quinta-feira, 14 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8094: Parabéns a você (243): Luís Faria, ex-Fur Mil da CCAÇ 2791 (Tertúlia / Editores)


PARABÉNS A VOCÊ

14 DE ABRIL DE 2011

LUÍS FARIA

Caro camarada Luís Faria*, a Tabanca Grande solidariza-se contigo nesta data festiva.

Assim, vêm os Editores, em nome de toda a Tertúlia, desejar-te um feliz dia de aniversário junto dos teus familiares e amigos.

Que esta data se festeje por muitos anos, repletos de saúde, tendo sempre por perto aqueles que amas e prezas.

Na hora do brinde não esqueças os teus camaradas e amigos do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, que irão erguer também uma taça pela tua saúde e longevidade.
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Notas de CV:

- Postal de aniversário de autoria de Miguel Pessoa

- (*) Luís Faria foi Fur Mil Inf MA na CCAÇ 2791, Bula e Teixeira Pinto, 1970/72

- Vd. último poste da série de 11 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8080: Parabéns a você (242): Agradecimentos de Rosa Serra, Joaquim Mexia Alves e José Eduardo Reis

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8093: Notas de leitura (228): Poemas, de Artur Augusto da Silva (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Abril de 2011:

Queridos amigos,

Era indispensável registar no nosso roteiro cultural luso-guineense o advogado Artur Augusto da Silva que conheci, aí pelos 20 anos, na leitura de uma monografia sobre o artista modernista António Soares, de quem tenho um belo desenho dos anos 30.

 Curiosamente, Artur Augusto da Silva também escreveu sobre Jorge Barradas, outra das minhas devoções modernistas. Esta edição de Bissau, a que aqui se faz referência, comporta uma fieira de pérolas onde se enlaçam a língua portuguesa e diferentes exaltações guineenses. É só comprovar.

Agora, vou resumir o que sobre a Guiné-Bissau escreveu Pedro Rosa Mendes numa edição especial da Visão “África 30 anos depois”.

Um abraço do
Mário


Artur Augusto (da Silva), poeta luso-guineense

Beja Santos

Artur Augusto da Silva (1912-1983), nasceu na Ilha Brava (Cabo Verde) e passou a sua infância e adolescência entre Portugal e a Guiné. Após ter concluído o curso de Direito, em Lisboa, partiu para Angola, onde permaneceu alguns anos, entre o final dos anos 30 e início dos anos 40, tendo-se radicado na Guiné no final dessa década nas letras, como consta da sua bibliografia, escreveu poesia, romance e ensaio, sobretudo monografias de artistas portugueses. Frequentou em Lisboa os meios intelectuais do modernismo e conviveu com figuras da música da pintura e da literatura como Luís de Freitas Branco, Eduardo Malta e António Botto. Por exemplo Luís Dourdill é autor da capa do seu romance A Grande Aventura (1941).

Na Guiné, manteve-se extremamente activo, tendo participado na fundação do colégio-liceu de Bissau e Centro de Estudos da Guiné Portuguesa onde publicou alguns trabalhos ainda hoje não superados sobre usos e costumes de Fulas, Felupes e Mandingas. Entrou em litígio com as autoridades por ser defensor de várias dezenas de guineenses acusados de sedição e, em 1966, proibido de regressar à Guiné. Regressou a Bissau depois da independência do país e foi juiz no Supremo Tribunal de Justiça e professor de Direito Consuetudinário na Escola de Direito de Bissau.

“E o poeta pegou num pedaço de papel e escreveu poemas” é uma edição póstuma que ficou a cargo do Centro Cultural Português na Guiné-Bissau (Dezembro de 1997), e o levantamento poético ficou a cargo de Carlos Schwartz da Silva (Pepito), seu filho e nosso confrade no blogue.




Artur Augusto da Silva e Clara Schwarz a subir o Chiado (fotografia do blogue)


É autor de poemas solares, das reminiscências da infância, dos valores telúricos, neles circulam o sangue da lusofonia em toda a sua plenitude, a luxuriante vertigem das paisagens tropicais, a exaltação etnográfica e etnológica. Nenhum poeta luso-guineense é tão caprichoso no uso da língua portuguesa, nela vazando, por formas glorificadas, as gentes e a natureza guineense.

É uma escassa colectânea de poemas, fazem ressaltar um ânimo maravilhoso e maravilhado, terá sido um homem de bonomia, de solicitude, um adaptador da língua e da cultura portuguesa aos valores de uma Pátria emergente. Basta ver o arranque do seu poema “Morreu o Homem”, dedicado a um amigo de nome Mamadu Baldé:

“Mamadu Baldé, filho de Salifo, filho de Indjai, filho de Tchamo, filho de Monjur, filho de Mutari, cuja linhagem se perde há mais de dois mil anos nas terras do Egipto e de quem os antepassados remotos viram Moisés e Maomé e com eles conversaram sobre o tempo e as colheitas”.

É uma toada quase bíblica, porque Mamadu Baldé deverá orgulhar-se da genealogia, da linhagem e da estirpe, tudo se perde nos fins da história e no despontar do vigor cultural africano. Depois canta a terra negra da sua infância onde brincou com os seus irmãos negros, com eles nadou no rio, saboreou o caju, a papaia e o mango e recorda o poilão de Santa Luzia que vomitava fogo quando a santa queria orações. Recolhe-se e faz um apelo à terra verde e vermelha da Guiné: “só te peço que todas as noites/ deixes baixar sobre meu coração/ o silêncio que cura os males da alma/ e que quando os dias nascerem húmidos e tenros/ como o barro das tuas bolanhas,/ deixes o meu corpo/ receber esse afago matinal/ que foi o meu primeiro baptismo/ e te peço seja a minha absolvição”.

Poesia de encanto e regalo para os olhos, água fresca para os sentimentos, nela convergem elementos vegetais, odores, fauna e flora, mistérios do animismo, danças e batuques, o fogo das queimadas, o barro das bolanhas e, inevitavelmente, a impressão que provoca o tornado, os seus céus eléctricos e as suas trombas de água. É poesia de um homem reconciliado, dialogante, observador e atento aos mistérios. Sobretudo, é uma poesia que espalha simplicidade e gratificação, cujo exemplo mais eloquente é o poema

Benditas

Bendita seja, minha mãe,
que me ensinaste a amar
as crianças e os velhos,
os pecadores arrependidos
e os pobre e os perseguidos
Bendita sejas!

Bendita sejas, minha mãe
que me ensinaste a desprezar
os ricos e os mandarins
e a odiar,
a odiar,
a odiar,
os verdugos e os carrascos.
Bendita sejas!

Bendita sejas, minha mãe,
que com o teu dedo irreal,
ainda me apontas
os caminhos do Bem e do Mal.
Bendita sejas!

Bendita sejas, minha mãe,
por teres enchido minha alma
de paz e tranquilidade
e de me teres ensinado a ser pequeno entre os humildes
e sobretudo entre os poderosos.
Bendita sejas!

Bendita sejas, minha mãe!
que me ensinaste a ser
de todos os valores clássicos
e a cimentar os valores clássicos,
como se tudo estivesse para refazer.
Bendita sejas!

Bendita sejas tu, que me fizeste aleitar
por uma ama negra,
para que eu bebesse a sabedoria
desse povo admirável
e compreendesse os seus segredos.

Bendita sejas, minha ama,
que me ensinaste a ser corajoso
e a não temer o perigo.

Bendita sejas tu, que eras serena
como uma noite de primavera,
boa como uma palavra de perdão,
grande como um pensamento fecundo.

Benditas sejais vós!!

O leitor interessado tem acesso à sua antologia poética no site:
http://www.triplov.com/guinea_bissau/artur_augusto_silva/index.htm
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 11 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8081: Notas de leitura (227): A Guiné-Bissau e os sabores da lusofonia (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8092: In Memoriam (74): No dia 9 de Abril de 2011, a cidade de Matosinhos homenageou os pescadores mortos no naufrágio de 2 de Dezembro de 1947 e os combatentes da Guerra do Ultramar caídos em campanha (Carlos Vinhal)

Memorial aos mortos na tragédia de 2 de Dezembro de 1947 e aos matosinhenses caídos em campanha na Guerra do Ultramar

A juventude matosinhense em África, uma das várias figuras pictóricas, de autoria do Prof Alfredo Barros, que se podem admirar no Memorial imaginado pelo Arq Abreu Pessegueiro.

Força Militar presente na cerimónia, composta por elementos da Fanfarra do Regimento da Artilharia 5 e por um Pelotão (-) da Escola Prática de Transmissões, comandada pelo Alferes Hélder Leão

As cerimónias tiveram início com o Alferes Hélder Leão apresentando a formatura ao Ten Cor Armando José Ribeiro da Costa

As alocuções iniciaram-se com a intervenção do Mestre José Brandão, Presidente da Associação de Pescadores Aposentados de Matosinhos.

Ribeiro Agostinho, ex-combatente na Guiné (e membro da nossa Tabanca Grande),  fala em nome dos seus camaradas.

Momento em que o senhor Ten Cor Armando Costa, na qualidade de Comandante das Forças em presença e na de Presidente da Comissão instaladora do Núcleo da Liga dos Combatentes em Matosinhos, tomou a palavra.

O Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto fala aos presentes

Manuel Tavares de Sousa, ex-combatente na Guiné ao serviço da Armada Portuguesa, no momento em que declamava os poemas.

O Coro da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos que com a sua actuação encerrou a cerimónia de homenagem aos Pescadores e aos combatentes falecidos. 

Francisco Oliveira, o Porta-bandeira durante a cerimónia, acompanhado pelo nosso camarada e tertuliano António Maria.


MATOSINHOS HOMENAGEIA OS PESCADORES MORTOS NO NAUFRÁGIO DE 2 DE DEZEMBRO DE 1947 E OS COMBATENTES CAÍDOS EM CAMPANHA NA GUERRA DO ULTRAMAR

No Dia do Combatente, 9 de Abril de 2011, a cidade de Matosinhos prestou homenagem conjunta aos seus heróis do mar, os pescadores mortos no naufrágio de 2 de Dezembro de 1947, e aos seus heróis da Guerra do Ultramar, os combatentes caídos em campanha naquela guerra de África*.

A iniciativa partiu de um pequeno grupo de ex-combatentes da Guiné (António Maria, Carlos Vinhal, Francisco Oliveira e Ribeiro Agostinho) e da Câmara Municipal de Matosinhos na pessoa do seu Presidente, Dr. Guilherme Pinto, e a colaboração do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, na pessoa do senhor Ten Cor Armando Costa coadjuvado pelos senhores Sargentos Ajudantes Carlos Osório e Joaquim Oliveira, que organizou todo o programa de homenagem.

Assim, pelas 10 horas da manhã, a Igreja Matriz encheu-se de fiéis para assistirem à Missa de sufrágio pelos pescadores e militares que iriam ser homenageados dali a pouco no Cemitério de Sendim. Esta cerimónia religiosa foi presidida pelo Capelão Militar, coadjuvado pelo Pároco de Matosinhos.

Seguidamente houve deslocação para o Cemitério. Apesar do calor que se fazia sentir, os matosinhenses não deixaram de marcar presença assim como as autoridades civis e religiosas do Concelho que se associaram deste modo aos familiares dos pescadores e dos combatentes homenageados.

Com a chegada ao local do Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Guilherme Pinto, iniciou-se a cerimónia de homenagem com apresentação da Força Militar presente, pelo seu Comandante Hélder Leão, ao senhor Ten Cor Armando José Ribeiro da Costa, da Liga dos Combatentes.

Iniciaram-se as alocuções com a intervenção do Mestre José Brandão, Presidente da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos, que relembrou desastre do dia 2 de Dezembro de 1947 e a desgraça que se abateu principalmente sobre a classe piscatória, onde pereceram mais de 150 pescadores, a maioria de Matosinhos, mas também alguns naturais de Aguda e da Póvoa de Varzim, todos justamente aqui lembrados, porque todos contribuíam para o engrandecimento desta (então) Vila, na altura detentora do maior Porto de Pesca de Portugal.

Seguiu-se a intervenção do ex-combatente da Guiné, Manuel José Ribeiro Agostinho, que falou em nome dos camaradas presentes, realçando o significado deste Memorial que em Matosinhos perpetua os seus filhos caídos na Guerra Colonial. Lembrou que a partir de agora vai ser tempo de pensar em algo que lembre o esforço dos matosinhenses que,  não morrendo em campanha, têm também o direito ao reconhecimento do seu esforço naquela guerra. Muitos carregam mazelas irrecuperáveis, principalmente stress pós-traumático e deficiências físicas. Que se espera uma colaboração profícua entre Câmara Municipal, os ex-combatentes e o Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes para levar a efeito esta iniciativa, apesar das condicionantes económicas actuais.
Foi ainda lançada a ideia de cada freguesia do Concelho poder homenagear os seus combatentes, assim se queira.

Tomou depois a palavra o senhor Ten Cor Armando Costa, da Liga dos Combatentes,  que realçou uma vez mais o esforço e a abnegação dos militares que participaram na guerra colonial, assim como os pescadores, também eles homenageados que de comum tiveram a coragem para enfrentar os perigos com que depararam. Que Matosinhos, a partir de agora passa a figurar entre as autarquias que esculpiu na pedra o reconhecimento a uma geração que não envergonhou a História de Portugal. Lembrou também as actuais participações das Forças Armadas Portuguesas mundo fora, num conceito bem diferente, mas levando, em acções humanitárias,  bem longe o nome de Portugal.

Para terminar as alocuções, tomou a palavra o Dr. Guilherme Pinto que salientou o sentido de heroicidade comum aos pescadores e aos militares que enfrentam perigos desconhecidos, sem vacilar, dando a vida no desempenho da sua missão, mesmo sabida de antemão, arriscada. Que neste Memorial ficam para sempre gravados os nomes destes heróis.

Discursos do camarada Ribeiro Agostinho, Ten Cor Armando Costa e Dr. Guilherme Pinto
Com a devida vénia a Mário Rêga

Aconteceram então os momentos mais altos da cerimónia quando a Fanfarra procedeu ao Toque de Sentido, seguido do Toque de Silêncio e o Capelão Militar benzeu o Memorial.

O Edil de Matosinhos procedeu à deposição de duas coroas de flores, acompanhado simbolicamente por um representante dos Pescadores, um representante dos ex-combatentes e pelo Ten Cor Armando Costa.

Seguiu-se o Toque de Homenagem aos Mortos, 1 minuto de silêncio, Toque de Alvorada e Toque de Descansar.

De acordo com o alinhamento da cerimónia, o nosso camarada Manuel Tavares de Sousa, ex-combatente da Guiné como militar da Armada Portuguesa, seguidamente leu dois poemas, um bastante conhecido, do Paco Bandeira, que deu origem a uma canção de grande sucesso e, outro, que se publica, de sua autoria escrito especialmente para este dia.


Finalmente, o Coro da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos interpretou dois temas alusivos ao mar e à sua faina.

Como foi sugerido pelo do Dr. Guilherme Pinto, convido a quem visitar Matosinhos a se deslocar ao Cemitério de Sendim para admirar aquela bonita obra imaginada por dois vultos importantes do norte ligados à arte e à arquitectura, o Prof Alfredo Barros e o Arq Abreu Pessegueiro. Verão que não dão o tempo por mal empregue.

Fotos: © Carlos Vinhal e Ribeiro Agostinho (2011). Todos os direitos reservados
Texto e edição de fotos: Carlos Vinhal
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Nota de CV:

(*) Vd. poste da série de 3 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8039: In Memoriam (73): Cerimónia de homenagem aos Combatentes de Matosinhos caídos em Campanha em Angola, Guiné e Moçambique, dia 9 de Abril de 2011 pelas 11H15 no Cemitério de Sendim (Carlos Vinhal)

Guiné 63/74 - P8091: 7º aniversário do nosso blogue: 23 de Abril de 2011 (1): Um Oscar Bravo (OBrigado) a quem nos visita, lê, comenta, divulga, alimenta, critica, incentiva, avalia, escrutina, ajuda a crescer e a melhorar... A todos os autores, comentadores, leitores, a todos/as os/as amigos/as, camaradas e camarigos/as da Guiné (A equipa editorial)


Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semama > Título da foto: Cabedú aponta a direcção do seu desenvolvimento; Data de Publicação: 10 de Abril de 2011; Data da foto: 23 de Janeiro de 2011; Palavras-chave: desenvolvimento comunitário

Legenda: "A tabanca de Cabedú, no extremo sul da Mata de Cantanhez, dá mostras de grande dinamismo na identificação de várias acções que pretende realizar para sair do isolamento e abandono a que está votada. 


"Os Homens Grandes, as mulheres e os jovens concentram-se para definir as suas grandes prioridades e dividir responsabilidades na sua execução, certos de que qualquer apoio que venha de fora só poderá ter sucesso se contar com o seu próprio engajamento.

"O abastecimento de água, pela construção de um poço com captação através de um sistema de energia solar, assim como a melhoria de acesso ao porto fluvial que assegure a ligação com as outras localidades vizinhas, são as actividades já em curso".

Foto (e legenda): Cortesia de © AD- Acção para o Desenvolvimento (2011). Todos os direitos reservados



1. Mensagem enviada, por Luís Graça,  a todo pessoal (registado) da Tabanca Grande, pelo correio interno e agora alargado ao universo dos nossos leitores, em nome da equipa editorial:

Data: 11 de Abril de 2011 12:03
Assunto: 7º aniversário do nosso blogue > 23 de Abril de 2011


Amigos/as, camaradas, camarigos/as:


À semelhança do que fizemos o ano passado, vamos aceitar e publicar pequenas mensagens dos quase 500 membros da nossa Tabanca Grande (vai agora entrar o 488º, o Florimundo Rocha, da Ponte de Caium, sobrevivente da terrível emboscada de 14/6/1973, a 3 km de Piche), por ocasião do 7º aniversário do nosso blogue...


Recorde-se que o blogue (http://foranada.blogspot.com) já existia desde 5 de Outubro de 2003, mas era um blogue meramente pessoal onde o seu fundador escrevia as suas "blogarias"... Foi em 23 de Abril de 2004 que ele decidiu escrever um "poste" sobre a Guiné, e mais concretamente uma homenagem às madrinhas de guerra (que ele não teve)...


No espaço de um ano, só se publicaram ... 4 postes, até em que em meados de Abril de 2005 começaram a aparecer os primeiros camaradas de armas, que tinham estado  na "zona leste da Guiné": o Sousa de Castro, o Humberto Reis, o David Guimarães, o A. Marques Lopes e por aí fora...


Foi então que o autor do Blogue-fora-nada decidiu, por volta de Maio de 2005,  dedicar o seu blogue inteira e exclusivamente à Guiné e à partilha de memórias do seu tempo de guerra... Ele e os camaradas que foram aparecendo (mais de 100, até meados de 2006) começaram a ir ao "baú da memória" buscar "peças do puzzle", pedaços da sua história de vida que são também pedaços da história (anónima) de um colectivo, de uma geração, a nossa geração de combatentes...



Um ano depois, no início de Maio de 2006, o nosso blogue, I Série, tinha cerca de 100 membros, registados, e uma média de 3 mil páginas visitadas... por mês... No final desse mês de Maio, tínhamos a cifra (simpática) de  26500 visitas, no total. Ao fim de 735 postes... (Usávamos então uma numeração romana...).


Vd. poste de 15 de Fevereiro de 2010 > Guiné 63/74 - P5819: O 6º aniversário do nosso Blogue (3): No início de Maio de 2006, tínhamos 100 tertulianos, 735 postes publicados e 3 mil páginas visitadas por mês (Luís Graça)



Este crescimento (em quantidade e qualidade) só foi possível porque, parafraseando um dos nossos poetas,  o Manuel Maia,  camarada traz outro camarada e... camarigo fica!



(...) Num blog que congrega ao seu redor,
num misto de saudade e até de amor
pela terra ocre/amarela, um "batalhão"...
Amigo traz amigo e amigo fica
enquanto um outro amigo fica à bica
e bate à porta n' outra ocasião...





Em Junho de 2006, mudámo-nos, como é sabido, para "outras instalações", a II série, o blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, o presente blogue... A equipa editorial alargou-se, com a entrada do Carlos Vinhal, depois do Virgínio Briote e por fim do Eduardo MR... E contamos hoje com uma equipa, mais alargada, de camarigos que nos apoiam, ajudam,  ouvem, incentivam, invectivam, fustigam, inspiram, e sobretudo nos aconselham, nos bons e nos maus momentos...


Ultrapassámos há dias os 8 mil postes e os 2,5 mihões de visitas, "números que valem o que  valem"... mas que merecem, no mínimo,  uma reflexão.  


O nosso 7º aniversário deve ser aproveitado, não para deitar foguetes (que os tempos não estão para isso...) mas para reflectirmos, serenamente, sobre o passado, o presente e o futuro do nosso blogue (e da nossa Tabanca Grande, que se reune pelo menos uma vez por ano,  e que já deu novas tabancas ao mundo: de Matosinhos à Lapónia, da Linha ao Centro, dos Melros a Piche)... 


Todos os comentários,  críticas e sugestões (de melhoria) serão bem vindos, por parte dos Homens Grandes, das Mulheres Grandes, da Bajudas, dos Djubis... Ao fim da "4ª comissão", sabemos que há muitos tabanqueiros "cansados", bastantes que se remeterem voluntariamente ao "silêncio", alguns "desiludidos", e até temos um ou outro (contam-se pelos dedos...) que já abandonou as fileiras, isto é, o seu lugar debaixo do frondoso e secular poilão da nossa Tabanca Grande... É humano, é normal, procuramos o consenso, mas não forçamos o consenso, e menos ainda impomos o pensamento único... Por razões inelutáveis, dez dos nossos camaradas da Tabanca Grande já "da lei da morte" se libertaram...


Em qualquer dos casos, aqui fica o apelo, aos resistentes, aos resilientes, aos sobreviventes, aos bravos da Guiné: Ajudem-nos a todos nós, editores, colaboradores permanentes e autores, a fazer "mais e melhor"... E sobretudo, tragam caras novas, histórias novas, fotos novas (do "baú velho")... E a quem ainda tem pachorra de ir visitar o nosso blogue,  uma ou até mais vezes por dia, o nosso Oscar Bravo!!!

Para todos/as, onde quer que estejam, o nosso pessoalíssmo e camarigo Alfa Bravo, e votos de boa saúde, bom trabalho ou boa reforma! 


Os editores, Luís Graça, Carlos Vinhal, Virgínio Briote, Eduardo Magalhães Ribeiro


PS -Vamos começar a publicar os primeiros comentários que nos chegaram... O 1º será do Rui Felício, camarada da zona leste, camarigo da primeira hora, da I Série...

terça-feira, 12 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8090: Convívios (309): Lampreiada, visita ao aproveitamento hidroeléctrico de Crestuma-Lever e não só, 30 de Abril (António Carvalho)


1. O nosso camarada António Carvalho, ex-Fur Mil Enf da CART 6250, Mampatá, 1972/74, enviou-nos o seguinte convite com data de 12 de Abril:

Lampreiada no dia 30 de Abril

Vai realizar-se uma jornada gastronómica e turística no dia 30 de Abril (Sábado), no Restaurante Freitas, localizado à margem da Estrada Nacional nº 108 (R-108) conhecida por estrada Porto - Entre-os-Rios, mesmo junto à ponte/barragem de Crestuma-Lever.


Programa da Jornada



11h00 - Concentração no Parque de Estacionamento do Restaurante;


11h01 - Início da visita às instalações da Barragem Hidroeléctrica guiada por um técnico da barragem, pelo Sr. Engº Costa e Silva (EDP) e o nosso Pira de Mansoa Magalhães Ribeiro, que também integra os quadros profissionais da EDP;

12h30 - Almoço (Prato único - Lampreiada);

15h00 - Visita à nova Ponte sobre o Douro (Ponte de Medas) e hipotética visita à Central de Ciclo Combinado de Produção de Energia Eléctrica a Gás Natural, também em Medas.


Vejam mais pormenores desta grande obra da engenharia nacional, situada do Rio Douro acerca de 15 Km do Porto, em: http://cnpgb.inag.pt/gr_barragens/gbportugal/Crestuma.htm

PS: O preço do almoço não posso revelar aqui no blogue, mas é igual ao que pagamos às quarta-feiras nos nossos habituais almoços/encontros.

O Aníbal, dono do restaurante [, vd aqui a localização,], também foi combatente na Guiné 73/74.


O vinho será pago por fora mas é bom (novo da Quinta da Senhora da Graça) e barato.


Por um ou dois euros teremos vinho à fartura para todos.


A bela lampreia, um dos pratos fortes e emblemáticos da fabulosa gastronomia portuguesa ... Esta (eram duas, para meia dúzia de manos, incluindo o Luís Maciel, da Casa de Valença , que esteve na Guiné, como Fur Mil Trms, em Caboxanque, na CCAV 8353, em 1972/74, se não erro... e que o nosso Luís Dias conhece, de outras guerras... Conhecemo-nos à mesa e à volta da lampreia... De facto, o Mundo é Pequeno e a Nossa Tabanca ... é Grande)... Estas dizia eu, vieram do Rio Minho e foram comidas em casa de amigos (São & Zé Oliveira, obrigado pelo irrecusável convite), em Lisboa, em 3 do corrente... Foto de Luís Graça (2011).


As confirmações de presença devem ser remetidas para os telemóveis do António Carvalho – 919401036, do Magalhães Ribeiro – 965 059 516, para o e-mail: ascarvalho1972@iol.pt, ou ainda, pessoalmente, no Milho Rei – às quartas-feiras.


Podem trazer as esposas, os filhos, os pais e quem vos apetecer.


É imperativo confirmar as presenças até ao dia 27.


Se não houver um número mínimo de 20 pessoas, fica tudo sem efeito.

Este almoço não tem como objectivo a angariação de fundos para a Guiné... não pode ser sempre.


Um abraço,

Carvalho de Mampatá

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Nota de M.R.:



Guiné 63/74 - P8089: (Ex)citações (137): Obrigado, Albino Silva, pelo teu poema, Que me fizeste, Guiné! (Carlos Alexandre, CCAÇ 3546, Ponte Caium, 1972/74)

1. Mensagem do Carlos Alexandre, um dos nossos bravos de Caium [, foto à esquerda]:


Data: 10 de Abril de 2011 14:39
Assunto: Poema Guiné

Luis, boa tarde. Acabo de ouvir a minha voz, no poema do companheiro Albino Silva, ex-Soldado Maqueiro [, da CCS/BCAÇ 2845,] Teixeira Pinto, 68/70. (*)


A minha veia pouco tem de poética, no entanto se tivesse de expressar o meu sentimento sobre aqueles dias, estaria grato  a este companheiro que me ensinasse a  fazê-lo, tal como ele o fez. 


Acredito que, tal como ele diz, é seguramente o sentimento da grande maioria dos que viveram o bom e o mau naqueles dias, naqueles lugares. 


Obrigado, companheiro Albino,  pela expressão tão abrangente.

Carlos Alexandre, 
ex soldado transmissões,
CCAÇ 3546
Ponte Caium (1972/74)


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Nota do editor:


Último poste da série > 12 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8088: (Ex)citações (136): Dois milhões e meio de visitantes, os meus parabéns! (Felismina Costa)


(*) Vd. poste de  10 de Abril de 2011  > Guiné 63/74 - P8075: Blogpoesia (142): O que me fizeste Guiné (Albino Silva)

Guiné 63/74 - P8088: (Ex)citações (136): Dois milhões e meio de visitantes, os meus parabéns! (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga Felismina Costa, que no seu tempo de juventude foi madrinha de guerra [, foto à direita,], estando na nossa Tabanca Grande desde 16 de Julho de 2010:


Data: 5 de Abril de 2011 23:36

Assunto: Dois milhões e meio de visitantes


Luís Graça, muito boa-noite!

Permita-me que o saúde e lhe agradeça, 

Pela criação deste espaço,
Pela coragem, 

Pela persistência, 
Pela força com que incentiva à colaboração,
Pela quantidade de gente que fez reunir, 
Pelas lembranças vividas e revividas.

Por permitir o regresso à juventude da nossa geração, apesar de todo o passado;
Por nos transportar a todos às décadas de 60/70.

Permita-me que felicite, também, 
todos os seus colaboradores e os inexcedíveis editores.

O meu agradecimento a todos pela minha aceitação no vosso espaço,
onde é um prazer permanecer.

O meu abraço fraterno para todos.

E os meus parabéns pelo fantástico número de visitantes!

Felismina Costa

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P8087: Gastronomia(s) lusófona(s) (1): Algumas receitas tradicionais guineenses, do Caldo de Peixe (ou Mafefede) ao Chabéu de Galinha, do Caldo de Mancarra ao Bringe (Hugo Moura Ferreira)


Capa do livro Cozinha e Doçaria do Ultramar Português. Lisboa: Agência Geral do Ultramar. 1969








1.  Reproduz-se aqui, parcialmente, o poste de 22 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P897: Pitéus da gastronomia local (Hugo Moura Ferreira), em complemento da nota de leitura do Beja Santos, P8081 (referente ao livro Sabores da Lusofonia... com Selos, da autoria de David Lopes Ramos) (*)

(...) Caros Amigos.




Depois de ver o Poste Guiné 63/74 - DCCCVIII: A Tertúlia do Porto (Albano Costa) e receber a mensagem do Marques Lopes titulada como Grande Almoço em Jugudul, fiquei com água na boca e com muitas recordações da Guiné nas papilas gostativas.


Assim, fui até aos meus arquivos e encontrei algo que certamente vos vai agradar receber: Receitas de culinária da Guiné que vos mando com amizade, que nunca se irão alterar, haja ou não bons ventos trazidos pela História.


Espero que possam tirar partido do que mando e que de vez em quando troquem o "Cozido à Portuguesa" por um bom "Caldo de Mancarra" e um "Chabéu de Galinha".


Um abraço a todos com amizade e votos de boa digestão.


Hugo Moura Ferreira


Ex-Alf Mil Inf(1966/1968)


CCAÇ 1621 (Cufar) e CCAÇ 6 (Bedanda)


2. Comentário do editor:


Amigos/as, camaradas, camarigos/as: Podemos aproveitar a boleia dos sabores da Guiné-Bissau, para lançar um desafio: vamos recolher (e divulgar) "ementas" dos pratos tradicionais não só da nossa querida Guiné, como dos  outros PALOP: Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique... Coisas simples, populares, acessíveis, comida de gente, que a gente possa experimentar  e provar... em tempo de crise. Receitas sobretudo que vocês já tenham experimentado, pratos que já tenham saboreado... Não se esqueçam de mandar fotos...


Claro que também há outros  sabores lusófonos: Goa, Macau, Timor, Brasil... (sem esquecer Portugal, Galiza e por aí fora)... Vamos concentrar-nos sobretudo na cozinha da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, na cozinha de raiz africana, seja ela portuguesa ou brasileira... Gastronomia é cultura e é um poderoso factor de identidade dos povos (e de aproximação dos povos). 


Camaradas, falem-nos das comididinhas da Guiné de que têm saudade, ou de que se lembrem (sem ser a maldita bianda com cavala de conversa...). Já agora digam-nos também sítios, recomendados, onde se pode comer comida africana, dos PALOP, aqui, em Lisboa,  no Porto, em Bissau, no Mindelo, na Praia, e até em Luanda, S. Paulo,  etc.... 


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Nota do editor:


(*) Sitografia


Gastronomias > Roteiro Gastronómico de Portugal > Sabores da lusofonia


Portugal em Linha > Sabores lusófonos


Guiné-Bissau, Tera Sabi: Livro de receitas da cozinha da terra 


Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné > 4 de Junho de 2010 >Guiné 63/74 - P6529: Cusa di nos terra (15): A propósito do último livro do António Estácio, Nha Carlota... e as suas comidinhas (Luís Graça)


Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné > 26 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4864: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (14): "A gastronomia guineense em 1969/71 e na actualidade"


(...) Ao livrinho do António Estácio (116 pp), fomos ainda 'roubar' esta receita, A  sopa de marisco à Nha Carlota (p. 57)... Para terminar em beleza esta nota de leitura, isto é, para terminar...a salivar:

Ingridientes: Camarão, Arroz, Farinheira ou chouriço, Azeite, Polpa de tomate, Cebola, Limão, Piripiri

Coze-se o camarão, o qual, em seguida, se descasca e são-lhe retiradas as cabeças. Guarda-se essa água e passam-se as cabeças e as cascas retiradas, no ‘passe-vite’. Mói-se bem e com a água a correr, para que a água remova a pasta proveniente das cabeças. Junta-se esta água à da cozedura do camarão e, em função do número das pessoas, acrescenta-se água normal.

Aparte faz-se um refogado com azeite, cebola bem picada e junta-se polpa de tomate. Quando a água da sopa começar a ferver, junta-se ao refogado o chouriço e deita-se arroz, em quantidade para que a sopa não fique aguada. Por fim junta-se piripiri (moído ou não) e o camarão descascado. É servido com limão e, se necessário, adiciona-se piri-piri. (...) 

Blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné >16 de Abril de 2008 > Guiné 63/74 - P2766: Álbum das Glórias (42): As melhores ostras de Bissau, em O Arauto, de 27 de Julho de 1967 (Benito Neves, CCAV 1484)

Blogue Made in Bissau > Cozinha tradicional guineense

CIDAC > Publicações à venda > Guiné-Bissau tera sabi: livro de receitas da cozinha da terra (2008) 10
 [edição: Tiniguena, 50 pp.]

Guiné 63/74 - P8086: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (40): O Domingos encontrou-me!.. Ele era a mascote da CCAÇ 462, Ingoré (1963/65) (J. Marques Ferreira)

1. O nosso camarada José Marques Ferreira, ex-Sold Apontador de Armas Pesadas da CCAÇ 462, Ingoré (1963/65), autor também do blogue Terras do Marnel e Vouga, enviou-nos em 9 de Abril uma mensagem de felicidade e alegria por voltar a ter notícias de um Amigo de quem não sabia nada acerca de 46 anos.



Camaradas,

Todos aqueles que se habituam a ver o nosso nome por aqui na rotina do blogue e que de repente o vê desaparecer, sem qualquer explicação como é o meu caso, fica admirado. Pelo facto quero pedir as minhas desculpas.

Andava a ruminar alguma coisa para ser postada neste nosso blogue, quando me surgiu um acontecimento que me surpreendeu muito agradavelmente, quando menos eu esperava. Já não sei há quanto tempo - e a emoção leva-me a «despejar» estas palavras -, foi publicada num poste uma estória minha – dos anos 1963/1965 -, sobre uma mascote que foi adoptada na nossa CCAÇ 462, em Ingoré (*). Chamava-se Domingos e tinha na altura uns 4 ou 5 anos de idade, ou talvez um pouco mais.

Pois agora, dia 7 de Abril, fui surpreendido com um e-mail seu, que abaixo anexo e só me ocorreu, rápida e ansiosamente, vir dar aqui dar-vos esta notícia, que considero ao mesmo tempo ser uma óptima publicidade para este nosso blogue, que é: “O Domingos encontrou-me!”

O texto que ele apresenta é verídico, e é mais um caso a juntar a muitos outros que o nosso blogue tem vindo a proporcionar. Reparem na linguagem que o Domingos utiliza. Toda ela é sinceridade, simplicidade e honestidade. Que felicidade, minha e dele claro.

Ainda por cima ele mora em Portugal, embora eu não saiba onde. Já lhe respondi e pedi-lhe a sua morada.

Não me preocupei muito com este texto, pois o objectivo é apenas dar-vos conhecimento deste facto, quase inédito, mas que como se vê não há impossíveis.

O nosso blogue vai a todos os lados e a todas as pessoas que o queiram visitar.

Este acontecimento é mais uma prova do poder e da força deste maravilhoso meio de comunicação. Creio sinceramente que ainda o podemos melhorar em alguns aspectos, Amigos e Camaradas da Guiné. Nunca esqueçamos também os «milagres» que muitos de nós têm vindo a fazer, uns no terreno e outros contribuindo com o que podem, para ajudar aquele pobre povo.

Não tenho mais palavras…

J. M. Ferreira
Sold Apt de Armas Pesadas da CCAÇ 462

2. Em 7 de Abril de 2011, enviou então o Domingos a seguinte mensagem ao nosso surpreendido e alegre Camarada Ferreira:


Guiné > Região do Cacheu > Ingoré > CCAÇ 462 (1963/65) > Na foto podemos ver o Domingos sentado no chão, entretido a colcocar um capacete na cabeça. [É pena que a imagem não tenha maior resolução pra poder ser ampliada]

Foto: © José Marques Ferreira (2009). Direitos reservados.

O MASCOTE DOMINGOS

Nem sei por onde começar por tamanha ser a minha emoção! 1963/1965... INGORÉ... a criança que ia ao quartel mais a irmã pedir comida, e que por lá ficou e se tornou MASCOTE da Companhia de Caçadores 462 (***)... o DOMINGOS... é vivo e está aqui em Portugal!

Vi a minha foto na Net, não aguentei e chorei! Chamei meus filhos, minha mulher e mostrei-lhes as maravilhas que Deus faz!

Sr. Ferreira, estou-lhe mais que grato por ter sabido preservar e eternizar a minha pessoa.

Eu era criança e do pessoal da companhia 462 só me lembro do capitão Parracho que era o comandante da companhia e do Alferes Geraldo (ou era Geraldes?), que foi pela mão de quem fiquei no quartel.

Lembro-me até que o Alferes Geraldes era da Póvoa de Varzim. É que já lá vão quase 50 anos!!!

Eu vivo aqui em Portugal há mais de 20 anos, meus três filhos todos são cá nascidos e minha vida quase toda aqui feita.

Estou muito contente, mas muito contente mesmo!!!!!!!!!!!!

Domingos “O MASCOTE” (**)
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Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em:


(...) O DOMINGOS – UMA CRIANÇA SOLDADO

O Domingos era uma criança, em 1964, de estatura normal para os seus cinco, seis anos (talvez nem tantos na altura), os olhitos pareciam estar em permanente melancolia (como os de muitos putos guineenses), mas já o seu porte e presença eram um tanto diferentes.
O Domingos, fazendo fé nas recordações um tanto esfumadas, porque o tempo não perdoa e não é eterna a sua permanência nas minhas memórias cerebrais, começou a aparecer com a mãe, que lavava a roupa de alguns camaradas nossos, o que, como sabemos, constituía mais alguma fonte de sobrevivência para a família.
Tantas vezes lá foi que começou a ter contacto mais directo com os militares que, pelo seu feitio e postura simpáticas, eram afáveis para aquela criança de tenra idade. Ficou lá connosco um dia, depois outro e outro...
Todos o acarinhavam e brincavam com ele, e o Domingos ia demonstrando alguma sociabilidade, retribuindo simpaticamente com as peripécias próprias das crianças, o trato que lhe ia sendo dispensado.
Até que, para não alongar mais esta “lengalenga”, o Domingos foi adoptado, oficialmente, como mascote da CCAÇ 462. Passou a ter uma farda verde igual à nossa, com excepção do camuflado e do vestuário de trabalho.
Comia connosco, e durante muito tempo, chegou a dormir na nossa caserna, tal como todos nós. Os pais sabiam desta situação, o comandante da Companhia também. Já fazia parte da nossa "família".
(...)
Ao fim de dezasseis meses, a minha companhia foi “embalada” e enviada para Bula, pelo que perdemos o rasto do Domingos.
Continuamos sem o ver quando fomos ocupar, pela primeira vez, o território de Có, Ponate, Jolmete e Pelundo.
E perdemos-lhe completamente o rasto, quando destas localidades seguimos para Mansoa. Nunca mais soube nada do Domingos, aquele puto simpático e meigo, de olhar melancólico, que viveu connosco durante vários e saudosos meses. Um dia, a Guiné tal como a conhecemos então, acabou para a nossa companhia, pois regressamos a casa no paquete Niassa…
Do Domingos ficou-me as naturais saudades do seu sorriso e traquinices, e a única foto que tenho dele (...). (**) CCAÇ 462: Compannhia independente, foi mobilizada pelo BCAÇ 10, partiu para o TO da Guiné em 14/7/1963 e regressou à Metrópole em 7/8/1965.
Esteve em Ingoré, Bula, Có e Mansoa. Comandantes: Cap Mil Inf Jorge Saraiva Parracho; Cap Inf Joaquim Jesus das Neves.
(***) A mascote e não "o"... Não corrigimos intencionalmente o português: o substantivo "mascote" é feminino, vem do francês (c. 1870), mascotte > pessoa ou animal de estimação, fétiche, talismã, algo que dá boa sorte...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8085: Agenda Cultural (116): Conferência de António Graça de Abreu, Museu do Oriente, 3ª feira, 12 de Abril, 18h00, entrada livre > A megacidade de Xangai, um olhar de 30 anos


1. O nosso camarada António Graça de Abreu, um dos mais conceituados sinólogos portugueses da actualidade,  gostaria de poder contactar com a presença dos amigos e camaradas da Guiné na sua conferência sobre Xangai, no Museu do Oriente, em Lisboa, 3ª feira, dia 12 de Abril...  A entrada é livre. 

Recorde-se que ainda recentemente ele regressou da China, e mais concretamente de Xangai. E ainda esta semana,  segundo percebi ao telefone, parte de novo para a China, como guia de uma  excursão turístico-cultural... Seria fastidioso  estar aqui a explicar  a importância que a China tem hoje, como parceiro cultural e económico, para Portugal, para a Europa e para os países lusófonos, incluindo a Guiné. No caso de Portugal, temos uma relação especial, histórica, com a China desde o Séc. XVI. E essa relação mantêm-se (e manter-se-á) através de Macau e de portugueses que conhecem, estudam e amam a cultura e o povo chineses.

Ao nosso camarada desejamos-lhe boa conferência e boa viagem. Um Alfa Bravo. LG 


2. Lisboa, Museu do Oriente > 3ª feira, 12 de Abril de 2011 > 

EM XANGAI, FEVEREIRO/MARÇO 2011
Conferência
Orador: António Graça de Abreu
18.00 
Museu do Oriente >  Avenida Brasília, Doca de Alcântara (Norte)
1350-352 Lisboa

Tel: +351 213 585 200

Sala Beijing

Entrada livre


Sinopse > Como está a cidade depois da azáfama e sucesso da Expo 2010?

Pudong e Puxi, as duas partes da cidade cortadas pelo rio Huangpu. A Bund com os edifícios clássicos dos anos 20 e 30 do século XX. A avenida Nanquim, a Praça do Povo, com o fabuloso Museu de Xangai e excelentes arranha-céus em redor. A Cidade Velha, conservada e restaurada, igualzinha ao que terá sido nos séculos XVIII e XIX. Hengshan Lu, na antiga concessão francesa, com os seus restaurantes e discotecas, Xintiandi, o bairro reconstruído que nos leva à fantasia da Xangai ocidentalizada e louca da primeira metade do século XX. Quatro mil arranha-céus construídos nos últimos 20 anos. Vinte e dois milhões de habitantes na cidade e na grande Xangai. A imensa mole humana.

Os arredores, cidades lacustres ou clássicas, como Suzhou e Hangzhou, as fábricas, os estaleiros do mundo. Abundância, luxo, prazeres, também a pobreza, a dura luta pela vida, a poluição, o dia a dia incerto e difícil.

António Graça de Abreu conhece Xangai desde Maio de 1980. São mais de 30 anos de contactos e ligações com uma das mais fascinantes cidades do mundo, um burgo que, por todas as razões, o marcou para sempre. E com esta conferência propõe-se levar os participantes até esta terra onde tudo se cria, recria e inventa, mostrar-lhes a cidade, viajar com eles por dentro dos muitos atalhos que polvilham Xangai e conversar com as gentes que povoam este extraordinário burgo.

Fonte: Museu do Oriente (com a devida vénia...)

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Nota do editor: