quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9085: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (31): A minha Mãe Cadi representa a mãe africana em particular e as mães de todos nós em geral (Cherno Baldé)

1. Comentário de Cherno Baldé deixado no Poste 9054:

Amiga Felismina,
Obrigado por este bonito quadro da vida portuguesa dos anos 60, pleno de doçura e de reconhecimento que me encantou sobremaneira.

Hoje lamento muito o facto de ter estado em Portugal (Lisboa) e nunca ter visitado uma aldeia do interior a fim de conhecer o Portugal real.

Afinal, éramos tão "diferentes" e tão "iguais" naquilo que de essencial existe nos povos.

Durante muito tempo, na inocência do nosso universo infantil de 7/8 anos, a percepção que tínhamos dos brancos "soldados portugueses" era que eles eram mais felizes porque:
(i) comiam bem e não precisavam de trabalhar a terra
(ii) deslocavam-se ágil e facilmente porque não precisavam carregar os mais variados apetrechos de que uma família precisa no dia-a-dia e
(iii) sobretudo, porque viviam e dormiam tranquilos sem as habituais chatices com os filhos e a família no meio das birras com as mulheres. Afinal, a realidade era bem diferente.

A descrição que fazes da tua mãe, salvaguardada a diferença do contexto, claro, corresponderia na perfeição a minha mãezinha, um pouquinho só mais alta (um metro e sessenta) talvez, inteligente e incansável no trabalho.

Ela assumia a sua condição de mulher africana, extremamente dócil e obediente, mas ao mesmo tempo, sabia mostrar os limites da tolerância, quando era necessário.

Uma vez, estalou na família uma discussão sobre se eu devia ou não continuar na escola portuguesa. A minha mãe não vacilou nem um palmo e disse na cara do meu pai:
- O meu filho vai continuar na escola. - E ai o meu pai ficou completamente confundido, afinal o filho era dela?... desde quando?
- Desde o momento em que ele ainda vivia na minha barriga de mulher, - respondeu ela, sem pestanejar. - Não é agora, depois de tantos anos de trabalho e de pancadas é que ele vai abandonar, para ir onde?

A sua decisão prevaleceu diante de todos os Almames e Califas da aldeia.

As características típicas da sociedade africana com que os etnólogos europeus pintaram os africanos, onde o homem é o centro do mundo e decide tudo, não corresponde sempre a realidade destes povos, é tudo muito mais complexo e muito mais difícil de destrinçar e de catalogar.

Um grande abraço amigo,
Cherno Baldé


2. Aproveitando o facto de no comentário acima se ter referido a sua mãe, pedimos ao Cherno que nos falasse um pouco mais dela e nos mandasse algumas fotos de família. Hoje mesmo recebemos esta sua mensagem:

Sobre a minha mãe podia dizer muito e não dizer nada, na verdade, ela nunca foi p'ra além daquilo para que tinha sido moldada, isto é, ser uma mulher de casa, camponesa activa, devota e dedicada ao seu marido e à sua família. Cumpriu a sua missão, foi uma autêntica escrava, uma máquina de trabalho, nunca teve tempo para o repouso e muitas vezes comia de pé, a andar, os restos da panela e não sabia o que era o cansaço. Era a ultima a dormir, quando dormia, e a primeira a por-se de pé, antes das 5 da manhã.

Logo de manhã, tinha que pilar (moer) o milho, separar as partes para o almoço e jantar, caminhar alguns quilómetros para fora da aldeia e tirar o leite das vacas (ordenhar?), no regresso apanhar lenha e preparar o pequeno almoço e servir a toda a gente, de seguida os trabalhos da preparação da bolanha estavam à espera para o cultivo do arroz, se fosse na época das chuvas, e se fosse na época seca havia a horta para limpar ou regar, ir buscar os condimentos vegetais (djamboh) para o preparo do almoço ou jantar, a água da fonte para encher os recipientes (potes) para uma família numerosa, a lenha para a cozinha, sem falar de pequenas ocupações domésticas como a limpeza à volta da casa, lavar as crianças, a roupa do marido que era preciso passar a ferro, as crianças que deviam ir à escola bem limpas; cumprir com as 5 orações diárias, obrigatórias, etc. Enquanto isso, o meu pai, empregado de uma casa comercial, estava a atender mulheres bonitas com os seus galanteios ou a dormitar no seu balcão.

A minha mãe, quando era caso para isso, dizia brincando que, se a cabeça da família era ele, o meu pai, a garganta era ela e perguntava, rindo:
- Agora, digam-me lá uma coisa, entre estas duas, a cabeça que se encontra em cima, baloiçando, e a garganta que a suporta, quem é a mais importante? Mas isto era a brincar e em família.

Hoje, com mais de 80 anos de idade (disse-me que por volta de 1936/7, quando o pai voltou de Canhabaque, ela teria aproximadamente 9/10 anos de idade), e como se ela soubesse do futuro, é cega e sou eu e a minha esposa que cuidamos dela. A saúde e a boa disposição começam a faltar mas ainda encontra-se fisicamente bem e de sentido bem lúcido, a sua memoria é prodigiosa.

Mas o paradoxo e a/o moral da historia é que, tendo tomado conta do meu pai e da sua morança durante anos, hoje eu cuido não só dela, minha mãe, mas também tenho sob os meus ombros a pesada responsabilidade de ajudar os meus irmãos mais novos (homens e mulheres) que não tiveram a mesma sorte que a minha de poder frequentar a escola dos "portugueses" que na altura, devido à pressão social e sobretudo religiosa, muitos repudiavam.
Hoje são os filhos dos Almames e dos Marabuts que ocupam a parte dianteira das carteiras nas nossas escolas.

Quero agradecer a todos os Editores e Co-Editores do Blogue da Tabanca Grande por se interessarem por uma pessoa tão simples como é a minha mãe que, espero possa representar, mesmo que de forma simbólica a mãe africana, em particular, e as mães de todos nós, de forma geral, exemplos de humildade e de abnegação.

Um forte abraço a todos,
Cherno Baldé de Fajonquito


Fajonquito, 1973 > A mãe Cadi acompanhada da minha irmãzinha nos trabalhos da bolanha

Bissau, Maio de 1977 > Eu e a minha mãe

A família reunida em Cambaju, ano de 1965/66 > Em cima: Mãe (Cadi Candé), pai (Aliu Tamba Baldé) e Aua (prima irmã). Em baixo: Tulai (minha irmã), Eu (de boina verde), Carlos (hoje médico) e Aissatu (irmã da Aua) .
Nota: Esta foto foi tirada por um soldado português amigo da família.

El-Hadj Aliu Baldé (Tamba), Fajonquito > Festa de Ramadão de 1991. Em 1937  fez parte do grupo de jovens que saiu de Canhamina para Contuboel na recepção dos combatentes de Sancorla que participaram na última guerra de Canhabaque (Ilhas Bijagós).
Faleceu em Bissau em Setembro de 1999.

Grupo de alunos da escola de Fajonquito em 1973 > Sou o último da esquerda na segunda fila (cabeça cortada ao meio), vestido com a camisa verde da Mocidade Portuguesa.

Bissau, 2009 > Cerimónia de reza numa festa Muçulmana > Eu e os meus quatro filhos: Luís, Domingos, Yussuf e Abdurahamane, a contar da esquerda.

Fotos (e legendas): © Cherno Baldé (2011). Todos os direitos reservados.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9041: Memórias do Chico, menino e moço (30): A propósito do poema K3, de Nuno Dempster: Relembrando dois malogrados capitães de Fajonquito, Carlos Borges Figueiredo (CART 2742) e José Eduardo Marques Patrocínio (CCAÇ 3549) (Cherno Baldé)

Guiné 63/74 - P9084: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (4): Quando os nossos soldados indígenas se suicidavam...

1. Texto do José Ferraz (ex-Fur Mil, Op Esp, CART 1746, Xime e Bissau, 1968/70)

 Caríssimo Companheiro e Camarada Luis:

Relâmpagos mentais (tradução livre de Brain farts = peidos cerebrais)...

Já estava no QG, [em Bissau, em meados de 1969,]  quando um dia, por volta do almoço, apareceu lá
 um jeep da PM [ Polícia Militar].  Queriam falar comigo urgentemente (nunca gostei desses tipos cagões até dizer chega,  a minha recruta nas Caldas foi dada por cabos milicianos da PM que curiosamente estavam de serviço no cais,  no dia do meu embarque para a Guiné onde eu de propósito me aproximei deles,  todavia cabos milicianos e eu furriel, para que me fizessem a continência da ordem).

Mas voltando ao assunto deste "relâmpago"... Disse-me um dos PM:
 -Meu furriel,  precisa de vir connosco ao Pilão porque esta aí um soldado nativo que nos ameaça com a G3, quando queríamos entrar na sua tabanca [, morança]. Diz que só fala consigo...

Lá fomos. Quando chegámos,  os PM tinham montado segurança à volta dessa morança e procuraram dissuadir-me de entrar. Gritei para que soldado me ouvissee. Entro pela casa dentro,  aí estava o Mussá, que tinha feito operações comigo no Xime,  sentado na cama e semideitado contra a parede,  fardado,  com a G3 ao seu lado e um enorme punhal fula espetado na barriga de que só se via o punho e uma enorme mancha de sangue coagulado e já seco sobre o seu ventre.

Estava vivo... Falámos e consegui convencê-lo,  primeiro a dar-me a G3 e depois a ser levado para o hospital militar onde os médicos o salvaram.

Nunca consegui saber as  suas reais razões por detrás deste acto. Soube que infelizmente ele viria mais tarde a consumar o suicídio.

Um forte abraço, Zé

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9080: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (3): Hugo Spadafora, o Che Guevara italopanamiano (1940-1985), terá estado no (ou passado pelo) Fiofioli nos idos anos de 1965/67
 

Guiné 63/74 - P9083: Blogpoesia (170): Oração em poesia (Armor Pires Mota, Baga-baga, 1967)






Fonte: Armor Pires Mota - Baga-baga: poemas da Guiné. Braga: Editora Pax. 1967. (Colecção Metrópole e Ultramar, 38).  pp.  53-54. Capa do Arquitecto Mário de Oliveira. (Poema Reproduzido com a devida vénia, a partir de um exemplar fotocopiado que o autor ofereceu à Tabanca Grande). Corrija-se, no último verso da página 53, a gralha (tipográfica)... "sonhos" em vez de "senhos".


1. Trata-se de um livrinho de 65 pp., que ganhou o "Prémio Camilo Pessanha",  da então Agência Geral do UItramar. Tem apresentação, na contracapa,  de Amândio César (1921-1987) que sublinha o facto de no júri haver  os nomes do Prof Hernani Cidade e dos escritores Natércia Freire, Moreira das Neves, Francisco da Cunha Leão e Luis Forjaz Trigueiros. 


Duas notas do apresentador (, poeta, contista, jornalista e crítico literário, minhoto, de Arcos de Valdevez) a destacar o mérito do prémio e do autor que já não era um simples desconhecido: a primeira, justíssima, com a inevitável referência a Tarrafo ("... é na situação de soldado que ele atinge o máximo de virtualidade como escritor, nesse diário de guerra a que deu o nome de 'Tarrafo', por certo o documento humano mais válido da guerra que nos movem no Ultramar"); e a segunda, quiçá mais ideológica, com  a saudação a um  livro de poemas que se inspira na "nova temática"  que  "uma nova geração procura - como na época de quinhentos", traduzida na  "realidade da criação artística na extensão que lhe confere todo o espaço português" (...).

Baga-baga, com cerca de 3 dezenas de poemas, está dividido em duas partes, dedicadas, a primeira, a "Adília, minha mulher", e  a segunda, aos "mortos e [aos] vivos que souberam cumprir". A primeira parte inclui poemas com um cunho mais lírico ou etnográfico (Sambaro tocador de kora, Mãe negra, Baga-baga, Tabanca, Batuque...);  na segunda parte, mais dramática, estão bem presentes a tensão da guerra e da paz, a fé e a missão do soldado português (Cântico, Mãe,  Oração em poesia, Sangue, In Memoriam...). 


O autor, nosso camarada, está representado na Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial (organizada por Margarida Calafate Ribeiro e Roberto Vecchio; Edições Afrontamento, Porto, 2011), com três poemas, um do livro Baga-baga (1967) (Mãe, pp. 47/48) e dois do livro Impossível um pássaro (1979). (LG)

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Nota do editor: 

Último poste da série > 16 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9053: Blogpoesia (169): Sopa quente, depois de três noites de relento (Manuel Maia)

Guiné 63/74 - P9082: Porto de Abrigo (Carlos Rios) (1): Dedicatória, início da vida militar e viagem para a Guiné

1. Começamos hoje a publicar "Porto de Abrigo", as memórias passadas a escrito pelo nosso camarada Carlos Luís Martins Rios*, ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Mansoa e Bissorã, 1965/66.


PORTO DE ABRIGO - I

Dedicatória

À minha corajosa mulher e companheira de 45 anos, meu Porto de Abrigo minha âncora nesta vida cruel; aos meus filhos, hoje só tenho um; à minha incomparável nora, às minhas maravilhosas Netas; as minhas princesas, senhoras do meu sentir, das minhas ambições. Do meu coração um sonho renovado.
Às sofredoras e corajosas Mães de Portugal, muitas Órfãs de guerra e tão esquecidas e a todos os meus inesquecíveis Camaradas; com uma sentida Homenagem. Aos que nos deixaram, alguns deles da forma mais atroz e também aos meus companheiros de desdita, feridos e estropiados.

A todos, muito obrigado.


Seria estultícia da minha parte pretender que com o escrevinhar das minhas memórias que agora no ocaso da vida e ao correr da pena se pudessem transformar em qualquer coisa para além do passar ao papel as recordações, já esbatidas, da minha participação numa guerra com episódios dos mais cruéis e tristes e que foi o quotidiano e marcou negativamente, no meu fraco entender, a vida do povo deste país. A consulta de um blogue de um camarada de armas que teve a paciência de procurar e compilar uma série de dados dolorosos fundamentalmente para os participantes activos e vítimas daquela guerra, fez nascer em mim uma triste nostalgia e emoção ao recordar os nobres actos de solidariedade, praticados pelos grandes amigos que comigo partilharam das agruras e dificuldades daqueles tempos ao mesmo tempo que retrospectivo os bons e saudáveis momentos que vivemos e que ainda hoje quando nos juntamos refazemos e que vislumbro não seja raro encontrar-se na nosso quotidiano.

Para todos um carinhoso abraço de cumprimentos e saudade e o desejo de um Mundo compensador dos tremendos choques e violências que vivemos e observámos.

Tentarei no decorrer da transmissão das já muito ténues recordações não deixar expresso a minha perspectiva actual deste período de tempo passado e dos restantes acontecimentos que como é natural, enformam e são estruturantes do meu pensamento.

Na tentativa de conseguir aproximar-me da forma de uma troca de, opiniões, um desabafo entre amigos; aqui deixo pequenas histórias que vivi na Guiné, no tempo da Guerra Colonial e que me marcaram profundamente.

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Algumas omissões e hiatos de memória que já se vão manifestado em mim (estou perto dos 70 anos, duros e sofridos; com a perca de um filho já com 25 anos e enormes doenças que incluíram até agora 14 operações cirúrgicas - (muito deste panorama se deve a resquícios da passagem pela guerra) podem de algum modo levar a algumas eventuais imprecisões para as quais peço a maior compreensão e apresento as maiores desculpas a algum elemento envolvido e antecipo a minha retracção. Ajudará à compreensão de muitas atitudes e incompreensões minhas as vicissitudes e percalços que os jovens como eu recrutados para o curso de Sargentos Milicianos de Janeiro de 1964 sofreram; e aqui começa o calvário que se prolonga até 1972.
Foi este creio eu o único curso com a duração de cinco meses, entre a recruta e a especialidade; porquê? Constava que no fim deste período seriamos promovidos a furriéis-cadetes e passaríamos auferir 750$00 por mês.

Ali andamos então esforçados e diligentes até ao dia de sermos promovidos como do antecedente a cabos-milicianos e a receber a fortuna de 92$00, para fazer todo o trabalho de sargento. Que desilusão. Começava a revolta e a incompreensão.

Fiquei colocado em Tavira, como monitor dos futuros cursos de milicianos de infantaria dos quais recebi e frui gratificantes amizades e ensinamentos cívicos e culturais! Ainda vim e encontrar-me com alguns na Guiné.

Mobilizado pelo RI-2-Abrantes para a Guiné ali constitui com o meu amigo José Monteiro, (também ele ferido numa operação), o estóico 2.º Sarg.º Ameixa e o meu querido amigo e conterrâneo Vasco Sousa Cardoso (desaparecido em combate), curiosamente sobrinho do na altura Governador-Geral de Angola Gen. Silva Tavares. (adiante acrescentarei pormenores) que veio a ser substituído pelo meu grande amigo e mentor Rui Alexandrino Ferreira (um pessoa de eleição – um guia, um amigo e líder sem comparativo).

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Neste período de tempo passado em Abrantes e St.ª Margarida em que se apoderou de mim e creio que da maioria dos meus camaradas uma intensa tensão e ansiedade, de tal maneira que eram frequentes as questiúnculas entre diversos elementos pelos motivos mais fúteis, não tenho recordações relevantes, apenas me vêm à memória dois episódios caricatos em que ressaltam já algumas características e comportamentos inerentes a cada um de nós. Num dos dias da instrução em Santa Margarida, foi-nos transmitido que tínhamos (os cabos milicianos) de nos deslocar a Abrantes para tirar a fotografia com a farda nº. 1, para o cartão de furriel. Naturalmente que nenhum de nós tinha a necessária fardeta.

Um camarada nosso do Q.P. emprestou-nos o casaco e o boné e lá partimos para Abrantes todos em cima de uma GMC, conduzida por um dos nossos condutores que devido à inexperiência e inaptidão transformou a viagem numa aventura e paródia tal que foi alvo de estrondosa salva de palmas nossa, quando no Rossio ao Sul do Tejo conseguiu passar por baixo do viaduto sem tocar em nenhuma das paredes. Seriamos uns 12 elementos e todos tiramos a foto com o mesmo casaco e boné. Depois de uma passeata pela cidade no regresso já mais de metade do pessoal veio de táxi.

Também aqui em St.ª Margarida, em que o estado de espírito era o já salientado; numa das casernas dois camaradas desentenderam-se tendo um deles ameaçado o outro com uma navalha de barba, interveio um terceiro elemento que conseguiu eliminar aquele foco de instabilidade, pelo foi chamado ao local o meu querido camarada e actual amigo, J. M. Bastos que de imediato entrou em contacto com o Alf. Mil. Malaca dos Santos, um puro e robusto ribatejano que de imediato se deslocou a caserna, e sendo abordado pelo elemento que apaziguou a questão: - Meu alferes fui eu que… Pum..Pum.. dois valentes sopapos e eis o pobre de costas; o Bastos conhecedor de todo o problema pretendeu intervir, mas por razões óbvias inibiu-se. Confirma-se o velho aforismo popular, “por bem fazer mal haver”.

- Falou o Malaca, tudo para os seus lugares, assim ficou resolvida a questão e o Alferes ganhou a alcunha de Oficial de Justiça, era o maior e mais sincero amigo do pessoal; vindo a ser punido na Guiné por um dos ineptos comandantes da companhia (por alcunha o Capador) porque se recusou a que os seus rapazes, como os tratava carinhosamente saíssem para nova operação, depois de nessa madrugada terem regressado de uma violenta e esgotante investida a uma casa de mato do IN. O Pessoal estava esgotado física e psicologicamente. Infelizmente os furriéis que lhe estavam adstritos não souberam tomar uma atitude solidária e digna. Este grande homem que faz agora o favor de me dedicar a sua amizade é hoje um reformado de professor do ensino secundário onde exerceu com mérito a sua função. Era e é um puro.

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Partimos para a estação já de noite e embarcámos a monte num decrépito comboio de bancos da madeira, acompanhados de todo o conjunto de malas, caixotes, sacos de produtos regionais que cada um trazia como testemunho da gratidão e despedida dos seus amigos e entes chegados. Que expressões de ansiedade e tristeza no semblante, comportamento e olhares de tantas centenas de jovens. Durante toda a noite o Alf. Mil. Vasco Cardoso, Vasco para todos - quanta humanidade, trocou com alguns de nós vastas palavras sobre a Guiné, onde já tinha estado, e nos mostrou um enorme espólio de fotografias dos momentos dos hábitos e culturas daqueles povos no sentido de nos incentivar e dar a conhecer a terra para onde íamos. Um amigo que perdemos em combate poucos dias depois de chegarmos a Fulacunda.

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Num ambiente de profunda resignação, apenas se ouvia como ruído de fundo os gritos de angustia e as lágrimas dos nossos familiares e amigos, juntamente com algumas imprecauções que se ouviam também não se sabe de onde, em largo número por todas as zonas com acesso visual ao cais da rocha do Conde de Óbidos - Alcântara onde se encontrava atracado o navio Niassa, transformado em transportador de tropas, onde iríamos embarcar após terminarmos a formatura frente ao cais onde um alto graduado veio debitar várias e inócuas frases feitas a um conjunto de desesperados e descontentes jovens, salvo raras excepções. Nesta formatura, apareceu pouco depois um grupo de senhoras, todas com a farda de uma instituição a distribuir a cada militar um isqueiro e um maço de tabaco. Quando recusei a oferta, objectando que não fumava, a senhora que me pretendia entregá-la, disse entre dentes qualquer imprecaução, que não entendi e fez-me um olhar, para mim incompreensível, de que ainda hoje me lembro, desaparecendo de imediato. Foi a bordo motivo para enorme chacota. Quanto me lembra o momento do embarque e do dramático Adeus; viam-se lágrimas e emoção nos jovens que partiam e nos entes queridos que ficavam despedindo-se quiçá pela ultima vez. Quão é ainda hoje, tão chocante e amargamente emotivo, recordar esses momentos.

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Partidos da metrópole fomos à Madeira para meter dentro daquele malfadado transportador de carne para canhão mais uma companhia.

Não teceria a mais pequena alusão a este hiato de tempo se dois casos que despertaram a permanente curiosidade que me acompanha não me pusessem a pensar e revoltado com elas.

Na Madeira, em Câmara de Lobos onde nos deslocámos na noite que passámos na ilha, para comer produtos do mar aconselhados pelo motorista do táxi que nos transportava a visitar alguns locais do Funchal; um camarada meu pediu no estabelecimento onde nos encontrávamos uma caixa de fósforos: pois bem; na Madeira à época custava 40 centavos, contra os 30 que eram adquiridos em Lisboa; irrisório não parece? Pois é mas é uma diferença de 25%, como seria com os outros artigos importados da Metrópole?
Ainda me choca e é doloroso recordar as abjectas condições em que os nossos praças, os melhores de todos nós, foram transportados durante seis dias dentro do Niassa; era no porão da carga que estavam instalados um imenso número de beliches da tropa sobrepostos e em filas em que ficavam lado a lado seis a oito corpos em baixo e em cima (tinham de passar uns por cima dos outros), o cheiro que lá de baixo exalava era nauseabundo com um odor a vomitado azedo insuportável, a generalidade dos jovens dormia a céu aberto por qualquer canto do convés; foi o inicio das vicissitudes em que se viam caras de cansaço e ansiedade e em que alguns apresentavam uma tez amarelada de mau trato e adoentada.

Vista parcial de Câmara de Lobos - Ilha da Madeira
Foto: © Carlos Vinhal

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O barco aportou a Bissau, onde não era possível acostar e onde fomos transportados em barcaças para o porto. O calor era intenso acompanhado de uma humidade salgada que dava a sensação de se colar à pele e parecia vir a tornar-se irrespirável. Sem qualquer espécie de emoção tentei vislumbrar e enquadrar as palavras e o ambiente das fotografias do amigo Vasco Cardoso, mas o que vi foi um aglomerado de população nativa, em que pontificavam as crianças, descalças desnudas e em farrapos que se ofereciam para transportar as nossas bagagens; aqui uma tremenda ansiedade apodera-se de mim sentindo como que um aperto de garganta, por saber que para além do que me era possível ver; a guerra estava ali não sabia onde e era uma realidade que matava, feria e estropiava.

(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9072: Tabanca Grande (308): Carlos Luís Martins Rios, ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857 (Mansoa e Bissorã, 1965/66)

Guiné 63/74 - P9081: Parabéns a você (343): José Romeiro Saúde, ex-Fur Mil Op Esp da CCS/BART 6523 (Gabú, 1973/74)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9064: Parabéns a você (342): Jacinto Cristina, ex-Sold, CCAÇ 3546, Piche e Caium (1972/74), alentejano, padeiro, reformado, 62 anos, feitos a 14 deste mês...

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9080: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (3): Hugo Spadafora, o Che Guevara italopanamiano (1940-1985), terá estado no (ou passado pelo) Fiofioli nos idos anos de 1965/67


Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Mapa da antiga província portuguesa da Guiné > 1961 > Escala 1/500 mil > Localização da mata do Fiofioli, zona de floresta galeria, sita na margem direita do Rio Corubal, entre Mangai e Concodea Beafada, e onde no princípio de 1969 se suspeitava que o PAIGC tivesse um hospital, com médicos cubanos... Nos anos em que eu estive na Guiné (entre 1969 e 1961), só me lembro de se ter ido ao Fiofioli na Op Lança Afiada (em que o José Ferraz também participou e foi ferido) (*).


1. Texto do José Ferraz [, português a viver há mais de 40 anos nos EUA, em Austin, Texas; ex-Fur Mil, Op Esp, CART 1746, Xime, 1969]

Companheiro e camarada Luís

(i) Da conversa que tive com o Hugo Spadafora (**), nessa tarde tão interessante,  houve de princípio certa reserva da minha parte devido à multitude de emoções que sentia nesse momento. Passado isso,  fomo-nos abrindo pouco a pouco e aqui está o que me lembro:

Não falámos de nenhuma situação política da época, falámos sim, e exclusivamente,  dos nossos tempos da Guiné. Curiosamente não como inimigos mas como dois seres humanos trocando impressões de experiências da vida que, ainda que em polos opostos, tanto tinham em comum.

O que me lembro é que o Hugo parecia-me um idealista, porém de certa forma arrogante e talvez com inveja do Che [Guevara] com quem me disse se identificava ideologicamente.

Disse-me também que tinha estado na zona leste, no Fiofioli, e que as forças do PAIGC tinham receio de certos encontros connosco. Não especificou nenhuma unidade, mas sim que procuravam evitar qualquer contacto e moverem-se antes que isso acontecesse.

Acrescentou que tinham excelentes serviços de inteligência [informações] e praticamente sabiam com antecedência todos os nossos movimentos. Por isso, disse-me ele, os ataques e emboscadas tinham mais o propósito de acção psicológica do que realmente causar baixas. Contudo eles tinham pleno conhecimento de que as perdas das suas forças nesses contactos eram muito mais elevadas do lado deles do que do nosso e, como tal,  evitavam contacto com os nossas forças quando sabiam por experiência que essa tropa lhes tinha causado problemas.

Para mim e tal como eu fomos dois D. Quixotes.

(ii) A propósito desta lembrança... Lembro-me que numa operação [, Lança Afiada ?,] cuja ordem dizia "destruir [todos]  os meios de vida", chegámos a uma tabanca, não me lembro do nome, em que fiquei realmente espantado com a organização urbanística deste povoado, o que me obrigou a rever o propósito desta guerra. Interroguei-me então:

- Porra, estas populações estão muito melhor organizadas que nós, os livros que encontrei na escola eram em português e não em crioulo; as ruas ainda que de terra batida estavam orientadas a noventa graus e limitavam perfeitos quadrados... Pelo nosso lado as tabancas eram um ver se te avias...


Nunca me esqueci dessa devastadora descoberta. Não quero discutir política mas esta experiência comprovou-me intelectualmente que o PAIGC deveria fazer esforços enormes em procurar desenvolver uma consciência nacional sem a qual a independência nunca seria possível... E exactamente isto é o que continua a ser o problema de todos os países africanos. O pior inimigo dum africano é outro africano de outra tribo (factor primário de socialização). (**)


José Ferraz
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Notas do editor:



(*) Vd. postes da I Série do blogue:


15 de Outubro de 2005 > Guiné 63/74 - CCXLIII: Op Lança Afiada (1969): (i) À procura do hospital dos cubanos na mata do Fiofioli


9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXI: Op Lança Afiada (1969) : (ii) Pior do que o IN, só a sede e as abelhas


9 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIII: Op Lança Afiada (1969): (iii) O 'tigre de papel' da mata do Fiofioli


(...) Dia D + 7 (15 de Março de 1969)

Em face da informação dada pelas 2 mulheres capturadas em Cancodea Beafada, os Dest A, B e C atacaram Queroane à tarde, tendo destruído a tabanca e sido flagelados por um grupo IN que sofreu baixas confirmadas.

Cerca das 2H30, os Dest F, G, H e I iniciaram a sua marcha sobre a mata do Fiofioli. Só havia uma guia mais ou menos seguro, o Brima Dico [, mais provável, 
Braima Seco,] capturado pelos paraquedistas em Mina em Dezembro de 1968. O outro guia, de Mansambo, apenas conhecia região mas não os trilhos. Decidiu-se por isso seguir com os Dest em bicha, a fim de deixar um ou mais emboscados em bifurcações que aparecessem.


O Dest H, antes do alvorecer, penetrava na mata. Às 16H00 houve uma flagelação ao Dest H, tendo o IN sofrido baixas confirmadas. O Hospital antigo surgiu pouco depois com as suas enfermarias separadas para homens e mulheres, quarto dos médicos cubanos, banco, etc. O guia esclareceu tudo mas o hospital devia ter sido abandonada cerca de 2 meses antes. Todos os novos trilhos que apareciam eram cuidadosamente batidos. Descobriu-se um outro Hospital recentemente abandonado. O primeiro estava em (Xime ID5-56 ) o segundo (encontrado ás 8H00) estava em Xime 1D6-52). Ambos foram queimados e o PCV deu a sua localização.

Batida a mata, desceu-se à tabanca de Fiofioli, recém abandonada, dispondo de bons edifícios e 2 escolas com imensos livros e cadernos. Próximo estava uma pequena arrecadação onde se capturou material de guerra IN. Novamente foram apanhadas centenas de animais domésticos. A destruição da tabanca foi apenas começada pois no dia seguinte seria completada. Encontraram-se documentos comprovativos da presença IN na área.

Voltou-se a penetrar na mata para bater a zona Oeste e acabou-se por ir ter à bolanha a Oeste eram cerca das 12H00. Contactou-se o Dest E que às 6H10 fizera fogo sobre elementos IN fugidos da mata de Fiofioli (onde deveriam ter sido os autores da flagelação ao Dest H), tendo-lhes causado baixas.

A mata foi batida durante cerca de 10 horas em todos os sentidos. Previa-se no entanto voltar a batê-la no dia seguinte na direcção Oeste-Leste. Mas o mito do Fiofioli desaparecera na mentalidade dos nossos soldados. A mata do Fiofioli fora um tigre de papel. (...)


14 de Novembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCLXXXIX: Op Lança Afiada (IV): O soldado Spínola na margem direita do Rio Corubal


(**) Último poste da série > 21 de Novembro de 2011 >Guiné 63/74 - P9070: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (2): Hugo Spadafora (1940-1985), que combateu como médico e guerrilheiro nas fileiras do PAIGC (entre 1965 e 1967), e que encontrei na década de 1980 no Panamá...

Guiné 63/74 - P9079: (Ex)citações (157): O sentido da expressão "assassinos de Mampatá" (Mário Pinto, CART 2519, 1969/71)

1. Comentário ao poste P9059, colocado por Mário Pinto (de seu nome completo, Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519, "Os morcegos de Mampatá", Buba, Aldeia Formosa e Mampatá, 1969/71):

do Mário Pinto Caros camaradas:


A Cart 2519 a que eu pertencia quando se instalou em Mampatá por volta do fim de Agosto de 1969, depois da construção da estrada Buba-Aldeia Formosa,  de má memória, recebeu como missão interceptar as colunas do PAIGC no corredor de Missirá que se deslocavam de Sul para norte via Nhacobá-Uane-Xitole.

Para cumprimento desta missão todos os dias um Grupo de Combate reforçado fazia emboscada no dito corredor em quanto outro Gr Comb patrulhava as imediações perto do corredor.

Neste contexto de acção foram diversas as vezes que interceptámos as colunas do PAIGC que na sua maioria era composta por carregadores civis, (população nativa controlada pelo PAIGC,) que se tornaram vítimas da guerra por força das circunstâncias do fogo aberto por nós quando caíam na zona da emboscada.

Era habitual depois da emboscada fazermos aproximação e reconhecimento ao local para recolher o material e feridos do IN se os houvesse e confrontarmo-nos com a realidade da acção.

Fomos também muitas vezes apeliados de ASSASSINOS pela Rádio Conakry, julgo que era norma o trato dado a todos nós pelo PAIGC quando tinham baixas.

Por isso acho que o termo Assassinos de Mampatá, a meu ver,  é um termo mais antigo que a CCAÇ  3326, herdou quando rendeu a minha Companhia em Mampatá.

Quanto á expressão: "Quando chegámos a Mampatá entrámos a matar, naquela zona em que praticamente se havia perdido o controle e rapidamente o reconquistámos"... 

Camaradas, lamento dizer mas não é correcto e posso confirmar pelos relatórios que tenho em meu poder.

Toda a Zona era complicada, sim, mas dominada pelas nossas forças que se movimentavam por toda a ZA causando vários desaires ao PAIGC, conforme se pode ver nos documentos e Historial da CART 2519. Agora julgo existir aqui é uma discrepância, pois como é sabido que as condições apartir do segundo semestre de 1971 tornaram-se mais duras e cresceram de intensidade por força de uma acção mais forte das tropas do PAIGC.

Posto isto...

Um abraço

Mário Pinto


PS - Em poste de 4 de Agosto de 2011, publicado no seu blogue (CART 2519 - Os Morcegos de Mampatá), o Mário Pinto informa o seguinte:

"Informo todos os Morcegos que já tenho pronto vários livros em Fotocópias do nosso Cap Jacinto Manuel Barrelas  Há Sangue na Picada. Quem o pretender deverá fazer o pedido para o meu email, pintanof@gmail.com ou pelo telm 931648953. O mesmo será enviado gratuitamente para a morada indicada pelos camaradas" .
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Nota do editor:

Vd. último poste da série > 15 de Novembro de 2011 >  Guiné 63/74 - P9046: (Ex)citações (156): A recensão a Pami Na Dondo foi feita não ao livro mas à pessoa do autor (Mário Fitas)

Guiné 63/74 - P9078: O nosso blogue em números (23): Mensagens dos nossos camaradas Carlos Filipe, Fernando Barata e José Barros

1. O nosso camarada Fernando Barata, ex-Alf Mil da CCAÇ 2700, Dulombi, 1970/72, em mensagem do dia 20 de Novembro de 2011, mandou-nos estes quatro "instantâneos sem truques" referentes ao nosso Blogue e particularmente ao aniversário dos nossos camaradas César Dias e Maria Arminda, e ainda aos nossos 3 milhões de visitas atingidos muito recentemente.

O nosso muito obrigado por este trabalho ao Fernando, de quem já não tínhamos notícias há uns tempos. O Barata, que é um homem de Coimbra, vem provar que a vida também é humor, brincadeira, graça,  imaginação, cordialidade... e que com estes ingredientes também se ajuda a construir o nosso blogue, que é de todos e para todos...

Eis o que escreveu: (...) Devemos todos rejubilar ao vermos espalhados pela cidade diversos 'outdoors' publicitando os '3 milhões. Até Obama se associou. Abraço. F. Barata



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2. Comentário do nosso camarada Carlos Filipe Coelho, ex-Soldado Radiomontador da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74:

Caros Amigos, neste exacto momento, ainda estou indeciso se devo comentar. Mas aí vai.

(i) Um Blogue é essencialmente um local onde se publica algo (quase sempre com carácter definitivo), e um Fórum,  um local onde se comenta também, a partir de algo publicado, e que por condição de publicação (um fórum) se sujeita a todo o tipo de crítica, contra-opinião, etc.

Colocada esta minha concepção, penso que na nossa Tabanca se confunde Posts com Coments. Na realidade, os comentários no blogue, deveriam simplesmente transparacer uma opinião favorável ou não ao respectivo Poste.

Mas não é isso que muitas vezes acontece e tranformam-se em perfeitos minifóruns, desvirtuando nalguns casos o perfil deste Blogue (não entendam isto como crítica ao Blogue), principalmente para quem nos lê e não é habitual participar.

Esses minifóruns nos Comentários  criam receios, dúvidas... em quem eventualmente queira participar,  receando reacções de terceiros. (vd. ponto iii)

(ii) Sobre a estrutura do blog, partilho das opiniões do Juvenal e do António Estácio, no geral, e claro também de uma ou outra já publicada.

Agora vou azedar um pouco o meu discurso... Refiro-me ao número de visitas ao Blogue. Eu por exemplo visito no mínimo 3 a 4 vezes por dia a Tabanca. Como é isto contabilizado? Não se estará a pecar por defeito? Concerteza que como eu um número infindável de outras pessoas.

(iii) Como o António escreveu, penso haver uma necessidade de reorganizar as temáticas do Blogue.

Por outro lado queria lançar uma ideia para evitar os pseudo-fóruns no espaço dos comentários. O Blogue permitiria somente a possibilidade de gostar ou não de um Poste.
Sendo que estaria já criado um Fórum que, dividido da mesma forma temática do blogue, só publicaria para discussão (então sem condicionalismos a não ser os do próprio Blogue da Tabanca), somente os mesmos títulos e números de cada Poste publicado sem respectivo texto.

Era só isto que tinha para escrever.
Um abraço para todos
Carlos Filipe
ex-CCS/BCAÇ 3872
Galomaro/71


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3. Mensagem do nosso camarada José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 21 de Novembro de 2011:

Caros amigos e camaradas:

Aqui estou, para dizer-vos que votei “Muito Melhor”. Para mim foi uma grande alegria encontrar esta grande família, porque me permitiu reviver locais e acontecimentos que há muito estavam num velho caixote de memórias esquecidas.

O blogue teve o condão de fazer o milagre de abrir o dito caixote, que pensava estar fechado para sempre.

Obrigado a todos vós, editores e co-editores,  pelo vosso trabalho e dedicação a esta ”GRANDE CASA”.

As críticas e divergências de opinião são saudáveis desde que respeitosas. Qual a família onde não há divergências?

Por isso somos a GRANDE FAMÍLIA DA TABANCA GRANDE.

Um grande abraço para todos e que Deus vos dê saúde, força e coragem para continuar e aumentar a grande FAMÍLIA que somos.

José Barros
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9074: O nosso blogue em números (22): Foi assim que eu vos conheci, irreverentes; foi assim que vos reencontrei, controversos... (Cherno Baldé)

Guiné 63/74 - P9077: Agenda Cultural (170): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (8): Acção a Cavalo em África, por Jorge Félix Furtado Dias, dia 23 de Novembro de 2011 no Anfiteatro C da Universidade dos Açores (Carlos Cordeiro)

Mensagem de hoje, 22 de Novembro de 2011, do nosso camarada Carlos Cordeiro (ex-Fur Mil At Inf CIC - Angola - 1969-1971), Professor na Universidade dos Açores, dando-nos notícia de mais um acontecimento integrado no "Ciclo conferências-debates Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961-1974, história e memória(s)":

Vamos prosseguir com o nosso ciclo de conferências*, agora sobre a Cavalaria… a cavalo. O então capitão Jorge Furtado Dias comandou um dos esquadrões com sede no Leste de Angola e vai falar-nos da sua experiência.

Junto então a notícia, aspectos biográficos, etc.

Um grande abraço amigo do
Carlos Cordeiro


Ciclo de conferências-debate
“Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961¬ 1974: história e memória(s)”

No âmbito do ciclo de conferências-debate “Os Açores e a Guerra do Ultramar – 1961-1974: história e memória(s)”, Jorge Félix Furtado Dias, Superintendente-Chefe reformado, proferirá, no próximo dia 23 do corrente, a conferência “Acção a Cavalo em África”. Jorge Furtado Dias desempenhou, como Alferes e Capitão de Cavalaria, três comissões de serviço durante a Guerra do Ultramar: uma em Moçambique e duas em Angola.

O evento terá lugar no anfiteatro “C” do Pólo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores, com início pelas 17H30 e estará aberto à participação de todas as pessoas interessadas.

Esta iniciativa teve início em Maio, sendo esta a quinta conferência do ciclo. Trata-se de uma organização do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores.
Trata-se de uma organização do Centro de Estudos Gaspar Frutuoso do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores.


Notas biográficas do Superintendente-Chefe Jorge Félix Furtado Dias

O Superintendente-Chefe Jorge Félix Furtado Dias nasceu em Ponta Delgada, em 1942. Em 1962 ingressou na Academia Militar, onde concluiu o curso de Oficial de Cavalaria.
Ainda como alferes, foi mobilizado, em 1966, para uma comissão em Moçambique. Promovido a capitão, em 1969, foi mobilizado, desta vez para Angola, tendo desempenhado as suas funções num Esquadrão de Cavalaria a Cavalo, na Zona Militar Leste, de onde regressou em 1972. No ano seguinte foi novamente mobilizado para Angola para comandar um Esquadrão de Cavalaria a Cavalo, tendo desempenhado também outras funções de comando, inclusive a de comandante interino de um batalhão.
A partir de 1975 desempenhou diversas funções militares nos Açores. Em 1981 foi promovido a major e em 1983 assumiu o Comando da Polícia de Segurança Pública de Ponta Delgada e o Comando Operacional de todas as forças dessa Polícia nos Açores.
Em 1987 passou a integrar os quadros da PSP como Subintendente, depois Intendente, Superintendente e por fim Superintendente-Chefe, mantendo o Comando da PSP de Ponta Delgada e dos Açores até à sua passagem à situação de reforma.
É detentor de diversos louvores e condecorações, atribuídas, quer no desempenho das suas funções como oficial de Cavalaria, quer como oficial superior da PSP.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 5 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8858: Agenda Cultural (160): Ciclo de Conferências-debate Os Açores e a Guerra do Ultramar - 1961-1974: história e memória(s) (Carlos Cordeiro) (7): Rescaldo do dia 30 de Setembro de 2011

Vd. último poste da série de 20 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9066: Agenda cultural (169): Colóquio, Arquivos do Silêncio: Alianças Secretas da Guerra Colonial, dia 29 de Novembro de 2011 às 10 horas no Colégio de S. Jerónimo - Centro de Estudos Sociais - Coimbra (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P9076: Memória dos lugares (164): RTX - Rádio Televisão do Xime, Carnaval de 69, Xime, CART 1746, com o Manuel Moreira e o José Ferraz de Carvalho



Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca) > Xime > CART 1746 (Bissorã e Xime,1967/69) > A RTX - Rádio Televisão do Xime, em ação, no Carnaval de 69... Na primeira foto de cima, está o Manuel Moreira, o primeiro a contar da direita; o Júlio (, de tanga,) e o Zé Ferraz (, de óculos, megafone e barba), a contar da esquerda...

Comentou o Zé Ferraz: "Foi formidável, o companheiro e camarada Manuel Moreira enviou-me um e-mail dizendo que se lembrava muito bem de mim; enviou-me também uma foto tirada no Xime quando, para descarga da infinita espera, decidimos fundar a Rádio Televisão do Xime. Por curiosidade o homem à minha direita, de tanga, era o famoso Júlio que bebia 2 garrafas de Sagres grandes como pequeno almoço e foi o protagonista da coluna a Bambadinca onde se cortou o corpo inteiro" (...).


Fotos: © Manuel Moreira (2011)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

1. Mensagem, enviada ontem pelo Manuel Moreira (ex. 1.º Cabo Mec Auto, CART 1746, Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69): 
É com grande satisfação que vejo alguém da minha Companhia a fazer parte do nosso blogue.

Refiro-me ao Zé De Ferraz, de nome completo José Marçal Wang Ferraz De Carvalho, que chegou à CART 1746 em 14 de Janeiro de 1969, e a quem dou as melhores Boas Vindas porque tem e terá muitas histórias para contar, apesar de ter estado pouco tempo connosco. Já activamos o contacto.

Envio para publicação duas fotos onde está o Zé Ferraz com um megafone improvisado, sentado numa poltrona a anunciar o arranque da RTX- Rádio Televisão do Xime por altura do Carnaval de 69. Eu sou o da placa de "entrada em cena".

 Espero que entrem mais camaradas [da CART 1746].

Um abraço camarigo para toda a Tabanca com " manga de ronco ".

Manuel Moreira

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P9075: Bombolom XIX (Paulo Salgado): I Grande Guerra em África (1914-1918), guerra colonial (1961/74)... Relembrando os nossos mortos




Lisboa > 1914 > I Guerra Mundial (1914-1918) > Cais do Arsenal > Embarque de tropas portuguesas para Angola, durante a 1ª Guerra Mundial > Sob o comando de Alves Roçadas, foi enviado para Angola uma força expedicionária de 1600 homens, em Outubro de 1914. Por sua vez, o batalhão de infantaria nº 23 partiu para Moçambique.

Fonte: Cortesia de Wikipédia (2011). Imagem do domínio público (documento com mais de 70 anos).



1. Mensagem, de 20 do corrente, do nosso amigo Paulo Salgado [, transmontano de Moncorvo; administrador hospitalar reformado; consultor, especialista em gestão de serviços de saúde, a trabalhar em Angola;  ex-Alf Mil, CCAV 2721,Olossato e Nhacra, 1970/72]: 

Camaradas, Amigos, Camarigos: 

Tem andado calado o meu bombolom (*)… Há tanta coisa para contar. Mas, às vezes, fico indeciso… Se achardes bem,  postai esta mensagem de solidariedade para os que sofreram tanto como nós, lá no Rovuma, lá no Cunene, durante a primeira grande guerra. Como nós  – mais ainda, tenho a certeza – passámos na Guiné. Um abraço, Paulo.

2. Bombolom II > I Grande Guerra (1914-1918)

Em 18 de Agosto de 1914,  tendo sido declarada a Grande Guerra, o governo português, entendeu ser necessário guarnecer e reforçar diversos postos fronteiriços no norte de Moçambique e no sul de Angola,  para o que foram mobilizadas duas forças expedicionárias com destino àquelas colónias, ameaçadas pelos alemães.

As cenas mostradas nas fotografias da Ilustração Portuguesa e de outras revistas da época não eram muito diferentes das que todos quantos rumaram a Moçambique, Angola e Guiné conhecem sobejamente.

Na verdade, amigos do blogue, o meu velho amigo Ti Adriano contava-me as histórias que viveu no norte de Moçambique, de 1915 a 1919 – quatro anos…!

O seu neto veio a falecer cerca de 50 anos depois nas matas da Guiné! 

Os seus olhos marejaram-se de lágrimas no funeral, em choro convulsivo, e bem sabedor do que teria sido a “guerra” sofrida pelo neto. Ouvi-o após a cerimónia da secção que veio acompanhar o soldado na caixa de pinho (como cantava o Adriano – o outro: Correia de Oliveira…): 
- Pobre filho, quanto terás sofrido!
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9074: O nosso blogue em números (22): Foi assim que eu vos conheci, irreverentes; foi assim que vos reencontrei, controversos... (Cherno Baldé)


Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > Foto fotográfico de Amílcar Ventura > "Foto 13 - Encontro das Altas Chefias de Pirada depois do 25 de Abril [de 1974]".

Fotos (e legendas): © Amílcar Ventura (2009)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Comentário, ao poste P9063, da autoria do querido amigo guineense Cherno Baldé [, primeiro da esquerda na primeira fila, foto ao lado,  Fajonquito, 1975, ] 



Caros amigos,


Foi assim que eu vos conheci, irreverentes;
Assim vos reencontrei, controversos;
No espaço deste nosso blogue e Tabanca Grande;
Espero e faço votos para que possam continuar a discutir, ainda por muito mais tempo;
Enquanto tiverem forças e engenho;
Enquanto ainda quiserem e puderem concordar ou discordar;
Apoiados na vossa consciência, na vossa capacidade de discernimento e de bom humor.


Eu acho que, neste blogue, há espaço para toda a gente se exprimir livremente, bastando para isso que sejamos um pouco mais tolerantes e abertos na recepção que fazemos das opiniões dos outros. Mas, às vezes, tenho a impressão que alguns camaradas se esquecem de que já não estão dentro das trincheiras dos tempos de outrora...


Senti alguma incompreensão na forma como foi recebido o Vitor Junqueira da última vez que ele reapareceu no blogue, com a apresentação do trabalho de um amigo guineense, depois de uma prolongada ausência, malgrado o seu "(...) chacun sa putain!...", que a seu tempo foi apreciado e criticado sob diferentes pontos de vista, não se tendo manifestado qualquer sentimento de ofensa ou de vitimização.


Senti alguma incompreensão em relação ao vosso camarada Amílcar Ventura que foi, literalmente, "banido" do blogue por ter feito declarações que denunciavam a sua visão e postura "alegadamente" diferentes e não conformes as regras de jogo da guerra colonial.


Como já disse alguém, no dia em que não houver diferençaas e todos tiverem a mesma visão e opinião sobre a vida e das coisas que a governam, será o fim da vida deste blogue onde nos reunimos com o prazer de ouvir histórias de outros tempos, das "nobas" da Guiné-Bissau e das "nobas" dos nossos amigos e camaradas.


Um grande abraço,


Cherno Baldé
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Nota do editor:


Último poste da série > 20 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9069: O nosso blogue em números (21): A propósito dos 3 milhões de visitas... Sondagem... Fotos de Nova Lamego, de Tino Neves

Guiné 63/74 - P9073: In memoriam (97): Daniel Matos, ex-Fur Mil da CCAÇ 3518 (Gadamael, 1972/74), falecido no dia 13 de Novembro de 2011

1. A propósito do comentário aposto por um anónimo no Poste 6351 que dizia:  

Agora que o Daniel Matos nos deixou, traído pela doença que o minou, curvemo-nos perante a memória de UM GRANDE HOMEM E UM GRANDE CARÁCTER.

O nosso camarada José Martins acaba de nos mandar este mail com a confirmação da triste notícia:

Boa tarde
Também li o comentário a que te referes.
Procurei obter um contacto, e apenas tinha o mail que referia SITAVA.
É um sindicato ligado à aviação e, assim, telefonei de imediato para o sindicato que, infelizmente, confirmou que o Daniel Matos partiu em 13 de Novembro último, após doença prolongada.

Mais um no Batalhão Celestial, menos um no Batalhão Terreno.

Certamente foi mais cedo para preparar a nossa chegada.

José Martins


2. Comentário de CV:

Foi com enorme pesar que recebemos a confirmação do falecimento do nosso camarada Daniel Matos*. Quando se perde um amigo, um pouco de nós que vai com ele.

Infelizmente, cada vez mais, estas notícias fazem parte do nosso dia a dia e, como afirma o nosso diligente camarada José Martins, estamos todos, aos poucos, a mudar de Unidade, deixando o Batalhão Terrestre a caminho do outro, onde iremos seguramente ter uma comissão de serviço bem mais prolongada.

À família do nosso camarada Daniel Matos apresentamos as nossas mais sentidas condolências pelo infausto acontecimento.
Para nós continuará sempre presente, e a sua colaboração neste blogue é a prova de que podemos morrer, mas a nossa obra fica.

Caro Daniel, até um dia destes.

Pela tertúlia
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

- Daniel Matos foi Fur Mil na CCaç 3518 - "Os Marados de Gadamael" - que esteve em Gadamael nos anos de 1971 a 1974. A madeirense CCAÇ 3518, independente, foi mobilizada pelo BII 19, partiu para a Guiné em 20/12/1971 e regressou  a 28/3/974.... Dois anos e três meses de comissão!... Esteve em Gadamael, Brá e Bafatá. Comandante: Cap Mil Inf Manuel  Nunes de Sousa.

- Para consultar o espólio deixado pelo nosso camarada Daniel Matos no nosso Blogue, utilizar os marcadores Daniel Matos e/ou CCAÇ 3518.

(*) Vd. poste 12 de Março de 2010 > Guiné 63/74 - P5981: Tabanca Grande (208): Daniel Matos, ex-Fur Mil da CCAÇ 3518 (Gadamael, 1972/74)

Vd. último poste da série de 17 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9054: In memoriam (96): Dia 17 de Novembro de 1967, data tão distante, ainda hoje lembrada (Felismina Costa)

Guiné 63/74 - P9072: Tabanca Grande (308): Carlos Luís Martins Rios, ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857 (Mansoa e Bissorã, 1965/66)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano, Carlos Luís Martins Rios, ex-Fur Mil da CCAÇ 1420/BCAÇ 1857, Bissorã e Mansoa, 1965/66, dirigida a Virgínio Briote em 9 de Outubro passado:

Caro camarada de armas
Antecipo a tudo o mais o pedido de desculpas pela ousadia de te enviar este e-mail. Tenho lido com grande interesse e uma mescla de saudade e alguma paixão, onde é co-responsável, o julgo eu ex-alferes que algumas vezes comigo passou, algumas agruras e perigos no triângulo do OIO.

Pertenci à CCAÇ 1420 entre 1965 e finais de 1966 em Bissorã e Mansoa onde vim a ser gravemente atingido. Chamo-me Carlos Luís Martins Rios e era Fur. Milº.

Como sou um incipiente nestas novas tecnologias, não consigo entrar em contacto tornando-me mais um dos camarigos.
Daí ousar usar esta expediente para ver se me aceitam como mais um chato a choramingar quase 50 anos depois algumas recordações da juventude.

P.S.- Também sou natural de Cascais (Parede) e resido em Carnaxide.

Em anexo envio cópia de um pequeno cadernito de esparsas memórias que agradeço lhe dês o encaminhamento que entenderes e que agradeço com gratidão aceites um exemplar, porquanto já o mandei encadernar, bastando para o efeito se não vires inconveniente mandares-me a morada.

Apresento os melhores e mais respeitosos cumprimentos.
CARLOS RIOS

Mansabá > Ex-Fur Mil Carlos Rios e ex-Alf Mil Rui Alexandrino Ferreira da CCAÇ 1420

Alguns graduados da CCAÇ 1420 num jantar de confraternização no Bairro Alto. Da esquerda para a direita - Carlos Rios, José Monteiro, Henrique Sacadura Cabral, José Manuel Bastos e Rui Alexandrino Ferreira.


2. Comentário de CV:

Caro Carlos, estou a receber-te formalmente em nome da tertúlia e dos editores. Sê bem vindo à nossa Tabanca, onde esperamos te sintas como em casa. Não és propriamente um desconhecido, já que o teu, e nosso, amigo Rui Alexandrino Ferreira falou de ti no nosso Blogue, como se pode verificar nas ligações dos postes abaixo referidos*.

Muito obrigado por te quereres juntar à equipa e também pelo teu "Porto de Abrigo", trabalho que enviaste ao nosso camarada Virgíno Briote que por sua vez o fez chegar até nós. Vamos começar a publicá-lo estes dias porque será uma mais valia para o espólio do nosso blogue.

Publicamos hoje a Capa e a Dedicatória, início destas tuas memórias


Sabemos que neste momento estás a passar menos bem da tua saúde, mas podes contar desde já com a solidariedade destes teus 527 novos amigos e camaradas, que compõem este grupo enorme de tertulianos de que a partir de hoje fazes também parte.

Quando nos quiseres contactar usa o endereço luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com

Podes consultar os postes referentes à tua Unidade clicando no marcador CCAÇ 1420 existente no lado esquerdo da nossa página no grupo dos marcadores/descritores, assim como os teus postes, clicando no marcador Carlos Rios.

Antes de terminar o teu poste de apresentação quero deixar-te um abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Recebe um abraço pessoal da minha parte com os votos de um rápido restabelecimento.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

18 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8438: (Ex)citações (141): Hospital Militar Principal: Sofri as piores atribulações naquelas miseráveis e desumanas instalações, principalmente o anexo, o Texas (Carlos Rios, ex-Fur Mil, CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67)

21 de Junho de 2011 > Guiné 63/74 - P8455: Memória dos lugares (156): Texas, o anexo do Hospital Militar Principal, na Rua da Artilharia Um, em Lisboa (Carlos Rios / Rogério Cardoso / Jorge Picado / António Tavares)
e
20 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8579: (Ex)citações (143): Ex-Fur Mil Carlos Rios da CCAÇ 1420, um menino que as circunstâncias fizeram homem (Rui Alexandrino Ferreira)

Vd. último poste da série de 9 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9065: Tabanca Grande (307): José Ferraz de Carvalho, português há mais de 40 anos nos EUA, ex-Fur Mil da CART 1746 (Xime, 1969)