1. Mensagens de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) [natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já cerca de 7 dezenas de referências no nosso blogue]:
Data: 2 de agosto de 2018 às 17:44
Assunto: CHERET
Luís, lamento o incómodo das férias, mas eu não me dou sem fazer nada, e não gosto de praia, e não tenho quintas. (...)
Ontem estive aqui na biblioteca [em Vila do Conde] onde passo a maior parte do tempo a escrever, não gosto de estar em casa fechado, e encontrei um amigo de longa data e até já falei dele, há poucos dias.
Data: 2 de agosto de 2018 às 17:44
Assunto: CHERET
Luís, lamento o incómodo das férias, mas eu não me dou sem fazer nada, e não gosto de praia, e não tenho quintas. (...)
Ontem estive aqui na biblioteca [em Vila do Conde] onde passo a maior parte do tempo a escrever, não gosto de estar em casa fechado, e encontrei um amigo de longa data e até já falei dele, há poucos dias.
É um rapaz da minha idade, formado antes de ir para a tropa em Engenharia Electrotécnica, opção de Tecnologias Avançadas, mas diz-me que raramente vai ao computador, e o telemóvel dele é mesmo igual ao meu, o mais simples Nokia do mercado, com teclas.
Veio viver para Vila do Conde, mora agora aqui perto, e vai frequentar a Biblioteca, mas só para ler. É um tarado em leituras, e não precisa nada disto porque é de boas famílias. E diz ele que a sua nova companheira - deve ter tido 10 casamentos e 100 companheiras - vive aqui, e ele mudou-se do Porto para cá, é um do grupo do Café Cenáculo, Campo Lindo, Porto 1961.
Ele é um óptimo rapaz, mas deve ter uma 'panca' qualquer que desconheço. É muito inteligente. Fez a tropa mais ou menos na mesma época que eu, esteve na Trafaria e a especialidade dele, não sei explicar bem, mas era o responsável pela segurança das Transmissões, e vivia num bunker no QG de Santa Luzia. Encriptava e desencriptava, não sei bem. Perguntei-lhe agora finalmente qual era a sua missão na Guiné, estava então no CHERET - perguntei-lhe o que era aquilo e ele também não sabia decifrar o que era, fiz umas pesquisas, incluindo o blogue e lá encontrei.
A 'panca' dele começa logo por aqui. Foi mobilizado para a Guiné, casou-se - a primeira vez - com uma miúda linda e jeitosa, que vim a conhecer na Pensão da Dona Berta em Bissau.
Em vez de viajar de barco por conta da tropa, e porque tinha posses, foi mesmo na TAP e lá chegou 6 dias antes do navio, que ele nem sabe o nome. Quando chegou ao aeroporto com a mulher, em Lua de Mel, perguntaram para onde ia ficar, ele conhecia vagamente o nome do Grande Hotel e lá deu essa morada, e esteve lá um ou dois dias. Depois passou para a Dona Berta, ficava mesmo na Avenida do Império , Praça da República que ia dar à Parça do Império], ao lado do Bento e da Catedral de Bissau, tinha vistas do 1º andar privilegiadas.
Foi passeando e conhecendo a terra, Bissau diga-se, nunca se dirigiu ao QG, ele andava em Lua de Mel, e o clima queima!
Estive uma ou duas vezes com eles, e depois devo ter ido para a minha terra, ele nem sabe em que mês ou dia foi lá parar, passa-lhe tudo ao largo. E assim os dias foram passando, uma semana, duas etc, estava ele um dia com a mulher, no cais do Porto de Bissau sentado a olhar o mar. Ao lado estava outro militar, já velhinho, a olhar também para o mar a ver se chegava o navio com o seu substituto, pois já deveria ter vindo. E contou ao meu amigo que estava ali sem saber o que fazer pois o gajo que o vinha substituir desaparecera, estava dado como desertor. Mas qual é a função dele ali? Era da CHERET, o homem que ia substituir, Com uma calma ele, o meu amigo, lá disse então: "Sou eu mas nem me lembrava o que tinha de fazer"....
Agora é só para ver o que lhe foi acontecendo, era uma missão em que só poderia andar de avião, não era permitido viajar de estrada nem por rios. Foi parar a Catió numa LDM, e depois despachado para Piche, mais ou menos na altura do desastre do Cheche [, que foi em 6 de fevereiro de 1969], e do grande ataque da guerrilha em Piche.
Depois foi evacuado para o HM 241 em Bissau, para a Psiquiatria em Maio de 69, no mesmo mês e datas onde eu também lá estava mas não nos cruzámos, veio evacuado com outro amigo nosso que também estava na Psiquiatria, chegaram a Lisboa e em vez do Hospital da Estrela foram passar uns dias ao Algarve...
Isto talvez tenha pano para mangas, deve ser um caso interessante. Diz algo
Um Ab,
VT
Data: 2 de agosto de 2018 às 17:44
Assunto: CHERET
Voltando ao tema da CHERET, já sei que se chama... "Chefia do Serviço de Reconhecimento das Transmissões2!
Como escrevi depressa, esqueci algumas coisas. Aqui vai a versão, corrigida, da história:
Um elemento da CHERET, um alferes miliciano, numa coluna, em que não devia ir, foi capturado à mão e levado para os santuários do PAIGC.
Além de vários problemas na vida dele, e sempre foi professor universitário, com as sucessivas mudanças de mulheres, um filho dele acabou por se suicidar. Quando me contou, nem sabia o que dizer.
Esta função para mim era desconhecida, são aqueles que estão fechados a 7 chaves.
Um Ab, e boas férias, de vez em quando vou chateando para acalmar.
Virgilio Teixeira
2. Comentário do editor LG:
Assunto: CHERET
Voltando ao tema da CHERET, já sei que se chama... "Chefia do Serviço de Reconhecimento das Transmissões2!
Como escrevi depressa, esqueci algumas coisas. Aqui vai a versão, corrigida, da história:
Um elemento da CHERET, um alferes miliciano, numa coluna, em que não devia ir, foi capturado à mão e levado para os santuários do PAIGC.
Feita a lavagem ao cérebro, eles lá sabiam ou souberam a missão secreta dele, e apertaram o dito coitado Cheret.
Ele, pelos vistos, embrulhou bem os gajos do PAIGC, trocou-lhes as voltas, pelo que passado pouco tempo todas as comunicações e transmissões do PAIGC eram interceptadas pelas nossas tropas, por qualquer um, não precisavam de ajuda para desencriptar, não sei se é este o termo.
Daí a proibição deste pessoal deslocar-se a pé ou em coluna por terra ou via marítima, só mesmo aérea.
Daí a proibição deste pessoal deslocar-se a pé ou em coluna por terra ou via marítima, só mesmo aérea.
Pelos vistos, mais tarde a este colega meu [, que enconteri em Bissau e me contou esta história,] andou sempre em todos os meios menos avião. Ele era tão 'apanhado' que nem sequer andava de arma, explicou que era muito pesada, não sei o que aconteceu, tenho de explorar bem isto. Mas só o faço se isto tiver algum interesse bloguístico e não sei se ele quer contar mais, mas posso sempre pressionar.
Além de vários problemas na vida dele, e sempre foi professor universitário, com as sucessivas mudanças de mulheres, um filho dele acabou por se suicidar. Quando me contou, nem sabia o que dizer.
Esta função para mim era desconhecida, são aqueles que estão fechados a 7 chaves.
Um Ab, e boas férias, de vez em quando vou chateando para acalmar.
Virgilio Teixeira
2. Comentário do editor LG:
Virgílio, como deves imaginar, nos meses de verão (julho e agosto), em que o pessoal vai a "banhos", o blogue anda muito mais calma, tanto em termos de postes publicados como de acessos e comentários. Pelo que histórias como aquela que acabas de contar, serão sempre bem vindas... Não precisas de identificar o camarasda, mas dá mais detalhes, se possível, para a a história ser credível: poe exemplo, como é que o 'velhinho' do PAIGC, depois de ter sido apangado à mão e depois de os ter 'fintado' ? Deve haver registos de um alferes miliiciano, para mais da arma de transmissões, apanhado à unha pelo PAIGC... Vê zse sabes exatamente quando e onde...
Vou comer uma sardinhada com uns amigos, como uma por ti e bebo um copo à tua saúde (e à saúde do teu amigo, agora reencontrado). Aqui, na Lourinhã, podias vir à praia e ficar na biblioteca, a ler e a escrever... Sobre a aguardente DOC da Lourinhã, tens aqui os sítios dos pordutores: só há dois, a Adega Coperativa da Lourinhã e a Quinta do Rol... Os preços são variáveis (e altos demais para a minha carteira...) mas o produto é excelente, garanto-te:
"Durante mais de duzentos anos, as casas produtoras dos melhores Vinhos do Porto beneficiaram da Aguardente de Lourinhã para produzir os seus afamados vinhos licorosos. Nos últimos trinta anos com o apoio científico da Estação Vitivinícola Nacional sediada em Dois Portos foi testada e confirmada a sua superior qualidade, a qual apenas encontra paralelo, a nível europeu nas aguardentes francesas das regiões do Cognac e do Armagnac".
Há uma confraria que faz a promoção deste produto, e de que faz parte a minha mulher: a Colegiada de Nossa Senhora da Anunciação da Lourinhã... Eu vou aos jantares e festas deles (e delas), e vou aprendendo alguma coisa com estes "confrades"...
Há uma confraria que faz a promoção deste produto, e de que faz parte a minha mulher: a Colegiada de Nossa Senhora da Anunciação da Lourinhã... Eu vou aos jantares e festas deles (e delas), e vou aprendendo alguma coisa com estes "confrades"...
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Nota do editor:
Último poste da série > 2 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18803: Estórias avulsas (89): A noite mais longa da recruta… e não só (Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS Op MSG do STM/QG/CTIG)
Último poste da série > 2 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18803: Estórias avulsas (89): A noite mais longa da recruta… e não só (Carlos Pinheiro, ex-1.º Cabo TRMS Op MSG do STM/QG/CTIG)