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quarta-feira, 6 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11202: (In)citações (49): Quando os vencidos é que fazem a história... Ou, como lá diz o provérbio, "dunu di boka más dunu de mala" [, mais vale ter uma grande boca do que uma grande mala] (Cherno Baldé)


1. Comentário de Cherno Baldé ao poste P11190:

Caro Mário,

O conteúdo deste texto policopiado reporta-se as crónicas guerreiras do reino mandinga do Gabú, na sua última e derradeira fase que coincide com a revolta dos Fulas encabeçados por "Alfa" Molo Baldé rei do Firdu pai de Mussa Molo, este último bem conhecido pelos portugueses pelas suas frequentes incursões e razias nos territórios ainda em disputa dos regulados de Ganadu/joladu, Sancorla e Mancorse, antes da conquista final pelos Almames de Timbo e Kadé(Futa-Djalon).

Relativamente ao Djanké Uali, penso que se trata, como já referi, de crónicas guerreiras e não lendas, por tratar-se de um periodo mais ou menos recente (2ª metade do sêc. XIX), mais ou menos bem conhecido da historiografia africana ou europeia, tanto escrita como oral.

As localidades de Beré-colon (Sector de Contuboel, arredores de Fajonquito) e Kansala (Sector de Pirada) são bem conhecidas e os seus vestígios são objeto de visitas de pesquisadores e simples curiosos.

O mais interessante nestas crónicas, popularizadas pelos Djidius,  mandingas de Korá, é o facto de que são os vencidos que fazem a história, transformando os derrotados (os guerreiros de Djanké Uali) em heróis invencíveis, cujo fim deve ser visto como o fim do mundo (Turban) o que, a meu ver, constitui um enigma ou, no mínimo, um paradoxo da nossa história que a discrição prática, própria dos fulas,  permitiu crescer até atingir dimensões delirantes. Isto é tão real que quase ninguém conhece os nomes dos comandantes e chefes dos exércitos fulas que estiveram na origem das derrotas dos mandingas tanto em Beré-colon como Kansala.

É, como diz um provérbio krioulo, "dunu di boka más dunu de mala",  ou seja, mais vale ter uma grande boca do que uma grande mala [, mais ou menos equivalente ao português "ter mais fama do que proveito", ... se bem que "fama sem proveito faz mal... ao peito"... LG].

Um abraço amigo,

Cherno Baldé
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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de fevereiro de 2013 > Guiné 63/74 - P11169: (In)citações (48): Vídeo "A Outra Guiné / The Other Guinea", de Hugo Costa e Francisco Santos, ou o regresso ao passado do Albano Costa, ex-1º cabo, CCAÇ 4150 (Guidaje, Bigene, Binta, 1973/74)

sexta-feira, 1 de março de 2013

Guiné 63/74 - P11174: Notas de leitura (460): Texto policopiado e publicado pelo Comissariado Nacional da Mocidade Portuguesa - Ultramar (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Novembro de 2012:

Queridos amigos,
Foi durante a arrumação do meu gabinete na Direção-Geral do Consumidor, a limpar tudo e à beira da aposentação, que encontrei um texto policopiado que foi publicado pelo Comissariado Nacional da Mocidade Portuguesa – Ultramar.
Desconheço inteiramente a proveniência, embora haja aqui qualquer coisa nas meninges que me diz que terei assistido a um concerto onde foram distribuídas várias folhas acerca dos Mandingas, da sua música e lendas associadas às músicas e canções.
Não escondo a minha devoção pelo Korá que tanta companhia me dá enquanto trabalho, há mestres do Mali (de quem, aliás, o meu amigo Braima Galissá se sente devedor) que hoje são tratados como artistas de primeiríssima água, formam-se inclusive duos com violoncelistas, um deles deu um espetáculo na Gulbenkian na temporada de música de 2011.
O nosso blogue tende a ser depositário de relíquias onde os investigadores vêm espreitar, sinto muito orgulho por este contributo.

Um abraço do
Mário


Mandingas – Um pouco de história (1)

Beja Santos

Na Guiné existem dois grandes grupos de povos. Os povos litorálicos e os povos do interior. Os primeiros são animistas e os últimos maometanos. Entre estes podemos falar dos Fulas e dos Mandingas sendo estes últimos muito mais islamizados que os fulas.

Na Guiné a etnia Mandinga é computada entre sessenta mil a setenta mil indivíduos. Nos países vizinhos, tais como República da Guiné, Camarões, Senegal, Mali, Alto Volta, etc., esta etnia chega a atingir no seu total cerca de seis milhões de habitantes. Daqui se infere que só parte muito reduzida, perto de 1%, desta etnia é que habita a Guiné Portuguesa.

As canções que se irão ouvir são da autoria de homens ilustres à nossa província como também de heróis que nasceram dentro da Guiné.

Os clássicos portugueses europeus fazem referência a este povo. Assim, temos Duarte Pacheco Pereiro e outros e até os Lusíadas quando nos fala do país que fornece o ouro.

Na época das navegações todo o ouro em quantidade era da origem do Rio Gâmbia e vendido pelos Mandingas. Mais tarde, todo o comércio da Mina era também efetuado por intermédio deste grupo étnico. Os Mandingas ao contrário da quase maioria dos povos africanos não se constitui em tribo, são uns grandes construtores de um Império, o Império de Ghana, nascido por volta do século IV da era cristã, era formado pelo povo Saracolé, ainda Mandingas misturados.

O Império do Mali, que substitui o Império do Ghana, no século XIII (1220), era já formado só por Mandingas. Aquando da chegada às costas da Guiné dos navegadores portugueses estavam o Império do Mali em plena força e, enquanto os navegadores faziam a sua aparição pela costa, os Mandingas chegam pelo Leste e pelo Gabu, aparecendo também misturados com os Fulas, povos pastores, ao passo que os Mandingas são um povo de agricultores e artistas por excelência.

O rei D. João II mandou vários embaixadores ao Mandimansa (Imperador Mandinga) serviam estes medianeiros entre Fulas e Mandingas que por esta época se guerreavam.

Senhores, durante 7 a 8 séculos, de toda a região da Guiné, só em 1850 é que os Mandingas foram vencidos pelos Fulas, por estas alturas os Fulas de Gabu foram apoiados pelos Futa-Fulas.


Braima Galissá em concerto

Os tocadores

Os tocadores são indivíduos que pertencem a uma casta que unicamente têm por missão serem os historiadores, os genealogistas, enfim, transmitir de geração em geração todo um repositório de literatura oral.

A casta de tocadores é fechada, isto é, passa de pais para filhos e assim sucessivamente. De tal maneira isto é verdadeiro que para qualquer pessoa que esteja a par da vida social e familiar deste povo basta que alguém diga um nome para se saber se ele é da família de músico ou não.

Os franceses chamavam-lhes “griot”. Em crioulo da Guiné são chamados por Djidus. Em Mandinga Djalô (singular) e Djabolo (plural). Os Djidus ou Judeus em português podem identificar-se com os jograis da Idade Média do Cristianismo. O grupo de tocadores que ireis ouvir tem como norma, rigidamente observada, iniciar as suas atuações tocando o Hino Nacional.


Bilhete postal da era colonial, mostra os pais de Braima Galissá

Korá – Nótula descritiva

Na África Negra, os instrumentos de cordas dedilhadas que atraem mais a atenção são a lira, as cítaras e as harpas (as quais têm correspondência na música ocidental), são de preferência as composições de lira, harpa e cítara: a harpa-lira “Korá” da África ocidental, e a harpa-cítara “Muet”, que se encontra sobretudo na África central.

O Korá é um dos mais belos instrumentos de música da África Negra, ao mesmo tempo pela sua forma e pelo seu timbre. Compõe-se essencialmente de uma caixa-de-ressonância, de um braço, de um cavalete de grandes dimensões e 21 cordas.

A caixa-de-ressonância é um semi-cabaço de grande diâmetro, forrada de uma pele. Na parte convexa, pratica uma abertura onde se decora cuidadosamente o contorno. Esta abertura, pela qual “se escapam os sons”, corresponde evidentemente à rosácea de lira do ocidente. Por vezes o resto do hemisfério de ressonância é igualmente decorado, mas isto não é uma regra geral. Existe um longo braço em madeira, cilíndrica (fixada, cravada) nesta caixa. Uma destas extremidades (perto de 4cm acima da caixa) serve de ponto de partida de todas as cordas ao passo que, sobre o braço propriamente dito, diametralmente oposto a esta extremidade, as cordas são fixadas em 21 pontos diferentes, afastando-se progressivamente da caixa sonora. Os pontos de fixação são anéis de coro que podem deslizar sobre o braço, o que permite esticar as cordas à vontade e regular deste modo a afinação do instrumento. Um cavalete de uns alguns 20cm de altura, largura de 3 a 6cm, suporte 10 entalhes (armar a seta no arco) sobre um destes campos, 11 entalhes sobre o outro. Este cavalete forma com o braço os lados rígidos de um triângulo, entre os quais são fixadas as cordas. É esta a caraterística, essencialmente, que aparenta este instrumento com uma harpa. Mas, ao mesmo tempo, o Korá pode ser considerado como uma lira, pois que possui um braço, o que é próprio das liras.

É, pois, justo, tendo em conta estas notas, chamar o instrumento por harpa-lira. Trata-se, com efeito, de uma harpa dupla, o cavalete dividindo as cordas em duas (arrumações fileiras), uma de dez, a outra de onze. Para completar, os músicos tem por hábito fixar, no alto do cavalete, uma placa de metal de ângulos arredondados, cujo contorno tem fixados pequenos anéis destinados a fazer ouvir ao menor movimento. Encontramos aqui a procura dos sons impuros.
As notas de Korá são da mais grave à mais aguda:
fá-dó-ré-mi-fá-sol-si-ré-fá-lá-dó-mi (para a mão esquerda)
fá-lá-dá-mi-sol-si-ré-fá-sol-lá (para a mão direita).

Contudo, apesar do vigor técnico destes sons, será fácil constatar que, na prática, cada nota é afetada de um como a mais ou menos, o que faz com que os europeus digam que o instrumento está mal afinado. Precisamos igualmente que a afinação precedente é a do Korá do Senegal, tal como a Escola de Artes de Dakar a adotou. A afinação do Korá no Mali, assim como no país de origem deste instrumento, a Guiné, não é forçosamente a mesma, e faz frequentemente ainda em maior número o fi da gama de Bach.

Encontra.se assim, na Guiné, uma Korá de 19 cordas, chamado “Seron”. Este parece-se em todos os pontos com o Korá e toca-se praticamente como ela. Existem excelentes gravações de música de Seron, notavelmente solos tocados por um autêntico “griot” guineense da região de Kankan, que põe em relevo todos os recursos do instrumento, com uma música unicamente instrumental de muito boa qualidade.

(Continua)
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Nota do editor:

Vd. último poste da série de 25 DE FEVEREIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11151: Notas de leitura (459): "Olhares Sobre Guiné e Cabo Verde", organização de Manuel Barão da Cunha e José Castanho (3) (Mário Beja Santos)

domingo, 13 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5460: Agenda cultural (51): Concerto de solidariedade pela banda Bela Nafa, 18 de Dezembro, Instituto Franco-Português (Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos com data de 7 de Dezembro: Malta, Procurou-me Braima Galissá, o exímio tocador de Korá. Ele agora tem uma banda, a Bela Nafa e vão dar um concerto de solidariedade a partir das 20 horas de 18 de Dezembro, no Instituto Franco-Português, na Avenida Luís Bívar, n.º 91, perto do Saldanha. O concerto tem por objectivo a angariação de fundos para a compra de material hospitalar destinado à nova maternidade do Gabú. O ingresso são 10 euros

Lisboa > Museu da Farmácia > 11 de Novembro de 2008 > Lançamento do livro Diário da Guiné, 1969-1970: O Tigre Vadio > Um dos maiores representantes, na diáspora, da cultura guineense actual, o mestre, tocador de Kora e cantor (didjiu) Braima Galissá, mandinga do Gabu. (Recorde-se que o didjiu era, no passado, o tocador e cantor que ia, de tabanca em tabana contando estórias e transmitindo as últimas notícias)…Foram os seus tetravós que inventaram este instrumento único que é o Kora. Na festa do Beja Santos, ele tocou, cantou e encantou. Foto e legenda: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. __________ Nota de CV: Vd. último poste de 10 de Dezembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5441: Agenda cultural (50): Apresentação do livro História de Portugal em Sextilhas, de Manuel Maia, na Tabanca de Matosinhos

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3930: Braima Galissá, grande representante da cultura guineense na diáspora (2): 4ª feira, 25, às 19h, no Institut Franco-Portugais

Lisboa, Museu da Farmácia, 11 de Novembro de 2008. Cerimónia de lançamento do livro Diário da Guiné: 1969-1970: O Tigre Vadio, da autoria do nosso camarada Mário Beja Santos (Lisboa: Círculo de Leitores, e Temas & Debates, 2008, 440 pp.). Sequyència de fotos relativa à actuação do mestre guineense, mandinga do Gabu, a viver em Portugal desde 1998, Braima Galissá, tocador de kora, e cantor (dídjio). (*). Fotos: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Próximo dia 25 de Fevereiro de 2009, 4ª feira às 19h > Concerto de Braima Galissá no Institut Franco-Portugais / Instituto Franco-Português, sito na Avenida Luís Bívar, 91 / 1050-143 Lisboa. Tel: (+351) 21 311 14 00 Email: infos@ifp-lisboa.com Sítio: http://www.ifp-lisboa.com/ Transmissão em directo na Antena 2.(Sintonizar aqui). Entrada livre. (O Braima Galissá precisa do nosso carinho, do nosso afecto, dos nossos aplausos, da nossa solidariedade). José Braima Galissá, mestre Galissá (e não Galinha, como incrivelmente aparece na notícia inserida no sítio do Institut Franco-Portugais!) é um dos poucos representantes vivos (e especialistas), em Portugal, da Cultura Mandinga, uma das mais pujantes, outrora, da África Ocidental. Filho, neto, bisneto e tetraneto de tocadores de kora, nasceu no Gabu, na Guiné-Bissua, cresceu e vive com um kora, um instrumento inventado no Séc. XIX pelos seus antepassados do Gabu. "Didjiu é o seu apelido de rua, Kora, o seu instrumento de 22 cordas". Fugido da guerra civil, vive em Portugal, desde 1998. Vd. a sua página pessoal > José Galissá O seu grupo musical > Bé La Nafa Uma amostra das suas músicas (ficheiros áudio]: * Naninfa * Socorro da Fragata Portuguesa [Possível referência ao navio escola Sagres, que em 8 de Junho de 1998 resgatou civis portugueses e guineenses, em Bissau, na sequência do golpe de Estado liderado por Ansumane Mané] * Kelema Guiné * Kora1 e Kora2 [Pequenos excertos de Kora ] * Mariama [ José Galissa (Kora) e Mamadu Djebaté (balafon) (**) cantam com crianças do 1º ciclo da Cooperativa de Ensino "A Torre". ] Contactos: Telemóvel: 938 325 723 Morada: Rua Morais Soares, nº 160 3º dt. - 1.100 Lisboa Email: xomarte@netcabo.pt ________ Notas de L.G.: (*) Vd. postes anteriores: 16 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3462: O Tigre Vadio, o novo livro do nosso camarada Beja Santos (9): Palavras de agradecimento do autor (I) 28 de Novembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3534: Braima Galissá, grande representante da cultura guineense na diáspora (1): Didjiu e tocador de kora 3 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3693: Postais Ilustrados (14): Tocador de kora (Beja Santos) (**) O Balafon é uma espécide de xilofone. Sobre o Kora, vd. artigo em inglês na Wikipidea. É pena que não figure - como ele merece - o nome do mestre Galissá entre a lista dos mais de 30 notáveis tocadores de kora, dos EUA ao Senegal, do Mali à Austrália, da França à Gâmbia... Nems equer há uma entrada, em português, sobre este instrumento. O mais internacional destes instrumentistas é o Toumani Diabaté, do Mali (n. 1964), de que saiu recentemente um disco em Portugal.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3693: Postais Ilustrados (14): Tocador de corá (Beja Santos)

Guiné > s/d > Postal ilustrado > Tocador de kora e sua mulher

Lisboa > s/d > O Mário Beja Santos, com a sua mãe, já falecida ((em 1982) e que era de origem angolana.

Fotos: © Beja Santos (2008). Direitos reservados.

1. Mensagem do Beja Santos, de 24 de Novmebro de 2008:

Assunto - O último postal na Guiné para a minha Mãe


A minha irmã ficara com o espólio de postais da nossa Mãe, ela deixou- me em Janeiro de 1982. Agora a Manuela ofereceu-me estas preciosidades que abarcam mais de 100 anos, tenho postais do Real Colégio Militar, a Rainha Dona Amélia quando casou, até me apareceu uma oração ao Sidónio Pais, tenho aqui postais com Luanda a crescer, é comovente ver o orgulho dos meus avós com a sua adorada ficha, a minha Mãe.

Pois no meio destas centenas de imagens surgiu este tocador de corá e mulher, que maravilha no garbo, que gente senhoril ! Escrevi no verso:

« Bissau, 14 de Agosto de 1970. Minha Adorada Mãezinha: Tempos difíceis para escrever. Dia 20, começa a minha longa viagem de regresso. Chorei há dias ao telefone com a voz crescida e fluente do meu adorado sobrinho ( Rodolfo, o filho mais velho da Manuela).Vivo o 'desemprego' com grandes leituras e isolamento. Beijos deste filho que tanto a anseia ver, Mário».

O postal (*) vai ser oferecido ao tocador de corá, Braima Galissá (**).

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Notas de L.G.:

(*) Vd. postes desta série Postais Ilustrados:

4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1023: Postais Ilustrados (1): Pescadora, de etnia papel (Beja Santos)
7 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1030: Postais Ilustrados (2): Dança nalu, Cacine (Beja Santos)
8 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1031: Postais Ilustrados (3): Tocador fula, Bafatá (Beja Santos)
28 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1125: Postais Ilustrados (4): Rapaz balanta, cesteiro (Beja Santos)
2 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1140: Postais Ilustrados (5): Bajuda manjaca, Ilha de Pecixe (Beja Santos)
7 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1157: Postais Ilustrados (6): Rapariga Papel, tatuada, do Biombo (Beja Santos)
10 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1164: Postais Ilustrados (7): Campune tatuada, Bijagó (Zé Teixeira)
7 de Outubro de 2006 >Guiné 63/74 - P1184: Postais Ilustrados ( 8): Allahu Akbar, Deus é Grande (Beja Santos)
3 de de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1242: Postais Ilustrados (9): Dança do compó, Bissau (Beja Santos)
10 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1264: Postais Ilustrados (10): Bissau, melhor do que diz o fotógrafo (Beja Santos / Mário Dias)
13 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1273: Postais Ilustrados (11): Um típico e colorido mercado onde as mulheres é quem mais ordenam (Beja Santos)
23 de Novembro de 2006 >Guiné 63/74 - P1310: Postais Ilustrados (12): Ponte-Cais de Bissau e estátua de Diogo Gomes (Tino Neves / Carlos Fortunato)
8 de Dezembro de 2006 >Guiné 63/74 - P1351: Postais Ilustrados (13): A catedral católica de Bissau (Beja Santos / Luís Graça / Mário Dias)

(**) Vd. poste de 28 de Novembro de 2008 >Guiné 63/74 - P3534: Braima Galissá, grande representante da cultura guineense na diáspora (1): Didjiu e tocador de kora

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Guiné 63/74 - P3534: Braima Galissá, grande representante da cultura guineense na diáspora (1): Djidiu e tocador de corá

Lisboa, Museu da Farmácia, 11 de Novembro de 2008. Cerimónia de lançamento do livro Diário da Guiné: 1969-1970: O Tigre Vadio, da autoria do nosso camarada Mário Beja Santos (Lisboa: Círculo de Leitores, e Temas & Debates, 2008, 440 pp.).

Excerto da actuação do mestre Braima Galissá, guineense, mandinga do Gabu, nascido em 1964, a viver em Portugal desde 1998, tocador de kora, e cantor (djidiu). Reprodução autorizada pelo mestre a quem dirigi um convite para integrar a nossa Tabanca Grande. (LG)

Vídeo: © Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo (3' 50'') alojado em: You Tube >Nhabijoes.

(No caso de dificuldade de visionamento do vídeo, clicar em watch in high quality).

Filho, neto, bisneto e tetraneto de tocadores de kora, um instrumento inventado no Gabu pelo seu tetravô, o mestre Braima Galissá vive na diáspora, em Portugal, onde tem sido, nos últimos dez anos, um generoso, competente e empenhado defensor da cultura musical mandinga.

Da sua página, oficiosa, na Net, consta que o José Braima Galissá foi compositor do Ballet Nacional da Guiné-Bissau, responsável instrumental do mini Ballet Nacional e professor de Kora na Escola Nacional de Música José Carlos Schwarz durante 11 anos. Já participou em actividades culturais em vários países. Fugido da guerra civil de 1998, está em Portugal desde então, executando vários projectos culturais.

Braima Galissá nasceu em 1964, no Gabú, no Leste da Guiné-Bissau, capital do antigo império do Gabú que por sua vez sucedeu ao antigo império do Mali.

Começou a aprender o Kora com 5 anos de idade pela mão do seu pai, também ele músico, tocador de kora e didjiu, uma profissão que é hereditária, de acordo com a tradição mandinga. Em meados de 1979 iniciou a sua carreira, primeiramente cm os pioneiros Abel Djassi. Com eles teve acesso à escola e com eles participou em acampamentos da juventude na Guiné e no estrangeiro, tendo então portunidade de conhecer outras culturas. Deixou a casa do pai, e por isso foi para Bissau onde se dedicou ao estudo da música. "O Kora envolve misticismo e simbologia. É o instrumento que o acompanha nos espectáculos e é o suporte principal do género musical que interpreta. Desde que começou a actuar em público houve um momento que o marcou, que foi quando com mais 11 crianças estava a representar a Guiné-Bissau num acampamento em Cabo-Verde em 1979. As pessoas gostaram porque o kora nunca tinha chegado ao arquipélago. As pessoas seguiam-no por todo o lado, faziam-no perguntas sobre o instrumento, queriam tocá-lo, queriam saber tudo. Nessa altura apercebeu-se do 'peso' do Kora. A partir daquele momento em Cabo-verde decidiu que devia continuar nessa vida. Nos anos seguintes participou em vários eventos." (Continua) Contactos do artista:

(i) Telefone: 938325723 / 964660125 (ii) Email: braimagalissa@gmail.com (iii) Endereço postal: José Braima Galissá Rua Cidade de Manchester nº6 - cv 1170-100 Lisboa

domingo, 1 de junho de 2008

Guiné 63/74 - P2908: (Ex)citações (2): Conto histórias da vida, o que foi, o que será, sou 'kora djalô', tocador de kora (José Galissa)


José Galissa, Guiné-Bissau, tocador de kora, contador de histórias, 43 anos: declarações recolhidas por Ana Sofia Fonseca, Única, Expresso, nº 1857, de 31 de Maio de 2008:

"Sou tocador, não poderia ser outra coisa. Meu pai, meus onze tios - todos tecem música (...).

"No meu crioulo - sou mandinga - dizem 'kora djalô'. Tocador de kora (...).

"A história da Guiné conta-se com o indicador e o polegar (...). Sempre que entrego os meus dedos às cordas, a Guiné desfila perante mim. Vèm de longe, as raízes deste país (...)

"Antigamente, era o 'kora djalô' quem levava as mensagens país adiante (...).

"[Canto] a guerra tribal entre mandinas e fulas. A origem e a vida de cada nome (...).

"[A memória que conservo mais viva foi] a do dia da independêncioa. Estava na escola quando a professora apareceu a sorrir: 'Meninos, a guerra acabou'. Foi festa, paz a moldar sorrisos. Sem guerra, há alegria. Quando as balas andam à solta, as noites são mais escuras (...)

"[Venho] de Gabu, a muitos quilómetros de Bissau. É uma terra plana, bonita. Falta-lhe mar, sobeja-lhe ribeiro (...). Gosto de Gabu, é cidade de muitos encontros (...)"