sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17649: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (11): Págs. 81 a 88

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Primeiros 10 postes da série de:

30 de junho de 2017 > Guiné 61/74 - P17529: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (1): Até à pág. 8

4 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17542: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (2): Págs. 09 a 16

7 de Julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17553: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (3): 17 a 24

11 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17566: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (4): Págs. 25 a 32

14 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17581: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (5): Págs. 33 a 40

18 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17595: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (6): Págs. 41 a 48

21 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17608: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (7): Págs. 49 a 56

25 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17617: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (8): Págs. 57 a 64

28 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17625: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (9): Págs. 65 a 72

1 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17640: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (10): Págs. 73 a 80

Guiné 61/74 - P17648: Notas de leitura (983): Um belo conto de Abdulai Sila, “O Reencontro” (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Março de 2016:

Queridos amigos,
Temos aqui feito referência a toda a obra literária deste magnífico romancista, contista e dramaturgo.
É escritor luso-guineense, o amor pelo seu país atravessa toda a sua obra, não esconde a deceção de todas as desditas guineenses, brande a esperança, caustica os prepotentes, é um paladino da libertação da mulher, como este conto tão magnificamente atesta. É incompreensível que os editores portugueses o ignorem, ele que tem obra já publicada no estrangeiro. Maneja pericialmente o crioulo, trata o colonialismo sem retórica e, acima de tudo, tudo parece aceitar menos a resignação e as palhaçadas do poder.

Um abraço do
Mário


Um belo conto de Abdulai Sila

Beja Santos

À procura de elementos relacionados com a literatura da Guiné-Bissau, deparei-me num arquivo com o número 1 da revista Tcholona (palavra crioula que poderá significar arrancada), datada de Abril de 1994. Foi aqui que encontrei o conto "O Reencontro", de Abdulai Sila, inquestionavelmente o grande prosador guineense atual. A palavra ao escritor:

O Reencontro

O tempo passava e ela continuava à espera.

O silencia era quase absoluto. Naquela noite, misteriosamente, não se ouvia nem o ladrar habitual dos cães vadios que àquela hora costumavam relatar as suas aventuras. Mesmo o vento, por razões desconhecidas, caminhava silenciosamente, arrastando consigo um bando de nuvens, as quais ameaçavam retirar-lhe a sua única companheira naquela noite sem estrelas. A lua insistia todavia em manter a companhia, continuando a espreitar entre as nuvens. Este ato de solidariedade desinteressada permitia confirmar o vazio da estrada lamacenta que passava perto e, esporadicamente, dava aos charcos de água que povoavam a mesma estrada um brilho extravagante, que contrastava com a densa escuridão que cobria todo o bairro.

O tempo passava e ela continuava à espera.

Sem piedade nem compaixão, os mosquitos picavam. Subitamente, ela viu-se engajada num combate feroz que a obrigava a movimentos bruscos das mãos e dos pés. Movimentos que se multiplicavam com a intensidade da batalha e ameaçavam seriamente violar o silêncio que se impusera e que convinha manter. Como solução de recurso, ela abriu a carteira pendurada no encosto da cadeira onde se encontrava sentada e sacou dela um lenço. Deixou de haver baixas, mas o silêncio foi reconhecido e respeitado.

Mas o tempo passava e ela continuava ainda à espera.

Pegou no blusão e pôs sobre os ombros. As costas tiveram maior proteção, mas os braços perderam em liberdade de movimento. Os últimos botões da camisola de algodão foram abotoados e as calças voltaram a ser esticadas para baixo, até as pontas beijarem as sapatilhas. Excetuando estas últimas, as restantes peças eram todas relíquias de uma era distante, de um passado que se pretendia agora presente. Era o traje que ele dizia gostar mais e ela usava frequentemente para lhe agradar.
Um clarão surgiu na sua memória e segundos depois foi o estrondo no seu coração. Um relâmpago fez reviver momentos do passado e que provocou o despertar de emoções e sentimentos impiedosamente recalcados. As recordações começaram então a desfilar uma a uma, com toda a prepotência e altivez que o tempo e a vitória sobre o esquecimento lhes tinham atribuído. Foi uma parada como ela nunca tinha vivido.
As recordações da adolescência ainda eram tão nítidas! Os olhares carregados de simpatia e os sorrisos que sempre lhes acompanhavam. A vergonha camuflada que vinha depois. A atração mútua e o desejo de estarem juntos, de conversarem, de sonharem acordados. A repreensão de amigas e familiares que inviabilizam os sonhos e reputavam o amor de impossível. A juventude trouxe os encontros secretos e os beijos frenéticos. A descoberta dos prazeres do corpo e o pecado que se lhe seguiu. O amor manifestou-se amputado e a ele se seguiram a desilusão e a deceção sem parceiros. O casamento forçado surgiu como prémio e dele resultaram duas certezas contraditórias: o amor pelos filhos e o amor pelo primeiro amor. Um trazia o alento, o outro a frustração. Um suscitava alegria sem limites e oferecia carinho, o outro era uma doença, cujo tratamento dons de que não dispunha. Entre a esperança e a tragédia, a ansiedade e a miséria, o casamento diluiu-se. Ficaram os dois amores que, paradoxalmente, cresciam juntos.

O tempo passava e ela continuava à espera.

O encontro tinha sido marcado de uma maneira muito discreta. Foram um olhar e uma frase curta. “Depois vou passar”, tinha ele dito entre os dentes. Não havia referência do local nem da hora. Como nos velhos tempos. E como nesses tempos, ela aceitara com o silêncio. Como depois de todo aquele tempo, ela aguardava com paciência. Paciência de quem não tinha mais ilusões. Das lições de uma vida sem parâmetros definidos tinha ela aprendido a arte de não sonhar, a faculdade de viver sem ambições, o martírio permanente de reprimir ansiedades e ambições hipotéticas à felicidade matrimonial, o direito a um companheiro…
Sabia que podia ser tempo perdido em vão, aquele que estava a gastar esperando. Sabia também que poderia naquela noite acontecer algo que estava pressentindo há muito tempo. Foi provavelmente esse “algo” que a arrastou para o comício e a obrigou a ouvi-lo falar e a seguir atentamente os seus gestos. Descobriu, no meio do discurso, que as suas palavras tinham um outro significado. Eram palavras e gestos que os outros aplaudiam com entusiasmo, mas que ela sabia que eram de quem estava perdido, arrependido, e pedia a sua ajuda. Uma ajuda que ela ia prestar.

Por isso o tempo passava e ela continuava à espera.

Um novo relâmpago e surgiram emoções inéditas. O coração batia um novo ritmo e os lábios puseram-se a dançar. Desejos insolentes começaram a desfilar. O corpo inteiro foi abalado. Um abalo semelhante a outros ocorridos vários anos atrás, que faziam crescer a ansiedade e sequestravam a razão. Subitamente, ocorreu o inesperado. As mãos tremeram e os sentidos vacilaram. No cérebro, um único desejo. Mas o tempo passava e ele não aparecia.
No céu, a lua, provavelmente comovida, desaparecera sob o espesso manto escuro das nuvens no exato momento em que, de um dos charcos de água, começou a cantar um sapo, numa voz muito comovente, uma canção de amor. O texto da canção eram extratos de um longo poema de amor. Falava de uma paixão de infância que nunca tinha sido correspondida. Era a história de uma menina com coração de ouro, mas sem dotes, que vivia numa sociedade de gorilas. Os versos rimavam maravilhosamente e a melodia era fascinante. O tempo parecia não ter fim e o sapo não dava sinais de cansaço. Descreveu as desavenças e revelou as injustiças. Falou de esperanças rejuvenescidas e de um reencontro que se anunciava.
De repente o vento, achando aquela canção uma blasfémia, irritou-se e começou a berrar forte e feio. O sapo, aborrecido, abandonou o palco.

Começou a chover e ele não aparecia.

Ela levantou-se e, lentamente, desceu os degraus das escadas um a um. Em poucos instantes ficou completamente molhada. O vento irritado não viu, mas o sapo observou atentamente, com os seus grossos olhos, como os pingos espessos da chuva acariciavam a sua pele. As gotas limparam-lhe as lágrimas e o batom da cara. Inquilina de longa data, a tristeza ainda quis resistir, mas acabou sendo levada pela corrente de água para uma morada desconhecida.
Ninguém, nem o sapo-dijidiu, soube dizer se o encontro teve lugar. O que todos viram depois daquele banho foi um brilho diferente nos olhos dela.
Houve quem dissesse que aquele brilho era a manifestação da felicidade que se instalara finalmente no coração da mulher que era uma menina que um dia sonhara com um amor impossível. Uma mulher que tinha um coração de ouro que, sob uma forte chuvada, numa noite escura sem luar, se reencontrara a si mesma.
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Nota do editor

Último poste da série de 31 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17638: Notas de leitura (982): “L’Afrique Étranglée”, por René Dumont e Marie-France Mottin, Éditions du Seuil, 1980 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17647: Parabéns a você (1292): José Nunes, ex-1.º Cabo Mec Auto Electricista do BENG 447 (Guiné, 1968/70) e TCor Inf Ref Rui Alexandrino Ferreira, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1420 e ex-Capitão Inf, CMDT da CCAÇ 18 (Guiné, 1965/67 e 1970/72)


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Nota do editor

Último poste da série de 31 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17633: Parabéns a você (1291): Manuel Augusto Reis, ex-Alf Mil Cav da CCAV 8350 (Guiné, 1972/74)

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17646: Agenda cultural (577): "Heróis que o tempo não apaga", palestra de capitão Aveiro, o escritor Valdemar Aveiro, Clube de Vela da Costa Nova (CVCN), Costa Nova do Prado, Ílhavo, 18 de agosto de 2017, às 21h30


Palestra baseada no livro do ilhavense Valdemar Aveiro, mais conhecido por Capitão Aveiro, "Heróis que o tempo não apaga: um conto real de vida", obra que acaba de ser editada, em maio último, pela Fundação Gil Eanes, com sede em Viana do Castelo.

São histórias e memórias da faina diária a bordo de um lugre bacalhoeiro, contadas na primeira pessoa do singular, por quem viveu de perto esta nossa odisseia coletiva, a pesca do bacalhau à linha.

Apresentação a cargo de Artur Aguiar.

Local, data e hora: Clube de Vela Costa Nova (CVCN), av José Estevão, Costa Nova do Prado, Ílhavo, tele 234 369 300... No dia 18 de agosto de 2017, às 21h30.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de julho de 2017 >  Guiné 61/74 - P17627: Agenda cultural (576): Montemor o Novo, Biblioteca Municipal, Clube de Leitura, ciclo temático "A guerra colonial", 2ª sessão: "África na Literatura Portuguesa - Um tema de uma geração", por Carlos Matos Gomes, 4 de agosto, às 18h00. Entrada livre, aberta e incentivada à participação de todos/as.

Guiné 61/74 - P17645: Convívios (820): Almoço do pessoal da Tabanca da Maia, realizado no passado dia 29 de Julho de 2017 (Abel Santos, ex-Soldado At Art)


1. Em mensagem do dia 31 de Julho de 2017, o nosso camarada Abel Santos (ex-Soldado Atirador da CART 1742 - "Os Panteras" - Nova Lamego e Buruntuma, 1967/69) enviou-nos o rescaldo do Almoço/convívo de Julho da Tabanca da Maia:


Almoço/convívio do mês de Julho da Tabanca da Maia

Mais um almoço/convívio da Tabanca da Maia Tertúlia, que se realizou no pretérito sábado, dia 29 de Julho de 2017. 

Foi mais uma jornada de salutar convívio e de afirmação castrense, entre camaradas que outrora, lá na longínqua África se bateram pela sua Pátria, dignificando a sua Bandeira com sangue suor e lágrimas, que ainda hoje rebeldes, descem pelas faces como que recordando tempos idos, no qual ainda meninos e moços se transformaram em homens.


Jesus Dias e Abel

Da direita para a esquerda: Abel, Joaquim Marques, José Marques, Oliveira e Novais

Fernando Pinto e o Régulo Casimiro

Marco, Abel, Armando e José Marques

Um pezinho de dança

Casimiro saudando os presentes

Marco guloso e o confrade das cebolas

Pinho, Fernando Pinto e Casimiro

Joaquim Almeida, é dos primeiros a chegar à Guiné

Novais, Casimiro, Jesus Dias e Vilas

O camarada cantor
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Nota do editor

Último poste da série de 27 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17624: Convívios (819): Estão convocados os camaradas e amigos da Tabanca de Porto Dinheiro para atacar a monumental "batatada tradicional de peixe seco" no dia 31 de julho, segunda feira, com concentração por volta das 19h, na Associação Cultural e Recreativa da Ventosa (do Mar), Lourinhã.... E, já agora, sabem porque é que as tropas de Junot perderem a batalha do Vimeiro em 1808 ? É porque não sabiam que o peixe seco da Lourinhã era um produto "gourmet"... (Eduardo Jorge Ferreira, o régulo)

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17644: Efemérides (262): recriação histórica da batalha do Vimeiro (1808). Parada e desfile na vila da Lourinhã, dos grupos de recriadores (Portugal, Espanha, França e Inglaterra)



Vídeo (0' 38'') > You Tube > Luís Graça (2017)


Vídeo (1' 12') > You Tube > Luís Graça (2017)





Foto nº1


Foto nº 2


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5


Recriação da batalha do Vimeiro (1808). Desfile dos grupos de recriadores (oriundos de Portugal, França, Espanha e Inglaterra) pelas ruas da Lourinhã em direção à Praça José Máximo da Costa. Cerimónia do hastear de bandeiras junto ao edifício dos Paços Município, seguida de mensagem de boas-vindas do Presidente da Câmara, eng João Duarte.


Fotos e vídeos: © Luís Graça (2017). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Recorde-se que a Batalha do Vimeiro foi travada no dia 21 de agosto de 1808 entre o Exército Francês, comandado por Junot, e o Exército Anglo-Luso, sob o comando de Arthur Wellesley.

Após os combates na Roliça (que integra hoje o concelho de Bombarral),  no dia 17 de agosto,  Arthur Wellesley marcha para a zona do Vimeiro, Lourinhã,  a fim de fazer o desembarque de reforços na Praia de Porto Novo (, concelho de Torres Vedras).

As tropas anglo-lusas mantiveram uma posição defensiva no Vimeiro, aproveitando a geografia do terreno. Os franceses, reunidos em Torres Vedras, decidiram tomar a ofensiva, chegando à Carrasqueira na manhã de 21 de agosto. A partir desse ponto, Junot (antigo embaixador da França em Portugal...) deu ordem de marcha para a batalha.

Os confrontos mais importantes e decisivos aconteceram no outeiro do Vimeiro. Após dois ataques fracassados e percebendo a impossibilidade de tomar o outeiro, Junot enviou tropas para tomar a localidade. Na zona da igreja, travou-se uma sangrenta peleja que acabou com a retirada dos franceses, perseguidos pela cavalaria anglo-lusa.

Sem conhecimento da situação do flanco esquerdo, duas brigadas francesas confrontaram os britânicos nos altos da Ventosa. Uma vez mais, os franceses viram-se forçados a recuar.

A batalha do Vimeiro foi uma vitória inegável do Exército Anglo-Luso sobre as forças da França Imperial, pondo termo à Primeira Invasão Francesa. Junot perdeu cerca de 2000 homens, entre mortos, feridos e prisioneiros e o exército anglo-luso cerca de 700.

Fonte: Sítio do Município da Lourinhã.

Para saber mais:
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Guiné 61/74 - P17643: Historiografia da presença portuguesa em África (84): Revista Turismo de Janeiro de 1956 (1) (Fernando Barata, ex-Alf Mil Inf)



1. Mensagem do nosso camarada Fernando Barata (ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2700, Dulombi, 1970/72) com data de 29 de Julho, trazendo ao Blogue umas páginas da Revista Turismo de Janeiro de 1956, publicitando algumas das firmas existentes à época na Guiné:

Carlos
Folheando a revista Turismo (Janeiro de1956), exemplar totalmente dedicado à Guiné Portuguesa, não resisti a enviar-te a publicidade nela inserta e através da qual podemos aquilatar qual o tecido empresarial existente na Guiné, à data.
Provavelmente, destas empresas, alguns dos elementos da nossa Tabanca lembrar-se-ão.

Grande abraço
F. Barata









(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17628: Historiografia da presença portuguesa em África (83): Um testemunho sobre a deportação de Abdul Indjai em 1919 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17642: Os nossos seres, saberes e lazeres (224): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (3) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 24 de Abril de 2017:

Queridos amigos,
Valeta é um macrocosmos que desperta sentimentos ambivalentes: entre o mar e o céu que emitem a leveza mediterrânica, o peso das muralhas ciclópicas, a desmesura do barroco, a marcação cerrada de uma monumentalidade com fontes, estátuas, bastiões, a disposição ortogonal de uma cidade que se precipita para o porto, sentimos o compasso do tempo e o curso das civilizações.
Sai-se de Valeta e sucedem-se as surpresas: nomes árabes como Hal Qormi, Ir-Rat, L-Imtarfa, uma cidade como Mdina tem uma catedral barroca dentro de muralhas árabes, a escassos quilómetros de Valeta temos as catacumbas, torres monolíticas e qualquer apreciador da História não pode deixar de visitar Tarxien, locais megalíticos, tem magníficos relevos esculpidos, atestam os de civilizações que por aqui passaram quatro milénios antes de Cristo.
Mas há mais, muitíssimo mais a descobrir em Malta e Gozo.

Um abraço do
Mário


De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: 
À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (3)

Beja Santos

A presença inglesa em Malta foi um facto a partir de 1800, só na década de 1960 é que se deu a partida da potência colonial e se consagrou a independência. Os sinais desta presença britânica são inúmeros e determinantes: primeiro a língua, o tipo de estabelecimentos, cabina telefónica e o marco do correio, a estátua da Rainha Victoria em que a pedra lavrada simboliza um trabalho das bordadeiras da ilha de Gozo, a sumptuosa igreja anglicana, o nome de estabelecimentos comerciais, de localidades como Victoria (Gozo), Pembroke, St. Thomas Bay ou Buskett Gardens. Malta foi estratégica em termos de informação aeronaval no Mediterrâneo, durante a guerra, esses subterrâneos podem ser visitados e aí se avaliar a importância destes gabinetes de guerra.





Quem pega no guia de Malta tem como sugestões fundamentais o passeio pela coluna vertebral de Valeta, Republic Street, recomenda-se a contemplação dos fortes e fortificações e o Porto Grande, considerada a paisagem mais emblemática de Malta; dão-se igualmente sugestões para visitar a Concatedral de São João onde está a tela de Caravaggio, A Decapitação de São João Batista, o palácio do grão-mestre, em primeiro lugar. O viandante não gosta dessas formalidades, faz um compromisso entre o informal, os encontros com o acaso e as propostas sacramentais. Encosta-se a uma muralha e aprecia a sumptuosidade do albergue de Castilha, Leão e Portugal. É que os Cavaleiros Hospitalários tinham estalagens de acordo com as suas línguas ou coesão territorial. Este albergue foi remodelado e embelezado com uma fachada barroca em 1741. É hoje a sede dos gabinetes do primeiro-ministro.


Depois de uma pratada de fachadas barrocas, desce-se dos jardins superiores da Barrakka até aos inferiores, é uma tentativa para perceber como o Porto Grande se tornou o centro de operações da Marinha Real no Mediterrâneo. Malta era uma placa giratória para os navios de comércio que viajavam pelo Suez até à Índia, Singapura e Austrália – mais de cinco mil por ano em finais do século XIX. Ver o porto é saborear em simultâneo a monumentalidade das defesas, as casas apalaçadas, os armazéns, contemplar os navios que partem para Itália ou para cruzeiros no Mediterrâneo, ver estes poderosos bastiões que pouco mudaram desde que foram erigidos no final do século XVI. Pode dizer-se sem exagero que o legado arquitetónico dos Hospitalários permanece intacto.


Uma das recomendações que se fornece ao turista é de que contempla sem pressa o emaranhado da arquitetura civil de onde despontam as célebres janelas avarandadas que lhe dão um timbre muito particular. O viandante queria apanhar um ferry para Sliema, do lado oposto, é uma zona com passeio marginal pejada de hotéis e restaurantes. Enquanto o ferry não chegava registou-se este conjunto imponente de onde seguramente se desfruta uma panorâmica sem rival.


Ando à procura de uma das figuras mais ditosas, António Manuel de Vilhena. Não começa o viandante por o procurar em Valeta, vai até Mdina, que foi capital de Malta antes da chegada dos hospitalários, é o magnífico enclave fortificado no topo de uma colina. Está marcada pela presença árabe, eles fortificaram uma parte de Mdina, separando-a da vizinha Rabat, onde o viandante irá mais tarde, à procura das Catacumbas de São Paulo. Mdina foi muito danificada por um terramoto em 1693 e reconstruida em estilo barroco. Aqui está o Palazzo Vilhena, que alberga hoje o Museu de História Natural de Malta. Houve para aqui obras com farta contribuição da Fundação Gulbenkian, como se pode ver da lápide.




Agora o viandante vai percorrer languidamente esta cidade com imensos sinais medievais, tomar um chá à inglesa e calcorrear por Rabat. Bendita peregrinação nesta pequena ilha que é um cadinho precioso da história da Roma.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 26 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17619: Os nossos seres, saberes e lazeres (223): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do grão-mestre António Manoel de Vilhena (2) (Mário Beja Santos)

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17641: Lembrete (25): No próximo dia 4 de Agosto, às 18h00, o Clube de Leitura da Biblioteca Municipal Almeida Faria, Montemor-o-Novo, realizará a segunda sessão integrada no Ciclo de Leitura e Debate subordinada ao tema "A Guerra Colonial”, com a intervenção do Coronel Carlos Matos Gomes (José Brás)



1. Mensagem do nosso camarada José Brás (ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68) com data de 28 de Junho de 2017:

No próximo dia 04 de Agosto (uma sexta-feira) às 18h00, o Clube de Leitura da Biblioteca Municipal Almeida Faria, Montemor-o-Novo, realizará a sua segunda sessão integrada num Ciclo de Leitura e Debate com pano de fundo a “Guerra Colonial” na Literatura portuguesa.

Esta sessão terá a apresentação do Coronel Carlos Matos Gomes que, a partir de “Nó Cego” abordará "África na Literatura Portuguesa - Um tema de uma geração".



A sessão tem entrada livre, aberta e incentivada à participação de membros e não membros do Clube de Leitura.

Integrado no ciclo, decorrerá no espaço da Biblioteca, uma exposição com mais de uma centena de títulos sob o tema da Guerra Colonial.
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 Nota do editor

Último poste da série de 8 de julho de 2017 > Guiné 61/74 - P17557: Lembrete (23): Hoje, sábado, na Tabanca dos Melros (Fânzeres, Gondomar), apresentação do II volume do livro do José Ferreira, "Memórias Boas da Minha Guerra"... Daqui a um bocado, às 10h30, que de manhã é que se começa o dia... E como prenda o autor deixa aqui, em reedição, mais um dos seus microcontos, e que, não é por acaso, tem a ver com o tema da atualidade (do nosso blogue...), o Serviço Postal Militar (SPM), e as suas pequenas misérias e grandezas, já depois do 25 de Abril, no rescaldo da guerra colonial