segunda-feira, 14 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15854: Inquérito 'on line' (44): Como é que eu apanhei um "pifo" de uísque Dimple (José Carlos Gabriel, ex-1.º cabo op cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513, Nhala, 1973/74)... ou de "tintol" (José Colaço, ex-sold trms, CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65)


O Luís Dias, ex-alf mil,  CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74) dizia-nos, em 2010, que ainda tinha lá em casa "5 garrafas de uísque das que trouxe da Guiné (...)... São elas uma 'President', uma 'Something Special', uma 'Dimple', uma 'Smugler' e uma 'Logan' (conforme foto...). Umas autênticas belezas".

E acrescentava: "Alguns dirão que isto é um sacrilégio; porque será que o Dias não tratou destas 'meninas' em conformidade? Outros dirão que não é lá muito de beber e que, por tal facto, foi deixando andá-las lá por casa. Eu respondo: fui bebendo algumas, deixei outras ao meu pai, também ao meu tio Armando – este sim um grande apreciador – e fui ficando com outras e, olhem, ganhei-lhes amizade, porque olhava para elas e ia-as destinando a grandes momentos. Bebi uma, já não me lembro a marca, quando o meu filho nasceu há 30 anos. (...) Vou abrir a 'Dimple' quando fizer 60 anos, se Deus permitir que eu lá chegue,  e as outras serão para outras 'special ocasions' ” (...) (*)

Foto (e legenda): © Luís Dias (2010). Todos os direitos reservados.


Mais 2 comentários sobre o tema do nosso inquérito 'on line' que encerra amanhã, dia 15m, terça feira, às 18h (**):


(i) José Carlos [Ramos dos Santos] Gabriel, ex-1.º cabo op cripto, 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74), nosso grã-tabanqueiro desde 16/8/2011:

[foto à esquerda: é o segundo, de perfil, do lado esquerdo. Nhala, Natal de 1973]

Assunto -  Resposta ao questionário sobre o "Pifo"

Não fui diferente de muitos dos nossos camaradas. Se a memória não me falha só apanhei um “pifo” na Guiné, e único até hoje.

Aconteceu no posto de rádio,  juntamente com um camarada telegrafista que fazia anos nesse dia.

Como era habitual, passava muito tempo junto dos telegrafistas e nesse dia eu estava de serviço ao Centro Cripto e ele começou a receber uma mensagem.

Sempre que faziam uma paragem para perguntar se todos a estavam a receber em condições, nós aproveitávamos para beber uma tampinha de Dimple.

Claro que quando a mensagem acabou de ser transmitida também a garrafa estava no fim.

O resultado foi um grande "pifo" de tal forma que não consegui decifrar a mensagem e tenho uma vaga ideia que foi o meu camarada que acabou por a decifrar.

Tive que deitar a carga ao mar para ficar mais ou menos bem. Nunca mais apanhei nenhum "pifo" até hoje mas "ficar alegre" até já me aconteceu com uma simples mini a meio da tarde que por qualquer razão o organismo não a aceitou.


(ii) José [Botelho] Colaço ex-soldado trms da CCAÇ 557, Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), membro da nossa Tabanca Grande desde 2 de junho de 2008 (*).

Assunto - Um "pifo" com tinto do caixão à cova para alimentar os mosquitos no Cachil.

[Uma das fotos mais espantosas do álbum do José Colaço: uma pausa no pessoal, na construção da famosa paliçada do Cachil]

E como a ocasião faz o ladrão,  aconteceu...

No posto rádio do Cachil só eu,  mais o 1.º Cabo Dias, fazíamos serviço,  sempre 12 horas cada um e dormíamos no posto rádio, mas quando um metia o pé na argola, o outro fazia o serviço.

O posto rádio ficava colado à parede da casa dos géneros, como nós éramos amigos do cabo cozinheiro e a parede era de troncos de palmeiras ao alto com barro amassado com algum capim para tapar as frestas, nós fizemos um pequeno furo no barro e metíamos a borracha do filtro de campanha e assim que o cabo cozinheiro via lá a borracha, enfiava a dita num garrafão de tinto e nós, no posto rádio, era só bombar para garrafas. Por esse motivo nunca nos faltava o tinto da Metrópole (daí a razão da ocasião que faz o ladrão).

Acordo com o corpo numa lástima todo picado. O "pifo" e os mosquitos uma noite após o jantar depois de bem regado adormeci que nem uma pedra, mas talvez devido ao "pifo"  meti os pés para fora do mosquiteiro, os amigos mosquitos aproveitaram o mosquiteiro aberto e satisfizeram a sua gula de sangue do Tuga.

Quando acordei como no posto rádio durante a noite, a luz estava quase sempre acesa devido às explorações rádio, olhei para o mosquiteiro todo coberto de mosquitos com um grande bunda cheia de sangue, começo à palmada a matá-los, mas ao fim de pouco tempo corria-me sangue pelos braços abaixo, o lençol, a fronha, o mosquiteiro tudo sujo de sangue, desisti abri mais o mosquiteiro e corri com os que restavam para fora que ainda eram bastantes.

Aprendi a lição e a partir dessa data passei a ter mais cuidado com o álcool e os "pifos".
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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P15853: Notas de leitura (817): "As Memórias de Um Comando", por Zé Carlos, Edita-Me, Editora, Lda., 2014 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
Quando ouvi falar neste livro de memórias de um Comando, alguém que, aos 64 anos, completava o 12.º ano pelo RVCC [Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências escolares e profissionais] e que correspondeu ao que a professora lhe pedia da sua "história de vida" com páginas singelas da sua meninice até ser trabalhador de casino, não resisti a ler um relato elaborado, parece-me, em condições francamente singulares no contexto da chamada literatura da guerra.

É um relato que nos prende pela indiscutível sinceridade, pela singeleza de quem corresponde ao pedido de um professor e conta tudo, sem jactância nem prosápia, tal qual foi desde a infância dura aos diferentes aprendizados, à formação para Comando, ao arrebol de operações no Leste e no Norte de Angola, aproveitando as horas vagas a consertar relógios.

Um abraço do
Mário


As memórias de um Comando, por Zé Carlos

Beja Santos

Estas memórias reservam-nos uma surpresa. O seu autor, Zé Carlos, ou Carlos Teixeira, ou Carlos Marques Teixeira, voluntariou-se para os Comandos, esteve em Angola, antes fora relojoeiro e é atualmente Presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Salas de Jogos. Aos 64 anos, completou o 12.º ano pelo RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências) e foi durante este processo de aprendizagem que escreveu as memórias de um Comando. Tanto como me é dado saber, é o primeiro caso de incursão literária motivado por um processo escolar. Escreve a sua formadora:

“Este milagre aconteceu na sequência da primeira fase do seu envolvimento no RVCC, quando lhe foi solicitada a execução da sua história de vida. A aventura redundou numa profusão de páginas, cheias de passagens reveladoras de rara mestria ao nível do manuseio da palavra, da frase, do parágrafo, das estórias dentro da narrativa principal”.

São memórias em edição de autor (Zé Carlos Teixeira, Edita-Me, Editora, Lda., Porto, 2014).

O Zé Carlos cativa-nos pela singeleza, não esconde a admiração pela mãe que teve que lidar sozinha com a educação dos filhos. Trabalhou numa tabacaria até aos 12 anos, foi depois aprendiz de relojoeiro, seguiu para a fábrica de relógios Soumar, instalada na Rua Dezanove em Espinho. Era saudável mas muito franzino, inscreveu-se num ginásio, vivia fascinado pelos filmes do Hércules e no ginásio entusiasmou-se com o culturismo. O tempo passa, e o mancebo assenta praça no RI 5, estamos em 1969, a recruta não o entusiasmou, com um grupo de amigos inscreve-se para os Comandos. Inicia-se o processo da seleção: obstáculos, prova de boxe, seguem-se as eliminações, vertem-se lágrimas. Segue para Lamego. Na parada, é-lhes dito que iriam proceder a uma primeira chamada, os convocados iriam constituir as 24.ª e 25.ª Companhias de Comandos. Inicia-se a instrução militar e no dia 1 de Dezembro embarcam.

Estamos agora no Centro de Instrução de Comandos, ali vai aparecer o Comandante da Instrução, Gilberto Santos e Castro. Ordens súbitas para formar na parada, e depois da formatura relâmpago parte-se em caravana, acampa-se, desperta-se bem cedo e começam as provas duras, crosses à torreira do sol, um cantil de água por dia, era a prova da sede, preparação física e psicológica que não permitiam vacilações. A seguir a semana maluca em que tinham que fazer tudo ao contrário do que seria um dia normal, o dia começava às sete da tarde, com a noite cerrada havia a formatura para o pequeno-almoço, à meia-noite começava o almoço e às seis da manhã formatura para o jantar. São provas que desorientam os instruendos, correm pelos trilhos, chegam a uma clareira e ouvem-se disparos, entra-se na mata e ultrapassa-se obstáculos. E depois a prova dos mosquitos, uma noite pesadelo.

Em resumo, o Zé Carlos tirou o curso de Comandos em três meses e três dias, são encaminhados para as operações do Leste. As memórias começam a ganhar vivacidade. Vão numa operação na zona do Buçaco, aqui havia atividade de guerrilha bastante intensa. Encaminham-se para o acampamento quando se ouvem os gritos do Bernardo, tinha um pé atravessado por uma lança, caíra numa armadilha de caça, um grupo teve que retirar, foi uma prova extremamente dura. Os Comandos estão sediados no Luso. Zé Carlos conta-nos a operação Siroco, de certo modo foi aqui que mudou a sua vida, encontraram um grupo de guerrilheiros que lhes fez frente, apercebem-se da coragem de quem existe dentro do acampamento, capturaram alguns deles. Esta operação estendeu-se por todo o Leste angolano, desde o Lumege à fronteira com o Congo. As operações sucedem-se umas às outras. Há prisioneiros que olham impávidos os seus filhos mortos no solo. Há prisioneiros que se oferecem para levar os Comandos até aos acampamentos que dizem conhecer, após a destruição ficam aturdidos pelo contributo que deram àqueles que eram seus camaradas.

Dentro de toda esta singeleza, o Zé Carlos exalta a camaradagem, o espírito de corpo. Findo o tempo do Leste, são acantonados em Luanda, agora as operações serão feitas no Norte. Aceita voltar a consertar relógios, desmonta-os, lava-os, coloca as peças em cestinhas, repõe os mecanismos, fica contente quando os relógios voltam a trabalhar. Faz amizades no mundo civil. Mas houve um momento que lhe trouxe, com grande estrondo, o regresso à realidade, abruptamente deixou aquela vida pacata e recomeçaram as operações. Vemo-lo a caminho de Bonangongo. Com melancolia, vai-nos referindo os feridos e os mortos. Cinge-se a sua atividade militar meramente ao operacional, nunca deixa de fazer as operações mas paga os serviços de faxina que está incumbido.

Fez férias, veio visitar a família, mas também o camarada Carneiro, ficou deficiente, bem como a família do alferes Gomes. Com o seu trabalho de relojoeiro e a credibilidade daí resultante, chegou a pensar se não prosseguiria a sua vida civil a trabalhar com o senhor Cunha. Mas decidiu voltar para Espinho. Depois trocou uma vida ligada aos relógios por um emprego no Casino de Espinho, em Junho de 1974, passa a ser um trabalhador da noite, deitava-se no final do seu dia de trabalho à hora em que a maioria das pessoas acordava.

Aqui estão as suas memórias, graças ao RVCC. A formadora foi lendo página a página esta forma de crescer todos os dias na guerra, impressionou-se com as páginas de solidariedade, com a vivência pura e dura no mato angolano. Acontecera um milagre, as memórias de Zé Carlos tinham chegado ao fim, eram páginas de franqueza, desde menino a trabalhador de casino, pelo meio temos páginas de camaradagem, relatos de dor, registos de sacrífico e martírio. Uma história daquelas que podia caber dentro do poema de Fernando Pessoa O menino de sua mãe (tão jovem, que jovem era…”).
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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Março de 2016 Guiné 63/74 - P15842: Notas de leitura (815): “A Marinha em África (1955-1975), Especificidades”, publicação da Academia da Marinha, 2014 (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15852: Parabéns a você (1047): Leopoldo Correia, ex-Fur Mil Art da CART 564 (Guiné, 1963/65)

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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Março de 2016 Guiné 63/74 - P15844: Parabéns a você (1045): Manuel Luís Rodrigues de Sousa, ex-Soldado At Inf do BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

domingo, 13 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15851: Agenda cultural (468): Juvenal Amado apresenta o seu livro "A Tropa Vai Fazer de Ti um Homem! (Guiné 1971-1974)", na sua terra, Alcobaça, na Biblioteca Municipal, sábado dia 19 deste mês, às 16h00. Além do alcobacense José Alberto Vasco, o livro será apresentado também por Belarmino Sardinha, nosso grã-tabanqueiro

1. O alcobacense Juvenal Amado vai apresentar o seu livro “A Tropa Vai Fazer de Ti Um Homem! (Guiné 1971 – 1974)”, em Alcobaça, na Biblioteca Municipal, no sábado, dia 19 de março, às 16h00.

O livro será apresentado pelo alcobacense José Alberto Vasco e pelo antigo companheiro de armas do autor na Guiné Bissau, Belarmino Sardinha, também antigo responsável pela área de autores literários na Sociedade Portuguesa de Autores [, e membro da Tabanca Grande, desde 17 de junho de 2008]. 

Neste seu livro Juvenal Amado conta-nos histórias da sua vivência na Guerra Colonial, partindo das mais de 200 intervenções que desde 2007 fez no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, dando forte contribuição para a memória de uma época nem sempre fácil de recordar.



2. Juvenal Amado nasceu em 1950 na Fervença, concelho de Alcobaça. Finda a Escola Primária, começou logo a trabalhar, percorrendo vários empregos, até que aos 14 anos se fixou na Crisal- Cristais de Alcobaça [, fundada em Alcobaça, em 1944, hoje Crisal - Cristalaria Automática, SA, com nova fábrica inaugurada em 1970 na Marinha Grande],  onde aprendeu pintura e desenho. Aí esteve até aos 32 anos, apenas interrompidos pelo cumprimento do serviço militar, entre 1971 e 1974.

Quando saiu da Crisal, onde era desenhador, fundou uma empresa de cerâmica com vários colegas, tendo-se seguidamente estabelecido por conta própria, com uma pequena oficina, que encerraria em 1998.

Trabalhou depois como revendedor de remanescentes de exportação no mercado nacional e como chefe de produção em empresas de Ansião e Fátima, tendo encerrado a sua carreira profissional como chefe de produção numa empresa do Juncal. Acabaria entretanto por continuar a estudar, até concluir o 12º ano, estando agora reformado.

Fonte: O Alcoa (com a devida vénia...)  

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P15850: Convívios (730): X Encontro dos Combatentes do Ultramar do Concelho de Matosinhos, levado a efeito no passado dia 5 de Março de 2016 em Leça da Palmeira (Carlos Vinhal)


No passado dia 5 de Março, em Leça da Palmeira, voltaram a reunir-se os Combatentes do Ultramar do Concelho de Matosinhos, muitos dos quais, a exemplo do ano passado, se fizeram acompanhar das suas famílias.

Infelizmente tivemos algumas baixas de última hora já que a idade vai trazendo algumas maleitas que não escolhem dia nem hora. Para os nossos camaradas e seus familiares, menos bem neste dia, deixamos os nossos votos de que estejam já totalmente recuperados.

À mesa estivemos 114 comensais, entre os quais o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Dr. Eduardo Pinheiro, e o Presidente do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, Ten-Cor Armando Costa.

O dia começou com uma Missa de Sufrágio pelos nossos camaradas e amigos falecidos em Campanha e ao longo da vida, na Capela do Ruas, celebrada pelo nosso amigo, e sempre disponível, senhor Pe. Marcelino.

Finda a celebração, o pessoal deslocou-se para a unidade hoteleira, junto da Exponor, onde iria decorrer o Convívio.
Tirada a foto de família (ainda não disponível), toda a gente ocupou a Sala Caravela do Hotel Tryp Porto Expo, para saborear o já merecido e esperado Almoço.

Para fim de festa foi aberto o Bolo Comemorativo, regado com um bom espumante.

Foi uma tarde bem passada que culminou com parte do Coro do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes a interpretar o Hino da Liga dos Combatentes, ouvido e cantado de pé pelos presentes.

Para o ano estaremos presentes no XI Convívio que se quer ainda mais participativo.

Um aspecto dos participantes na Missa

O senhor Pe. Marcelino durante a Celebração

Antes do almoço trocam-se algumas impressões

Um aspecto da sala

Na Mesa da Presidência, o senhor Ten-Cor Armando Costa, o senhor Dr. Eduardo Pinheiro e o camarada José Oliveira

O Bolo Comemorativo

Os elementos do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes presentes no almoço interpretam o Hino da Liga

Fotos: José Trindade e Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 9 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15837: Convívios (729): O próximo Encontro da Magnífica Tabanca da Linha será no próximo dia 17 de Março de 2016 em Cascais (José Manuel Matos Dinis)

Guiné 63/74 - P15849: Atlanticando-me (Tony Borié) (10): Nós Combatentes e Elas Combatentes

Décimo episódio da nova série "Atlanticando-me" do nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGR 16, Mansoa, 1964/66).




Nós Combatentes e, Elas Combatentes

Era manhã, o sol despertava no horizonte, estávamos numa zona onde a estrada rápida número 10, que atravessa todo o sul dos Estados Unidos, seguia em linha recta.
O trânsito fluía normal em ambos os sentidos, umas vezes intenso outras não. Saímos num cruzamento que dava acesso a algumas quintas, passando por cima das duas vias, não resistiindo a admirar a paisagem com movimento e alguma azáfama, todos querendo seguir a sua rota, talvez fugindo de onde estavam antes, mudando-se. Camiões levando mercadoria, automóveis levando pessoas, que neste caso, felizmente, não fugiam de nenhuma guerra, mas eram pessoas, como nós, que na nossa juventude vivemos uma guerra, fomos combatentes e sobreviventes de alguns combates, onde havia homens e mulheres. Estas que quase ninguém as lembra.



Companheiros, tínhamos saído da cidade de Tucson, no estado do Arizona, seguindo em direcção ao norte, onde a terra é vermelha, parecida com a que existe em algumas savanas da Guiné e ao longe já se vislumbravam alguns edifícios da cidade de Phoenix. Ao passar pela cidade em boa hora resolvemos parar, pois ao fim de algumas voltas, mais ou menos pelo centro, em frente ao Capitólio do Arizona, que se localiza nesta localidade, abre-se uma Praça, que é o lar de aproximadamente três dezenas de memoriais e monumentos dedicados a temas tão diversos como figuras históricas, indivíduos importantes, organizações e eventos comemorativos, como por exemplo o mastro e âncora do navio de guerra USS Arizona afundado em Pearl Harbor, no Hawaii, durante a II Grande Guerra, memoriais para outras guerras, como a I Grande Guerra, a guerra da Coreia ou do Vietname, entre outras.

Uma das coisas que nos despertou a atenção, comovendo-nos, foi um monumento dedicado à Mulher, Mãe, pessoa importante na nossas vidas, que quase nunca é lembrada e que também andou na guerra, todavia neste caso era um monumento à “Pioneira”, aquela que acompanhou o marido ou companheiro, a sua família, no caminho para oeste, sofrendo todas as dificuldades que essa odisseia acarretava, mais a de ser mãe e cuidar dos filhos ainda crianças.

Já tínhamos visto outro monumento parecido em Washington, neste caso dedicado à mulher que lutou no Vietname.



Infelizmente são tão poucos estes memoriais, talvez só despertem a atenção de alguns de nós, mas são confortantes, quando podemos ver que alguém se lembrou delas, das mulheres da nossa vida.

Tony Borie, Março de 2016
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15826: Atlanticando-me (Tony Borié) (9): Aguarela de Miami

Guiné 63/74 - P15848: Blogpoesia (440): "Nomes e verbos...", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Em mensagens de ontem, 12 de Março de 2016, o nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66), enviou-nos estes dois poemas da sua autoria:


Nomes e verbos...

Entrei pelo dicionário dentro.
Como se entra num museu.
Tantas galerias.
Tantas estantes bem ordenadas.
Repletas.

Peguei num verbo.
O verbo amar.

Pus-me a conjugá-lo.
Em todos os tempos e suas formas.
Foi no infinito que eu fiquei.
Como um apaixonado.
Agarrado ao chão.

Segui adiante.
Aos substantivos.

Que grande jardim.
Tantas flores.
Parei nos cravos.
Ó que cheirinho!
E as rosas, de tantas cores.
Que perfume!

E fui ao sótão.
Dos adjectivos.
Todos em cestos.
Como as sementes.
Tão variados.
De tantas espécies.
Que maravilha!
Davam para tudo.

Pelo corredor fora fui dar à cozinha.
Era a sala das interjeições!
Ferviam panelas.
Soltavam odores.
Ó que regalo!
Tanta panela.
Sem cozinheira.

E depois um salão.
Dos advérbios.
Todos janotas.

Lá estavam os de tempo.
Todos sem uso.
Intemporais.

Depois os de modo.
Todos pedantes.
Muito formais...

E mesmo no fim,
Uns caixotões.
Abri-lhes a tampa.
Quase morria.
Eram os assentos,
Pontos e vírgulas...
Tanta ferrugem!...
Fora de uso.

Bar "Caracol" 12 de Março de 2016
10h21m

sábado de sol

JLMG
Joaquim Luís Mendes Gomes
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Nota do editor

Último poste da série de 28 de fevereiro de 2016 Guiné 63/74 - P15805: Blogpoesia (440): "Chuva Negra e Circundante" e "Negaças do Sol", de J.L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 63/74 - P15847: Notas de leitura (816): "Seis irmãos em África" (edição de autor, Porto, 2016, 278 pp.): um livro de memórias escrito a 12 mãos pelos "Magros do Capim": três estiveram no TO da Guiné, e dois deles são nossos grã-tabanqueiros, o Abílio Magro e o Fernando Valente (Magro)... Dois passaram por Angola, e outro esteve em Moçambique... Ao todo, 1 capitão, 1 alferes, 2 furriéis, 2 cabos









Capa e contra-capa do livro "Seis Irmãos em África" (Porto, ed. autor, 2016)


Têm um sítio na Net, Magros do Capim, e acabam de publicar um livro, Seis Irmãos em África (edição de autor, Porto, 2016, 278 pp., impresso na Areagráfica).

É um livro de memórias escrito a 12 mãos, e composto por mais de meia centenas de pequenas/grandes histórias de uma "família tripeira" que teve seis filhos na guerra de África, 3 na Guiné, 2 em Angola, e outro em Moçambique, com diferentes postos (1 capitão, 1 alferes, 2 furriéis, 2 cabos), e com diferentes especialidades (engenheiros,  infantes, auxiliar de enfermagem, especialista da FAP...).  Nascidos entre 1936 e 1951, chegaram a estar 4 em simultâneo em África. É um caso raro, senão mesmo único, no nosso país.

O nosso editor Luís Graça acaba de receber um exemplar do livro, autografado pelo Abílio Magro, nosso grâ-tabanqueiro, e com a seguinte dedicatória:

"À Grande Tabanca do Luís Graça com um alfabravo do amanuense [Abílio Magro, ilegível]".

Como explica a Cláudia Magro, filha do Abílio, no prefácio que escreveu com toda a ternura,  "no decorrer destas páginas, o leitor descobrirá,  através de textos e memórias contados na primeira pessoa, o cenário  do triste teatro que é a guerra. A particularidade e o que mais surpreende  nesta obra, são a emoção e a sinceridade  dos actores, neste caso  "interpretados" por seis irmãos que partiram quase todos em simultâneo para uma guerra descabida, deixando para trás os seus inquietos progrenitores".

O livro merece uma outra atenção por parte dos nossos editores. Este poste é apenas uma primeira, apressada mas calorosa,  apresentação. Aos "Magros do Capim" damos os nossos parabéns pela iniciativa, com destaque para os nossos grã-tabanqueiros, Fernando, o mais velho, e Abílio, o mais novo. Fomos agora a descobrir que o terceiro mano, que passou pelo TO da Guiné, é o Álvaro Magro, 1º cabo aux enf, da CART 3493, que esteve em Mansambo, setor L1, Bambadinca (1971/72), e no  HM 241 (1972/74).

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Nota do editor:

Último poste da série > 11 de março de 2016 > Guiné 63/74 - P15842: Notas de leitura (815): “A Marinha em África (1955-1975), Especificidades”, publicação da Academia da Marinha, 2014 (Mário Beja Santos)

sábado, 12 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15846: Inquérito 'on line' (43): Um em cada quatro, de um total preliminar de 83 respondentes, diz que NUNCA apanhou nenhum pifo de caixão à cova... Dois não se lembram, um não bebia... Há ainda três dias para responder...


Guiné > Região de Tombali > Bedanda > CCAÇ 6 > 1971/72> O alf mil médico Mário Bravo, à direita, de perfil, entre os furriéis da companhia... Boa disposição, boa música, bom uísque (a garrafa mais pequena era de Old Parr, uísque velho)... Os nomes dos furriéis já se varreram da memória do nosso camarigo... O Mário Bravo não terá estado mais do que 4 meses em Bedanda (entre dezembro de 1971 e março de 1972, com algumas saídas, pelo meio, até Guileje, Gadamael e Cacine)...mas guarda boas recordações dos bedandenses.  A CCAÇ 6 era então comandada pelo jovem Cap Cav Carlos Ayala Botto, futuro ajudante de campo do gen Spínola.

Hoje cirurgião, ortopedista, reformado,  o Mário Bravo vive no Porto e já nos apareceu em Monte Real num dos nossos Encontros Nacionais da Tabanca Grande.  Já agora,  acrescente-se que, depois de sair de Bedanda, em março de 1972,  foi colocado no Serviço de Estomatologia do HM 241, em Bissau, onde aprendeu a tratar da dentuça do Zé Soldado.. Imaginem quem foi que um nm belo dia quem se sentou na cadeira do nosso camarada estomatologista ? Nem mais nem menos, o com-chefe e governador geral,  o gen Spínola (*)...

Foto: © Mário Bravo (2011). Todos os direitos reservados [Edição: LG]



INQUÉRITO: 

"NUNCA APANHEI NENHUM PIFO DE CAIXÃO À COVA NA TROPA OU NO TO DA GUINÉ" (**)


Nº de respostas (preliminares) > 83


1. Nunca > 25 
(30,1%)



2. Uma vez, por acaso  > 21 
(25,3%)


3. Duas vezes  > 8 
(9,6%)

4. Três vezes  > 4 
(4,8%)

5. Mais vezes  > 22 
(26,5%)

6. Não me lembro  > 2 
(2,4%)

7. Não aplicável: não bebia  > 1 
(1,2%)


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Notas do editor:

Guiné 63/74 - P15845: Inquérito 'on line' (42): Eu, como 1º cabo radiotelegrafista STM e chefe de turno, não me podia dar ao luxo de apanhar um pifo de caixão à cova.... Alegre, sim, confesso que muitas vezes estive... (Belarmino Sardinha)

1. Mensagem do Belarmino Sardinha [ex-1.º Cabo Radiotelegrafista STM, Mansoa, Bolama, Aldeia FormosaBissau, 1972/74; trabalhou na Sociedade Portuguesa de Autores; alentejano, vive hoje no Cadaval]:


Data: 10 de março de 2016 às 16:01

Assunto: Inquérito

Olá, Luis e Carlos,

Tenho respondido a quase todos,  se não mesmo a todos, os inquéritos que têm aparecido no blogue, mas confesso que a este, embora ainda não o tenha visto na página, a não ser o seu enunciado, porque nada me aparece para poder votar, gostava de sugerir uma pequena alteração: é que nunca apanhei nenhuma de caixão à cova pelo simples facto de não poder, caso isso acontecesse via-me a braços com uma porrada que podia levar-me a ainda lá estar a cumprir serviço.

Nós funcionávamos por turnos e individualmente e em caso de não comparecermos era complicado fazer uma substituição imediata, não havia reforços que previssem essas situações e também nem sempre tínhamos hierarquia de vigilância. No meu caso, enquanto estive em Bissau, ainda pior por, sempre que estive de serviço, ser o chefe do turno, sem qualquer autoridade e sem nada poder fazer a não ser informar depois superiormente se isso acontecesse.

Não me recordo de alguma vez ter acontecido. Qualquer bebida a mais tinha que ser curada antes ou marcada a presença mesmo que agoniado, com vómitos e mal disposto, isso sim, acontecia, a qualidade do serviço não sei, não posso avaliá-la.

Sugeria por isso que houvesse diferentes graus na pergunta, pois alegre confesso que muitas vezes estive, mesmo muitas, de caixão à cova só depois de estar cá, já descansado e com outras responsabilidades.

Não vejam aqui qualquer coisa que não esteja escrita, não havia meninos de coro nem éramos diferentes nem melhor que ninguém, acontece é que num grupo ou num pelotão pode faltar um elemento, mas onde um é a totalidade não pode faltar ninguém.

Penso que já em tempos escrevi onde referia que,  durante um período de convalescença de um camarada e amigo, bebíamos diariamente uma garrafa de gin, cada dia pagava um, daí resultar um dos estados de alegre em que me encontrei diversas vezes, mas não bêbado. Ou será que estava e não sabia e por isso não me lembro de muitas coisas hoje em dia?

Espero ter contribuído para poder melhorar o inquérito.

Um abraço,

BS

2. Comentário do editor:

A sugestão é bem vinda e faz todo o sentido. Simplesmente o inquérito já está no ar e o prazo de resposta acaba na 3ª feira, dia 15, às 18h00. Desde o momento que a malta começa a votar, já não é possível corrigir a pergunta ou as hipóteses de resposta, a não ser "remover" o questionário e fazer um de novo, sem possibilidade de recuperação das respostas já dadas...

E depois o inquérito só pode ter uma pergunta... E a pergunta tem que ser fechada (sim, não, talvez, não sei...). Não é nada flexível, mas o objetivo não é "científico": queremos apenas a pôr a malta a refrescar a memória e a escrever sobre  o "in illo tempore",  aquele tempo em que tínhamos idade para ter todos os sonhos e fomos mandados para a guerra...

Felizmente que não vivemos num país puritano (, pelo menos, por enquanto), e não é política, ética e socialmente incorreto recordar em público os "pecadilhos" da juventude passada, incluindo "pifos de caixão à cova" que apanhámos lá na "Guiné, longe do Vietname" (, como eu gostava de dizer, nas minhas cartas, que nunca pus no correio)... Um abraço valente... LG
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Guiné 63/74 - P15844: Parabéns a você (1046): Manuel Luís Rodrigues de Sousa, ex-Soldado At Inf do BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 11 de Março de 2016 Guiné 63/74 - P15841: Parabéns a você (1044): Artur Soares, ex-Fur Mil Mec Auto da CART 3492 (Guiné, 1972/74) e Joaquim Sequeira, ex-1.º Cabo Canalizador do BENG 447 (Guiné, 1965/67)

sexta-feira, 11 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15843: Inquérito 'on line' (41): "Nunca apanhei um pifo de caixão à cova na tropa ou no TO da Guiné"... (Comentários de Rui Santos, Manuel Luís Sousa, Orlando Pinela, Mário Gaspar)


As últimas garrafas de uísque
da Guiné (**)...Foto de Manuel
Traquina (2015)
1. Alguns comentários de grã-tabanqueiros, chegados à nossa caixa de correio, sobre o tema (candente) do álcool & seus derivados, consumidos no TO da Guiné, desde pelo menos 1961 até 1974... (*)

Tudo se bebia no TO da Guiné, mas o rei parece que era o destilado na Escócia, a 38º graus... E havia "scotch" para todas os gostos e até bolsas... entre os 50 pesos e os 150... (O de Sacavém ainda não se exportava para a Guiné, que eu me lembre... Era a bebida preferida dos "patos bravos" que proliferavam em Lisboa e arredores com o "boom" da construção)...

Havia quem preferisse o "gin" tónico, dizia-se que era o melhor "profilático" contra o paludismo... Mas que dava cabo da figadeira... em tempo recorde. Outros, seguramente a maioria, alinhava na cerveja... À hora da refeição (, quando não era "ração de combate"...) servia-se o  mais fraquinho, "martelado" ou "batizado", o da Intendência, também conhecido por  "água de Lisboa"...

Recorde-se que esta pitoresco designação era dada,   pelos nossos amigos guineenses,  ao "vinho"... Em dia de festa, abria-se uma garrafa de "verde", Três Marias, Gazela, Lagosta... Era caro, quase ao preço do "uísque"... E mauzinho, tipo pirolito, gaseificado... Vinho branco leve da Estremadur, levado para o norte, misturado com algum verde genuínio, "martelado", engarrafado e exportado para a tropa, que tinha algum poder de comora...  E foi lá, nos trópicos, que o português do sul, o alfacinha,  começou a apreciar os nossos verdes, que estão hoje na moda em todo o mundo, com o rei "Alvarinho" a dar cartas... O "tinto verde", o carrascão do Norte, esse não chegava lá... Dizia-se que dava-se mal com a passagem pelos trópicos... De resto, não se engarrafava!...

A "água de Lisboa", por sua vez, e antes de atravessar de trópico de Câncer, e ser descarregado em Bissau, chegava em pipas e toneis, através das fragatas de vela erguida, vinda "diretamente do produtor ao consumidor", ali aos cais ribeirinhos, do Tejo, no Poço do Bispo e no Beato, onde havia os grandes armazéns... E os maiores eram de um grande senhor, empresário, vitivinicultor, e armazenista vínicola, que   em 1910  havia mandado construir em Marvila o famoso edifício, conhecido como a "catedral do vinho"...

Referimo-nos, naturalmente, ao Abel Pereira da Fonseca, de quem se contava, certamente como anedota, as últimas palavras que terá proferido na derradeira hora da sua morte aos seus descendentes:  "Lembrem-se, meus filhos, que até da água se faz vinho" ou, noutra versão, não menos popular e jocosa, "lembrem-se, meus filhos, que enquanto houver água no Tejo, nunca deverá faltar vinho a Lisboa"... Não sei se os filhos ou os netos do Abel Pereira da Fonseca fizeram a tropa e foram parar à Intendência... A verdade é que havia sempre piadas ao "vinho" da Intendência. metendo esta história do Abel Pereira da Fonseca... Mas, não sejamos injustos para com os nossos bons camaradas da Intendência que, por certo, deram o seu melhor e alguns a vida, no TO da Guiné... E sobretudo não nos deixaram morrer de sede nos bu...rakos para onde nos mandaram!

Mas não é da "água de Lisboa", e do seu abastecimento, que queríamos falar... Mas, sim, das "bezanas"  ou "narsas" que a malta apanhou, algumas de caixão à cova, por muitas e variadas razões...  (Alguns, mais poetas, dizem que "melhor que as bajudas, eram o 'scotch' que fazia esqucer as bajudas", as de cá e as de lá)...

Das razões, algumas eram fáceis de explicar: misturas mal feitas, de "coisas" que não combinavam e continuam a não combinar bem,  por exemplo,  vinho + cerveja + uísque + licor de uísque ou edronho ou poncha... A primeira coisa que se aprendia, quando se era "periquito" (na Guiné e na ciência do álcool & seus derivados)  era ter cuidado com estas "misturas"... explosivas... Hoje os putos aprendem isso logo aos 15 anos... (Será ? Eles agora chamam "shots" a essas misturas; no nosso tempo só conhecíamos os "cocktails Molotov")...

Oiçamos, entretanto,  mais alguns camaradas que têm pequenas histórias para nos contar... Os outros façam o favor de ir respondendo ao nosso inquérito "on line", no canto superior esquerdo do blogue... Até 3ª feira, dia 15, às 18h04... Nesta matéria, toda a gente tem opinião, mesmo que nunca tenha apanhado nenhuma "cardina",,, LG
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(i) Rui Santos [ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, 
Bedanda e Bolama, 1963/65]


Apenas me lembro de uma [, "piela de caixão à cova"], pois a guerra, a vigilância interminável e o comando do pelotão destacado davam-me muita responsabilidade acrescida...

Uma tarde o sargento do destacamento dos armazéns de víveres foi lá abaixo ao meu aquartelamento, aboletado na povoação de Bedanda, encontrámo-nos na casa comercial do Sr. Abel, pessoa muito afável e bastante amigo meu, abriu uma garrafa de Vat 69 e, com Perrier, bebêmo-la os três em menos de 15 minutos...

É claro que a tal velocidade o álcool subiu de imediato, fui guiando o meu jeep até o destacamento do sargento, e saltou-me à vista (bem nublada) uma pele de cobra pregada numa tábua a secar ... Ele convidou-me para comer uma "canjinha" mas quando vi os pedaços de cobra, que pareciam filetes de linguado, recusei.

E aqui segue a História das duas bebedeiras que apanhei ... a 1ª e a última ...

(ii) Manuel Luís Sousa (#)

O meu testemunho sobre este tema, está em linha com os demais camaradas. Gostei imenso do produto escocês e,  num dos testes, foi uma de " Johnnie Walker",  simples e sem gelo, durante 1/2 hora para esquecer uma má situação. 

O que me safou foi o enf  Paulino,  hoje doutor no hospital do Funchal. E continuo adepto desse "digestivo".

(#) Um deles que desempate, temos dúvidas sobre o autor: Manuel Luís Nogueira de Sousa (ex-Fur Mil At Art da 1ª CART do BART 6520/73, Bolama, Cadique, Jemberém, 1974) ou Manuel Luís R. Sousa, Sargento-Ajudante Reformado da GNR (ex-Soldado da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4512, Jumbembem, 1972/74) ?...


(iii) Orlando Pinela [ex-1º Cabo Reab Mat da 
CART 1614/BART 1896, Cabedú, 1966/68]


Enquanto estive na Guiné não apanhei nenhuma piela a sério, ficava alegre e nada mais, isto é,  à base de bazucas.

Quanto a esquentamentos,  fui sempre cuidadoso, também nada.

Um abraço para a Direcção da Tabanca.




Sobre a bebida há muito que contar. Pergunto se vale a pena destilar uma Piscina Olímpica de 100 metros. Deve ter sido o que bebi. 

Cerveja nunca faltou. Faltou tudo, mas cerveja,  que me lembre, não, em Guileje após  emboscada no meu "corredor" favorito.

Luís e Carlos, valerá a pena perder o meu latim, se toda a Tabanca se cala?


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Guiné 63/74 - P15842: Notas de leitura (815): “A Marinha em África (1955-1975), Especificidades”, publicação da Academia da Marinha, 2014 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Maio de 2015:

Queridos amigos,
Temos acolhido o que sobre a Marinha na Guiné tem sido escrito: pense-se nas obras de e sobre Alpoim Calvão; a história dos Fuzileiros na Guiné; relatos pessoais como o de "Homem-Ferro", de grande importância, foi assim que ficámos a saber que no segundo semestre de 1962 a região Sul estava a entrar em sublevação; as fabulosas Memórias do Sargento Talhadas, um relato ímpar, inesquecível.
Aproveita-se agora a intervenção do Vice-Almirante Lopes Carvalheira que dissertou sobre a Marinha no teatro de operações na Guiné. Pessoalmente, e no que envolve o rio Geba, li com saudade certas passagens e veio-me à memória a Alfange ou a Montante a passarem por Mato de Cão, eram simpáticos connosco, davam-nos boleia pelo Geba estreito até Bambadinca, aproveitava para fazer abastecimentos.

Um abraço do
Mário


A Marinha no teatro de operações na Guiné

Beja Santos

Nas atas do seminário “A Marinha em África (1955-1975), Especificidades”, publicação da Academia da Marinha, 2014, está inserida a comunicação intitulada “A Marinha no teatro de operações na Guiné”, foi que apresentada pelo Vice-Almirante Lopes Carvalheira, um texto esclarecedor para o qual peço a vossa atenção.

As primeiras unidades navais com caráter de permanência chegaram à Guiné em 19 de Maio de 1961: 2 LFP (lanchas de fiscalização pequenas) e 2 LDP (lanchas de desembarque pequenas). No mês de Junho seguinte chegou outra LFP e a partir daí outras unidades foram sucessivamente chegando, atingindo a Esquadrilha de Lanchas o seu número máximo em Setembro de 1969, 39 unidades.

Durante os anos de 1963 e 1964 foram, umas após outras, atribuídas ao Comando de Defesa Marítima da Guiné 4 LFG (lanchas de fiscalização grandes). Em 1967, este Comando atingira o apogeu no máximo de Forças atribuídas, para além das unidades navais tinha quatro Destacamentos de Fuzileiros Especiais, duas Companhias de Fuzileiros Navais, uma Secção de Mergulhadores, uma Equipa de Inativação de Explosivos, e mais alguns efetivos.

A propósito da fiscalização, o autor escreve:
“Em 1971, após o ataque levado a efeito com mísseis sobre Bissau, em 9 de Junho, retomou-se a fiscalização contínua do rio Geba, a montante de Bissau, até ao Geba estreito, complementando a patrulha noturna ao Porto de Bissau que se mantinha desde 1963, efetuada por uma ou duas unidades navais, coadjuvada por botes de borracha.
A intervenção da Marinha foi importante na Operação Tridente, a Marinha tinha uma importância vital para proteger as vias de comunicação fluviais da Guiné onde o PAIGC podia atacar com espingardas e pistolas-metralhadoras, morteiros, canhões sem recuo e LGF RPG7, tentando, sem êxito o emprego de minas de fabrico artesanal; e para o transporte de efetivos militares para operações de caráter anfíbio, nomeadamente no Sul e no Norte.
O que nos remete para a guerra nos rios, pois era fulcral assegurar o reabastecimento logístico, os transportes operacionais e as rendições de efetivos militares. São de destacar algumas unidades navais particularmente designadas para os transportes logísticos: as LDG Alfange, Montante e Bombarda. Importa igualmente referir que desde 1963, atendendo à natureza da própria região Sul, foram criados vários comboios sob a custódia da Marinha como os de Bedanda, Catió e Bissum. Mas estes comboios percorriam igualmente a região de Cacheu". 
O autor detalha os comboios feitos no rio Cumbijã e toda a rede de comboios que navegavam pelo Sul. É neste contexto que faz uma chamada de atenção para o caso do uso das minas pelo PAIGC: 
“Depois de ter ocorrido o rebentamento de uma mina no rio Cobade, em 1967, passou a existir uma cortina avançada de botes de borracha guarnecidos pelos fuzileiros de escolta, em zonas críticas seguiam à frente da primeira unidade do comboio junto às margens, tentando detetar qualquer fio a elas preso”.

Mais adiante, em jeito de síntese, escreve o seguinte:
“Durante os anos da guerra da Guiné, foram inúmeros os incidentes resultantes dos muitíssimos contactos de fogo entre o inimigo e as nossas unidades navais, no desempenho das suas missões em águas internas daquela Província.
De 1961 a 1964, além dos 50 fuzileiros mortos em combate na guerra da Guiné, morreram igualmente em combate 8 praças ao serviço da Esquadrilha de Lanchas.
A verdade é que, apesar das dezenas de baixas e feridos, de centenas de furos e outros danos graves nos costados das embarcações, da LDM 302 ter sido afundada e recuperada duas vezes, foi possível assegurar, até ao fim, a utilização dessas vias de comunicação”.

Nota curiosa, não há nenhuma referência nesta comunicação à Operação Mar Verde nem às operações que envolveram Alpoim Calvão, o mais condecorado dos oficiais da Marinha.


Durante séculos usaram-se arbitrariamente diferentes topónimos para referir lugares da Guiné onde os portugueses marcavam presença: Terra dos Negros, Rios da Guiné de Cabo Verde, a Guiné de Cabo Verde, Senegâmbia. Encontrei numa comunicação de Teixeira da Mota, apresentada em Washington em 1950, a propósito dos contactos culturais luso-africanos na Guiné de Cabo Verde esta ilustração que me parece elucidativa para se compreender a presença portuguesa na Grande Senegâmbia até ao século XIX. Não esquecer que Honório Pereira Barreto escreveu a sua “memória” sobre a Senegâmbia portuguesa ainda na primeira metade do século XIX. Esta imagem tem um elevado peso histórico: a presença portuguesa confinava-se à faixa litoral, a Norte, acima do rio Gâmbia, em terra dos Sereres, havia povoados de comerciantes, uns oriundos de Cabo Verde, outros de descendentes de judeus, outros de filhos da terra. Infiltravam-se pelas zonas ribeirinhas, aproveitavam-se dos terrenos muitos baixos e atravessados em todos os sentidos por uma densa rede de canais e rias. Os lançados ou tangomaus para se defenderem dos corsários e piratas fortificaram-se e assim nasceu Cacheu (1558) a primeira vila portuguesa da Guiné, e até meados do século XVII surgiram Geba, Bissau, Farim, Ziguinchor e Porto da Cruz. Chegados ao século XIX, a Senegâmbia portuguesa estendia-se entre o rio Casamansa e o rio Nuno.
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15828: Notas de leitura (814): “Crónica de Uma Viagem à Costa da Mina no Ano de 1480", por Eustache de La Fosse (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P15841: Parabéns a você (1045): Artur Soares, ex-Fur Mil Mec Auto da CART 3492 (Guiné, 1972/74) e Joaquim Sequeira, ex-1.º Cabo Canalizador do BENG 447 (Guiné, 1965/67)


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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Março de 2016 Guiné 63/74 - P15838: Parabéns a você (1043): Joaquim Cruz, ex-Soldado Condutor Auto Rodas do BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

quinta-feira, 10 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15840: Memórias de Gabú (José Saúde) (61): Companhia de milícias guineenses jurou bandeira. Dia de ronco.



1. O nosso Camarada José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523 (Nova Lamego, Gabu) - 1973/74, enviou-nos a seguinte mensagem.

As minhas memórias de Gabu

Companhia de milícias guineenses jurou bandeira
Dia de ronco

A plateia estava bem composta e o dia era para celebrar a passagem a pronto de uma companhia de milícias africanos, sendo que o pessoal de Gabu correspondeu em pleno a um acontecimento que resvalou para uma jornada de ronco.

Na parada do quartel novo de Gabu, Nova Lamego, os pelotões marcharam, apresentaram armas, juraram bandeira e comprovaram fieldade ao exército português. Na retaguarda os civis não perderam a oportunidade em assistir ao evento e as mulheres grandes, as bajudas e os homens, alguns ostentando o traje da sua condição de régulos, lá fizeram a festa.

Afirmo, seguramente, que as vestes das mulheres transmitiam coloridos encantadores, próprios, aliás, de uma África próspera em esplêndidos encantos. As bajudas, essas meninas deslumbrantes, mostravam, vaidosas, a sua “mama firme” e lançavam piropos sobre o enviesado marchar dos rapazes da tabanca que, esporadicamente, lá trocavam o passo.


Recordo, com alguma intensidade, o inolvidável momento. O quartel encheu-se de gentes que aplaudiram o “esforço” ofertado à Pátria pelos soldados guineenses. A tropa, para eles, era sinónimo de uma maior estabilidade quer ela se tratasse pelo angariar de uns magros pesos ou mais uma “mão-cheia” de arroz que tanta falta fazia no seio familiar.

Citei, intencionalmente, a palavra Pátria porque naquele tempo poucos ousariam contradizer os poderes políticos instalados. Batiam-se palmas aos discursos escutados pelos “maiorais” e apelava-se ao sentido nato da defesa integral de uma Nação que se confrontava com três frentes de guerra no Ultramar.

Mas tudo era, ou parecia, absurdo. Sintetizando o conteúdo da mensagem que o bom do soldado lusitano conheceu, rompemos as amarras do tempo e falemos abertamente que a tropa nativa formava um esquadrão que via no exército da Metrópole um meio para satisfazer uma imensidão de caridades que o seu extrato social carecidamente impunha. 


Ora, é lógico que elogiemos a sua camaradagem, bem como aquela doada por uma população que demonstrava a sua inequívoca gratidão. A guerra, por outro lado, partilhava instantes insólitos e de autênticas disparidades. Com eles, camaradas guineenses, aprendi uma imensidão de circunstâncias que me ajudaram a conhecer o teor de uma peleja onde a imprevisibilidade de um adensado mato se apresentava literalmente como um verdadeiro enigma. 

Sendo o dia de ronco, e com a entrada do quartel franqueada ao povo, deixo nesta temática, que por ora trago à estampa, três fotos: a primeira comigo (à direita), com o alferes Santos, oficial de dia, ao meio, e à esquerda um camarada furriel miliciano mecânico, que não recordo o seu nome. As outras fazem parte do convívio com a população. 


Remato a narrativa com a pertinente questão que ainda hoje nos ocorre à memória e que, por vezes, serve de diálogo: Qual terá sido o futuro daqueles mancebos que naquele dia, 14 de março de 1974, juraram bandeira sob a proteção de uma Pátria distante e sabendo-se que no mês seguinte, em Lisboa, a ditadura caiu e a Revolução dos Cravos estourou, dando-se o memorável 25 de Abril e, naturalmente, a entrega das antigas colónias ultramarinas aos movimentos que ao longo dos anos lutaram no terreno em defesa da sua liberdade?

Um abraço, camaradas 
José Saúde
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BART 6523

Mini-guião de colecção particular: © Carlos Coutinho (2011). Direitos reservados.
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste desta série em: 

7 DE FEVEREIRO DE 2016 > Guiné 63/74 - P15717: Memórias de Gabú (José Saúde) (60): A fuga

Guiné 63/74 - P15839: O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande (101): O 'irmão guineense', doutor Augusto Paulo Silva, que, quando era adolescente costumava ouvir o PFA - Programa das Forças Armadas, e andou estes anos todos à procura do "dono daquela voz"... (Silvério Dias, o 1º srgt, radialista do PIFAS, "casado com a senhora tenente", beirão, "poeta todos os dias" e, provavelmente, o atual decano do nosso blogue)



Silvério Dias, a sra. Tenente e a "inesperada" visita de um irmão da Guiné:  Augusto Paulo Silva, hoje doutor em biologia, a viver e a trabalhar no Brasil... Foi secretário de estado da saúde da Guiné-Bissau, e era amigo do nosso amigo Pepito...

Fotos: © Silvério Dias (2016). Todos os direitos reservados



1. Mensagem do nosso grã-tabanqueiro Silvério Dias [ ex-2º srgt art, CART 1802, Nova Sintra, 1967/69; 1º Srg Art, locutor do PFA, Bissau QG/CTIG, 1969/74;  civil, delegado de propaganda médica, 1974/76, em Bissau; 1º srgt art ref]



“HIS MASTER VOICE”

Uma questão à volta desta frase: "Quem era o dono daquela voz 'emprestada' ao PIFAS?"

Rapazinho guineense viveu com esta dúvida durante largos anos, mas nunca desistindo de a tentar esclarecer. E foi através da “Tabanca Grande”, após incansável procura que chegou até mim.

A descoberta deveu-se à ligação do Augusto Paulo Silva com o “Tabanqueiro-Mor”, Luís Graça,  e através do blogue que nos irmana. Por insinuações expostas, respondi: à indicação que procuram…só poderei ser eu mesmo. 

Passados 48 anos, o rapazinho guineense, é hoje um ilustre doutorado que no Brasil exerce uma notável actividade no campo da Biologia, após formação na Moldávia, desempenhos em Portugal, para finalmente se instalar em Petrópolis, onde lhe rendem justa homenagem. 

O dono da tal voz é um simples Beirão que foi militar na Guiné, em Moçambique e na Índia e que teima manter-se vivo nos seus oitenta e tais…bem vividos, na Graça de Deus! 

Resumindo o final da estória, o Doutor Augusto esteve em Lisboa.  numa Missão Oficial da CPLP. O que foi difícil no passado, foi facílimo no presente. Recebido em minha casa com honras de “Homem Grande”, o Augusto e eu próprio firmámos de imediato um trato que irá perdurar: Somos desde agora, “IRMÃOS DA GUINÉ”!

Fica registado em “Conservatória Virtual”, com carácter definitivo. Também a prova fotográfica que nos identifica, bem assim, a Senhora Tenente, ela tão recordada e que. felizmente, mantenho a meu lado.


Silvério Dias – O ex-Primeiro do “Pifas”.


2. Poema publicado no blogue Poeta todos os dias, no passado dia 5 do corrente:

"IRMÃOS DA GUINÉ"

Tive hoje uma visita especial
De alguém que me conhecia pela voz
E em gesto único e cordial
Resolveu desatar uns nós!...

Era através da Rádio, na Guiné.
Garoto, fez-se meu admirador,
Acalentando sempre a fé
De um dia conhecer tal senhor.

Fez-se homem e doutorado,
Correu mundos pela ciência
Da Biologia, e bem graduado
Alcançou notável evidência.

No Brasil, obteve o saber
De quem a voz tinha pertença.
Fácil foi então estabelecer
Ligação escrita, ganha na crença.

Mas hoje e porque presente
Em missão oficial relevante
Nos encontrámos, finalmente!
Atingimos objectivo importante:

Encontro de "irmãos guineenses"
Que se abraçaram, fraternais!
Estórias assim, sendo presentes,
Dão ao mundo um sinal mais.

Caro Augusto, no teu regresso,
À actual morada brasileira,
Continua assim igual, te peço!
Eu serei, sempre, um homem da Beira! 

Silvério Dias

Publicada por Poeta Todos os Dias à(s) 16:05


3. Mensagem de Augusto Paulo Silva, enviada em tempos ao nosso blogue e reencaminhada para a "malta do Pifas":

Data: 21 de Fevereiro de 2014 22:03
 Assunto: Pedido de informação

Caro Prof. Luís Graça,

Sou visitante assíduo do seu blogue há muitos anos não só por ser guineense, mas sobretudo porque considero estas memórias, deixadas pelos seus companheiros, parte integrante da história da Guiné-Bissau. Como tal, todos vós merecem e merecerão toda a nossa consideração e estima.

Estes dias com o desaparecimento do nosso saudoso colega PEPITO, depois de ler alguma coisa sobre ele num blogue guineense que também me remeteu para o link do Público, acabei por descobrir que também este jornal foi beber ao Luís Graça. Ávido de encontrar mais coisas sobre o nosso PEPITO, meti atalho para o Luís Graça. Embora não tenha encontrado ainda o PEPITO, fiquei deliciado com os muitos posts cheios de histórias do meu/nosso país.

Como sabe, nessa época vivia eu em Bissau no auge da minha adolescência e, como residente de um dos bairros dessa cidade, ouvia-se muito rádio tanto da emissora provincial como, mais tarde, do famoso programa radiofónico das forças armadas (PFA), para além de relatos de futebol aos fins de semana. É precisamente aqui onde queria chegar com este pedido. Dos locutores do PFA que me marcaram, destacaria um que cujo nome nem me passa pela cabeça. Tinha conhecimento que era furriel ou sargento, mas tinha uma dicção ímpar de tirar chapéu. Um verdadeiro locutor. Só o conhecia de longe. Será que ele está vivo?

Não resisti à tentação de lhe apresentar esta curiosidade e que muito lhe agradeço pela oportunidade.

Um grande abraço,

Augusto Paulo Silva
Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS)
FIOCRUZ Center for Global Health
Palácio Itaboraí
Rua Visconde de Itaboraí
188 - Valparaiso
CEP: 25655-031 RJ
Petrópolis – Rio de Janeiro
BRASIL
(+55) 24 2246-1430 (Telefone do Palácio)

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Guiné 63/74 - P15838: Parabéns a você (1044): Joaquim Cruz, ex-Soldado Condutor Auto Rodas do BCAÇ 4512 (Guiné, 1972/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Março de 2014 Guiné 63/74 - P15830: Parabéns a você (1042): António Marques Lopes, Cor Art Ref (DFA), ex-Alf Mil Art da CART 1690 (Guiné, 1967/69)