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sábado, 28 de outubro de 2023

Guiné 61/74 - P24803: As nossas geografias emocionais (11): Ainda a nascente de água e o fontenário de Bambadinca, inaugurados em 1948 pelo governmador Sarmento Rodrigues

Foto nº 1 


Foto nº 2

Foto nº 3

Guiné-Bissau _ Região de Bafatá > Bambadinca >2023 > A nascente e depósito de águia (em "Agua Verde", presumimoS) (Fotos nºs 1 e 2) e o fontenário que desde 1948 abastece a antiga tabanca de Bambadinca (Foto nº 3). Fotogramas capturados do vídeo de Paulo Cacela (2023), "Dentro da Maior Tabanca da Guiné-Bissua" (*)

 Fotos © Paulo Cacela (2023). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

Foto nº 4>   Guiné > Zona leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70)  e Pel Rec Daimler 2046 (1968/70) > A zona ribeirinha de Bambadinca, na margem esquerda do Rio Geba (Estreito), alagada no tempo das chuvas... Foto provavelmente de meados de 1968 ou 1969...  

Nesta foto, mostrando uma coluna a chegar a Bambadinca, vinda de Bafatá,  são visíveis o fontenário (assinalado a vermelho) e o depósito de água do quartel e posto adminmistrativo (assinalado a azul).  Julgamos que o quartel era abastecido pela mesma nascente ou depósito de água existente no sítio da Água Verde.

Foto © Jaime Machado (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Carta de Bambadinca (1955) / Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bambadinca, Nhabijões, Rio Geba, Finete e Fá, e estradas para Xime  (sudoeste) e Xitole e Saltinhp (sul). E ainda, nas imediações de Bambadinca, Água Verde e Bambadincazinho (cotas entre 45 e 42). O pequeno planalto ou morro onde se situava o quartel do nosso tempo devia estar a uma cota de 27.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaaradas da Guiné (2023)


Guiné > Região de Zona  Leste >  Região de  Gabu > Ñova Lamego > Fonte de Nova Lamego... Aspeto parcial com ornamentação de azulejo português, pintado à mão, com a seguinte inscrição: «Fonte da Várzea CABO (sic) 1945». Obra do tempo do governador Sarmento Rodrigues (1945-1949), como diversas outras.
 
Foto (parcial) de postal ilustrada: "Nova Lamego, Guiné Portuguesa".  Colecção "Guiné Portuguesa, nº 153". (Edição Foto Serra, C.P. 239 Bissau. Impresso em Portugal, Imprimarte, SARL). 

A partir de exemplar da colecção do nosso camarada Agostinho Gaspar (ex-1.º cabo mec auto rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74), natural do concelho de Leiria.

Digitalização e edição de imagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).


1.  O  recente vídeo, já aqui mostrado,  do "youtuber" Paulo Cacela, sobre Bambadinca ("Dentro da maior tabanca da Guiné-Bissau") revelou-nos a existència do "depósito de água", nascente ou  "mãe de água" que abastecia a  Bambadinca do nosso tempo. E que continua a funcionar, desde a sua inauguração, em 1948, com a presença do governador Sarmento Rodrigues (Freixo de Espada à Cinta, 1899-Lisboa, 1979)  (de acordo com fotos do seu arquivo particular, disponíveis no Arquivo Histórico de Marinha)

Na altura não conseguimos apurar a localização exata. E nunca visitámos esta nascente ou depósito de água, nas imediaçóes de Bambadinca,  no tempo em que lá estivemos (1969/71).

A paisagem (onde se localiza esta captação de água, do tempo colonial) é luxuriante,a  avaliar pelo vídeo. O "poço " ou "mina" ou "depósito" está muma cota mais elevada, numa zona de rocha. A água sabia a ferro (no nosso tempo). O Paulo Cacela também não a achou particularmente saborosa. A existència e a captação  de água potável na Guiné  sempre foram um velho problema.

Explorando a carta de Bambadinca (vd. infografia acima), e verificando as diversas cotas, achamos que o sítio deve chamar-se "Água Verde", perto de Bambadinzinho (um reordenamento no nosso tempo)  e estar a uma cota de 35/42.   

O fontanário, por sua vez, estará à cota 5, na baixa de Bambadinca, a escassos 100 metros da margem esquerda do rio Geba Estreito, do destacamento de Intendència e do antigo porto fluvial (um troço de rio que deixou há muito de ser navegável devido ao assoreamento; no nosso tempo, os barcos civis ou "barcos turras" iam inclusive até Bafatá; e até 1968/69, as LGD da nossa Marinha chegavam a Bambadinca).

Não sabemos também a exata distància entre a nascente e o fontenário. Mas pelos nossos cálculos deve ser, no máximo, de 2 km. Tudo indica que a água corre, por gravidade, em tubos (ou manilhas), da cota 35/42 até ao destino final (na cota 5)... 

Mas abastecia também, quanto julgamos, o posto administrativo de Bambadinca e demais instalações civis (incluindo a escola primária e a casa da professora, cabo-verdiana), sitas num morro, que estaria à cota 20 e tal. (No nosso tempo havia um depósito de água no quartel, perto do arame farpado, donde se avistava a tabanca de Bambadinca e o rio Geba (Foto nº 4, tirada de norte para sul, ou seja, da zona fluvial para o quartel, cujo acesso era feito por uma rampa relativamente íngreme). 

A possível referência ao BART 3873, gravada no cimento, aparece ao minuto 53, já quase para o fim do vídeo (*). (Foto nº 2). Á direita do número (3873) percebem-se as letras "...IRES". Com um pouco de boa vontade, pode ser um apelido de um militar "PIRES" que terá feito um trabalho de reparação no depósito, ao tempo em que aquela unidade, ou a respetiva CCS  (Companhia de Comandos e Serviços) esteve em Bambadinca e no Sector L1 (Xime, Mansambo e Xitole) (1972/74). Esta nascente ou depósito de água também foi inaugurada em 1948 pelo governador Sarmento Rodrigues.

 O fontenário de Bambadinca, de 1948  já pouca gente se lembrava dele (**)... Mas temos fotos que documentam a sua existência, ao longo do tempo, de camaradas nossos como o Libério Lopes (1964), o José Carlos Lopes (c. 1968/70), o  Jaime Machado (c. 1968/69), o Humberto Reis (c. 1969/71 e depois 1996).... 

Está agora pintado de branco e azul (não devia sera  cor originalI) (foto nº 3), conforme fotograma do vídeo do Paulo Cacela: continua a funcionar e  dar água aos bambadinquenses, desde há 75 anos!  


Guiné > Reegião de Bafatá > Bafatá > 1959 >  "A fonte pública de Bafatá, 1918" [ Esta belíssima fonte, na "Mãe de Água", na zona conhecida como "Nova Sintra",  de Bafatá, também aparece no filme de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube" (***), mas já muto degradada, bem, como aliás todo o seu meio envolvente... 

O nosso especialista, o arquiteto Fernando Gouveia, que esteve em Bafatá como alferes miliciano nos anos de 1968/70, descreve esta zona nestes termos, num dos seus postes do roteiro de Bafatá: "A Mãe d'Água ou a 'Sintra de Bafatá', local aprazível e romântico onde se realizavam almoços dançantes para os quais se convidavam os senhores alferes, alguns furriéis e as moças casadoiras".

Foto disponibilizada pelo nosso camarada Leopoldo Correia (ex-fur mil da CART 564, Nhacra, Quinhamel, Binar, Teixeira Pinto, Encheia e Mansoa, 1963/65); e e outras fotos otos de Bafatá, de 1959, foram tiradas por um familiar do nosso camaraada.  "ligado ao comércio local (Casa Marques Silva), casado com uma senhora libanesa, filha do senhor Faraha Heneni",


2. Durante a governação de Sarmento Rodrigues (1945-1949) construiram-se pelo menos três dezenas de fontes, fontanários, nascentes  e depósitos de água, de acordo com registos (fotográficos) constantes do Arquivo Particular do Almirante Manuel Maria Sarmento Rodrigues, que integra o Arquivo Histórico de Marinha (as fotos ainda não foram digitalizadas, o que é uma pena) ... O desenho destas fontes ou fontanários deve ter sido da responsabilidade do GAC - Gabinete de Arquitetura Colonial, em Liusbvo

01 Fonte de Maussim, Jabicunda
02 Fonte de Dandum, Bafatá.
03 Uma Fonte em Fulacunda
04 Fonte de Lenquetó, Gabu.
05 Uma Fonte em Fulacunda
06 Fonte de Várzea do Cabo, Nova Lamego.
07 Fonte de Várzea do Cabo, Nova Lamego.
08 Fonte de Madina, Gabu.
09 Fonte de Quinlandi. 1945-05/1945-05
010 Fonte da Horta de Sónaco, Gabu.
011 Fonte do caminho de Biambe ,Mansôa.
010 Fonte da Horta de Sónaco, Gabu.
011 Fonte do caminho de Biambe ,Mansôa.
012 Fonte Frondosa de Empada, Fulacunda
013 Nascente nº 1, Bafatá. 1946-04/1946-04
014 Depósito nº 1, em Bafatá. 1946-04/1946-04
015 Fonte de Sónaco (circunscrição de Gabu). 1946-05/1946-05
016 Fonte de Madina. 1946-05/1946-05
017 Fonte de Madina no Boé. 1946-05/1946-05
018 Obras de Captação da Nascente nº 2, Bafatá. 1946-05/1946-05
019 Fonte de Nhacra, em Construção. 1946-06/1946-06
020 Poço de Enchudé, Acabado de Reparar. 1946-06/1946-06
021 Fonte de Safim, em Construção. 1946-06/1946-06
022 Fonte de Biambi. 1946-08/1946-08
023 Fonte de Contubel. 1946-09/1946-09
024 Fontanário de Fulacunda. 1947/1947
025 Fonte das Mocinhas. 1948/1948
026 Fonte de Timbó. 1948/1948
027 Fonte de Lenquerim. 1948/1948
028 Fontanário de Bambadinca. 1948/1948
029 Fontanário de Bambadinca. 1948/1948
030 Fontanário de Bambadinca. 1948/1948
031 Fontanário de Bafatá. 1945-05/1945-05
032 Fontes de S. João. 1946-09/1946-09
033 Fontes e Miradouro de S. João. 1946-09/1946-09
034 Fonte de Binar. 1946-08/1946-08
035 Fonte de Tór. 1946-06/1946-06
036 Fonte de Tór. 1946-06/1946-06
037 Fonte de Gam Grande. 1946-08/1946-08
_____________

Notas do editor:


(**) Último poste da série > 27 de outubro de  2023 > Guiné 61/74 - P24798: As nossas geografias emocionais (10): O fontenário de Bambadinca de 1948, de que quase ninguém... já se lembra(va)!

(***) Vd. poste de 5 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14120: Manuscrito(s) (Luís Graça) (43): Notas à margem do documentário de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube", com direção de fotografia da Marta Pessoa (Portugal e Guiné-Bissau, 2012, 78')

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Guiné 63/74 - P16431: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte VIII: Bafatá, o restaurante "Ponto de Encontro", da Célia e do João Dinis, os nossos mais recentes grã-tabanqueiros



´
Guiné-Bissau > Bafatá > Outubro de 2015 > Restaurante "Ponte de Encontro"


Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2016) Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico e das notas de viagem de Adelaide Barata Carrelo, à Guiné-Bissau, em outubro-novembro de 2015 (*)

[Foto à esquerda, a Adelaide Carrêlo mais o dono da casa, o João Dinis, um antigo militar português, natural das Caldas da Raínha,  que fez parte da CART 496 (Cacine e camecon de, 1963/65), que tem também uma escola de condução, e é casado com a Célia (**); a Adelaide conheceu o João Dinis, em 1970, em Nova Lamego, aos sete anos; ambos pertencem agora à nossa Tabanca Grande]. 

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Notas do editor:

´(*) Último poste da série > 29 de agosto de 2016 > Guiné 63/74 - P16429: Álbum fotográfico de Adelaide Barata Carrêlo, a filha do ten SGE Barata (CCS/BCAÇ 2893, Nova Lamego, 1969/71): um regresso emocionado - Parte VII: Bafatá, Rio Geba 
ao pôr do sol

(**) Vd. poste de 5 de janeiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14120: Manuscrito(s) (Luís Graça) (43): Notas à margem do documentário de Silas Tiny, "Bafatá Filme Clube", com direção de fotografia da Marta Pessoa (Portugal e Guiné-Bissau, 2012, 78')

(...) )(ix) O João Dinis… Um camarada do nosso tempo que ficou em Bafatá, veio casar a Portugal e levou a esposa, Célia, para a Guiné em 1972… É um homem, desencantado, precomente envelhecido, mas ainda a reconhecer que ama África e a terra que escolheu para viver e trabalhar. 

Quando jovem, vivia melhor em Bafatá do que em Portugal, costumava dizer ele para os seus antigos camaradas de armas... Mas hoje confessa que ainda sonha em acabar os seus dias na sua terra, Portugal… O casal, João e Célia Dinis, abriram um negócio na área da restauração e hotelaria, mas hoje a baixa de Bafatá não tem gente, está às moscas…“O movimnento é que faz falta", diz ele... Havia barcos, havia camiões, sempre a carregar e a descarregar, havia correpios de gente na baixa... Agora é o vazio, diz o Toninho, que deve ser homen dos seus cinquentas e tais anos (, era criança quando das primeiras flagelações do PAIGC a Bafatá, em 1973, de se lembra bem; o pai mandava o Canjajá desligar as luzes do cinema e levar o Toninho e os primos para casa...).

(x) No filme, o João Dinis fala para a câmara, num verdadeiro monólogo, tentando explicar as razões por que se foi deixando ficar até hoje...O realizador e o diretor de fotografia não fazem perguntas nem fornecem informação de contextualização: Bafatá é atravessada por uma "câmara muda"; há momentos de antologia como a sequência da partida de futebol, disputada ao longe (no estádio da Rocha) sob um uma nuvem de pó que se poderia confundir com o cacimbo...); ou a cena em que Canjajá, vestido de preto e com ar de asceta, faz as suas orações virado para Meca, enquanto um grupo de mulheres, a um canto da casa, tagarelam e dão continuidade à vida; ou ainda a cena, bem conseguida, em que um voluntarioso entrevistado se transforma em proativo entrevistador, inquirindo em crioulo, de microfone em punho, a opinião dos seus conterrâneos sobre o futuro de Batafá... E tem um comentário final otimista: "Bafatá há-de mudar para melhor, se Deus quiser" (...)


(...) Não sei se Canjajá e o seu cinema são uma "metáfora de Bafatá" e da própria Guiné-Bissau .... Talvez sim, da Guiné-Bissau e da própria África pós-colonial... É seguramente uma metáfora das nossas ruínas, materiais e imateriais, as que ficaram do nosso império...

Mas o mérito do realizador e da equipa é terem ido para Bafatá, despidos de preconceitos etnocêntricos... E trata-se de cinema lusófono!... Por outro lado, o filme faz-me lembrar o "Nuovo Cinema Paradiso", do italiano Giuseppe Tornatore (1988)... Mas isso daria aso a outras reflexões sobre o cinema enquanto objeto de cinema que não cabem aqui neste blogue e nestes "manuscritos" (...)

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12625: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (16): Foto aérea, nº 4 (Humberto Reis)


Foto nº 4


Foto nº 4 A


Foto nº 4 B


Foto nº 4 C


Foto nº 4 D

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá > Bafatá > c. 1969/71 > Foto nº 4 > Vista aérea, do álbum do fur mil op esp Humberto Reis, CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71). Foto tirada de helicóptero.

Foto: © Humberto Reis (2006).Todos os direitos reservados. [Edição: L.G.]


Humberto Reis
Foto aérea nº 4 (Humberto Reis, foto  à esquerda, Pombal,  2007) > Legendas de Fernando Gouveia

1 – Tabanca da Ponte Nova.

2 – Parte colonial da cidade.

3 – Rio Geba

Fernando Gouveia
4 – Rio Colufe [, afluente do Rio Geba]

5 – Tabanca do Nema.

6 – Casas ao longo da estrada para Bambadinca [a sudoeste].

7 – Parte da Tabanca da Rocha.

8 – Igreja.

1. Continuação da publicação do "roteiro de Bafatá", organizado pelo 
Fernando Gouveia[, ex-alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; autor do romance autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011; arquiteto, residente no Porto].
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Nota do editor:

Últimos dois postes da série >

14 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12585: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (14): Foto aérea, nº 3 (Humberto Reis)

17 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12595: Roteiro de Bafatá, a doce, tranquila e bela princesa do Geba (Fernando Gouveia) (15): O cinema local e a figura lendária do seu guardião, o Canjajá Mané... E, a propósito, relembre-se o documentário, já em DVD, "Bafatá Filme Clube", do realizador Silas Tiny, com fotografia de Marta Pessoa (Lisboa, Real Ficção, 2012, 78')

sábado, 20 de julho de 2013

Guiné 63/74 - P11856: Memória dos lugares (238): Canjambari 1972 (1) (Manuel Lima Santos)




Fotografias enviadas pelo nosso camarada Manuel Lima Santos (ex-Fur Mil Inf.ª na açoriana CCAÇ 3476 - "Os Bebés de Canjambari"Canjambari e Dugal, 1971/73) para a série Memória dos lugares.





Canjambari, 1972 > Entrada do aquartelamento

Canjambari para Jumbembem

Canjambari > Animal de estimação

Canjambari > Aquartelamento

Canjambari > Capela com a imagem do Senhor Santo Cristo

Canjambari > Defesa exterior > Valas

Canjambari > Dia de Ronco

Canjambari > Foguetão 122mm
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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE JULHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11839: Memória dos lugares (237): Bafatá, o seu velho cinema, a sua história, as suas gentes, os seus fantasmas... Bafatá Filme Clube, documentário (78') de Silas Tiny, produção da Real Ficção, brevemente em DVD (Fernando Gouveia)

terça-feira, 16 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14756: Em busca de... (259): Fotos do cinema de Bafatá, c. 1970 (António Martins, arquiteto, Bigarquitectura, Braga)

1. Mensagem do nosso leitor António Martins, arquiteto [, ESBAP, 1978], coordenador da equipa da Bigarquitectura [, foto à esquerda, cortesia da respetiva página na Net]
Data: 19 de maio de 2015 às 17:22

Assunto: cinema Bafatá

Caro Luis Graça


Não fui combatente na Guiné, porque, na altura em que eu teria que cumprir o serviço militar, já tinha acabado a guerra.

Tenho no entanto desde há 5 anos uma ligação forte com a Guiné e, como sou arquiteto, tenho um especial interesse pelos edifícios coloniais ainda existentes e que, infelizmente, estão, na sua maioria, senão destruídos, em muito mau estado de conservação.

Depois de ter visto o magnífico documentário Bafatá Filme Clube, de Silas Tiny, fiquei com imensa curiosidade sobre o edifício. Acontece que, após consulta intensiva na internet, não consegui obter imagens do edifício enquanto este era novo e estava em bom estado de conservação. Todas as fotografias que descobri reportam-se ao edifício em muito mau estado de conservação, ou mostram-no após as (pequenas) obras de recuperação que sofreu para as filmagens.
Um aparte: Curiosamente, consegui imagens interessantíssimas e da época, relativas ao edifício do Sporring Clube de Bafatá.

Assim sendo, agradecia que colocasse no seu blog este meu apelo, no sentido de que me sejam enviadas eventuais fotografias do cinema, isto é, logo após 1968/1970.

Desde já o meu obrigado.

Com os melhores cumprimentos,
A. Martins

big@bigarquitectura.pt

www.bigarquitectura.pt




Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bafatá > 2010 > Aspeto do edifício do cinema local, construído no inícío da década de 1970... O regresso do Fernando Gouveia, 40 anos depois... O nosso blogue e sobretudo o Fernando Gouveia acabaram por estar também na origem do filme, estreado em 2013, do realizador português, de origem santomense...

Recorde-se que o Fernando Gouveia  (i) foi alf mil rec inf, Cmd Agr 2957, Bafatá, 1968/70; (ii) é autor do romance Na Kontra Ka Kontra, Porto, edição de autor, 2011; e (iii) é arquiteto, reformado, residente no Porto.

Foto: © Fernando Gouveia (2014).Todos os direitos reservados. [Edição: LG]

2. Comentário do editor:

Meu caro arquiteto, as nossas desculpas pelo atraso na publicação do seu pedido, mas a nossa equipa é curta de recursos (humanos, técnicos, financeiros...). Infelizmente, falta-nos,nos nossos arquivos,  uma foto do cinema quando "jovem" (c. 1970)... Mas o nosso Fernando Gouveia, ele próprio arquiteto e residente no Porto, pode ser que dê uma ajuda preciosa... Ele é contemporâneo da construção do cinema, tendo estado em Bafatá em 1968/70. Vou contactá-lo. Ele tem um álbum fotográfico precioso da nossa querida "princesa do Geba", com muitas fotos, de resto, já aqui publicadas ao longo dos 11 anos de existência do blogue.   Vamos também apelar aos nossos camaradas que passaram por (ou estiveram em) Bafatá nessa época.

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Nota do editor:

Último poste da série > 16 de junho de  2015 > Guiné 63/74 - P14754: Em busca de... (258): Joaquim Santos Viana procura camaradas da CCAV 1748 (Contuboel e Farim, 1967/69)

domingo, 10 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18071: Agenda cultural (618): Lisboa, Arroios, Mercado de Culturas / Mercado do Forno de Tijolo: concerto do nosso amigo Mamadu Baio (voz e guitarra) + Ibo Galissá (kora)...Sábado, dia 16, às 21h00...Djass Arte - Mostra de criadores africanos e afrodescendentes


Cartaz

Djass Arte – Mostra de Criadores Africanos e Afrodescendentes



Lisboa, Mercado Forno Do Tijolo | Entrada grátis


1. Com a devida vénia, transcreve-se da Viral Agenda:


Entre 15 e 17 de dezembro, o Mercado de Culturas, em Lisboa, acolhe a segunda edição da Djass Arte – Mostra de Criadoras/es Africanas/os e Afrodescendentes, uma iniciativa da Djass - Associação de Afrodescendentes.

 Uma exposição coletiva de artes plásticas e visuais, bancas de venda de livros, artesanato, vestuário e acessórios, uma mostra de cinema afrodescendente, a apresentação de uma nova edição de uma obra de Frantz Fanon, atividades para crianças, música, debates, dança e teatro: são estas as atividades que fazem parte do programa desta mostra, que tem como objetivos principais (i) contribuir para a promoção e valorização das culturas africanas e afrodescendentes; (ii) dar visibilidade aos trabalhos das/os criadoras/es participantes; e (iii) promover o debate em torno de questões ligadas à cultura, afrodescendência, racismo e colonialismo.

 PROGRAMA 

DURANTE TODO O EVENTO 

Exposição de artes plásticas e visuais: 

Chantal James (fotografia), Darsy Fernandes (ilustração), Domingas Ambriz, D'Son Pereira, Eduardo Malé, Gutemberg Coelho, Márcio Bahia, Mário Gerson Garcia, Sidney Cerqueira (pintura).

Bancas de venda:

Cassula (vestuário), Literaturas Afrikanas (literatura africana / afrodescendente), Macalongo - Capulana (manualidades e acessórios), Minouche (acessórios), Nina Manualidades (bonecas e acessórios) 

 SEXTA, 15 DE DEZEMBRO 

14h00: Abertura de portas 
18h30: Inauguração / boas-vindas 
18h45: Performance de dança 
19h00: Apresentação da nova edição, pela Letra Livre, do livro “Pele Negra, Máscaras Brancas”, de Frantz Fanon. Com Manuel dos Santos e Raja Litwinoff.
20h00: Música (DJ Paulo Dias) 
21h00: Fecho 

 SÁBADO, 16 DE DEZEMBRO 

10h00: Abertura de portas 

10h30-13h30: Djass Arte Júnior (atividades para crianças) 
6h00-17h30: Atuação do Grupo do Teatro do Oprimido de Lisboa 

18h00-20h30: Mostra de Cinema Afrodescendente.

 Sessão 1: curtas-metragens + conversa com realizadoras/es, com moderação de Kitty Furtado Filmes: “Até Chá Virar Café” (Celso Rosa); “Relatos de uma Rapariga Nada Púdica” (Lolo Arziki); “Si Destinu” (Vanessa Fernandes); “E Agora Pessoa?” (Lubanzadyo Mpemba); “Bastien” (Welket Bungué). 
Mamadu Baio, 21/1/2014, em casa do nosso editor.
Almoçámos  ontem na Praia da Areia Branca...
O Mamadu, a Sílvia,  o Malick, de 3 anos, 
o João Graça, a Alice e eu... Foto: LG

21h00: Concerto de Mamadu Baio (voz e guitarra) & Ibo Galissá (kora) 

 22h00: Fecho 

 DOMINGO, 17 DE DEZEMBRO 

12h00: Abertura de portas 

15h00-17h15: Mostra de Cinema Afrodescendente

Sessão 2: “Nôs Terra”, de Ana Tica, Nuno Pedro e Toni Polo + conversa com a realizadora Ana Tica, com moderação de Beatriz Dias (Djass)

17h30-20h15: Mostra de Cinema Afrodescendente 

Sessão 3: "O Canto do Ossobó", de Silas Tiny, + conversa com o realizador, com moderação de Joacine Katar Moreira.

20h20: Encerramento 


Rua Maria da Fonte, Anjos (freguesia de Arroios), Lisboa (ver no mapa)

HORÁRIO: sexta-feira: 14h00-21h00; sábado: 10h00-22h00; domingo: 12h00-20h20

 ENTRADA LIVRE 

 APOIO: Junta de Freguesia de Arroios 


 MAIS INFORMAÇÕES: Djass - Associação de Afrodescendentes
Tem página no Facebook. | Email: associacao.djass@gmail.com

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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de dezembro de 2017 > Guiné 61/4 - P18057: Agenda cultural (617): o criminalista e antigo inspector-chefe da PJ, Barra da Costa, acaba de lançar o livro "Os crimes de João Brandão: das Beiras ao degredo" (Edições Macaronésia, Ponta Delgada, 2017)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Guiné 63/74 - P5884: O Nosso Livro de Visitas (83A): José Henriques, ex-Fur Mil da CART 2340

José Henriques (ex-Fur Mil da CART 2340) deixou, no dia 22 de Fevereiro de 2010, este comentário no poste 5819*:

Caro Camarada Luis.
Fiz parte da CART 2340 que esteve na Guiné de 1968769 e de que era Comandante o Camarada Joaquim Lúcio Ferreira Neto**.

Sempre que os meus afazeres o permitem, venho ao v/blog ler ( e relembrar)os tempos passados na Guiné como combatente. Foram bons? alguns... Foram maus? Já passaram...

Mas o que me traz aqui agora é o seguinte: indica-me por favor como devo proceder para poder a ter a honra de passar a ser membro da vossa tertúlia.

Um forte abraço para todos os "tertulianos" do ex-Fur Mil
José Henriques


Comentário de CV

Caro José Henriques, foi pena não teres deixado o teu endereço para te podermos contactar.

Assim, se leres este poste ficarás a saber como aderires à nossa Tabanca Grande para poderes contar as tuas histórias enquanto combatente na Guiné.

Referes o teu Comandante, ex-Cap Mil Ferreira Neto, que eu conheço do meu tempo de aluno da Escola Secundária e ele professor.

O professor Neto, como faço questão de o tratar, tem alguns postes e fotografias da vossa CART publicados no Blogue que poderás facilmente encontrar através do marcador "CART 2340".

Voltando a ti, claro que estamos desde já à tua espera. Manda-nos uma foto antiga e outra actual (tipo passe em formato JPEG) uma pequena (ou grande) história relacionada contigo ou com a CART 2340, e a acompanhar fotografias (com legendas) para a ilustrar.

No lado esquerdo da nossa página encontarás os nossos 10+10 mandamentos, bastante fáceis de cumprir. Se os leres ficarás a saber como nos conduzimos e os nossos objectivos enquanto tertulianos.

Deverás enviar os teus trabalhos para o endereço oficial do Blogue luis.graca.prof@gmail.com.

Entretanto, recebe um abraço da tertúlia.
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 15 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5819: O 6º aniversário do nosso Blogue (3): No início de Maio de 2006, tínhamos 100 tertulianos, 735 postes publicados e 3 mil páginas visitadas por mês (Luís Graça)

(**) Vd. poste de 14 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2046: Tabanca Grande (31): Apresenta-se Joaquim Lúcio Ferreira Neto, ex-Cap Mil (CART 2340, Canjambari, Jumbembem, Nhacra, 1968/69)

Vd. último poste da série de 3 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5757: O Nosso Livro de Visitas (82): "Projecto de Documentário sobre Bafatá" (Silas Tiny)

sábado, 25 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14523: Agenda cultural (392): "O medo à espreita", documentário (Portugal, 2015, 86'), de Marta Pessoa, hoje, às 18h00, no Cinema São Jorge, no âmbito do Indie Lisboa 2015 - 12ª Festival Internacional de Cinema Independente








"O cinema independente celebra-se, duplamente, no dia da liberdade. A 25 de Abril, será exibido o mais recente documentário de Marta Pessoa: O Medo à Espreita. Um olhar sobre os passos escondidos e as manobras secretas da PIDE, a política política do Estado Novo, e que ainda marcam, hoje, as vidas e memórias de quem sofreu com as suas perseguições e torturas. A sessão especial terá lugar hoje, às 18h, na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, com a presença da realizadora. Um filme que promete não fazer esquecer os que sofreram, em Portugal, com os passos secretos da ditadura".


O Medo à Espreita
18:00 | 25 DE ABRIL DE 2015
Cinema São Jorge - Sala Manoel de Oliveira

Marta Pessoa, Documentário, Portugal, 2015, 86'

Secção: Sessões Especiais

Sinope:

Depois de “Lisboa Domiciliária”, estreado nas nossas salas em 2009, Marta Pessoa filma outras memórias secretas: a de cidadãos que viveram, até à queda do Estado Novo, uma vida de perseguição pessoal e política. Ao longo de toda a sua existência, uma das piores faces da ditadura movia-se por passos secretos, informações ocultas, e perseguições, no dia-a-dia, a pessoas suspeitas de viverem contra o regime. “O Medo à Espreita” é o retrato, assim, de pessoas que viveram diariamente debaixo da sombra dos informadores da PIDE/DGS e da sua tortura. Mas é também o retrato de um país onde o instrumento da denúncia cresceu para além dos círculos políticos para se instalar, sorrateiramente, no nosso quotidiano.

PS1 - Bilhete  com desconto: (i) jovens até aos 30, (ii) maiores de 65 anos, (iii) desempregados (mediante a apresentação de cartão do IEFP): 3,5€.

PS2 - A nossa amiga Marta Pessoa é também a realizadora de Quem Vai à Guerra [Portugal, Real Ficção, 123', 2011, disponível em DVD, € 10]. E foi a diretora de fotografia do filme de Silas Tiny, Bafatá Filme Clube  (Portugal e Guiné-Bissau, 2012, 78').
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Nota do editor:

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Guiné 63/74 - P6185: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (25): Diário da ida à Guiné - 05/03/2010 - Dia dois

1. Mensagem de Fernando Gouveia (ex-Alf Mil Rec e Inf, Bafatá, 1968/70), com data de 9 de Abril de 2010:

Caro Carlos:
Mais um atraso no envio deste relato devido à minha falta de prática no manuseamento das fotos da máquina de filmar. Estou a começar a encarreirar pelo que espero ser mais pontual. Aliás ontem na Tabanca Pequena vários camaradas perguntaram quando saía a próxima “estória”.

Como agora mando muitas fotos comprimi-as mais. Agradecia que me dissesses se chegaram com a qualidade necessária.

Quanto ao seriado NA KONTRA KA KONTRA, apesar de já ter vários capítulos escritos, tenho tido os mesmos problemas com as fotos, a que há que juntar o problema da publicação de fotos de pessoas, mas que não viveram os acontecimentos. Quero ver se resolvo esse problema para
começar a mandar os episódios.

Aproveito ainda para lembrar aos camaradas que futuramente visitem a Guiné-Bissau que todos (mesmo todos, até ministros!) agradecerão tudo quanto se lhe possa levar, desde lápis, roupa, livros, cadernos, etc. (Em Bissau uma bajudazinha que vendia mancarra pedia: Branco, branco
compra para eu poder comprar água!)

Termino, referindo que, em toda a Guiné não senti mais insegurança que em Portugal. Andei sozinho em Bissau, andei sozinho no mato à caça.

Um abraço.
Fernando Gouveia


A GUERRA VISTA DE FÁFATA - 25

Diário da ida à Guiné – Dia dois (05-03-2010):


Duas ideias estavam sempre presentes na minha cabeça: A ida a Báfata e, se possível, Madina Xaquili, bem como ter a experiência de ir à caça, agora sem constrangimentos da guerra.

Nesta manhã, o grupo resolveu que era o dia de ir ao Saltinho. Báfata ficava adiada. Eu próprio tinha também muito interesse em ir ver as apregoadas belezas do local. Pensando que se passava por Báfata, como há quarenta anos, pedi de “joelhos” para estarmos meia hora em Báfata, para adiantar as coisas para a próxima ida, já com mais calma. Na conversa que estabelecemos pelo caminho, percebi que a ida a Báfata era um sacrifício pois agora a boa estrada alcatroada ia directamente a Bambadinca e à direita para o Saltinho, ficando à esquerda Báfata a 30 km. Assim sendo, fomos directos para o Saltinho.

Porém, pelo caminho, passámos pelas matas de Madina, de Belel e Matu de Cão ao tempo santuários do PAIGC, que o digam os camaradas que aquartelaram por Missirã. Eu próprio, e só por muitas vezes ter colocado marcas de recontros no mapa do Comando de Agrupamento, senti uma grande emoção.

Bambadinca, como todas as grandes tabancas tinha crescido imenso e com o seu mercado de rua estava irreconhecível. Mais emoção quando no cruzamento pude ver a placa a indicar Báfata.

Logo a seguir à Ponte dos Fulas ainda conseguiu ver-se o abrigo da guarda à ponte.

Antigo abrigo de guarda à Ponte dos Fulas

Passámos a derivação à direita, para o Xime, passámos pelo Xitole e em determinada altura começou-se a avistar uma ponte aos arcos. Estávamos no Saltinho. Ainda antes da ponte e, virando à direita, entrámos no empreendimento turístico que ocupa em parte as antigas instalações do quartel, numa pequena elevação sobranceira ao rio.

Mesquita do Xitole, aliás igual a outras da região.











Pinturas murais das Companhias que passaram pelo Saltinho, agora na sala de refeições do empreendimento.


Nesta ida à Guiné não visitei o sul do Geba/Corubal, por não haver ligações de barco a partir de Bissau e pelo Saltinho tornava-se já longe a partir de Bula, mas de tudo o resto que vi, incluindo Varela, o Saltinho foi o local mais espectacular que visitei.

Na esplanada do Empreendimento Turístico do Saltinho, com o Pimentel.

Almoçámos no empreendimento um óptimo prato de peixe (bica), não sem que antes tivéssemos ido tomar banho ao Corubal, distante uns 50m. Achei a água magnífica, límpida, como não imaginava. Eu que gosto mais de rio que de mar, cheguei a atravessar o Corubal a nado. E tomar banho junto das quedas de água? Nem no meu Nordeste Transmontano.

Uma bajuda de entre os muitos miúdos que tomaram banho junto de nós.

Depois do almoço, eu e o Mesquita dirigimo-nos à tabanca do Saltinho, situada do outro lado do rio. Não fomos pela ponte principal mas sim pela antiga ponte submersível, cem metros a montante. À saída do empreendimento e do outro lado da estrada deparámos com a plataforma de poiso dos helis, que ainda tinha parte das marcações pintadas. Mais a baixo, junto a um edifício em ruínas e onde funcionaria uma escola, resolvi abrir com os dentes a castanha de um caju, aliás como costumo fazer cá com as amêndoas em verde.

Uma escola com os característicos banquinhos, num antigo edifício, já sem telhado

Queimei a boca e fiquei sem paladar durante dias, de tal forma que passados dois dias, quando tomava banho no mar em Varela achei que a água não era salgada.

Do outro lado da estrada principal e junto ao caminho que conduzia à ponte submersível, a antiga plataforma de poiso dos helis. Ao fundo, o Mesquita, dá escala ao conjunto.

Panorâmica com o heli-porto à esquerda, ao centro a ponte e à direita a entrada para o empreendimento turístico, onde antes era o aquartelamento.

A ponte submersível vista de Sul e de jusante.

Atravessámos a ponte submersível e já à entrada daquela recôndita tabanca deparámos com uma construção que numa parede ostentava os dizeres: Discoteca do Saltinho.

Deambulámos os dois pela tabanca que parecia enfermar do isolamento raiano. Em determinada altura alguém me chama, convidando-me a entrar para uma morança. Só entro eu. Lá dentro está uma família abrigada do torresmo do sol, naquela hora. Além de fotografar e filmar tive uma conversa interessante com os adultos em que um, que tinha sido guerrilheiro, me manifestou o desagrado da situação em que se encontravam e que achava que estariam bem melhor se Portugal não tivesse saído da Guiné.

Os adultos com quem conversei, dentro de uma morança, na tabanca do Saltinho.

Já fora da morança uma muher grande pediu-me que lhe desse um telemóvel. Expliquei-lhe o melhor possível, que embora tivesse gasto muito para vir de Portugal e estar ali, não podia andar a dar telemóveis.

Por ter dado alguns lápis e canetas aos miúdos que sempre me rodearam, não mais me largaram até ao empreendimento. Desta vez atravessámos a ponte principal, de Sul para Norte, portanto.

Chegados ao empreendimento ainda houve tempo para mais uma vez mergulhar e sobretudo refrescar, no Corubal. Pouco depois iniciámos o regresso.

Como já anteriormente tinha falado com o Allen sobre um tal Sr. Camilo (de quem já falei noutra estória), que há quarenta anos, em Báfata, costumava oferecer uns lautos jantares aos oficiais e para os quais eu nunca aceitei o convite, disse-me que talvez fosse um caboverdiano que morava em Bambadinca. Apesar de não me lembrar se realmente alguma vez o tinha visto adiantei que não deveria ser o mesmo pois achava que não devia ser caboverdiano e que já devia ter morrido. O Chico disse então que íamos tirar isso a limpo. Em Bambadinca parámos junto à casa desse Sr. Camilo, estando ele sentado à porta, um caboverdiano com 76 anos. Era realmente ele. Pedi-lhe desculpa (passados 40 anos) de nunca ter aceite os seus convites (já noutra estória referi as razões) e na conversa que se seguiu ele referiu que há 40 anos pertencia à PIDE (se pertencia a algo mais, não disse). Tirámos as fotos da praxe e seguimos caminho.

Em Bambadinca com o Sr. Camilo. (foto do Pimentel ou do Mesquita)

O Chico, em Jugudul quis parar para visitar um amigo que tinha a principal destilaria de aguardente de cana da Guiné, a “Bordão”. Também bebemos umas cervejas e sobretudo fiquei a saber as últimas novidades de Báfata, nomeadamente sobre o cinema e o seu proprietário, o Sporting Club de Báfata. Interessava-me esse tipo de informações pois tinha prometido a um amigo santomense (Silas Tiny) que anda a fazer um trabalho ligado ao Cinema de Báfata, que lhe recolheria toda a informação sobre o assunto.

O proprietário da destilaria, que nos recebeu em sua casa.

Regressados ao Anura, penso que comemos uma sopa (ao almoço comia-se normalmente muito). Noticiário (com as invariáveis notícias das falcatruas habituais do nosso país) e cama.

Até amanhã camaradas.
Fernando Gouveia
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 3 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6101: A guerra vista de Bafatá (Fernando Gouveia) (24): Diário da ida à Guiné - 04/03/2010 - Dia Um