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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10561: O PIFAS de saudosa memória (16): Compactos de gravação, Parte II: excerto áudio de "Noite 7" (emissão especial aos sábados) (Garcez Costa, ex-fur mil, 1970/72, ex-radialista)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Abril de 2011:

Queridos amigos,
“Alvorada em Abril” é um testemunho determinante para se entender o desencadeamento das operações que levaram ao derrube do antigo regime.
Otelo Saraiva de Carvalho rememora acontecimentos militares e descreve o que viu na Guiné, teatro de operações que teve um papel crucial na génese do Movimento dos Capitães.
A tal propósito, deixa-nos as suas impressões sobre os acontecimentos de 1970 a 1973, naturalmente controversos mas com uma importância soberana.

Um abraço do
Mário


Otelo Saraiva de Carvalho e a Guiné

Beja Santos

"Alvorada em Abril "é o título das memórias de uma figura lendária do 25 de Abril em torno da história portuguesa dos anos 50 aos anos 70, culminando com a concepção e execução do derrube do regime chefiado por Tomás e Caetano. Temos nestas memórias o que para ele foi determinante, no seu percurso pessoal e no seu modo de interpretar os acontecimentos contemporâneos, a génese e o triunfo do Movimento dos Capitães e como este desaguou no 25 de Abril ("Alvorada em Abril", Editorial Notícias, 4ª Edição, 1998). A sua terceira e última comissão foi na Guiné, pelo que tem todo o sentido fazer o registo das suas lembranças e observações.

Ele parte para a Guiné em Setembro de 1970 e logo recorda que se encontrava em Nova Lamego, em 22 de Novembro, quando soube da invasão da Guiné-Conacri. A notícia deixou-o estupefacto, ele que trabalhava em Bissau de nada sabia e acrescenta que posteriormente veio a saber que o assunto já era discutido pelas mulheres dos oficiais nos cabeleireiros da Baixa de Bissau antes de se ter realizado. Nessa noite, enquanto decorria a operação, houvera vigília em Bissau, Spínola aguardava ansioso das notícias da missão rodeado dos seus leais colaboradores, tenente-coronel Robin de Andrade, major Firmino Miguel e major Jorge Pereira da Costa. E adianta: "Ainda hoje desconheço quais seriam, exactamente, os objectivos da missão, mas parece não restarem dúvidas de que, entre eles, estariam os assassínios de Amílcar Cabral e de Sékou Touré, o silenciamento da Rádio Conacri, a destruição de sede do PAIGC, a destruição de aviões na base aérea local e a libertação de prisioneiros de guerra portugueses retidos nas prisões da cidade".

Dá-nos em água-forte um retrato de Spínola que culmina com uma apreciação corrosiva: "Medularmente vaidoso e autoritário, sempre o reconheci totalmente incapaz de se atribuir o mínimo erro ou de debitar a mais suave autocrítica. Sendo detentor da razão e da verdade absolutas, era com displicência e sem remorso que liquidava o bode expiatório escolhido para arcar com as responsabilidades de qualquer falhanço pessoal... demagogo em extremo nunca entendi com clareza se as qualidades que nele admirava era autênticas e humanas ou se cultivadas com esforço a fim de construir artificialmente uma personagem".

Descreve o seu trabalho no QG e alude mesmo o nome de oficiais milicianos, da extrema-direita, que mais tarde acompanharão Spínola na aventura do MDLP. Colocado na Subsecção de Operações Psicológicas, assistiu ao exibicionismo propagandístico é à construção de imagem que Spínola quis criar em Portugal e internacionalmente, o que ele procurava era sugerir um extraordinário surto de progresso na Guiné com a sua governação e minimizar os êxitos no combate do PAIGC. Narra peripécias com jornalistas internacionais, certames de propaganda, a realização de Congressos do Povo. Refere os efectivos militares, do lado português e os do PAIGC, as argumentações de aliciamento, de um lado e do outro. A narrativa não é cronológica, dá saltos, vai até ao futuro repentinamente, conta histórias passadas, de supetão. Está-se a falar da propaganda do PAIGC, seguem-se referência ao seu programa político, destaca-se a figura de Rafael Barbosa como agitador, que foi preso em Março de 1962, tendo permanecido encerrado num cubículo durante quase 8 anos, onde foi espancado e torturado. Em Agosto de 1969, Spínola ordenou que fosse libertado. Tempos mais tarde, Rafael Barbosa manifestará publicamente o seu arrependimento por ter aderido à luta armada. Em 1977, será julgado em Bissau pelo PAIGC pelo crime de traição ao partido e ao povo e ser-lhe-á comutada para 15 anos de prisão a pena de prisão perpétua a que fora inicialmente condenado.

Já em 1973, o autor descreve a chegada dos mísseis terra-ar Strella e depois depõe sobre o controverso "I Congresso dos Combatentes do Ultramar". Para Otelo, os organizadores eram antigos oficiais milicianos com ideologia de extrema-direita que garantiam publicamente ao regime a entrega devotada dos oficiais das Forças Armadas à nobre missão de, através da continuidade da guerra colonial, assegurar a perenidade da Pátria. Os oficiais do quadro ter-se-ão apercebido da essência da manobra e reagiram. Almeida Bruno terá sido quem mais actividade desenvolveu, promovendo uma resposta concertada. Para os oficiais na Guiné já não subsistiam dúvidas que o Governo procurava tirar dividendos da "entusiástica adesão dos patrióticos combatentes do Ultramar". E escreve: "Enquanto em Lisboa Ramalho Eanes, Hugo dos Santos, Vasco Lourenço e outros encabeçavam um vasto movimento de protesto, eram recolhidas na Guiné 400 assinaturas de oficiais do QP com a mesma intenção, subscrito em primeiro lugar por oficiais possuidores das mais elevadas condecorações”. O autor inscreve estes acontecimentos num processo mais vasto de descontentamento das Forças Armadas que veio a ser ateado pelo Decreto-Lei nº 353/73, nova peça da bola de neve que irá conduzir à queda do regime.

Passando para outro campo de considerações, Otelo de Saraiva de Carvalho fala dos acontecimentos de Guileje, em Maio de 1973, quando o major Coutinho e Lima mandou evacuar o aquartelamento, para tal escrevendo: "Para o major Coutinho e Lima o motivo era suficientemente forte: incontável número de flagelações da artilharia inimiga tinha destruído quase por completo as instalações aquartelamento e o moral do pessoal. Apesar dos pedidos insistentes e aflitivos, o apoio aéreo não fora concedido, no receio de que a acção fosse um chamariz para o abate de mais alguns aviões. Ao ter notícia da evacuação, Spínola não viu outra alternativa senão ordenar a prisão de Coutinho e Lima e mandar instaurar-lhe um auto de corpo de delito por crime essencialmente militar de cobardia: abandono de praça militar ao inimigo". É neste contexto que surge Manuel Monge, graduado em major, foi sobre os seus ombros que caiu a responsabilidade de aguentar a tragédia de Gadamael.

Estamos praticamente no final na sua narrativa referente à Guiné. Marcelo Caetano decidira, em 1972, apoiar a nomeação de Américo Tomás para novo mandato. Spínola considerava que gozava de alguns apoios muito influentes do panorama político e financeiro português (Azeredo Perdigão, Jorge de Melo, Manuel Vinhas, António Champalimaud). Em Agosto de 1973, Spínola regressa a Portugal, é promovido a general de 4 estrelas e nomeado vice-chefe do EMGFA. Spínola mudara, observa o autor. Fizera um longo, longo percurso, fora administrador e colaborador do boletim da Legião Portuguesa, no início da carreira; baseado na sua experiência guineense, sentia-se agora apto a defender o federalismo para contornar uma guerra não susceptível de ter solução militar.

Em Setembro de 1973, Otelo Saraiva de Carvalho participa pela última vez numa reunião do Movimento de Capitães, em Bissau. E escreve: "Exactamente três meses depois da minha chegada a Bissau seguirei para a metrópole em fim comissão. Recebo a incumbência de, em Lisboa, de me integrar no Movimento e ser o porta-voz das preocupações que assaltam os camaradas no TO da Guiné". Preocupações que ele desenha num quadro de tintas carregadas: é previsível que o PAIGC irá proclamar a independência do território. Nas reuniões do Movimento dos Capitães em embrião já se debate o que irá mudar com essa independência reconhecida pela ONU. E escreve: ”O Governo Central não proporcionará às Forças Armadas no TO da Guiné qualquer apoio, provocando a sua derrota calculada para as transformar em bode expiatório da perda da colónia como acontecera antes com o Estado da Índia, e canalizar todo o esforço militar para a defesa de Angola.”

E tece o seu comentário sobre o que se estaria a passar na mente de Marcelo Caetano:” Em entrevista concedida por Marcelo Caetano no Brasil, em 1977, a um jornalista português, o antigo Presidente do Conselho confirma que tencionava na verdade provocar a queda da Guiné através de uma derrota militar para, salvando a face do regime, reforçar a todo o custo a defesa de Angola por tempo ilimitado. Não posso acreditar que Spínola não estivesse perfeitamente consciente de todo este drama. Considero, pelo contrário, que essa seria a razão fundamental que o teria levado a não regressar para concluir o sexto ano do seu mandato. Ele não poderia nunca, após mais de cinco anos de intensa actividade desenvolvida na Guiné e que era para si motivo de orgulho e honraria, transformar-se no comandante-chefe de umas Forças Armadas enxovalhadas e derrotadas em consequência da ineficácia do regime.”
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8209: Notas de leitura (235): O Meu Testemunho, uma luta, um partido, dois países, por Aristides Pereira (3) (Mário Beja Santos)

domingo, 7 de outubro de 2012

Guiné 63/74 - P10492: O PIFAS de saudosa memória (15): Compactos de gravação, Parte I (Garcez Costa, ex-fur mil, 1970/72)



Vídeo (6' 23''):  Guiné, Bissau, PFA - Programa das Forças Armadas, s/d []c. 1970/72]... Alojado no You Tube > Nhabijoes

© Garcez Costa (2012) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guine. Todos os direitos reservados


1. Mensagem do Garcez Costa, ex-radialista do PFA - Programa das Forças Armadas (1970/72), com data de 21 de setembro último:




De acordo com a promessa seguem anexados 3 compactos de gravações que aqui e acolá foram para o ar...

A compilação está referenciada com os indicativos:
1 - P.F.A. (Programa das Forças Armadas)
2 - P.F.A. Nocturno
3 - Noite 7 (Emissão especial aos Sábados)

Viva o Pifas e quem o apoiar!
G.C.  [Garcez Costa]
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 17 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10393: O PIFAS de saudosa memória (14): Garcez Costa e mais alguns camaradas do seu tempo (1970/72)

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Guiné 63/74 - P10345: O PIFAS, de saudosa memória (12): Excerto áudio... (Tony Sacavém)



Extrato de uma crónica do PFA - Programa das Forças Armadas. Texto atribuído a Júlio Montenegro. s/d [Julho de 1969? junho de 1971 ?]. Excerto áudio enviado por Tony Sacavém. 

Vídeo (4' 05'') disponível em You Tube > Nhabijões. Edição do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012).

1. Mensagem do nosso leitor (e camarada) Tony Sacavém,


De: Tony Sacavém [ an_ter_bar@hotmail.com ]

Data: 6 de Setembro de 2012 01:18

Assunto: Blogue - Pifas


As minhas saudações.

Andando eu a pesquisar na Internet algo sobre a Guiné portuguesa, eis que apareceu a tua página. Tanto li e reli as várias insertas no Google que foi com surpresa que de repente figurou o meu nome como fazendo parte da equipa de 70/72, [do PFA].

Tenho fotos da altura e também de um jantar de confraternização nos anos 80. Junto em anexo um pedaço de uma gravação que,  se foi para o ar na sua totalidade,  foi porque nesse dia a censura estava de folga. Parte do texto é da autoria do Júlio Montenegro, nome que creio não está referido, e que foi alguém que me ensinou muito sobre como escrever textos radiofónicos.

Qualquer esclarecimento sobre a história do PFA,  estás à vontade. Por exemplo, o criador do boneco [, o PIFAS,] sempre o conheci pelo nome de Jorge Henrique. Penso que exercia as funções de desenhador junto com o José Avelino. Tinham ambos o curso da Escola António Arroio.

E mais não digo... (como se dizia nos autos da tropa)

Tony Sacavém


2. Comentário de L.G.:

Tony, obrigado pelo envio deste preciosidade... Estamos mesmo interessados em conhecer melhor a história do PFA, de saudosa memória. Por exemplo, não sabíamos que o jornalista, realizador, produtor e apresentador de rádio e televisão Júlio Montenegro tinha feito parte da equipa do PFA. 

Gostaríamos também de te convidar para integrar esta comunidade virtual dos amigos e camaradas da Guiné. Se aceitares, manda-nos, de acordo com as nossas regras bloguísticas, uma foto do teu tempo de tropa e uma atual. E conta-nos algo mais sobre o teu tempo no PFA - Programa das Forças Armadas... Com quem trabalhaste ? Quando ? Donde vieste ? O que fizeste depois da passagem á peluda ?... Queres contar-nos algo mais ?... Por enquanto blogar não paga imposto à Troika... E já agora, de que data é o programa ? Julho de 1969, pela referência à alunagem da Apolo 11 ? De que são as vozes que se ouvem ? 9 de junho de 1971, a avaliar pela notícia da flagelação de Bissau com um ou mais foguetões 122 mm, por volta das  21h45  ? 

Um grande Alfa Bravo (ABraço).
___________

Nota do editor:

Último poste da série > 26 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9666: O PIFAS, de saudosa memória (11): Também havia relatos da bola, em março de 1970... (Arménio Estorninho)



sexta-feira, 9 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9589: O PIFAS, de saudosa memória (8): "Emoções", programa de música, Antena 1, sábado, 10 de março, das 5 às 7h da manhã: ouvir a voz do João Paulo Diniz, 40 anos depois...

1. Há dias o antigo locutor do PFA - Programa das Forças Armadas, no CTIG, onde cumpriu serviço militar (de agosto de 1970 a agosto de 1972), João Paulo Diniz,  descobriu o nosso blogue e entrou em contacto connosco (vd. poste P9572, de 6 do corrente:


(…) Através de um Amigo que muito prezo, o Joaquim Furtado, soube - há dias - da existência do blogue 'Tabanca Grande', dedicado aos que passaram pela Guiné, como militares. Desde já felicito os seus mentores, não só pela ideia mas também pelo conteúdo, deveras interessante.

Fiquei particularmente feliz pelas referências ao "Programa das Forças Armadas", carinhosamente designado por 'Pifas'. Confesso que, como profissional, foi das experiências mais extraordinárias que tive na minha carreira.

Também fiquei a saber que está previsto um convívio da rapaziada, a ter lugar no dia 21 de Abril, [em Monte Real, Leiria]. Desde já, se me permitem, gostaria de me inscrever. Mas também solicito o favor de que me sejam enviadas, por mail, mais informações acerca da festa, para que possa fazer a sua divulgação no meu programa "Emoções", na Antena-1. (…).

2. Sobre o programa "Emoções" que é pré-gravado (e não tem podcast), sabemos que há camaradas nossos que são fãs, embora ele passe, na Antena 1, aos sábados, a horas pouco sociais, das 5 às 7h da manhã...

Há, aliás,  pouca informação sobre o programa, no sítio da RTP:

"Na transição da noite para o dia, entre as 5 e as 7 da manhã de cada sábado, partilhe as Emoções de um programa de Rádio - feito para si. Emoções, com João Paulo Diniz".


GÉNERO: Música 

FICHA TÉCNICA:
Realização: João Paulo Diniz
Autoria: João Paulo Diniz
Com: João Paulo Diniz

Antena1
Próximo programa: 2012-03-10
05:07h

CONTACTOS:
emocoes@rtp.pt

3. No próximo sábado, dia 10,  o João Paulo Diniz vai falar do blogue e do nosso VII Encontro, segundo a informação que nos deu ao telefone. Já está, de resto, inscrito para o nosso encontro em Monte Real, dia 21 de Abril.

Esperemos nessa altura poder conhecê-lo pessoalmente e partilhar, ao vivo, as "emoções" de um camarada que conheceu por dentro o PIFAS e o ambiente de Bissau, no início dos anos 70. Bem vindo a bordo, camarada!Entretanto, e de acordo com a sondagem, em linha, que temos em curso há dois, e à qual já tinham respondido ao fim da manhã 43 leitores, mais de dois terços (69%)  ouvia o PFA, com maior (todos ou quase todos os dias: 37%) ou menor regularidade (32%)... As restantes  respostas (31%) distribuíam-se do seguinte modo: (i) não se interesssavam (9%), (ii) não tinham aparelho de rádio ou tinha dificuldade, no mato,  em  sintonizar o programa (11%); e, por fim, (iii) não eram do tempo do PIFAS (11%).



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ÚLtimo poste da série:

7 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9576: O PIFAS, de saudosa memória (8): Homenagem aos atuais profissionais da rádio Armando Carvalhêda, João Paulo Diniz e Faride Magide, evocados aqui pelo nosso saudoso camarada Daniel Matos (1950-2011)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9574: O PIFAS, de saudosa memória (7): Quando a malta do SPM dava música... e o Armando Carvalheda e o Carlos Fernandes eram locutores... (Hélder Sousa, Armando Pires, António Carvalho)

1. Comentários ao poste P9558


(i) Hélder Valério  


 Caros camaradas:


Sim, também me lembro do PFA  que, na gíria, era mais conhecido pelo PIFAS, conforme comentário anterior do Henrique Cerqueira. Mas, neste momento, a 'sintonia' está fraca, tenho que me esforçar mais para conseguir obter 'imagens radiofónicas' mais nítidas.


O Rodero refere o Vítor Raposeiro como fazendo parte de um grupo que andou tocando pelos aquartelamentos. Disso não tenho ideia, mas já enviei mail ao Raposeiro para me falar disso ou, então, enviar directamente ao Blogue.


Do que sei, e disso com toda a certeza (porque eu estava lá), é que o Vítor não chegou a integrar a Escuta. Esteve em vários locais nas suas funções relacionadas com o STM:  Bissau, Bambadinca, Aldeia Formosa, Bula (ou Buba?), etc. mas na Escuta, não.


Dum modo geral, nessa época, era vulgar encontrar nos elementos das Transmissões camaradas que tinham relação estreita com a música. Faz sentido: a musicalidade do morse podia ser mais facilmente apreendida por essas pessoas.


Assim, naquela época, na Guiné, estiveram o Vítor Barros, o Eduardo Pinto e o Dutra Figueiredo,  elementos integrantes de um conjunto de Viseu, Os Tubarões, que foi um dos que foi à final do Concurso Yé-Yé no Cinema Monumental, em Lisboa. 


O Vítor Raposeiro era também (e é porque ainda está no activo) um excelente guitarrista e tocava num conjunto com alguma projecção aqui em Setúbal, o mesmo sucedendo com o meu amigo e camarada Nelson Batalha. Também o J. Manuel Fanha, que tocava órgão, era dum grupo de Tomar, foi do meu curso e esteve comigo na Escuta mas que me lembre só animava as noites no Chez Toi...


Vou aguardar por eventuais notícias dos meus amigos para poder avançar. Até lá, um abraço.
Hélder S.
  
(ii) Armando Pires

Se os documentalistas da nossa Tabanca Grande procuram que possa escrever a história do PIFAS, também podem contactar o Armando Carvalhêda (*), locutor da RDP-Antena 1,  e o Carlos Fernandes,  também locutor da RDP,  mas já reformado mas que o Carvalheda pode contactar. 


Curiosamente, quando fui para a Guiné, em fevereiro de 69, levava comigo uma carta para entregar à direcção do PIFAS, visto que também era locutor de rádio. Por razões que não interessam para esta história, não entreguei a carta.


(iii) António Carvalho:


Caros Tabanqueiros: Já por estes lados falei do Fernando Eurico Sales Lopes, primeiro Fur Mil Trms da minha companhia. Ele trabalhou no PIFAS  entre julho de 72 e meados de 1974. Nunca mais o vi. Foi por aqui referido que está em Macau. Tentei contactá-lo mas sem sucesso.


Era e espero que ainda seja e esteja bem disposto. Se ele aceder a este blogue  aproveito para lhe mandar um grande abraço. (**)


Carvalho de Mampatá

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Notas do editor:

(*) Armando Carvalhêda [, foto à esquerda, cortesia do blogue Expressões Lusitanas]:

(...) "Música ao vivo cantada na nossa língua. Um programa de Armando Carvalhêda.Desde 1996, a ANTENA 1 tem no ar o programa VIVA A MÚSICA!, único espaço regular no panorama áudio-visual nacional que apresenta semanalmente, durante uma hora música cantada na nossa língua, ao vivo e em directo. O programa desenrola-se no Teatro da Luz, em frente ao Colégio Militar, em Lisboa, todas as Quinta-feiras, entre as 15h00 e as 16h00 [, com repetição aos Domingos às 14:07], e é produzido por Ana Sofia Carvalhêda e realizado e apresentado por Armando Carvalhêda. Por aqui desfilaram já quase todas as grandes figuras da música cantada em português como são os exemplos de: Carlos do Carmo, Pedro Abrunhosa, Ala dos Namorados, António Chainho, Vitorino, Jorge Palma, Mariza, Gal Costa, Tito Paris, Sérgio Godinho, Paulo Gonzo, Pedro Barroso, Camané, GNR, Rui Veloso, Paulo de Carvalho, Rio Grande e Delfins, entre muitas dezenas de outros. Endereço de email: viva.musica@rtp.pt  (...) (Fonte: RTP)




(**) Vd. último poste da série > 6 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9568: O PIFAS, de saudosa memória (6): Recebia, via Marconi, a chave do Totobola e transmitia-a depois ao camarada João Paulo Diniz, do PFA (Álvaro Vasconcelos, Centro Recetor do Agrupamento de Transmissões de Bissau, jun 71/jul 72)

terça-feira, 6 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9568: O PIFAS, de saudosa memória (6): Recebia, via Marconi, a chave do Totobola e transmitia-a depois ao camarada João Paulo Diniz, do PFA (Álvaro Vasconcelos, Centro Recetor do Agrupamento de Transmissões de Bissau, jun 71/jul 72)

1. Mensagem do nosso  camarada Álvaro Vasconcelos,  ex- 1.º Cabo Transmissões do STM (Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72)
Data: 4 de Março de 2012 00:10
Assunto: PIFAS



Amigo Luís:

Sou "piriquito" nestas aventuras de escrever mensagens no correio electrónico: mas lá vai...
 

Quando estive no Centro Recetor do Agrupamento de Transmissões  de Bissau (de Junho de 71 a Julho de 72), recebia, via Marconi, a Chave do Totobola. Depois transmitia-a ao camarada João Paulo Diniz, locutor do PIFAS [, foto atual à direita, cortesia de RTP Memória], para ele dar a novidade o mais rapidamente possível aos ouvintes da Rádio no Programa das Forças Armadas (PIFAS). Recebia a dita logo depois das seis da tarde de cada domingo.

Luís, espero não estar a ser inconveniente para com o João Paulo Diniz, mas este camarada é apresentador de um programa da Antena Um, transmitido todas as madrugadas de cada sábado [, das 5h às 7h]. O nome do programa é Emoções, do qual eu sou ouvinte (quando não adormeço!...). Já tive oportunidade de o cumprimentar por esta via e ele teve a amabilidade de o focar no programa. Aconteceu vai para um ano! É um camaradão que certamente estará disponivel para camarigar connosco.

Desafio-te - com o devido respeito-, a, se te for possível, o contactares, aí em Lisboa. Tanto quanto julgo saber, ele é funcionário da RDP.

Luís, não tenho o prazer de te conhecer pessoalmente, mas permito-me solicitar que perdoes o meu infortúnio de não poder comprometer-me em ser mais útil. Nesta, para mim, complicada informática, mesmo a nível de simples utilizador, sou um "cepo" e não há meio de me desenrascar melhor.

Aprecia a minha limitada experiência: já tentei contactar mais de uma vez com o João Paulo e não voltei a conseguir!...

Assim, por favor, se for realmente possível aproveitar a informação que aqui deixo, espero ter contribuido para essa nova realidade da Tabanca Grande.


Um reconhecido agradecimento e Bem Hajas!


Álvaro Vasconcelos
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Nota do editor:

Último poste da série > 5 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9564: O PIFAS, de saudosa memória (5): Quando o Autocarro do Amor fazia escala na Guiné (Augusto Silva Santos)

segunda-feira, 5 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9563: O PIFAS, de saudosa memória (4): Discos pedidos: Para o Mamadu Djaló que firma no Catió, a canção de Gianni Morandi 'Não sou digno di bó'... (Luís Borrega / Joaquim Mexia Alves)

1. Comentário do Luís Borrega, ao poste P9558 (*)

Camaradas

Ainda me lembro do seguinte:

Numa programa de Discos Pedidos do PFA, foi mais ou menos isto:

Boa noite!
Aqui Programa das Forças Armadas...
Discos pedidos... 
Vamos dedicar a Mamadu Djaló que firma no Catió, a canção de Gianni Morandi "Não sou digno di bó "

... E depois tocou o disco (*)...

Abraço
Luís Borrega


2. Comentário de L.G.:

Já há uns bons atrás o Joaquim Mexia Alves se tinha lembrado dessa frase célebre que corria a toda a hora, no programa dos discos pedidos (vd. Poste P1322, de 27 de novembro de 2006):


(...) Li agora o último poste do Jorge Cabral e à conta da música e do crioulo, lembrei-me da célebre frase que corria na Guiné, dita na rádio (qual rádio?), no programa de discos pedidos, e que era assim, mais coisa menos coisa:
- Para Mamadu Djaló qui firma no Catió, Gianni Morandi canta Cá sou degno di bó!!!
Lembremo-nos que era uma célebre música desse cantor italiano, Gianni Morandi [n. 1944], do ano de 1964, e que tinha por título Non sono degno di te [Não sou digno de ti]. (...).

Também o Jorge Portojo se lembra de ouvir o Não sou digno di bó, lá em Catió, no Bar do Libanês, o que só vem  comprovar a fama e a longevidade quer do Gianni Morandi quer do Mamadu Djaló...

______________

Notas do editor:


(**) Gianni Morandi (n. 1944, Monghidoro,Emilia-Romagna, província de Bolonha, norte de Itália) (Vd. sítio oficial do cantor; mas também a Wikipédia).

 
Letra e música: Non son degno di te (Ver vídeo, aqui, no You Tube, com legendas em português)... A canção ganhou o Primeiro Prémio do Festival delle Rose, 1964...

O vídeo começa com um  militar de carreira,  já de idade madura, de bigodinho à moda dos anos 50/60, e acentuadas entradas na testa, a recordar o seu grande amor dos verdes anos, não correspondido... com Gianni Morandi, vestido de magala, aos 20 anos, fazendo serenata à janela da pequena... Um sucesso estrondoso nos anos 60, e um dos discos mais pedidos no PIFAS... ainda no início dos anos 70 (nesse ano, Gianni Morandi, representou a Itália no Festival da Eurovisão)... Recorde-se aqui o bel ragazzo, destroça-corações...

NON SON DEGNO DI TE
Migliacci-Zambrini

Non son degno di te
non ti merito più
ma
al mondo non esiste nessuno
che non ha sbagliato una volta

E va bene così
me ne vado da te
ma
quando la sera tu resterai sola
ricorda qualcuno che amava te.


Sui monti di pietra può nascere un fiore
in me questa sera è nato l’amore per te 

E va bene così
me ne vado da te
ma
al mondo no non esiste nessuno
che non ha sbagliato una volta
amor!

Non son degno di te
non ti merito più
ma quando la sera tu resterai sola
ricorda qualcuno che amava te
amore amor
amore amor.


Tradução livre (LG):

Não sou digno de ti,
não te mereço mais,
mas,
no mundo não existe
quem não tenha errado uma vez!


E está bem assim,

deixo-te,
mas,
quando à noite estiveres sozinha,
lembra-te de alguém que te amava.
Num monte de pedras pode crescer uma flor,

em mim, esta noite,   nasceu o amor por ti.

E está bem assim,
deixo-te,
mas,
no mundo, não, não existe ninguém, amor,

que não tenha errado uma vez!

Não sou digno de ti,

não te mereço mais,
mas, quando à noite estiveres sozinha,

lembra-te de alguém que te amava,
meu amor,

meu amor!

domingo, 4 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9558: O PIFAS, de saudosa memória (2): Depoimentos de David Guimarães, Joaquim Romero e António J. Pereira da Costa


Imagem à direita: O PIFAS - Cartoon, de autor desconhecido, enviado pelo Miguel Pessoa

1. David Guimarães [ex-Fur Mil Art Minas e Armadilhas, CART 2716/BART 2917, Xitole, 1970/72]:

Sobre o assunto em questão [, o PIFAS,]  proponho que procurem o João Paulo Diniz (ainda há dias o vi na televisão), vive por esses lados de Lisboa, creio eu. Ele mesmo foi locutor dos anos de 70/72 nessa rádio que conhecemos... 


Creio que por aí será fácil chegar a ele e ele terá então muitas histórias... E está vivo...


2. Joaquim Rodero [, ex-Fur Mil Trms, STM/QG, 1970/72]: Amigo Luís,  penso que um dos elementos a contactar, para te esclarecer sobre as actividades do PIFAS, será o ex-fur mil Vitor Raposeiro (, muito bom guitarrista!).  Fez parte do conjunto musical das Forças Armadas, que percorreu a Guiné em espectáculos ligados há acção psicológica , e era também elemento ligado à escuta das emissões da rádio Conacri , e que a partir do QG faziam o empastelamento dessas frequências de transmissão.


Também o Hélder Valério de Sousa esteve ligado à escuta, mas creio que não participou no Pifas, mas nada melhor que lhe perguntar. 


Recebe um abraço do Joaquim Rodero, extensivo a todo o corpo redactorial do blogue. 


3. António José Pereira da Costa [,  cor art ref, ex-alf art na CART 1692/BART 1914, Cacine, 1968/69,  e ex-cap art, cmdt da CART 3494/BART 3873, Mansabá, Xime e Mansambo, 1972/74] 


 Camarada,  sugiro um contacto com o locutor João Paulo Diniz que foi locutor do PFA-Noctuuuuuurrrrno! em 1971/72/73(?). Ele é capaz de ter bobines ou cassettes do tempo e contar aventuras. Por volta de Jun 72 havia programas dedicados às unidades que eram identificadas pelo nome de guerra e localidade.

Tenho um PIFAS que ainda guincha. Era um boneco de borracha que guinchava quando se apertava, vagamente parecido com [a mascote do programa televisivo] Zip Zip, mas de camuflado, rádio e gravador portátil. (...)



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Nota do editor:

Vd. poste anterior da série > 4 de março de 2012 > Guiné 63/74 - P9557: O PIFAS, de saudosa memória (1): Depoimentos de José da Câmara, Carlos Carvalho e Carlos Cordeiro

Guiné 63/74 - P9557: O PIFAS, de saudosa memória (1): Depoimentos de José da Câmara, Carlos Carvalho e Carlos Cordeiro



O PIFAS - Cartoon, de autor desconhecido, enviado pelo Miguel Pessoa


1. Já tínhamos, aqui no nosso blogue, três ou quatro referências ao PIFAS, acrónimo de Programa de Informação das Forças Armadas, que passava na rádio, na Guiné, no início dos anos 70... 


Alguns postes, avulsos, já foram aqui publicados sobre esse programa: recordo-me, por exemplo, do poste P6106, de 4 de abril de 2010, do Miguel Pessoal, com um história engraçada que envolve a Giselda; e de um outro mais antigo, o poste P3488, de 20 de novembro de 2008, da autoria do António Matos... Também o José Manuel Dinis se refere ao PIFAS, no seu poste de apresentação à Tabanca Grande (Poste P3147, de 24 de agosto de 2008)

" (...) Em Bajocunda criei a jornal Jagudi, que expandia textos de diversos camaradas, bem como, por vezes, transcrevia artigos de orgãos da comunicação social. O Jagudi ganhou alguma notoriedade porque era lido pelo João Paulo Diniz no PIFAS." (...) 

Mais recentemente o PIFAS veio à baila, a propósito do poste P9531 (veja-se o comentário do José da Câmara, a seguir no ponto 2). Tivemos necessidade de saber algo mais sobre esse programa radiofónico. Daí o nosso apelo, através de mensagem de 27 de fevereiro último, enviada pelo correio interno da Tabanca Grande:


Amigos e camaradas: Queremos saber (mais) coisas sobre o PIFAS - Programa de Informação das Forças Armadas... Artigos, notas, memórias, conteúdo dos programas, locutores, responsáveis, músicas que lá passavam... Obrigado pela vossa colaboração... Vamos abrir uma série sobre o PIFAS, se houver material... Um Alfa Bravo. Luis Graça

As respostas não se fizeram tardar, sob a forma de diversos depoimentos, informações, historietas, esclarecimentos, apontamentos, detalhes... Temos já aqui um conjunto interessante de informação que vamos começar a partilhar com todos os nossos amigos e camaradas. A quem já respondeu, o nosso muito obrigado. De quem tiver informação adicional, ficamos a aguardar que no la enviem, para publicação. Obrigado. (LG)

 2. Comentário de José da Câmara ao poste P9531

Caros amigos,

A programação do PIFAS era feita em Bissau, num edifício cercado de muros, que ficava um pouco acima do Clube de Oficiais da Força Aérea. Admito que a memória me falhe no pormenor da localização.

A segurança ao PIFAS, como era conhecida a Estação de Rádio, esteve a cargo da CCaç 3327, nos meses de Fevereiro e Março de 1971.

Nunca estive ligado àquela segurança, pelo que não posso acrescentar muita coisa de útil.
 Julgo saber que, ligados à Rádio na Guiné, durante algum tempo da sua comissão, açorianos foram dois: o Jorge Cabral, micaelense, já falecido, e o Álamo Oliveira que vive na Ilha Terceira.

Por Eurico Mendes, combatente em Angola, locutor e jornalista dos OCS portugueses, de New Bedford, soube que o Álamo lhe dissera que o Gen Spínola gostava de passar algumas horas nocturnas na estação do PIFAS.

A rubrica Discos Pedidos era, sem dúvida alguma, a mais popular entre os militares.

Naquele programa, em 1971/1972, também houve uma voz feminina.

Um abraço amigo,
José Câmara



A mascote do PIFAS, da autor desconhecido - Imagem enviada pelo Carlos Carvalho

3. Carlos Carvalho:

O PIFAS ficava situado em Bissau, tendo como locutor dinamizador nos programas de música pedida, e com concursos, entre 1970/1972, o conhecido locutor da Antena 1, João Paulo Guerra [ou João Paulo Diniz ?]. (*)

Tinha como boneco representativo, um boneco - o PIFAS - cuja imagem anexo.

4. Carlos Cordeiro:

Além do Jorge Nascimento Cabral, que faleceu há cerca de dois anos (na época era já funcionário do Emissor Regional dos Açores da Emissora Nacional),  também o António Lourenço de Melo, antigo locutor do ERA-EN, lá trabalhou (ambos de S. Miguel). Pedi-lhe já para nos fazer uma conferência integrada no ciclo: ainda não se decidiu, mas lá chegará. Julgo que não trabalhavam só na parte militar, mas também na civil, mas não tenho a certeza.

Não sabia que o Álamo de Oliveira também tinha trabalhado no PIFAS. 


Desculpa a minha “suspensão” das lides bloguísticas. Mas, “nesta fase da vida”, meti-me em demasiadas alhadas para as quais a pedalada já vai escasseando – por muito que me queira convencer de que não.

Um abraço do  Carlos (este e não o nosso Vinhal, para quem vai o meu abraço também)

PS - Penso que os dois não trabalharam simultaneamente. O Jorge era mais velho do que o Lourenço. Na altura em que o Lourenço de Melo lá esteve, quem controlava a Emissora era Otelo Saraiva de Carvalho (nada de certezas, pois foi em conversa de há tempos e posso estar a imaginar). 

[Continua]
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Nota do editor:

(*) Sobre o jornaliste radialista João Paulo Diniz [, que tem um programa de música, "Emoções", aos sábados, às 5h às 7h da manhã, na Antena 1]:

(...) "João Paulo Diniz trabalhou cerca de 30 anos da Radiodifusão Portuguesa (RDP), tendo na noite de 24 de Abril de 1974, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, lançado a música "E Depois do Adeus", de Paulo Carvalho, a senha que fez avançar a revolução que viria a derrubar o regime, então liderado por Marcello Caetano. Depois, na década de 1980, esteve na BBC, em Londres, e, entre Julho de 1997 e Dezembro de 1999, em Macau". (...) Fonte: Lusa, 11 de janeiro de 2008.

Ver também  Camões  - Revista de Letras e Culturas Lusófonas, Número 5 · Abril-Junho de 1999 > Cronologia do 25 de Abril

Dia 22 [de Abril de 1974]


c. 11H00 - O capitão FA Costa Martins contacta João Paulo Diniz, no Rádio Clube Português (R.C.P.), por incumbência de Otelo, que o tivera como subordinado no Comando Chefe na Guiné, com o objectivo de emitir um sinal radiofónico para desencadear o movimento. O radialista, que desconhecia o emissário, desconfia da sua identidade, mas aceita, depois de muito instado, aprazar um encontro entre os três, nessa noite, num bar lisboeta.

Dia 23 [de Abril de 1974] 
00h15 - Otelo Saraiva de Carvalho e Costa Martins, protegidos pelo major FA Costa Neves, avistam-se, no Apolo 70, com João Paulo Diniz. Este esclarece que apenas colabora no programa matutino Carrocel do R.C.P., razão pela qual não poderá emitir a senha pretendida. Obtêm, contudo, a garantia de transmissão do seguinte sinal, entretanto combinado, "Faltam cinco minutos para a meia-noite. Vai cantar Paulo de Carvalho «E depois do adeus»", através dos Emissores Associados de Lisboa (E.A.L), que apenas dispõem de um raio de alcance de cerca de 100 a 150 quilómetros de Lisboa. A limitada potência do emissor torna, assim, necessária a emissão de um segundo sinal, através de uma estação que alcance todo o País.

- Deslocam-se, seguidamente, para junto da Penitenciária de Lisboa, onde aguardam que o ex-locutor do Programa das Forças Armadas em Bissau obtenha informação no Rádio Clube Português sobre a constituição da equipa que entrará de serviço na madrugada de 25. Este apura que o serviço de noticiário estará a cargo de Joaquim Furtado mas, conhecendo-o mal, não arrisca estabelecer contacto.


Dia 24 [de Abril de 1974]:

(...) 11h00 - Carlos Albino adquire na então livraria Opinião o disco «Cantigas de Maio», para garantia, já que, desde Dezembro de 73 havia indícios de que a PIDE se preparava para um assalto aos escritórios do Limite, na Praça de Alvalade.

- O capitão Costa Martins contacta João Paulo Dinis e informa-o que o sinal foi antecipado em uma hora. (...)

22h55 - 1ª senha: a voz de João Paulo Diniz anuncia aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74 «E Depois do Adeus». Era o primeiro sinal para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas. (...)

Dia 25 [de Abril de 1974]:

00h00 - João Paulo Dinis conclui o programa nos E.A.L. e regressa a casa, seguindo instruções do chefe militar do MFA.

00h20 – Nos estúdios da Rádio Renascença, situados na Rua Capelo, ao Chiado, Paulo Coelho, que ignora os compromissos assumidos pelos seus colegas do programa Limite, lê anúncios publicitários. Apesar dos sinais desesperados de Manuel Tomás, que se encontra na cabina técnica acompanhado de Carlos Albino, para sair do ar, o radialista prossegue paulatinamente a sua tarefa. Após 19 segundos de aguda tensão, Tomás dá uma "sapatada" na mão do técnico José Videira, provocando o arranque da bobine com a gravação que continha a célebre senha: a canção Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso. (...)

Sobre o jornalista João Paulo Guerra, vd. entrada da Wikipédia.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9531: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (10): As vozes da nova música popular portuguesa (incluindo o Zeca Afonso) que chegavam ao CAOP1 através das ondas hertzianas da rádio

1. Pela rádio chegavam ao TO da Guiné vozes, música, notícias... de todo o mundo. Captava-se, em onda curta,  a BBC, mas também-se a Emissor Nacional, a Voz da América, a Rádio Moscovo... Pelo menos, em Teixeira Pinto, Mansoa, Cufar, que foram sucessivamente sede do CAOP1...

 No seu diário, o António Graça de Abreu (ex-Alf Mil do CAOP1, 1972/74) dá-nos conta de alguns desses encontros hertzianos com o mundo... A internet ainda estava para nascer, dali a 20 anos, mas o mundo já era cada vez mais global. E em 1973 acabava a época dos 30 gloriosos, os trinta anos de crescimento económico ininterrupto, os anos do milagre económico do Ocidente... A primeira grande crise petrolífera, a de 1973,  era também o primeiro grande sinal de alarme sobre o esgotamento de um certo modelo de produção e de consumo... 

 José Afonso (1929-1987), que morreu fez agora  25 anos, em 23 de fevereiro de 1987, é referido pelo AGA como tendo passado na emissora nacional (Bissau) com o seu belíssimo Traz Outro Amigo Também, um verdadeiro hino à amizade e à camaradagem (Do álbum do mesmo nome, gravado em Londres, nos estúdios da PYE, e editado em 1970; o que muita gente não sabe é a forte ligação, emocional e musical, do Zeca Afonso, a Africa, e em especial a Angola e Moçambique).

Por gentileza, generosidade e camaradagem do AGA, aqui ficam aqui mais quatro excertos do seu Diário da Guiné, 1972/74, de que temos um ficheiro em word, o mesmo que serviu de base à edição do seu livro Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp) (*).



(....) Canchungo, 17 de Julho de 1972

Soube pelo “Diário Popular” de anteontem, que traz fotografia e tudo, que em Cabo Ruivo foram postas bombas em treze camiões Berliet destinados ao nosso exército que sofreram assinaláveis estragos. É um protesto contra a política bélica do Marcello Caetano.

Na rádio, ouvi também o relato do sucedido. Tenho no meu quarto uma ligação a uma antena com 40 metros de altura, montada pelo meu companheiro, alferes Tomé, o chefe das transmissões do CAOP. Com o rádio em onda curta captam-se inúmeros postos com uma nitidez sensacional, é a BBC, Moscovo, a Voz da América, Tirana, a Rádio Voz da Alemanha, Argel, etc. Mais um entretenimento útil de que benificio e sou rapidamente informado do que acontece nos quatro cantos do mundo.

(...) Canchungo, 31 de Agosto de 1972

Na Guiné existe apenas uma emissora de rádio, prolongamento da Emissora Nacional. É divertida, tem anúncios locais, passa discos pedidos, acção psicológica, etc.

Há dias ouvi por várias vezes o seguinte mimo, mais ou menos nestes termos: “A Casa Pinto lamenta informar os seus excelentíssimos clientes que a aguardada remessa de camisas Lacoste foi mais uma vez desviada entre a origem e a cidade de Bissau pelo que não poderá ainda desta vez satisfazer as encomendas dos seus estimados clientes e amigos.” Onde foram parar as Lacoste, desviadas para onde e por quem?

Ao fim de quase dois meses a ouvir música fraquíssima, fui hoje surpreendido ao ouvir o meu bom amigo e colega de faculdade António Macedo cantar o “Cavaleiro cavalgando no meu sonho” e o José Afonso, o homem da “Grândola”,  a cantar “Traz outro amigo também”. Quer isto dizer que os discos existem em Bissau, só que os passam pouco. Deve ser por causa do calor e dos mosquitos que pousam no vynil dos LPs.

Outra surpresa nas minhas leituras de hoje, foi encontrar uma citação do Antigo Testamento. Diz: 'Os teus seios são semelhantes a dois filhotes de gazela pastando no meio de lírios'. Isto foi escrito há dois mil e novecentos anos pelo rei Salomão, no Cântico dos Cânticos e publicado, quem diria!, no Jornal do Exército português, número de Junho de 1972.

(....) Mansoa, 1 de Março de 1973

Escrevo deitado na cama, a prancha de contraplacado a servir de escrivaninha, por cima tenho a ventoinha a mandar vento.

Ouvi o Festival da Canção em directo de Lisboa, via rádio de Bissau. Ganhou a “Tourada” do Fernando Tordo e do Ary dos Santos, e muito bem. Se há reacções dos reaccionários é sinal de que vale a pena espetar “as bandarilhas da esperança” na fera cavernosa que há tantos anos decide o destino político de Portugal, este regime velho e caduco. Seremos um dia livres, na “Praça da Primavera”.

A poesia do Ary dos Santos, “poeta castrado, não!”, mas engordado e feminino, parece-me por vezes demasiado fácil, demagógica. É inferior a muita outra poesia aparentemente “chata” que se escreve em Portugal, mas a do Ary tem uma vantagem, chega facilmente à compreensão de grande número de pessoas. É importante porque abala as gentes, intervém.


(...) Cufar, 7 de Março de 1974

Neste exacto momento em Portugal, há milhões de pessoas especadas diante do televisor à espera do Festival da Canção.

Aqui na guerra do sul da Guiné, acabou de morrer um homem, outro está moribundo. Oiço o roncar dos motores do Nordatlas que, com a pista iluminada acabou de aterrar e vai levar gente ferida para Bissau.

Lá longe, satisfeitos, os portugueses deliciam-se com melodias, músicas capazes de enternecer uma mula ou um burro. Neste pequeno lugar do mundo, em África, um homem retalhado tem o corpo a arfar nos estertores da morte. Vim há pouco da enfermaria, vi tudo, continuo a ver demais.

Foi em Caboxanque, os nossos vizinhos do outro lado do rio Cumbijã. (...)  Na noite de luar, os barcos sintex trouxeram os feridos para Cufar. Neste momento o Nordatlas levanta de voo levando os homens de Caboxanque para o hospital de Bissau. No rádio, no Festival da Canção, o Artur Garcia canta a “Senhora Dona da Boina”. (...)

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Nota do editor:

(*) Último poste da série > 20 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9511: Excertos do Diário de António Graça de Abreu (CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74) (9): Circo... e bombas que não eram de carnaval ... em 1974

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Guiné 63/74 - P8202: Agenda cultural (117): Programa da Antena 1, "O Amor é...", de Júlio Machado Vaz: O stresse pós-traumático de guerra e as suas implicações na família



Guiné > Região de Tombali > Gandembel > CCAÇ 2317 (Abril de 1968/Janeiro de 1969) > 1968 > Início da construção do aquartelamento (que seria abandonado em menos de nove meses, depois de 372 ataques e flagelações)> Os homens que fizeram das tripas coração... Os homens-toupeira, os homens de  nervos de aço...Que preço pagaram os combatentes da guerra colonial (ou do ultramar, como quiserem) ? Elevado, em sangue, suor e lágrimas, em mortos, feridos  e em sofrimento físico e psíquico... Há um "inimigo invisível" que alguns deles (10%, dizem os estudos epidemiológicos, 100 mil num milhão de combatentes) continuam a combater, no silêncio das quatro paredes das suas casas, ao fim de 40 e tal anos...


Foto: © Idálio Reis (2007) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.






1. É um dos meus programas de rádio preferidos... O Amor É... (de 2ª a 6ª feira, na Antena 1). Fresco, irreverente, sério, rigoroso, descontraído, bem humorado, profissionalíssimo... Um sucesso em termos de comunicação radiofónica. Um caso sério em termos de longevidade na rádio (Não conheço a versão televisiva, que passa na RTP Norte, continuo de qualquer modo a preferir o modelo radiofónico, ou melhor, gosto mais de ouvir o Júlio Machado Vaz na rádio do que vê-lo e ouvi-lo na televisão).

O amor e a sexualidade nas conversas do Prof. Júlio Machado Vaz:  O Amor É... De segunda a sexta, Júlio Machado Vaz conversa sobre amor e sexualidade com a conhecida jornalista e radialista Inês Meneses. O programa é repetido diariamente, de 2ª a 6ª feira, às 03:40 / 09:20 / 11:20 / 22:20.


Hoje, de manhã, como habitualmente, estava sintonizado na Antena1, enquanto conduzia o meu carro na 2ª Circular, a caminho do local de trabalho,  e tive a sorte de ouvir mais uma das conversas do conhecido sexólogo e psiquiatra do Porto, desta vez sobre "Os traumas de guerra na família" (os transtornos da síndroma pós-traumática, em inglês PTSD, Post Traumatic Stress Disorder)... 


Fiquei logo de ouvido atento e tomei logo boa nota desta emissão, para poder partilhar o seu conteúdo com os amigos e camaradas da Guiné... Podem ouvir aqui os 5 minutos de conversa do Prof Júlio Machado Vaz com a Inês Meneses. (Mais exactamente, 5' 52'').



O sofrimento psíquico ocasionado pela guerra nos antigos combatentes (e suas famílias) continua a ser um tema, senão tabu, pelo menos algo marginal e incómodo, que é difícil abordar em voz alta, na primeira pessoa, em público,... com rigor e com pudor. 


Por exemplo, no nosso blogue  não temos muitos postes sobre o tema... Reconheço que não é fácil falar disto, do nosso sofrimento psíquico,  de maneira descomplexada, aberta, espontânea, frontal ...  Há chagas, invisíveis, que não queremos ou não podemos mostrar aos outros, a começar pelos nossos próprios camaradas... 


Já agora, vejam aqui um conjunto de vídeos com o conteúdo de um programa que passou, há uns anos, na RTPN; e é justo também referir aqui o papel da Associação Apoiar, que desde 1994 tem dado apoio psicossocial, clínico e terapêutico a muitos camaradas nossos.

2. Informação adicional sobre o programa O Amor É...

Género > Reflexão
Ficha técnica:
Realização: Júlio Machado Vaz
Autoria: Júlio Machado Vaz
Com: Júlio Machado Vaz e Inês Meneses

Próximas Exibições: Antena1 > 2011-05-02 | 07:12h
Últimas Exibições: Antena1 > 2011-04-29 | 20:12h

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Nota do editor:

Último poste da série > 2 de Maio de 2011 > Guiné 63/74 - P8200: Agenda Cultural (117): Início, no próximo dia 6, do ciclo de conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar, 1961-1974: história e memórias(s), organizado pela Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)


sexta-feira, 25 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7998: (In)citações (29): Rádio Sol Mansi, com sede em Mansoa, ligada à Igreja Católica (diocese de Bissau e Bafatá), quer entrevistar antigos combatentes, portugueses e do PAIGC



1. Mensagem que recebemos em 24 do corrente, da Guiné-Bissau: 

De: Ampa Djamam [djamam@hotmail.com]
Data: 24 de Março de 2011 08:38
Assunto: Bom dia!

Bom dia!

A Rádio Sol Mansi quer colaboração dos Antigos combatentes portugueses no programa radiofónico Cultura e Alma do Povo, um programa informativo que fala da luta de libertação e das experiências positivas dos Ex-Combatentes.

O objectivo é de trazer, ao público-alvo, a imagem auditiva do que foi a luta armada que decorreu de 1963 a 1974. Neste contexto, o seu testemunho seria um enriquecimento para o nosso programa e, consequentemente, para os nossos ouvintes.

Podemos marcar uma entrevista no skype ou msn,  torna-se mais fácil e tem qualidade voz melhor do que telefone.

Sr. Luís,  pode nos ajudar a contactar com outros combatentes ? Podem ser seus amigos que tenham estado em diferentes partes da Guiné-Bissau,  para uma entrevista, pode ser você, Carlos Vinhal, Eduardo J. Magalhães Ribeiro, Virgínio Briote, Humberto Reis, Jorge Cabral, José Manuel Dinis, José Ferreira de Barros,  etc...para dar testemunho da luta na qualidade de antigo(s) combatente(s).

Obrigado, Sr. Luis
Deus te abençoe.

Adriano Djamam (Ampauramassol) [, técnico e apresentador de programas da Rádio Sol Mansi]
E-mail: adrianodjamam@yahoo.com.br
djamam@hotmail.com
Skype: ampadjamam
Cel: 00245 6649641 / 00245 5804646


2. O pedido de colaboração era acompanhado de dois documentos, que aqui se reproduzem (sendo um especificamente dirigido ao nosso co-editor Virgínio Briote):

2.1. Convite a  Sua Excelência Sr. Virgínio Briote
                            

Assunto: Solicitação de participação no programa Cultura e Alma do Povo

Excelentíssimo Senhor:

A Direcção da Rádio Sol Mansi vem, através desta, solicitar ao excelentíssimo senhor Virgínio Briote a colaboração e participação no programa radiofónico Cultura e Alma do Povo, um programa informativo que fala da luta de libertação e das experiências positivas dos Ex-Combatentes.

O objectivo é de trazer, ao público-alvo, a imagem auditiva do que foi a luta armada que decorreu de 1963 a 1974. Neste contexto, o seu testemunho seria um enriquecimento para o nosso programa e, consequentemente, para os nossos ouvintes.

Ciente de que esta solicitação irá merecer uma especial atenção de sua excelência, subscrevemo-nos com a mais alta consideração e estima.

Bissau, 22 de Março de 2011
                                                                                                                         
Atenciosamente. 
O apresentador 
José Mango 


2.2. Guião de entrevista ao ex-combatente [de um lado e doutro]

01. Quando? Como? e Motivo que o levou a ingressr na luta. Mobilizado por alguém? (pai, mãe, tio, amigo, colega, etc..)

02. Como se sentiu quando estava prestes a deixar o seu país ?

03. Qual era impressão da luta antes do ingresso, e depois ?

04. Como se sentiu ao pegar numa arma pela primeira vez ?

05. Onde e qual foi a primeira acção com uma arma na mão ?

06. O contacto com a família era fácil ou nunca mais ligou ?

07. Foi um sucesso ou um fracasso, o seu grupo de combate ?

08. Ao ver companheiro tombado, como se sentiu ?

09. Quantas vezes participou em acções  ofensivas ?

10. Foi alguma vez comandante? Porquê ?

11. Era fácil dirigir uma frente? Como compara,  em termos de armamentos,  a força inimiga ?

12. Sentiu-se alguma vez derrotado pelo inimigo e reconheceu essa derrota ?

13. Das batalhas  ou operações em que participou, qual delas foi a mais dificil ? E a mais fácil ? Porquê ?

13. Tem algum comandante ou combatente que admire ? Porquê ?

14. Sentiu-se alguma vez culpado pelas baixa sofridas entre os seus Camaradas ? Porquê ?

15. Sentiu-se alguma vez ameaçado ou foi castigado pelo seu comandante ? Porquê ?

15. Como era visto entre os seus Camaradas de armas ?

16. Como avalia a luta de libertação [, levada a cabo pelo PAIGC,], no seu ponto de vista ?

17. Chegou a pensar em ser ministro ou dirigente após independência da Guiné-Bissau ? Porquê? [Presume-se que seja uma pergunta a ser colocada aos antigos guerrilheiros do PAIGC]

18. O que gostaria de ver resolvido nas Forças Armadas [, presume-se, que sejam as da Guiné-Bissau] ? O que faltou (ou falta) ?

19. Sentiu-se arrependido por ter participado [, a favor ou contra, na luta pela independência? Porquê?

20. Mensagem aos outros combatentes. Falar da possivel viabilidade desta terra [, a Guiné-Bissau] ? (Alguns projectos)

21. Mensagem  aos militares ainda no activo [, em Portugal ou na Guiné-Bissau, conforme o entrevistado].

22. Abordar outros assuntos na sequência da conversa com o entrevistado.

[Revisão / adaptação / fixação de texto: L.G.]


3. Informação sobre a Rádio Sol Mansi, solicitada ao nosso amigo Pepito, director executivo da AD - Acção para o Desenvolvimento, com sede em Bissau:



Luís: Esta rádio está sedeada em Mansoa e começou por ser uma rádio comunitária [, foi fundada em 2000]. A Igreja Católica que sempre a apoiou decidiu transformá-la em radio nacional (cobre todo o país) e é ela que a controla. Têm o apoio da Radio Renascença. É uma rádio com muita audiência. Não conheço o Ampa Djaman.

abraço
pepito 



Segundo pesquisa feita no blogue da Rádio Sol Mansi, "actualmente [, Julho de 2007,] a Rádio Sol Mansi tem uma emissão diária de 12 horas. Com uma programação cada vez mais preocupada com os problemas sócio-políticos,  económicos e culturais que afectam o país.



"A nossa informação (formação) é pedagógica (educação, saúde, agricultura, direitos humanos,  programas para mulheres e as crianças,  educação para à Paz, o dialogo interreligioso, educação ambiental e ecologia, cultura tradicional…),  contanto cada vez mais reduzir a iliteracia, pois temos a noção dos efeitos de uma notícia.


"O funcionamento da Rádio é garantido por uma equipa de 12 funcionários e 17 voluntários, de diferentes etnias e religiões, que estão num processo de formação continua.


"Das pesquisas de audiometria feita por nós, em 2003, à Rádio Sol Mansi, é muito escutada nas zonas rurais, e em algumas cidades próximas de Mansoa. Conseguimos superar as emissões e audiências das estações de Bissau na nossa região e cada vez mais em Bissau somos identificados.


"A prioridade da Rádio Sol Mansi é de apoiar a actividade da Ecuménica e, de todas as confissões religiosas ou instituições ao serviço do Desenvolvimento e da Paz no nosso país". 

O Administrador da Rádio Sol Mansi é o  ARMANDO MUSSA SANI (foto acima, reproduzida com a devida vénia)





4. Comentário de L.G.:


Cada um de nós, antigos combatentes no TO da Guiné, tem a liberdade de contactar o Ampa Djamam e oferecer-se, eventualmente, para ser entrevistado, via Skype ou Messenger, para o referido programa,  Cultura e Alma do Povo, da Rádio Sol Mansi, com sede em Mansoa, região dio Oio. Daremos o apoio que nos for possível.

Ficamos, para já, com dúvidas sobre quem é o apresentador do programa, se é o Ampa Djamam ou o José Mango. De qualquer modo, é importante que as jovens gerações guineenses possam ouvir falar, em português, os antigos combatentes, portugueses, que estiveram na Guiné entre 1963 e 1974.


Cada entrevistado representar-se-á a si. As  declarações e opiniões emitidas por cada um dos eventuais entrevistados só responsabilizam os seus autores, e nunca o nosso blogue que, por ser colectivo e plural,  não tem (nem pode ter) resposta para as questões acima listadas no guião. Aconselhamos, no entanto, os nossos camaradas a passar ao papel as suas respostas, em bom português, de modo a tornar mais fácil, rigorosa, assertiva, segura e eficiente a comunicação com o entrevistador...  Alguns desses depoimentos poderão, inclusive, vir mais tarde a ser reproduzidos, por escrito, no nosso blogue (se houver consentimentos dos entrevistados e do responsável do programa).


Se as regras editorais do nosso blogue forem de algum utilidade para os nossos camaradas que vierem a ser entrevistados, aqui ficam, para os devidos efeitos:

"Neste espaço, de informação e de conhecimento, mas também de partilha e de convívio, decidimos pautar o nosso comportamento (bloguístico) de acordo com algumas regras ou valores, sobretudo de natureza ética: (i) respeito uns pelos outros, pelas vivências, valores, sentimentos, memórias e opiniões uns dos outros (hoje e ontem); (ii) manifestação serena mas franca dos nossos pontos de vista, mesmo quando discordamos, saudavelmente, uns dos outros (o mesmo é dizer: que evitaremos as picardias, as polémicas acaloradas, os insultos, a insinuação, a maledicência, a violência verbal, a difamação, os juízos de intenção, etc.); (iii) socialização/partilha da informação e do conhecimento sobre a história da guerra do Ultramar, guerra colonial ou luta de libertação (como cada um preferir); (iv) carinho e amizade pelo nossos dois povos, o povo guineense e o povo português (sem esquecer o povo cabo-verdiano!); (v) respeito pelo inimigo de ontem, o PAIGC, por um lado, e as Forças Armadas Portuguesas, por outro; (vi) recusa da responsabilidade colectiva (dos portugueses, dos guineenses, dos fulas, dos balantas, etc.), mas também recusa da tentação de julgar (e muito menos de criminalizar) os comportamentos dos combatentes, de um lado e de outro; (vii) não-intromissão, por parte dos portugueses, na vida política interna da actual República da Guiné-Bissau (um jovem país em construção), salvaguardando sempre o direito de opinião de cada um de nós, como seres livres e cidadãos (portugueses, europeus e do mundo) (e vice-versa); (viii) respeito acima de tudo pela verdade dos factos; (ix) liberdade de expressão (entre nós não há dogmas nem tabus); mas também direito ao bom nome; (x) respeito pela propriedade intelectual, pelos direitos de autor... mas também pela língua (portuguesa) que nos serve de traço de união, a todos nós, lusófonos".
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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7981: (In)citações (31): Melhoria do porto fluvial de Cabedu, no extremo da península de Cubucaré, na margem direita do Rio Cacine (AD - Acção para o Desenvolvimento)