quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10993: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (8): Há festa no quartel: visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas, em abril ou maio de 1969


Foto nº 212


Foto nº 211


Foto nº 213


Foto nº 209


Foto nº 210

Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Possivelmente Maio de 1969 >  Fotos do álbum do José Carlos Lopes, ex-fur mil amanuense, com a especialidade de contabilidade e pagadoria, especialidade essa que ele nunca exerceu (na prática, foi o homem dos reabastecimentos do batalhão).

Nas fotos de baixo  (nºs 209 e 210) vê-se, acima das cabeças de um grupo de militares, em plena parada,  a célebre Cilinha, a Cecília Supico Pinto (1921-2011), histórica fundadora e líder do Movimento Nacional Feminino (MNF), em visita ao setor L1,  Bambadinca.  A Tudo indica que esta visita se tenha realizado em abril ou maio de 1969 (vd. foto nº  209, com a acácia vermelha, em flor,  do lado direito).  O aquartelamento será atacado, em força, em 28 de maio desse ano. Nessa altura, fim da época seca, a líder do MNF andava pela Guiné, tendo visitado,  por exemplo,  a CCAÇ 2402 no Olossato, a que pertenceu o nosso grã-tabanqueiro Raul Albino.

O meu camarada Lopes (, estivemos juntos em Bambadinca, de julho de 1969 a maio de 1970,) já não pode precisar em que data é que foram tiradas estes "slides". Mas lembra-se muito bem da visita da Cilinha e do conjunto musical das Forças Armadas que veio animar a malta da CCS do batalhão e subunidades adidas (Pel Rec Daimler 2046,  Pel Mort 2106, Pel Caç Nat 63 - que em maio vai para Fá, sendo rendido pelo Pel Caç Nat 53) . Será que o Jaime Machado, nosso grã-tabanqueiro e ex-comandante do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70) se lembra destas "cenas" ? E o meu camarada, igualmente contemporâneo de Bambadinca, fur mil armas pes inf Lopes, do Pel Mort 2106 ?  Será que ele se lembra da Cilinha ? (Não tenho notícias dele, nem por onde pára ?)... Recorde-se que o Pel Mort 2106 esteve em Bambadinca entre Março de 1969 e Dezembro de 1970.

Quanto ao Pel Caç Nat 63, não pergunto nada ao nosso "alfero Cabral", que é "pira", em relação a mim...

O conjunto  musical (fotos nºs 211, 212 e 213)  era formado por 5 elementos, tudo ou quase tudo cabos, havendo 1 cantor, 3 guitarras elétricas e 1 baterista (pormenor curioso: arranjou um cunhete de munições para pôr em cima da cadeira e "fazer altura"). (O nosso camarada Vitor Raposeiro, ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72, também viria  integrar este conjunto musical das Forças Armadas, tendo saído de Bambadinca ao tempo do BART 2917).

Na foto nº 213,  já tirada ao anoitecer (e, por isso, de muito fraca resolução),  vê-se uma figura feminina, de saia azul,  a falar com um dos elementos da banda. Não é provável que fosse a Cilinha. O Lopes não tem ideia de ela ter pernoitado no "resort" de Bambadinca. Falámos ao telefone, a esclarecer este ponte: o mais provável era ser uma das senhoras que viviam em Bambadinca (por ex., a esposa do tenente Pinheiro, chefe da secretaria, a esposa do dr. David Payne, alf mil médico, ou outra: julgo que o ten cor Pimentel Bastos, comandante do batalhão,  também lá tinha a esposa; as senhoras tiveram que regressar a Bissau depois do ataque de 28/5/1969).

Pela leitura do livro de Sílvia Espirito Santo (Cecília Supico Pinto: o rosto do Movimento Nacinonal Feminino. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2008), deduzo que a dirigente do MNE - uma mulher poderosa até à morte de Salazar  e que detestava o Marcelo Caetano - tenha estado na Guiné, pelo menos 4 vezes. 1964, 1966, 1969 e 1974... Da última vez, terá sido mesmo ferida por um estilhaço, em fevereiro de 1974.  Dela ela, na pág.  116: "Eu fui a quase todo o lado [da Guiné]. com excepção de Guerrilhe [, Guileje ?], Medina (sic) do Boé e Gadamaela [, Gadamael.  Não me venham dizer a mim que a Guiné estava  toda tomada, pro amor de Deus". Foi também da sua iniciativa convidar artistas na moda, como a Florbela Queirós ou o conjunto "João Paulo" para atuar,  no Ultramar, no mato (pp.143 e ss.).

Fotos: © José Carlos Lopes (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10961: Álbum fotográfico do ex- fur mil José Carlos Lopes, amanuense do conselho administrativo da CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) (7): A metralhadora pesada Browning, de calibre 12.7

Guiné 63/74 - P10992: História da CART 1742 (3): Actividade operacional e regresso (Alberto Alves / Abel Santos)



1. Conclusão da publicação do trabalho trazido até ao Blogue, em mão, pelo nosso tertuliano Abel Santos [foto à direita] (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" -, Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69).

Esta História da CART 1742 foi elaborada por Alberto Alves, um dos Panteras, em Maio de 2007, para ser distribuída pelos camaradas presentes num dos Encontros desta Unidade.



HISTÓRIA DA CART 1742 (3)

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Nota de CV:

Vd. os dois postes da série de:

21 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10980: História da CART 1742 (1): Tudo começou aqui... (Alberto Alves / Abel Santos)
e
22 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10986: História da CART 1742 (2): Actividade operacional (Alberto Alves / Abel Santos)

Guiné 63/74 - P10991: Cartas de amor e guerra (Manuel Joaquim, ex-fur mil, arm pes inf, CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67) (3): Em Bissau

1. Em mensagem do dia 13 de Janeiro de 2013, o nosso camarada  Manuel Joaquim (ex-Fur Mil de Armas Pesadas da CCAÇ 1419, BissauBissorã e Mansabá, 1965/67), enviou-nos a terceira "Carta de Amor e Guerra" para dar continuidade à sua série.


CARTAS DE AMOR E GUERRA

3. Em Bissau

[A chegada dá-se de madrugada. Dormia no camarote quando alguém me acorda dizendo que tínhamos chegado. Saio a correr para o convés e ao chegar sofro uma espécie de choque térmico. Respira-se um ar morno e carregado de humidade, uma brisa ligeira acaricia os rostos, sente-se o suor no corpo e a camisa não tarda a ficar colada ao tronco. “Onde está Bissau?” Deve ser em frente, respondem, pois ainda era noite e os únicos sinais de terra eram dados pelos intermitentes focos de luz da sinalização costeira e por uma pequena mancha luminosa no horizonte próximo.

Recordo o romper do dia, divisa-se a terra por entre uma ténue neblina e na costa percebe-se um aglomerado de casas numa linha da frente virada a nós. Era a marginal ao porto, viu-se depois. O sol não tardou a nascer. Podia ler-se na parte superior de uma dessas casas a palavra NOSOCO, se a memória me não falha.

Do que sucedeu depois não me lembro de algo que mereça ser contado a não ser dos momentos imediatamente anteriores ao desembarque. Foi nesta altura que dei pela subida a bordo de alguns militares com um graduado à frente.

Anunciaram a sua presença apregoando a troca de “pesos”, dispostos a nos ajudar a trocar as notas metropolitanas por notas guineenses, pois o dinheiro que levávamos não tinha ali curso legal. O câmbio era “ela por ela”, pelo mesmo valor facial dumas e doutras. Assim, diziam, podíamos evitar as dificuldades e a perda de tempo com a ida ao banco para fazer a troca. A léria estava tão bem ensaiada que alguns dos recém-chegados caíram na esparrela, e eu fui um deles como vi depois. Afinal, fosse legal ou não, conseguia-se fazer a troca no comércio local e era mais favorável, havendo até concorrência entre os “cambistas”. Se as palavras que então proferi contra aqueles fulanos lhes fizessem mossa tinham ficado bem amachucados. Enfim, um “belo” exemplo de camaradagem militar.

Desembarcada a minha CCaç 1419, lá fomos a caminho do quartel de Santa Luzia, o “600” como então era nomeado. A cidade pareceu-me simpática e acolhedora mas a “caravana” cruzou-se na curta viagem com um veículo militar onde era bem visível uma urna envolta na bandeira nacional. Iria com certeza a caminho do cemitério (ou dum porão do “Niassa”?). Foi o meu primeiro choque. Embora não o parecesse, tinha mesmo chegado à guerra.]



Bissau, 7 - Agosto – 65 

Pronto, cá estou. A viagem correu perfeitamente e Bissau apareceu-me airosa, muito mais bonita do que eu imaginava. O clima está bastante razoável. Menos quente do que aí, quando estive em Sta. Margarida.

Fiquei e estou instalado num quartel aqui em Bissau, estadia esta que se prolongará durante uns tempos. Bom ambiente, em que parece não se pensar em guerra, leva-nos a encarar isto com optimismo. (… … …).

Minha querida, acredita-me: pode acontecer algum azar mas a coisa não é tão má como se pinta. (…). Afinal isto é a vida, tão perigosa como qualquer outra. E eu vou vivendo, viverei, melhor ou pior; e daqui a uns tempos sentirei a mesma alegria e boa disposição que notei nos que vim render.
(…), por hoje limito-me a comunicar-te estas minhas primeiras impressões. Vou tentar escrever-te frequentemente. O correio para aí é feito semanalmente. (…). Enquanto estiver aqui escrever-te-ei todas as semanas, com certeza. Depois … não sei. 
(…). (…) tem calma e confiança, sim? 

 (…) muitos beijos do teu M. (…)


Foto 1. Bissau, quartel de S.ta Luzia: o “600”, vulgarmente assim chamado em 1965. 

© “Rumo a Fulacunda”, blog de Henrique Cabral 


Lisboa, 13/ VIII / 965

Meu amor, cá continuo (…), sofrendo os efeitos da distância que nos separa. Sinto uma revolta extrema por tudo o que nos impede de sermos felizes, (…). Dos momentos de intimidade, carícias trocadas, sinto saudade. (…). Fazes-me falta, muita falta, meu M. (…).

Comecei a escrever-te na hora de serviço [no Gabinete Jurídico e Contencioso da C.P.] mas não tive 
tempo de terminar, (…). 

Quando cheguei a casa encontrei o teu aerograma.

Alegra-me imenso saber que te sentes bem, que afinal a ideia que fazias disso era errada. Mas, meu M., não pintes isso a teu modo só para me tranquilizares. Peço-te sinceridade absoluta, querido. (…). Não precisas de ocultar-me seja o que for que aí se passe. Eu saberei receber calmamente as boas e as más notícias se algumas destas me estiverem reservadas. Confio plenamente que tudo há-de decorrer da melhor maneira para nós dois, (…). Tudo se vai passando, não é verdade querido? Tudo é vida e a nossa vida, por agora, é esta. Vivamo-la como ela se nos apresenta.

Então a tua permanência em Bissau vai prolongar-se por muito tempo? Vi imensos postais vindos da Guiné e achei que deve ser interessante conhecê-la. Conhecer os hábitos, as crenças das várias raças [etnias] aí existentes, penetrar no seu mundo (…). 

Hás-de ver tudo isso para depois me contares, está bem? (…).

Beijo-te e abraço-te, (…). Tua N. 

P.S. O aerograma vinha quase aberto!

Foto 2. 
© Manuel Joaquim 

[“Tem fé … hás-de voltar”: lembro-me perfeitamente da minha reação quando recebi esta foto. Do seu ar “kitsch” não gostei nada mas absorvi, emocionado, as intenções do gesto e a força do amor, do carinho e da devoção que sentia ressaltar da composição fotográfica.]

Foto 3. Bissau. Em Sta Luzia, a primeira foto, o encontro com o “chão” da Guiné, um prenúncio da futura ligação afetiva que “só a morte cortará”

© Manuel Joaquim 


Bissau, Agosto-14/65

A chuva continua a cair ininterruptamente e o clima ameno, mesmo fresco, que se faz sentir leva-me por vezes a esquecer que estou em África, numa zona tropical. 

Ainda mal acostumado a esta vida de sobressalto ao mesmo tempo que estou instalado numa zona onde a calma é perfeita, muitas vezes até me esqueço que estou aqui, tendo a impressão que tu e os meus familiares estão perto e que basta eu sair do quartel para ir ter com vocês. Infelizmente isto é uma simples impressão. A realidade é bem dura. (…).

Olho com frieza o perigo, talvez com a mesma frieza com que ele me espreita. (…). Tudo isto é tão complexo que uma picante curiosidade nos envolve. (…). 
(…) tive de interromper a escrita para atender um soldado (…). 
(…) veio oferecer uma garrafa de aguardente para eu passar a noite. [em serviço de Sargento de Dia] (…) um dos momentos belos que hoje me aconteceram. Até agora o segundo momento de satisfação.

O primeiro foi provocado por um nativo que, com um belo sorriso e um olhar brilhante de alegria, me veio dizer um “obrigado a bó” (obrigado a ti) por o ter deixado ir a casa dispensando-o do serviço.

O perigo junta os homens, aclara os sentimentos. Por isso estou convencido de que, em combate, passarei os mais belos momentos de dedicação, fraternidade, camaradagem e sacrifício da minha vida.~

Com tudo isto não quero dizer que prefiro estar aqui, que estou a gostar de estar aqui. (…). Não mudei. Tudo isto é contrário aos princípios políticos e sociais que me regem. (…).

O bom seria não ter vindo mas agora que cá estou nada mais tenho a fazer do que tentar tirar o melhor partido de (…) no meio de toda esta barafunda de incompreensões, de interesses mesquinhos, de sacrifícios baldados. (…).

O Amor que te dedico não esmorecerá com a separação. Ambos temos capacidade comunicativa suficiente para aguentarmos esta ausência. (…). Deixemos com paciência correr o tempo, (…), veremos chegar a hora memorável e feliz em que me verei livre de tudo isto (…) a hora em que a nossa união se solidificará (…). (…) nossa união, (…) personificação de duas almas que querem viver a vida, senti-la, comunicá-la (…).

Espero que tudo corra bem por aí. Não sei porquê mas de casa ainda não tive notícias. É com certeza sornice da parte de meu Pai. Se encontrares a minha Mãe, anima-a, esquece-te de que eu estou aqui e fá-la esquecer também. Quero encontrá-la quando regressar. Se isto não acontecesse muita coisa se modificaria na minha vida.(…). 

(…) muitos beijos do teu M.(…)

Bissau em foto-postal. Imagens da década de 1960. 
© Ed. Cômer-Lisboa
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 16 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10948: Cartas de amor e guerra (Manuel Joaquim, ex-fur mil, arm pes inf, CCAÇ 1419, Bissau, Bissorã e Mansabá, 1965/67) (2): A caminho de Bissau

Guiné 63/74 - P10990: Efemérides (116): 50 anos anos da guerra colonial no CTIG ? 23 de janeiro de 1963, o fim do princípio ou o princípio do fim (José Martins / Carlos Silva)


Guiné > 1964 > PAIGC > Cassacá > I Congresso.do PAIGC, Quinta, 13 de Fevereiro de 1964 - Segunda, 17 de Fevereiro de 1964, Da esquerda para a direita,Abdulai Barry, Arafam Mané, Amílcar Cabral, Domingos Ramos e Lai Sek.


Fonte: (1964-1964), "Abdulai Barry, Arafam Mané, Amílcar Cabral, Domingos Ramos e Lai Sek durante o I Congresso.do PAIGC, em Cassacá", CasaComum.org, Fundação Mário Soares, Disponível HTTP: http://www.casacomum.org/cc/visualizador?pasta=05224.000.056 (2013-1-22)


1. Passam hoje 50 anos sobre o "início da guerra colonial" na Guiné, segundo uma certa historiografia (por ex., a do PAIGC e seus "simpatizantes"). Alguma imprensa portuguesa (Correio da Manhã, por exemplo) vai dar algum destaque à efeméride. A questão não é pacífica, nem este dossiê está fechado: a guerra (colonial) na Guiné começou, de facto, em 23/1/1963, com o ataque ao quartel de Tite, liderado pelo Arafan Mané (versão do PAIGC) ou ainda antes (1961, 1962) ? 

Em 1962, por exemplo, o exército, a  par da PIDE e da polícia administrativa,  está já envolvido em operações de repressão mais de natureza policial do que militar. Destacados dirigentes da guerrilha, ainda em organização, são aprisionados ou abatidos em 1962. [ Por exemplo, Vitorino Costa, irmão de Manuel Saturnino da Costa  é morto, numa emboscada em 1962, antes do início oficial da guerra, por um grupo da CCAÇ 153, comandado pelo Cap Inf José Curto, na região de Darsalame; Vitorino e Manuel Saturnino são dois dos históricos militantes enviados para a China para receber treino político-militar, juntamente com João Bernardo Vieira (Nino), Francisco Mendes, Constantino Teixeira, Pedro Ramos, Domingos Ramos, Rui Djassi, Osvaldo Vieira  e Hilário Gomes, tendo sido recebidos pelo "grande timoneiro", Mao Zedong, em 1961]

Enfim, já demos para este "peditório". O nosso camarada Carlos Silva sobre esta questão (o ataque a Tite, descrito pelo seu amigo Gabriel Moura,) já deu, aqui, em tempos um valiosíssimo contributo (*). Não temos entretanto  dados novos. Não fazemos de investigação de arquivo, não somos historiógrafos, publicamos de preferência os materiais que nos chegam às mãos, inéditos, da autoria dos nossos camaradas, ex-combatentes da Guiné. Isso não nos impediu de pedir ao José Martins, nosso colaborador permanente, bem como ao Carlos Silva, um pequeno apontamento sobre esta data. Aqui vão duas pequenas notas.

2. Mensagem de José Martins [ foto à esquerda]: 

23 de Janeiro de 1963: o Fim do Principio ou o Principio do Fim

50 anos depois... O ataque ao aquartelamento de Tite é considerado quer pelo PAIGC quer pela Comissão de Estudos das Campanhas de África 1961-1974, como o inicio da “guerra na Guiné”, pelo que esta data marcará, na nossa opinião, o “Principio do Fim”, dado que a partir dela as acções, de parte a parte, só vieram a terminar após o 25 de Abril de 1974.

Ainda apareceram “teses” de que o inicio das confrontações se reportavam a 3 de Agosto de 1959, o massacre de Pidjiguiti, ou ao ataque ao aquartelamento de São Domingos, na noite de 20 para 21 de Julho de 1961.

À época a localidade de Tite estava guarnecida com o Batalhão de Caçadores nº 237, apenas com comando reduzido, pelo Pelotão de Morteiro nº 19, pelo Destacamento de Manutenção de Material nº 245 e, provavelmente, um pelotão da Companhia de Caçadores nº 275.

No cinquentenário deste combate, lembremos três homens que ficarão ligados a este acontecimento: (i) Arafan Mané (,comandante do PAIGC, vd. foto acima); e os militares portugueses (ii) Gabriel Moura, e (iii) Veríssimo Godinho Ramos.

Arafan Mané (nome de guerra, "Ndajamba"), militante do PAIGC, destacado Combatente da Liberdade da Pátria, é considerado o “responsável” pelo inicio das hostilidades na Guiné, ao ter disparado a primeira rajada de metralhadora e comandado a ofensiva.  Teria na altura menos de 20 anos. Veio a falecer em 2004, em Espanha, de doença prolongada, com o posto de coronel.



Guiné > Região de Quinara > Setor de Tite >  1961/63 >  Gabriel Moura, do pel Mort 19, junto a um cavalo de frisa.

Foto: ©  Gabriel Moura / Carlos Silva (2008). Todos os direitos reservados.


Gabriel Moura, natural de Gondomar (tal como o Carlos Silva, seu amigo, ) foi mobilizado pelo Regimento de Infantaria nº 6, do Porto, para o Pelotão de Morteiros nº 19. Foi o primeiro militar português, quando se encontrava de guarda ao aquartemanento, a responder ao fogo da força que atacou as instalações de Tite. Na reacção ao fogo de que foi alvo, consumiu todas as munições de que dispunha, provavelmente três carragadores, assim como utilizou as duas granadas que lhe estavam distribuídas para o serviço. Faleceu em 2004,  dois anos após ter editado as suas impressões sobre o acontecimento, e por coincidência no mesmo ano da morte de Arafan Mané.

Veríssimo Godinho Ramos [na foto, à esquerda, é o do meio], Soldado Condutor Auto Rodas nº 834/59, da Batalhão de Caçadores nº 237, mobilizado no Regimento de Infantaria nº 6, no Porto,  era solteiro, Filho de Joaquim Ramos e Ricardina Joaquim Godinho. Natural da freguesia de Vale de Cavalos, concelho de Chamusca, faleceu no dia 23 de Janeiro de 1963 durante o ataque a Tite, vitima de ferimentos em combate. Foi inumado no Cemitério de Vale de Cavalos. Há ainda dúvidas dúvida se a causa dos ferimentos foram ou não de “fogo amigo”, dada a surpresa do ataque e a forma da reação das NT.

Por falta de mais elementos  novos sobre o acontecimento de 23 de Janeiro, "imaginei" criar um texto que se apresentasse uma visão mais global, ainda que resumidamente, do que se passou desde 1446 [, descoberta da Guiné pro Tristão da Cunha,] até Janeiro de 1963.

Quando li ou reli o texto do Moura, senti-me "muito pequeno", pelo que estava a ler. É um texto que emociona qualquer um. quer tenha ou não experiência de combate. É realista e, para mim, muito credível. Proponho que o seu nome passe a figurar, entre os "grã-tabanqueiros que da lei da morte se foram libertando". Seria uma forma de honrar a sua memória.

Pelo exposto, e pensando "com os meus botões", achei oportuno lembrar os que se tinham distinguido, para o bem ou para o mal, o facto de que se vai ao perfazer os 50 anos: Quem atacou, quem reagiu e quem tombou. Daí a sugestão de (re)leitura dos  postes do Carlos Silva/Gabriel Moura (*).

 José Marcelino Martins

19 de Janeiro de 2013 (**)

3. Mensagem do Carlos Silva [, foto à esquerda,com o António Camilo, no Saltinho, 2008]:

A brochura que o meu falecido amigo e conterrâneo [Gabriel Moura,]  escreveu com textos também do meu diário e fotos minhas, fala de algo mais.

Já li dezenas de livros e tenho mais dezenas para ler, que já não leio nem na cova e não há absolutamente nada escrito sobre o tema tão desenvolvido como o Gabriel fez.

Eu acompanhei-o pessoalmente nessa tarefa em busca de camaradas do pelotão dele quer em Lisboa quer em Porto de Mós e falámos pessoalmente com eles para ele escrever a história que tanto ansiava e praticamente nada ouvi da boca deles. Não se lembravam de nada.

Aliás, até um Ten Cor creio que do BCaç 237, do qual não existe História da Unidade, não se lembra de nada ao responder a uma pergunta sobre o tema ao AHM.

Do lado do PAIGC nada, apenas umas alusões ao início da guerra

O jornalista José Carlos Marques, do Correio da Manhã (companheiro de route no Simpósio de Guiledje) vai publicar um artigo, falou comigo ao telefone, e eu  enviei-lhe as fotos que tinha. Ele disse-me que iria publicar o artigo invocando o meu site, disse-lhe para não publicar tretas, pois já tenho visto muita coisa com a ganância de publicar (...).

Poucas testemunhas deve haver relativamente a tais factos, mas devem estar um quanto chés-chés, pois segundo  me contava o Gabriel que bem se esforçou porque tinha formação académica (, era economista,) e tem outros escritos, eles diziam que não sabiam, não se lembravam etc etc. O costume.

Zé, quanto a idade do Arafan (...), não se sabe que idade tinha, nem os do PAIGC sabem e basta ler vários (poucos) livros que se contam pelos dedos de malta do PAIGC que nada sabem, nem o Aristides Pereira, tal como ele revela nos 2 livros, apenas o Amilcar Cabral era o detentor da informação, isto afirmado por ele Aristides, irmão Luís e mais um ou outro.

Portanto, meus amigos, nada se sabe e estou curioso por ver o artigo do Zé Carlos, que admito possa acrescentar algumas lérias se encontrou alguém dessa altura do pelotão do Gabriel, o BCaç 237 [ Pel 237 + Pel Mort 19 ] mas que não vejo que tenha a desenvoltura que o Gabriel tinha e a forma como escreveu a brochura, parte em minha casa de Porto de Mós e de elementos que recolheu em minha casa e meus. Agora, só se falarem pelo que escreveu o Gabriel.

O resto para mim, são tretas, a menos que veja alguma coisa escrita com credibilidade o que não vi até agora. Como sabem, nem os nossos amigos Leopoldo Amado o Julião, historiadores, nada falam sobre o assunto apesar das suas investigações em numerosos arquivos, apenas abordam levemente a data 23-01-1963, cujo trabalho já fiz e publiquei no blogue.

Recebam um abraço amigo

Carlos Silva
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Notas do editor

(*) Vd. postes de:

11 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3294: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte I) (Carlos Silva / Gabriel Moura )

12 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3298: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte II) (Carlos Silva / Gabriel Moura)

13 de outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3308: O ataque a Tite, em 23 de Janeiro de 1963 (Parte III) (Carlos Silva / Gabriel Moura)

(**) Último poste da série > 13 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10936: Efemérides (115): Nhabijões, 13 de Janeiro de 1971, morte na picada (Luís Rodrigues Moreira)

Guiné 63/74 - P10989: Um Amanuense em terras de Kako Baldé (Abílio Magro) (2): Colocado na CSJD/QG/CTIG

1. Mensagem do nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), com data de 12 de Janeiro de 2013, com o segundo capítulo da sua série Um amanuense em terras de Kako Baldé.


Um Amanuense em terras de Kako Baldé*

2 - Colocado na CSJD/QG/CTIG

Em 02ABR73 apresento-me na CCS/QG/CTIG e sou colocado na CSJD - Chefia de Serviço de Justiça e Disciplina.

O Comandante do CTIG era, na altura, o Brigadeiro Alberto da Silva Banazol e o 2º Comandante o Coronel Tirocinado Octávio de Carvalho Galvão de Figueiredo.

A CSJD era chefiada, na altura, pelo Major do SGE Mário Lobão, mais tarde substituído pelo Ten-Coronel do SGE Manuel de Moura, se não me falha a memória. Naquele serviço eram tratados todos os processos judiciais, louvores, doenças, acidentes, feridos, mortos, etc. relativos a todo o pessoal do exército, bem como ao pessoal civil ao seu serviço.

Os processos, instruídos nas Companhias ou Batalhões, eram para ali enviados onde eram analisados e dado o respectivo encaminhamento – envio para Tribunal, proposta de atribuição de louvor e, no caso das doenças, ferimentos ou morte, se eram consideradas ou não em serviço, em campanha ou em combate.

Estas tarefas eram realizadas por Alf. Milicianos, licenciados em Direito, coadjuvados por Fur. Milicianos. Àqueles ninguém tratava por Alf. Milº, mas sim por Doutor, incluindo a Chefia.

Foi aí que conheci o Dr. Celso Cruzeiro, único Alf. Milº que participou nas reuniões do Movimento de Capitães em Bissau, antes do 25 de Abril. Advogado em Aveiro, foi quem defendeu, anos mais tarde, o Dr. Paulo Pedroso no processo da Casa Pia.

Na CSJD fiquei a prestar serviço na Secção designada eufemisticamente como de “doenças” e que tratava dos processos de doenças, acidentes, feridos e mortos em serviço, em campanha ou em combate.
Uma das principais tarefas que executava era a de verificar se os processos continham todos os documentos e procedimentos obrigatórios, antes de seguirem para o Alf. Milº que os ia apreciar – Dr. Dias.

A burocracia era mais que muita e os processos andavam para trás e para a frente enquanto, na Metrópole, os familiares aguardavam penosamente pela concessão da pensão de sangue, no caso de morte de um seu familiar militar.

Atendendo à distância temporal que nos separa dos acontecimentos, ressalvem-se possíveis lapsos de memória e, neste contexto, poderei resumir assim:
- O militar morria em combate;
- O Comandante de Companhia (julgo eu) organizava o processo que tinha de conter toda a documentação do militar desde a incorporação, relatório sucinto de como se deram os acontecimentos atestados por 2 testemunhas e certidão de óbito.
- Tudo pronto, era enviado à CSJD, muitas das vezes através de colunas de reabastecimento, quando as havia.

Na CSJD era por mim recebido, catalogado e feita a respectiva “inspecção”, isto é: se continha todos os elementos para que pudesse seguir em “frente”.

A “inspecção” constava, para além da verificação da presença de todos os documentos necessários e se estes estavam nos “conformes”, em sublinhar, a marcador, os factos mais significativos, a fim de propiciar uma apreciação mais célere ao Dr. Dias.

E é nesta fase que começo a tomar consciência do ridículo de alguma burocracia e, pior ainda, da injustiça para com aqueles que, vivendo as agruras de um interior empobrecido, perdiam um ente querido ao serviço da Pátria e tardavam em receber, ao menos, uma pequena pensão de sangue que lhes mitigasse minimamente a situação económica.

De facto, até que o processo fosse concluído, havia que efectuar diversos procedimentos que atrasavam imenso a sua conclusão e a tarefa mais frequente que realizava e que mais mal me fazia ao “fígado” era a de devolver todo o processo ao remetente “a fim de as testemunhas serem devidamente ajuramentadas”.

Isto é: o Comandante da Companhia tinha de substituir a folha onde constavam os depoimentos das testemunhas que confirmavam os factos e acrescentar “as testemunhas juraram por Deus dizer a verdade e só a verdade”.
Caso em que as testemunhas não fossem católicas, “por não serem católicas, as testemunhas juraram por sua honra dizer a verdade e só a verdade".

Enquanto isto, o processo andava de cá para lá e de lá para cá, ao sabor da disponibilidade de transporte.

“E eu a vê-los passar!”, como dizia o mecânico das Dyane.

A acrescentar a tudo isto, há a realçar o facto de eu ter ido substituir um Cabo Milº africano do recrutamento local e que tinha sido preso ou “despachado” para outro lado qualquer por “bom comportamento” e que, segundo constatei mais tarde, teria o hábito de arquivar papelada “à molhada”, pois vim a encontrar alguns processos com dezenas de boletins da JHI (Junta Hospitalar de Inspecção) referentes a outros militares e importantes para atribuição de graus incapacidade aos feridos em serviço, campanha ou combate.

Em suma, a minha “guerra” rivalizava perfeitamente com a do saudoso Raul Solnado.

(*) Para quem não sabe, Kako Baldé era o nome por que era conhecido, entre a tropa, o General Spínola. Kako – (caco) lente que o General metia no olho. Baldé – Nome muito comum na Guiné
AM

(Próximo capítulo – (3) Sargento da Guarda ao QG/CTIG)
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 16 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10950: Um Amanuense em terras de Kako Baldé (Abílio Magro) (1): A chegada

Guiné 63/74 - P10988: Diário de Iemberém (Anabela Pires, voluntária, projeto do Ecoturismo, Cantanhez, jan-mar 2012) (2): A adaptação

1. Continuação da publicação do Diário de Iemberém, da nossa grã-tabanqueira Anabela Pires, técnica superior de serviço social no Ministério da Agricultura, nascida em Moçambique, reformada, amiga dos nossos  grã-tabanqueiros JERO e Alice Carneiro... Esteve na Guiné-Bissau cerca de três meses (, de meados de janeiro a meados de abril de 2012), a trabalhar como voluntária no projeto do Ecoturismo, da AD - Acção para o Desenvolvimento, em Iemberém, Região de Tombali, Parque Nacional do Cantanhez. Chegou em Iemberém, do dia 17/1/2012. E fiquei hospedada nas instalações locais da AD, a ONGD que é dirigida pelo nosso amigo Pepito (*)


2. Diário de Iemberém, por Anabela Pires [, que escreve de acordo com a antiga ortografia]  > Parte II

 20 de Janeiro de 2012 [A adaptação]
São quase 10 horas da noite. Estou constipada. As noites e manhãs têm estado frescas, eu não trouxe um pijama de meia estação e só agora desencantei o meu xaile indiano que estava na mala que ainda não tive tempo de desmanchar. Os dias têm sido bem ocupados!

Hoje é sexta-feira, feriado na Guiné, e vêm 9 pessoas passar o fim-de-semana prolongado aqui aos bungalows. Estive até há pouco à espera deles com a Maria Pónu e a Satu mas, como se atrasaram, e me sinto adoentada, vim para casa.

A vinda destes clientes ocupou-me o dia de ontem e de hoje a acompanhar/ensinar a Mariama e a Maria Pónu a preparar os 3 bungalows que têm no conjunto 10 camas. Creio que ficaram acolhedores, com as condições existentes neste momento. Pela primeira vez colocaram uma jarra com flores em cada bungalow. As jarras foram feitas de garrafas de água de litro e meio (de plástico)! Não havia outras e aqui na tabanca também não as há à venda.

Muito há a melhorar mas a Mariama, que limpa estes alojamentos e faz as camas, pareceu-me com boa capacidade de aprendizagem e sensibilidade para este tipo de trabalho. As suas mãos alisavam os lençóis com delicadeza. Pela primeira vez limpou o chão com uma esfregona (costumam limpá-lo com um trapo molhado) e gostou. Disse-me que faz menos dores nas costas, que é mais fácil. Ainda não se atreve a falar português mas creio que compreende a maior parte do que digo.

À tarde estive com a Satu a fazer as Laranjas da Rosinda mas sem licor de whisky. Para além daqui não existir tal coisa, a Satu é muçulmana e como tal não poderia provar as laranjas se elas levassem álcool. A ideia é apresentar as laranjas de outra maneira que não seja ao natural, para variar.

A Satu cozinha muito bem mas carrega no sal! Hoje comi uns peixinhos fritos com um molho e batatas-doces fritas. Estava uma delícia, o almoço! Se não tiver cuidado, penso que em vez de emagrecer vou engordar! Ontem trabalhei com ela as ementas para este fim-de-semana. A maior dificuldade são os legumes que não existem por aqui. Com tantos afazeres acabei por não enviar uma SMS de parabéns à Fátima Real e ao Vasquinho do Celso. Não me esqueci dos aniversários mas aquilo que não fiz logo de manhã acabou por me passar!

E agora vou-me deitar pois de manhã terei de fazer, com a Satu, uma tarte de coco e banana, receita da Odile, para o almoço. Espero que não saia asneira pois nunca a fiz, não tenho balança e o coco em vez de seco é fresco! Bem, falta dizer que a Satu é a senhora que explora o restaurante que a AD construiu e que serve os turistas que cá vêm. Ah, e é minha vizinha, casada com o técnico agrícola da AD, o Abubacar Serra, responsável pelo sector de Bedanda. São aqui o meu “porto de abrigo”.

21 de Janeiro de 2012  [Os bangalós] 


[Foto à direita, créditos fotográficos: AD - Acção para o Desenvolvimento, 2008. Vd. aqui precário]

Levantei-me antes das 7 horas mas só agora, às 8 horas, começo a ver alguma coisa dentro de casa. É das coisas que mais me está a custar – a falta de luminosidade dentro das casas mesmo quando lá fora já é ou ainda é dia. Contribui para isto o facto de aqui existirem muitas árvores, enormes, entre as quais mangueiras, que fazem muitas sombras. É uma grande vantagem quando ando na rua mas dentro de casa há pouca luz. Sempre tive dificuldade em trabalhar com pouca luz e aqui tenho de lidar com isso. Ainda ontem, quando fomos limpar os bungalows quase não se via nada lá dentro. Têm umas janelinhas pequenas, para protecção do calor, mas dificilmente se vê o que está sujo. Assim é difícil fazer uma boa limpeza. Temos de pensar numa solução para isto.

Bem, tenho de me ir vestir mas queria registar que a esta hora oiço todos os dias o som do varrer dos meninos do Abubacar. Varrem as folhas que caem todos os dias em abundância no terreiro em frente às nossas casas. Estamos no Inverno, apesar de durante o dia eu transpirar. As vassouras são de pauzinhos e ainda assim, até agora, não consegui comprar uma e outra não tenho. Varrem curvados. Ainda terei de apurar se sofrem da coluna mais ou menos do que nós.

22 de Janeiro de 2012 [ Aqui há pão fresco]

[Foto à esquerda: meninos de Iemberém, 9 de dezembro de 2009; créditos fotográficos, João Graça, 2013]

Ontem à noite já não estranhei o restolhar que ouvia lá fora logo depois de apagar a luz. Há dias atrás, ouvi restolhar tanto lá fora a partir da meia-noite! Não imaginando o que pudesse ser, pensei que talvez andassem javalis por aqui à procura de comida.

De manhã levantei-me e vi o meu vizinho padeiro a trabalhar no forno do pão. Pensei que ele estava a começar o trabalho mas de repente vi que o pão já estava cozido! Então percebi que o barulho que tinha ouvido durante a noite era ele a varrer o forno do pão! Ri-me sozinha da minha ignorância e imaginação.

O meu vizinho padeiro começa a fazer pão à meia-noite e pela manhã, quando me levanto, vou à varanda buscar pão fresquinho. Só é pena ele não trabalhar todos os dias mas aqui os padeiros são amigos e têm estabelecida, entre si, uma rotação de produção. Ainda não sei quantos padeiros existem em Iemberém mas produzem rotativamente. Hoje comi pão acabadinho de fazer mas recebi visitas e logo de manhã o pão acabou. Por sorte o negócio correu bem ao meu vizinho e ele já está a fazer outra fornada, sem ainda ter dormido. Os pães são do tipo cacete e as pessoas andam com eles nas mãos como em França.


 [A visita da Cadi]

Falando nas visitas ….. a Cadi, mãe da Alicinha , foto à esquerda, maio de 2010,] , afilhada da Alice Carneiro, veio visitar-me. É tão bonita e elegante a Cadi! Como aliás muitas das mulheres guineenses. E que bem que se vestem, muitas vezes até quando andam a trabalhar mas sobretudo quando saem da sua tabanca e em dias de festa.

A Cadi já fala razoavelmente português. O seu marido [, António Baldé, fula de Contuboel, com casa em Caboxanque, futuro apicultor,]  está em Lisboa e há 2 anos que não vem cá. Ela mora em Farim de Cantanhez, uma tabanca que fica aqui a uns 10 km. É uma pena ela não viver em Iemberém, poderia ajudá-la a preparar-se para ir para Portugal ter com o seu marido. Mas o mais preocupante é que ela anda doente. Diz-me que sente calor na barriga, diz-me que é do estômago, que tem a tensão baixa mas …. não vomita, quis comer pão com queijo. Depois ouvi-a tossir e fiquei a pensar se não será algum problema pulmonar. Ela veio hoje a Iemberém, a pé, para tentar arranjar transporte para ir a Bissau ao médico.

(Continua)

[Legendas, subtítulos ou notas dentro de parênteses retos, a par das fotos, são da responsabilidade do editor]
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10978: Diário de Iemberém (Anabela Pires, voluntária, projeto do Ecoturismo, Cantanhez, jan-mar 2012) (1): A chegada


Guiné 63/74 - P10987: Parabéns a você (527): Augusto Silva Santos, ex-Fur Mil da CCAÇ 3306 (Guiné, 1971/73), Francisco Godinho (Barão do K3), ex-Fur Mil da CCAÇ 2753 (Guiné, 1970/72) e José Albino, ex-Fur Mil do Pel Mort 2117 e BAC 1 (Guiné, 1969/71)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de Guiné 63/74 - P10981: Parabéns a você (526): Rogério Freire, ex-Alf Mil Art MA da CART 1525 (Guiné, 1966/67)

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Guiné 63/74 - P10986: História da CART 1742 (2): Actividade operacional (Alberto Alves / Abel Santos)



1. Segundo poste do trabalho trazido até ao Blogue, em mão, pelo nosso tertuliano Abel Santos [foto à direita] (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" -, Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69).

Esta História da CART 1742 foi elaborada por Alberto Alves, um dos Panteras, em Maio de 2007, para ser distribuída pelos camaradas presentes num dos Encontros desta Unidade.



HISTÓRIA DA CART 1742 (2)


(Continua)
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 21 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10980: História da CART 1742 (1): Tudo começou aqui... (Alberto Alves / Abel Santos)

Guiné 63/74 - P10985: O nosso livro de visitas (159): João Correia, ex-Alf Mil da CCS/BCAÇ 4615/73 (Teixeira Pinto, 1973/74)



1. Mensagem, de 19 de Janeiro de 2013, do nosso camarada leitor, João Correia, ex-Alf Mil da CCS/BCAÇ 4615/73 que esteve em Teixeira Pinto nos anos de 1973/74:

Caro amigo: 
A propósito de um almoço convívio de antigos combatentes do BCAÇ 4615, que vai decorrer em 2 de Fevereiro em Almeirim, ao investigar na Internet encontrei este Blog e resolvi enviar uma foto da minha equipa da mecânica. 

Um abraço 
João Correia 
(Ex-Alferes miliciano)


2. Comentário de CV:

Caro camarada João Correia, muito obrigado pelo teu contacto.
Se descobriste só agora o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, também conhecido por Tabanca Grande, aconselho-te a que te inteires do seu conteúdo, em textos e fotos, e, se quiseres também colaborar
nesta feitura de memórias, adere à nossa tertúlia.

Para o efeito, manda uma foto do teu tempo de tropa e uma actual, diz-nos o teu nome, posto, especialidade, unidade em que foste integrado para a Guiné, datas de ida e regresso, locais onde estiveste operacionalmente e outros elementos que aches necessários para te conhecermos minimamente. Podes também, como jóia de entrada, contar uma pequena história.

Se quiseres publicitar melhor o vosso convívio, estamos ao teu dispor para o efeito.

Recebe um abraço do camarada
Carlos Vinhal
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 22 de Janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10983: O nosso livro de visitas (158): António Gonçalves Teixeira procura camaradas de Galomaro, do seu tempo (meados de 1969/abril de 1970), da CCS/BCAÇ 2851

Guiné 63/74 - P10984: Do Ninho D'Águia até África (46): A menina Teresa não sai de cima de mim (Tony Borié)

1. Quadragésimo sexto episódio da série "Do Ninho de D'Águia até África", de autoria do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), iniciada no Poste P10177, chegado até nós em mensagem do dia 20 de Janeiro de 2013:


DO NINHO D'ÁGUIA ATÉ ÁFRICA (46)


O Cifra já não andava envergonhado, pelo contrário, a sua reputação no aquartelamento agora é grande com respeito a masculinidade, até já vinham ter com ele amigos de alguns seus amigos meterem uma “cunha”, para esses amigos, que o Cifra não conhecia, mas diziam que eram amigos dos amigos dos seus amigos, que queriam ir com ele para a Tabanca.
Era mais ou menos como quando o Cifra era criança, e se chamava Tó d”Agar, e vivia na sua aldeia do vale do Ninho d”Águia, e alguém queria meter uma “cunha” ao senhor “Regedor” ou ao “Guarda Rios”, para fazer uma represa nas terras alagadiças do lameiro, passando por cima de todos, roubando-lhes a água, que muita falta lhes fazia às suas sementeiras, e ficando a rir-se dos outros, sem tirar a referida licença. A estes “amigos”, o Cifra ouvia-os e depois ficava a rir-se baixinho, pois as “bajudas” que o Cifra levava algumas vezes ao cinema, eram raparigas dignas, com personalidade, bons sentimentos, tinham bom coração, dedicavam-se e eram carinhosas, mas só para quem confiavam e acreditavam. Tinham olhos na cara e eram inteligentes, mas derivado ao local onde viviam, também eram um pouco selvagens, primitivas, tal como gazelas, primeiro tinham que “cheirar” o corpo e sentirem o sabor da pele, e só depois, o seu instinto, um pouco selvagem, aceitava ou não conversa e convivência, e até acreditarem, confiarem e começarem a ver os sentimentos da pessoa que com elas falavam, por dezenas e dezenas de vezes, ia uma eternidade. O seu pai o “homem grande”, não deixava ninguém aproximar-se, sem ser recomendado e verificar muito bem se é de confiança e quais as suas intenções, em outras palavras, era muito difícil o contacto com essas “bajudas”, e se esse contacto fosse forçado, era considerado crime, tanto na lei “Balanta”, como na lei de Portugal.

Depois desta introdução, dizendo que o Cifra já anda um pouco de cara levantada, vamos à continuação da história da menina Teresa, que o Cifra já tinha dado como terminada, pelo menos na Guiné, e que os antigos combatentes e não só, já devem de estar fartos de ouvir, e vão dizer, lá vem outra vez com a história da menina Teresa, que eu já não posso ouvir, e é verdade, o Cifra também não. A menina Teresa, é de mais, sufoca, e por mais voltas que dê, não sai de cima de mim. Mas vamos continuar, pois o Cifra tem que desabafar com alguém e as vítimas são vocês todos que têm pachorra para lerem estes escritos. Continuando. Finalmente foi encontrado quem executasse o objecto que a menina Teresa tinha encomendado ao Cifra, e que os amigos antigos combatentes e não só, já sabem do que se trata, mas para os que só agora estão a ler a história, era um “Falo”, ou seja um “Phallus”, ou mais propriamente um “Pénis” em madeira de ébano preta, que a menina Teresa, uma solteirona que já tinha passado dos “cinquentas”, e dizia que era para lhe dar melhor sorte na vida, queria que o Cifra lhe levasse da Guiné, pois tinha visto numa revista francesa, quando ia à cabeleireira na vila, fazer a permanente e pôr um produto, que os antigos combatentes, também já sabem de outros textos, onde ela é a protagonista, produto este, que até cheirava mal, que também vinha de França, mas lhe fazia desaparecer o bigode por uns tempos.

Ora o Cifra já tinha o objecto em seu poder e querendo, mais uma vez, tirar este peso, que é a menina Teresa, de cima de mim, manda dizer num aerograma, que mandou para a mãe Joana, para dizer à menina Teresa que já tinha arranjado, e tinha em seu poder, a sua encomenda. Pronto, logo na próxima carta da mãe Joana, lá vinha uma nota, bem visível num canto, a dizer mais ou menos isto:
- “Tó d’Agar, não calculas a minha alegria. És um bom menino, diz-lá, é grande? É jeitoso? É assim uma coisa que se veja? Por favor manda-me a fotografia”!

O Cifra não teve outra solução, pegou na máquina, tirou uma foto ao objecto mas como a máquina não tinha “flash”, que é aquele clarão de luz, para tirar fotos dentro de casa, trouxe o objecto cá para fora, onde havia sol, portanto sujeitou-se mais uma vez aos comentários impertinentes do costume, quando o viam com o objecto na mão, a ajeitá-lo, para o colocar em posição de apanhar melhor luz, e também quando o amigo Braga, que lhe revelava as fotos, de “borla”, nos Serviços Cartográficos do Exército, na capital da província, viu a foto, também lhe mandou um comentário não muito abonatório, mas vamos em frente. Mandou a foto dentro de uma carta, com um selo dos grandes, tipo losango, com a imagem de animais, que comprou nos correios da vila.

A mãe Joana, quando o senhor Ezequiel, o carteiro, que andava a fazer a distribuição das cartas de porta em porta, com uma bicicleta, que tinha uma placa que dizia, “Propriedade do Estado”, com uma bolsa de cabedal pendurada no guiador, que por sua vez, também tinha fama de “galdério”, que na linguagem do povo era andar a trás de tudo o que fosse saia, e era o marido da dona Manuela, por sinal uma das maiores coscuvilheiras da vila, que até diziam que já tinha ido ao posto da GNR, por diversas vezes, por levantar “falsos testemunhos” e algumas “más línguas”, até chegavam a dizer “que os punha”, que na linguagem também do povo, que não era uma esposa fiel ao senhor Ezequiel, pois andava metida com o senhor Jaime da Serração, pelo menos da fama não se livrava. Continuando, a mãe Joana, ao receber a carta, apalpa-a e vendo-a com algum volume, viu logo que devia ser fotografias. Pediu ao senhor Ezequiel, carteiro, que tinha fama de “galdério”, se a podia abrir e ler para saber novidades do seu querido filho, que andava a dar o corpo às balas, lá na Guiné.
Resultado, na próxima carta que o Cifra recebeu da mãe Joana, vinha lá tudo explicado mais ou menos, com o escândalo que se passou, quando o senhor Ezequiel, o carteiro “galdério”, abriu a carta com a foto do “Pénis” de madeira de ébano preta, com a legenda, "menina Teresa, veja se gosta".

E vocês antigos combatentes, e não só, agora vejam o resultado, a mãe Joana devia de pôr as mãos na cabeça dizendo que o filho era um “mal educado”, pois insultava a menina Teresa, a quem devia tantos favores, dizendo aquelas palavras, daquele modo, com fotografia e tudo, e logo assim secamente, “veja se gosta”. O senhor Ezequiel, o carteiro “galdério”, ficou logo a saber que a menina Teresa procurava um “objecto dos grandes”, com toda a certeza que contou à esposa dona Manuela, que era a maior coscuvilheira da vila, e que diziam que andava metida com o senhor Jaime da Serração, enfim, por algum tempo, a menina Teresa, que apesar de ser uma grande desenvergonhada, pelo menos ainda não andava nas bocas do povo, mas talvez com vergonha, não devia de ter vindo à vila fazer a permanente, e o seu bigode, já se devia de parecer com o do senhor Marechal Carmona, que não tem culpa nenhuma de ser para aqui chamado, mas de quem o Cifra, com todo o respeito, mostra a fotografia, só para exemplificar o bigode.
O senhor Marechal Carmona até devia de ser muito boa pessoa, pois quando morreu deu dois ou três feriados ao Cifra, que nessa altura se chamava Tó d’Agar, pois em sinal de luto, e a bem da Nação, não houve aulas na escola na vila.

Se a menina Teresa, por qualquer outra razão, continuar a ser um peso e não sair de cima do Cifra, ele tem que desabafar, e todos vocês vão ser as vítimas, mas se ela lhe der um pouco de descanso, quando o Cifra regressar a Portugal, vão saber a desenvergonhada, que afinal ela era.
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Vd. último poste da série de 19 DE JANEIRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P10963: Do Ninho D'Águia até África (45): Os meus galões (Tony Borié)

Guiné 63/74 - P10983: O nosso livro de visitas (158): António Gonçalves Teixeira procura camaradas de Galomaro, do seu tempo (meados de 1969/abril de 1970), da CCS/BCAÇ 2851

1. Mensagem de António Gonçalves Teixeira [, foto à esquerda], com data de ontem


Assunto: Contactos com antigos combatentes que estiveram em Galomaro


Por acaso ao pesquisar na Net, encontrei a página que tu tens, sobre os camaradas que passaram pelaGuiné, mais concretamente por Galomaro.

Pois,  caro camarada de armas, eu estive em Galomaro, nos meados de 69 até Abril de 70. Fazia parte da CCS do Batalhão de Caçadores 2851.

Fomos nós que o inauguramos [, o quartel de Galomaro]. Quando lá chegamos, não tínhamos luz nem água. A água era transportada por um Unimog conhecido por burro do mato [, 411,], de uma nascente, que ficava uns 600, 700 metros antes de chegarmos ao quartel, na estrada que vinha de Bafatá. 

Sobre a luz, só depois de ai estarmos é que recebemos um gerador, passados uns três a quatro meses. A cantina era de lona. As oficinas eram de cibos de palmeira, e coberta de chapas de bidons e zinco, O refeitório, era feito do mesmo material, igual ao das oficinas. 

Quando isso foi inaugurado só existiam os abrigos e o edifício do comando, que ficava à direita da porta de armas. Penso, pelas fotos que vejo, vocês já tiveram outras condiçoes. Já agora me esquecia de acrescentar, que o nosso banhoera dado debaixo de bidons , que tíhamos em cima de uns troncos de palmeira. Para fazermos as nossas necessidades era numa vala junto ao arame farpado.

Como podes verificar, eram condições "5 Estrelas". As vossas,  se calhar, pouco terão melhorado.

 P.S. - Aproveito para te dizer que sou muito, mas mesmo muito, piriquito nisto da Net. Pois só ando nisto, desde novembro. Até essa data não tinha tocado numa tecla. Mas acho a coisa interessante. Por isso, peço desculpa por alguns erros,e podes contar comigo para fazer parte da Tabanca. Junto deixo o meu contacto (...)

2. Comentário do editor:

Camarada de Galomaro, da CCS/BCAÇ 2851!... Obrigado pela tua visita. Eu também estive na zonta leste, mas no setor L1, em Bambadinca, ao tempo do BCAÇ 2852 que veio convosco para a Guiné em meados de 1968, no mesmo navio, o Uíge... A minha unidade era a independente CCAÇ 2590, mais tarde CCAÇ 12. Passámos algumas vezes por Galomaro. Fazíamos frequentes colunas logísticas para vocês e para a malta do Saltinho.

Sobre o teu batalhão, o BCAÇ 2851, temos aqui umas quinze referências. Temos malta da CCAÇ 2401, da CCAÇ 2402 e da CCAÇ 2403, inscrita na Tabanca Grande. Da tua CCS (a CCS/BCAÇ 2851, Mansabá e Galomaro, 1968/70), temos aqui dois camaradas teus, o Hernâni Acácio Figueiredo (ex-alf mil trms) e o António Pimentel (ex-alf mil pel rec inf). Vais, por certo, ficar feliz por encontrá-los. Vê se os reconheces. É possível que haja mais, mas estes dois já cá estão no nosso  blogue, há uns anos valentes. (Peço desculpa, se omito alguém). Quanto a Galomaro, temos aqui mais de 150 referências...

Bom, registo com agrado o teu pedido de entrada na Tabanca Grande. Já temos uma foto tua, atual, falta-nos uma foto antiga, tua, do tempo de Mansabá ou de Galomaro. Vê se consegues arranjar essa e outras, que tenhas no teu álbum, e queiras partilhar com os teus camaradas. Manda-nos também mais alguma informação (ou até história que tenhas para contar) da tua CCS. 

Dou-te os parabéns pelos teus progressos no uso da Net. À medida que fores praticando, vais ver como te sentes mais confiante. Fico então à espera das tuas fotos, para te poder apresentar à Tabanca Grande. Um Alfa Bravo (ABraço).

PS - Já agora, dá-nos mais elementos sobre ti:  posto, especialidade, local onde moras, etc.

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P10982: Memória dos lugares (207): Visita da Cilinha ao Olossato, ao tempo da CCAÇ 2402, em maio ou junho de 1969 (Raul Abino)


Amadora > RI 1 > 1968 > CCAÇ 2402, em formação > "De pé, da esquerda para a direita: Aspirantes Francisco [Henriques da Silva] e Raul Albino, e Capitão Vargas Cardoso".



Amadora > RI 1 > 1968 > CCAÇ 2402, em formação > "De pé e da esquerda para a direita, o primeiro sou eu, o segundo é o Francisco [Henriques da] Silva e a seguir o Medeiros Ferreira. Só falta nesta fotografia de grupo o Beja Santos, que, por qualquer razão, andava desenfiado. Também aqui falta o comandante da companhia, Capitão Vargas Cardoso" (RA).

Fotos (e legendas): © Raul Albino (2006). Todos os direitos reservados [Editadas por L.G.]


1. Mensagem,  com data de 20 do corrente, do Raul Albino, ex-alf mil da CCAÇ 2402, pertencente ao BCAÇ 2851 (Mansabá, Olossato, 1968/70), que embarcou no Uíge, em finais de Julho de 1968, juntamente com o BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70).

Assunto: Visita da Cilinha ao Olossato

Viva,  Luis Graça,

Sobre o assunto em epígrafe, falei com o coronel  na reforma Vargas Cardoso, comandante da CCaç 2402 no período 68/70, para saber se ele se lembrava duma visita ao Olossato em meados de 69. Ele confirma que sim, pelo que lhe pedi um pequeno texto sobre o acontecimento. Ele prometeu-me redigi-lo no final deste mês, porque ia ser operado à vesícula na próxima semana, o que impedia de o escrever e de tentar encontrar fotos do evento que ele julga possuir.

A visita terá acontecido entre a segunta quinzena de Maio e a primeira de Junho de 1969 (o período em que eu estive de férias), portanto já no fim da época seca.

De qualquer modo adiantou que se encontrava nessa altura no hospital de Bissau e,  quando soube que ela ia de helicóptero ao Olossato, apressou-se a pedir autorização para a acompanhar na viagem, confirmando que passaram por várias localidades antes de chegarem ao Olossato.

Tem também relatos da sua presença em Bafatá aquando da sua 2ª comissão na Guiné, onde foi Major de Operações nessa localidade [, BCAÇ 3884, 1972/74].

Aguardemos pois pelos seus relatos. Um abraço,

Raul Albino
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Nota do editor:

Último poste da série > 19 de janeiro de 2013 >  Guiné 63/74 - P10964: Memória dos lugares (206): Olossato, anos 60, no princípio era assim (2) (José Augusto Ribeiro)

Guiné 63/74 - P10981: Parabéns a você (526): Rogério Freire, ex-Alf Mil Art MA da CART 1525 (Guiné, 1966/67)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Janeiro de 2013 > Guiné 63/74 - P10976: Parabéns a você (525): João Graça, músico e médico que, nesta qualidade, já fez voluntariado na Guiné-Bissau.