sábado, 26 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15161: Inquérito online: "Durante a comissão, nunca vim de férias à metrópole"... Votação (direta, "on line", no canto superior esquerdo) termina 2ª feira, 28, às 14h05

Guiné > Bissau > Bissalanca > TAP > 1964 >
Avião Super Constellation.
Foto do nosso camarada José Eduardo
Oliveira (JERO),  o primeiro à direita...
Cortesia do seu blogue JERO >
10 de dezembro de 2009 >
Lisboa-Bissau em nove horas.
A. Mensagem enviada hoje, por volta das 20h40, através do correio interno da Tabanca Grande:

Camaradas:

1. Obrigado pela vossa colaboração, inestimável, na resposta à "sondagem", ou melhor "inquérito de opinião" 'on line'... (como aqueles que qualquer jornal, por exemplo, "a bola" - faz, e cujos resultados valem o que valem...).

Ainda podem votar, quer tenham vindo ou não de férias a casa... Os resultados preliminares (n=174) transcrevem-se a seguir, em baixo.

2. Afinal,  quanto custava o bilhete de ida e volta na TAP ? 4 contos, segundo uns, 6 contos e picos, segundo outros... 

E histórias e fotos não há, desse "nosso querido mês de férias" ?... Já publicámos 4, mas há mais na forja (*)...

Um alfabravo valente do Luís Graça e demais editores


B. Sondagem: "Durante a comissão, nunca vim de férias à metrópole" 

Resultados provisórios (em 26/9/2015, às 20h30)

1. Vim uma vez > 54 (31%)


2. Vim duas vezes > 69 (39%)


3. Vim três vezes > 7 (4%)

4. Fiz férias em Bissau > 7 (4%)

5. Fiz férias nos Bijagós > 1 (0%)

6. Fiz férias no interior > 1 (0%)

7. Nunca tive férias > 35 (20%)

Votos apurados: 174 

Guiné 63/74 - P15160: O nosso querido mês de férias (4): Vim duas vezes à metrópole: na 2ª vez, beneficiei de mais 5 dias de licença, por ter tido um louvor em combate... (E, mais tarde, beneficiei da isenção do pagamento de propinas dos meus filhos quando entraram na universidade) [José Augusto Miranda Ribeiro, ex-fur mil da CART 566 (Cabo Verde, Ilha do Sal, 1963/64, e Guiné, Olossato, 1964/65)]

1. Mensagem de José Augusto Miranda Ribeiro [, ex-fur mil da CART 566, Cabo Verde (Ilha do Sal, Outubro de 1963 a Julho de 1964) e Guiné (Olossato, Julho de 1964 a Outubro de 1965)]:

Data: 21 de setembro de 2015 às 23:51
Assunto: Sondagem: férias na metrópole


Vim de férias à "Metrópole" duas vezes.

1ª vez: 

Tinha autorização pelo CTI de Cabo Verde para passar férias em Portugal. 

Estive em Cabo Verde em 1963/64. Chegado à Guiné fui informado que essa autorização não era válida para a Guiné. Aceitei. 

Dias depois veio ter comigo o ex-alferes Vitor (mais tarde falecido como capitão) que estava na mesma situação, a informar-me que podíamos ir de férias, porque a dita autorização do CTI de Cabo Verde, continuava a ser válida mesmo na Guiné. 

Nesse dia, durante a manhã, como ainda estava em Bissau, preste a partir para o mato (interior), marquei uma chamada telefónica para minha casa em Coimbra. A minha namorada foi dormir em minha casa à espera da minha chamada telefónica. Como tudo se alterou com a informação do ex-alferes Vitor, fui aos correios anular a referida chamada. 

Tratámos de tudo muito rapidamente e lá partimos. Tivemos uma paragem em Cabo Verde, Ilha do Sal, de onde tínhamos partido alguns dias antes. Quando desci, aquelas enormes escadas, estava a hospedeira de terra, minha conhecida, muito íntima, que todos tratavam por "chuvinha". É curioso que na Ilha do Sal não chovia. Era raro chover. Então porque lhe chamavam "chuvinha"? Porque ela era tão magra,  tão magra,  que se chovesse não se molhava, conseguia passar por entre as gotas da chuva. 

Cheguei a minha casa eram cerca das 5 da manhã. Todos ficaram surpreendidos,  em especial a minha namorada, hoje minha mulher. 

O "Caravela" da TAP (Sud Aviation Caravelle VIR,  aeroporto de LondresHeathrow, 1966).  Fonte: Cortesia de Wikipedia
Quando regressei, encontrei no aeroporto de Lisboa dois cabos de transmissões, que tinham ido ver a
família, porque eram casados. A partida de Lisboa foi muito difícil. Entrámos no avião Caravela de 4 hélices. Tivemos de sair do avião muitas vezes porque o avião não estava em condições de voar. Isto entre a meia-noite e as 6 horas da manhã. 

Por fim lá partimos. Cerca de uma hora de viagem, mais ou menos sobre as Canárias, vem uma hospedeira mandar apertar os cintos. O avião dava salto que nós quase que batíamos com a cabeça no tejadilho. Foi uma tempestade, informou no fim o comandante, e aquela turbulência era provocada pela baixa altitude a que tivemos de voar. Acordei os meus conhecidos companheiros de companhia, que não apertaram os cintos e disseram-me: "Ó meu furriel, se nós não morrermos aqui, vamos morrer na Guiné com um tiro nos cornos" e lá se viraram para o outro lado e continuaram a dormir.

2ª vez.

Aproveitei mais umas férias em Portugal, e desta vez, porque tive um louvor em combate tive direito a mais 5 dias, portanto foram 35 dias de férias. 

Os louvores não têm valor nenhum, mas neste caso até deu jeito e mais tarde, os meus filhos foram dispensados do pagamento de propinas, no ensino superior porque eu tive um louvor em combate. Esta lei já vem da 1ª Guerra Mundial. Quem me informou foi o meu antigo comandante de companhia. Eu apresentei cópias de documentos e fui isento de pagar as propinas dos filhos. 

Depois regressei e dias depois estávamos em Morés, a operação que a nossa companhia, a CART 566, se honra ter realizado.

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P15159: O nosso querido mês de férias (3): 10 de março de 1970: eu a partir e o ministro do ultramar, Silva Cunha, a chegar, no mesmo Boeing 707, da TAP ( Manuel Resende, ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)


Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 > Saída dos passageiros

Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 > Aguardando a chegada do 707 da TAP, com o ministro do Ultramar, Silva Cunha



Guiné > Bissau > Bissalanca > Aeroporto > 10 de março de 1970 >  Sessão de cumprimentos. [Joaquim Silva Cunha foi ministro do ultramar, de 1963 a 1973; a visita à Guiné nessa altura foi de 10 a 19 de março de 1970].



1. Texto do Manuel Resende, ex-alf mil da CCaç 2585 / BCaç 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)


Estive em Jolmete desde maio de 1969 até março de 1971. Fui de férias, uma vez,  à metrópole, no período de 10 de março a 10 de abril de 1970 [, e não em julho de 1970, como escrevi por lapso no poste P5246 (*)].

Quando fui de férias embarquei no mesmo 707 da TAP que tinha trazido Silva Cunha à Guiné, daí as fotos que tirei no aeroporto [, vd acima].

No aeroporto de Bissalanca havia grande agitação. Esperava-se a chegada do avião da TAP com o senhor ministro do ultramar, e não dos deputados da metrópole que vinham visitar a Guiné, e que depois irão morrer num acidente de helicóptero (. A minha confusão deveu-se aos 40 anos de esquecimento quase total das coisas da Guiné, só quando descobri o nosso blogue é que me comecei a entusiasmar.)

Tirei algumas fotos no aeroporto,  mas como a minha meta  era embarcar (**), não liguei muito a essa visita. Era um dia de semana, 3ª feira, o 10 de março de 1970.

Silva Cunha irá depois visitar Jolmete no dia 16 de março, 2ª feira. Silva Cunha dirigiu-se ao CAOP em Teixeira Pinto, e de lá foi a eventualmente ao Pelundo, sede do meu Batalhão. A comitiva foi depois a  Jolmete em três helicópteros.

Chegado a Jolmete, depois das férias, em abril de 1970,  fui informado  da visita do ministro do ultramar. Como havia fotos da visita,  tiradas pelo furriel Rodrigues,  da minha Companhia, eu adquiri cópias, que são as que mostro a seguir.

Terminada a visita,  os helis saíram de Jolmete para Teixeira Pinto depois do almoço, para deixarem o pessoal do CAOP. Como não estive lá,  não sei quem foi do CAOP, mas pelo menos o sr. coronel Alcino, comandante, esteve lá, como se pode ver em quase todas as fotos.

Jolmete era um aquartelamento exemplar no mato. O sr. general Spínola tinha um fraquinho por Jolmete; esta mensagem foi-nos transmitida logo à chegada. Os nossos antecessores, CCaç 2366 comandada pelo sr. cap Barbeites, construíram o quartel de raiz, nós continuamos e aperfeiçoamos. Eles tiveram uma forte actividade militar, nós continuamos e aumentamos, com saídas praticamente diárias, o que nos privou de ataques ou flagelações ao aquartelamento durante toda a comissão.

Construímos, entre outras coisas, dois abrigos, a vala de defesa em volta do quartel, uma escola e 24 casas para a população civil, graças à nossa equipa de pedreiros, como o Firmino (Régua), o Ramos, o Lima, o Spínola (não confundir com o nosso General), o Risadas e outros que não me recordo os nomes, mas que de seu modo, deram o corpo ao manifesto, erguendo obra que após a independência foi toda destruída.

A companhia que nos sucedeu, foi a CCAÇ 3306.

Manuel Resende


Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Abre-se a porta e vê-se o gen Spínola. No banco de trás o cor Alcino, cmdt do CAOP.




Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Do outro heli saem outras individualidades



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Cap Almendra, cmtd  da CCAÇ 2585 cumprimenta e dá as boas-vindas ao gen Spínola e ao ministro do ultramar, Silva Cunha





Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Cumprimentos ao oficial de dia, alf mil Marques Pereira, pelo ministro Silva Cunha e gen Spínola. Vemos distanciado, à esquerda, o cor Alcino,l cmdt do CAOP.




Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Visita da comitiva à cozinha. Além de Siva Cunha e coronel Alcino, vemos dois furriéis dos helis e dois repórteres

Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Visita à Capela



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete > 16 de março de 1970 > Despedidas finais, regresso a Bissau



Guiné > Região do Cacheu > Jolmete >  O capitão Almendra, cmdt da companhia, a CCAÇ 2585. Era alferes mil graduado em capitão, tendo substituído, em agosto de 1969, o capitão QP, António Tomás da Costa, promovido a major.

Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]

Guiné 63/74 - P15158: Parabéns a você (966): António Medina, ex-Fur Mil Art da CART 527 (Guiné, 1963/65)

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Nota do editor

Último poste da série de 23 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15144: Parabéns a você (965): Tony Borié, ex-1.º Cabo Op Cripto do CMD AGR 16 (Guiné, 1964/66)

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Guiné 63/74 - P15157: Efemérides (199): Cerimónia de Imposição de Medalha Comemorativa das Campanhas ao ex-Comandante do Pel Rec Daimler 2208, dia 19 Maio de 2014, no RI 15, em Tomar (Ernestino Caniço)

1. Mensagem do nosso camarada Ernestino Caniço (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Rec Daimler 2208, MansabáMansoa e Bissau, 1970/71), com data de 24 de Setembro de 2015, dando conta da cerimónia ocorrida no dia 19 de Maio de 2014, no RI 15 de Tomar, durante a qual lhe foi imposta a Medalha Comemorativa das Campanhas:

Caro Amigo Carlos:
De acordo com a nossa troca de impressões aquando do Encontro Nacional em Monte Real neste ano de 2015, venho enviar-te alguns registos da Cerimónia de Imposição da Medalha das Campanhas de África, na minha pessoa.
A cerimónia foi presidida pelo Exmo General Comandante da Brigada Reação Rápida Major General Fernando Celso Vicente Campos Serafino, em 2014-05-19, no RI 15 em Tomar.

Um abraço
Ernestino Caniço

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Algumas notas sobre o Regimento de Infantaria 15 

Síntese histórica

O RI 15 foi criado em 1806 e tem origem remota no Terço de Olivença.
O RI 15 orgulha-se de ser o Corpo Militar do nosso Exército que mais condecorações ostenta na sua Bandeira, graças ao devotado esforço e ao sacrifício de vida dos seus soldados nas serranias e praças da guerra da Península Ibérica, nos pântanos da Flandres ou no Sertão Africano.
O historial das suas campanhas evidenciam o seu comportamento “sempre firme e constante” ao longo dos mais de 200 anos de existência, e a par e passo deixa bem claro o testemunho do seu exemplo e da sua galhardia.

A bandeira do Regimento é portadora do seguinte mote camoniano: 

“ESTA É A DITOSA PÁTRIA MINHA AMADA”

Ostenta as seguintes inscrições a ouro: 

SALAMANCA
BADAJOZ
VICTÓRIA
SAN SEBASTIAN
LA LYZ
FERME DO BOIS
RICHEBOURG
CANAL DE LAWE
LA COUTURE

E as seguintes condecorações: 

Comenda da Ordem Militar da Torre e Espada, do valor Lealdade e Mérito
Medalha de Ouro de Valor Militar
Medalha de Ouro e Serviços Distintos com Palma
Medalha de Ouro de Serviços Distintos
Croix de Guerre 1914-1918 avec Palme (França)
Croce al Merito di Guerra (Itália)
Fourragère de la Medaille Militaire (França)
Ordem de Mérito Militar no Brasil
Membro Honorário da Ordem Militar de Avis
Membro Honorário da Ordem Militar de Cristo

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Fotos: © Ernestino Caniço
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2. Comentário do editor

Cabe aqui dar os parabéns ao nosso camarada Ernestino Caniço, com quem eu ainda me cruzei em Mansabá, pela Medalha Comemorativa das Campanhas que lhe foi imposta, volvidos que foram mais de 40 anos desde que lhe foi atribuída.

Só por alguma insistência minha o nosso camarada Caniço acedeu a dar o relevo que a cerimónia merece. A Medalha é nossa e nem devia ser necessário o pedido formal para a sua imposição.
Alguns camaradas pensam que a Medalha só é atribuída a quem a pede, mas o pedido que agora fazemos é só para a imposição, já que a mesma foi atribuída a todos os combatentes (profissionais ou milicianos) no fim de cada comissão.

C.V.
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15125: Efemérides (198): Descerramento de uma placa de homenagem aos Combatentes caídos em Campanha na Guerra do Ultramar, a levar a efeito no dia 10 de Outubro de 2015, no Cemitério de Guifões-Matosinhos (Albano Costa)

Guiné 63/74 - P15156: Convívios (711): Tabanca da Linha, Cascais, estrada do Guincho, Oitavos, a "rentrée", 5ª feira, 24 de setembro de 2015: fotos do Manuel Resende (Parte I)


Foto nº 1 > O prato de marisco que já é um ícone dos serviços de "catering" da Tabanca da Linha...  O segredo está bem guardado, diz o régulo da tabanca, o Jorge Rosales



Foto nº 2 > O comandante Luís Pombo (Bucelas) e a sua filha Maria João Rodrigues Pombo (1): "Como é bom regressar a casa, depois de uma vida de aventuras e canseiras"...



Foto nº 3 > O comandante Luís Pombo (Bucelas) e a sua filha Maria João Rodrigues Pombo  (2): "Adoro-te, meu pai e meu comandante!"...




Foto n º 4 > A Maria João Rodrigues Pombo e o António Martins de Matos (Lisboa) (ten gen pilav ref)...  "Vocês são os meus heróis!"...


Foto n º 5  > A Maria João Rodrigues Pombo e o Avelar de Sousa (Bucelas)  (maj gen paraquedista ref, BCP 12, Bissalanca, BA 12, 1972/74; grande amigo do comandante Pombo)... 

"Pára-quedista que andas em terra: Pára-quedista  / Que andas em terra  / A tua alma encerra / Saudades do ar / E na conquista / Beijam-te as moças / Só p'ra que não ouças / Teu peito a vibrar"...


Foto nº 6 > Carlos Cruz e a esposa Irene (, moram em Paço d'Arcos)... "Que ternura!"...


Foto nº 7 > José Rodrigues  e a esposa, Maria de Lurdes (vivem em Belas): "A vida é bela!"



Foto nº 8 > Carlos Cruz, o Zé Manel Dinis e a Teresa (Cascais)... "A melhor messe que já conheci"...



Foto nº 9 > Mário Fitas e Jorge Rosales,  dois "homens grandes" da Tabanca da Linha... "Comandante, o negócio não está mau"...



Foto nº 10 > Mário Fitas e José Rosales, mano (mais novo) do Jorge... Está de perfil, a conversar com um empregado de mesa, conhecido dos Rosales... "Mesa VIP!"...


Foto nº 11 > O António Graça Abreu (à direita) (S. Pedro do Estoril) e o Manuel Rocha (Lisboa), jornalista, convidado  pelo Armando Pires (que não veio, por razões de agenda)... Segundo o fotógrafo, o Manuel Rocha "veio para ficar"... "Aqui sou o único sínico", diz o Abreu China...



Foto nº 12 > Três camaradas de Bambadinca: da esquerda para a direita, Luís R. Moreira (Mem Martins), Zé Fernando Almeida (Óbidos), António Fernando Marques  (Cascais) (estes dois últimos, ex-fur mil  da CCAÇ 12, 1969/71)... "Da peste, da fome, da guerra... e das minas, libera nos, domine!"...



Foto nº 13 >  O Marques e  a esposa Gina (Cascais), mais a esposa do Zé Fernando Almeida, a Suzel (Óbidos)... "Alinhamos sempre!",,,




Figura nº 14 >  João Martins (Lisboa), mais um camarada que veio pela primeira vez (e cujo nome me escapa)  e, à direita,   o Diniz Sousa e  Faro (São Domingos de Rana)... "O repouso do guerreiro"...


Figura nº 15 > Da direita para a esquerda: Joaquim Nunes Sequeira (Colares), Carlos António Rodrigues e César Pacheco (novos, na Tabanca da Linha, moram em S. Pedro do Estoril)... "A água de Lisboa é que é boa"...


Foto nº 16 > O Marcelino da Mata (Cacém) e o José Felício (à esquerda), o decano da Tabanca da Linha: tem nada mais nada menos do que 93 anos...  "Mais uma missão cumprida!", parece dizer ele!...



Foto nº 17  > O Marcelino, o  Diniz Sousa e Faro  e  mais um elemento novo da Tabanca da Linha... "Pois é, camaradas, nunca pensei aos 75 anos, voltar a dormir no mato!" (Marcelino da Mata, em voz "off record")


Cascais > Estrada do Guincho > Oitavos > Convívio da Magnífica Tabanca da Linha > 24 de setembro de 2015 >


1. Mais um esplêndido dia de convívio que juntou uma meia centena de tabanqueiros, jovais, bem dispostos, sempre prontos a continuar a viagem pela picada da vida fora,  mau grado as emboscadas, as minas e armadilhas, as sacanices, as deceções, as deserções, as baixas... Alguns são novos, isto é, vieram pela primeira vez... E logo prometeram ficar.

Muitos dos tabanqueiros da Linha  são membros da nossa Tabanca Grande...  Outros, mais preguiçosos, ainda não se deram ao trabalhar de fazer o seu registo... para a eternidade. É bom lembrar que a Tabanca Grande não é o panteão nacional, é muito  melhor... porque "mais vale um camarada vivo do que um herói morto"...

A lista dos tabanqueiros da Linha tem vindo a engrossar, pelo que pude ver na folha de Excel que o Manuel Resende me facultou: são perto de 130 os tabanqueiros da Linha (dos quais 110 camaradas e 20 acompanhantes). E uns mais regulares do que outros... Quase todos oriundos da Grande Lisboa (Cascais, Sintra, Oeiras, Amadora, Loures, Lisboa...) mas também os há da outra banda, de Almada até Setúbal.

Aguardamos a tradicional crónica, sempre genial e bem humorada, e (ex)pirada, do talentoso secretário da Magnífica Tabanca da Linha, o Zé Manel Matos Diniz.

A II parte (fotográfica) deste convívio seguirá  oportunamente, com a ajuda (fundamental) do empenhado, dedicado e competente fotógrafo Manuel Resende. (LG)


Fotos (e legendas): © Manuel Resende (2015). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: LG]

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de setembro de  2015 > Guiné 63/74 - P15142: Convívios (710): XVII Encontro do pessoal da CCAÇ 4544, levado a efeito no passado dia 13 de Setembro de 2015, em Alcobaça (António Agreira)

Guiné 63/74 -P15155: Agenda cultural (426): "Desesperança no chão de medo e dor": novo llivro com meia centena de poemas recentes do escritor e jornalista guineense Tony Tcheka (n. Bissau, 1951)... Sessão de lançamento, hoje, 6ª feira, às 17h00, na Mala Posta, Odivelas (metro Sr. Roubado)... Apoio da RDP - África






Nota biográfica:



Tony Tcheka (António Soares Lopes Júnior):

(i) natural de Bissau, onde nasceu a 21 de Dezembro de 1951;

(ii)  foi um dos fundadores da União Nacional de Artistas e Escritores, da Guiné-Bissau;

(iii)  e é hoje considerado um nome de referência da literatura guineense;

(iv) tem  trabalhos em várias antologias, publicadas na Guiné-Bissau, Portugal, França, Brasil e Alemanha;

(v) também jornalista, António Soares Lopes Júnior foi redator e mais tarde diretor da RDN-Rádio Nacional da Guiné-Bissau;

(vi) foi chefe da redação e diretor do Jornal Nô Pintcha; nessa qualidade criou Bantabá, um suplemento cultural e literário;

(vii) como correspondente e analista, trabalhou com a BBC, Voz da América, Voz da Alemanha, Tanjug e, em Portugal, com o Público, a antiga agência noticiosa ANOP, RTP-África e TSF


Fonte (texto e foto): Cortesia de estudo-K > 3/10/09 > Tony Tcheka 

Guiné 63/74 - P15154: Notas de leitura (760): "O colonialismo português", Coleção Estudos Africanos, Edições Húmus Lda., 2013 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Outubro de 2014:

Queridos amigos,
Já falámos de chineses em Catió, temos agora judeus na Senegâmbia, terão sido influentes no comércio, fazendo articulação com que hoje chamamos os Países Baixos.
Há novos rumos da historiografia do colonialismo português em África, este livro é um excelente exemplo. Adoro a capa, a passagem do rio Corubal faz parte do documentário fotográfico da viagem à Guiné do Ministro das Colónias, em 1941, é uma imagem soberba, a madeira da jangada parece sido cortada ontem. Interrogo-me em que zona do Corubal, talvez perto do Saltinho, hipótese a não excluir.
Tenho que bater à porta do Instituto de Investigação Científica Tropical, talvez uma caixinha de surpresas.

Um abraço do
Mário


O judaísmo na construção da Guiné de Cabo Verde, século XVII

Beja Santos

O termo Senegâmbia tem aqui vindo a ser largamente referido e conotado com um espaço situado entre o atual Senegal e a Serra Leoa, em que se fez notar a presença portuguesa no trato comercial, designadamente no tráfico de escravos. Nos últimos anos, observa-se um desenvolvimento importante na história do colonialismo português em África, há investigadores que aprofundam essa presença na Senegâmbia, é o caso de Eduardo Costa Dias, José da Silva Horta e Peter Mark. Esses estudos revelam ligações estreitas entre Cacheu e Pecixe, mais a Sul com os espaços políticos Beafadas, também com Bissau, e os eixos Cacheu-Farim e Bissau-Geba. Mas todo este espaço político-mercantil era o da Grande Senegâmbia onde os investigadores deram pela presença de comerciantes judeus, sediados no atual Norte do Senegal, atuando no rio Gâmbia e com articulações com Cacheu.

Em 2011, reuniram-se no Instituto de Investigação Científica Tropical investigadores portugueses e canadianos no seminário Novos Rumos na Historiografia dos PALOP, de que se publicou o livro "O colonialismo português", Coleção Estudos Africanos, Edições Húmus Lda., 2013.
Esta recensão prende-se com o trabalho apresentado por José da Silva Horta e Peter Mark, exatamente sobre o judaísmo na Guiné do Cabo Verde. Convirá que o leitor tenha em consideração o mapa que se publica, o Cabo Verde é a Sul do rio Senegal, mais ou menos em frente ao Arquipélago de Cabo Verde, pode ver-se a extensão da Grande Senegâmbia. Nos meios luso-africanos do tempo falava-se na Guiné de Cabo Verde. Começam os autores por referir que “Até muito recentemente o papel pioneiro desempenhado pela Guiné do Cabo Verde/Grande Senegâmbia na construção do Mundo Atlântico foi contornado e desvalorizado por contraste com o protagonismo nesse processo conferido a outros espaços africanos como o Golfo da Guiné e a África Central Ocidental”. E explicam a importância da região: “A vasta área da Grande Senegâmbia não só se abriu profundamente aos mercados ocidentais como respondeu plenamente aos desafios que essa abertura implicou, a qual não se ateve ao tráfico de escravos. Parte dessa resposta foi a conhecida integração de mediadores mercantis e culturais de origem sobretudo portuguesa e lusodescendente nos sistemas e modelos de relacionamento africanos pré-existentes”. O Arquipélago de Cabo Verde assumiu uma função crucial na construção dessa mediação, foi o dínamo desse trânsito cultural.

Grande Senegâmbia/Guiné do Cabo Verde do Noroeste Africano

Porém, no início do século XVII, deu-se um ponto de viragem, passaram a entrar na Guiné judeus. Até agora a historiografia falava sempre na identidade luso-africana associada ao cristianismo. Os historiadores apenas sabiam de maneira imprecisa que no século XVII, nesta Grande Senegâmbia apareceram judeus praticantes. Sucessivas investigações posteriores esclareceram a presença de judeus confessos na Guiné. E os autores explicam como se apurou este facto: “A investigação foi baseada, numa primeira fase, em documentação da Torre do Tombo, pertencente ao Cartório do Santo Ofício e numa segunda fase nos registos notariais e internos dos membros da comunidade de judeus portugueses, consultados em Amesterdão, que se revelaram, no essencial, preciosamente complementares às informações dos documentos arquivados pela Inquisição. Os documentos que recolhemos e trabalhámos permitiram-nos reconstituir a existência de comunidades de judeus no atual Norte do Senegal. Cerca de 1606-1608, estes judeus operavam na região, mantinham-se em comunicação com a comunidade de Amesterdão, a eles se juntaram cristãos novos vindos de Portugal (nomeadamente do Porto, de Cabeço de Vide no Alentejo e de Faro) eram reconhecidos como judeus, sem qualquer discriminação. Estes judeus luso-africanos visitaram ou passaram a residir nas Províncias Unidas (hoje Países Baixos), conjuntamente com mestiços ou mulatos".

Está demonstrada a presença destes judeus nas atividades comerciais com a proteção dos dignatários africanos, caso dos reis wolof e sereer. As autoridades eclesiásticas bem tentaram que estes reis prendessem os judeus e que eles fossem recambiados para Lisboa, sem sucesso. E adiantam os autores quanto à natureza do comércio praticado: “Verificámos que além do comércio de couros, marfim e cera, judeus e cristãos novos estavam também envolvidos no comércio de armas, proibido pela Santa Sé e pelas coroas católicas, nomeadamente comércio de armas brancas. A existência de um importante comércio de armas brancas nos finais do século XVI e século XVII, contribui para desconstruir o conceito de warfare cycles estribados numa mercadoria específica (cavalos) ou num tipo de arma (armas de fogo). Esta rede mercantil incluía destacados membros da comunidade dos judeus sefarditas de Amesterdão, nomeadamente da congregação Bet Jacob”. Os investigadores observam que este contingente de cristãos novos foi muito significativo entre a população dos lançados e outros portugueses residentes na Guiné. Eram judeus de identidade flexível, e dão o exemplo: “Em 1612, Jesu (ou Joshua) Israel, como era conhecido no Norte da Senegâmbia, metamorfoseava-se em Luís Fernandes Duarte quando tinha de se corresponder com um parceiro comercial africano, transmutando-se novamente em Joshua na correspondência interna às comunidades judaicas e aos parceiros cristãos-novos em que confiava”.

Enfim o cristianismo desempenhou nesta Senegâmbia do século XVII um papel fundamental nas relações luso-africanas mas o dado novo foi a chegada destes judeus que a partir do Norte da Senegâmbia geraram uma nova identidade, casaram-se com mulheres africanas e converteram a descendência ao judaísmo. As investigações continuam. E os autores finalizam assim o seu artigo: “Se o mundo mercantil do século XVII funcionava através de redes locais, regionais, intracontinentais e transcontinentais, também os fenómenos da história social decorrentes desse mundo deveriam ser reinterpretados sem partir necessariamente de um centro europeu. Foi isso que procurámos fazer”.
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de setembro de 2015 > Guiné 63/74 - P15136: Notas de leitura (759): "A Educação na República Democrática da Guiné-Bissau, Análise Setorial", editado, em 1986, pela Fundação Calouste Gulbenkian (Mário Beja Santos)