segunda-feira, 21 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13422: Notas de leitura (614): “Pluralismo Político na Guiné-Bissau", coordenação de Fafali Koudawao e Peter Karibe Mendy (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 14 de Janeiro de 2014:

Queridos amigos,
A conjuntura sociopolítica da alvorada do multipartidarismo na Guiné-Bissau foi objeto de estudo científico e este livro comprova-o.
Autores conceituados pronunciam-se sobre os porquês do fracasso económico do autoritarismo do PAIGC depois da independência e quais as etapas que precederam a aceitação da democracia multipartidária; a sociedade civil, inicialmente manietada pelo Partido-Estado, não só não estilou como se desenvolveu, como recusa, à volta da poderosa tradição das mandjuandades.
Em suma, não se deverá estudar este período que precedeu as eleições de 1994 sem ler estas peças cuidadas e rigorosas de investigação.

Um abraço do
Mário


Pluralismo Político na Guiné-Bissau: 
Para a história da transição para um multipartidarismo, desde 1992 (1)

Beja Santos

“Pluralismo Político na Guiné-Bissau”, coordenação de Fafali Koudawao e Peter Karibe Mendy, INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa, Bissau, 1996 é um conjunto de quatro ensaios assinados por autores credenciados, a saber: Peter Karibe Mendy, ao tempo diretor do INEP e autor do livro Colonialismo Português em África: A tradição de Resistência na Guiné-Bissau, 1879-1959; Fafali Koudawao, doutorado em Genebra e investigador; Mamadu Jao, atualmente diretor do INEP e ao tempo coordenador do Centro de Estudos da História e Antropologia do INEP; Carlos Cardoso, doutorado em Filosofia e antigo diretor do INEP. A despeito de a generalidade das análises estar ultrapassada pela vertigem dos acontecimentos, são testemunhos irrefragáveis, da maior importância para o estudo histórico daquela conjuntura em que foram depositadas inúmeras esperanças.

A Guerra Fria fazia parte do passado, esboçava-se uma nova ordem mundial, o socialismo leninista fora repudiado, qualquer forma de atração pelo coletivismo era contestada. Entrara-se num programa de ajustamento estrutural e a democratização do sistema político, se bem que timidamente, ganhava foros de doutrina oficial, emendou-se a Constituição para abolir a referência ao PAIGC como partido-estado, houve eleições multipartidárias em junho de 1994, o PAIGC e João Bernardo Vieira foram reconduzidos no poder. Os debates políticos e académicos mudaram de natureza, voltou-se a estudar o colonialismo, o neocolonialismo e a singularidade política do PAIGC. É neste contexto que devem ser apreciados os quatro ensaios que enformam este livro.

Peter Karibe Mendy debruça-se sobre a emergência do pluralismo político, considera que na sua génese pesam a erosão institucional, a instabilidade política e as expressões internas e externas para instaurar o pluralismo político. A democracia revolucionária de Cabral, lembra Mendy, exigia descentralização, comités de aldeia, tribunais populares e nunca a concentração do poder a partir de Bissau, de onde se expandiu a burocracia, a psicose da segurança do Estado e o afastamento progressivo entre o PAIGC e as massas. Viveu-se a fase de um autoritarismo político em que o PAIGC baniu rapidamente todas as organizações ou atividades políticas que escapavam ao seu controlo, estabeleceu-se a política da unanimidade que se reforçou com autoritarismo implacável de Nino Vieira. A crise económica é produto de uma guerra de libertação que levou à destruição de importantes infraestruturas e êxodo rural, a Guiné possuía uma economia rural com um grau de desenvolvimento incipiente e a estratégia adotada depois da independência não fez grandes tentativas de romper com o passado, apesar da ênfase no desenvolvimento industrial. A estratégia de economia planificada e a crescente intervenção do Estado revelaram-se desastrosas. Como recorda o investigador, em lugar de desenvolver a agricultura, os fundos públicos foram empregues em importar produtos destinados principalmente ao consumo das áreas urbanas. Com o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980 anunciou-se que se voltava à linha de Amílcar Cabral, a modernização da agricultura. A crise económica não abrandou e em 1983 o governo teve de adotar um programa de estabilização financiado pelo FMI e pelo Banco Mundial, a que se seguiu o programa de ajustamento estrutural. Estava dado o mote para a liberalização política. E o autor observa que esse processo de democratização “tem ainda que testemunhar uma verdadeira mudança de poder, do Governo por indivíduos para os poucos relativamente privilegiados, para o Governo por indivíduos para a maioria empobrecida”.

Fafali Koudawao debruça-se sobre a sociedade civil e a transição pluralista na Guiné-Bissau. Recorda como o PAIGC, após a independência ocupou todo o espaço social, refletindo assim: “Passou-se de um regime colonial para um regime de Partido-Estado, extremamente centralizador e repressivo, que aspirava controlar todos os aspetos da vida nacional, não só política e económica, mas também e sobretudo social. A concretização do novo projeto foi procurada através de uma estratégia de omnipresença quer do Estado quer de organizações de massas vocacionadas para representar, canalizar e remodelar as aspirações do povo”. Tratou-se de um enquadramento que procurou impor-se à sociedade que colaborara com o antigo colonizador, tornou indiscutível o Estado binacional (Guiné-Cabo Verde) e quis garantir a segurança nacional contra quaisquer opositores à lógica do Estado. Mas importantes franjas sociais passaram ao lado desta lógica, caso dos grupos de mandjuandade, que constituíram refúgio para a população que procurava manter um espaço de atuação autónoma.

A ideia do partido de Estado esfarelou-se com processo de democratização, mas as reações de contestação já vinham de longe e tornaram-se mais imperiosas com a liberalização económica, a partir de 1986. As ONG cresceram em número exponencial: eram 20 nos anos de 1970, 50 nos anos de 1980 e mais de 70 em 1976. Emergiu o sindicalismo independente que alterou em profundidade a estratégia da UNTG. Multiplicaram-se as associações socioprofissionais, as associações provinciais, regionais e até de aldeias. Houve ONG que se mostraram ativas no período eleitoral, caso da Liga Guineense dos Direitos Humanos, outras mostraram neutralidade sem perda de atenção, caso dos sindicatos e houve um grupo de organizações que adotou um baixo perfil ao longo de período eleitoral, caso da Associação de Jornalistas da Guiné-Bissau. Assistiu-se ao desenvolvimento e a uma complexidade crescente do xadrez de interesses públicos, e o autor observa que é uma questão importante a evolução em curso na rede das mandjuandades, as quais se tem vindo a transformar progressivamente num substituto das antigas organizações de massas, agora em declínio, e escreve: “Na sequência da liberalização política e da implosão das organizações de massas, o potencial ainda inexplorado das mandjuandades tornou-se um evidente objeto de cobiça para os partidos políticos. A nova estratégia para a sua recuperação manifestou-se com a criação da Associação de Mandjuandades do Setor Autónomo de Bissau, em outubro de 1993 (a iniciativa tinha por detrás Isabel Romano Vieira, mulher de Nino). Dado o comportamento anterior das mandjuandades como uma forma endógena, informal e adaptada de expressão da sociedade civil, a evolução a médio prazo da sua rede é uma das tendências mais interessantes de observar”. Mas foi clara a posição de distanciamento de muitos grupos da sociedade civil durante as eleições. Fafali Koudawao enuncia uma pertinente leitura das atividades das ONG, com realce para aquelas que se dedicam ao desenvolvimento económico, à defesa de direitos e à promoção da opinião e da proteção da natureza, procura encontrar justificação para o novo impulso sentido no sindicalismo depois da democratização e quais as suas manifestações reivindicativas. Ao tempo, o investigador considerava como altamente provável a consolidação deste processo de enraizamento da sociedade civil. Como se sabe, as coisas não se vieram a passar assim.

(Continua)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 18 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13411: Notas de leitura (613): “Wellington, Spínola e Petraeus, o Comando Holístico da Guerra”, por Nuno Lemos Pires (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P13421: Fotos à procura... de uma legenda (30): O aquartelamento da Academia Militar na Amadora, 1963: um regresso ao passado (Tony Levezinho, ex-fur mil at inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71; régulo da Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal)



Oeiras, Amadora > Academia Militar > Aquartelamento da Amadora > 1963  >  A Academia Militar toma esta designação em 1959, e tem o seu antecedente histórico na Escola do Exército, fundada em 12 de Janeiro de 1837 pelo Marquês de Sá da Bandeira. A sua sede é no Paço da Raínha ou Palácio da Bemposta, na Rua Gomes Freire, em Lisboa,. com um polo nma Amadora, desde 1959.

Por sua vez, o município da Amadora foi criado em 11 de setembro de 1977, por secessão das freguesias da Amadora e da Venteira, do nordeste do concelho de Oeiras. Entre os seus símbolos, contam-se o Aqueduto das Águas Livres, bem como os campos de aviação que tiveram tanta importância na emergência da aviação em Portugal, sendo que ainda hoje o Estado-Maior da Força Aérea Portuguesa se situa no concelho, na freguesia de Alfragide. Na foto acima, veem-se os primeiros prédios da Reboleira, mais tarde freguesia, hoje extinta com a divisão municipal de 2013. Vuzinhos da Academia Militar foram, durante muitos anos, a Isabel e o Tony Levezinho a quem lancei há dias o desfasio  para comentar esta  foto do Virgínio Briote: "Junto te envio a tal foto da Academia Militar em 1963... Escreve uma legenda, .revisitando a tua infância e adolescência"...(LG)

Foto: © Virgínio Briote (2014). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: LG]


1. Texto de António Levezinho a quem o nosso editor L.G. pediu uma legenda para a foto acima reproduzida: 


A Propósito da Foto da Academia Militar datada de 1963
por Tony Levezinho 

[, foto à esquerda, em Bambnadinca, 1969, tendo à sua esquerda o Humberto Reis e o Luís Graça, os três fur mil da CCAÇ 2590/CCAÇ 12, 1969/71]

Com os meus 7 anos de idade fui para a Amadora e morávamos mesmo no "coração" da vila (então freguesia do concelho de de Oeiras),  junto à estação da C.P., e poder-se-á dizer que as instalações da Academia Militar ficavam bem já fora do centro, aliás, foi naquele espaço que a Aviação Portuguesa iniciou o seu caminho.

Em miúdo, corria a segunda metade da década de 50, de quando em vez, eu e os outros companheiros de então, por exemplo o António José Pereira da Costa (o Tozé) lá arriscavamos um tabefe dos pais por nos pirarmos para os campos circundantes da Academia, naquela altura, ainda searas de trigo.

Começava então a nascer o bairro da Reboleira - a Cidade Jardim (pois...pois J. Pimenta! - lembram-se do slogan publicitário?)  e a foto em apreço já testemunhava o aparecimento dos prédios anormalmente altos  para a época, mas, ainda assim, implantados numa zona reletivamente distante da área militar da Académica.

Casei em 1970, no intervalo da comissão na Guiné,  e quando regressei, a Isabel tinha, entretanto, alugado um 1º andar de um prédio de apenas 3 pisos, esse sim, bem em frente à porta de armas da Academia, a uma distância desta de não mais do que 80 metros, o qual iria ser o nosso ponto de partida para a vida, a dois e, não muito depois a três e, logo a  seguir, a quatro.

Ali, na verdade, construÍ família e disfrutei da felicidade de muitos serões com os melhores amigos, ao longo de uns bons 35 anos.

O Humberto Reis, o José Carlos Mendes Ferreira (o saudoso Zé Carlos) e também o Luis Graça, contam-se entre os camaradas de armas que me deram o prazer da sua companhia, naquele local que foi a minha habitação.

Embora nascido em Lisboa e agora  residente, quase permanente, em Sagres, a verdade é que a parte mais significativa, em termos familiares e de amizades, da minha vida, foi partilhada em regime de boa vizinhança com a Academia Militar da qual recordo ainda os toques de clarim, sobretudo, os  matinais de alvorada e os da 1ª refeição .

 _______________

Nota do editor:

Último poste da série > 27 de junho de 2014 > Guiné 63/74 - P13337: Fotos à procura... de uma legenda (29): O menino... soldado de Madina do Boé, a G3 e a Kalash... (Manuel Coelho, ex-fur mil trms, CCAÇ 1589 / BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68)


domingo, 20 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13420: (In)citações (68): Lançados no mundo sem motivo nem explicação, estamos sós no cumprimento desta missão difícil de levarmos a nossa vida a um final digno (Francisco Baptista)

1. Texto do nosso camarada Francisco Baptista, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2616/BCAÇ 2892 (Buba, 1970/71) e CART 2732 (Mansabá, 1971/72), enviado em mensagem com data de 15 de Julho de 2014:

Na década de 60 éramos uma juventude antiquada como os pais, como os mestres e os governantes que tínhamos. A revolução das ideias, dos costumes, sexual, musical, desfraldava bandeiras empunhadas por uma juventude insatisfeita e eufórica da Europa desenvolvida, mas embatia nos Pirinéus que dificultava a sua entrada na Península Ibérica de Franco e Salazar.

Somente algumas camadas de jovens urbanos e universitários conseguiam decifrar algum do significado dos novos tempos que se anunciavam. Maio de 68, tumultos, greves, a revolução nas escolas e na rua, a adesão dos sindicatos quase o caos na França, com De Gaulle, esse herói e patriota da 2.ª Grande Guerra, amedrontado a convocar as Forças Armadas para suster essa revolta que os velhos do regime não entendiam pois toda essa juventude, filha da sociedade de consumo tinha atingido o melhor nível de bem-estar da terra de todos os tempos.

Juventude que reclama outra ordem de prioridades e valores que as suas necessidades espirituais exigem. Ter tudo, falando de bens materiais cria no homem uma insatisfação maior do que não ter nada, ter tudo é o fim dos desejos. Os ideais não se compram nem se vendem, são um estado de espírito que não é transacionável, estão para lá da sociedade de consumo A sociedade capitalista nada oferece a não ser bens consumíveis e descartáveis, a juventude quer ideais que a galvanizem e por vezes à falta de melhor foi copiá-los ao leste ou ao oriente.

Nesse tempo a juventude portuguesa no geral pobre e pouco instruída, habituada a ler e estudar pelos livros que o regime aprovava era conduzida para três guerras longe de casa, que não compreendia muito bem, mas que estava de acordo com os manuais de história que tinha lido. Em levas sucessivas embarcavam no cais de Alcântara como guerreiros, em defesa do Império Português, o último baluarte da cristandade e dos valores da civilização ocidental. No cais uma multidão de familiares e amigos, chorosos mas conformados que acenavam lenços num último adeus e que a televisão única transmitia como sinal de dor e de patriotismo das nossas gentes.
No Uíge, no Príncipe Perfeito ou outros, seguiam viagem a sulcar o Atlântico somente ou também o Índico, em navios superlotados e com muitos soldados no porão em condições miseráveis para quem ia defender uma causa tão nobre. Foi a segunda cruzada dos pobres, agora liderada não por Pedro o Eremita, mas por Salazar que não a comandou, pois nunca conheceu África. Mal alimentados, mal treinados, mal armados mas com a cruz ao peito e com a fé inabalável éramos os novos cruzados prontos a dar a vida pela reconquista de Jerusalém. Alguém que sempre nos quis humildes, miseráveis e tementes a Deus, exigiu-nos também no final da sua vida o sacrifício supremo da nossa.

Os ingleses na Índia, os franceses na Argélia, os russos no Afeganistão, os americanos no Vietname, grandes potências mundiais, nada comparáveis connosco em poder económico e militar, perderam essas lutas militares e políticas. Nós para infelicidade de muitos compatriotas nossos: militares que por lá ficaram mortos ou mutilados e civis que por acreditarem na propaganda do regime alimentaram esperanças de que a nossa bandeira nunca seria desfraldada nessas áfricas e depois sofreram o choque dessa descolonização abrupta, com as perdas emocionais e materiais que todos conhecemos.

Infelizmente a guerra criou desconfianças e atritos que uma descolonização mais antecipada teria evitado.

Vietnamitas feridos recebem ajuda na rua, após a explosão de uma bomba em frente à embaixada americana em Saigão, Vietname, 30 de março de 1965. (AP Photo / Horst Faas)

Foto e legenda: Com a devida vénia a Escomm Brasil

Aos que dizem que hoje os povos da Guiné, Angola e Moçambique estão com piores condições de vida, tanto alimentar, como de saúde, para falar só das essenciais, eu respondo que têm razão. Também é verdade que há falta de democracia (isso já antes era assim) e a corrupção é muito maior do que em Portugal. Porém a História tem-nos ensinado que as nações se constituem e fortalecem quando os povos que as integram, com o decorrer dos anos e a experiência acumulada aprendem a libertar-se dos corruptos e tiranos internos, depois de se terem libertado dos colonizadores externos.
Esse esforço demora anos, por vezes séculos.

Era importante que os povos soubessem guardar a memória dos males e sofrimentos passados, o que por vezes se torna difícil, ou porque não são instruídos para ter acesso à sua leitura ou porque a História foi escrita a pedido de réis e ditadores.

Depois de voltar da Guiné tive um sonho que se repetiu muitos anos: Sonhava que tinha voltado lá como combatente e eu perguntava sempre aos meus comandantes, porquê eu, se já lá tinha estado. Nunca obtive resposta e nunca consegui decifrar bem este sonho.

O meu gosto pela história e pelo estudo do passado leva-me a sonhar, que sou um velho crente da Idade Média, ou que sou um monge templário do tempo das cruzadas e do tempo das grandes catedrais góticas, Catedrais que parecem autênticas moradas de Deus, onde reina o silêncio ou onde o som do órgão e dos cânticos se difunde com tanta suavidade. Tão imponentes que subjugam pela imensidão, pela altura e pelos contornos e beleza das esculturas dos arcos, colunas e volutas.

Sonho que sou esse velho crente ou que sou esse monge regressado das cruzadas que pede a um sábio, a um filósofo, a um deus que dê resposta às minhas perguntas sobre, a vida, a morte, a paz e a guerra.

Já não há mosteiros com monges em meditação, já não há santos vivos, as catedrais hoje são monumentos vazios à espera da visita dos turistas.
A sociedade civil hoje é cada vez mais laica, a sociedade religiosa é cada vez mais farisaica.

Os filósofos modernos morreram depois de matarem os deuses. Lançados no mundo sem motivo nem explicação, estamos sós no cumprimento desta missão difícil de levarmos a nossa vida a um final digno.

Grande abraço
Francisco Baptista
____________

Nota do editor

Último poste da série de 16 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13407: (In)citações (67): A Exposição Colonial Portuguesa de 1934 versus A literatura sobre os "impérios europeus" (Mário Beja Santos / Carlos Nery / José Brás)

Guiné 63/74 - P13419: Efemérides (165): Faz hoje 44 anos que o meu soldado e camarada Aladje Silá, natural da região do Boé, pisou a fatídica mina A/P, à minha frente, à entrada da tabanca de Sinchã Molele, no subsetor de Paunca (Abílio Duarte, ex-fur mil art, CART 2479 / CART 11)




Guiné > Zona Leste > Setor L6 (Pirada) > Paunca > CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche,  Paunca, 1969/70) > Foto da secção do fur mil Abílio Duarte, com o Aladje Silá, em primeiro plano, assinalado com um círculo a vermelho. O Duarte está por detrás dele, de pé, a arma ao ombro. Recorde-se que a CART 11 / CCAÇ 11 era formada por soldados de 2ª linha, provenientes da evacuação de Madina do Boé, Cheche e Beli, ao sul do Rio Corubal. O Abílio Duarte integra a nossa Tabanca Grande desde 27/8/2010.

Foto: © Abílio Duarte (2014). Todos os direitos reservados. (Edição: L.G.)


1. Mensagem,. de 12 do corrente,  de Abílio Duarte 
[ex-fur mil art, CART 2479 (que em janeiro de  1970 deu origem à CART 11, Os Lacraus, que por sua vez em junho de 1972 passou a designar-se CCAÇ 11), Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70; bancário reformado; foto atual à diireita]


Olá, Luís,

No próximo dia 20, passa mais um ano (faz 44 anos!) do fatídico dia em que faleceu o meu companheiro de muitos dias e noites vividos nas matas do leste da Guiné.

Quero neste momento recordar o ser humano, não um mais número nas estatísticas, apesar de o seu nome estar gravado no monumento aos mortos da Guerra Colonial [, em Belém, Lisboa,]  e por isso não será esquecido.

Lidei com ele durante muitos meses, desde a recruta, até aquele desgraçado dia.

Junto remeto a folha da história da minha companhia que relata o acontecimento, e fotos dele, e dos sítios onde nasceu e faleceu.

Não quero deixar de dar a minha explicação para o que aconteceu, pois estava bastante próximo.

Quando o Pelotão se aproximou da tabanca em causa [, Sinchã Molele, a noroeste de Paunca.], era já bastante de noite, mas estava uma noite de luar, que parecia que a tabanca estava debaixo de um holofote.

Entre a mata onde estávamos instalados e a tabanca havia um campo de cultivo de mancarra, o que dificultava a entrada para a mesma, pois era a céu aberto e muito iluminada. Na altura,  o Pelotão era chefiado pelo furriel Cândido Cunha, pois julgo que o Alf Martins estava de férias. Foi decidido enviar alguém que fizesse o reconhecimento do que se passava, e para isso foi lá o guia que nos acompanhava. Ele voltou e comunicou que não havia inimigo e só pessoas feridas.

Então o pelotão preparou-se para entrar na tabanca, em fila com alguma distância entre os militares. Eu era o terceiro elemento depois do guia e do Aladje.

Quando estávamos a chegar à abertura da paliçada , cujo trilho nos conduzia, apareceu um elemento da tabanca, aos gritos e a chamar a nossa atenção.

Aproximei-me do Aladje e disse-lhe;
- Aladje,  vê lá o que o homem quer... 

 Pum!!!... Foi um momento que não consigo esquecer. O que o homem estava a tentar fazer era para nos alertar que o trilho estava minado, o que foi demasiado tarde.

Depois do estrondo, da chama e do pó que se levantou, ninguém no momento sabia o que se estava a passar, se era emboscada, morteiro, confusão.

Só quem passa por elas é que pode explicar, se é que consegue, em momentos como aqueles. E assim se perdeu uma vida. Paz à  sua alma, e que Alá o guarde.

O Aladje era natural de uma tabanca perto de Che Che [, a sudeste,  junto ao Rio Corubal, na estrada para Madina do Boé,], chamada Marià, e faleceu em Sinchã Molele.

 [...] Não te incomodo mais, e mais uma vez os meus agradecimentos pela existência do Blog.

Um Abraço
Abílio Duarte



Guiné  > Zona leste > Região de Gabu > CART 2479 / CART 11 (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70) >  Algures no mato:  O fur mil art Abílio Duarte, com soldados do seu pelotão.



O Sold Aladje Silá foi um dos mortos da CART 2479 / CART  11 que se formou, em Contuboel, na mesma altura da CCAÇ 2590 / CCAÇ 12. O seu nome figura no mural com os nomes dos mortos na guerras do ultramar, no Monumento aos Combatentes do Ultramar, no forte do Bom Sucesso, Belém, Lisboa. Morreu a 21/7/1970. Está sepultado no cemitério fula de Nova Lamego.

Fotos: © Abílio Duarte (2010). Todos os direitos reservados. (Edição:  L.G.)




CART 2479 / CART 1969/71) > História da unidade - Cap II -Pág 70



Carta da província da Guiné > 1961 > Escala 1/500 mil > Zona leste > Região do Boé >  Posição relativa da tabanca de Mária, no triânguilo, Ché Ché - Madina do Boé - Belel. O Aladje Silá era natural daqui.


Carta da província da Guiné > 1961 > Escala 1/500 mil > Zona leste > Região de Gabu > Posição relativa de Paunca, tendo a noroeste Sinchã Molele, e a nordeste Pirada (junto à fronteira com o Senegal). Foi em Sinchã Molele que morreu o Aladje Silá, em 21/7/1970, sequência de uma mina A/P accionada na noite de 20/7/1970. Ficou também ferido, mas sem gravidade, o Abílio Duarte.

Infografia: © Abílio Duarte (2014). Todos os direitos reservados. (Edição:  L.G.)
______________

Nota do editor:

Último poste da série > 14 de julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13399: Efemérides (164): O Ramadão de 1970 em Paunca (Abílio Duarte, ex-fur mil art, CART 2479 / CART 11, Os Lacraus, Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70)

sábado, 19 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13418: Convívios (615): I Encontro de Paraquedistas do Oeste, dia 6 de Setembro de 2014, no Vimeiro (Lourinhã)



I ENCONTRO DE PARAQUEDISTAS DO OESTE

6 DE SETEMBRO DE 2014 NO VIMEIRO (Lourinhã)

Os PARAQUEDISTAS, sócios da AVECO - Associação dos Veteranos Combatentes do Oeste - (Associação aberta a todos os Combatentes dos três Ramos das Forças Armadas), estão a organizar o I ENCONTRO DE PARAQUEDISTAS DO OESTE que terá lugar no próximo dia 6 de setembro de 2014 no Restaurante Braga, no Vimeiro (Lourinhã).

Este Encontro tem como objetivo juntar, num saudável convívio, todos os que tiveram a coragem de conquistar, com o seu esforço e sacrifício, o direito de usar uma BOINA VERDE e, também, o prazer de se poder lançar livremente da porta de um avião em pleno voo.

Este encontro será aberto aos familiares e amigos dos PARAQUEDISTAS.

No grupo dos nossos AMIGOS, que gostaríamos que estivessem connosco no Vimeiro, incluímos, também, todos os camaradas de Armas dos outros Ramos das Forças Armadas que, de algum modo, estiveram ao nosso lado e nos apoiaram nas inúmeras operações que os PARAQUEDISTAS realizaram em África.

Lembro os camaradas da Marinha (Fuzileiros e Marinheiros), os camaradas da Força Aérea (Pilotos e Mecânicos dos aviões e helicópteros e de outras especialidades) e os do Exército (as Companhias que nos acolheram e apoiaram em pleno mato, bem como as companhias de Comandos com quem partilhámos muitos sacrifícios em África).

Na Guiné, em Angola e Moçambique, nos momentos difíceis de apoio mútuo ou de convívio salutar, fizemos muitos e bons amigos que se prolongaram até hoje, na nossa vida. É por isso que gostaríamos, também, de os rever e de os ter connosco no Vimeiro.

O ENCONTRO terá, pelas onze horas, um momento de grande significado para todos nós que participámos na Guerra em África, quando evocarmos junto ao Monumento dos Combatentes na Lourinhã a memória dos nossos camaradas que tombaram ao serviço de Portugal. Entre eles está o Paraquedista Carlos Alberto Ferreira Martins, morto na Guiné em 15.4.1971.

Todos, serão bem-vindos. 
Jaime Silva 
(1.ª CCP – BCP 21 /1970 – 1972)
____________

Nota do editor

Último poste da série de 19 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13417: Convívios (614): Rescaldo do último Encontro da Tabanca da Linha, levado a efeito no passado dia 17 de Julho de 2014 em Cascais (José Manuel Matos Dinis / Manuel Resende)

Guiné 63/74 - P13417: Convívios (614): Rescaldo do último Encontro da Tabanca da Linha, levado a efeito no passado dia 17 de Julho de 2014 em Cascais (José Manuel Matos Dinis / Manuel Resende)

1. Texto chegado ao Blogue em mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis (ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71), com data de 18 de Julho de 2014:

O sol brilhava e transmitia quase tanto calor como aquele que nos aquecia nos matos da Guiné. O céu limpo permitia uma extensão visual, que descia da elevação verde onde está implementado Oitavos, e perdia-se no horizonte em rumos para a Madeira, Açores e Novo Mundo. Uma brisa marítima, fresca e agradável, completava um ambiente harmonioso para conviver. Convívio entre amigos. Amizades consolidadas por tantas incertezas e sacrifícios. Se fosse um cronista oficial, poderia dizer, amizades que medraram pela solidariedade patriótica.

Não vem ao caso, mas naquela época ainda não havia offshores, e a trafulhice não era à descarada. Entre nós, alguns de esquerda, onde comecei a dar atenção à política, todos sofríamos por igual, à parte uns bafejados pela cunha que lhes permitia gozarem as delícias de Bissau e arredores curtinhos. Mas a malta aguentava e alimentava a esperança de felicidades futuras. De um modo geral, e apesar das nuvens negras que se adensam sobre os nossos ares, temos vivido com alegrias, que devem sobrepor-se às tristezas, e dão-nos alento para os apetecidos encontros.

Quando lá cheguei com o Mata, viam-se viaturas no estacionamento amplo, mas do pessoal, nicles! Imaginei o pior, que se tinham antecipado numa desenfreada comezaina, e cheguei a recear pela minha parcela da ração. Acentuou-se o receio quando pus o pé no interior, e logo S.Exa. o Senhor Comandante, de rissol em punho fez avançar a proeminente pança, que isso de proeminências não é para todos, só para quem as merece. Um sorrizinho velhaco, e lá se desculpou, que só ele estava a comer, porque tinha jejuado até então. Em linguagem economicista, acho que se pode dizer, que S.Exa. o Senhor Comandante estava a rentabilizar o negócio. Logo a seguir levava outro rissol numa mão, e passeava um copinho com tinto, na outra, que ele orgulha-se de ser ambidestro. Entretanto eu ia levando uns porradões, que é uma forma simpática de cumprimento entre os veteranos. Agora que já dormi com pomadas milagrosas e as dores já amainaram, vou passar ao breve relato.

Fui conhecendo caras novas, quer de piriquitos, quer das respectivas piriquitas, todos abertos em sorrisos simpáticos e a pensarem que estavam no melhor dos mundos. À medida que se relacionavam, via-se que as conversas fluíam com à-vontade e alegria. Com um certo ar de revivalismo guineense, vieram dizer-me (seria uma queixinha?) que não havia água a bordo, o que é sempre desejável, não vá de acontecer a nau inverter-se de funções. Ainda assim, junto do gerente tomei conhecimento de uma indesejada rotura no percurso de abastecimento, que já durava havia uma hora, mas que o arroz estava garantido com água do Luso.

E tocou a reunir. Fui o último a sentar-me numa mesa quase de veteranos, onde pontificou um jovem casal principiante nestas andanças. A comedoria foi quase da qualidade da anterior, que me pareceu melhor servida. Mas o Esteva portou-se à altura, e foi secundado por um branco de Vale de Barris, em Palmela, adocicado do moscatel, que mereceu grandes encómios de alguns meninos brutos, então rendidos à frescura doce que lhes dava um certo ar... Eu cá não tenho preconceitos, sou como o Jacinto, mas vinho branco só o bebo às escondidas, ou em situações de restrição acentuada, e tem que ser seco. Para doçuras, já chegam as da minha psicóloga.

Com a aproximação das sobremesas, também estas a pedirem rectificação, pois acho preferível menos diversidade, mas melhor qualidade e mais quantidade, já se estrilhava na sala com conversas cruzadas, em correspondência com a descompressão que sucede aos combates. O António Graça de Abreu,  muito atencioso, ia espalhando a sua mensagem, pela amostra de dois dos seus títulos livrescos, e ameaçava que lá para Setembro não sabe se voltará, se vai até à China. Pois se for, que faça boa viagem, e no regresso que traga mais versículos dos eróticos poetas de olhos em bico (se vier a provar-se esse ascendente sedutor sobre o elemento feminino, ainda vamos constatar a realização de plásticas entre alguns dos melhores de nós).

O balcão registava o fluxo daqueles carentes de lubrificações digestivas, e a manta de gente, alargava-se até ao exterior. Entretanto, providenciei a S.Exa. o Senhor Comandante, o incontornável prazer de receber as massas competentes, e certificar-se da boa disposição de cada um. Já no exterior, quedaram cinco "rapazes" à conversa, e como os toldos proporcionavam sombras muito agradáveis, ali nos sentámos à conversa, com o horizonte completo de um mar-chão, que aliciava para cruzeiros livres de Adamastores. O Manel Joaquim mostrava a grande capacidade para a palheta, o Rosales mano mostrava conhecer mais da Guiné que o Mata (estudou muita geografia e domina os azimutes), o Mata mostrava ser um sonhador da produção biológica (se alguém tiver um terrenozinho para horta e uma casa habitável, façam o favor de informar, que ele anda a sonhar com enxadas e outras alfaias), o Carlos Silva mostrava ares de satisfação e gozava o ambiente, e cá o escrevente mostra ser um cabeçudo, incapaz de segurar as ideias da conversa, para delas dar aqui testemunho verdadeiro.

Foto 1 - António Marques em conversa comum camarada náo identificado

Foto 2 - Mário Fitas, Gina (esposa do António Marques),   Maria Helena (esposa do Mário e outra senhora não identificada

Foto 5 - Um trio de respeito: José Rodrigues, Carlos Silva e Francisco Palma

Foto 8 - Mário Fitas, Marcelino da Mata, António Graça de Abreu e José Dinis

Foto 24 - O Comandante Jorge Rosales (à direita) em conversa com Manuel Gonçalves (ao centro) e outro camarada não identificado

Foto 25 - António F. Marques, esposa Gina, António Maria e Jorge Pinto

Foto 26 - Jorge Pinto, Luís Moreira e o casal Fátima e Manuel Gonçalves

Foto 27 -  José Rodrigues, camarada não identificado, Manuel Joaquim e Manuel Lema Santos

Foto 30 - João Martins, camarada não identificado, Marcelino da Mata e João Parreira

Foto 34 - António Graça de Abreu, Armando Pires, Carlos Silva e um camarada não identificado

Foto 36 - José de Jesus, Manuel Resende (fotógrafo oficial da Magnífica Tabanca da Linha) e José Rodrigues

Marcelino da Mata e Manuel Lema Santos conversando, "unidos" pelo amplexo do camarada não identificado

Fotos de Manuel Resende
Texto de JD
____________

Nota do editor

Último poste da série de 15 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13402: Convívios (613): IX Encontro do pessoal da CART 3521, levado a efeito no passado dia 7 de Junho de 2014 (Henrique Castro)

Guiné 63/74 - P13416: Amigos para sempre (1) : Da Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal, do Tony Levezinho, Piça e Humberto Reis, para o Luís Graça, um abraço de saudade e camaradagem




Vídeo (0 '48'') >  Vila do Bispo >  Martinhal > Julho de 2014 > Saudações por parte do ex-2º srgt inf Piça, José Martins Rosado Piça (de seu nome completo, de batismo)  ao seu ex-camarada e editor deste blogue, Luís Graça, ex-fur mil arm pes inf, CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Contuboel e Bambadinca, 1969/71).



Vila do Bispo > Sagres > Martinhal > Julho de 2014 >  Da esquerda para a direita, o Humberto Reis, o Piça, a  Isabel Leveziuho, a Leonor, a esposa do Pica, e a Joana, companheira do Humberto, minha vizinha da Lourinhã.


Vila do Bispo> Sagres > Martinhal> Julho de 2014> Três "amigos para sempre": da direita para a esquerda,, o Tony Levezinho (anfitrião), o Piça e o Humberto Reis... Brindando ao passado, ao presente e ao futuro.


Vila do Bispo> Sagres> Martinhal> Julho de 2014> A Leonor e a Joana.

Foto: © António levezinho (2014). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]


1. No passado dia 16, o Tony Levezinho mandou-me a seguinte telegráfica mensagem:
A visita dos nossos amigos: http://youtu.be/190Jz4ZZiAM

Mais tarde enviarei algumas fotos [, o que fez hoje, 19]
Só faltaste tu.
Um abraço
Tony
Enviado de Samsung Mobile

2. Comentário de L.G.:

Já lhe agradeci, pessoalmente. Gostei de os ver, aos três, mais as respetivas "caras metade", todos reunidos à volta da mesa, na nova Tabanca da Ponta de Sagres - Martinhal, onde pontifica o régulo Tony Levezinho. Não vem na lista da Boa Cama e Boa Mesa do Expresso, e ainda bem, mas é seguramente um dos sítios algarvios com  5 estrelas para a gente, os amigos, abancarem... Prometo todos os anos passar por lá, mas só consegui cumprir um ou duas vezes...

Quanto ao Piça(*), que já não vejo há anos, confesso que fiquei agradavelmente surpreendido... Conheci-o há 45 anos, tinha ele 38, se não erro... Agora, não é que o nosso amigo de Aldeias de Montoito, Évora,  está na mesma ? O tempo (e as 4 comissões em África) não passou (passaramn) por ele... 

Não é todos os dias que se junta um trio destes, de amigos que não precisam de estar juntos a toda a hora, mês e ano, para que deles se diga que são "amigos para sempre"... Obrigado Tony, Piça e Hunmberto. Obrigado Isabel, Leonor e Joana.

_____________

Nota do editor:

Guiné 63/74 - P13415: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (27): De visita, com o seu neto, ao Museu do Ar, em Sintra, o Vitor Oliveira reencontra o T6, nº 1737, no qual voou no CTIG


O Vitor Oliveira mais o seu neto Alexandre de visita ao Museu do Mar, na Granja do Marquês (Base Aérea nº 1, Sintra) (*)... O T6 era uma bombardeiro monomotor, equipado com lança-roquetes. A sua origem remontava à II Guerra Mundial.

Foto: © Vitor Oliveira  (2014). Todos os direitos reservados

1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Vitor Oliveira, ex-1º cabo, melec, BA 12, Bissalanca, 1967/68, residente em Caneças, Odivelas:

Data: 17 de Julho de 2014 às 05:16

Assunto: T6 no Museu do Ar Sintra


Ao visitar o Museu do Ar na base de Sintra com o meu neto Alexandre,  deparei com o T6 nº 1737,  no voei!

De facto,. tenho registado na minha caderneta de voo um voo em 17de Maio 1968 e outro a 7 de Janeiro 1969,   todos em Nova Lamego.

O meu neto  ficou muito curioso e lá estive a  explicar -lhe o armamento que o avião levava e tudo o resto.

Víctor [Barata],  já agora quando é que vamos á Guiné ?

Um grande abraço.

Melhores cumprimentos

Vitor Oliveira (**)
CTR, Lda.
Loteamento Industrial da Murteira, Lotes 23/24.
2135-301 Samora Correia – Portugal
Contactos:  +351 263 659 666; 7: +351 263 650 766)

__________________

Notas do editor:


(*) Museu do Ar:

Com a reorganização do Museu do Ar, foi aberto ao público um novo Museu na Base Aérea nº 1 (Sintra),  no final de Janeiro de 2010. A missão  do Museu do Ar  é a de  conservar, restaurar e expor o Património Aeronáutico Nacional. Tem presentemente 3 polos - Sintra, Alverca e Ovar. Em Sintra, conta  com o apoio da Câmara Municipal  e da ANA e acolhe os acervos da TAP e da ANA, "enriquecendo uma colecção que já contava com mais de 100 aeronaves e 9500 peças inventariadas".

A FAP e o seu Museu oferecem agora ao público uma exposição enriquecida com peças raramente vistas, recentemente restauradas e algumas novas incorporações. Fica aqui a sugestão e o convite para uma visita (com filhos e netos), ao Museu do Ar, "o único que salvaguarda a herança aeronáutica Portuguesa".

Contactos
Museu do Ar Granja do Marquês
2715-021 Pêro Pinheiro
museudoar@emfa.pt
www.emfa.pt/www/po/musar/index.php

Telefones:
Director - 219678992 | Subdirector - 219270775
 Conservador - 219678941
Secretaria/ Recepção - 219678984
FAX: 219678938

Horário:
10.00h - 17.00h
Admissão de visitantes até ás 16.30h
Encerra à 2ª feira
Preço: 3€ €

(**) Último poste da série > 14 de julho de 2014 Guiné 63/74 - P13397: Gloriosos Malucos das Máquinas Voadoras (26): O Honório que eu conheci em Angola e em Cabo Verde (Albertino da Silva, West Palm Beach, Florida, USA, antigo piloto dos TACV, em 1979/80)

Guiné 63/74 - P13414: História do BART 3873 (Bambadinca, 1972/74) (António Duarte): Parte II: Mobilizada pelo RAP 2, a unidade era composta maioritariamente por pessoal do norte (Minho e Douro) e centro (Beiras)



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > Xime > CART 3494 / BART 3873 (Xime e Mansambo, 1972/74) > O nosso histórico grã-tabanqueiro (o nº 2) é o Sousa de Castro, na foto o 2º a contar da esquerda...

Foto: © Sousa de Castro (2005). Todos os direitos reservados


Parte II > Mobilização, composição e deslocamento para o CTIG




´~



Fonte: Excertos da História da Unidade - Cap I, pp. 1-5. Sublinhados a vermelho, estão os nomes de alguns dos camaradas do BART 3873 que integram a nossa Tabanca Grande. Uma cópia digitalizada, em formato pdf, da história do BART foi-nos gentilmente posta à disposição pelo António Daurte.


Observações:  

Seria moroso, pesado e fastidioso editar e publicar as longas listas de todo o pessoal do BART 3873... São cerca de 15 páginas... Nesta relação, acima publicada,  não figuram, por exemplo,   os soldados e os 1ºs cabos, alguns dos quais honram e engrandecem, com a sua presença, a  nossa Tabanca Grande. 

Citando de memória, é o caso do nosso histórico grã-tabanqueiro Sousa de Castro, o nosso tertuliano nº 2, que tem quase 90 referências (ou marcadores) no blogue (II série), e que foi 1º º cabo radiotelegrafista, da CART 3494/BART 3873 (Xime e Mansambo, 1971/74). Tem sido um grande entusiasta do nosso blogue e tem trazido camaradas seus para se juntarem à nossa Tabanca Grande.

Estranhament não encontro o nome do Sousa de Castro na lista dos 1ºs cabos da CART 3494. Mas pdoe erros na transcrição dos nomes: é o caso do fur mil José Luís Carvalhido da Ponte que aparece, na história da unidade, com o apelido Carvalheira Ponte. Corrigi, na lista acima publicada.

Outro nome que é justo referir, porque tem estado ativo no nosso blogue, é o António Eduardo Ferreira (ex-1.º cabo condutor auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74).

Outro grã-tabanqueiro que, estranhamente, não consta da lista dos sargentos da CART 3494, é do Jorge Araújo [ex-fur mil op esp, CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/1974]. Atenção: a lista de pessoal reporta-se à data de embarque. Todos os meses havia, normalmente, nos batalhões, entradas e saídas...Ou melhor dizendo; "pessoal aumentado, transferido ou abatido"... Para além do "pessoal adido com carater eventual ou permanente"...

 Quem também, por alguns meses (de agosto a novembro de 1972), por esta companhia foi o nosso António José Pereira da Costarecorde-se que ele foi alf art na CART 1692/BART 1914,Cacine, 1968/69; e cap art cmdt das CART 3494/BART 3873, Xime e Mansambo, e CART 3567, Mansabá, 1972/74.

Também o Francisco Silva (hoje cirurgião, ortopedista, foi ele que me fez a artroplastia total da anca) não consta da lista dos alferes milicianos da CART 3492. Recorde-se que ele tamb+em esteve no Xitole, ao tempo da CART 3942 / BART 3873(1971/73), antes de ir comandar o Pel Caç Nat 51, Jumbembem, em meados de 1973,

Há mais camaradas do BART 3873 que fazem parte da nossa Tabanca Grande, nomeadamente trazidos pela mão do Sousa de Castro: por ex. o alf mil António José Serradas Pereira (entrou para a CART 3494, em  setembro de 1972). Preciso de tempo para consultar os nossos arquivos. As minhas desculpas pelas omissões. (Espero que o Sousa de Castro e o Carlos Vinhal me ajudem a identificar as omissões...).

Entretanto, em abril de 1973, a CART 3493 foi transferida para Cobumba, COP 4, deixando Mansambo. A CART 3494 trocou o Xime por Mansambo. Por sua vez, a CCAÇ 12, companhia de intervenção do CAOP 2, é transferida para o Xime, em março de 1973.

Simples curiosidade, em junho de 1973, a CART 3493 é aumentada com o alf mil cav Miguel  V. de S. Champalimaud, nome já aqui  citado no nosso blogue, pelo António Graça de Abreu, como sendo sobrinho do empresário Champalimaud.

Quanto aos médicos que passaram pelo batalhão, identifiquei os seguintes:

(i) Em junho de 1972, adido à CCS, alf mil médico Jorge Luís Caetano;

(ii) Em outubro de 1972, adido à CCS, alf mil médico José António Oliveira Miranda;

(iii) Em fevereiro de 1974, adido à CCAS, alf mil médico Adriano Paim de Lima Andrade (que veio substituir o José António Oliveira Miranda,colocado no HM 241, em Bissau).

Em princípio, o BART 3873, não tínha médicos à data do embarque.




Fonte: Excertos da História da Unidade - Cap I, pp. 18-19

________________


Nota do editor: