segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6887: Recortes de imprensa (27): Repressão da PIDE/DGS, em Cabo Verde, na sequência do assalto, feito por militantes do PAIGC, ao barco de cabotagem Pérola do Oceano, Ilha de Santiago, 19 de Agosto de 1970 (Nelson Herbert)

"
1.  Eis uma notícia que passou na imprensa de Cabo-Verde, em 19 do corrente, com a publicação de um comunicado ou nota de imprensa da Associação Defesa da Memória, ONG cabo verdiana (ainda pouco conhecida), assinalando uma efeméride, considerada importante para a história recente daquele antigo território português, o 40º Aniversário do maior número de prisões feita pela PIDE em Cabo Verde, num só dia... O recorte de imprensa foi-nos enviados pelo membro da nossa Tabanca Grande, Nelson Herbert (jornalista, Voz da América, EUA, foto à esquerda), natural da Guiné, filho do famoso, no seu tempo, jogador de futebol Búfalo Bill, o Armando Lopes, que celebra justamente hoje 90 anos, e a quem reiteramos os votos de parabéns (LG).


"Efeméride: 40º Aniversário de maior Prisão feita pela PIDE em Cabo Verde

"Há precisamente 40 anos, em 19 de Agosto de 1970 a PIDE, Polícia Internacional de Defesa do Estado Português, realizou a sua mais extensiva captura e aprisionamento políticos de militantes da resistência interna do PAIGC (Partido Africano para Independência da Guiné e cabo Verde) em Cabo Verde"!, diz a nota de imprensa distribuída pela Associação de Defesa da Memória.


"Essa acção da PIDE foi realizada na sequência do assalto ao navio Pérola do Oceano em Agosto de 1970, por um grupo de militantes do PAIGC de Santa Catarina, infiltrados por um informante da PIDE, José Borges, como sendo coronel do PAIGC, com intuito de irem buscar arma(s) na Guiné Conacry para a Libertação de Cabo Verde. Nesse ambiente repressivo e de movimentação da PIDE e das forças armadas portuguesas em toda a ilha de Santiago, mais de quarenta suspeitos foram aprisionados. Entre eles destacava-se Pedro Martins, responsável do PAIGC, estudante do 7º ano dos liceus, preso com grande aparato militar.

"Pelas informações arrancadas em outros detidos, particularmente no grupo dos assaltantes do Pérola de Oceano, a PIDE convencera-se que tinha capturado uma das cabeças mais importantes do PAIGC em Cabo Verde.


"Sujeito a uma tortura impiedosa de quase seis meses, Pedro Martins, de facto,  resistiu à PIDE, proeza a que poucos se podem gabar, considerando a impunidade e a barbárie dessa polícia colonial fascista. Nenhum segredo do PAIGC e nenhum nome de militante foram-lhe arrancados pela PIDE. Esse comportamento só poderá ser atribuído à sua firme convicção e dedicação à Luta para Independência de Cabo Verde.


"No então concelho de Santa Catarina viveu-se momentos de muita repressão e tensão políticas. “O ar tornou-se irrespirável",  como afirmaria um militante do Partido. Entretanto, os companheiros de Pedro Martins não desistiram e prosseguiram com a militância política em prol da Independência de Cabo Verde.


"Quarenta anos depois desse acontecimento histórico, do comportamento patriótico de militantes do PAIGC, como o do Pedro Martins, sentimo-nos na obrigação de assinalar a data histórica de 19 de Agosto de 1970 e de saudar a Luta pela Independência Nacional e particularmente dos que estiveram na resistência interna e enfrentaram o poder repressivo colonial".


A referida Associação exorta, por fim, os s professores de história para "que ensinem aos alunos o significado que foi essa data para o triunfo da Independência Nacional no dia 5 de Julho de 1975".

(Nota de imprensa publicado, pelo menos em: Expresso das Ilhas, Vision News, de Cabo Verde; mas também no Correio da Manhã. Reproduzida no nosso blogue com a devida vénia...)

2. Comentário de L.G.:

A Semana tem uma outra versão deste episódio, e aponta a data de 20 de Agosto de 1970, como eféméride, em artigo de opinião assinado por Emanuel C. D’Oliveira

(...) "Nesse dia ou melhor noite, do ano 1970, o barco recebeu carga e passageiros para S. Filipe e Furna, como habitual e rotineiramente fazia. Ninguém desconfiou, nem podia desconfiar, que entre os embarcados encontrava-se um grupo de assaltantes que, disfarçados de passageiros, iam com a intenção de sequestrar e apoderar-se do barco. O grupo ia protagonizar um feito inédito na história do arquipélago.



"!Os planos, porém, não correram como esse grupo, sob disfarce, tinha previsto. Afinal tratava-se de uma manobra da polícia política para desmantelar e capturar elementos afectos ao PAIGC que actuavam na clandestinidade, na ilha de Santiago, mais precisamente em Santa Catarina e Assomada. Veio-se a saber mais tarde que um elemento do grupo tinha montado uma armadilha aos restantes que, na sua boa-fé, pretendiam ir combater o regime português a partir do continente. A desventura do grupo, que acabou preso, é contada ao pormenor em duas obras literárias da nossa praça (Testemunhos de um Combatente,  de Pedro Martins e Tarrafal, Memórias e Verdades,  de José V. Lopes). (...)

(...) "Os assaltantes acabaram presos pela PIDE com a ajuda de militares e da Polícia de Segurança Pública. Nem todos foram encontrados no mesmo dia. Primeiro estiveram detidos na extinta Cadeia Civil que se localizava onde hoje se encontra o Hotel Trópico. Mais tarde transferiram-nos para Tarrafal, tendo sido libertados quatro anos depois, após a revolução portuguesa de 25 de Abril, em 1974". (...)


De qualquer modo, este episódio é pouco conhecido entre nós, e até mesmo entre os guineenses e os cabo verdianos. O nosso blogue é um ponto de (re)encontro de gentes e memórias. Faz por isso sentido evocar aqui esta efeméride. Em Maio passado foi estreado o filme "O Sonho de Liberdade", do cineasta Júlio Silvão Tavares,  baseado nestes factos históricos.

Ficha técnica > Realizador: Júlio Silvão Tavares;  Produtora: Silvão – Produção, Filmes;  Equipa artístico: Assaltantes do navio Pérola do Oceano, familiares e outros testemunhos;  Local de Rodagem: Cabo Verde – Ilhas de Santiago;  Data de início e tempo de rodagem: Abril / Maio de 2007, 25 dias Duração: 52 minutos. Estreia: Cidade da Praia, 9 de Maio de 2010.

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Nota de L.G.:
 
(*) Último poste desta série > 15 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6743: Recortes de imprensa (26): A morte do africanista Basil Davidson (1914-2010), amigo e admirador de Amílcar Cabral (Nelson Herbert / Luís Graça)

Guiné 63/74 - P6886: História da CCAÇ 2679 (38): Situação Geral durante o mês de Dezembro de 1970 (José Manuel M. Dinis)

1. Em mensagem de 22 de Agosto de 2010, José Manuel Matos Dinis* (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), enviou-nos mais um episódio da História da sua Companhia.


HISTÓRIA DA CCAÇ 2679 (38)


SITUAÇÃO GERAL DURANTE O MÊS DE DEZEMBRO DE 1970
(extraído da História da Unidade)


Durante o mês de Dezembro assinalaram-se várias manifestações de iniciativa IN no Sub-Sector da Companhia: duas flagelações ao Aquartelamento de Bajocunda e uma ao Destacamento de Copá.

A actividade operacional também foi neste período bastante grande. Efectuaram-se várias operações e patrulhamentos de contacto com a população e emboscadas nocturnas, sem que, no entanto, houvesse a registar qualquer contacto com o IN.

Neste período a Companhia foi reforçada temporariamente com 02 GComb da CArt 2762, devido à grande actividade operacional dispendida pela Companhia que, além disso, tem de continuar a dar protecção às tabancas de Amedalai, com o PEL MIL 269 e a TABASSAI, ora com GComb da Companhia, ora com os da CCav 2747.

O Natal foi celebrado com a armação de presépios, almoços melhorados e espectáculos de variedades organizados pelo pessoal. SEXA COMCHEFE visitou então o Aquartelamento de Bajocunda e os destacamentos de Copá e Tabassi (fim de citação).


Da actividade respigo as seguintes acções durante o mês:

Em Bajocunda: 7 operações; 5 emboscadas nocturnas; 5 patrulhamentos de combate; 5 patrulhamentos sociais; 3 patrulhamentos de contacto; 1 patrulhamento de reconhecimento.

Em Copá: 1 patrulhamento de combate; 1 patrulhamento de reconhecimento.

Em Amedalai: 1 patrulhamento de reconhecimento.


Minhas notas relativamente ao que antecede:

Sobre a visita de Natal que nos fez o ComChefe, no dia 27, o pessoal cortou-se a denunciar o descarado locupletanço dos xicos da Companhia, que no dia de Natal ignoraram o subsídio de vinte e cinco tostões para melhoria do rancho, e o que foi servido, foi a habitual bianda com estilhaços. Nessa ocasião, o pessoal revoltado no refeitório, não tomou especial atitude, mas dois ou três militares aproximaram-se da messe, onde os graduados e um civil comiam um frugal bife, mas bife, com batatas fritas, julgo que com vontade de dar umas bocas.

Eu estaria próximo da posição deles, e pediram para me falar. Quando me contaram a ocorrência no refeitório, nem quis acreditar, e dirigi-me ao local para confirmar. Ali chegado iniciou-se um burburinho, mas contiveram-se de seguida. Disse-lhes que, dada a circunstância, não me parecia viável fazer uma nova refeição, e aconselhei-os a comer o que era disponibilizado, mas chamei a atenção ao Jesus, o cantineiro, para que a seguir franqueasse o bar, e que o pessoal se servisse à minha ordem.

Regressei à messe e interpelei o capitão, dando conta do que vira e da minha decisão subsequente. E acrescentei que não tinha intenção de pagar qualquer despesa, nem me apetecia acabar a refeição naquela mesa. Peguei no prato e fui para o meu quarto. Seguiu-me um outro furriel, que já não consigo identificar, e sem preocupações perguntava: o que é que os filhos da puta fizeram?

Do caso não resultou nada, mas eu também não denunciei a atitude durante a visita do General. Pairava sempre a desconfiança da protecção que a tropa dava aos carreiristas. Talvez por isso, ninguém se manifestou. Deve salientar-se a falta de escrúpulos e fanfarronice do capitão, como dos sargentos, por terem registado a aldrabice na História da Unidade.

No fim de Novembro o Foxtrot deslocou-se para Copá. Ali permaneci apenas duas semanas, como a seguir revelarei. Encontrei o destacamento e a tabanca com falta de tudo. Falta de munições e falta de alimentos. Dei logo conhecimento da situação.

Era costume os graduados para ali deslocados manterem um negócio de géneros com a população, a quem vendiam arroz e vinho temperado. As provisões eram mínimas e eu fora avisado. Contratei um magarefe, a quem pagava um pouco mais, mas ia ao Senegal comprar vacas e cebolas, o que nos garantia uma alimentação quase de luxo, pois só ficávamos com o melhor da carne e as miudezas para petiscos. Havia farinha com alguma suficiência.

A falta de água era outra constante. Havia um poço muito pouco profundo, dois ou três metros, que de manhã proporcionava uma água argilosa, castanha, que, mais ou menos filtrada, aproveitávamos para a cozinha. Praticamente não tomávamos banho. O clima era o mais agreste que encontrara, com nítidas influências do deserto.

No destacamento havia um lugar de grande responsabilidade, o de encarregado pela tabanca dos géneros: se antes era um lugar da confiança dos graduados, que geriam a alimentação do pessoal e ainda negociavam com a população, actividade que rendeu uns Breitlihgs (relógios populares na época), agora, em regime de vacas magras, determinei a cessação das vendas, e era preciso alguém de muita probidade para ajudar à gestão equilibrada. Não era difícil entre o Foxtrot nomear alguém de aceitação tácita, e, se não me recordo do designado, a coisa funcionou. Tão bem funcionou, que ao fim do dia lá estava o chefe-de-tabanca na palhota que servia de comando, a reclamar por não terem sido atendidos os populares que demandavam por compras. Nunca fui entusiasta em alimentar a preguiça, e aqueles indivíduos eram preguiçosos. Não sei como arranjavam dinheiro suficiente para o supermercado, mas isso indiciava bons negócios com a tropa, pela venda de galinhas, cabritos, e pela prostituição das filhas. Nos arredores havia uma plantação de caju, que não exigia cuidados especiais e garantia rendimento certo.

Ao chefe referi que havia escassez de géneros, que não havia garantia de fornecimento para os próximos dias, e, por isso, estavam suspensas as vendas. Houve algum blá-blá em dialecto, entre o chefe e alguns populares surpreendidos pela novidade, mas a decisão estava tomada. Competia-me garantir a melhor solução para o meu pessoal, apesar de, aparentemente, atentar contra as regras da psícola que, francamente, ignorava, pois nunca tivera acesso a ordens ou instruções que clarificassem essa política de protecção (mais do que colaboração) às populações.

Outro aspecto que critico na política do Governador e ComChefe: a falta de meios para implementação e fiscalização de actividades, à semelhança da ribaldaria que resultava da descentralização de poderes nas companhias, sem que funcionasse alguma auditoria. Entendia eu, que para dar execução às vendas, seria necessário um stock generoso que não comprometesse o quotidiano do pelotão. Nem sabia, nem me interessava, se os géneros eram extraviados de Bambadinca até Copá. Se eu tivesse tido essa incumbência, muitos "rádios" teriam transmitido a situação.

Assim, limitava-me a gerir a presença militar. Mais uma vez manifestava uma atitude anti-social, que poderia vir a sair-me cara.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 17 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6861: (Ex)citações (92): A Guerra Colonial, todos querem ser heróis (José Manuel M. Dinis)

Vd. último poste da série de 13 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6589: História da CCAÇ 2679 (37): Como se pode ser vítima da sua própria armadilha (José Manuel M. Dinis)

Guiné 63/74 - P6885: (Ex)citações (94): Eles são brancos, se entendem (António Rosinha)

 1. Mensagem do nosso tertuliano António Rosinha, com data de 21 de Agosto de 2010:

ELES SÃO BRANCOS, SE ENTENDEM

Esta expressão popular que se ouve com frequência no Brasil, é usada por quem assiste a uma contenda entre dois amigos e ele não se quer intrometer e diz na velha ortografia brasileira: eles são brancu'sintendi.

Logicamente a origem desta expressão teria sido criada e popularizada pela maioria negra brasileira dentro de algum espírito de distanciamento em relação às questões dos brancos (patrões, chefes...).

Era com curiosidade mas com distanciamento,  que milhões de angolanos que não tinham sido baptizados nem registados, nem tinham calçado sapatos, olhavam e perscrutavam o que se passaria com os brancos. À espera que se entendessem.

Para esses angolanos e para mim, tanto os brancos da metrópole, como os brancos de segunda, como os mulatos, eram todos portugueses (brancos). E também a tropa vinda da metrópole. Assim como todos os dirigentes do MPLA, FRELIMO e PAIGC eram tão portugueses como eu, pois além do BI, muitos até tinham sido da Mocidade Portuguesa, e eu nem a cor da farda conhecia.

Também na Guiné, vi milhares de guineenses, já com uns anos de independência, passivamente olhando os carrões de vidros escuros dos dirigentes do PAIGC, bem como milhares de brancos (estrangeiros), esperando que se entendessem. Porque achariam que eles, povo, não foram chamados para a contenda.

No caso de Angola, alguns arranjaram uma guerra de 27 anos, mas ficou a independência... e as riquezas. Embora conste que muitos angolanos continuem na expectativa, passivamente.

E os dirigentes do MPLA, que aliás governam, dão a ideia que cumprem com a governação que apregoavam antes de começar a guerra em 1961.

As grandezas e exibição das riquezas angolanas, que os caputos escondiam, estão a começar a aparecer. Conversas com mais de 50 anos que não ficaram esquecidas.

Havia outra conversa dos futuros candidatos a governar angola, e que parece ser verdadeira: Que os tugas não sabem governar-se, quanto mais governar esta terra tão rica e grande.

Pena que grande parte dos angolanos de mais valor tenham ido para o Brasil e mesmo para cá, assim como imensos guineenses de valor terem dado o fora.

Agora, porque está tão difícil a sobrevivência da Guiné? Será que alguém andou mentindo aos guineenses?

Será que o que se passou em Madina do Boé, em 24 de Setembro de 1973, foi o Grito de Madina do Boé  imitando o Grito do Ipiranga, em que os índios do Brasil não ouviram esse grito?

E também os fulas, papéis, mandingas, balantas e felupes e todos em geral, também não ouviram esse grito até hoje? Apenas foi ouvido na ONU? Ou esse grito interessava mais aos ouvidos dos angolanos?

Ou será mesmo verdade que o que os guineenses pensam que Angola deve a eles a sua independência, e nós, portugueses,  devemos a eles a nossa liberdade de Abril e para tal não foram avisados com antecedência?

Ou seja, "fomos nós os mais sacrificados, porquê?" esta ideia foi-me transmitida por um balanta de Kiev.

Depois de ter trabalhado com tantos guineenses, angolanos, cabo-verdianos, indianos e até macaenses, e de ouvir durante 5 anos os discursos de Alberto João Jardim, muito parecidos com os discursos do falecido Nino Vieira, penso que o 25 de Abril não foi o fim de nada, apenas um pequeno episódio da nossa aventura de sermos portugueses.

Nós não somos apenas 10 milhões, se soubessem os cabo-verdianos e guineenses e angolanos com direito a voto em Portugal, somávamos bastantes mais.

Pena que estejamos à espera "que os brancos de Bruxelas se entendam".

Um abraço,
Antº Rosinha
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6835: (Ex)citações (89): As elites e a formação dos movimentos nacionalistas (António Rosinha)

Vd. último poste da série de 17 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6862: (Ex)citações (93): A Guerra Colonial, todos querem ser heróis (António J. Pereira da Costa)

domingo, 22 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6884: O Nosso Livro de Visitas (98): Joaquim Sabido, ex-Alf Mil da 3.ª CART/BART 6520 (Jemberem e Mansoa, 1973/74)

1. Joaquim Sabido (ex-Alf Mil Art.ª, Guiné/74, 3.ª Cart/Bart 6520/73 e CCaç 4641/72, Jemberém, Mansoa e Bissau), deixou esta mensagem no poste Guiné 63/74 - P6878: Memória dos lugares (86): No DFE 21, em Cacheu, nunca existiu num posto da PIDE nem nunca nenhum agente da PIDE lá pôs os pés, pelo menos no meu tempo (Zeca Macedo):

Meus Caros Camaradas;
Saúdo todos quantos estiveram no CTIGuiné, no cumprimento do serviço militar.

Cheguei a este sítio há pouco, na verdade, apenas no início deste mês de Agosto o descobri, já que pouco utilizo a rede, dada a minha inaptidão para lidar com a informática, mas a pouco e pouco vou conseguindo. Assim, desde o início do mês de Agosto que, quase diariamente venho lendo e acompanhando quanto aqui foi e vem sendo colocado, ou postado, como nesta linguagem se diz.

E é certo que, venho aferindo da formidável memória, dos conhecimentos e do domínio que alguns camaradas aqui manifestam, relativamente a tantas matérias, isto porque, muito honestamente, eu, de muitíssimas situações e locais já não me recordo, no essencial, quanto mais de pormenores. Todavia, admito que existam muitos camaradas que utilizavam diários, mas já estranho, quando alguns camaradas que se encontravam colocados p.ex. em Farim, tenham conhecimento do que se passava, sei lá, em Bissau e até nas Repartições do Estado-Maior do CTIG.

Daí que, os historiadores desta temática, como me parece ser o caso do Sr. Cor. Art.ª Nuno Rubim, exijam a validação documental dos factos, a bem do rigor científico.

Concretizando, direi, por exemplo, que li a matéria postada pelo camarada do STM (cujo nome não apontei e agora não sei voltar atrás), identificando que o serviço se situava junto à Amura e logo veio um outro camarada dizer que não, que ficava até a alguns quilómetros de distância.

No caso desta mensagem, reagiu de pronto o camarada Zeca Macedo, ao referido pelo camarada Inverno, seguramente, por ninguém querer ficar associado à PIDE, muito menos um Destacamento de Fuzileiros Especiais. Compreende-se e compreendo o essencial do que o Camarada Inverno escreve da sua vivência e da situação concreta que descreve, no entanto, não podemos, por vezes, querer chegar aos pormenores.

Tendo vindo a ler, algumas mensagens e comentários, verifico que, de entre muitos outros, p. ex., o camarada Mexia Alves, para além de, pessoalmente, concordar com a maioria das suas intervenções e comentários e do fado da Guiné de que gostei particularmente, nunca entra em detalhes, em pormenores, aborda as questões no essencial, deixando o acessório.

Já ouvi um meu camarada de Companhia, numa almoçarada dos alegados heróis - pançudos e carecas, a relatar uma situação por mim vivida na escadaria do Palácio do Governador, em Bissau, com um camarada sargento dos Comandos Africanos, que se encontrava paraplégico e que estava desesperado quanto à situação que iria viver após a nossa retirada.

Apresento o meu pedido de desculpas ao camarada Zeca Macedo, por me aproveitar da sua mensagem, para aqui vir pela primeira vez, sendo certo que em 11 de Agosto passado, enviei uma mensagem por correio electrónico ao camarada Luís Graça, que, eventualmente, ou não chegou ao destino dadas as minhas limitações já supra referidas em matéria computacional, ou devido ao período de férias, ou então, ainda, porque ali nada encontrou de interesse para ser aqui colocado.

Um grande Abraço a todos os Camaradas da Guiné.
Joaquim Sabido - Évora: o último militar português a sair do local onde se encontrava instalado o aquartelamento em Jemberém, sem que tivesse procedido à entrega do mesmo ao PAIGC.



2. Comentário de CV:

Caro Joaquim Sabido
Obrigado pelos teus contactos, este comentário e a mensagem que enviaste ao nosso Editor Luís Graça no dia 11 de Agosto, de que ainda não tiveste resposta por o Luís estar em férias. Vi que a mensagem estava já assinalada com uma estrela, sinónimo de que já tinha sido lida e de que terá tratamento tão breve quanto possível.

Deduz-se pelas tuas palavras que ainda não estarás à vontade nas lides da informática, mas com tempo vais ficar apto a navegar no nosso Blogue que tem imenso para ler. No lado esquerdo da página encontrarás umas palavras intituladas Marcadores/Descritores. Bastará clicares em cima da que queiras pesquisar e abrir-se-ão alguns postes como início de busca. Depois é só seguir os links apresentados no fim de cada um dos postes.
Experimenta que é aliciante.

Uma vez que já mandaste as duas fotos da praxe, julgo que queres pertencer à nossa tertúlia e ajudar-nos a elaborar a nossa própria história.

As considerações que fazes em relação aos pormenores que por vezes alguns camaradas ainda retêm, são pertinentes, pois até custa a acreditar que passados tantos anos ainda os retenhamos. Às vezes basta uma imagem ou uma palavra para se fazer luz.

Antes que me esqueça, as fotos que nos mandares futuramente a ilustrar as histórias que queiras ver publicadas, devem vir em formato JPEG (fotografia) ou inseridas nos textos (Word). Desta vez mandaste uma em ficheiro PDF o que é complicado para editar.

Posto isto, poderás aguardar a publicação do teu primeiro texto, ou começar a trabalhar e enviar mais, com ou sem fotos (devidamente legendadas) para irem sendo publicadas.

Recebe desde já um abraço colectivo destes teus 438 novos amigos.

Em nome dos editores,
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6801: O Nosso Livro de Visitas (97): António Inverno, ex-Alf Mil Cav Op Esp, S. Domingos, 1973, amante da "bela" Kalash

Guiné 63/74 - P6883: Convívios (266): Primeiro Encontro da CCAÇ 3327 (Os Nómadas), Coimbra, 17 de Julho de 2010 (José da Câmara)

1. Mensagem de José da Câmara* (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Guiné, 1971/73), com data de 21 de Agosto de 2010:

Caro Carlos,
Depois das férias, aos poucos vou pondo em ordem tudo aquilo que se atrasou.
Chegou a hora de voltar ao convívio com o camaradas do blogue.
Aqui fica o testemunho daquilo que foi, resumidamente, o convívio da CCaç 3327.

Para ti e para todos os camaradas, um haja saúde para todos.
Um abraço amigo,
José Câmara



Uma viagem de sonho: a CCaç 3327 em convívio

Foi uma viagem inesquecível, aquela que me levou de Stoughton, no coração do estado de Massachusetts, à terra dos estudantes, dos sonhos, dos choupais e dos rouxinóis, a cidade de Coimbra.

Pelo caminho, em São Miguel, encontrei o meu grande amigo ex-Fur Mil Valdemar Caetano.
Um dos destacamentos de Mansoa, na Guiné, fora testemunha do nosso último abraço, em Março de 1971.

Já na Horta, na linda ilha do Faial, fui encontrar os meus familiares para aquele abraço que acontece todos anos. Desta vez, o meu progenitor não estava à minha espera e jamais o estará. No meu coração estará sempre o seu sorriso quando me via chegar, ido das Américas.

Finalmente, a última pernada da viagem há muitos anos sonhada.

Eram cerca das 11 horas da noite quando eu e a minha esposa chegámos ao aeroporto, em Faro. À nossa espera estavam o meu querido Capitão Rogério Alves e os meus bons e grandes amigos ex-Furriéis Luís Pinto e João Cruz da CCaç 3327; o ex-Furriel Costa da CCaç 3328 com quem privei muitas vezes, na ilha Terceira, também lá estava. Esta simpatia e amabilidade tocaram-nos profundamente.

Ali mesmo, no aeroporto, deixámos passar os minutos e as horas. Havia muito para falar.

Norinha, Silves, foi o nosso próximo destino. Por aquelas bandas procurei o Amílcar Ventura. Gostei de conversar com ele. Pessoa simpática. Falámos do blogue, das histórias, dos encontros e desencontros. Um dia ele voltará para acabar a sua história. Demos um abraço. Senti um amigo na despedida.

Os nossos anfitriões na Praia da Rocha, o casal Pinto (Luís e Samara), tudo fizeram para nos proporcionar uma estada confortável e agradável. Conseguiram isso e muito mais. A amizade que era de dois agora é de quatro. Tenho a certeza de que num futuro próximo, teremos a mesma alegria que este encontro nos proporcionou.

Ao casal Pinto juntou-se o casal Cruz que, nos mimos para connosco, proporcionaram-nos momentos de grande emoção e amizade. Depois de um excelente e lauto almoço confeccionado pela dona Fernanda Cruz, lá fomos às raízes da nossa vida militar.


O CISMI, em Tavira!

O mesmo pórtico, a mesma calçada. A grande bacia onde lavávamos os utensílios de alumínio foi-se. Os edifícios estão todos modificados (já o estavam a ser em 1970), mas ainda lá estava, por cima da porta da caserna, a placa, em azulejo, da 4.ª Companhia de Instrução, a minha Companhia, na altura comandada pelo capitão Micalina (nome possível de correcção).

O quartel está muito bem arranjado e em ordem. Passei pelo refeitório. Pintado, asseado, mesas com toalhas brancas e postas com a louça. Confesso que me emocionei de alegria com esta visão, para mim surreal, tal era a diferença das paredes negras e das teias de aranha que se viam pelos tectos em 1970. E da metade do refeitório que era utilizado pela 3.ª Companhia de Instrução, que aguardava a reconstrução da sua caserna.

Porém, a minha curiosidade foi espicaçada pelo facto do quartel estar praticamente vazio. Foi explicado que esta instalação militar está virado para uma missão diferente. Ali fazem-se reciclagens de diferentes armas e especialidades. Também serve de estância de férias e descanso para militares. O elemento feminino também estava presente. Lá encontrei duas caras bonitas de uma 1.° Sargento e de uma Alferes. Com elas ficou a certeza que eu, se fosse um jovem de 20 anos, ponderaria a ideia de prolongar a vida militar com tão lindas camaradas. Para o nosso cicerone, um 2.° Furriel, ficou o nosso agradecimento de uma visita só possível pela sua amabilidade.

Tavira cresceu. Muito! As ruas da baixa continuam no mesmo lugar. Edifícios que não reconheci. Algumas coisas não mudaram, não podiam mudar: o rio Gilão e a ponte que o atravessava foram sempre assim. Ah, e as meninas de então, lindas que eram, não sei se mudaram. Eu sei que... (a minha cara metade diz que o espelho não engana).

...Quem mudaram: os instruendos (que foram) Câmara, Pinto e João Cruz

Do Algarve a Coimbra com paragem no Canal da Caveira, Alentejo, para um excelente cozido à portuguesa. Noite bem passada em Fátima onde a minha esposa teve a oportunidade de visitar o Santuário. Sorte tamanha teve, que conseguiu integrar-se numa pequena procissão que se realizava na altura. Para ela foi o concretizar de uma aspiração de criança, devota que é da Imaculada.

Pela manhã do dia 17 de Julho, pusemo-nos a caminho. Com vontade de chegar. Os primeiros sinais de Coimbra com entrada pelo Norte, descendo até ao Portugal dos Pequeninos.

Ali começaram os primeiros abraços, as primeiras emoções, as primeiras lágrimas; tudo apropriado ao momento que vivíamos. Tinham sido trinta e sete anos em patrulha para encontrar este dia. E que dia!

Da esquerda para a direita: Câmara, Cruz, Caetano, Cap. Alves, Pinto, Garrido e Graciano

A CCaç 3327 era, uma vez mais, aquilo que sempre foi: uma família! Neste encontro, os nossos irmãos e camaradas açorianos não puderam estar presentes. As excepções foram protagonizadas por mim e pelo ex-1.º Cabo António Vasconcelos que se deslocou de propósito a este encontro, vindo da Ilha das Flores. Será muito mais difícil juntar os açorianos, espalhados que estão por todas as ilhas dos Açores, Estados Unidos e Canadá.

O Rodrigues veio de França para este encontro.

O ex-Soldado Graciano Rodrigues e o ex-Furriel Trms João Correia

A partir da esquerda: Os ex-furriéis Carlos Costa (Op .Esp) Luís Moura (Vagomestre) Rui Esteves, um dos nossos tertulianos (Enfermeiro) e João Cruz (Atirador) com a esposa Fernanda Cruz.

À direita da mesa: Os ex-furriéis Caseiro, Fermento, e o Soldado Agapito

Os ex-soldados Jorge Florêncio e Xisto, seguidos por um amigo, o ex-1.º Cabo Sá e a esposa. Não consigo identificar a senhora que se segue, possivelmente a esposa do ex-Furriel Jesus que se segue, o ex-1.º Cabo José Matos e o filho. De pé, o ex-1.º Cabo Álvaro Pereira

Da esquerda para a direita: Os ex-Soldados Caetano e Graciano, o ex-Furriel João Correia, o ex-Alferes Neves e o ex-Capitão Rogério Alves

O ex-soldado Franco, o ex-Furriel Pinto e a esposa Samara, o Câmara e a esposa Isabel

O ex-Furriel José Leite ladeado pela esposa e pelo ex-Alferes Afonso

Os ex-furriéis Pinto e Jesus

As emoções que não têm preço. Os bons líderes também sabem chorar

O bolo do convívio: uma obra prima da doçaria portuguesa

Valeu a pena. Obrigado camaradas da CCaç 3327

O Encontro foi um sucesso. Os convivas fizeram acompanhar-se dos seus familiares. Registámos com alegria a presença das mães, das namoradas e das madrinhas de guerra de então, e dos filhos e netos de hoje. A nossa família cresceu imenso...

O nosso capitão Alves, muito comovido no seu improviso, agradeceu a presença de todos e disse do orgulho que sentiu em ter comandado a CCaç 3327. Acima de tudo disse da alegria que sentia em estar ali no meio da malta. Não esqueceu o Oliveira ceifado da vida tão cedo, na Mata dos Madeiros, nem aqueles que, com o passar dos anos da lei da vida, se foram libertando.

No abraço da despedida ficámos com uma certeza. Este foi o nosso primeiro encontro, mas não será, certamente, o último.

Até logo amigos!
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 6 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6684: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (20): Liderança e voluntariado de mãos dadas na Mata dos Madeiros

Vd. último poste da série de 22 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6882: Convívios (182): Em São Martinho do Porto com a famílias Schwarz da Silva e Levy Ribeiro (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P6882: Convívios (265): Na Tabanca de São Martinho do Porto, com as famílias Schwarz da Silva e Levy Ribeiro (Luís Graça)

Tabanca de São Martinho do Porto > Casa de férias da família Scharwz da Silva > 21 de Agosto de 2010 > Convívio, já obrigatório, anual,  com membros da Tabanca Grande > Luís Graça (acompanhado da esposa, Alice; este ano faltaram a Joana e o João, devido compromissos profissionais), Júlia Neto (acompanhada pelas suas três filhas e três dos seus netos, incluindo o Afonso e a Leonor), uma delegação da Tabanca de Matosinhos (Zé Teixeira, António Pimentel e Xico Allen), Manuel Reis (ccordenador da Campanha Angariação de Fundos para a Recontrução da Capela de Guileje), e Jero (que tem casa de verão em São Martinho do Porto)...

Esteve ainda presente o Teco, acompanhado da esposa (O Teco, natural de Angola, de seu nome Alberto Pires, foi Fur Mil na CCAÇ 726, a primeira subunidade a ocupar Guileje em 1964)... Do lado dos donos, estava a matricarca, Clara Schwarz, a nossa 'tabanqueira' com idosa (95 anos), o seu filho Carlos (Pepito), a esposa, Isabel Levy Ribeiro, e a mãe desta... A Isabel ofereceu-nos uma deliciosa cachupa... O Pepito estava à espera de um batalhão, ficou decepcionado ao ver apenas meia dúzia de gatos pingados... O Zé Teixeira, líder da campanha de angariação de fundos "Água potável para a Guiné: uma necessidade", uma parceria entre a Tabanca de Matosinhos (com o apoio da nossa Tabanca Grande) e a ONG guineense AD - Acção para o Desenvolvimento, fez questão de frisar que vinha "em negócios"...

Foto tirada pelo Xico Allen com a minha máquina...

O Pepito, a Alice e a Isabel

A dona da casa, Clara Schwarz... 95 anos, uma vida, uma memória espantosa... Que o diga o Jero, que esteve com ela a lembrar coisas da década de 40, quando Alcobaça (e o resto de Portugal) recebeu jovens refugiados austríacos... Clara e o marido, o advogado Artur Augusto Silva,  moraram em Alcobaça na década de 1940, antes do casal partir para a Guiné em 1949. Clara tem do seu casamento e dos 25 anos que passou na Guiné as melhores recordações. Em Bissau, a Dra. Clara foi professora no Liceu Honório Barreto.

A mãe da Isabel, a senhora Levy Ribeiro, filha de um médico que passou pela minha terra, Lourinhã, nos anos 30

A Júlia Neto, viúva do nosso sempre saudoso Zé Neto (1929-2007)

O Manuel Reis, o Teco (ao centro), o Jero e o Zé Teixeira

O Pepito, eu (L.G., de costas) e o António Pimentel... Foto tirada pelo Xico Allen (que lamentavelmente não aparece nesta sequência fotográfica)

O Teco e o Jero, dois combatentes da mesma época (1964/66)

O Zé Teixeira, um dos co-fundadores da chamada Tabanca Pequena de Matosinhos e um dos seus administradores (a equipa completa inclui ainda o Álvaro Basto, o A. Marques Lopes e o Jorge Teixeira/Portojo)

O Manuel Reis com uma das filhas e uma das netas do nosso saudoso Zé Neto (1929-2007)

Filha e neta da Júlia e do Zé Neto (1929-2007)... A filha (cujo nome não fixei, peço desculpa) é terapeuta ocupacional num hospital psiquiátrico e mãe do Afonso...

A esposa do Teco, o Pepito e eu (L.G.)... Foto tirada pelo Xico Neto, com a minha máquina...

Outra das filhas do Zé Neto, com o seu filho Afonso... Em segundo plano, o Pepito e a terceira filha da Júlia e do Zé Neto

Parcial de S. Marinho do Porto, tirada da varanda da casa do Pepito (que fica no caminho do Facho)... Ao fundo Salir do Porto



Acta testemunhando a entrega de 590 euros, ao Pepito, representante da AD, por dois dos representantes do Grupos dos Amigos da Capelinha da Guileje,  Luís Graça e Manuel Reis.

Fotos e legendas:  © Luís Graça (2010). Todos os direitos reservados

Guiné 63/74 - P6881: Blogoterapia (154): Encontrei no Blogue seres humanos extraordinários, que admiro, preso e considero amigos, apesar de só os conhecer virtualmente (Felismina Costa)

1. No dia 20 de Agosto de 2010 a nossa tertuliana Felismina Costa* deixou este comentário do poste Guiné 63/74 - P6874: Meu pai, meu velho, meu camarada (21): Parabéns a vocês! Luís Henriques e Armando Lopes, 90 anos, uma vida! (Luís Graça):

É hoje, e porque me toca particularmente a bonita idade destes Senhores, que me quero dirigir ao nosso criador e editor do blogue, (o Prof. Luís Graça) felicitando-o em primeiro lugar, por ter ainda a ventura, de ter o pai entre os vivos, porque quando os perdemos, sentimos que foi com eles um bocado de nós, e por isso, somos mais completos quando eles estão presentes entre nós. Parabéns portanto, aos pais e aos filhos, nas pessoas dos Senhores Luís Henriques e Armando Lopes.

Uma vida longa, muitas histórias e estórias, muito conhecimento, muita vivência... muito para ensinar! Em toda a nossa vida não há mistérios para os pais, porque eles andaram sempre à nossa frente. Eles são a referência do tempo que nos antecedeu, e continuarão a sê-lo muito tempo depois.

Agora, ao nosso editor, criador, etc, deste Blogue aonde um dia me dirigi assustada, quero dizer, que o felicito pela iniciativa e pela persistência.
Quero dizer que encontrei no Blogue e nas pessoas com quem tenho contactado, seres humanos extraordinários, que admiro, preso e considero amigos verdadeiros, apesar de só os conhecer virtualmente.

As portas foram-me franqueadas pelos amigos Carlos Vinhal e José Marcelino Martins, e eu entrei mesmo sem conhecer o dono da casa, mas tenho-me assim mesmo sentido bem, embora com a nítida sensação de estar a entrar numa casa sem a autorização do dono.
Penso que não me vai expulsar, mas sentia-me melhor com a sua aceitação pessoal, pois tem sido um prazer imenso descobrir e tomar contacto com uma realidade do meu tempo que sempre me interessou e que vivenciei. As vossas declarações, o vosso testemunho, são a história contemporânea do nosso País, à beira do registo para a posteridade.

Obrigada por me aceitardes aqui, na vossa caserna, e poder partilhar convosco as vossas tristezas e alegrias.

Saudações cordiais para o nosso editor PRINCIPAL e os meus parabéns, com os desejos de continuação, pois ainda há muita gente que não contou a sua história e é preciso que o façam.

Muito obrigada
Felismina Costa

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 7 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6832: Convívios (179): Festejar a vida em Santa Luzia, Ourique (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 16 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6750: Blogoterapia (153): Valeu a pena conhecer-vos, camaradas ! (Joaquim Peixoto)

Guiné 63/74 - P6880: Controvérsias (103): O BCAÇ 237, a CCAÇ 153, o Coronel Bessa, o Major Pina, o início da guerra... (Carlos Silva / José Pinto Ferreira)

A. Comentário de Carlos Silva (*) ao poste P6866

Data: 19 de Agosto de 2010 02:28
Assunto:   Guiné 63/74 - P6866: O Nosso Livro de Visitas (98): José Pinto Ferreira, ex-1º Cabo Radiotelegrafista, CCS/BCAÇ 237 (Tite, Julho de 1961 / Outubro de 1963): Evocando o lendário Cap Curto (CCAÇ 153, Fulacunda, 1961/63)

Neste Poste está escrito o seguinte:

(iii) Para terminar digo-lhes que até hoje não me apercebi que alguém tenha referido o ex-Comandante Militar da Guiné, Coronel Bessa. Este Comandante visitou Tite em Janeiro/63, no dia seguinte ao ataque do Quartel [23], tendo sido afrontado pelo Comandante do BCAÇ 237, José António Tavares de Pina, de que ou resolvia rapidamente o problema da falta de meios humanos do Batalhão, ou arreava ferros e os seus homens fariam o mesmo.

1 - Sobre o início da Guerra, há vários Postes (por exemplo,  P3531) e Comentários e escritos por mim.

2 – O BCaç 237 só é de nome, porque nem 1 Companhia constituiu, não tem História da Hunidade, vd
Estado-Maior do Exército - Comissão para o Estudo das Campanhas de África - Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África [1961-1974] - 7º Volume - Fichas das Unidades - Tomo II - Guiné, 1ª edição, Lisboa 2002, págs 40 e 41.

3 - No AHM [, Arquivo Histórico Militar, ] apenas existe 2 ou 3 Docs resumidos que tenho em meu poder e num deles refere que até Maio de 1963 o Comando do BCaç 237 dispusera, praticamente, apenas de um pelotão operacional, o Pel Mort nº 19 do R I 6.

Nesta data já tinha ocorrido ataque a Tite em 23-01-1963 e sobre este ataque apenas há uma Brochura, Tite – Guiné – 1961/62/63 que contém excertos de um trabalho meu, escrita pelo meu amigo e conterrâneo Dr Gabriel Moura, já falecido, que antes de falecer teve o cuidado de recolher informação e que eu acompanhei nessa tarefa, junto dos camaradas do Pel Mort 19 e dos poucos elementos do chamado Bat Caç 237, que nos induz em erro, porque não tem semelhança, nem de longe nem de perto com os Batalhões do meu tempo (1969/71) e não só, que integravam 600 militares ou mais.

4 – Nesse documento, único, no país e em todo o Mundo, o Gabriel relata exaustivamente os acontecimentos do dia 23-01-1963, claro a sua versão e de alguns camaradas e não se refere à presença em Tite do Cor Bessa, no dia seguinte ao ataque, 24-01-1963, omissão que até admito possa ter acontecido, pois nem de tudo nos lembramos.

Sobre estes acontecimentos de alguma forma desenvolvida podem ver o meu Site:
http://www.calosilva-guine.com/, embora eu não tenha transcrito todo o conteúdo da Brochura.

5 – Uma vez que tanto se fala na verdade dos factos, pelo menos, tanto quanto possível próximo da verdade, e uma vez que o nosso camarada José Pinto Ferreira da CCaç 153, que não era uma Companhia do dito BCaç 237, e que infelizmente nem sequer é referida no livro de Fichas do EME acima referido, chegou à Guiné posteriormente ao ataque a Tite, não tendo por isso presenciando o mesmo, agradecia que me informasse qual a fonte verbal ou escrita credível em que fundamenta a sua versão de que o Cor Bessa esteve presente em TITE no dia seguinte ao ataque, 24-01-1963,  e teve aquela reacção para com o Maj Pina, Comandante do BCaç 237 (?) até 10-05-63, porquanto constitui um facto importante a juntar ou não à narração feita pelo nosso camarada Gabriel Moura.

Com os meus agradecimentos e um abraço amigo
Carlos Silva

B. Resposta de José Pinto Ferreira:

Data: 20 de Agosto de 2010 18:04

Assunto: Guiné 63/74 - P6866: O nosso livro de visitas (98): José Pinto Ferreira, ex-1º Cabo Radiotelegrafista, CCS/BCAÇ 237 (Tite, Julho de 1961/ Outubro de 1963): evocando o lendário Cap Curto (CCAÇ 153, Fulacunda, 1961/1963)

Respondendo ao Ponto 5 do Comentário do Dr. Carlos Silva, digo-lhe que a Brochura do falecido Gabriel Moura tambem está na minha posse e tem um contributo, muito modesto, dado por mim à mesa de um café em Gandra, concelho de Paredes, para onde o próprio me desafiou para uma conversa sobre a sua intenção de escrever essa brochura.

Digo ainda ao Dr. Carlos Silva que aquilo que diz no Ponto 5 não corresponde em nada ao que digo na mensagem reproduzida no P6866. Peço-lhe que leia novamente, mas a informação que me pede aí vai:

Quem ouviu o diálogo travado entre os dois Comandantes, o da Guiné e o do BCAÇ 237, fui eu próprio. À exigência do Comandante do 237, o Comandante Militar da Guiné retorquiu em tom mais macio:
- Ó Pina, tu és o Comamdante!

E o Pina responde:
- Eu sei, meu Comandante, mas já não aguento mais.


Pelo que disseram nesse dia, e ou dias seguintes, certo, certo foi que passados 30 dias após o ataque ao Quartel, o IN tentou nova incursão, desta vez tentando incendiar a Messe dos Sargentos, só que a recepção já foi feita com ferramenta pesada, mais condiscente para aquele tipo de visitantes, foi com Auto-Metralhadora, a que os seus manejadores baptizaram de "Conjunto Maria Albertina"

Antes disto não havia nada.

Digo-lhe ainda que nunca pertenci à CCAÇ 153, CORRIGINDO a sua afirmação.

Adeus, Amigo Dr. Carlos Silva.

Sei que é de Gondomar mas reside em Sintra. Já residi nos dois concelhos, em Gondomar na Rua do Monte Crasto, em Sintram em Algueirão-Mem Martins.

Um Abraço
JPF

[Revisão / fixaçãod e texto / bold a cor / título: L.G.]

_________________

Nota de L.G.:

(*) O nosso amigo e camarada Carlos Silva foi Fur Mil Inf, e pertenceu ao CCaç 2548/BCaç 2879 (Jumbembem, 1969/71), é jurista de formação, co-fundador e dirigente da ONGD Ajuda Amiga... É autor da melhor página, na Net sobre o sector de Farim > Guiné 63/74, por Carlos Silva.


Guiné 63/74 - P6879: Parabéns a você (142): José Luís Vacas de Carvalho, ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2206, Bambadinca, 1970/72 (Os Editores)


1. Temos o prazer de assinalar, hoje dia 22 de Agosto de 2010, o 63.º aniversário do nosso camarada José Luís Vacas de Carvalho*, ex-Alf Mil Cav que foi Comandante do Pel Rec Daimler 2206 que esteve em Bambadinca nos idos anos de 1970/72.

Caro Vacas de Carvalho
A tertúlia vem desta forma a desejar-te um dia bem passado junto dos teus familiares e amigos mais próximos, e que esta data seja festejada por muitos e bons anos. 
Aqui estaremos atentos, esperando em cada Encontro anual dar-te um abraço de amizade e ouvir-te tocando a tua inseparável viola.


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Notas de CV:

(*) 22 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4851: Parabéns a você (21): José Luís Vacas de Carvalho, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2206 (Os Editores)

Vd. último poste da série de 20 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6873: Parabéns a você (141): Manuel Amaro, ex-Fur Mil Enf da CCAÇ 2615/BCAÇ 2892, Guiné, 1969/71 (Os Editores)

sábado, 21 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6878: Memória dos lugares (94): No DFE 21, em Cacheu, nunca existiu num posto da PIDE nem nunca nenhum agente da PIDE lá pôs os pés, pelo menos no meu tempo (Zeca Macedo)

1. Mensagem do nosso camarada Zeca Macedo, que foi segundo tenente  Fuzileiro Especial no DFE 21 (Cacheu e Bolama, 1973/74), e que hoje é advogado nos EUA, para onde imigrou em 1977.

Data: 21 de Agosto de 2010 16:51
Assunto: Artigo do Inverno-Episódio insólito em São Domingos (*)

Luís: Tentei enviar esta mensagem usando os comentários no fim do artigo; infelizmente, não o consegui fazer. Aqui vai.
Acabei de ler a estória do António Inverno sobre o indivíduo que tinha algo para contar ao agente da Pide. A determinda altura o Inverno diz que "o posto da PIDE mais próximo funcionava no destacamento de fuzileiros do Cacheu, situado na margem sul do rio com o mesmo nome, ou seja do lado oposto onde nos encontrávamos."

O destacamento de fuzileiro que se encontrava estacionado no Cacheu era o meu DFE 21 e lá não "funcionava" nenhum posto da PIDE. Havia sim, em Vila Cacheu, um posto da Pide, com sede próxima, perto dos Correios e da casa do Administrador. E mais, o agente nunca pôs os pés nas instalações do DFE 21 enquanto lá estive.

Um abraço amigo

Jose J. Macedo,
Segundo Tenente FZ
DFE21
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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 21 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 – P6877: Estórias avulsas (92): Episódio insólito (António Inverno)

Guiné 63/74 – P6877: Estórias avulsas (39): Episódio insólito (António Inverno)

1. O nosso Camarada António Inverno (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª CARTs do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos -, 1972/74, enviou-nos a sua segunda mensagem, narrando-nos um episódio que, tendo acontecido junto à fronteira como Senegal, nãoé de estranhar, mas é muito curiosa:



Episódio insólito em São Domingos



Eu junto ao edifício do comando em S. Domingos


Vou contar uma estória que não se tornou muito relevante porque tudo correu bem, pese embora o facto de ter tido reunidos todos os ingredientes para correr mal e, também, porque me parece um acontecimento que dadas as suas invulgares características sempre o achei pouco vulgar.



São Domingos, meados de 1973, ao cair da noite foi dado o alarme pela sentinela que estava de guarda na torre de vigia virada para Norte, que detectara um vulto vindo do Senegal. Era com certeza um homem com muita sorte pois o nosso sentinela não desatou logo aos tiros sobre ele, o que seria considerado normal, dado que de onde ele vinha e àquela hora só era habitual movimentos quer das NT, quer do IN.



Ora como naquela altura não andava qualquer militar nosso fora do quartel a probabilidade que restava era a de ser um inimigo. Mas não, era um africano e só falava francês, transmitindo-nos que queria falar com o comandante do nosso aquartelamento.



Levaram-no à presença do Capitão e, já na sua presença, o africano exigiu que o levassem imediatamente à PIDE.



Não sem bem porquê mas logo previ que aquela “encomenda” também ia sobrar para mim.




Em Susana, oficial de dia à companhia, por altura da visita do General Bettencourt Rodrigues, que tinha substituído o Gen. Spínola, no CEME do CTIG.



Como o posto da PIDE mais próximo funcionava na vila do Cacheu (*), onde se encontrava localizado um destacamento de fuzileiros, situado na margem sul do rio com o mesmo nome, ou seja do lado oposto onde nos encontrávamos, olhei para o Capitão e disse-lhe que fazer a travessia àquela hora e já noite caída, num bote com um motor mercury de 50 C.V. a fazer um “cagaçal” enorme, para além de perigoso, não era lá muito boa ideia visto que a malta do P.A.I.G.C. também frequentava as margens daquele rio e, portanto, era melhor esperar pela manhã do dia seguinte.



Só que o africano afirmou que, o que ele queria transmitir, só o faria na PIDE e queria fazê-lo de imediato, porque se assim não fosse o Capitão assumiria toda a responsabilidade das consequências.



Sendo assim, para não haver problemas, tinha que se levar o homem à PIDE e lá preparamos o bote (vulgo Zebro do tipo do que os fuzileiros usavam).



Tal como eu previa lá me tocou a mim o frete, pelo que me enfiei na pequena embarcação com o africano, um homem a zelar pelo funcionamento do motor e outros dois que escolhi ao acaso, preenchendo a lotação.



Lá fomos rio abaixo e à chegada à entrada do rio Cacheu, deparamos com a maré no seu máximo, ou estava a acabar de encher, ou estava a começar a vazar, para quem conhece este curso de água deve lembrar-se daquela ondulação pequena mas picada.



Era nossa ideia fazer a travessia o mais rapidamente possível e então metemos “prego a fundo”, a dado momento comecei a notar que a proa do barco, de um dos lados, estava a querer enrolar, uma das longarinas de madeira que esticam o barco começou a querer sair do sítio, apesar do estrado de madeira que assenta no fundo, provavelmente devido á trepidação provocada pela ondulação ou por ter ficado mal montada na altura da insufulação do ar.



Fomos obrigados a reduzir a velocidade e lá fomos aguentando a peça de madeira a golpes de pontapé até chegarmos ao destino.



Entreguei o africano na PIDE, o que ele lá foi dizer ficou no segredo dos deuses, nunca cheguei a saber o que ele queria da PIDE nem nunca mais ouvi falar dele.



Obviamente que não regressamos de imediato, pernoitamos no destacamento dos fuzileiros e regressamos na manhã seguinte.



Tal como disse no início, este acontecimento não teve nada de transcendente, decidi dar-vos a conhecê-la porque em minha opinião pessoal vale pelo seu cariz insólito.




Junto ao posto de transmissões em S. Domingos



(*) O posto da PIDE encontrava-se na Vila do Cacheu e não no destacamento de fuzileiros, como por lapso eu indicara no texto original. Registo aqui o meu melhor agradecimento pela prestável e correcta indicação no comentário ao corrente poste, ao camarada Zeca Macedo, (ex-2º Tenente Fuzileiro Especial no DFE 21 em Cacheu e Bolama, 1973/74).


António Inverno Alf Mil Op Esp/RANGER 1.ª e 2.ª Companhias do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2010). Direitos reservados. Fotos: © António Inverno (2010). Direitos reservados. _____________ Nota de M.R.: Vd. último poste desta série em:


13 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 – P6849: Estórias avulsas (91): Sexta-feira, dia 13 de Agosto de 1971, em Mansabá (Carlos Vinhal)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6876: (Ex)citações (94): A maioria silenciosa do nosso blogue (Carlos Nery)

1. Comentário do Carlos Nery (ex-Cap Mil, Cmdt da CAÇ 2382, Buba, 1968/70, foto à esquerda, sentado, no dia da distribuição do patacão) ao poste P6869 (*):

Semana passada, ali num daqueles restaurantes do Largo de Carnide, ao pé do coreto, [em Lisboa,] ouço exclamar:
- Luís Graça & Camaradas da Guiné!

Era comigo, um amigo que não via já há uns anos, o Duarte Silva. Estudioso das coisas da Guiné, com obra publicada, conhece e lê o blogue mas, ao que julgo, não participa nele. Tive então a sensação de que, para além das "caras conhecidas", somos acompanhados por uma "maioria silenciosa", (expressão que uso num sentido diferente daquele que é usado, muitas vezes, em política, para invocar apoios que não se sabe se existem), maioria essa que devemos ter também em consideração.

Não adivinho o futuro mas daqui a umas dezenas de anos, quando já não estiver cá nenhum de nós, toda esta amálgama de testemunhos vai continuar a ser objecto de consulta, imagino.(Certamente estão tomadas as necessárias medidas de segurança deste material).

Em conclusão, penso que nos estamos a dirigir a um auditório muito vasto, no espaço e no tempo, de que nós, os que trocamos ideias uns com os outros, somos apenas a parte visível de um vasto icebergue...

Um grande abraço, Belo! Também eu, um pouco mais velho do que tu, gostaria de experimentar esse convívio na Lapónia! Mas a gente gosta de tanta coisa! O pior é o síndroma do DNA ("data de nascimento antiga", expressão mais elegante do que o estafado PDI)...
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Nota de L.G.:

(*) Vd. poste de 19 de Agosto de 2010 > Guiné 63/74 - P6869: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (26): Portugueses na Lapónia... sem distress (José Belo)