terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9193: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (4): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - IV Parte - Movimento de cargas e descargas em Gadamael Porto

1. Mensagem do nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), com data de 10 de Dezembro de 2011:

Camarada Vinhal
Junto envio a IV parte da comunicação para a integrares no blog.
Cumprimentos
Manuel Vaz



MEMÓRIAS DA CCAÇ 798 (4)

De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné

Uma Perspectiva a Partir de Gadamael Porto - 65/67 (IV Parte)

Uma das missões da Companhia era o apoio logístico de Guiledge e Sangonhá, o que implicava a descarga e o transporte dos reabastecimentos a partir de Gadamael Porto. O que se entendia por “Porto”, na altura, eram as condições naturais para pequenos barcos e LDM´s descarregarem. Um simples “degrau” de 50/70 centímetros entre a margem plana em rocha e o início do lodaçal, permitia a operação, numa zona mais larga e desprovida de tarrafo. (8)

A caixa de carga de uma viatura permite a aproximação do Unimog ao barco encalhado, sem entrar no lodo que mais parecia cimento amassado

Cais de acostagem era coisa de que se falava e até por lá apareceu um furriel da Engenharia Militar, mas nunca se iniciou, durante a permanência da Companhia (9). Havia que improvisar soluções, conforme as circunstâncias.
Quando o reabastecimento era feito por um barco, a solução para a descarga era pacífica por parte da tripulação: encalhavam os barcos, ficando ali de um dia para o outro.

A fotografia ilustra bem uma espécie de “cais submerso” sobre o qual as LDM´s tombavam a porta. Quando a água baixava as LDM´s recuavam e então começavam os problemas.

Para as LDM`s a solução era mais complicada, visto que a Marinha não encalhava as lanchas e se isso acontecesse era sinal de avaria ou “azelhisse” da tripulação. As lanchas chegavam com a praia-mar e baixavam a porta sobre o degrau natural que referi anteriormente. A partir daí iniciava-se o trabalho de estiva, carregando a mercadoria para as viaturas que ficavam a 20/50 metros, conforme o nível da água, que variava durante a descarga. (10)

As descargas ocorriam com os militares metidos na água, utilizando o pequeno barco de patrulhamento no rio e as canoas dos nativos, ali acostadas.

Por vezes a Marinha trazia duas lanchas e então a estiva complicava-se para ultimar o trabalho durante a praia-mar. As fotografias mostram a dureza dos trabalhos mas não revelam as situações verdadeiramente críticas:
- quando a água começava a baixar, as Lanchas iam-se afastando, ampliando a distância até às viaturas e obrigando os “estivadores” a caminharem no lodo do rio. Houve mesmo situações dramáticas, dada a força da corrente na baixa-mar. Eu próprio protagonizei uma situação dessas, quando o pequeno barco onde estava começou a ganhar velocidade. Valeu-me estar relativamente perto do tarrafo a onde me consegui agarrar.

A fotografia mostra duas Lanchas a descarregar. O Unimog do lado direito, em primeiro plano, está já a uma distância considerável, para efeitos de descarga.

Se a toda a dificuldade, facilmente imaginável, juntarmos o desespero do furriel vagomestre quando algo caía à água, temos o quadro completo de uma descarga no “Porto” de Gadamael. (11)

Resta acrescentar que o reabastecimento feito através de Gadamael era extensivo a tudo o que a “tropa” precisava, ou seja, mantimentos, combustível, cimento, arame farpado, chapas de zinco, munições, geradores, frigoríficos e sei lá mais o quê!... e tudo com esforço braçal.

O transporte para cada uma das Companhias a reabastecer, era uma operação coordenada que implicava deteção de minas e segurança em pontos considerados críticos, de maneira que a coluna de viaturas percorresse o trajecto sem grandes riscos, o mais depressa possível.

Uma vista mais ampla do “porto” com um batelão encalhado

Aqui surge o papel importante da Secção Auto e particularmente dos Mecânicos da Companhia na manutenção e recuperação de viaturas.

O dito “Porto” de Gadamael também servia para evacuar viaturas, a pedido do BSM, (12) o que raramente acontecia, por incapacidade de dar resposta a tantas solicitações. As viaturas começaram a acumular-se, até a Secção Auto decidir ultrapassar o protocolo de reparações a nível de Companhia, o que o BSM acabou por detectar e tacitamente autorizar. A partir daí algumas das viaturas “encostadas” voltaram a andar.

Esta nova valência da Companhia implicava a criação de condições mínimas de trabalho para a Secção Auto, com a organização e ampliação da Oficina e do próprio Parque Auto. Mas isto vai ser tema para a próxima intervenção.

(Continua)

(8) - O Tarrafo era uma vegetação própria da margem do rio em que as raízes, autênticas lianas, mergulhavam no lodo, dificultado a entrada ou a saída da água.
(9) - Suponho que o Cais foi construído no tempo da CART 1659. Sugiro que os Camaradas desta Comp.ª ou quem saiba do acontecimento indique o ano da sua construção.
(10) - As viaturas não entravam na água, mesmo quando o piso o permitia, para evitar os danos provocados pelo sal nos sistemas mecânicos.
(11) - Para quem não saiba, o reabastecimento tinha o lado burocrático, obrigando à conferência de Guias de Remessa, Autos de Receção, de Extravio, de Incapacidade, etc.
(12) - BSM – Batalhão de Serviço de Material
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 28 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9108: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (3): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - III Parte - A emboscada na estrada para Gandembel

Guiné 63/74 – P9192: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (16): Partida e viagem para a Guiné

1. Mensagem de Rui Silva (ex-Fur Mil da CCAÇ 816, Bissorã, Olossato, Mansoa, 1965/67), com data de 9 de Dezembro de 2011:

Caros Luís, Vinhal e Magalhães Ribeiro:
Recebam um grande abraço com o desejo de que estejam em forma. Abraço esse extensivo a outros co-editores e colaboradores deste insuperável Blogue.

Aqui vai mais uma página “arrancada” das minhas memórias “Páginas Negras com Salpicos cor-de-rosa”, curiosamente uma das primeiras.

Manga de saúde para Vocês.
Rui Silva


Como sempre as minhas primeiras palavras são de saudação para todos os camaradas ex-Combatentes da Guiné, mais ainda para aqueles que de algum modo ainda sofrem de sequelas daquela maldita guerra.

Das minhas memórias “Páginas Negras com Salpicos cor-de-rosa”

A PARTIDA (… e a viagem)

Fui mobilizado, como Furriel miliciano e com a Especialidade de Armas Pesadas, integrado na Companhia de Caçadores n.º 816, para servir o Exército no Ultramar, mais propriamente na colónia da Guiné, pedacinho de terra na Costa Ocidental de África, aonde portugueses de antanho destemidos e aventureiros levaram e implantaram o nome de Portugal.

Depois de algumas semanas em Santa Margarida, e após formação no BC 10 em Chaves, as Companhias de Caçadores, entretanto tornadas independentes (após dissolução do Batalhão), 816, 817 e 818 abalaram para a Guiné.
E foi assim que aos 21 de Maio de 1965 embarcámos no Niassa então aportado no cais de Alcântara em Lisboa.
O Niassa ia então fazer uma longa viagem, a viagem toda. Levava tropa até Timor, deixando alguma em Angola, Moçambique e julgo que em Cabo Verde e S. Tomé também.
Sairíamos em Bissau. A viagem mais curta no tempo, mas a mais temerária. A Guiné naquela altura era o pior sítio da guerra Colonial, ao que se dizia.

Nunca mais esqueço aqueles momentos da maior emoção que vivi no cais de Alcântara, naquela manhã de sol radioso e céu limpo e azul aquando do embarque da Companhia.
Eram avós, pais, irmãos, esposas, madrinhas de guerra, namoradas a despedirem-se daqueles que partiam, e partiam com o espectro de não se saber se voltavam. Lágrimas, longos abraços e beijos, tudo que um grande estado emocional podia despojar na hora de uma separação algo dramática.
Gente anónima ou curiosos, também por ali.

Era cerca do meio-dia, a hora pré-fixada para o embarque.
Esses momentos de rara emoção foram também, primeiro, do desfile de nós, militares, que antecedeu o embarque; depois, a subida na escarpada escada que ligava o chão do cais ao convés do barco, diante daquela multidão que nos acenava vibrante e incessantemente, e, depois, o Hino Nacional que, com ênfase, foi tocado pela Banda Militar, ao mesmo tempo que o barco se afastava lenta e progressivamente do cais e deixava para trás, a nossa terra, a nossa família, os nossos amigos… e muitas das legítimas ilusões.
Senti um arrepio.
Quadro só ali visto e sentido.
Não suportei que duas lágrimas se me aflorassem nos olhos.


Antes de ir para o meu camarote (?) (3-4 camas em beliche) olhei ainda lá em cima, do outro lado do Tejo, o Cristo-Rei que, de braços abertos, parecia querer abençoar-nos.

E a ponte sobre o Tejo já em fase adiantada de construção.

Foto reproduzida, com a devida vénia de “mlisboaantiga.web.siplesnet.pt”

Deparei então com as mais variadas das reações nos meus colegas naquela hora de desenlace: uns, impotentes, deixavam as lágrimas correrem livremente o seu curso; outros denotavam apenas uma expressão de tristeza, outros ainda, aparentando serem fortes, davam palmadas nas costas daqueles que exteriorizavam a sua amargura. Outros ainda continuavam a acenar… a acenar… a acenar até que o cenário da multidão no cais se diluiu com a distância.

Um bocado de todos tinha ali ficado.

Foram cinco dias de amena e agradável viagem, sempre num mar calmo. Um pequeno conjunto musical, julgo privativo do Niassa, e já com alguma veterania, com suave e tranquila música, na sala do bar, procurava também minimizar a ansiedade da tribo.

Uma foto muito especial no convés do Niassa, pois nela podem-se ver o Comandante da Companhia (Luís Riquito), Oficiais, Sargentos e Praças, todos da 816.

Estes dias serviram também para enfortalecer mais os laços de amizade e companheirismo reinantes entre a malta. Afinal éramos companheiros da desdita.
Em alegre confraternização, conversando, jogando às cartas - logo na primeira noite perdi 400 “paus” a jogar ao “abafa”, depois nas outras passei a ser um simples espectador.

O plafond pré-estabelecido tinha-se esgotado logo ali -, tirando fotografias por todo o barco, contando anedotas, falando das “madrinhas de guerra”, escrevendo (o primeiro contacto com os aerogramas) à família, ou àquela que poderia vir a entrar naquela, ou simplesmente contemplando a linha do horizonte, (quantas vezes!) delimitativa daquela imensa toalha de água que envolvia o barco – impressionava aquele cenário aparente de ser só nós e a água, no mundo -, assim se passou o tempo a bordo. Isto sem esquecer a bebedeira do Luís José (meu camarada também Furriel da 816) no dia em que ele arranjou muitos amigos ao abrir a mala e sacar do bom presunto e do bom chouriço que a sua mãe muito bem soubera aprontar.
Tudo em latas com pingue hermeticamente fechadas a solda de estanho. Era para uns tempos.
O que ele levava para uns tempos ficou-se praticamente por aquela noite.

Outra foto de militares da 816 no Niassa

Muitas vezes apoiado na amurada do navio olhava a linha do horizonte procurando respostas para as minhas interrogações. Como será? Como não será? Da Guiné só ouvi falar, - e de forma muito vaga - nos bancos da primária. Dizem que aquilo é de morrer com o calor. Que a água é péssima e provoca doenças. Cada um dava a sua dica, ou positiva ou negativa e conforme o seu estado d’alma.
Que trabalhos, que sacrifícios me esperavam?
Falou-se também que a estatística apontava em média para 2 mortos por Companhia em toda a comissão. Ora como uma Companhia tinha cerca de 160 homens…

Após cinco dias e cinco noites de ininterrupta e tranquila viagem, chegamos!

Começamos por vislumbrar ao longe a costa africana. O denso matagal num verde luxuriante a contrastar com o azul do céu totalmente limpo. Cada vez a terra mais nítida, mais próxima.
Já com o cenário da Guiné a ocupar-nos o campo visual, via-se algures no mato aqui e ali colunas de fumo. Era a guerra? Supostamente que sim. “Fazem aquilo para nos meter medo”, alguém disse.

E a pouco e pouco, Bissau se foi tornando nítida e próxima.
A marginal, orlada das típicas palmeiras, com todo o ar de belo e natural que tem as paragens africanas.

O barco ancorou um pouco ao largo (~1/2 milha) do cais, pois a profundidade da água, na altura, ali, era pouca para a envergadura do Niassa se aproximar mais.

Foi nas LDM,s (embarcação rudimentar, de linhas a direito e construída em chapa de ferro), que cobrimos aquela distância que separava o agora imobilizado Niassa do cais de Bissau.
E pronto, ali estávamos para o que desse e viesse. Tudo ainda era ilusão, tudo era esperança, tudo fervilhava no meu cérebro em inúmeras interrogações.
Ainda me recordo, - ficou-me na retina - quando peguei no meu saco de campanha e na minha mala (civil) de cartão e pus o primeiro pé na Guiné.

No convés do “Niassa” eu e o meu grande amigo e Furriel de Transmissões da 816, Luís José

Três Furriéis empoleirados no Niassa; os das pontas, da 816

Ao acabar de subir os poucos de degraus de pedra que separavam a linha da água do piso do cais, deparei com um Alferes conhecido do RI6 do Porto que assistia ao nosso desembarque. Logo “metralhei-o” com perguntas: Como é isto? Para onde vamos, sabe? etc., etc..
Compreensível e com muita paciência foi-me respondendo como sabia ou como não sabia.

Fomos então conduzidos em viaturas militares até ao quartel de Brá. Atravessámos a cidade a uma boa velocidade (parecia que a guerra era já ali) e ainda me recordo como casualmente fixei um café com uma esplanada arborizada, o qual viria a ser, também por casualidade, o “meu” café, sempre que vinha a Bissau: O Café Bento. O café onde eu comia uma sandes de tablete de chocolate a puxar a cerveja.

Quando pedi ao nativo empregado que me trouxesse um pão partido ao meio a tablete tal e uma cerveja ele olhou-me com cara de quem estaria a ser gozado. Convenci-o e ele atendeu-me. O café ficava cá em baixo, ao fundo da Avenida principal (avenida esta que começava lá em cima na Praça do Império onde estava o Palácio do Governador -na altura este era Arnaldo Schultz-), muito perto do ângulo com a marginal e do lado esquerdo para quem se voltava para o mar.
Já em Brá deram-me uma G3. A Companhia não tinha armas pesadas, só… serviço pesado… à nossa espera.

Palácio do Governador na Praça do Império em Bissau. Cá fora, sou eu, não é o Governador

(Segue-se: O REGRESSO - muita sorte!)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 5 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 – P9001: Páginas Negras com Salpicos Cor-de-Rosa (Rui Silva) (15): As “Piscinas” dos Furriéis da 816

Guiné 63/74 - P9191: Agenda cultural (177): Apresentação do romance histórico de Paulo Aido, A Primeira Derrota de Salazar, que teve lugar no dia 1 de Dezembro de 2011 (José martins)

1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 8 de Dezembro de 2011:

Boa noite
Há pouco estive presente no lançamento do livro de Paulo Aido, na cidade de Odivelas.
Apesar de ter no título "primeiro", não é a primeira obra do autor.
Aqui vão as fotos do lançamento

Abraço
José Martins


Apresentação do Romance Histórico de Paulo Aido

A PRIMEIRA DERROTA DE SALAZAR*


Pelas 17 horas teve lugar do Restaurante “O Forno da Cidade” em Odivelas e, num ambiente intimista e de boa disposição, foi apresentado o livro já citado, pelo jornalista Joaquim Letria, edição de Zebra Publicações. Em fundo revistas sobre o mesmo tema.

O tema deste romance é a queda da Índia Portuguesa, com alusões a factos históricos passados no ano em que nasceu o autor. É o “resultado” de quatro anos de pesquisa, para ler, segundo palavras de Paulo Aido, de um só fôlego. Será, obviamente, a minha próxima leitura.

Da esquerda para a direita: O autor Paulo Aido, o apresentador Joaquim Letria e o editor Rui Braz

Aspecto da assistência. Ao fundo está o balcão de serviço

Aspecto da assistência, com a garrafeira ao fundo

Como a publicidade não faz mal a ninguém, é um local agradável de frequentar. Eu próprio costumo, apesar de não ser cliente assíduo, de almoçar, de vez em quando, no Forno da Cidade, em Odivelas (http://www.blogger.com/www.fornodacidade.com).

José Marcelino Martins
8 de Dezembro de 2011
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9115: Agenda Cultural (172): Lançamento do livro A Primeira Derrota de Salazar, de Paulo Aido, dia 1 de Dezembro pelas 17 horas, na Casa de Goa, em Lisboa (Teresa Almeida)

Vd. último poste da série de 8 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9157: Agenda cultural (176): Apresentação da obra Elementos de Cultura Militar, de João Freire, sociólogo, dia 12 de Dezembro de 2011, pelas 18 horas, na Associação 25 de Abril

Guiné 63/74 - P9190: O último Chefe do Estado-Maior do CTIG, Cor Cav Henrique Gonçalves Vaz (Jan 1973/ Out 74) (Parte II): Agosto de 1974: rebelião da CCAÇ 21 (Bambadinca) e do BCAV 8320/72 (Bula)



Fotos: © Luís Gonçalves Vaz (2011). Todos os direitos reservados.



1. Continuação da publicação de alguns excertos dos registos pessoais, manuscritos, do Coronel do CEM, Henrique Manuel Gonçalves Vaz (1922-2001), no ano de 1974, no TO da Guiné.

Recolha e transcrição do seu filho Luís Gonçalves Vaz (LGV) que estava, nesta época (1973/74), com a sua família, em Bissau. É professor de matemática e ciências da natureza numa escola da zona de Braga. Aceitou, com muito gosto, o nosso convite para integrar a Tabanca Grande.


Nota do LGV:

"Peço desculpa, se ao transcrever algumas notas pessoais do meu falecido pai, Coronel Henrique Gonçalves Vaz ,troquei ou alterei o nome de algum militar português, interveniente nestes últimos meses, no Teatro de Operações da Guiné, pois foi sem intenção e devido à dificuldade de ler algumas passagens nos seus registos pessoais" (...)





 
Bissau, 2 de Abril de 1974
“…Visita do Brigadeiro Sales Grade (Director da Arma de Transmissões) e jantar ás 20h30…”
“… Às 08h14m levantamos voo, em avião do TAGP para a Aldeia Formosa, com o nosso Brigadeiro Comandante, o Tenente-Coronel Maia e Costa, Cmdt do Bat Eng, o Major Marques, [...] o Tenente Abrantes, adjunto do Nosso Brigadeiro e eu. Chegamos e o Ten Coronel Ramalheira, Cmdt de Batalhão, e o 2º Cmdt, Major Lopes, fizeram um Briefing, rápido [...] e depois de darmos uma volta ao aquartelamento, fomos pela estrada com uma escolta. [...]

Alferes Campos: Verdadeiro espírito de missão, entusiasmo e eficiência. Estivemos em 2 Pedreiras… De regresso paramos em Manpatá (Saltinho, no extremo sul do território) e vi a árvore que dá o nome à Povoação. Regressamos às 12h 00 e não aterramos em Buba. [...]"

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 3 de Agosto de 1974

"... Estamos de prevenção, pois hoje é o Aniversário do Massacre do Pigiguiti [, 3 de Agosto de 1959]. Tropas Europeias [...] nas Unidades. ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 12 de Agosto de 1974


"...Reunião exploratória, dirigida pelo Comandante Militar com novas orientações do planeamento pela 4ª Repartição. ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 16 de Agosto de 1974


"... Este foi um dia tremendo de trabalho e emocionante com as notícias de Bambadinca, em que a Companhia de Caçadores nº 21 a tomar conta do aquartelamento e a exigirem 300 contos por homem, para entregarem a arma e passarem à disponibilidade! Foi para lá o Governador Brigadeiro Fabião e ao fim da tarde foi recebida a notícia de que tudo estava resolvido. ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 20 de Agosto de 1974


"... Despediram-se o Major Barreto Fernandes e o Tenente Abrantes, respectivamente, chefe da Secção de MM e Adjunto do Brig Comandante. Desde 17 que oficialmente se constitui o QG unificado para o CC (Comando Chefe) e CTIG . Publicado em Ordem de Serviço do Comando Chefe.

Soube-se hoje após o almoço que irá vigorar o esquema:
- Totalidade de pessoal (-6000) evacuado até 20 de Setembro de 1974 [...]
- Restantes até Dezembro (?)
- Entretanto vai-se “evacuando” o material  ..."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 22 de Agosto de 1974
"... História do Batalhão de Cavalaria nº 8320 (**) do Tenente-Coronel Ferreira da Cunha, que se pôs a andar do CUMERÉ, depois da 3ª refeição, em direcção a Bissau, a pé, sob chuva inclemente. Minha actuação [...]. "

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)


Bissau, 23 de Agosto de 1974

"... Durante o dia, as "resistências" do Batalhão indisciplinado vieram ao de cima [...] e não teve remédio (o Comandante Militar) senão [...]  ceder!,  fazendo embarcar o pessoal amanhã à tarde! Eu não desisti e chamei sempre  à atenção para a gravidade da situação. ..."

"... Reuni com a comissão que veio de Lisboa sobre os 'Planos de Retirada': Hipótese A e B. Mandei  fazer a lista uma a uma para [...]."

Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 24 de Agosto de 1974


"... O UIGE com o Batalhão do Cunha, o 'famigerado' Batalhão de Cavalaria nº 8320 de Bula, partiu a princípio da madrugada para Lisboa. Estive atento no Cais a vê-los partir! Disseram-me que até hastearam uma bandeira vermelha com a foice e o martelo!..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

Bissau, 26 de Agosto de 1974


"... Hoje à tarde, soube-se que sairíamos da Guiné até 31 de Outubro de 74 e em 10 de Setembro será proclamada a Independência da Guiné! FIM de uma triste aventura, muito Inglória a que nos levaram os [...]."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)
Bissau, 30 de Agosto de 1974

"... Reunião no Palácio do Governador às 18 00 h, de acordo com os acontecimentos na Metrópole, de apoio ao General Costa Gomes e repúdio das manobras reaccionárias ..."
Coronel Henrique Gonçalves Vaz
(Chefe do Estado-Maior do CTIG)

[Continua]

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Notas do editor



(**) BCAV 8320/72:  Mobilizado pelo RC 3, partiu para a Guiné em 21/7/1972 e regressou a 25/8/1974. Esteve sediadoe m Bula. Comandante: Ten Cor Xav Alfredo Alves Ferreira da Cunha. Constituído por 1ª Companhia (Bula, Pete, Nhamate, Bissau), 2ª Companhia (Bula, Nhamate) e 3ª Companhia  (Bula, Bissorã, Captió, Pete). Todos os comandantes de conmpanhia eram capitães milicianos.

Fonte: GOMES, C.M.; AFONSO, A. - Os anos guerra colonial: volume 13: 1972: negar uma solução política para a guerra. Matosinhos: QuidNovi, 2009, p. 116.

Guiné 63/74 - P9189: O nosso fad...ário (7): O fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche: letra de José Luís Tavares, recolha de Manuel Mata (Esq Rec Fox 2640, Bafatá, 1969/71)



Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > Jardim da Bafatá > Eis o autor das quadras que aqui se publicam, buscando inspiração na espuma dos dias, o José Luís Tavares, sentado, à direita, sob a estátua de João Augusto Oliveira Muzanty, um dos pacificadores da Guiné tal como Teixeira Pinto. Primeiro tenente da Marinha,  foi governador do território entre 1906 e 1909.

O monumento a Oliveira Muzanty, inaugurado em 28 de Maio de 1950, foi obra do escultor António Duarte e do arquitecto Fernando Pessoa. Encontra-se hoje parcialmente destruído (só resta a base em pedra onde assentava a estátua do nosso antepassado).

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados




Guiné > Zona Leste > Bafatá > Esq Rec Fox 2640 (1969/71) > O Manuel Mata em cima de uma Autometrelhadora Daimler.

Foto: © Manuel Mata (2006). Todos os direitos reservados


1. Manuel Mata é dos mais antigos membros da nossa Tabanca Grande. Na I Série do nosso blogue tem diversos postes publicados. Foi 1º cabo apontador de Carros de Combate M 47 (, máquina de guerra que nem sequer havia no TO da Guiné...). É do meu tempo do leste: pertenceu ao Esquadrão de Reconhecimento Fox 2640 (Bafatá, 1969/71, e era amigo (e confidente) do velho Teófilo, do Café Teófilo.

Há cinco anos atrás, ele mandou-nos algumas quadras que foram agrupadas, com maior ou menor propriedade sob a designação de Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá. Foi a minha maneira de fazer uma pequena homenagem aos nossos camaradas da arma de cavalaria que penaram lá para os lados de Bafatá, Nova Lamego, Piche, Buruntuma... Também iam a Bambadinca, mas menos vezes. Bambadinca tinha o seu Pel Rec Daimler, que fazia o que podia (e podia pouco) para, com dignidade e coragem, ir aos pontos mais críticos e difíceis (sobretudo na época das chuvas) do Sector l1, como Mansambo, Xitole, Saltinho...

Do alentejano Manuel Mata, que vive no Crato, aqui vão algumas quadras do seu amigo José Luís Tavares, "homem de transmissões, companheiro do Esquadrão e das lides de organização dos convívios anuais" (sic)... Ele fez, em 2006, questão de sublinhar que se destinavam aos "amigos que gostam de quadras com algum sentido crítico-satírico"... 


Nunca cheguei a saber, junto dele, se na Cavalaria de Bafatá se cantava o fado... marialva ou não. Presumo que sim... Mas não tenho qualquer indicação de música de fado (ou outra) para acompanhar esta letra...  As quadras, com versos de 7 sílabas, são perfeitas (depois de um retoque final),  tocam-se com música de um fado tradicional, haja uma viola, um guitarra e uma garganta afinada. Pode ser o fado corrido, que casa bem com as quadras populares. Chamei-lhe nesta revisão o Fado do Bart 2857, com uma 1ª parte, Obras em Piche... (Com a devida vénia, ao autor da letra e ao Manuel Mata, que a recolheu) (*) (LG)


2. Fado do BART 2857: Parte I: Obras em Piche (***)

Aqui em Piche é mato,
Mas manga de animação,
Tem cá uma [bela] piscina,
Foi hoje a inuguração.

F'zeram várias brincadeiras
Que meteram muita graça,
Jogaram também f'tebol
E, ao fim, entrega da taça.

Foi um jogo de grande interesse,
Como já é natural,
Mas ao fim, em vez da taça,
Deram uma cerveja Cristal.

Vou dizer-lhes o resultado.
Só para nós em comum,
Que perderam os furriéis
Por nove golos a um.

Foi um jogo bem disputado,
Ouvi eu, numa entrevista,
Que mais par'cia uma final
Com Sporting e Boavista.

Passou-se isto a vinte e oito,
Mais nada, vou terminar,
E quanto à arbitragem
Acho que foi regular.

José Luis Tavares - Radiotelegrafista
28 de Junho de 1970


[Recolha: Manuel Mata] (**)

[Revisão /fixação de texto: L.G.]

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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 9 de Dezembro de 2011 Guiné 63/74 - P9165: O nosso fad...ário (6): Fado Canção da Fome: Livrou o autor de levar uma porrada do célebre Pimbas (Manuel Moreira, CART 1746, Bissorã, Xime e Ponta do Inglês, 1967/69)


(**) Vd. I Série >
 Poste de 31 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCLXV: Cancioneiro da Cavalaria de Bafatá (Radiotelegrafista Tavares) (1): Obras em Piche

(***) Ao tempo do BART 2857 (Piche, 1968/70), que tem um blogue próprio, aqui. Pelo "slideshow" com fotos do João Maria Pereira da Costa, vê-se que era malta danada para jogar á bola...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9188: Documentos (12): Província da Guiné. Agência-Geral do Ultramar (Magalhães Ribeiro)



1. Do arquivo pessoal, do Eduardo José Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp (Ranger) da CCS do BCAÇ 4612/74, Mansoa - 1974:


Camaradas,

Para os interessados no conhecimento da documentação que circulava nos anos 70, relativa à Guiné, publica-se aqui um desdobrável da responsabilidade dos serviços técnicos da AGU (Agência-Geral do Ultramar), que penso ser oferecido pela TAP aos seus passageiros naquele tempo.

Integra alguns interessantes dados sobre o governo e administração, a economia, educação e ensino, saúde e assistência, história, geografia, fauna e flora, população, comunicações e um mapa à escala 1:1.000.000














Um abraço,
Magalhães Ribeiro
Fur Mil Op Esp (Ranger) da CCS do BCAÇ 4612/74

Documentos: © Eduardo José Magalhães Ribeiro (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:


Guiné 63/74 - P9187: Um novo Monumento aos que tombaram pela Pátria, aos que construíram uma terra (4) (José Martins)

1. Quarta parte do trabalho do nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), sugerindo razões para a construção de um Monumento aos Mortos na Guerra do Ultramar (1961/74) do então Concelho de Loures.

UM NOVO MONUMENTO AOS QUE TOMBARAM PELA PÁTRIA!

A Prestação de Honras Militares

Se o presente mais não é que a afirmação do passado e a projecção do futuro, devemos entregar a “Chama da Pátria” àqueles que, mercê da sua opção ou da sua idade, serão o nosso próprio futuro.

A representação da Pátria, através da Bandeira Nacional, deve ser atribuída ao Estandarte entregue à guarda da Liga dos Combatentes, e que ostenta as condecorações:
● Cruz de Guerra de 1ª classe,
● Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada de Valor, Lealdade e Mérito,
● Comendador da Ordem de Benemerência,
● Placa de Honra da Cruz Vermelha,
● Membro Honorário da Ordem Infante D. Henrique


A Liga dos Combatentes da Grande Guerra, que nasceu da ideia de vários combatentes, dos quais se destacam o 2º Sargento miliciano licenciado, João Jayme de Faria Afonso; o 2º Tenente de Marinha, Horácio Faria Pereira; e o Tenente de Artilharia de Campanha, reformado, Joaquim de Figueiredo Ministro, a par da congregação das vontades então já reunidas nas Juntas Patrióticas, que de norte a sul do país iam tomando forma.

“O clima político que o País atravessou durante e após a Grande Guerra não permitiu oferecer aos valorosos combatentes portugueses, que entretanto regressaram de França, o acolhimento solidário e reconhecido que o seu sacrifício justificava. Este facto levou a que muitos dos combatentes, nomeadamente os feridos, mutilados, exaustos e deprimidos, que, ignorados pelo Estado, foram em muitos casos também hostilizados pelas próprias famílias, tentando aliviar dessa forma, a já depauperada e miserável situação em que já se encontravam.”

Foi assim, com o espírito acima referido e com o objectivo de:
• Promover a exaltação do amor à Pátria e dos Símbolos Nacionais,
• Promover internacionalmente o prestigio de Portugal,
• Promover a protecção e o auxilio mútuo dos antigos combatentes,
• Desenvolver actividades culturais e educacionais em benefício do país e dos antigos combatentes.

A Liga dos Combatentes da Grande Guerra, fundada em 1921 e oficializada em 29 de Janeiro de 1924, e actualmente designada Liga dos Combatentes, que prossegue os ideais dos seus fundadores, na perenidade da Pátria Portuguesa.
A Liga dos Combatentes ostenta a divisa “PATRIOTISMO E SOLIDARIEDADE”.

Para transportar o Estandarte Nacional e fazer a sua Escolta, sugere-se a convocação de alunos das Escolas de Ensino Militar, que se destinam à formação de Oficiais das Forças Armadas e de Segurança. São esses, hoje alunos e amanhã oficiais, que vão ter, no futuro a responsabilidade de dirigir as forças militares e de segurança nas missões que hoje têm e nas que lhes serão atribuídas, em terra, mar e ar, no espaço nacional ou no exterior.


Escola Naval – Destina-se à formação de Oficiais de Marinha. Teve o seu início na Escola de Sagres, criada por D, Henrique cerca de 1417 e na Aula do Cosmógrafo-Mor, fundada em 1559 sob a orientação do matemático Pedro Nunes. Em 1782 passa a denominar-se Academia Real de Guardas Marinhas, para formar oficiais da Armada Real. A Academia Real dos Guardas Matinhas passa, em 1845, a denominar-se Escola Naval sendo transferida em 1936 para o Alfeite.
A Escola Naval tem como divisa “TALANT DE BIEN FAIRE”.


Academia Militar – Destina-se à formação de Oficiais do Exército e da Guarda Nacional Republicana. É criada em 1641 a aula de Artilharia e Esquadria, por decreto de 13 de Maio de D. João IV e em 1790 a criação da Academia Real de Fortificação de Artilharia e Desenho que veio estabelecer uma escola de base verdadeiramente científica. Em 12 de Janeiro de 1837 passou a designar por Escola do Exército, por iniciativa de Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, o Marquês de Sá da Bandeira. Teve, ainda, as seguintes designações: Escola do Exército, de 1837 a 1910; Escola de Guerra, de 1911 a 1919; Escola Militar, de 1919 a 1938; novamente Escola do Exército, de 1938 a 1959 e Academia Militar, a partir de 1959. O aluno será um, dos futuros oficiais, da Guarda Nacional Republicana.
A Academia Militar ostenta como divisa “DVLCE ET DECORVM EST PRO PATRIA MORI”.


Academia da Força Aérea – Destina-se à formação de Oficiais da Força Aérea. Tem o sei inicio em 1 de Fevereiro de 1978, com os alunos do 3º ano do Curso de Aeronáutica Militar, vindos d Academia Militar onde eram, até então, formados os oficiais da Força Aérea. No ano escolar de 1991/1992 iniciam-se os cursos de Engenharia Aeronáutica, Engenharia de Aeródromos, Engenharia Electrotécnica e Administração Aeronáutica. Nesse mesmo ano é criada a Escola Superior de Tecnologias Militares Aeronáuticas, dependente do Comando da AFA, dando início à formação dos Oficiais Técnicos do QP da FAP, ministrando cursos politécnicos.
Ostenta a divisa “E NÃO MENOS POR ARMAS QUE POR LETRAS”.


Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna – Criada em 1982 sob a designação de Escola Superior de Policia, iniciou a sua actividade lectiva em Outubro de 1984. Em Fevereiro de 1999 tomou a designação actual e destina-se a formar oficiais de polícia e, posteriormente, a promover o seu aperfeiçoamento. Tem, também a missão de colaborar e coordenar projectos de investigação e desenvolvimento na área da segurança interna.
Ostenta como divisa “VICTORIA DISCENTIUM GLORIA DOCENTIUM” (a vitória dos alunos é a glória dos professores).

O Guião da Liga dos Combatentes, representando todos os Combatentes de Portugal e, muito especialmente, todos aqueles que caíram ao serviço da Pátria em todas as parcelas que formaram o Império, e ocupando um local de destaque na formatura, será transportada por um Instruendo Aluno da Escola de Sargentos do Exército.


Escola de Sargentos do Exército – A criação desta escola remonta a 01 de Junho de 1981. Em 1926, esta unidade ostentava a designação de Batalhão de Ciclistas nº 2, passando a ser denominada de Regimento de Infantaria nº 5 em 1927, tendo servido para a formação dos mancebos do 1º ciclo do Curso de Sargentos Milicianos. Em 1975 e transformado em Centro de Instrução de Quadros de Complemento, tendo sido redenominada como Regimento de Infantaria das Caldas da Rainha, em 1975. Em 1993 pelo Dec-Lei n.º127/93 de 22 de Abril, a ESE é reorganizada e passa a ter o Estatuto de Estabelecimento Militar de Ensino Profissional com a missão de assegurar, através dos cursos nela ministrados, a preparação cultural, técnica e profissional-militar necessária ao ingresso e progressão na carreira de sargentos dos quadros permanentes. É Membro Honorário da Ordem da Liberdade, como reconhecimento do carácter eminentemente colectivo da acção realizada em “16Mar74”, sendo esta condecoração atribuída à ESE, enquanto herdeira e fiel depositária dos seus feitos e tradições, em cerimónia presidida por Sua Excelência o Presidente da República, em 24Abr94.
Ostenta como divisa “VONTADE E SABER”.

Os Estabelecimentos Militares de Ensino, apesar de dependerem do Estado-Maior do Exército, não se destinam, necessariamente, à formação de militares. Até há pouco tempo, no Corpo de Alunos destes institutos só existiam filhos de militares, quer do quadro de oficias quer do de sargentos, que, como nós, também suportaram a guerra e, quase todos em duas ou mais comissões de serviço.
Um desses rapazes, um “Pilão”, hoje já homem mais que feito e lançado na vida, falando para uma plateia, maioritariamente de antigos combatentes, “confidenciou” a angústia com que, à noite, depois do jantar e antes de recolherem para o descanso diário, como tremiam e tentavam tapar os ouvidos, quando se apercebiam que, através da instalação sonora algum dos alunos ia ser convocado para a portaria ou sala de visitas. Era quase certo que, o mensageiro, trazia uma notícia desagradável, vinda de além-mar.
É com base nestes casos, que decerto eram comuns em todos estas casas de ensino, que destinamos aos actuais alunos desses estabelecimentos, a formação da guarda de honra e prestação de honras militares durante a cerimónia.


Colégio Militar – O Colégio Militar nasceu em 3 de Março de 1803, por iniciativa do Marechal António Teixeira Rebelo, à altura com o posto de Coronel e Comandante do Regimento de Artilharia da Corte. Chamou-lhe Colégio de Educação do Regimento de Artilharia da Corte, e destinava-se à educação dos filhos dos elementos da sua guarnição e aos civis que o pretendessem, sendo os formadores elementos do próprio regimento. Em 1814 passa a ter a designação de Real Colégio Militar. Em 1910, após a implantação da república passa a designar-se por Colégio Militar. O seu Estandarte Nacional, atribuído em 1888, ostenta, entre outras, as seguintes condecorações: Grau de Cavalheiro da Ordem da Torre Espada de Valor, Lealdade e Mérito; Grã-Cruz da Ordem de Instrução Publica; Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo; Ordem de Mérito Militar dos Estados Unidos do Brasil; Ordem Militar de Sant’Iago da Espada; Medalha de Ouro de Serviços Distintos; Medalha Militar de Avis.
Tem como divisa “UM POR TODOS E TODOS POR UM”.


Instituto de Odivelas – o Instituto D. Afonso de Bragança foi criado em 14 de Janeiro de 1900, por iniciativa de alguns elementos das Forças Armadas, que pretendiam proporcionar às filhas dos Oficiais mortos em combate ou por doença, uma formação condigna, que lhes permitisse ingressar no mercado de trabalho. Desde o princípio o Instituto privilegiou os cursos de formação prática, que iam desde o Magistério Primário, aos de escrituração comercial, telefonista ou modista. Com a implantação da República passa a designar-se por Instituto da Torre e Espada e, em 1911, por Instituto de Educação e Trabalho. A reforma educativa, após a revolução de 1974, eliminou o ensino técnico-profissional. Para além dos planos oficiais de estudos, o Instituto continuou a proporcionar a oferta de um currículo próprio. Foram, também, introduzidas aulas facultativas de instrução militar no ensino secundário para permitir uma preparação para o acesso aos estabelecimentos de ensino superior militares. A actual designação, Instituto de Odivelas, é de 1942.
Ostenta como divisa “DUC IN ALTUM” (Cada vez Mais Alto).


Instituto Pupilos do Exercito – Por Decreto-Lei de 25 de Maio de 1911 e por inspiração do General António Xavier Correia Barreto, à época Coronel e Ministro da Guerra do 1º Governo da República, é criado o Instituto Profissional dos Pupilos do Exército de Terra e Mar dependente do Estado Maior do Exercito. A instituição já foi designada como Instituto Técnico Militar dos Pupilos do Exército e Instituto Militar dos Pupilos do Exército. O seu Estandarte Nacional ostenta as condecorações de Comendador da Ordem de Instrução Pública, Comendador da Ordem Militar de Cristo, Membro Honorário da Ordem Militar de Santiago da Espada, Membro Honorário da Ordem Militar de Avis, Medalha de Ouro dos Serviços Distintos e Ordem Nacional do Infante D. Henrique.
Tem como lema “QUERER É PODER”.
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 10 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9174: Um novo Monumento aos que tombaram pela Pátria, aos que construíram uma terra (3) (José Martins)