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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16401: Notas de leitura (872): “Subsídios para o estudo da circuncisão entre os Balantas”, por James Pinto Bull (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 3 de Setembro de 2015:

Queridos amigos,
Independentemente do que aqui se escreve a propósito de um encontro fortuito na Feira da Ladra e de uma dedicatória de James Pinto Bull ao seu prezado primo Jorge, quis o acaso que o tenha visto pela primeira e última vez em Julho de 1970, dois helicópteros trouxeram um conjunto de deputados a Bambadinca, foram até aos Nhabijões e conversaram com o comandante e o segundo comandante. E refrescaram-se na messe. Vindo dos Nhabijões, onde montáramos segurança aos ilustres visitantes, reencontrei José Pedro Pinto Leite e conversámos à parte. O deputado estava ciente que as coisas da Guiné caminhavam para o beco sem saída, disse-me que ia avisar Marcello Caetano. Não teve tempo, morreu dois dias depois no rio Mansoa, tal como James Pinto Bull.
Casos e acasos de que se fazem as nossas vidas.

Um Abraço do
Mário


Da circuncisão entre os Balantas, por James Pinto Bull

Beja Santos

Em 1951, James Pinto Bull, nascido em 1913 em Bolama, funcionário colonial, ao tempo administrador de circunscrição, e com carreira de deputado pela frente, três vezes eleito pelo círculo da Guiné para a Assembleia Nacional, escreve no Boletim Cultural da Guiné um artigo intitulado “Subsídios para o estudo da circuncisão entre os Balantas”. É uma escrita direta, de pendor marcadamente divulgativo, chama à atenção para o “fanado” e para o modo como os Balantas encaram esta cerimónia religiosa, começando logo por referir que os “grandes” das tabancas apresentam-se com o tradicional “lopé” e trazendo enrolado pelo corpo pedaços de corda, vão à autoridade local pedir autorização para “deitar o fanado”.

Segue-se uma descrição vivacíssima:
“Dada a autorização, rompe imediatamente o tamborilar de um pequeno tambor para levar a nova aos indígenas reunidos nas moranças e com danças alusivas à cerimónia que se vai iniciar, os velhos regressam à tabanca. Toda a noite se ouve o barulho do “ẽbõbor” (tambor grande, anunciando às tabancas distantes a realização do fanado, convidando os jovens a virem alegrar com a sua presença a grande festa. Rompe a aurora e principia a concentração da turba nas proximidades da tabanca onde se realiza o fanado. A falange engrossa rapidamente e os assistentes vão-se aquecendo, não só pela ação do calor que sufoca, mas também pela do álcool. O mestre-cerimónia dá o sinal para se fazer a concentração geral. Começa a marcha e centenas de indígenas lançam-se em correria desenfreada, parecendo à primeira vista que se trata de um ataque guerreiro, pois quase todos os do sexo masculino ostentam espadas e cacetes. O grupo dos futuros circuncisos esforça-se por abrir caminho a fim de se dirigir para o porto ou bolanha mais próximos, onde besuntam o corpo com lama. Em correria louca e entoando cânticos variados, os blufos regressam à tabanca, formando grupos separados, para que cada um possa mostrar o seu valor. Continua nos arredores da tabanca o barulho ensurdecedor dos tambores, misturado com milhares de vozes e com a gritaria infernal dos mais alcoolizados. O sol vai declinando e, enquanto os futuros circuncisos se reúnem na tabanca para tomarem a última refeição ainda como blufos e receberem as mezinhas para os proteger contra os feiticeiros durante a permanência na barraca, a multidão alegra-se cada vez mais, chegando a tomar o aspeto de verdadeira orgia. Todos estão em maior ou menor grau sobre a ação etilisante do álcool”.


Faz-se aqui uma pausa para recordar duas coisas. Primeiro, ao tempo do Governador Sarmento Rodrigues começou-se a solicitar aos quadros da administração colonial espalhados pela província que enviassem regularmente relatórios com pendor etnográfico, etnológico e antropológico, sugeria-se mesmo que elaborassem monografias e enviassem quer para o boletim cultural quer para o Centro de Estudos da Guiné Portuguesa artigos ou dados relevantes que se prendiam com observação do funcionário. Segundo, este texto decorre dessa mesma observação, é feita sem comentários, sem interpretação, não há pretensões de qualquer leitura científica, o que aqui se escreve é o que James Pinto Bull viu e fotografou, e escreveu com gosto, vê-se que aprecia temperar os seus relatos. Continuando:
“As mulheres e as bajudas estão completamente excitadas sobre a dupla ação do álcool e algumas delas não resistem à tentação de se deixar agarrar pelo blufos que sabem tirar partido destas oportunidades. É que nesse dia tudo é permitido, desde o adultério, que para certos maridos até constitui honra, por verem que as suas mulheres foram muito apreciadas, até a própria violação das bajudas, facto que alguns pais perdoam, não exigindo a costumada reparação material”.

É então que o mestre-cerimónia, velhos e rapazes já circuncidados seguem para a bolanha para que se cumpra a operação. A festa acabou. Os futuros circuncisos já chegaram à bolanha e estão atolados pelo menos até aos joelhos. Vamos regressar ao relato:  
“Começa então a operação feita pelo parente mais próximo, a qual consiste no corte do prepúcio, por um ou mais golpes ao contrário do que se sucede nas outras tribos em que o corte tem que ser rápido e com um único golpe. Acaba a operação, os pacientes recolhem-se a um local antecipadamente escolhido, em princípio numa mata próxima da tabanca, e onde é feita previamente uma clareira protegida por uma paliçada. A permanência varia de um a três meses, e enquanto os circuncidados ali permanecerem, as famílias são obrigadas a preparar-lhes as melhores comidas e a confecionar os tradicionais e caprichosos panos de fanado. Terminado o tempo julgado necessário, os circuncisos descem às povoações, formando um único grupo, envolto nos panos do fanado. Cumpridas estas regras, o irresponsável blufo que até vivia em comum com os seus camaradas, adquire todos os direitos e deveres de homem, podendo construir a sua palhota e arranjar mulher para constituir família”.

Pergunta o leitor a que propósito se descreve a circuncisão entre Balantas, assunto que praticamente ninguém desconhece. Esta separata de James Pinto Bull tem a sua história. Num vendedor da Feira da Ladra encontrei esta separata e francamente que não lhe teria dado qualquer atenção não contivesse a dedicatória do autor ao prezado primo Jorge. Acicatado pela dedicatória, comecei a vasculhar em toda a papelada à venda e lá encontrei fotografias e referências a Jorge Wahnon Pinto Costa. São momentos em que junto à excitação a repugnância pelas pessoas que se desfazem da intimidade daqueles que morreram e são assim postos a nu na praça pública, na rua do Século, em Lisboa existe um alfarrabista que tem a biblioteca e dossiês do professor Silva Cunha, que foi ministro do Ultramar. Interrogo-me como é que é possível desbaratar tal património que devia ser apreciado pelos competentes investigadores. Uma última nota, James Pinto Bull irá falecer num acidente de helicóptero, em Julho de 1970, faleceram entre outros, José Pedro Pinto Leite, considerado como uma das grandes promessas da Ala Liberal. As voltas que o mundo dá.

 Dedicatória
 ____________

Nota do editor

Último poste da série de 17 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16396: Notas de leitura (871): (D)o outro lado do combate: memórias de médicos cubanos (1966-1969) - Parte VII: o caso do clínico geral Amado Alfonso Delgado (III): Na mata do Fiofioli, pensei que ia morrer, pensei nos meus filhos, que iriam ficar sem pai… coitados, tão pequenos

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5176: FAP (35): O trágico acidente aéreo de 25 de Julho de 1970, no Rio Mansoa (Carlos Coelho / Jorge Félix / Jorge Narciso)




Fotos do Jorge Coelho (ex-Alf Mil Pil) e do Carlos Coelho, Fritz (Fur Mil Pil), de 2008 (a primeira,de cima para baixo) e de 1969 (a segunda).

Fotos: © Jorge Félix (2009). Direitos reservados


1. Comentário do Carlos Coelho, com data de 26 do corrente (*)

Por hoje só quero esclarecer um pequeno detalhe, o terceiro helicóptero era pilotado pelo Furriel Mil Pil Av Coelho - Carlos Coelho - mais conhecido por Fritz. Dentro em breve voltarei à vossa presença para tentar dar algumas respostas às perguntas que pairam sobre o que se passou naquela tarde. Carlos Coelho - Fritz.

2. Mensagem de L.G. enviada ao Jorge Félix, ex-Alf Mil Pil Av Heli Al III:

Jorge: Como vai essa bizarria ? Essa saúde ? Este estado de alma ? O Fritz é do teu tempo... Infelizmente náo mandou o endereço de e-mail...Dou conhecimento também ao Jorge Caiano, que está no Canadá, e que também foi protagonista dos acontecimentos [ o acidente de heli, no Rio Mansoa, de 25/10/70]... Abraço. Luís


3. Mensagens do Jorge Félix:

(i) Caro Luís: Junto um email que contem as fotos do encontro, o último, e de uma vivência que tive com o Coelho. Segue também o endereço do Fritz. Jorge Félix.


(ii) Caríssimo: Não vale a pena chorar sobre a minha saúde.... é o que se pode arrumar.

O Fritz , grande amigo, foi largado por mim na Guiné. Muita água da Bolanha, congelada, foi bebida a empurrar o whisky, aturando cada qual, a lenga lenga do outro. Ele, Furriel Coelho, Comandante da TAP, era, naquele acidente, que é o que neste momento interressa, o terceiro daquela formação. Terceiro mas talvez o mais avisado daqueles aviadores. Sei o que aconteceu, contado pela pessoa do Coelho, mas, visto que ele prometeu voltar, esperemos pela sua narrativa.

O Manso, foi o Camarada que me rendeu. O Jorge Caiano julgo ser o que foi substituir o Pinto. Não convivi com eles tempo que me dê qualquer lembrança.

Tenho fotos do Coelho e do Cubas... Depois das notas do Coelho, se for caso que valha a pena, junto as fotos.

Desculpa a trapalhada das palavras, a química cerebral tem destas coisas. Um abraço para toda a família guineense.

Jorge Félix

4. Mensagem do Jorge Narciso, enviada ao Carlos Coelho, através de comentário ao Poste P3292 (*):

Olá, Coelho (Fritz)

Eu sou o Jorge Narciso, era mecânico nos helis e coabitámos neles na Guiné. Não sei se te lembras de mim, mas folgo reencontrar-te.Também eu emiti um comentário (ao poste da Sofia Bull) acerca do acidente que ficará a léguas do que poderás dizer enquanto interveniente directo no que aconteceu. Fico à espera. Recebe um abraço. Jorge Narciso.

5. Comentário do Jorge Narciso ao
Poste P5162 :

Olá, Luís e Sofia:

Apresentando-me: Jorge Narciso, ex-Cabo Especialista MMA (Mecânico de Avião), colocado na linha da frente dos helis (Alouette III), na BA12 - Guiné, entre Abr 69 e Dez 70.

Tinha um comentário sobre este assunto completamente pronto para editar, quando a linha caiu e com ela o alinhamento de ideias que acabava de digitar.

Fiquei desapontado quando tentava ajudar a perceber à Sofia (filha do meu companheiro Bull, que há uns anos não vejo e muito gostaria reencontrar) as causas que impediram que viesse a conhecer o seu avô paterno [ James Pinto Bull].

Assim e para obviar uma nova e eventual quebra, vou tentar sintetizar as ideias com o risco naturalmente de passar por cima de alguns pormenores.

Assim:

(i) Confirmo que o acidente se registou num domingo, dia em que o movimento de voos era muito reduzido e no caso se resumiu a esta missão. E confirmo-o por 2 factos,

a) Porque estava escalado para esse voo, tendo inclusive estado e pronto a partir, no helicóptero acidentado (já com os rotores a funcionar e portas fechadas) só não seguindo porque chegou entretanto à placa o malogrado Capitão do Exército para integrar a visita e que face à lotação completa que se registava nos helis, tomou o meu lugar por determinação do comandante de Esquadra, seguindo a missão com o suporte técnico do Mecânico Electricista (Caiano) (**) já antes sediado no Heli 1.

b) Tendo ficado de alerta à linha, coube-me aguardar o resto do dia pelo regresso dos helis para os receber e arrumar.

(ii) Confirmo também que os helis eram pilotados por:

- Heli 1 (Comandante) Cap Cubas
- Heli 2 (acidentado) Alf Manso
- Heli 3 - Fur Coelho

(iii) Para mais de meia tarde e quando já estranhava o atraso no retorno da missão, foi-me solicitado o aprontamento de um hali, no qual, pilotado pelo Ten Pereira (penso que já falecido) e pelo Fur Galinho (que no caminho me informou sucintamente do que se passava), participei na 1ª ida ao local do acidente.

(iv) As condições atmosféricas que atravessamos eram, apesar de normais nessa época do ano, particularmente más (das piores que registei no mais de ano e meio de voos sobre toda a Guiné), com vento e chuva muito fortes e tendo que no caminho ir fazendo desvios para contornar aglomerados de nuvens de forte borrasca.

(v) Na, apesar de tudo, rápida chegada ao local e apesar da fraca visibilidade distinguiram-se apenas dois (dos três) helis aterrados (julgo que um em cada margem do rio) junto aos quais aterrámos sucessivamente procurando perceber a ajuda necessária , sendo evidente nos dois casos a estupefacção e o choque de todos os ocupantes.

Referiram os pilotos que foram envolvidos por uma súbita borrasca (tornado?) com drástica perda de visibilidade e obrigando a aterragens mais que forçadas e, penso que no 3º heli, referida a visão dum clarão (embate do outro aparelho na água ?)

(vi) Face à manutenção das condições climatéricas e aproximação da noite, e feitas ainda algumas passagens sobre o a área envolvente, na busca de algum sinal do 3º heli, o que se mostrou infrutífero.

Finalmente encetou-se o regresso à base, acompanhando e guiando os 2 helis sobreviventes.

(vii) No dia seguinte e logo que a luz o permitiu iniciaram-se as buscas, com os mais diversos meios envolvidos, no meu caso integrando a equipa de um heli com guincho, pilotado inicialmente pelo Cap Cubas, com outro mecânico (Caroto) e acompanhados pelo Bull, que assim também participou nessas buscas , para ele em condições particularmente difíceis pelos motivos óbvios.

Tais buscas mantiveram-se até que a Marinha conseguiu localizar o que restava do aparelho no fundo do rio.

Sendo eventualmente redundante em relação a outros relatos (apesar da efectiva factualidade deste), espero desta forma contribuir para que de vez cessem especulações e outras teorias quanto às causas do acidente.

Apresento saudações ao blogue na pessoa do Luís e à Sofia (que vou tentar contactar através do possível do endereço de Face book sugerido, até como forma de eventualmente chegar ao Bull) (***).

_________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3292: Controvérsias (3): O acidente de helicóptero que vitimou Pinto Leite (J. Martins / J. Félix / C. Vinhal / C. Dias)

(**) Vd. poste de 10 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3866: FAP (7): Troca de lugar no ALL III salvou-me a vida, em 25 de Julho de 1970 (Jorge Caiano, mecânico do Alf Pilav Manso)

(***) Último poste da série FAP > 22 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4991: FAP (34): A heli-evacuação do malogrado Cap Cav Luís Rei Vilar em 18/2/1970 (Jorge Félix)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Guiné 63/74 - P3774: Histórias de um oficial de CHERET (José Paracana (2): Lembrando a figura de Barros Moura


1. Mensagem de José Paracana (1), ex-Alf Mil, QG, Bissau, 1971/73, com data de 17 de Janeiro de 2009:

Caro camarada Carlos!
Estou ainda para descobrir onde meti o raio dos documentos confidenciais que subtraí do meu serviço xeret na Guiné.

Entretanto, vai um episódio sobre um camarada que já faleceu: o depois deputado, IBM - como era conhecido em Coimbra, pelos colegas da Universidade.

O Barros Moura (o I era para inteligente) (*) era de facto excepcional. Dono de grande cabeça e espírito combativo. Com as lutas e greves da academia, nos anos 60, foi castigado e incorporado no Exército, como outros, do reviralho actuante!
Ele foi comigo e mais umas centenas, no navio Uíge.

Já na Guiné, e no Cumeré, onde o Spínola recebia e falava às tropas... aconteceu que, o nosso General mandou que todos os que eram estudantes - ou vinham formados da Universidade de Coimbra (a Pátria da contestação, no entender dele) - fossem dirigidos para uma sala onde perorou sobre o nosso destino e missão:
- Estão aqui a defender a Pátria transcontinental - e essas coisas do estilo, em voga na época!

Lembro que ao reparar finalmente no Barros Moura, que fora como aspirante para a Guiné, lhe fez um reparo:
- Oh, nosso aspirante! Então não se envergonha de ser o único aspirante em toda a Guiné?

Ao que lesto e fatal - como só ele sabia - saiu a resposta demolidora:
- Eu? Eu não, meu General! O senhor envergonha-se de ser o único General em toda a Guiné?

Foi risota geral, e o senhor do monóculo... cavalheiresco, engoliu o sapo e acompanhou a galhofa!

Mas espero bem depressa encontrar os docs que tenho em casa, para rir mais um pouco da loucura que todas as guerrilhas ou guerras contêm!

Abraços fraternos do camarada
José Paracana
ex-Alf Mil
Bissau, 1971/73
__________

Notas de CV:

(*) José Barros Moura

José Barros Moura (Porto, 8 de Outubro de 1944 - 25 de Março de 2003) foi um político português.
Iniciou a actividade política nas lutas académicas, em 1962, o que lhe valeu ser expulso da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Licenciou-se em Coimbra, onde entretanto voltou a envolver-se, como dirigente associativo, na luta académica de 1969, já como militante do PCP, o que lhe valeu a alcunha de IBM (Inteligente Barros Moura).
Incorporado compulsivamente nas fileiras do exército português, foi enviado para a Guiné, a pior frente de combate na Guerra Colonial Manteve-se no PCP durante 27 anos, afastando-se na altura da perestroika. Adere então à Plataforma de Esquerda, grupo formado por dissidentes comunistas e integrado, entre outros, por Miguel Portas, Joaquim Pina Moura, Daniel Oliveira e José Magalhães. Em 1999 adere ao PS, de que já era deputado independente eleito para o Parlamento Europeu. Eleito para a Assembleia da República, foi vice-presidente da bancada parlamentar socialista.
Foi também presidente da Assembleia Municipal de Felgueiras, cargo que abandonou por discordar do estilo de gestão imprimido pela presidente do município, Fátima Felgueiras.
Entre 1988 e 2003 exerceu funções docentes na Universidade Autónoma de Lisboa (Departamento de Direito).

Retirado da Wikipédia com a devida vénia
__________

(1) Vd último poste de José Paracana de 21 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3494: Histórias de um oficial da CHERET (José Paracana) (1): Alfero, quer parte cabaço ?

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Guiné 63/74 - P3335: Controvérsias (6): O acidente aéreo de 25 de Julho de 1970 (Carlos Ayala Botto)

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Março de 1969 > Op Lança Afiada > Um Helicóptero Allouette III. Em primeiro plano, o nosso camarada e amigo Paulo Raposo, na altura Alf Mil da CCAÇ 2405 (Mansoa e Dulombi, 1968/70) uma unidade que dois meses antes tinha perdido 17 dos seus homens no desastre de Cheche, no Rio Corubal, na retirada de Madina do Boé, em 6 de Fevereiro de 1969.

Foto: © Paulo Raposo (2006). Direitos reservados .

1. Mensagem, com data de hoje, do Cor Cav Ref Carlos Ayala Botto, prezado membro da nossa Tabanca Grande desde Janeiro de 2007 (*):


Caro Luís Graça:

Na semana passada enviei um mail com mais alguns pormenores do acidente de helicóptero na Guiné e onde morreram os deputados e os militares que os acompanhavam. Devo ter enviado para um endereço errado, pois ele nunca foi publicado no nosso blogue e eu penso que tem interesse (**).

O acidente ocorreu no dia 25 de Julho de 1970, quando os deputados regressavam a Bissau, onde o avião da TAP já os esperava no aeroporto para virem para Lisboa. O tempo estava péssimo, mas foi decidido fazerem a viagem.

Eram 3 helicópteros e, quando se viram no meio de grande borrasca, 2 ainda conseguiram aterrar numa pequena ilha no meio do rio Mansoa, mas o 3º não o fez e despenhou-se, morrendo não só os deputados, o piloto e o mecânico como também o Capitão de Cavalaria José Carvalho de Andrade (era do meu curso) que os acompanhava.

Sei que o Comandante da esquadrilha e piloto de um dos helicópteros era o hoje Coronel Cubas a quem, se o localizarem, poderão pedir mais esclarecimentos.

Um abraço

Carlos Ayala Botto

2. Comentário de L.G.:

Obrigado, coronel, pelo seu contributo. Confirmo que não recebi o seu mail anterior. Continua a haver, entre nós, uma pequena divergência quanto às datas. Na Liga dos Combatentes, na lista dos Mortos no Utramar, consta o nome do Cap Cav José Carvalho de Andrade, morto, por acidente, na Guiné, em 25/7/70. O nosso pesar pela perda deste seu camarada de curso e nosso camarada da Guiné, e que até agora ninguém referira.

3. Em data posterior a este poste, em 20 de Outubro de 2008,e em resposta ao meu comentário, Ayalla Botto mandou o seguinte mail:

Caro Luis Graça:

Não tenho dúvidas que a data certa foi 25 de Julho. Lembro-me perfeitamente que na manhã desse dia tentei contactar telefonicamente o Cap Carvalho de Andrade e fui informado de Bissau que ele estava fora acompanhando os deputados. Se calhar àquela hora já tinha morrido…

Ele estava de fim de comissão e tinha-me pedido para receber em Lisboa o carro dele que estava a chegar a Lisboa. E eu fui de propósito nesse sábado ao Regimento de Lanceiros 2, onde estava colocado... Nessa mesma tarde fui informado do acidente.

São coisas que não esquecem pois ele era muito meu amigo.

Um grande abraço

Carlos Ayala Botto

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 6 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1407: Tertúlia: apresenta-se o Coronel de Cavalaria Carlos Ayala Botto, ajudante de campo do General Spínola

(**) Vd. postes de:

11 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3296: Controvérsias (4): O acidente aéreo de 26 de Julho de 1970 (Jorge Picado)

10 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3292: Controvérsias (3): O acidente de helicóptero que vitimou Pinto Leite (J. Martins / J. Félix / C. Vinhal / C. Dias)