e do obscurantismo da sociedade portuguesa, o livro e a leitura eram um luxo e também, uma actividade arriscada. Foi, no entanto, a acção levada a cabo pela Fundação Calouste Gulbenkian que dotou o país de uma rede de bibliotecas coerente, com o objectivo principal de alcançar e promover o gosto pela leitura."(...)


Para saber mais sobre  o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da FCG, lert aqui uma comunicação, de fevereiro de 2004, de Daniel Melo, do ICS/UL: "Leitura e leitores das bibliotecas da Fundação Gulbenkian (1957-1987)".

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Nota do editor:

Último poste da série >  9 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12418: O que é que a malta lia, ns horas vagas (13): No meu caso O Alviela, de Alcanena, o Popular como era aqui o caso, a República, o Século ou o Diário de Noticias, O Mundo Desportivo, o Record ou a Bola, a Plateia, o Mundo de Aventuras, etc. (Carlos Pinheiro)

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Guiné 63/74 - P11652: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (60): Respostas (nºs 133/134/135): Carlos Rios (CCAÇ 1420, Mansoa e Bissorã, 1965/66); Ricardo Figueiredo (2ª CART / BART 6523, Cabuca, 1973/74); e Manuel Amaro (CCAÇ 2615, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71)

Mais três respostas ao nosso questionário (*), mais três "provas de vida"!... Obrigado, camaradas, a vocês três, que continuam a sentar-se, vivinhos da costa, no nosso bentém, à sombra do nosso mágico, fraterno, mítico, fantástico, maravilhoso, protetor, solidário,  frondoso... poilão da Tabanca Grande!


Resposta nº 133  >  

Carlos Rios [, ex-fur mil, CCAÇ 1420 / BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66]

 Caros camaradas e amigos! 
Lamentando a lentidão da resposta ao Questionário, com a apresentação das minhas desculpas aqui vos envio a minha modesta opinião!

1) Não tenho a certeza absoluta, mas creio que foi em 2010.

2) Através da troca de e-mail`s com o meu camarada de companhia, Henrique de Sacadura Cabral, tendo solicitado também pela mesma via ao co-responsável do blogue Ilmº. Ex-Alferes Cmdº. Virginio Briote, a quem envio um profundo agradecimento e um respeitoso cumprimento a minha adesão ao blogue.

3) Sim, sou membro da Tabanca Grande, puco tempo após o mencionado na alínea 1)

4) Faz parte do meu quotidiano.

5) Sim enviei e fizeram o favor de publicar o que escrevi (um diário em caderninhos), e estou a tentar coligir mais alguma coisa.

6) Não, detesto tudo o que se relaciona com a palavra FACEBOOK, para além de não me entender com aquela metodologia.

7) A resposta está inserta na alínea anterior.

8) O Blogue está estruturado superiormente e todo ele me é agradável e chamativo, agradando-me sobremaneira onde aparecem referências de caracter social.

9) As respostas anteriores são explícitas; creio eu!

10) Não, todavia não esqueço que quando me encontro em 

Ferreira do Zêzere, tenho problemas de lentidão na Internet, globalmente, o que pressupõe uma dificuldade tecnológica simplesmente.

11) Representa um aumento de força anímica, o reencontro e nascimento de grandes amizades, e camaradas, um motor de sociabilidade; o homem é um ser gregário, bem como um aumento e abertura de conhecimentos e cultura na arrumação e estruturação da minha carola. Já vou com 70 anos. O muito obrigado aos camaradas, luis Graça,Carlos Vinhal, e todos os responsáveis do Blogue.

12) Não, nunca participei.

13) As minhas decrépitas condições de saúde levam a que (com muita pena minha), não possa deslocar-me facilmente, pelo que não posso participar, mas envio a minha felicitação pelo 9º Aniversário.

14) Incomensuravelmente!! Sim!!

15) Não tenho capacidade para analisar uma magnificente ideia dos camaradas. Apenas peço que continuem, e notem…

“POR MAIS LONGA E ESCURA QUE SEJA A NOITE O SOL (BLOGUE) VOLTA A BRILHAR” (Autor desconhecido)...

Com o maior abraço de solidariedade


Resposta nº 134 >   

Ricardo Figueiredo [, ex-fur mil,  2ª CART / BART 6523, Cabuca, 1973/74]

(1) Quando é que descobriste o blogue?

Por acaso,quando a nostalgia se apoderou de mim e iniciei a busca da minha 2ªCART/BART 6523 e coloquei no motor de busca CABUCA que me levou ao Blogue e me mostrou o mapa.Estava no ano de 2007.

(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)

Pesquisa no Google.

(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?

Sou membro desde 19 de Janeiro de 2011 [, com o nº 472].

(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)

Diariamente. De manhã visito o Diário da República. À tarde o blogue. Tornou-se uma obrigação.

(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)?

Tenho mandado esporadicamente. Espero em breve aumentar a minha colaboração.

(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?

Conheço, mas visito-a com menos regularidade.

(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?

Vou mais vezes ao blogue.

(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?

A história que se vai escrevendo e as estórias que se vão acumulando numa mescla de realidade e de imaginação. No Facebook não tenho opinião formada.

(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?

A política que de forma camuflada de vez em quando se posta , reconhecendo porám o cuidado dos Editores em evitar ao máximo esse tipo de atitudes. Quanto do Facebook não tenho opinião formada pelas razões já expostas.

(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)

Não tenho tido qualquer problema, talvez pela hora tardia a que acedo.

(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje para ti? E a nossa página no Facebook?

O Blogue é um meio imprescindível para a compreensão da guerra do Ultramar, do conhecimento da juventude de então, dos seus pensamentos, dos seus actos e das suas omissões e sobretudo um arquivo importantíssimo para a compreensão da HISTÓRIA. Creio que o Blogue será a transposição futura da verdadeira HISTÓRIA,  contada pelos seus intervenientes directos e será qualificado como o único repositório dos verdadeiros factos devidamente documentados e narrados pelos próprios actores.

Sobre o facebook , será sempre uma forma imediata e actual da expressão da comunicação de uma rede social.

(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?

Não , com muita pena minha.

(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?

Gostaria, mas mais uma vez não poderei estar presente.Espero para o próximo ano quebrar estes impedimentos. Sobretudo este ano gostaria de estar para abraçar o JOSÉ SAÚDE , que muito considero e estimo, no lançamento do seu novo livro.

(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?

Naturalmente que sim. Acho que o Blogue nunca será um moribundo,pois graças ao envolvimento que construiu ao longo dos anos, a seriedade que impôs no seu editorial,os filhos e netos dos ex-Combatentes da Guiné, saberão mantê-lo vivo, sabendo homenagear os seus mortos e trazendo à colação muita da documentação que certamente ainda se encontra arquivada.

(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer.

Continuem com o mesmo espírito e se me é permitido, um abraço muito apertado aos seus Editores pela coragem,trabalho e dedicação com que mantêm o Blogue. BEM HAJAM !


Resposta nº 135 > 

 Manuel Amaro [, ex-fur mil enf, CCAÇ 2615 / BCAÇ 2892, Nhacra, Aldeia Formosa e Nhala, 1969/71]

Caros Editores

Com um pedido de desculpas pela demora, aqui vai a minha resposta ao referido questionário.

1 - Descobri o blogue em Abril de 2008.

2 - Estava a fazer uma pesquisa sobre o Capitão Salgueiro Maia, para uma comunicação que ia fazer numa aula, sobre o 25 de Abril de 1974.

3 – Sou membro desta família desde 27 de Maio de 2008.

4 – Consulto o blogue, em média duas vezes por dia, embora por vezes esteja dias sem consultar.

5 – Já enviei vários textos, que foram publicados e faço comentários com frequência.

6 – No Facebook não tenho participado.

7 – Só vou ao blogue.

8 – Gosto de ler boas estórias, sejam elas “guerreiras” ou sociais, bons poemas e ver boas fotos.

9 – Não gostei de ler alguns textos doutrinários, algumas polémicas exageradas... sobre quem ganhou, quem perdeu, onde reuniu o PAIGC em 1973, quem matou Amílcar Cabral e mesmo sobre um texto do livro do Rui Alexandrino Ferreira, escrito pelo Major General Pezarat Correia. Até porque é sempre possível discordar sem recorrer à ofensa. E isso nem sempre foi conseguido. Mas, que diabo, ex-combatentes, seniores, também têm que ser tolerantes.

10 – Nunca tive dificuldade em aceder ao blogue.

11 – O blogue representou e representa muito para mim. Sem ser “lamechas”, foi aqui que reencontrei um grande amigo que estava “desaparecido” desde 1967: O Zé Teixeira. Foi aqui que reencontrei o Mário Pinto, o Arménio Santos, o Mário Fitas e o Alberto Branquinho. Foi aqui que voltei a ouvir falar, ler estórias e ver fotos de Buba, Nhala e Quebo, que foram as minhas “terras” na Guiné. É aqui que encontro ex-combatentes, gente que sentiu e que sente a Guiné como fazendo parte das suas vidas. O blogue é hoje uma das minhas referências de vida.

12 – Já participei em três Encontros Nacionais, em 2009/10/11, em Ortigosa e Monte Real.

13 – Este ano não vou participar porque estarei ausente, noutra missão, de 2 a 21 de Junho.

14 – Sim. Acho que o blogue tem todas as condições para continuar e para se fortalecer. Basta ver o trabalho feito até hoje pelo Comandante Luís Graça e pela Equipa de Editores.

15 – Sugestões? Bem sugestões, sugestões, não sei muito bem. Talvez continuar a trabalhar com o mesmo entusiasmo. Talvez com entusiasmo redobrado. Se o caminho percorrido valeu a pena, é seguir no mesmo caminho, de cabeça erguida. Sim, é isso. Porque o dever foi cumprido e as consciências estão tranquilas. Tenho dito... e escrito. Com um abraço.
______________

Nota do editor:

Último poste da série > Guiné 63/74 - P11643: 9º aniversário do nosso blogue: Questionário aos leitores (59): Respostas (nºs 130/131/132): Albano Gomes (CART 2339, Fá Mandinga, Mansambo, 1968/69): João Nunes ( CCAÇ 4544, Cafal Balanta e Bolama, 1973/74); e Joaquim Sequeira (BENG 447, Bissau, 1965/67)

(...) Questionário ao leitor do blogue:

(1) Quando é que descobriste o blogue?
(2) Como ou através de quem? (por ex., pesquisa no Google, informação de um camarada)
(3) És membro da nossa Tabanca Grande (ou tertúlia)? Se sim, desde quando?
(4) Com que regularidade visitas o blogue? (Diariamente, semanalmente, de tempos a tempos...)
(5) Tens mandado (ou gostarias de mandar mais) material para o Blogue (fotos, textos, comentários, etc.)?
(6) Conheces também a nossa página no Facebook [Tabanca Grande Luís Graça]?
(7) Vais mais vezes ao Facebook do que ao Blogue?
(8) O que gostas mais do Blogue? E do Facebook?
(9) O que gostas menos do Blogue? E do Facebook?
(10) Tens dificuldade, ultimamente, em aceder ao Blogue? (Tem havido queixas de lentidão no acesso...)
(11) O que é que o Blogue representou (ou representa ainda hoje para ti? E a nossa página no Facebook?
(12) Já alguma vez participaste num dos nossos anteriores encontros nacionais?
(13) Este ano, estás a pensar ir ao VIII Encontro Nacional, no dia 8 de junho, em Monte Real?
(14) E, por fim, achas que o blogue ainda tem fôlego, força anímica, garra... para continuar?
(15) Outras críticas, sugestões, comentários que queiras fazer. (...)

Quem não respondeu (e, portanto, não fez a "prova de vida"...), ainda vai a tempo. O blogue agradece. Contunuamos a celebrar, com alegria comedida, o nosso 9º aniversário. Nove anos a blogar são cinco comissões na Guiné!... É obra, meus caros coeditores Carlos, Eduardo, Virgínio, e demais colaboradores, autores, tabanqueiros e leitores!... 

Responder por email para: luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com 

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Guiné 63/74 - P10083: Inquérito online: "Um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude ?" (Parte I) (A. Pinto / A. Silva / H. Cerqueira / J, Martins / M. Beja Santos / P. Raposo / R. Figueiredo)


1. Registei com apreço que o historiador francês René Pélissier (que não é um tipo qualquer...) tenha reparado no livrinho do nosso amigo e camarada Fernando Gouveia, Na Kontra Ka Kontra (Edição de autor, Porto, 2011, 160 pp.), orginalmente publicado no nosso blogue em 49 episódios....


René Pélissier [, foto à direita, cortesia do semanário Expresso, na sua edição 'on line',] é conhecido como um leitor compulsivo, tendo em sua casa uma biblioteca de 12 mil volumes... 

 Em entrevista ao semanário Expresso, conduzida pelo jornalista José Luís Castanheira (vd. Expresso, edição de 31 de julho de 2010, Caderno Atual, pp. 38-40), respondeu do seguinte modo à pergunta "O que é, para si, um bom livro?":


(...) "Se um livro me traz coisas novas, considero-o bom; se me traz muitas coisas novas, é excelente, qualquer que seja a tendência política do autor. Como não tenho nenhuma opção política, se fizer bem o seu trabalho, não tem nenhuma importância que seja de esquerda ou de direita. Desde que faça bem o seu trabalho" (...).


Por outro lado, tomei também boa nota do que ele disse sobre nós, de maneira algo condescendente e paternalista: "um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude" (sic)..

É um elogio ? É uma crítica ? É uma lisonja ? É uma simples constatação de um facto ?...


A pensar nisso, lancei numa sondagem de opinião, glozando o tema: Somos um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude (perdida) ? É verdade ? É isso ou só isso ? Ou também isso e muito mais do que isso ?

O homem, que é historiador, e é gaulês, e é um reputado especialista sobre a colonização portuguesa, e sabe português, e visita-nos com alguma regularidade, lá terá as suas razões para nos catalogar como "veteranos nostálgicos da sua juventude" (sic)... Razões que não explicitou, nem tem que o fazer...

Bom, gostava que os amigos e camaradas da Guiné que nos leem e/ou se reconhecem neste blogue, ou conhecem minimamente este blogue, se pronunciassem, dando a sua opinião... Vamos ter seis dias para responder à sondagem (coluna do lado esquerdo, ao alto)...

Por outro lado, estamos a entrar no verão, o que significa sempre - ou pelo menos de acordo com a experiência dos anos anteriores - uma quebra nas estatísticas sobre a visita e a leitura do nosso blogue...

Registe-se, todavia, o facto de termos atingido, há dias, em 25 de junho passado os 3,8 milhões de visitas... E temos a expectativa de chegar aos 4 milhões, lá para finais de agosto, sem perder de vista a meta dos 600 membros da Tabanca Grande, a atingir no final do ano em curso...

Nota-se, também, alguma quebra na produção e entrega de novos textos, fotos, etc... Sabemos que o blogue é um animal voraz: tem de ser alimentado todos os dias...

As opiniões dos nossos leitores são importantes, mais: são essenciais para nós. Amigo e camarada da Guiné, além de votares ("on line"), dando a tua opinião sincera sobre a pergunta, manda-nos também um pequeno texto, para publicação... Começamos já a publicar os primeiros textos que nos chegaram na tarde de ontem.
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1. José Martins:


Luis: Tenho, li, e anotei, além de ter sido fonte de conhecimento, os dois livros sobre a Guiné, do René Pelissier. A data em que os adquiri é para mim incontornável. Nesse dia almoçaste [, na tua Escola,]com o Zé Neto e com o Pepito, a quem fui cumprimentar e conhecer: dia 13 de Julho de 2006, vai fazer 6 anos.


Porém,não estou de acordo com a citação do René. Não sou nostálgico da minha juventude. Posso recordá-la, mas não voltava atrás, só se tivesse a certeza de que poderia "emendar" algumas situações.

Sendo impossivel, tudo bem. Siga em frente a... infantaria. Agora tenho a consciência, se é que tenho consciência, do que é preciso transmitir às gerações "emergentes", os nosso netos; porque os nossos filhos já têm outras preocupações, e que preocupações!

Espero que o que vou fazendo, possa ser aproveitavel, ainda que em pequena percentagem, porque nada é zero. (...)
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2. Alcides Silva:


Amigo Luís Graça, ao ler a mensagem onde referiu, o René Pélissier, o nosso blogue como sendo o da nossa juventude perdida, senti um nó na garganta, nós que regressamos do Ultramar, demos tudo que podíamos em sacrifício da Pátria e outros houveram que deram mesmo tudo até a sua própria vida porque não regressaram vivos e outros lá ficaram.(...)



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3. Beja Santos:


Luís, Correspondi ao teu solicitado e respondi “discordo”. Dou-te as minhas razões. O historiador René Pélissier poderá ter fundamento quanto à nostalgia que nos irmana. A nostalgia é isso mesmo, uma lembrança, nalguns casos indelével, tratou-se de uma guerra que nos envolveu por inteiro, viemos mudados pela experiência, pela vivência, a personalidade vincou-se, e mais não digo.


Mas há muito mais que a nostalgia que também nos irmana, uma intensa vontade de comunicar com as nossas aptidões e valências: há quem fale em patronos dos exércitos, envie poesia, fotografia, se sirva justamente do blogue como uma sala de conversa ou desconversa. Os blogues não são clubes, nem associações, entra-se e sai-se graças aos livres trânsito, deposita-se uma opinião; um blogue pode fazer amigos, mas não é obrigatório; o que o blogue tem (e o nosso dá e sobra) é a caraterística de nos servir como gabinete de leitura onde tomamos posição onde queremos, é essa transitoriedade que traz a grandeza de nele depositarmos opiniões, saberes; os documentos de incontestável importância que aqui se vão juntando superam o tal conceito de veteranos nostálgicos. (...).


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4. António Figueiredo Pinto [, foto da esquerda, ao meio]


(...) Contra mim falo. Não tenho escrito nada de novo, embora sempre que possa, dê uma espreitadela ao que os AMIGOS vão dizendo. Fotos poucas mais tenho e não têm interesse para a Tabanca. A saúde também vai faltando e os neurónios vão-se "queimando " a um ritmo que vai tirando ânimo. Depois continuo a reparar que ninguém do meu tempo aparece.

Também já há muito tempo pedi para alterarem a minha morada e nº de telefone e ninguém ligou. Compreendo que o vosso trabalho é ciclópico, trabalhoso o que eu louvo sinceramente

Não sei se vale a pena mas já agora volto a dizer os meus dados:

António Figueiredo Pinto
Vila do Conde
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5. Paulo Raposo:

Olá, rapaz, e parabéns.

Para mim o historiador que vá dar uma volta ao bilhar grande.

Desde 1960 que fomos atacados por cobiça do nosso império e cedemos sempre ao inimigo.

Esse historiador não conhece o povo português. Somos demasiadamente bons e humildes. Não há no mundo outro povo como o nosso. O francês é altivo até dizer chega, o alemão acha-se superior e o russo soberbo.

Como estamos unidos pela mesma causa somos como irmãos e não perdemos a nossa juventude, ganhamos sim o nosso orgulho. (...).
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6. Domingos Gonçalves: 

"É um blogue de veteranos nostálgicos da sua juventude" (sic)...

A afirmação é, no mínimo, polémica. Por outras palavras: é um ponto de vista, respeitável, e nada mais.

Pessoalmente entendo que o blogue contém imensa informação, sobre a guerra da Guiné, e não só, e expressa a opinião de muitos dos actores da mesma guerra, e de muitas outras pessoas que, mesmo  não chegando a participar no conflito, manifestam interesse em saber o que de facto se passou. Penso que, em grande parte, colaboram no blogue pessoas que, sem mágoas, sem traumas, sem ódios, mas por amor à verdade, vão disponibilizando, por recurso à memória, ou a documentos de diversa natureza, a sua versão dos factos.

A verdade, que vai sendo transmitida, pode até ser desagradável para alguns. Mas não pode confundir-se com nostalgia. Os factos que aconteceram, regra geral testemunhados e vividos por muitos actores, foram muitos deles dolorosos,mas dor e nostalgia também não é a mesma coisa.

Continuem! Sem receio da tal nostalgia, mas motivados pelo amor à verdade, mesmo quando ela ponha em causa alguns supostos heróis. (...)


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7. Henrique Cerqueira:

(...) Resolvi aceitar o teu desafio. No entanto tenho algumas duvidas se o meu texto é ou não publicável. É que eu não sei escrever o “publicável”, só sei escrever o que me vai na alma e em especial quando me sinto motivado por qualquer situação. E esta foi uma das situações,  no entanto reafirmo que normalmente e desde que entrei para esta maravilhosa família do blogue;quando escrevo algo é sempre ao correr da pena ,e muito raramente corrijo a escrita, pois que a minha insegurança quanto ao interesse do que escrevo me faria de imediato apagar tudo que escrevi. Já o tenho feito em especial em alturas de comentar certos artigos publicados, pois que tenho sempre receio de ofender camaradas. (...)

Guiné? Tropa? Guerra ?Juventude Perdida... medo... muito medo.  Sim, sim é verdade . Da minha parte e muito serenamente eu confesso que esses sentimentos me acompanharam constantemente durante os três anos em que fui militar do exército Português.

Não posso esquecer que todos os dias eu era lembrado que teria de ir para a tropa,mas que seria forçosamente para o Ultramar. O Homem para ser Homem tinha que ir á Guerra.  Diziam os meus pais:
- Estuda, filho, para não seres um simples soldado...

Diziam os amigos:
- Estás lixado pá vais mas é morrer,ou então virás sem pernas, como o Floriano (era um nosso amigo um pouco mais velho).

Enfim era uma parafernália de lembretes que das duas uma, ou fugias para França como alguns dos meus amigos ou te resignavas que o teu destino era mesmo o ir para a tropa e posteriormente para a Guerra.

É então que eu com os meus dezanove anos tenho que tomar decisões e como sou filho único e muito amante dos meus pais não consigo acompanhar os amigos na fuga para França. Aliás quando esses amigos fugiram foi um escândalo no meio em que vivíamos, pois que os "pobres" foram considerados como fugitivos ao dever patriótico. Nós tínhamos um grupo que para a época era um pouco "revolucionário" pois que aqui e ali lá intervínhamos com umas ações de contestação ao regime (de certo modo estava na "moda" por causa do Vietname).

E então após essas fugas os restantes amigos tiveram,  e eu incluído, umas visitas da PIDE às nossas casas e com algumas ameaças aos nossos pais de despejo da habitação (eram do Estado) e percas de emprego dos pais, funcionários públicos.

Ora com todos esses condimentos eu decidi mesmo que lá teria que ser tropa e mais tarde "combatente". Mas para ajudar resolvi me apaixonar perdidamente ao ponto de decidir casar com 20 anos e aos 21 anos ter um filho, ou seja,  ele nasceu quando estava na recruta nas Caldas da Rainha.

Como aconteceu à maioria dos jovens dessa altura, lá passamos por toda aquela formação de Homens para a "Guerra". Também sabemos que essa formação era altamente deficiente,  o que viríamos a sentir na pele mais tarde.

Medo...muito medo, senti sempre desde o primeiro dia de tropa, senão veja-se: (i) era medo de ser castigado e não ir de fim de semana a casa; (ii) medo de chumbar nos testes e não ser promovido (e tanto que minha mãezinha me dizia para estudar); (iii) medo de ir para a Guerra e não saber o que iria acontecer; (iv)  medo de alguns " estupores" que encontrei a mandarem na minha vida; (v) medo das emboscadas e ainda (vi) medo,  ao vir para casa,  do emprego iria ter (ou não).



Poderia enumerar muitos Medos mas seria enfadonho ,até porque tudo passou. Passou??? E os TRÊS ANOS OBRIGATÓRIOS,longe da família ,longe de projetos, sonhos e sabem que mais... Senti-me tão Adulto quando fui fazer o espólio no Ralis e tão desamparado que só hoje ao escrever estas linhas é que me dei conta...Por isso Foi mesmo Juventude Perdida.


Nota: Estou a escrever estas letras e nem sei se a pontuação está correta, se a escrita está ou não boa para se ler, mas aceitei o desafio do Luís Graça, porque na verdade EU JÁ NÃO TENHO MEDO!


8. Ricardo Figueiredo:


(...) Em boa verdade, não me parece que se possa catalogar o “nosso” blogue de nostálgicos ou sequer "nostálgicos da nossa juventude”.

Se todos fizermos uma introspecção á nossa memória, veremos que tivemos duas reacções distintas quando acabamos o nosso serviço militar obrigatório e sobretudo connosco, que enfrentamos a guerra no teatro de operações da Guiné.

A primeira reacção foi tentar varrer da nossa memória os episódios que lá vivemos, os menos bons e até os bons , esquecer até ao ínfimo pormenor a vivência nesse teatro .

A segunda reacção adveio com a idade , com o retomar dos arquivos de memória, que na verdade nunca foram totalmente eliminados e a natural saudade que se aproxima quando estamos a chegar ao fim ! 



Que seriam dos nossos netos se não tivéssemos estórias e histórias para lhes contar …!?

Ora e aqui surge o Blogue do Luis Graça & Camaradas da Guiné ! É com esta iniciativa e a partir desta iniciativa que,  aos poucos, mas a um ritmo alucinante , os velhos Combatentes se vão perfilando e,  conduzidos pelo arquivo da sua memória,  vão narrando, aqui e ali, capítulo a capítulo, a sua visão das “suas” guerras, cada um  à sua maneira e ao seu estilo, às vezes personalizando os factos outras generalizando-os, mas dando um contributo único de um testemunho pessoal e intransmissível .

Estaríamos assim dispostos a dizer que o Blogue do Luís Graça & Camaradas da Guiné, mais não é que uma janela aberta à memória de todos os ex-Combatentes da Guiné, que de forma livre e intemporal lhes permite gritar aos quatro ventos tudo o que lhes vai na alma, consubstanciando nesse grito, não só os episódios da sua vivência enquanto militares e combatentes, mas sobretudo enquanto homens que, nas entrelinhas, múltiplas vezes deixam passar a solidariedade actual, a amizade, a camaradagem, o espírito de corpo e a saudade, este sentimento tão português, que os ex-combatentes sentem como ninguém.

Que me perdoe o historiador francês M. René Pélissier, mas estou perfeita e absolutamente em desacordo com a classificação nostálgica que atribui ao nosso blogue.

Há ainda um aspecto interessante que convirá trazer à colacção . Durante muitos anos foi-nos impedido de publicitarmos a nossa condição de ex-Combatentes, pelas razões que todos conhecemos. Ainda hoje somos olhados de soslaio e muitos não entendem o amor Pátrio…! Mas também por isso o nosso blogue teve uma importância enorme, ao permitir que, sem qualquer tipo de censura prévia, todos nos expressássemos livremente e comentássemos e criticássemos os posts publicados. Naturalmente que nessas exposições, nessas criíticas e nesses comentários, alguma nostalgia poderá transparecer.

Mas julgar a árvore pela floresta vai uma distância muito grande…!

Classificaria o nosso Blogue como um arquivo estórico e histórico de enorme interesse nacional, importante para os historiadores vindouros ,com uma mescla de erudito e popular, mas sobretudo como o Único Repositório da verdadeira Guerra da Guiné, contada pelos seus directos intervenientes.

Um blogue elementar e essencial, escrito e movido não pela nostalgia dos seus escribas, mas pela capacidade narrativa e de precisão que lhe pretendem atribuir , com a alegria do dever cumprido pela sua Pátria .Quiçá o último contributo vivo que lhe pretendem dar – a verdadeira narrativa da Guerra da Guiné, transcrita por palavras simples e singelas com a alegria de quem a ela sobreviveu , sem contudo esquecer os milhares de mortos , cujos nomes são permanentemente referidos com respeito e saudade nas diversas transcrições que constituem o acervo do blogue Luís Graça.

Direi, pois, para finalizar, que o nosso blogue é um compêndio indispensável aos velhos combatentes da Guiné que nele exprimem os seus sentimentos, do passado, do presente e até do futuro, mas, no essencial,  libertos de qualquer nostalgia, antes de um sentimento teatral, pois todos eles foram e são os únicos actores!

Um abraço forte de continuidade pelo bom caminho que tem sido desbravado.
Bem Hajas !

Ricardo Figueiredo
Ex-Fur Mil At Art - 2ª Cart/Bart 6523
Abutres de Cabuca

quinta-feira, 15 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9607: O PIFAS, de saudosa memória (9): Dois terços dos respondentes da nossa sondagem conheciam o programa e ouviam-no, com maior ou menor regularidade...


1. Resultados da sondagem que correu no nosso blogue, de 8 a 14 de março de 2012... Pergunta: "Com que regularidade ouvias, no teu tempo, o programa de rádio das Forças Armadas, PFA ou PIFAS ?"

Responderam um total de 116 leitores. Naturalmente que os resultados não se podem generalizar... É uma mera consulta de opinião com resultados meramente indicativos ou tendenciais...



Assim, cerca de 2/3 dos respondentes conheciam e ouviam o PFA ou PIFAS: cerca de 39% ouviam-no "todos os quase todos os dias"; os restantes 27% só mais esporadicamente...

O restante terço que não ouvia o PFA ou PIFAS, apresenta as suas razões:

- 6% do pessoal não se interessa por este tipo de programas de rádio;
- 13% não tinham aparelho de rádio ou tinham dificuldade, no mato, em sintonizar o programa;
- Os outros 15% não são do tempo do PIFAS que, ao que sabemos, nasce no tempo do "consulado" de Spínola...

Obrigado a todos os que tiveram a gentileza de responder ao nosso pedido...

2.  Reproduzem-se a seguir alguns mails de camaradas nossos sobre a sondagem:

(i) José Paracana [, ex-alferes miliciano, da Cheret, QG, Bissau, CTIG, 1971/73]




Viva lá, camarada LG!



Posso informar que eu sempre estive no QG, em Bissau. E lembro que ouvia diariamente o Pifas! Uma tarde até estive ao microfone da rádio porque um sr. sargento (cujo nome esqueci), que estava à frente de uma das rubricas da estação, convidava à intervenção. E eu fui falar sobre Coimbra: a dos estudantes e suas praxes académicas. Descrevi as sessões de gozo dos caloiros; dos seus julgamentos (na cabe da Real República dos Kágados), da queima das fitas e sua organização, das Latadas,etc.


Lembro que, fugindo completamente à censura (anos 1961-1966) porque a Pide não actuava antes dos cortejos - empunhei um cartaz onde se escreveu o seguinte: "Em Lisboa há um Te(n)rreiro com 42 buracos/ tachos!" Claro que o visado era o Almirante do bacalhau...


Continuação do bom trabalho e até breve!


Abraço do José Paracana
 
(ii) Antonio Sampaio [, ex-Alf Mil na CCAÇ 15 e Cap Mil na CCAÇ 4942/72, Barro, 1973/74]:
  
 Amigo, gostava de colaborar, mas com verdade. Não me recordo nada desse programa. Enquanto estive em Mansoa, tinha concerteza possibilidade de o ouvir. Depois em Barro já seria mais episódico. De qualquer maneira nunca fui muito de “telefonia”.


Recordo no entanto um bom amigo que esteve também em Mansoa e depois foi para a Rádio Bissau. Era já locutor na RR  [Rádio Renascença,] cá e conseguiu sair do mato para a cidade lá. Era o Fernando de Sousa (actualmente no internacional da SIC).  Por curiosidade o contacto directo com os tiros, só o teve muito mais tarde em Angola quando fazia uma reportagem no tempo da guerra civil. A coluna em que se deslocava foi atacada quando ele estava a fazer um directo. Um abraço, António Sampaio

(iii) Belmiro Tavares [,ex-Alf Mil, CCAÇ 675, Quinhamel, Binta e Farim, 1964/66]

Caro Companheiro,

No meu tempo, que eu saiba, não havia PFA... nem PIFAS.

A Rádio Bissau trabalhava poucas horas por dia; havia um programa afamado – discos pedidos. Por mais estranho que pareça o disco – de longe – mais pedido era: “O Tango dos Barbudos”.


Aquele Abraço,
Belmiro Tavares


[Nota do editor: Belmiro, quem não se lembra, nos bailes dos bombeiros das nossas parvónias, de ouvir, em aordeão ou até guitarra elétrica, esse clássicos do tango, o Tango dos Barbudos ? ... Há músicas que levaremos para tumba e para a longa viagem do além, tal como a pensavam os antigos egípcios... Se calhar este tango, ouvido no rádio a pilhas em Binar, é um deles... BAqui tens uma versão instrumental, no You Tube, para matares saudades... E já  agora fica também com esta versão, mais fraquinha, em guitarras elétrica, duns rapazes do teu tempo, 1966... Os Blusões  Negros].


(iv) José Pereira [ex-1.º Cabo Inf, 3.ª CCAÇ e CCAÇ 5, Nova Lamego, Cabuca, Cheche e Canjadude, 1966/68]

 Olá, sou o Zé Pereira, estive na CCAÇ 3 e na CCAÇ  5, na zona de Nova Lamego. Bepois vim para Bissau aguardar embarque e estive a fazer servico no Comando Chefe e no PFA onde estava o João Paulo Diniz, em 68 lembro-me muito bem o chefe era o major Magalhães.


Um abraço, José Pereira
 
[Nota do editor: Zé Pereira, há dias falei com o José Paulo Diniz, ele disse-me que esteve em Bissau, de entre agosto de 1970 e agosto de 1972 (mais ou menos)... Logo não poderá ser do teu tempo. Deves estar a fazer confusão com outro nome. Mas podemos esclarecer isso no nosso próximo encontro, em Monte Real, no dia 21 de abril... Ele vai lá estar. E tu ? Um abraço].


(v) Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil da 2.ª CART/BART 6523, Cabuca, 1973/74):

Meu Caro Camarada Carlos Vinhal,

No redescobrimento do PIFAS, cujos artigos tenho lido com alguma sofreguidão, pois sempre que possível lá o conseguíamos sintonizar, não posso deixar de recordar que também nós, no “buraco” que era Cabuca, também tínhamos uma estação de rádio, que com alguma dificuldade era ouvida em Bissau !

Na verdade, fruto de um engenhoso camarada, de nome CARLOS BOTO, com a excepcional ajuda do Fur Mil de Transmissões Henriques, também a 2ª Cart/Bart 6523 tinha a sua estação de rádio que transmitia em ONDAS CURTAS nas frequências 41m - na banda dos 8000 Khc/seg e 75m - na banda dos 4100 Khc/seg, que emitia directamente de Cabuca todos os dias das 19H30 às 23H00.

Tal só foi possível, graças a um generoso e eficaz trabalho de antenas, apoiadas num “Racal”, pelo pessoal das Transmissões, tendo-se então criado um estúdio improvisado, que com o recurso a um gravador de fitas e a um velho microfone difundia um excelente programa diário.

A estação chamava-se NO TERA. Tinha a discografia do Zé Lopes, a sonoplastia do Toni Fernandes, os exteriores do Arménio Ribeiro, a locução do Quim Fonseca (este vosso camarigo) do Victor Machado e esporadicamente do António Barbosa e a produção, montagem e apresentação estava a cargo do CARLOS BOTO.

Dos programas emitidos, relembro os seguintes :

- Publicidade em barda ;
- Serviço noticioso ;
- Charlas Linguísticas ;
- O folclore da tua terra ;
- Espectáculos ao Vivo ;
- Concursos surpresa e,
- MÚSICA NA PICADA, entre outros.

E, como nota de rodapé, gostaria que algum dos Camarigos, designadamente os que ainda estão hoje ligados á rádio , nos ajudassem a descobrir o CARLOS BOTO, já que todas as nossas diligências para o encontrarmos, se têm mostrado infrutíferas.

Finalmente e com a promessa de voltar à carga sobre a nossa Rádio NO TERA, gostaria de referir ainda um episódio que nos encheu de alegria, já no distante ano de 1973, quando ao ouvirmos o PIFAS, a nossa rádio foi referida como tendo sido audível em Bissau! O pessoal rejubilou de alegria e sentimo-nos então muito mais motivados para melhorar os nossos programas, já que corríamos o risco de sermos ouvidos, quem sabe, pelas bandas do QG…!

Um abraço de amizade do camarigo,
Ricardo Figueiredo
Fur Mil At Art da 2ªCart/Bart 6523
Cabuca-Guiné

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Nota do editor:

Último poste da série > 9 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9589: O PIFAS, de saudosa memória (8): "Emoções", programa de música, Antena 1, sábado, 10 de março, das 5 às 7h da manhã: ouvir a voz do João Paulo Diniz, 40 anos depois...