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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19473: Efemérides (297): Tragédia do Che-Che, dia 6 de Fevereiro de 1969 - 47 miúdos pereceram nas águas do Rio Corubal (José Martins)


Guiné - Zona Leste - Sobreviventes da tragédia de Cheche, no Rio Corubal, na retirada de Madina do Boé

Foto (e legenda): © Paulo Raposo (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em mensagem do dia 6 de Janeiro de 2019, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70), lembra o dia 6 de Fevereiro do já longínquo mas inesquecível ano de 1969, como ele próprio diz, uma data indelével para os combatentes da Guiné e familiares dos militares que sucumbiram na catástrofe durante a travessia do rio Corubal.


No cinquentenário da Passagem do Corubal

Todos temos uma, ou mais, datas que são indeléveis. Para mim, e para muitos que estavam nas imediações do destacamento do Che-Che, junto ao rio que divide a zona sul de Nova Lamego e o Boé, é o dia 6 de Fevereiro do ano de 1969.

Foi nessa fatídica tarde que, quando se cumpria a parte mais difícil da retirada das tropas que ocupavam Madina do Boé e o destacamento do Ché-Che, se deu um dos maiores desastres militares da guerra que ocupou mais de um décimo da população portuguesa.

Passados 50 anos, ainda não há consenso sobre o que aconteceu, nem será agora que iremos tecer teorias para encontrar a causa: essa é a que consta, se constar, dos relatórios da "Operação Mabecos Bravios”.

Foram 47 “miúdos” que sucumbiram nas águas do Corubal, que, vindo da Guiné Conacri, atravessa toda a zona do Boé, para casar com o Geba, que vem do norte, das terras do Senegal, e entrarem, de braço dado, no Atlântico depois de banharem Bissau.

O mais velho tinha 28 anos e os 3 seguintes tinham, 27, 26 e 25 anos, sendo naturais da então província e já com alguns anos de guerra. Com 24 anos pereceram 4 militares, com 23 anos foram 25, e os mais novos, com 22 anos, 14 militares.

Passados estes anos, meio século, já “perderam” a patente; “perderam” o número de identificação, “perderam” o direito a pertencer a uma Unidade Militar. Agora são HERÓIS NACIONAIS e pertencem ao BATALHÃO CELESTIAL DO EXÉRCITO PORTUGUÊS, que conta, cada vez mais, com novos membros que, terminada a sua comissão de serviço regressaram às suas terras, e foram por sua vez partindo.

Os seus nomes permanecerão escritos, em letras de ouro, na Galeria dos Heróis. 
São de militares de origem europeia ou guineense e soldados milícias africanos:

Adul Embalo 
Adulai Silva 
Alberto da Silva Mendes 
Alfa Jau 
Alfredo António Rocha Guedes 
Américo Alberto Dias Saraiva 
Aníbal Jorge da Costa 
António de Jesus Silva
António Domingos Nascimento 
António dos Santos Lobo 
António dos Santos Marques 
António Marques Faria 
António Martins de Oliveira
Augusto Caril Correia 
Augusto Maria Gamito 
Avelino Madail de Almeida 
Carlos Augusto da Rocha 
Celestino Gonçalves Sousa 
David Pacheco de Sousa 
Francisco da Cruz 
Francisco de Jesus Gonçalves Ferreira 
Gregório dos Santos Corvelo Rebelo 
Indique Embuque 
Joaquim Nunes Alcobia 
Joaquim Rita Coutinho 
Joel Santos Silva 
José Antunes Claudino 
José da Silva Coelho 
José da Silva Góis 
José da Silva Marques 
José de Almeida Mateus 
José Fernando Alves Gomes 
José Ferreira Martins 
José Loureiro 
José Maria Leal de Barros 
José Pereira Simão 
José Simões Correia de Araújo 
Laurentino Anjos Pessoa
Luís Francisco da Conceição Jóia 
Manuel António Cunha Fernandes 
Manuel Conceição Silva Ferreira
Manuel da Silva Pereira 
Octávio Augusto Barreira 
Ricardo Pereira da Silva 
Tijane Jaló 
Valentim Pinto Faria 
Victor Manuel Oliveira Neto.

Foram estes os nomes que foram escritos no impresso de mensagem e apresentados ao Comandante da Unidade, que assim autorizava o seu envio para o batalhão e deste, para o Comando-Chefe.

Pouco tempo depois, foram enviados pelo radiotelefonista que, após cada nome parava. Não apenas para respirar, mas sobretudo para limpar mais uma lágrima que não conseguia reprimir.

6 de Janeiro de 2019
José Marcelino Martins
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19203: Efemérides (296): No 1º centenário da Grande Guerra: fomos revisitar o Diário de Lisboa, de 5 de abril de 1924: a mediatização do herói. o Soldado Milhões

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18889: A travessia do Rio Corubal em Cheche: inquérito (1): resposta de Domingos Gonçalves (ex-alf mil da CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)



Guiné > Zona Leste > Região do Boé > Cheche > 6 de Fevereiro de 1969 > A jangada, de reserva, com sobreviventes da tragédia de Cheche, no Rio Corubal, na retirada de Madina do Boé (*)

Foto (e legenda): © Paulo Raposo (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Resposta, de ontem, às 8h55,  do Domingos Gonçalves Gonçalves ao nosso inquérito sobre a travessia do rio Corubal em Cheche.

[Foto à direita: Domingos Gonçalves foi alf mil da CCAÇ 1546 / BCAÇ 1887, Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68): tem cerca de 6 dezenas de referências no nosso blogue]
Bom dia,

A jangada era manobrada por um nativo, que residia no Che-Che. Em 1966 transitávamos com alguma segurança do Gabú, até ao Che-Che.


Não tinham lugar emboscadas, nem havia colocação de minas. Os problemas, graves, começavam depois da travessia do rio.

A jangada daquela época era insegura. O pessoal passava para o outro lado em pequenos grupos.

Recordo-me de pelo menos uma viatura carregada de munições ter caído no rio, com a respectiva carga.

Um abraço


2. Inquérito sobre a travessia do rio Corubal em Cheche:  questões a responder, no todo ou em parte,  por quem lá esteve ou por lá passou até ao trágico dia 6 de fevereiro de 1969 (Op Mabecos Bravios, retirada do aquartelamento de Madina do Boé e do destacamento de Cheche):

(i) quem manobrava a jangada ?

(ii) em princípio havia duas jangadas, sendo uma de reserva ?

(iii) também havia m sintex ou equivalente para ligar as duas margens ?

(iv) qual era a lotação habitual da jangada ? E a máxima ? Dois pelotões, 60 homens ? Menos, talvez 40 ?

(v) no caso das viaturas, a jangada podia transportar quantas e quais de cada vez ? Uma GMC ? Dois Unimog 404 ? Três Unimog 411 (burrinhos) ?

(vi) havia instruções  (explícitas, escritas ou orais) de segurança ?

(vi) no teu tempo, havia uma tabanca, em Che-Che, na margem esquerda (ou margem sul)  ? Eram fulas ? Era grande ou era pequena ? Quantas moranças tinha ? Havia milícias, abrigos, população em autodefesa ?

(vii) de que lado é que podia vir uma emboscada ou flagelação ? Da margem esquerda/sul (tabanca Cheche) ou do lado direita/norte  (destacamento de Checje / estrada de Canjadude) ? Ou de ambos ? 

(viii) alguma vez apanharam com minas anfíbias, minas /AC, minas A/P ou armadilhas, no rio, no ancoradouro, ou nas margens, ou na picada que leva até lá ?

(ix) imagino que os reabastecimentos fossem um inferno, e pior ainda no tempo das chuvas...

 (x)  quem guarnecia o destacamento de Cheche ? Talvez a CCAÇ 5, que estava em Canjadude, "Os Gatos Pretos", uma africana, a que pertenceu o nosso camarada e colaborador permanente, o José Marcelino Martins, fur mil trms ? Ou era outra subunidade ?

(xi) quantos homens tinha o destacamento de Cheche ?  Um pelotão ? Tinha armas pesadas (morteiro 81, metralhadora pesada, canhão s/r...) ?

(xii) quando se vinha do norte (estrada de Gabu e Canjadude) e  se fazia a trasvessia para o outro lado (tabanca de Cheche, destacamento de Béli, quartel de  Madina),  ficava  uma força a fazer a segurança ?... Era só o destacamento de Cheche ?  ou havia reforço da guarnição ?

 (xiii) O cabo que atrvessava o rio,  não era de aço, mas sim de  corda... Certo ? De aço seria pesadíssimo... E estava sempre montado e esticado ?

(xiv) e a jangada tinha motor auxiliar ? A jangada também era puxada a força de braço ? 

(xv) houve, no teu tempo, algum acidente ou incidente com a jangada ? Alguém (ou viatura) caído ao rio ?

(xvi) qual seria a largura e a profundidade do rio em Cheche ? No tempo seco e no tempo das chuvas
? (O desastre do dia 6/2/1969 foi no tempo seco...).

(xvii) Mais algum comentário ou observação:

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quinta-feira, 26 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18871: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte III: A operação rotineira de manobra e montagem da segurança da jangada que fazia a travessia do Rio Corubal, no Cheche: fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)


Foto nº 1A >  O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança à jangada que se desloca da outra margem (onde estava localizada a tabanca de Cheche), seguindo o cabo esticado de um lado a outro... Em baixo, em segundo plano, um sintex. O destacamento de Cheche ficava na margem direita, ou seja, no início da estrada que ia para Nova Lamego.


Foto nº 1 >  O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal... É bem visível a jangada que se começa a deslocar da outra margem, seguindo o cabo esticado de um lado a outro... 



Foto nº 1B >  A  jangada que se começa a deslocar da outra margem (Cheche), seguindo o cabo, esticado de um lado a outro...  No ancoradouro, é visível uma segunda jangada. 


Foto nº 2A  >  O Manuel Coelho dentro da jangada com um guineense, que tanto pode ser milícia como militar do destacamento de Cheche... Ambos ajudam a segurar o cabo (ou a corda) ao longo do qual se desloca a jangada (que também tinha um pequeno motor auxiliar)... 



Foto nº 2  >  O Manuel Coelho,  dentro da jangada com um camarada guineense. 


Foto nº 3A >  Grande plano do Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança à jangada. Nesta margem ficava o destacamento de Cheche


Foto nº 3B >  O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança... com  mais uma secção.


Foto nº 3 >  O Manuel Coelho, na margem direita do rio Corubal, montando segurança... Deslocou-se com uma secção num sintex. Ao fundo, a jangada que se começa a deslocar da outra margem, seguindo o cabo esticado de um lado a outro... 

Guiné > Região do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68) > 1967 >  s/d > O Manuel Coelho montando segurança à jangada que fazia a travessia do Rio Corubal em Cheche (ou Ché Ché, a malta pronunciava Cheche...). Ou puxando a corda que ligava as duas margens e ajudava deslocar a jangada (que tinhaum pequeno motor auxiliar)... Uma operação rotineira, até ao fatídico dia 6 de fevereiro de 1969, o da retirada do aquartelamento de Madina do Boé e do destacamento de Cheche.

Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2018). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mais fotos do álbum do Manuel Coelho, fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894 (Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) (*), o nosso grande fotógrafo de Madina do Boé, que também alinhava, de G3 na mão, sempre que era preciso montar segurança à jangada que fazia a travessia do rio Corubal, em Cheche... 

Compare-se estas fotos de há 50 anos, com as de hoje, do Patrício Ribeiro (**).

A jangada tinha um pequeno motor auxiliar, e era puxada à força de braço, de uma margem para a outra, seguindo um cabo esticado... E sempre que era preciso atravessar o rio, impunha-se montar segurança de um lado e do outro... Para efeito, existia o destacamento de Cheche, na margem direita.

Uma operação rotineira,  durante anos... Até ao fatídico dia de 6 de fevereiro de 1969, o trágico dia da última jangada (Op Mabecos Bravios, retirada do quartel de Madina do Boé, por ordem do comando-chefe, gen Spínola: morreram afogados 46 militares e 1 civil, da CCAC 2405, que estava em Dulombi, e a CCAÇ 1790, que retirava de Madina).
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Notas do editor:

(*) Vd. postes anteriores da série:

25 de julho de  2018 > Guiné 61/74 - P1869: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte II: A fonte da colina de Madina: mais fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)

24 de julho de 18 > Guiné 61/74 - P18867: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte I: seleção de fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)

(**) Vd. poste de 21 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18861: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (7): Os meus passeios pelo Boé - Parte I: 30 de junho de 2018: a travessia do Rio Corubal, de jangada, em Ché Ché

terça-feira, 24 de julho de 2018

Guiné 61/74 - P18867: Para que os bravos de Madina do Boé, de Béli e do Cheche não fiquem na "vala comum do esquecimento" - Parte I: seleção de fotos do álbum do Manuel Coelho (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  A jangada do Cheche


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) > "Canhão Sem Recuo M40 10,6cm, utilizado na sua missão normal, ou seja, montado em posição defensiva e, neste caso, sem estar em cima de viatura apropriada" [Legenda de Luís Dias]... Ao fundo as famosas colinas do Boé, alguns chegando mesmo aos 300 metros de altitude...


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Viatura das NT, destruída, na estrada de Cheche-.Madina do Boé (I)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Viatura das NT, destruída, na estrada de Cheche-.Madina do Boé (II)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: central elétrica, à esquerda; edifício do comando, parece-nos, à direita...


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: armazém


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: cozinha


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: memorial da CCAÇ 1416: "Aos nossos mortos"... "E aqueles que por obras valorosas se vão da lei da morte libertando"..

Desta companhia morreram aqui, pelo menos, 3 camaradas, tombados no ataque ao quartel de Madina do Boé, em 22 de julho de 1966:  (i) Augusto Reis Ferreira, Soldado Atirador, natural de Montargil / Ponte de Sôr, inumado no cemitério de Ponte de Sôr;  (ii) Carlos Manuel Santos Martins, Soldado Atirador, natural de Cova da Piedade / Almada, inumado no cemitério de Almada;  (iii) Rogério Lopes, 1º Cabo Atirador, natural de Chão de Couce / Ancião, inumado no cemitério de Chão de Couce. (**)


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli  e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: abrigo E... Num bidão à direita, pode ler-se: "... Aguentemos o piriquito"...


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: abrigo H


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: abrigo D


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: abrigo J


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  A famosa "fonte da Colina de Madina" (sic), com data de 1945 (inscrita no azulejo)... Ainda hoje lá está, a dar água...


Guiné > Região do Boé > Madina do Boé > CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68) >  Aquartelamento: a rendição pelo pessoal da CCAÇ 1790!...

A CCAÇ 1589 teve pelo menos um norto em Madina do Boé: Ilídio Bonito Claro, Soldado de Transmissões, natural de Montemor-o-Velho, inumado no cemitério da Torre em Montemor-o-Velho, faleceu no Hospital Militar 241, vítima de ferimentos em combate durante um patrulhamento na região de Madina do Boé, em 4 de Janeiro de 1968.


Guião da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, "Os Tufas" (Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Beli e Madina do Boé, 1966-68), que tinam por divisa "Justos e Fortes"...  É uma das várias subunidades que esteve aquartelada em Madina do Boé, com destacamento em Beli (**). 

Fotos (e legendas): © Manuel Caldeira Coelho (2011). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Seleção de fotos do álbum do camarada Manuel Caldeira Coelho, natural de Reguengos de Monsaraz (ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Bissau, Fá Mandinga, Nova Lamego, Béli e Madina do Boé, 1966/68) (*)

É o nosso grande fotógrafo de Madina do Boé, da época de 1966/68... E temos mais algumas fotos, inéditas, para publicar na segunda parte.

Estas foram selecionadas e reeditadas pelo nosso editor Luís Graça.

Refira-se que a CCAÇ 1589 foi antecedida pela CCAÇ 1414:

(i) mobilizada na Amadora no Regimento de Infantaria nº 1 e integrada no Batalhão de Caçadores nº 1856, a CCAÇ 1414 chega a Bissau em 6 de Agosto de 1965, rumou para Nova Lamego, onde em 13 de Agosto de 1965 assume a função de unidade de reserva do BCAV 705; (ii) em 27 de Abril de 1966 seguiu para Béli afim de tomar parte na Operação Lumiar e em 4 de Maio desse ano assume a responsabilidade do subsector de Madina do Boé, substituindo a CCAV 702, mantendo forças destacadas em Béli e Che-Che, este até 27 de Janeiro de 1967; (iii) tendo sofrido fortes e numerosas flagelações, foi rendida em 10 de Abril de 1967 pela CCAÇ 1589, regressando à metrópole em 15 de Abril de 1965.

Por sua vez, a CCAÇ 1589:  (i) foi mobilizada no Regimento de Infantaria nº 15, em Tomar, chegou à Guiné em 4 de Agosto do 1966 em conjunto com o BCAÇ 1894 a que pertencia; (ii) em 16 de Dezembro de 1966 foi instalada em Fá Mandinga à disposição do Comando Chefe para intervenções na zona Leste, tendo realizado operações nas regiões do Xime, Sarauol, Nova Lamego, Madina do Boé e Enxalé;  (iii) a 25 de Março de 1967 destacou um pelotão para o aquartelamento de Béli, e em 7 de Abril de 1967 foi substituir a CCAÇ 1416 a Madina do Boé, assumindo a responsabilidade do subsector em 10 de Abril de 1967; (iii) foi rendida pela CCAÇ 1790 em 20 de Janeiro de 1968 em Madina do Boé e em Béli a 12 de Fevereiro seguinte, tendo os aquartelamentos sofrido fortes e constante flagelações, especialmente no período entre Junho e Dezembro de 1967; (iv) regressou à metrópole em 9 de Maio de 1968.

A CCAÇ 1790 irá perder 29 homens no decurso da Op Mabecos Bravios, na travessia do Rio Corubal, em Cheche, em 6 de fevereiro de 1969.

(Continua)
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sexta-feira, 25 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18674: Recortes de imprensa (95): A notícia do trágico acidente, ocorrido no Rio Corubal, no Cheche, na sequência da Op Mabecos Bravios (retirada de Madina do Boé) só é dada no "Diário de Lisboa", dois dias e meio depois, em 8 de fevereiro de 1969







Citação:
(1969), "Diário de Lisboa", nº 16573, Ano 48, Sábado, 8 de Fevereiro de 1969, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_7148 (2018-5-24)


Fonte: Instituição: Fundação Mário Soares | Pasta: 06597.135.23237 | Título: Diário de Lisboa | Número: 16573 | Ano: 48 | Data: Sábado, 8 de Fevereiro de 1969 | Directores: Director: António Ruella Ramos | Edição: 2ª edição | Observações: Inclui supl. "Diário de Lisboa Magazine". | Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos | Tipo Documental: IMPRENSA.


1. A notícia chegou tarde às redações dos jornais. O vespertino "Diário de Lisboa" deu-a em caixa alta só na 2ª edição. E nesse sábado, dia 8 de fevereiro de 1969, fez uma 3ª edição.  O jornal era "visado pela censura" e a grande maioria dos portugueses (e nomeadamente os da nossa geração, nascida no Estado Novo) não sabia o que era isso de liberdade de imprensa... 

A notícia do "desastre na Guiné" (sic)  causou alarme e consternação: 47 mortos (militares, em rigor 46 militares e 1 civil guineense) era o balanço do "trágico acidente". A notícia era dada pela agência oficiosa L [usitânia], com proveniência de Bissau e data de 8... Chegava com dois e meio de atraso... Sabemos hoje que o "acidente" ocorreu na manhã de 5ª feira, dia 6 de fevereiro de 1969, no final da Op Mabecos Bravios, ou na seja, na sequência da retirada do aquartelamento de Madina do Boé. (*)

O balanço era, de facto, trágico: na lista das 47 vítimas, por afogamento, constavam: (i) 2 furriéis milicianos; (ii) 7 1ºs cabos; e (iii) 38 soldados (na realidade, um dos nomes era de um civil). Mas os termos da notícia eram lacónicos, como era habitual nos comunicados oficiais ou oficiosos em assuntos "melindrosos" como este:

 "Na passagem do rio Corubal, na estrada para Nova Lamego, afundou-se a jangada que transportava uma força militar, havendo a lamentar, em consequência deste acidente, a morte, por afogamento, de 47 militares".

Para não dar azo a especulações, o ministro do Exércitofoi nomeou (e mandou de imediato paar o CTIG) o cor cav Fernando Cavaleiro, o "herói da ilha do Como" (1964), a fim de instruir localmente o processo de averiguações. Não sabemos quanto tempo levou a instrução do processo, mas temos um resumo das conclusões preliminares do cor cav Fernando Cavaleiro, publicado no jornal "Província de Angola", em data desconhecida, conforme recorte que nos foi enviado pelo nosso camarada José Teixeira (**).

Ainda não tivemos acesso ao relatório original, mas tudo indica que há nele erros factuais graves, permitindo ytirar conclusões enviesadas que acabam por escmotear, ignorar ou branquear a responsabilidade do 2º comandante da operação, que ultrapassou o oficial de segurança, o alf mil Diniz. Na última e trágica viagem, em vez de 2 pelotões, a jangada levou o dobro, contrariamente as regras estabelecidas pelo alf mil Diniz... Mas este era o "ejo mais fraco" da cdeia hierárquica e acabou por ser o "bode expiatório" de toda esta história que ainda continua mal contada...

Daqui a menos de 9 meses,  comemora-se os 50 anos deste trágico evento... E muita água ainda há-se passar sob as pontes do rio Corubal até que se saiba a verdade ou toda a verdade sobre esta tragédia que ensombrou o primeiro ano do consulado do Spínola. (***)

Para já temos prometido um encontro com o ex-alf mil José Luís Dumas  Diniz (, da CART 2338), responsável pela segurança da jangada que fazia a travessia do rio Corubal, em Cheche, aquando  da retirada de Madina do Boé.  Tenho os seus contactos, a data do nosso encontro ainda foi maracad mas é apenas uma questão de mútua conveniência. O ex-alf mil Diniz mostrou-se interessado em contar, ao nosso blogue, a sua versão dos acontecimentos. Bem haja!... Porque, afinal, o que nos move é a procura da verdade e só da verdade...
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Notas do editor:




Vd. também 29 de março de 2010 > Guiné 63/74 - P6063: Recortes de imprensa (23): O desastre do Cheche, no Rio Corubal: excertos de artigo de Teresa Firmino, Público, 6/12/2009

terça-feira, 22 de maio de 2018

Guiné 61/74 - P18663: Memória dos lugares (376): Cheche , rio Corubal e Madina do Boé, uma trilogia trágica (Xico Allen / Zélia Neno / Albano Costa)


Foto nº 1


Foto nº 2 


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5

Guiné-Bissau > Região do Boé > > Boé > 1998 > Embora esta zona ainda hoje seja pouco habitada, o Xico Allen encontrou e fotografou população civil quando lá esteve em 1998, com o António Camilo, o algarvio, e outros camaradas, mais a sua ex-esposa, Zélia Allen (, hoje Zélia Neno, ,membro da nossa Tabanca Grande). Na época o grupo de portugueses que se deslocou ao Boé, partiu de Quebo (Aldeia Formosa), tomando uma picada existente sempre junto à fronteira com a Guiné-Conacri até á povoção do Boé, nas proximidades da antiga Madina de Boé, nosso aquartelamento e tabanca (, cuja retirada, recorde-se, foi no dia trágico de 6 de fevereiro de 1969).

No regresso, o Xico Allen e amigos vieram pelo Cheche [foto nº 4], onde atravessaram o Rio Corubal, seguindo depois para o Gabu (ex-Nova Lamego). Em Cheche, ponto de cambança, fizeram questão de lembrar (e rezar por) os 46 camaradas desaparecidos (mais 1 civil) no trágico acidente de 6/2/1969, no decorrer da Op Mabecos Bravios.

Trinta anos depois da retirada de Madina do Boé (em 6 de fevereiro de 1969) ainda continuavam vísiveis os sinais das emboscadas e das minas... Restos de viaturas das NT abandonadas  eram verdadeiros fantasmas dos tempos de guerra... Julgamos que entretanto, nestes últimos 20 anos, foram retirados ou destruídos todos estes vestígios "arqueológicos" da guerra colonial. [Fotos nºs 1, 2 e 3]

Na realidade, eram fntasmas da guerra colonial que, de tempos a tempos, perturba(va)m a paisagem e o viajante...

A foto nº  4 foi tirada intencionalmente no meio do rio Corubal, de trágicas memórias para as NT, vemdo-se ao fundo a praia fluvia do Cheche, com rampa de acesso, na viagem de regresso a Quebo (Aldeia Formosa) - Boé - Cheche- Gabu (Nova Lamego).

A foto nº 5 mostra a famosa fonte da Colina do Boé, com ornamentação de azulejo português, pintado à mão, de 1945.  Os vestígios de impacto de balas de armas automáticas são mais do que óbvios.
O Xivo Allen

Esta famosa fonte da Colina do Boé é um sítio onde se concentra(va) alguma população civil da escassa que há (havia) nesta região semidesértica, e a única da Guiné que é, de resto, acidentada (com cotas que sejam quase aos 300 metros).


Fotos (e legendas): © Francisco Allen / Albano M. Costa (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. O Xico Allen (ex-1.º cabo at inf, CCAÇ 3566, "Os Metralhas", Empada, 1972/74, foto à direita), é  um dos primeiros membros da Tabanca Grande, registados em 2006,  tal como o Albano Costa,   foi um dos primeiros camaradas a voltar á Guiné, depois da independência. E nos últimos anos chegou lá mesmo a lá viver.

De acordo com as memórias da Zélia Allen, também nossa tabanqueira, o casal Allen visitou a Guiné do pós-guerra, em abril de 1992, mais um outro casal, o Artur Ribeiro e a esposa. Voltaram em 1994, desta vez foram 3 casais e conseguiram ir a Empada, onde o Xico tinha feito a sua comissão. Uma terceira viagem ocorreu em 1996 e uma quarta em 1998.

 E prossegue a ex-esposa do Xico, a Zélia Neno:

"Lá chegados, passamos uns 2 dias em Bissau e, num jipe alugado, viajámos para o interior, tendo como destino Empada, onde estivemos 2 dias. Aí sim, a experiência foi única até hoje, pois dormimos, comemos e tomamos alguns banhos na tabanca, onde luz só a da lua, das estrelas e da nossa lanterna pois desde a saída da tropa portuguesa não mais houve energia assim como outros bens essenciais, desde material escolar, medicamentos e alimentação. Os banhos, se assim se podem chamar, eram feitos despejando cabaceiras cheias de água retirada de um poço que gentilmente algumas mulheres nos iam entregando, fazendo-os passar por cima de um cercado e que funcionava como banheiro e não só...

(...)"No sábado regressámos a Bissau(...). No domingo à noite, com a chegada do avião,iria juntar-se a nós um grupo de 10 pessoas, 7 deles ex-combatentes, na sua 1ª romagem de saudade que,  como todos os outros era a concretização de um sonho, sendo um deles o Sr. Casimiro, aqui do Porto, que se fez acompanhar pelo seu jovem genro, o Carlos, e outros seus amigos e companheiros de guerra, tendo então eu a oportunidade de conhecer o Sr.Armindo, de Moreira de Cónegos, o Sr. Camilo, do Algarve, o Sr. Pauleri, de Vizela, o Sr.Amílcar, aqui de Gaia, único que levou a esposa sendo assim eu beneficiada pois tive companheira para o resto da estadia e dos restantes lamentavelmente não me recordo dos nomes.

"O que não esquecerei nunca, foi poder ver a alegria misturada com a emoção, quando chegámos a Jumbembem, local bem conhecido deles, pois mais não me pareciam do que crianças irrequietas em pleno Portugal dos Pequeninos, tentando ver todo o canto e recanto onde viveram outrora." (...).




Guiné > Região do Boé > Rio Corubal > Cheche > 6 de fevereiro de 1969 > A famigerada jangada que servia para transporte de tropas e material, numa das últimas travessias, aquando da retirada de Madina do Boé. Foi neste pedaço de rio que pereceram 46 militares e um civil.

A foto, histórica, é do comandante da Op Mabecos Bravios, o então cor inf Hélio [Augusto Esteves ] Felgas (1920-2008). Reproduzida com a devida vénia de Camões - Revista de Letras e Culturas Lusófonas, n.º 5, abril-junho 1969, pág. 15 (publicação editada pelo Instituto Camões; o n.º 5, temático, foi dedicado ao "25 de Abril, revolução dos cravos).


2. Julgo que,  para a Zélia,  aquela, a de 1998, foi a sua última viagem à Guiné, mas não para o Xico, que continuou a lá ir rgulamente. As fotos que hoje republicamos, em formato "extra large", são dessa viagem de 1998, em que o Xico, a Zélia, o Camilo e outros camaradas e amigos, que foram até à região do Boé, a partir de Quebo, no sul, seguindo a estrada junto à fronteira. Estiveram em Boé, não sei se chegaram a ir a Beli, e seguiram depois pela antiga picada que, indo por Cheche e Canjadude, ia dar a Gabu (Nova Lamego)... 

Fizeram, por isso, o mesmo percurso das NT, no âmbito da Op Mabecos Bravios (1-7 de fevereiro de 1969), ou seja a picada Madina do Boé-Cheche-Canjadude-Gabu. 

Xico Allen (Vila Nova de Gaia)
Estas fotos do Xico Allen têm um enorme interesse documental (tal como as fotos do álbum do Manuel Coelho, ex-fur mil trms da CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68), embora já tivessem sido publicadas, em formato reduzido,  em 6/2/2006, no poste 500 (*).


Na altura, o Xico ainda não era nosso tertuliano (ou tabanqueiro), alegadamente por não ter endereço de email... Mas creio que já estava reformado da atividade bancária. Aliás, em conhecia-o, pessoalmente, a ele, ao Albano Costa , ao Hugo Costa e ao Zé Teixeira, em 31/12/2005, na Madalena, Vila Nova de Gaia, quando me fizeram
uma visita de surpresa, na casa dos meus cunhados onde passei o Natal e o Ano Novo.

Albano Costa (Matosinhos)
Foi o Albano Costa quem , nesta transação, serviu de intermediário, sendo ele mais antigo no blogue (, é membro da nossa Tabanca Grande desde 21/11/2005).  Eis um excerto da mensagem do Albano (que voltaria à Guiné em 2000):

"Caro amigo Luís Graça: Envio sete fotos sobre Madina de Boé, a picada onde foram destruídas várias viaturas durante a guerra colonial, a fonte da Colina de Medina e a população civil de Madina. Luís, vou procurar nos meus arquivos para ofereceres essa imagem ao Mário Dias de uma placa que existe no Boé sobre o Domingos Ramos [, seu amigo e camarada do 1º CSM - Curso de Sargentos Milicianos, em 1959],

"Estas fotos são do arquivo do Francisco Allen: ainda hoje estive com ele, fica contente em saber que são úteis, as fotos. Um abraço, Albano Costa".



Guiné > Carta da província > 1961 > Escala 1/500 mil > Pormenor da região do Boé > .Pormenor do Gabu (Região de Gabu), passando pela antiga Madina do Boé, Cheche e Canjadude.

Fonte: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2018).


 3. Comentário do editor LG:

A independência unilateral da Guiné-Bissau foi declarada em 24/9/1973, não em Madina do Boé (como fez  crer a propaganda do PAIGC durante muitos anos...), mas na região fronteiriça, a leste, alegadamente em Orre Fello, perto de Lugajole, mas já em território da Guiné-Conacri.  Por razões óbvias de segurança... Foi uma das maiores operações de propaganda (e de ofensiva diplomática), a nível interno e externo, dirigidas pelo  PAIGC, já órfão do seu líder histórico, Amílcar Cabral.

Sobre o desastre do Cheche [, o toponómimo correto é Ché-Ché, mas todos dizemos e escrevemos... Cheche], vd aqui.

E a propósito, apraz-me dizer, aqui, aos meus amigos e camaradas da Guiné, que há umas semanas atrás, apareceu-me agora, ao telefone, o Diniz, o ex-alf mil José Luís Dumas Diniz (, da CART 2338), responsável pela segurança da coluna da retirada de Madina do Boé, a fatídica coluna que teve o trágico acidente, na travessia de jangada,  no Rio Corubal, em Cheche, em 6 de fevereiro de 1969 (. Eu já estava mobilizado para a Guiné mas lembro-me da comoção que me provocou a notícia, que foi título de caixa alta  nos jornais de Lisboa)...

O Diniz foi julgado, creio, em tribunal militar, e foi absolvido... O próprio Spínola terá sido uma das testemunhas de defesa... Era preciso um "bode expiatório", o elo mais fraco da cadeia hierárquica...  Ele quer dar-me/nos a versão dele... Vou combinar um almoço com ele... Ele chegou até nós através do Fernando Calado, nosso grã-tabanqueiro, outro camarada e amigo desse tempo (Bambadinca, CCS/BCAÇ 2852, 1968/70)... 

Portanto, felizmente,  o Diniz está vivo e está disposto a falar.,, Já correram rios de tinta sobre o desastre de Cheche, mas falta-nos, em primeira mão, o depoimento de um ator-chave, o nosso camarada responsável pela segurança da jangada... Ele vive entre Cascais e Coruche, se bem percebi... Um dia destes, eu, ele e o Fernando Calado, vamos até à Casa do Alentejo pôr a conversa em dia... LG

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15714: Efemérides (211): "Desastre na Guiné", título de caixa alta, da 2ª edição do "Diário de Lisboa", de 8/2/1969






Primeira página do "Diário de Lisboa", de 8 de fevereiro de 1969, 2ª edição. Apesar da censura, a notícia (lacónica) da tragédia no Rio Corubal, ocorrida em 6/2/1969, passou na imprensa escrita da época. (Repare-se que não há qualquer referência à retirada de Madina do Boé; o leitor fica com a ideia de que foi apenas um acidente com um jangada,  embora com trágicas consequências; não sei se chegou a ser dado conhecimento aos portugueses dos resultados do "inquérito às circunstâncias que envolveram, o acidente"). 

Recordo-me de ter lido esta notícia e de ter ficado perturbado. Era então 1º cabo miliciano em Castelo Branco, no BC6, e ainda não sabia que já estava (ou estava para ser) mobilizado para a Guiné... LG



(1969), "Diário de Lisboa", nº 16573, Ano 48, Sábado, 8 de Fevereiro de 1969, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_7148 (2016-2-6)


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Nota do editor:

Último poste da série > 6 de fevereiro de 2016 > Guiné 63/74 - P15713: Efemérides (210): Triângulo do Boé, num total de 119 militares tombados, 47 só no dia 6 de Fevereiro de 1969, no Rio Corubal, no desastre da jangada, na sequência da retirada de Madina do Boé (José Martins)

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Guiné 63/74 - P15713: Efemérides (210): Triângulo do Boé, num total de 119 militares tombados, 47 só no dia 6 de Fevereiro de 1969, no Rio Corubal, no desastre da jangada, na sequência da retirada de Madina do Boé (José Martins)

1. Mensagem de hoje, 6 de Fevereiro de 2016, do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com mais um trabalho, desta vez a propósito do 47.º aniversário daquele que foi um dos mais trágicos dias da nossa guerra, o desastre do Che-Che.

Boa madrugada
Aqui vai o que me ocorreu, neste 47.º aniversário do Desastre do Cheche
RIP
José Martins




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Nota do editor

Último poste da série de 6 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15712: Efemérides (209): Há 47 anos, 47 baixas mortais... Em 6/2/1969, em Cheche, no Rio Corubal, no desastre da jangada, na sequência da retirada de Madina do Boé