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sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22927: Notas de leitura (1412): “África Dentro”, por Maria João Avillez; Texto Editores, 2010 (2) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Dezembro de 2018:

Queridos amigos,
Não nos esqueçamos que esta viagem da Maria João Avillez ocorreu num tempo de grande esperança, era Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior, deposto por uma conjura militar em 2012. A cooperação com a Gulbenkian tinha resultados manifestos, nas áreas da educação e da saúde. Nesta digressão da jornalista percorre-se uma região do Norte, perto de São Domingos, onde o projeto VIDA marca pontos no desenvolvimento comunitário, a Missão da Cumura recebe vasto apoio, o que outrora era um hospital para tratar leprosos atende hoje um cortejo inumerável de infetados pelo VIH/SIDA; havia igualmente apoio aos centros de saúde, a economia parecia crescer em paz e reconciliação. E depois, o país retrocedeu.

Um abraço do
Mário



África Dentro, por Maria João Avillez (2)

Beja Santos

“África Dentro”, por Maria João Avillez, Texto Editores, 2010, é uma avaliação em jeito de reportagem da intervenção da Fundação Calouste Gulbenkian nas cinco ex-colónias portuguesas de África. A Gulbenkian pretendia uma reportagem captada pelo olhar de uma jornalista. Foi isso que aconteceu. Vamos falar da Guiné-Bissau, onde a Gulbenkian privilegia dois polos de cooperação, na educação e na saúde.

Visitados os projetos de educação, a jornalista dirige-se agora para a área da saúde, atravessa o rio Mansoa, depois o Cacheu, vai ao encontro da VIDA, uma ONG que se instalou no Norte da Guiné, na região de São Domingos. Na génese, integravam um movimento católico “Comunhão e Libertação”, visam o desenvolvimento comunitário, contribuíram para a criação de uma unidade de saúde base, cooperam com sete centros de saúde da região, capacitam agentes de saúde de base e as matronas (parteiras tradicionais). A participação das populações é determinante para que estas estruturas comunitárias sejam vigorosas e perdurem. E temos exemplos concretos: “As Casas das Mães, criadas para dar apoio às grávidas e garantia de condições de parto seguro e limpo, construídas e geridas pelas próprias mulheres; ou os modelos de autogestão da saúde, com preços de medicamentos e consultas decididos em plenário da comunidade; ou ainda os sistemas de seguros comunitários de saúde e a autossuficiência a nível de gestão dos programas de tendas mosquiteiras. Também o Centro de Saúde Materno-Infantil de São Domingos, o único no país com gestão comunitária, que nasceu como evolução da experiência positiva das Casas das Mães”. Também o projeto VIDA aparece ligado a outro projeto: “Jirijipe – Saúde até à Tabanca”, com objetivos precisos: melhoria de acesso a cuidados de saúde materno-infantil; intervenções com impacto na situação da saúde, e aqui há preocupações com as infeções sexualmente transmissíveis e o VIH/SIDA; desenvolvimento do sistema comunitário de saúde. É uma experiência modelar, e alguém comenta: “Esta região sanitária, ao nível da saúde comunitária, é do melhor que existe na Guiné, graças à VIDA! Há medicamentos, há vacinação, há formação, há melhor atendimento e até passou a haver a impregnação da rede mosquiteira!”

Instituição de grande prestígio é a Missão Católica Franciscana de Cumura, foi criada em 1955 por três franciscanos italianos, um deles Frei Settimio Ferrazzetta será nomeado o primeiro Bispo de Bissau. A jornalista conversa com Frei Victor Manuel Henriques, membro efetivo da Província Portuguesa da Ordem Franciscana, formado em Medicina, dirigia o hospital da Missão: “Estou aqui a trabalhar como médico, dando atendimento aos doentes pobres que chegam diariamente. Muitos padecem de lepra, tuberculose e HIV/SIDA e neste momento temos muitos deles justamente com HIV/SIDA, afetados pela tuberculose. Este hospital nasceu inicialmente para atender os doentes de lepra, mas hoje a verdadeira lepra é a infeção HIV/SIDA”. A jornalista recorda as profundas carências do país: mais de metade da população não tem acesso a água potável nem a medicamentos, e apenas 40% recebe algo de parecido com cuidados de saúde. Frei Victor Manuel Henriques faz pedidos à Gulbenkian e é compensado: um eletrocardiógrafo; um monitor de sinais vitais e outro tipo DINAMAP; um desfibrilhador. A Gulbenkian subsidiou um equipamento de radiologia, na altura havia também a promessa de um aparelho de gasometria, para tratamento e diagnóstico dos doentes de tuberculose.

E indaga-se o que é a política de saúde na Guiné-Bissau. Ao tempo, a prioridade era dar cumprimento ao Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário 2008-2017. O financiamento é escassíssimo, havia menos de seis dólares per capita por ano. O Secretário de Estado da Saúde reconhecia a ajuda da Gulbenkian, pelo que tinham feito na criação do Centro de Medicina Tropical e teceu os seguintes comentários: “A Gulbenkian intervinha não só na formação como também na parte dos recursos humanos, associada à criação de condições de trabalho nos hospitais. Foram épocas brilhantes de cooperação porque foram absolutamente decisivas para o país. Basta pensar na luta contra a oncocercose – vulgarmente conhecida como a cegueira dos rios – um programa que conheceu enorme sucesso. Hoje, já ninguém tem oncocercose no país. Foi também através da Gulbenkian que aqui se criou o melhor centro de oftalmologia da Guiné-Bissau e de toda a África Ocidental. A Gulbenkian cofinanciou três centros de saúde em Bissau”. E começa uma visita guiada aos centros de saúde, têm diversos modelos, são de três tipos: o básico, dispõe de todos os serviços de prestação de cuidados primários (consulta pré-natal, pediatria, tratamentos, sala de partos e também quatro camas para observação, é uma estrutura que cobre uma população que oscila entre os 7 e os 12 mil habitantes do setor autónomo de Bissau; o segundo tipo destina-se a uma população maior, está mais bem apetrechado, possuindo médico, laboratório, uma unidade de internamento com 20 ou 30 camas e serviço de obstetrícia; o outro modelo destina-se a zonas mais isoladas ou de difícil acesso, estão igualmente munidos de 20 ou 30 camas para internamento, possuem bloco operatório para cirurgia geral e obstetrícia de emergência e ainda um banco de sangue. As dificuldades são muitas, alguém comenta: “Temos de lutar para manter a corrente elétrica para a conservação de vacinas porque temos três geleiras onde elas estão acondicionadas. À noite, também é sempre mais complicado, a maior parte dos partos é de noite que ocorrem, tem de se transferir as parturientes para outra parte do edifício devido à falta de energia”.

A jornalista encontra o Primeiro-Ministro Carlos Gomes Júnior cheio de otimismo: “Na minha anterior governação, consegui trazer para a Guiné 30 médicos com o apoio de Fidel Castro. Chegaram aqui na altura em que o país conhecia um terrível surto de cólera. Com a ajuda deles, conseguiu-se uma cobertura sanitária eficaz e o surto foi debelado. Temos hoje uma formação de cerca de 140 médicos guineenses, pois reabriu a Faculdade de Medicina, onde clínicos cubanos se encarregam da saúde. Vão tentar criar aqui um hospital de referência. Temos grandes chagas, hospitais públicos sem quase nada lá dentro”. O então Primeiro-Ministro reconheceu existir um excelente relacionamento com a Gulbenkian e no papel determinante que esta tem no apoio às áreas da educação e da saúde.

Construção de uma cozinha e refeitório para as crianças da Missão da Cumura.
Centro materno-infantil em São Domingos.
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Notas do editor:

Vd. poste anterior de 17 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22915: Notas de leitura (1410): “África Dentro”, por Maria João Avillez; Texto Editores, 2010 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 20 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22922: Notas de leitura (1411): "O Povo de Santa Maria, seu falar e suas vivências", 2ª edição revista e acrescentada (2021), por Arsénio Chaves Puim, um caso de grande sensibilidade sociocultural e de amor às suas raízes (Luís Graça ) - Parte II

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Guiné 61/74 - P21816: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXXIV: Memórias de São Domingos, região do Cacheu


Foto nº 10 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Jan / fev 1969 >  Foto com dois miúdos na praia fluvial na maré baixa. O miúdo branco possivelmente seria o filho do único homem branco que vivia ali, o homem da serração.

 

Foto  nº 9 >  –  Guiné > Região do Cacheu > São Domingos >Jan / fev  1969 > Caminho que conduz do centro da Vila e do Comando do Batalhão, até ao Quartel de Cima, onde estava instalada a Unidade de Intervenção, a CART 1744, do nosso capitão miliciano Serrão. 
 


Foto nº 8 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Jan / feve 1969 > Vista aérea de aproximação à pista de São Domingos, podendo ver-se o rio que lhe deu o nome. A pista, no inicio é cortada por uma picada, local onde o nosso Comandante e os grupos de combate sofreram uma emboscada e ele pisou uma mina, que acabou com a sua carreira prematuramente. Ou seja, a pouco mais de mil metros do nosso quartel. 
  


Foto nº 5 –  Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Primeiros dias de abril de 1968  > O edifício do meu quarto, partilhado com mais... 10 alferes milicianos.  Antiga maternidade de São Domingos.   Pode ler-se ainda num didão, a inscrição da CCAÇ 622 [que esteve em S. Domingos em 1965]. 



Foto nº 4 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Último trimestre de 1968  > Crianças indígenas, a banhar-se no rio, lançando-se a partir das pirogas, escavadas em troncos de árvore, o seu meio, quase único, de transporte no rio. 
 

Foto nº 3 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 25 de agosto de 1968 >  Banho no rio cheio de lodo, agarrado a uma canoa da população civil local. 



Foto nº 1 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 11 de dezembro de 1968 >  > Aqui estamos num grupo de militares e civis, e pelo que consigo ver, trata-se do dia em que deu à costa o hipopótamo, já morto.  Ao meu lado,  o meu amigo ‘O Maneta’.
 
 


Foto nº 2 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > 15 de dezembro de 1968 >Antiga estrada, agora picada, que ia na direcção do Senegal, para Zinguinchor, antes da guerra; depois não se podia ir mais longe pois as pontes estavam destruídas, e a picada minada.  

 


Foto nº 6  > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos >  1 de setembro de 1968 > No  jipe destinado ao Oficial de Dia, estava eu de serviço, sentado na frente da viatura, ainda com a capota, pois estávamos  na época das chuvas. 



Foto nº 7 > Guiné > Região do Cacheu > São Domingos > Fim de setembro de 1968 > Foto nº 7 – Na porta do meu quarto, a escrever para a família.  

Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem já perto  de  160 referências no nosso blogue. (*)

 
Mensagem do Virgílio Teixeira, com data de 21 do corrente;:

Caro Luís:

(...) Agora, e em resposta ao teu pedido, vou enviar um dos temas do meu álbum fotográfico, que já estavam prontos há mais de um ano, dos quais tenho ainda tantos.   São fotos da minha galeria, tirados ao acaso de centenas delas, não há assunto em especial, apenas 'recordações de São Domingos'.

Se achares de interesse, para intercalar em tantos temas de grande valor, podes meter lá isto, que é aquilo que tenho.

Já vi muita coisa que me passou muito à frente, mas também a maioria são mais recentes, onde já havia tecnologia e pessoas mais interessadas na fotografia, e com olho para a frente, para memória futura, que não era essa a minha perspectiva.

Um abracelo, com desejos de muita saúde para todos, e que se safem desta maldita pandemia, que não vai embora tão cedo!

Virgilio Teixeira


CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas: 
T217 – MEMÓRIAS DE SÃO DOMINGOS  > PARTE VII 


I - Introdução do tema: 

A continuação do Tema – As minhas memórias de São Domingos, uma terra esquecida no fim do mundo onde passei quase 12 meses da minha vida. 

Os Temas começam com os números e títulos de T211, em diante, até acabar. 

As fotos, imagens e considerações vão sair sem qualquer prioridade, selecção ou assunto, será conforme as for encontrando no meu tão grande Álbum Fotográfico, em especial deste período entre Abril/68  e Março/69. 

Espero que sejam apreciadas, como documentos de uma época, e comentadas com criticas, mas sem "juízos de valor" [, como, de resto, mandam as regras do nosso blogue].


II - Legendas das fotos: 


Foto nº 1 – Junto do meu grande amigo, com a mão na cabeça dele, já não me recorda o seu nome, mas que me procurava sempre quando queria alguma ajuda de mim. Chamava-lhe carinhosamente, ‘O Maneta’ porque lhe falta parte do braço. Aqui estamos num grupo de militares e civis, e pelo que consigo ver, trata-se do dia em que deu à costa o Hipopótamo, já morto. Essas cordas que se vêm, foi para arrastar o ‘bicho’ morto, com um camião para ser sepultado, algures na mata.   Captada em São Domingos, no dia 11 de Dezembro do ano de 1968. 

Foto nº 2 – Caminho, estrada ou picada, que ia na direcção do Senegal, para Zinguinchor, antes da guerra, depois não se podia ir mais longe pois as pontes estavam destruídas, e a picada minada. Uma foto tipo selfie, com a minha câmara, no tripé e era eu que a tirava.  Captada em São Domingos, no dia 15 de Dezembro do ano de 1968. 

Foto nº 3 – Banho no Rio cheio de lodo, agarrado a uma canoa da população civil da zona.  Captada em São Domingos, no dia 25 de Agosto do ano de 1968. 

Foto nº 4 – Crianças indígenas, a banhar-se no rio, lançando-se a partir das pirogas, escavadas em troncos de árvore, o seu meio, quase único, de transporte no rio. Captada em São Domingos, possivelmente no 3º Trimestre do ano de 1968. 

Foto nº 5 – O edifício do meu quarto, partilhado com mais 10 alferes milicianos.  Antiga maternidade de São Domingos, depois transformada ou adaptada a dormitório de oficiais onde chegamos a estar no máximo 10 a 12 companheiros. No início era um antro de baratas nojentas, mas eu depois consegui que fossem feitas desinfestações fortes, e quase acabamos com elas. Tinha camas de ferro e colchões de espuma, bem como dois lençóis e uma fronha, depois fomos melhorando aquilo, porque era previsto para muitos meses. 

A titulo de curiosidade, no outro extremo deste edifício, paredes meias com o nosso quarto, ficavam as instalações do agente residente da PIDE.

Por outro lado, pode ler-se ainda num bidão, à direita, a inscrição da CCAÇ 622 [, Binar, São Domingos, Bula, 1964/66].   Foto captada em São Domingos, no dia em que lá cheguei, nos primeiros dias de Abril de 1968. 

Foto nº 6 – No jipe destinado ao Oficial de Dia, estava eu de serviço, sentado na frente, ainda com a capota, pois estava-se na época das chuvas.  Captada em São Domingos, no dia 1 de Setembro do ano de 1968. 

Foto nº 7 – Na porta do meu quarto, a escrever para a família.  O local era um abrigo contíguo ao quarto, tinha os bidões de areia e lama para protecção, havia também outros bidões que forneciam água para a casa de banho.  Tinha uma mesa para escrever, e cabides para a roupa, não faltava nada.  Captada em São Domingos, no fim de Setembro de 1968. 

Foto nº 8 – Uma vista aérea de aproximação à pista de São Domingos, podendo ver-se o rio que lhe deu o nome. A pista, no inicio é cortada por uma picada, local onde o nosso Comandante e os grupos de combate sofreram uma emboscada e ele pisou uma mina, que acabou com a sua carreira prematuramente. Ou seja a pouco mais de 1000 metros do nosso quartel. Captada em São Domingos, possivelmente nos meses de Janeiro ou Fevereiro de 1969 

Foto nº 9 – Caminho que conduz do centro da vila e do comando do Batalhão, até ao Quartel de Cima, onde estava instalada a Unidade de Intervenção, a CART 1744, do nosso capitão miliciano Serrão. Captada em São Domingos, possivelmente nos meses de Janeiro ou Fevereiro de 1969 

Foto nº 10 –  Foto com dois  miúdos na praia fluvial na maré baixa. Um branco, que possivelmente será filho do único homem branco que vivia ali, o homem da serração. O outro, um menino, um  ‘djubi’, amigo do rapaz branco.  Captada em São Domingos, num dia qualquer dos meses de Janeiro a Fevereiro de 1969. 


Direitos de Autor:  «Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM, Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI15, Tomar, 
CTIG/Guiné de 21 Set 67 a 04Ago69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos,». 


Acabadas de legendar, em, 2019-03-25  | Texto revisto e modificado, em 2021-01-23 .

Virgílio Teixeira

2. Ficha de unidade > CCAÇ 622

Companhia de Caçadores nº 622
Identificação: CCaç 622
Unidade Mob: RI 16 - Évora
Crndt: Cap Inf José Bento Guimarães Figueiral
Divisa: -
Partida: Embarque em 25Fev64; desembarque em 03Mar64 | Regresso: Embarque em 27Jan66

Síntese da Actividade Operacional

A partir de 8Mar64, substituindo dois pelotões da CCav 567, assumiu a
responsabilidade do subsector de Binar, então criado na zona de acção do
BCaç 507, e depois do BCav 790, com vista a impedir o alastramento da luta de
guerrilha para a região de Bula-Teixeira Pinto.

Em 7Dez64, iniciou a rendição, por troca, com a CCaç 618, no mesmo
sector, começando pelos destacamentos de Varela e Susana e assumindo a
responsabilidade total do subsector de S. Domingos, a partir de 30Jan65,
orientando o seu esforço para o patrulhamento e interdição da zona de fronteira
naquele subsector. 

De 5Dez65 a 15Abr66, por agravamento da situação, a zona de acção do destacamento de Susana passou a subsector temporário, com a instalação da CCav 1485.

Em 18Jan66, foi completada a rendição, por troca, no subsector de S. Domingos pela CCav 1483 e seguiu para Bula, onde assumiu transitoriamente a função de subunidade de reserva do BCav 790.

Em 26Jan66, foi substituída pela CArt 1526 e recolheu seguidamente a Bissau, a fim de efectuar o embarque de regresso.

Observações: Não tem História da Unidade.

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas de unidade: Tomo II - Guiné - (1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002), pág. 330.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20560: Antropologia (35): Djobel, uma tabanca vítima das alterações climáticas, por Lúcia Bayan (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Janeiro de 2019, dirigida ao editor CV:

Caríssimo Carlos, Boas tardes.
Acabo de receber da minha amiga Lúcia Bayan dois textos acompanhados de preciosas imagens. É uma oferta para o nosso blogue, presente de alto nível, bem revelador dos estudos que ela leva a efeito sobre a civilização e cultura Felupe. Peço a amabilidade de os publicar.
É uma dimensão que precisamos de explorar, a da investigação científica. Farás o favor de me indicares as datas da publicação para eu informar a autora.
A Dr.ª Lúcia ainda mandou outras imagens que eu vou utilizar em artigos meus, obviamente citando a sua origem.

Recebe um grande abraço do
Mário


2. Mensagem da Dra. Lúcia Bayan enviada a Mário Beja Santos em 14 de Janeiro:

Boa tarde caro Amigo,
Nesta troca de mensagens o Patrício refere alguns problemas que as alterações climáticas estão a provocar no chão felupe. Infelizmente, a Guiné-Bissau irá ser seriamente afectada, especialmente pela subida da água do mar.
Envio um pequeno texto para explicar os problemas e conflitos que a subida da água do mar já está a provocar actualmente no chão felupe.

Abraço,
Lúcia

********************

Djobel, uma tabanca vítima das alterações climáticas

Por Lúcia Bayan

Djobel[1] é uma pequena tabanca baiote situada no noroeste da Guiné-Bissau, no sector de São Domingos, região de Cacheu. Os Baiote são, como os Felupe, um subgrupo Joola. Em tempos idos, os Baiote desceram do Senegal e conquistaram aos Felupe o seu chão actual, entre Suzana e São Domingos. A última batalha foi travada entre Arame, tabanca baiote, e Suzana, a principal tabanca felupe. Arame venceu e ficou com as bolanhas de Suzana, situadas entre as duas tabancas. Uma pequena ponte à entrada de Suzana marca a fronteira entre os dois grupos: Felupes a oeste e Baiotes a leste.

Djobel, a quem os Felupe chamam Nhabane, está situada a sul de Arame e de Elia, muito próxima desta, e é uma tabanca muito diferente das tabancas baiote e felupe. Instalada no meio dos mangais e da água (Fig.1), na maré alta, as casas parecem palafitas e só na maré baixa se percebe que estão situadas em pequenos montículos rodeados de lama.

Foto 1

O acesso a Djobel só é possível de barco e na maré alta. Para quem chega a tabanca é lindíssima, mas a sua beleza esconde um tipo de vida muito duro. Não há água potável, apenas a captada em depósitos na época da chuva (Fig. 2) e a que as mulheres vão buscar de canoa a Elia (Fig. 3). Sair ou entrar em casa, ir ao mercado, trabalhar, à escola, buscar água, visitar o vizinho ou obter ajuda, tudo depende das marés.

 Foto 2

Foto 3

Em condições tão adversas a vida em Djobel só é possível devido à enorme mestria dos Joola na construção de diques. E é também em Djobel que melhor se pode observar esta técnica, pois os habitantes desta tabanca, além de construírem diques para os arrozais, as bolanhas, também utilizam diques para defender os pequenos montículos ou ilhas da subida da água (Fig. 4), impedindo assim que chegue às casas, e para a comunicação entre as ilhas, como pode ser visto na imagem retirada do Google (Fig. 1).

Foto 4

A construção destes diques envolve toda a população da tabanca. Todos os adultos contribuem para a compra dos materiais necessários, como kirintis, placas de entrelaçado de tiras de bambu ou palmeira utilizado para fazer vedações, e para o seu transporte. Os homens cortam os paus e tecem as cordas e, depois de reunidos todos os materiais necessários, é marcada a data da construção. Nesse dia, todos participam e a tabanca fica vazia (Figs. 5 e 6).

 Foto 5

Foto 6

No entanto, a subida acentuada do nível do mar, provocada pelas alterações climáticas, traz consigo a morte de Djobel. A água já chega às casas e, apesar das suas técnicas e esforços, os habitantes de Djobel terão de abandonar a tabanca.

A Guiné-Bissau faz parte dos 10 países do mundo mais vulneráveis às mudanças climáticas, especialmente à subida do nível do mar. Em Varela o mar sobe cerca de 7 metros por ano. A mudança de populações será uma necessidade cada vez mais recorrente.

As negociações para a mudança da população de Djobel iniciou-se há algum tempo. Este é um processo muito complexo que, nos últimos meses, tem originado uma série de conflitos. A escolha do novo espaço foi feita recorrendo à história: Djobel foi fundada por um filho de Arame e, por isso, esta tabanca aceitou receber os habitantes da primeira. Mas não os seus santuários!

O local escolhido, e certificado pelas entidades oficiais, situado entre Arame e Elia, começou a ser desmatado para a construção das casas. Contudo, as queimadas para preparação do terreno abrangeram uma horta de caju de uma família de Elia que, além da perda da horta, alega o terreno ser da sua família. Claro está, que os direitos à terra desta horta de caju originaram um conflito entre Arame e Elia. Cada tabanca defende uma localização diferente da fronteira que as divide. O conflito agravou-se e despoletou alianças e rivalidades tradicionais entre tabancas, alastrando-se às tabancas vizinhas Kassu e Colage. Em 24/05/2019, houve tiros e morreram duas pessoas.

Localização de Arame, Elia e Jobel
© Infogravura Luís Graça & Camaradas da Guiné

O ministro do interior Edmundo Mendes deslocou-se a Elia, foram estabelecidos percursos seguros para os habitantes de cada tabanca e a situação acalmou. No final do ano passado, em 10/12/2019, a Associação Onenoral dos Filhos e Amigos da Secção de Suzana (AOFASS), uma instituição de jovens, muito activa e muito influente, com sede em Bissau, e outras instituições realizaram, em Suzana, um encontro com os líderes tradicionais da secção de Suzana, «com o intuito de sensibilizá-los a serem patrocinadores da promoção do diálogo entre as tabancas de ELIA, ARAME, DJOBEL, KASSU E COLAGE» (https://www.facebook.com/aofass.suzana/). As fotos desta reunião, publicadas pela AOFASS, mostram que compareceram muitos líderes tradicionais: todos os que têm gorro vermelho, sendo os principais os também vestidos de vermelho. Um sinal de esperança para os habitantes de Djobel?

Lúcia Bayan, 11/01/2020
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[1] - Nota do editor: Vd. Tabanca de Jobel na carta de Susana
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20270: Antropologia (34): Cultura e tradição na Guiné-Bissau, por António Carreira (Mário Beja Santos)

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20433: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXXIII: Os "jogos olímpicos" do meu batalhão



Foto nº 11 > São Domingos, fins de Dezembro de 1968. Distribuição de prémios pelas equipas. Tive direito a beber uma cerveja pela taça dos campeões africanos.


Fotro nº 6 > Nova Lamego em 20 de Fevereiro de 1968. Um jogo de basquetebol. Grande confusão na área do cesto.   O autor também aparece na molhada, em segundo plano, de perfil.


Foto nº 7 > São Domingos, em 20 de Fevereiro de 1968. Um jogo de futsal. À baliza, o autor, sem óculos.


Foto nº 5 > São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. Provas  de Atletismo:  salto (acrobático) em altura.


Foto nº 1 >  São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. Início dos jogos de... inverno. Com 40º à sombra!... O comandante do BCAÇ 1933 a presidir. 


Foto nº 2 >  São Domingos,  fins de Dezembro de 1968. Jogo de futebol. Entrada das equipas em campo.


Foto nº 9 > São Domingos, em fins de Outubro de 1968. Veja-se o estado "relvado"... Estamos no final da época das chuvas.



Foto nº 3 > São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. O autor., que habitualmente não participava, a não ser como fotógrafo...


Foto nº 10 > São Domingos, em fins de Outubro de 1968. Jogo de futebol, entre  metropolitanos e guineenses.  Eu a segurar a bandeirola para ela não cair...


Foto nº 12 > São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. Mais uma jogatana de futebol. O pessoal a assistir à sombra dos poilões.


Foto nº  13 >  São Domingos, em fins de Dezembro de 1968. Foto de família. O autor, à direita,  de calções e mãos nos bolsos, a observar...


Foto nº 14  > São Domingos, no 4º Trimestre de 1968. Uma baliza de futebol no meio do nada.


Foto nº 15 >  São Domingos, no 1º Trimestre de 1969.Torneio e jogos de verão. Um jogo isolado, de futebol, não fazendo parte de nenhuma competição. 


Guiné > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69)


Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação do álbum fotográfico  do nosso amigo e camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil SAM, chefe do conselho administrativo, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); economista e gestor, reformado; é natural do Porto; vive em Vila do Conde; tem já perto de centena e meia de referências no nosso blogue.



CTIG/Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T040 – OS JOGOS OLIMPICOS  DO BCAÇ  1933 >A guerra também se fazia no TO ‘Campos de Jogos’


I - Anotações e Introdução ao tema:

Caros companheiros e camaradas:

Como era habitual em todas as unidades, um dos passatempos, eram os jogos ao ar livre, onde competiam, ou classes contra classes, operacionais e serviços, pelotões contra pelotões, companhias contra companhias.

A modalidade mais usual, como é natural, seria sempre o futebol, pois todos sabem dar um pontapé numa bola.

Havia outras modalidades: Basquete, Futsal, Salto em altura, Salto em comprimento, Atletismo, Corridas, e tudo o que convidasse a puxar pelo físico, naqueles paraísos com um clima tão ameno que convidava a estas aventuras de inverno.

Os jogos eram organizados a rigor, com as vestes e equipamentos competentes, o campo era pelado, lá se colocavam paus a fazer de balizas, e assim se competia.

Só não sei quem era o árbitro nomeado, se por sorteio na Liga, ou na FPF. E se já haveria o VAR?

No final eram entregues as respectivas taças, que continham os dizeres de cada jogo ou modalidade. Em Nova Lamego e principalmente em São Domingos fizemos vários torneios, com atribuição de taças. O mais importante torneio foi realizado no mês de Dezembro de 68, em S. Domingos.

Nunca participei em nenhum, entrava por vezes só para a fotografia, mais nada.

II - Legendas das fotos:

F01 – O início dos jogos de Inverno – Com 40º. Com direito a parada, Hino Nacional, o Comandante do Batalhão Caçadores 1933 a presidir, as equipas alinhadas, e o árbitro com a farda corrente.  Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F02 – Entrada das equipas em campo. Vai iniciar a partida, as equipas entram em campo, as balizas lá estão, não sei quanto tempo durava o jogo, mas não eram de certeza, 45+45’.  Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F03 – Estão a decorrer as provas de salto em altura.  Eu fiquei de fora, a ver, e a fazer as fotos. Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F04 – Jogo de futebol a decorrer entre 2 companhias. O árbitro está lá, parado, não corre, o relvado não ajuda, a maioria da assistência está ao abrigo do Grande Poilão, o sol pesa nas cabeças. Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F05 – Salto à vara em altura. É claro que ganharam as equipas de soldados pretos, é a especialidade deles, saltar. Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F06 – Jogo de Basquetebol. Grande confusão na área do cesto. Agora a ver, parece que apareço por lá, mas sem óculos, pois não podia jogar nada com eles. Foto captada em Nova Lamego em 20 de Fevereiro de 1968.

F07 – Jogo de Futsal. Confirma-se a foto anterior, o guarda-redes é o autor, mas sem óculos. Desde pequeno que era onde mais gostava de jogar – na baliza  –, na rua com as famosas bolas de pano feitas com meias velhas. Foto captada em São Domingos, em 20 de Fevereiro de 1968.

F08 – (Nâo reproduzida por falta de qualidade.) Jogo de futebol. Os primeiros jogos feitos em Nova Lamego, a malta tinha acabado de chegar, e ali havia muita ‘matéria-prima’ para formar equipas. Foto captada em Nova Lamego em finais de Dezembro de 1967.

F09 – Aspecto do estádio durante os jogos. As instalações desportivas ficavam mal tratadas, aliás já estavam sempre, as chuvas destruíam tudo, estamos no fim da época. Foto captada em São Domingos, em fins de Outubro de 1968.

F10 – Jogo de futebol. Jogo entre malta branca e preta, parece que também há miúdos pretos, talvez.
Eu segurava a bandeirola do canto, para não sair com alguma jogada mais dura. Foto captada em São Domingos, em fins de Outubro de 1968.

F11 – Distribuição de prémios pelas equipas. Tive direito a beber uma cerveja pela taça dos campeões africanos.

Não percebo uma coisa agora que olhei para as chuteiras. Já os nossos soldados usavam em 1968, Ténis e Sapatilhas que estão hoje em moda, eu só comprei um par delas da Fred Perry há menos de dois anos, e não vou comprar mais, porque não gosto.

Por outro lado, eu já vestia calças de ganga americanas, usadas, que não havia na Metrópole, e também só experimentei uma vez há mais de 20 anos, teria de usar suspensórios, aquilo era uma grande palhaçada, ri tanto e nunca vesti depois de vir da Guiné, mais nenhuma ganga.n Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F12 – Mais um jogo de futebol no Batalhão. Para apuramento das equipas foram vários os jogos realizados, este é mais um, e o pessoal a assistir está na sombra do Poilão. Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F13 – Uma foto de família para mais tarde relembrar. Penso tratar-se de uma foto no final de tudo, mas pode ser antes de tudo. Vejo pessoal vestido com as camisolas, outros com fardas, temos lá o ‘Padeiro’, e o Alferes Teixeira a observar! Foto captada em São Domingos, em fins de Dezembro de 1968.

F14 – Baliza de futebol no meio de nada. Uma foto onde se faziam os jogos, mas pelo mato deve ser no fim das chuvas. Foto captada em São Domingos, no 4º Trimestre de 1968.

F15 – Torneio e jogos de Verão. Um jogo isolado, não fazendo parte de nenhuma competição. Foto captada em São Domingos, no 1º Trimestre de 1969.

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933 / RI15, Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21Set67 a 04Ago69».

Fotos relegendadas em 2019-11-12, Virgílio Teixeira

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19518: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXIII: O adeus a São Domingos, 50 anos depois (22/2/1969 - 22/2/2019)... E o meu voo no avião da TAP B707, em 28/2/1968, a caminho de férias na metrópole...


Fto nº 3 > Guiné > Região de Cacheu > São Domi ngos > 22 de fevereiro de 1969 > Local e cena de ‘fuga’. Pista de São Domingos.  Pista, cobertura de passageiros, torre de controlo, avião Dornier dos TAGP, o Jeep que me transportou, o Jeep do Comandante, o Jeep do administrador de Posto, outras viaturas, e personagens do filme.



Foto nº 3> Detalhe


Foto nº 4 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 22 de fevereiro de 1969 > A avioneta DO – Dornier dos TAGP, levanta voo em ‘fuga’. Local, São Domingos. Pista, o avião a levantar, o Jeep do administrador, o povo da terra.


Foto nº 4 A > Detalhe 


Foto nº 5 >  Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 22 de fevereiro de 1969 > Uma vista aérea do aquartelamento. Pode ver-se a Pista, as instalações do Comando e CCS, as instalações da CART1744, a última vista geral que eu foquei, ambígua, nostálgica, com muito stress.


Foto nº 2 >   Guiné > Região de Cacheu > São Domingos > 22 de fevereiro de 1969 >O Bilhete Nº 26372, na Dornier dos TAGP para o voo de São Domingos-Bissau. Bilhete de passageiro, custo 224$00, de S. Domingos para Bissau.
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Foto nº 1 > Nota do QG-CTIG, com ordens de Extinção dos Conselhos Administrativos dos Batalhões de Reforço, com data de 16-11-68 e Prazo para cumprimento até 31-12-68.


Foto nº 6>  Guiné > Bissalanca > 28 de fevereiro de 1969 > Local e cena da ‘fuga’. Local, Bissau (Bissalanca). Na placa da pista pode ver-se um avião da TAP, Boeing 707, e Sala de Embarque.


Foto nº 7 > O Avião TAP B707, algures ao largo do Senegal, nos céus de África, em 28 de fevereiro de 1969. Pode ver-se a Asa do Avião, o Mar azul a terra de areia branca, talvez, costa do Senegal.


Foto nº 8 > O Avião TAP B707, algures ao largo da Mauritânia, nos céus de África, em 28 de fevereiro de 1969. Pode ver-se a Asa do Avião, em baixo o Mar azul e a terra sem fim, de areia branca, talvez, costa da Mauritânia ou Marrocos.


Foto nº 9 >  Foto Aérea, algures em território e nos céus de Portugal, em 28 de fevereiro de 1969. Pode ver-se a asa do avião da TAP B707, porções de terra firme e mar ou rio.


Foto nº 10 > Foto aérea, na aterragem em Lisboa, sem indícios de terramoto, em 28 de fevereiro de 1969. Presumo tratar-se da margem sul de Lisboa, talvez Lisnave, Barreiro, ou outro local. Céus de Portugal, Lisboa, em dia de terramoto, sem sinais dele, 13 horas




Foto nº 10A > Detalhe

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2019). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

TEMA 008 - O ADEUS A SÃO DOMINGOS EM 22 FEVEREIRO DE 1969
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1. Mensagem do Virgílio Teixeira:

Data - quinta, 14/02, 13:18 (há 8 dias)
Assunto - Tema 008: o adeus a Dão Domingos em 22 de fevereiro de 1969

Caro mano e amigo Luís,

Conforme já te tinha falado, estou a enviar com 8 dias de antecedência, este Poste dos 50 anos da minha Fuga, isto é, o Adeus a uma terra que me reteve lá tanto tempo, a olhar para o boneco, para a lua, para o rio, a pista, o por do sol, os aviões, ou as minhas viagens no Sintex para Cacheu, Susana, Varela, e finalmente os meus desenfianços de avião para Bissau, e assim perdi algumas flagelações ao quartel, que parece tanto gostar.

Isto tem uma continuação, fiz uma história disto, mas é longa, tem de se dividir em 2 ou 3 partes, se achares por bem. Pode não interessar para muitos, mas estamos a falar aqui das nossas histórias e angústias, não é?

 Um abraço, Virgilio Teixeira


2. Continuação da publicação do álbum fotográfico do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) (*)


 TEMA 008 – O ADEUS A SÃO DOMINGOS  – 50 ANOS DEPOIS  >  22 FEVEREIRO DE 1969 – 22 FEVEREIRO DE 2019.

O TITULO ORIGINAL SERIA: A MINHA FUGA DE SÃO DOMINGOS,

MAS...

Li o primeiro comentário do Luís Graça, muito real e certíssimo, dizendo:

‘A malta não fugia, desenfiava-se'...

Claro que esta história não é de fuga ou deserção, como tantos o fizeram, trata-se de ter conseguido com alguma astúcia e muita determinação, "Desenfiar-me"  para vir passar férias no final de Fevereiro de 1969, era uma obsessão minha, tenho de admitir, não conseguia viver com isto na minha mente. E mais ainda, ultrapasso as minhas expectativas, quando me apercebo que me estão a bloquear por maldade e pura inveja. Eu estou com a documentação em ordem, tudo está "Autorizado", eu tenho o direito às ‘minhas férias’, e não vejo razão nenhuma de especial para me ‘tentar bloquear’ a minha partida.

Pensei melhor e até já tinha feito outro texto, mudando as palavras-chave

– «Fugir», por iutra mais soft, ‘Desenfiar’

Que podem vir a ser mal interpretadas, mas estou hoje com a consciência bem tranquila que fiz tudo o que tinha de ser feito, na minha missão na Guiné, e ultrapassei largamente aquilo que me era exigido em todas as circunstâncias, nunca FUGI a nada, nunca corri para um Abrigo, e em vez disso, tirava fotografias, e "vi muita coisa vergonhosa'....

A minha missão e função foram cumpridas totalmente sem a ajuda de ninguém, não tinha paralelo com outras funções de outras especialidades.

Fugir, sim, no sentido de ultrapassar as barreiras da burocracia e autoritarismo, nisso eu era realmente bem forte, e não me faltam exemplos na carreira militar.

Tenho bastante orgulho em tudo aquilo que fiz no TO do CTIG, e é isso que hoje move comigo e com a minha maneira de ser e estar na vida. Lamento que outros não possam concordar, mas não estou aqui a confessar-me nem a pedir desculpas, e não posso mudar nada agora do que foi feito.

Agora faço mais uma alteração e o título passa a ser de «O Adeus a São Domingos», porque realmente foi um Adeus definitivo, porque nunca mais lá voltei.

Em, 24-09-2018, Virgílio Teixeira

Legendado novamente,

Em, 2019-02-13, Virgílio Teixeira
_____________

Já antes em 20 de Setembro de 2018, tinha escrito ao Luís Graça o seguinte:

Caro Amigo e Camarada Luís Graça:

Fizeste-me o desafio de escrever a história da minha "fuga" de S. Domingos, contrariando todas as ordens do Comando do Batalhão.

Escrevi, melhor dizendo, passei do meu livro - não editado - esta passagem fabulosa da minha estadia na Guiné. Não é uma fábula, já estava tudo escrito, apenas fui fazendo alguns arranjos, pois já tinha quase 10 anos sobre o dia em que escrevi isto, alterei datas e locais, pois fui consultando mais elementos que agora sei melhor e com mais pormenor. Não quer dizer que tudo esteja exacto, mas são contos reais. Para mim tudo isto foi muito importante esta aventura, que me poderia ter custado muito caro, mas saiu tudo bem.

Julgo que é extensa, mas o meu poder de síntese é muito escasso, já retirei muitos pormenores, mas não posso reduzir mais. Podes dar uma olhada para ver se tem narrações a mais, ou desajustadas, fica ao critério do editor.

As fotos, umas são das datas, outras são aproximações da realidade, nada de ficção nem invenções. É claro que as fotos na pista e a DO a levantar voo, são outras cenas, mas é uma aproximação muito real ao cenário do crime.

Espero que apreciem, porque nem tudo foi um mar de rosas para mim, e outros da minha especialidade, embora não me queixe disso. Eu arrisquei muito, mas não estou em nada arrependido. Cumpri na totalidade a minha função, e a missão que o Estado me confiou.
Obrigado,

Virgílio Teixeira,

Em, 2018-09-20

(No dia em que embarquei para a Guiné, a bordo de um DC6 em Figo Maduro, faz 51 anos neste dia 20-09-2018, na hora em que escrevo, estava precisamente na Ilha do Sal, em Cabo Verde, onde pernoitei. No dia seguinte, 21-09-1967, pelas 09:00 horas da manhã, desembarquei em Bissau).

Legendado novamente,

Em, 2019-02-11, Virgílio Teixeira


CTIG - Guiné 1967/69 - Álbum de Temas:

T008 – O ADEUS A SÃO DOMINGOS – 50 ANOS DEPOIS > PARTE I

- SINOPSE:

Este tema que já o escrevi várias vezes, na tentativa de o tornar mais simples, pequeno e não chato de ler, nunca consegui essa façanha, e assim parto para o mais simples possível, ficando para outros capítulos a verdadeira história completa.

Vou eliminar os nomes das personagens, nesta fase, para não chocar ninguém.

No fundo estava eu em São Domingos (SD) em meados de Fevereiro de 1969, pronto para vir de férias à metrópole, ao Porto, já estava cheio daquela terra onde nada se passava.

Já tinha tudo pronto, autorização do novo Comandante de Batalhão, acabado de chegar no início de Janeiro de 1969, o bilhete comprado nos TAGP para o dia 22 de Fevereiro de 1969, e tinha já bilhete que me custou 224$00, e já tinha reservado o lugar na TAP para o voo de 28 do mesmo mês.

– O Comandante tenta travar a minha saída:

Logo bem cedo pela manhã, vou ao Gabinete do Comandante, e como era normal, vou tentar dar-lhe o golpe, assinar a Guia de Marcha para Bissau, com fundamento de entregar as contas na Chefia de Contabilidade, e depois estava lá escrito, que seguia de férias para a Metrópole.

Depois de uma espera ansiosa do dia, eis que acordo manhã cedo, e vou ao comandante para ter o visto final para embarcar na avioneta que iria chegar. O comandante não se lembrava de nada, não me queria deixar sair, disse que tinha de lá ficar, pois não havia ninguém para me substituir nas minhas funções. Eu mostrei que já tinha a sua autorização, mas ele insiste que não posso ir, é o início de uma luta feroz com ele, pois eu não me deixava ficar, tinha de ir a todo o custo. Ele lá se convenceu e assinou a Guia de Marcha, vou logo de jeep directo para a pista, ou campo de aviação, e já se começa a ouvir o barulho do motor da avioneta dos TAGP.

Eu não consigo agora coordenar as ideias do que se passou, mas sei que ele ficou muito apreensivo e disse-me como é que vou de férias sem autorização. Mostrei e disse: O meu comandante já autorizou e mostrei-lhe a Ordem de Serviço.

O Comandante levanta-se da cadeira e disse que não era possível, pois tinha visto que os CA tinham de acabar em menos de um mês, e eu nunca poderia ir. Não assinou. Vou dizer que os ‘ditos’ me caíram ao chão, entrei em pânico. Expliquei que tinha tudo marcado, o avião dos TAGP já estava aí a chegar, já paguei a viagem na TAP, e tenho direito às férias. Mas não sei como, ele bufou por todos os poros e assinou, vociferando quando baste.

Meti-me num Jeep direito à pista, já ouvia o roncar da avioneta a pairar no ar, era uma Cessna de 2 lugares, e chego ao ponto de embarque. Sei que se gerou logo grande alarido, pois muita gente ficou de imediato a saber, e naturalmente o Major adjunto de operações lhe deve ter dito, se ele for quem vai apresentar as contas do Batalhão e cumprir as ordens do QG?

O filme de suspense começou e vai prolongar-se por muito tempo, minutos que parecem séculos. Eu não via mais nada a não ser o momento de sair dali e ir de férias, fosse a qualquer custo, mas tinha de ir embora.

A avioneta parou na pista envolta num manto de poeirada, numa manhã quente e o sol a pino em cima da cabeça. Sai um passageiro, o piloto fica no cockpit, atira com a mala do correio, o que vai logo entreter muita gente, que se vai amontoando, não só pelo correio mas para ver a cena do ‘desenfianço’. O Piloto ainda manda o pessoal tirar umas caixas de mercadorias e alimentos frescos, o que já era normal.

Esta na hora de eu entrar, mas olho para trás, num último Adeus, e vejo um Jeep a alta velocidade, deixando um rasto de poeira vermelha atrás dele, e que parou ao meu lado, era o nosso 1º comandante, X. Ele vem logo para cima de mim, e disse mais uma vez com voz ameaçadora que eu não posso ir, tenho de ficar, pelas razões já expostas, que estou a desobedecer às ordens, e ameaçando que se me ausento, vai processar-me disciplinarmente, não sei como, mas poderia até mandar deter-me à força, não faço ideia.

Eu insisto dizendo que, ‘tenho tudo assinado pelo meu comandante’, por isso, agora já é tarde, eu sei que estou legal com o documento assinado, mas ele se quiser manda cancelar tudo e até pode impedir-me sem razão nenhuma a minha saída. Discute-se a quente, o piloto não sai do seu lugar, os motores nunca pararam, ele assiste à conversa, isto é à discussão, pois metia gritos do comandante.

Lembro que as avionetas civis, quando aterravam, largavam o pessoal e encomendas, correio normalmente, e não deixam parar o motor, para o caso de uma eventualidade ter de largar sem aviso prévio. Eu estou já a despedir-me de alguns companheiros mais chegados e que sabiam desta saída, mas ouço um barulho de um Jeep, a poeirada que largava atrás de si, e vem directo ao avião ter comigo, continuando a dizer que não podia ir, apesar de ter acabado de assinar a Guia de Marcha.

Esta discussão leva uma eternidade de minutos, mas o piloto apercebe-se que eu tinha razão, e manda então o recado final:
-  O passageiro ou entra, ou sai, eu vou levantar voo agora mesmo.

Ele já me tinha agarrado no braço, e eu já tinha um pé dentro do avião, outro de fora. E, nessa ocasião tomo a maior decisão da minha vida como militar, livro-me das ‘garras’ do comandante, entro no avião e fecho a porta, o piloto levanta voo a caminho de Bissau, deixa uma nuvem de pó que quase não dava para ver aquela cabeça de ‘Melão’ do comandante a gesticular com os braços, só faltou mesmo, ele mandar abrir fogo sobre a Avioneta, com toda a artilharia ligeira e pesada.

Olho para trás lá de cima aquela paisagem desoladora que já tinha vista muitas vezes antes, o nosso ‘Acampamento’ tipo ‘Forte Álamo’ do Texas, e vejo o pessoal em terra a olhar para o ar, fico com uma nostalgia indescritível, pois tinha a sensação que já não voltava mais para aquele sítio.

Torna-se quase impossível descrever este cenário, que até hoje me comove, por causa de tanta maldade, e porque sabia que não voltaria mais para aquele local e ficar às ordens mais uns meses daquela brutal parelha, o Major e o Coronel. Faço as últimas fotografias daquela terra que deixava para trás, ao fim de tantos meses, prisioneiro. Em pouco tempo deixei de ver o quartel, pensei que era a última vez que ia ver aquela terra – São Domingos. E foi mesmo.

Consegui sair dali, e passado pouco mais de uma hora já estamos a aterrar em Bissau, nem uma hora foi preciso, pouco falei com o piloto, nem me lembro da cara dele, eu estava lívido de raiva, e comecei a ficar aterrorizado, a pensar no que ele poderia fazer dali por diante até chegar o dia do avião da TAP.

Fui direito ao Grande Hotel de Bissau, onde normalmente ficava e instalo-me ali, em vez de ir para a porcaria da caserna do Biafra para o meio daquela malta já “apanhada” e dos mosquitos, e ficar bem longe dos olhares militares. E assim foi, nunca mais voltei àquela terra, a São Domingos, por razões de mudanças e estratégia militar, da qual falarei mais tarde.

Esta foi a cena para mim mais marcante na minha estadia na Guiné, embora ainda não tinha terminado, faltava muito para entrar no avião da TAP.

Depois foi uma longa espera até ao meu voo, senti os minutos a passar e foram 6 dias de espera, chega o dia, vou ao QG carimbar o passaporte, vou para o aeroporto, o Boeing levanta voo, já ninguém me apanha, e chego na manhã do dia 28 de Fevereiro de 1969, no dia do terramoto, para mim nem o cheguei a cheirar.

Ao fim de 30 dias, regresso à Guiné, conforme previa já me tinham mandado tudo para Bissau, fiquei instalado no Quartel do 600 e aí acabei a minha tarefa e a minha comissão.

E conforme tinha dito, nunca mais voltei a São Domingos, ficou lá tudo o que era pessoal, roupas, malas, as minhas lembranças, a minha G3, a minha motorizada Honda, os meus caixões cheios de garrafas de bebidas brancas estrangeiras, os meus companheiros e amigos mais chegados, isto é 12 meses da minha vida na Guiné.

É por isso que sempre digo:
- Nunca me despedi de São Domingos, nem das pessoas de que mais gostava.

… Fim da I Parte

II – As Legendas das fotos:

Não tenho fotos específicas destas cenas e desta fuga ainda dentro da pista, mas vou colocar alguma já editada, para suportar com Postes este Tema, quase surreal, kafkiano, que mais se parece ao estilo do famoso livro do ‘Papillon’, ou do filme ‘Casablanca’.

Tirei algumas ainda a sobrevoar São Domingos  e depois na saída de Bissau, nos céus de África, e a chegada aérea à zona de Portugal, até Lisboa.

Podemos considerar como os locais e aparelhos do ‘crime de fuga’, as seguintes fotos:

F01 – Nota do QG- CTIG, com ordens de Extinção dos Conselhos Administrativos dos Batalhões de Reforço, com data de 16-11-68 e Prazo para cumprimento até 31-12-68.

F02 – O Bilhete Nº 26372, na Dornier dos TAGP para o voo de São Domingos-Bissau. Bilhete de passageiro, custo 224$00, de S. Domingos para Bissau, em 22 Fevereiro 69.

F03 – Local e cena de ‘fuga’. Pista de São Domingos, em 22-Fev-69. Pista, cobertura de passageiros, torre de controlo, avião Dornier dos TAGP, o Jeep que me transportou, o Jeep do Comandante, o Jeep do administrador de Posto, outras viaturas, e personagens do filme. Local, São Domingos, 22 de Fevereiro de 1969

F04 – A avioneta DO – Dornier dos TAGP, levanta voo em ‘fuga’. Local, São Domingos, 22-02-69. Pista, o avião a levantar, o Jeep do administrador, o povo da terra.

F05 – Uma vista aérea do aquartelamento. Local, São Domingos, 22 Fevereiro de 1969. Pode ver-se a Pista, as instalações do Comando e CCS, as instalações da CART1744, a última vista geral que eu foquei, ambígua, nostálgica, com muito stress.

F06 – Local e cena da ‘fuga’. Local, Bissau (Bissalanca), em 28-02-69 Na placa da pista pode ver-se um avião da TAP, Boeing 707, e Sala de Embarque.

F07 – O Avião TAP B707, algures ao largo do Senegal, nos céus de África, em 28-02-69. Pode ver-se a Asa do Avião, o Mar azul a terra de areia branca, talvez, costa do Senegal.

F08 - O Avião TAP B707, algures ao largo da Mauritânia, nos céus de África, em 28-02-69. Pode ver-se a Asa do Avião, em baixo o Mar azul e a terra sem fim, de areia branca, talvez, costa da Mauritânia ou Marrocos.

F09 – Foto Aérea, algures em território e nos céus de Portugal, em 28-02-1969. Pode ver-se a asa do avião da TAP B707, porções de terra firme e mar ou rio.

F10 – Foto aérea, na aterragem em Lisboa, sem indícios de terramoto, em 28-02-69. Presumo tratar-se da margem sul de Lisboa, talvez Lisnave, Barreiro, ou outro local. Céus de Portugal, Lisboa, em dia de terramoto, sem sinais dele, 13 Horas


«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano do SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BCAÇ 1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».

- NOTA FINAL DO AUTOR:

# As legendas das fotos em cada um dos Temas dos meus álbuns, não são factos cientificamente históricos, por isso podem conter inexactidões, omissões e erros, até grosseiros. Podem ocorrer datas não coincidentes com cada foto, motivos descritos não exactos, locais indicados diferentes do real, acontecimentos e factos não totalmente certos, e outros lapsos não premeditados. Os relatos estão a ser feitos, 50 anos depois dos acontecimentos, com material esquecido no baú das memórias passadas, e o autor baseia-se essencialmente na sua ainda razoável capacidade de memória, em especial a memória visual, mas também com recurso a outras ajudas como a História da Unidade do seu Batalhão, e demais documentos escritos em seu poder. Estas fotos são legendadas de acordo com aquilo que sei, ou julgo que sei, daquilo que presenciei com os meus olhos, e as minhas opiniões, longe de serem ‘Juízos de Valor’ são o meu olhar sobre os acontecimentos, e a forma peculiar de me exprimir.#

Em, 2019-02-14
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Nota do editor:

Último psote da série > 18 de fevereiro de  2019 > Guiné 61/74 - P19503: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (São Domingos e Nova Lamego, 1967/69) - Parte LXII: Memórias do Gabu (I)