sábado, 12 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17665: Agenda cultural (578): Apresentação, em Crestuma, do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" - Volume II, da autoria de José Ferreira, levada a efeito no passado dia 5 de Agosto

Crestuma, 5 de Agosto de 2017 - Apresentação do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" - Volume II, da autoria de José Ferreira

Memórias Boas da Minha Guerra - Volume II
Autor: José Ferreira
Chiado Editora - Julho de 2017

No passado sábado, dia 5 de Agosto, integrada nas Comemorações do 4.º aniversário do CRASTUMIA (Centro Associativo Cultural de Crestuma) foi apresentado, na Junta de Freguesia de Crestuma, o Volume II das "Memórias Boas da Minha Guerra", da autoria do nosso camarada José Ferreira da Silva.

Por se estar pleno Agosto, mês de férias para a maioria das pessoas, o José não teve presente a moldura humana que merecia. Mesmo assim, aqueles que puderam não deixaram de estar presentes. Entre a assistência viam-se, familiares, amigos e camaradas de armas, entre estes "Os Bandalhos", que se fizeram representar ao mais alto nível.

A Mesa era composta por: Francisco Baptista, Combatente; Ricardo Figueiredo, Combatente; Romualdo Mota e Silva, Presidente do Crastumia; Alberto Moura, amigo do autor, que mais uma vez coordenava a apresentação do livro; Manuel Azevedo, Presidente da União de Freguesias de Sandim, Olival, Lever e Crestuma; Carlos Vinhal, combatente; e pelo autor, José Ferreira.

Sensivelmente pelas 18h30, o coordenador Alberto Moura dava início à sessão de apresentação do livro "Memórias Boas da Minha Guerra" - Volume II, saudando os presentes e dando de imediato a palavra ao Presidente da União de Freguesias, Manuel Azevedo, anfitrião do evento.

Alberto Moura

O anfitrião Manuel Azevedo dando as boas-vindas aos presentes

Falou em seguida o Presidente da CRASTUMIA, Dr. Romualdo Mota e Silva que salientou as qualidades do autor, que é vice-presidente daquele Centro Associativo e Cultural, assim como das suas actividades sociais e culturais em favor das gentes de Crestuma, desde há longos anos. Aproveitou o ensejo para fazer o balanço da actividade da Colectividade a que preside, no momento a comemorar os seus 4 anos de existência.

O Dr. Romualdo Mota e Silva durante a sua intervenção

Foi dada a palavra ao combatente Ricardo Figueiredo, um dos Bandalhos presentes, que falou da guerra na Guiné, dos seus números e particularidades, para depois recensionar o livro em apresentação. Como não podia deixar de ser, a sessão começou a animar já que o livro fala dos aspectos menos maus da guerra, porque como diria o José Ferreira, na guerra também se viveram bons momentos.

O combatente Ricardo Figueiredo à volta com os números da guerra na Guiné

Mais uma vez, na qualidade de editor do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, interveio o combatente Carlos Vinhal, que fez uma pequena apresentação do Blogue, onde é co-editor, e da colaboração do José Ferreira nesta página que deu origem aos dois livros do autor.

Intervenção de Carlos Vinhal

O Bandalho Francisco Baptista tomou a seguir a palavra para fazer a sua apreciação ao livro e falar do autor. Do livro reteve a excelente qualidade da escrita, e das histórias de vida nele contidas, ao autor, classificou como cidadão exemplar, excelente amigo e camarada.

O combatente Francisco Baptista

E, por último, subiu ao "púlpito" o autor José Ferreira que, com aparente falta de jeito para falar, já que se acha mais à vontade a escrever, agradeceu a presença de todos, especialmente a dos seus familiares. Não esqueceu o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné que, segundo ele, tem a grande culpa de ter editado estes dois livros. Recordou histórias e momentos nelas relatados.

O autor José Ferreira

Perto das 20 horas, Alberto Moura encerrou a sessão, seguindo-se o jantar comemorativo do 4.º Aniversário do Centro Associativo Cultural de Crestuma (CRASTUMIA), ali mesmo ao lado do edifício da Junta de Freguesia, no qual os combatentes e demais participantes na apresentação do livro, também tiveram assento.

Por estranho que pareça, todos estes 9 combatentes cumpriram a sua comissão de serviço na Guiné e pertenceram à Arma de Artilharia.

Fotos: ©Pedro Sousa/Crastumia, com a devida vénia

Com a devida vénia a Terras de Gaia - JORNAL / TV, aqui fica um pequeno filme do acontecimento da tarde:

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Nota do editor

Último poste da série de 3 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17646: Agenda cultural (577): "Heróis que o tempo não apaga", palestra de capitão Aveiro, o escritor Valdemar Aveiro, Clube de Vela da Costa Nova (CVCN), Costa Nova do Prado, Ílhavo, 18 de agosto de 2017, às 21h30

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17664: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (13): Págs. 97 a 104

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 8 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17657: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (12): Págs. 89 a 96

Guiné 61/74 - P17663: Notas de leitura (987): “Portugal e o Império Africano - Séculos XIX e XX”, coordenação de Valentim Alexandre, Edições Colibri, 2013 (2) (Mário Beja Santos)

“Portugal e o Império Africano – séculos XIX e XX”, coordenação de Valentim Alexandre, Edições Colibri, 2013


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 26 de Fevereiro de 2016:

Queridos amigos,
Esta coletânea de intervenções de investigadores dá-nos a possibilidade de percorrer a linha de fundo entre 1825 e a descolonização, perceber como o sistema político liberal procurou soluções depois do abolicionismo da escravatura, lançou exposições, favoreceu novas estratégias comerciais, pacificou etnias hostis, atraiu colonos e investimentos, incrementou culturas a exploração de riquezas. Império frágil, necessariamente, sempre à sombra de um aliado protetor, a Grã-Bretanha. Uma matriz ideológica irá percorrer a Monarquia, a República e o Estado Novo, aqui o regime não soube encontrar resposta para o turbilhão revolucionário, a sua consigna era aguentar. Salazar dizia aos seus íntimos que a III Guerra Mundial lhe iria dar razão. Não houve III Guerra Mundial, a coesão interna desfez-se e os militares mais jovens puseram termo ao impasse, quando se perfilava no horizonte um vexame de proporções incalculáveis.

Um abraço do
Mário


O Império Africano, séculos XIX e XX: 
Um olhar da nova historiografia (2)

Beja Santos

“O Império Africano, séculos XIX e XX”, coordenação de Valentim Alexandre, Edições Colibri, 2013, é uma coletânea de reflexões produzidas durante um curso de verão promovido pelo Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O coordenador estabeleceu moldura dos grandes eventos, ficou registado no texto anterior. Vejamos agora as grandes temáticas tratadas pelos outros intervenientes.

Primeiro, o abolicionismo. O novo pensamento comercial exigia o fim do comércio negreiro, Espanha e Portugal resistiram mais ou menos longamente à liderança moral e comercial britânica. O tráfico brasileiro ressurgira em força em 1834, a Inglaterra apertava a tenaz, formalmente abolimos a partir de 1839. O Marquês de Lavradio e Sá da Bandeira apresentaram em 1842 uma proposta para abolir o estado de escravidão, foi grande a polémica, os interesses dos proprietários dos escravos eram enormes. Em 1853 estava constituída a coluna vertebral da legislação abolicionista: a libertação de todos os escravos era formalmente uma realidade. Em 1874, Sá da Bandeira e Andrade Corvo pretendem regulamentar o trabalho africano. Mas não haja ilusões, recorrendo a inúmeros expedientes a legislação colonial permitia o uso arbitrário da mão-de-obra nativa.

Segundo, a economia colonial africana. Já se disse que da Monarquia à República e desta ao Estado Novo houve continuidade fundamental na colonização. Destaque-se o impacto do tráfico de escravos transatlântico: redefiniu relações sociais e políticas entre etnias, contribuiu para reestruturar identidades e instituições, expandiram-se redes comerciais que levavam as importações para o interior de Angola; a grande afluência de mercadorias importadas que acompanhou a procura de escravos não só provocou uma expansão geográfica como incrementou a produção africana de géneros para vender. Um investigador lembra-nos que “Ao entrar no século XIX o que é o Estado de Moçambique não constituía uma unidade política nem administrativa. Era a África Oriental Portuguesa, de contornos indefinidos, também designada por Conquista de Moçambique e Rios ou Capitania de Moçambique e Rios de Sena. Até 1752 dependia do Estado da Índia. Os locais onde se exercia a soberania portuguesa estavam reduzidos, além da ilha de Moçambique, às ilhas de Cabo Delgado, Inhambane e Lourenço Marques”. Foi o ouro e a prata que atraíram os portugueses. Quando se entrou no século XIX, a generalidade do senhorio era exercido por não europeus, senhores de terras, de escravos, investidos em autoridade colonial com o título de capitães-mores, comandante de milícias. O século XIX marca a ascensão das companhias: do ópio, do açúcar, faz-se comércio de marfim, introduzem-se as oleaginosas, a linha de caminho-de-ferro, atrai investidores e interesses bancário. E escreve-se: “No dealbar do século XX, o Centro e o Norte de Moçambique estavam em vias de ficar subordinados à administração das companhias majestáticas e de plantação, e o Sul, abatido o último grande império, o de Gaza, passava de uma administração militar de ocupação para uma administração colonial civil. Por todo o território as populações passaram a ser acusadas para o fornecimento de mão-de-obra, já não escrava, mas compelida, para as plantações, para a agroindústria, para as obras públicas, para os portos e caminhos-de-ferro. No Sul, estabeleceu-se uma emigração maciça de trabalhadores para a África do Sul. Tendo-se formado grandes massas de trabalhadores tanto dentro como fora da colónia, nem por isso estas profundas transformações sociais iniciadas em finais do século XIX projetaram uma burguesia e um proletariado capacitados para criarem as condições suscetíveis de subtrair Moçambique à condição mais intrínseca de colónia”.

A obra debruça-se sobre a questão colonial na política externa portuguesa. Em dado passo refere-se que no decurso da II Guerra Mundial, e já antes, eram essencialmente três os objetivos da nossa política externa: a defesa da independência nacional mormente contra o comunismo; a defesa do património colonial e a defesa da sobrevivência do regime. A partir de 1945, o regime sabe que se vai confrontar com a descolonização e por vagas. Tudo começa na Ásia e surgem as ameaças sobre o Estado da Índia, que será anexado em 1961. O Reino Unido sai da Índia, a França é derrotada na Indochina, praticamente toda a Ásia se liberta do colonialismo, segue-se a vaga do Norte de África e daí desce para os territórios habitados por negros. A partir de 1960, a ONU não mais largará o caso português, crescerá o isolamento diplomático. O regime de Salazar e de Caetano não conseguiram aberturas, não acharam respostas para o crescente evoluir da guerrilha até que a classe castrense, praticamente exaurida, deu a saída liquidando o regime e abrindo as portas à descolonização.

Foram diferenciados os caminhos seguidos por Angola e Moçambique. No primeiro país, a seguir à independência, veio a fatura das grandes divisões ideológicas contextualizadas pela própria Guerra Fria; a África do Sul sabia que o seu futuro dependia da contenção dos movimentos de libertação em Angola e Moçambique, procurou dar todo o apoio disponível, sobretudo em equipamento e informações. Mas a FRELIMO, na hora da descolonização, fez pesar para seu lado a vasta corrente internacional anticolonial.

O volume termina com a visão de Angola ao longo do século XX, até 1974, dá-nos um retrato da evolução da sociedade angolana durante a primeira república e o Estado Novo. Há números que dão que pensar. “Em 1950, menos de 1% da população não branca de Angola estava oficialmente na categoria de civilizada e em 1960 havia menos de 100 mil civilizados entre os 4 604 362 negros. Porém, o número de escolarizados cujo modo de vida se aproximava dos padrões europeus era muito maior do que aqueles a quem for permitido sair do estatuto de indígena”. Isso deve-se ao contributo das missões cristãs. O cristianismo aparece associado às transformações económicas e sociais geradas pelo sistema colonial, alterou conceções e modos de vida, práticas alimentares, de vestir, etc. Dessas missões cristãs saíram professores, enfermeiros, operários especializados e outros.

Este conjunto de comunicações são mais de que um olhar renovado da nossa historiografia; abrem o ecrã a uma leitura que pode formalmente iniciar-se em 1825 e findar com a descolonização, dão ao leitor a possibilidade de compreender como o liberalismo encontrou uma saída eficaz depois do trauma da independência do Brasil para reacender a mística imperial e ficamos a perceber como se estabeleceu uma linha de procedimento de absoluta simpatia com o império africano e como o regime de Salazar e Caetano não foram capazes de lidar com a torrente poderosa da descolonização. Ficaram ressentimentos mas a opinião pública de fundo aderiu sem remoques ao projeto europeu. O que nos leva a muitos séculos antes, quando se iniciou a expansão marítima e ao confronto das teses propugnadas pelo Infante D. Pedro e pelo Infante D. Henrique. Parecem acidentes da História ou talvez não.
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Nota do editor

Poste anterior de 7 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17655: Notas de leitura (985): “Portugal e o Império Africano - Séculos XIX e XX”, coordenação de Valentim Alexandre, Edições Colibri, 2013 (1) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 9 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17661: Notas de leitura (986): "Guiné: um rio de memórias", de Luís Branquinho Crespo: exorcizar velhos e novos fantasmas - Parte II (Luís Graça)

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17661: Notas de leitura (986): "Guiné: um rio de memórias", de Luís Branquinho Crespo: exorcizar velhos e novos fantasmas - Parte II (Luís Graça)

1. Continuação da "nota de leitura" do livro "Guiné: um rio de memórias", de Luís Branquinho Crespo (Leiria, Textiverso, 2017, 181 pp.; prefácio de António Graça de Abreu). (*)


O prefaciador da obra, o nosso camarada e escritor António Graça de Abreu, é o primeiro a destacar a qualidade da escrita de Luís Branquinho Crespo: “rica, acutilante, descomplexada, mas intensamente trabalhada” (p. 10). E isso é notório logo no cap. 1, o das despedidas e da partida para a Guiné: “agitou as mãos brancas em adeuses de saudades” (p. 14); “guarda ainda daquele dia o cheiro da roupa do pai, (…) padeiro, mantinha e exalava o cheiro macio da farinha à mistura com o sabor da côdea da broa de milho quente, quando acaba de sair do forno do pão” (p. 17); (…) “ficou-lhe colado, naquele instante, o cheiro a maçã molhada que exalava do rosto da mãe” (p. 19).

De resto, os cheiros, as cores, os sabores e as imagens do passado são uma presença constante ao longo do livro: (…) vinha-lhe à lembrança a humidade do clima e a frescura do cheiro de sabonete life-buoy após o banho inundando o ar e provocando sensações de limpeza e asseio numa atmosfera abafada de calor e de humidade” (p. 23); (…) “ocorria-lhe comer uma galinha de chabéu logo que chegasse” (p. 29); (…) “e naquele andar constante passam pelo Carlos de bunda tremida enquanto as mamas tremem como gelatina” (p. 43); (…) “alguém conseguirá descrever o cheiro da bolanha ?” (p. 52); (…) “é pegajoso aos sentidos e à memória, como a lama do tarrafo” (p. 53); (…) “foi escolhido jantar: sopa de peitos de rola. E depois, papaia bem regada com limão” (p. 86); (…) as papaias (…) estão gordas, grandes, redondas (…): são amojos de cabra prenha de leite” (p. 89); (…) “chega-se a Bafatá (…). Agora as casas são desabitações” (p. 91); (…) “a gente tem a alma aberta como ostra comida”(p.101)…

Enfim, são alguns exemplos, soltos, deste “pilão” onde o autor mistura, tortura e liberta memórias e

afetos, tornando apropriado o título do livro, "Guiné, um rio de memórias".

O livro vale também pelas memórias das gentes e dos lugares: Bissau, Saltinho, Guileje, Capé, Bafatá, Bambadinca, Xitole, Cussilinta, Buba, Mampatá, Varela, eQuinhamel,  no regresso a casa o deserto ou a sua borda marítima… “O deserto é fascinante: é um deslumbramento de silêncio” (p.162). Delicioso é o texto sobre a paragem em Marraquexe (cap. 20: Desmedidamente…. pp. 165-170), a cidade vermelha de mil encantos: (…) “o Joaquim [leia-se: António Camilo] era a décima quinta vez que ali estava” (p. 166)… “Dizia o Joaquim: não se percam . Tinha razão” (p. 167). (…) “o Joaquim perdeu-se do Carlos e o Xavier perdeu-se dos outros dois. Só muito tarde se encontraram. Vinham inebriados. Desmedidamente perdidos”… (pp. 168/169).

Quem volta à Guiné, como o Carlos, o Joaquim, o Xavier, o Matias…, e regressa a casa, nunca regressa completamente. O Carlos, tal como o Joaquim, passa a sofrer da síndrome da partida… e “ costuma dizer que tem mais dores aquele nunca regressa completamente” (p. 175).

Chegado ao fim desta “nota de leitura”, aqui ficam entretanto algumas chamadas de atenção para pequenos erros ou gralhas de toponímia, a corrigir em próxima edição.

- Varela e não Ponta Varela (pp. 119 e ss.) (Varela fica na região do Cacheu, ponta Varela fica na região de Bafatá, na margem esquerda do Rio Geba, a jusante, a seguir ao Xime, antes da foz do Rio Corubal):

- Pigiguiti e não Pitjiguiti (pp. 34-35) (quando muito Pidjiguiti ou… Pindjiguiti, como escrevem hoje os guineenses);

- 5ª Rep e não Rep 5 (p. 41) (o famoso café Bento, junto à Amura, em Bissau);

- Mato Cão (e não Matu Cão, quando muito Matu Kon, em crioulo) (p. 52);

- Ponte dos Fulas (em caixa alta) e não ponte dos fulas (p. 30) (destacamento avançado do Xitole, junto ao rio Pulom);

- A estrela do internacionalismo proletário (e não operário) que encima o nosso “antigo monumento à raça”, na antiga praça do Império, em Bissau (p.33);

- Rio Jagarajá e não rio Jagaraje (p. 79)...

E já agora, porquê "irâns" e não irãs, como usamos no blogue ? Julgamos que fica melhor grafado em português.

Por fim, ao sugestão: a criação de um glossário, a inserir no fim do livro, de preferência. As notas de rodapé, embora úteis (e imprescindíveis, sobretudo para o leitor não familiarizado com a cultura guineense), cortam o ritmo da leitura, distraem o leitor…E são mais de 8 dezenas. Algumas são dispensáveis: eu, por exemplo, evitaria todas as referências às “raças da Guiné”… Na realidade, o fula não é uma raça, mas um grupo étnico-linguístico… De resto, não há "raças humanas"...Ou melhor: há só uma...

Em contrapartida, há notas de rodapé que são deliciosas como a do “toca-toca” (p. 36(: “Carrinhas tipo furgão que servem de transporte particular entre as localidades. Na chapa lateral existem janelas muitas vezes feitas a cortes de tesoura de ferro. Servem para transportar pessoas e animais, e bem assim, produtos da terra como mancarra ou coconote. Avisa-se o condutor que vai entrar mais um passageiro, batendo na chapa. Por isso se chama Toca-Toca”. (**)

Em resumo, eis um livro que eu sugiro para leitura, neste verão, na praia ou no campo, a todos aqueles de nós que querem partir mantenhas com os nossos amigos e irmãos da Guiné, exorcizar os fantasmas da guerra, ou simplesmente matar saudades dessa terra verde e rubra, ainda cheia de sortilégios e mistérios, de dores e esperanças... LG

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Notas do editor:


(*) Vd. poste de 7 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17654: Notas de leitura (984): "Guiné: um rio de memórias", de Luís Branquinho Crespo: exorcizar velhos e novos fantasmas - Parte I (Luís Graça)


(**) Último poste da série > 7  de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17655: Notas de leitura (985): “Portugal e o Império Africano - Séculos XIX e XX”, coordenação de Valentim Alexandre, Edições Colibri, 2013 (1) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17660: Os nossos seres, saberes e lazeres (225): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (4) (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 27 de Abril de 2017:

Queridos amigos,
Tenho tido o privilégio de viajar por lugares encantadores, de património riquíssimo, daquele que não só nos arrebata como nos leva à compreensão do que é ser europeu. Preparo as viagens o mais metodicamente que me é possível, sabia antecipadamente que Malta tinha muito para oferecer. Mas vim capitalizar surpresa, exultação nesta encruzilhada que o Mediterrâneo Central oferece, abençoados normandos, senhores italianos, árabes, cavaleiros de Malta e britânicos que nos deixaram tanto esplendor, tantas marcas de todas as civilizações que enformam a nossa índole europeia.

Um abraço do
Mário


De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: 
À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (4)

Beja Santos

O viandante começou o dia numa das chamadas três cidades de Valeta, Vittoriosa/Birgú, foi aqui a primeira residência dos Cavaleiros em Malta. Recorde-se que por esta ilha andou muita gente, foi ponto de passagem para as Cruzadas. Esta Birgú foi fundada por Normandos no século XI. Após a vitória no grande cerco foi rebatizada com o nome de Vittoriosa. Os guias apresentam-na como joia arquitetónica, e é mesmo, com os seus albergues e palácios medievais. Desfruta-se dos seus miradouros vistas espetaculares sobre o grande porto. Mas o que mais interessou ao viandante foi uma referência ao albergue de Castela e Portugal, seguramente este foi o primeiro onde andaram os nossos ancestrais. O viandante foi atraído por um grupo de jovens que falava sistematicamente no albergue de Castela, o viandante pediu a palavra para lembrar que se falava de Portugal, naquela altura ainda não existia a Espanha e Portugal levava séculos de independência. Os jovens, catalães, aplaudiram.


Voltamos e Mdina e a Rabat, ainda há muitíssimo para ver na primeira capital de Malta. Trata-se de uma magnífico enclave fortificado no topo de uma colina, tem muralhas grandiosas, por aqui andaram romanos, árabes e normandos. Quando a capital foi transferida para Vittoriosa, Mdina perdeu a sua influência, mas são patentes os seus belíssimos palácios e mansões, algumas ordens religiosas têm aqui instalações. Volta-se a mostrar o palácio Vilhena erigido em 1720, veja-se o gosto do barroco italiano e as oliveiras que o grão-mestre trouxe de Portugal, mais propriamente do Alentejo.



Não se perca de vista que o barroco é o estilo dominante. A catedral de S. Paulo em Mdina tem muitas lembranças com a Concatedral de S. João em La Valetta, é aí que está sepultado o Grão-Mestre António Manoel de Vilhena. Um dos grandes artistas que trabalharam na catedral foi Mattia Preti, mal sabe o viandante que ao fim da tarde de hoje irá, por portas e travessas, ouvir falar do dito.


Há que confessar que para uma bolsa comedida, entrar em todos estes palácios e museus é dispendioso, requer muita prudência, nada se compara aos preços portugueses. Ali ao lado da catedral está o museu, diz o guia que conta com uma das mais ricas coleções da arte sacra da Europa, há ali mesmo esculturas em madeira de Albrecht Dürer. A hora vai tardia e o viandante quer sentar-se à mesa, mas não resiste a mostrar a muita beleza da porta, coisa curiosa, já viu em cidades como Paris, Viena, Praga, Budapeste e S. Petersburgo entradas de edifícios com estas figuras agigantadas, com toque ciclópico, mas não se pode esconder que quem a concebeu deixou aqui um primor de harmonia e de grandiosidade contida.


Mdina reserva ao viandante a agradável surpresa de um museu com arte romana, ruas e ruelas de intensa cultura medieval, anda-se por aqui e desemboca-se em praças com belas mansões e palácios.



É nesta circunstância que se depara um portão sóbrio, maciço, de onde se destacam em esplendor estes puxadores. Era impossível não captar a imagem, aliás o viandante não estava só, outros, pacientemente, aguardavam a oportunidade para os fotografar, são imponentes, magnificentes, quantos não andaram a cobiçar estas joias em bronze?


Interrompe-se o passeio a Mdina para ir a Rabat, não visitar Rabat é como ir a Roma e não ver o Papa, estão aqui as catacumbas de S. Paulo e Santa Ágata, a sua igreja não rivaliza com a catedral de Mdina mas tem uma fachada soberba. E antes de partir captou-se um belo panorama sobre o vale, regressa-se a Valeta para a última visita do dia.
Pelo caminho ainda se foi visitar um vídeo sobre os cavaleiros de Malta e aonde se refere um grão-mestre português Manuel Pinto da Fonseca, gostava do luxo e da pompa, fez-se tratar por Sua Alteza Eminentíssima, o viandante estava entristecido com as vulgaridades do seu ancestral e pompas ridículas, que sempre as tivemos. E recordou, sabe-se lá porquê, a entrada do humanista Clenardo em Évora, na Corte, onde os príncipes falavam grego e latim. Pediu um barbeiro e apareceu-lhe um disfarçado de nobre, inchado na sua pompa trazia dois escudeiros, para dar sinais nobiliárquicos… É a dimensão mesquinha da vacuidade que nunca nos largou.


Na Praça de S. Jorge, frente ao palácio que hoje pertence ao presidente da República, está o Instituto Italiano de Cultura, tem a sua sede na casa que foi do grão-mestre Alof de Vignacourt, no século XVII, tem frescos de Nicolau Nasoni, que também trabalhou em Portugal. O que vem ao caso este Instituto Italiano de Cultura? Tem atividades culturais, e duas exposições interessaram ao viandante: as dedicadas aos pintores Mattia Preti, um dos expoentes da arte italiana do século XVII, e a exposição intitulada de Hayez a Boldini, 100 anos de história de arte, o século XIX italiano. Frente ao retrato da Princesa Radzwill, com as suas mãos voluptuosas e fato recamado, o viandante lembrou-se do assombroso quadro de Giovani Boldini que pertence ao Museu Gulbenkian, uma obra de arte que durante décadas esteve nos reservados até que um dia um diretor a colocou em exposição para nosso desfrute, um quadro soberbo de uma família burguesa à saída da ópera ou do teatro, risonhos, contentes com o seu destino, cores magníficas. Foi um dia e peras, agora apanha-se o autocarro para o local onde o viandante se alberga, Sliema, perto da ilha Manoel, o Grão-Mestre é uma omnipresença. Ainda bem.


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 2 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17642: Os nossos seres, saberes e lazeres (224): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do grão-mestre António Manoel de Vilhena (3) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P17659: Parabéns a você (1294): Anselmo Reis Garvoa, ex-Fur Mil Op Especiais da CCAÇ 2315 (Guiné, 1968)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 de Agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17656: Parabéns a você (1293): Henrique Martins de Castro, ex-Soldado Cond Auto da CART 3521 (Guiné, 1971/74) e José Santos, ex-1.º Cabo Aux Enfermeiro da CCAÇ 3326 (Guiné, 1971/73)

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Guiné 61/74 - P17658: Historiografia da presença portuguesa em África (86): Quando até os padres, católicos, apostólicos, romanos, do PIME (Pontifício Instituto para as Missões Exteriores), eram acusados de "subversão": o caso de Mario Faccioli (1922-2015), que esteve em Catió


Capa do livro de Mario Faccioli (1922-2015), padre do PIME (Pontifício Instituto para as Missões Exteriores), que esteve em Catió e teve problemas com as autoridades da Guiné, antes e depois da independência... Cortesia da página de Fernando Casimiro (Didinho). Neste livro autobiográfico refere a prisão do padre António Grillo, em 1963, e as suas próprias dificuldades de relacionamento com as autoridades portuguesas... Infelizmente ainda não tivemos acesso ao livro, só conhecemos o índice e alguns excertos.




Anúncio comercial da revista Turismo, nº 2, série 2, janeiro de 1956 (edição inteiramente dedicada à província portuguesa da Guiné) (*)

1. Uma parte dos colonos que tinham estabelecimentos comerciais, industriais ou agrícolas na Guiné, antes do início da guerra,  eram de origem cabo-verdiana ou ou sírio-libanesa. Veja-se o caso do Álvaro Boaventura Camacho, sobre quem encontrámos a seguinte referência na Net, no blogue João Laurence / Bedanda. ( João Augusto Laurence viveu, na infãncia em Catió; em 1956 andava na escola. presumo que seja de origem cabo-verdiana; e possivelmente foi militar da FAP, a avaliar pelo agradecimento que faz ao Hospital das Forças Armadas Portugueses onde esteve internado em 2014; refere também, com gratidão, no seu blogue, a ação do padre Mario Faccioli) (*)


"Dezembro 13, 2007

Cufar

Cufar fica localizada na zona Sul da Guiné-Bissau, pertence a região de Tombalí. Antes do início da guerra colonial possuía um aeródromo que pertencia a um comerciante português de origem caboverdiano de nome Álvaro Boaventura Camacho" (...) 

Esse aeródromo foi teria sido depois cedido  "à Administração Colonial Portuguesa (sic) para instalar equipamento militar":

"Os largos fogos potentes e profundos da artilharia pesada que fustigavam o espaço aéreo de Bedanda Encossa partiam de Cufar com um único destino: Zona de Curá, Caboxanche, Cantanhede e limítrofes. Zona de mata densa, pantanosa e de difícil penetração, ocupada pelos guerrilheiros do PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo-Verde. As Zonas eram referenciadas por “tchom"– chão. Por exemplo : Tchom de manjhaco,tchom de nalú que específicamente é a região de Tombali."


Temos que dedicar mais atenção à atuação dos missionários italianos, do PIME (Pontifício Instituto para as Missões Exteriores), no território da Guiné, antes e depois da independência...

Temos menos de duas dezenas de referências no nossos blogue aos "missionários".

 Os italianos, algunes deles, tiveram problemas com as "autoridades portuguesas": foi o caso do padre António Grillo (1925-2014), que esteve em Bambadinca e que era particularmente acarinhado pelos balantas de Samba Silate, uma enorme tabanca, com quase duas mil almas,  que será destruídas pelas NT no princípio da guerra, no subsetor do Xime...

Recorde-se: foi detido pela então polícia política portuguesa, a PIDE, a 23 fevereiro de 1963, sob a acusação de atividades subversivas; esteve preso em Bissau e depois em Lisboa; acabou por ser libertado em 4 de julho de 1963 em homenagem, de Portugal, ao novo sumo pontífice, o Papa Paulo VI (1898-1978), que em 21 de junho de 1963 tinha sucedido a João XXIII, na cátedra de São Pedro... Com a independência da Guiné-Bissau, o padre Grillo volta a Bambadinca, onde trabalha, de 1975 a 1986, associado ao PIME... Visitou Bamnbadinca em 2010, quatro anos antes de morrer.

O missionário que estava em Catió, o Mário Faccioli (1922-2015) também teve problemas com a PIDE e, depois da independência, com o 'Nino' que o expulsou da Guiné-Bissau...

2. Excerto do livro de Mário Faccioli, "Una vita missionaria: in Guinea Bissau 1956-2008".

Tradução da versão original em italiano para o português: Filomena Embaló. Reproduzido com a devida vénia da página de Fernando Casimiro (Didinho):

(...) A 25 de maio de 1947, em plena estação das grandes chuvas, desembarcaram no porto de Bissau, os primeiros sete missionários do PIME: Settimio Munno, o chefe do grupo, Arturo Biasutti, Luigi Andreoletti, Filippo Croci, Efrem Stevanin, Spartaco Marmugi e o irmão Vicenzo Benassi. A coragem e zelo destes primeiros homens enviados para a Guiné Bissau manifestaram de maneira brilhante e vivaz a força do carisma das gentes do PIME, de que deram provas desde o primeiro ano.

De 1947 a 1974 (data da independência da Guiné), o PIME enfrentou situações que não foram nada fáceis.

O regime colonial condicionava a vida e as ações dos missionários "estrangeiros" (como nos chamavam os Portugueses): as dificuldades não eram só socioeconómicas, mas sobretudo ao nível da evangelização, pois a presença dos colonizadores, "senhores e patrões", era um contra-testemunho extremamente negativo da mensagem cristã que nós trazíamos. A este respeito, eu digo "nós" porque, em 1956, nove anos depois da chegada dos sete primeiros, chegámos eu e o Irmão Luís Capelli.

A minha primeira experiência missionária na Guiné foi em Catió, cidade ao sul do país, no seio dos Balantas (uma das tribos mais numerosas), alguns muçulmanos e vários Portugueses, empregados comerciais e funcionários. O uso exclusivo da língua portuguesa era obrigatório e o relacionamento com os nativos da aldeia era bastante reduzido. Eu trabalhei na escola e no ensino e procurei conhecer pessoas, como também ajudá-las materialmente, enquanto continuava a acreditar que o caminho deveria ser outro (,..).


3. Sobre o padre Mario Faccioli escreveu João Laurence o seguinte no seu blogue, em 18 de março de 2008 (reproduzido por nós aqui com a devida vénia):

(...) "Parabéns Reverendíssimo Padre Mário Faccioli- Recordo-me de ter passado muita fome no ano de 1956. Foi o ano mais difí cil da minha vida, em que inclusivé reprovei na escola por motivos económicos. Nos anos 1957-58 fui convidado pelo Senhor Reverendo padre Mário Faccioli para integrar o Internato de Cátio, constituido por Salazar Salú Quetá de Cacine, Constantino Gomes de Cátio, os dois já falecidos, Tenente Joaquim Vieira e eu próprio, João Augusto Laurence. No Internato da Cátio, foi-nos fornecido alojamento e alimentação, patrocinado pelo Reverendíssimo Padre Mário Faccioli/PIME/Vaticano.

Recordo-me de ter caído numa valeta, perto da Adiministração do Concelho de Cátio, tendo sofrido várias escoriações. De imediato, fui assistido pelo Senhor Reverendo acima referido. Como as dores eram enormes autorizou-me a usufruir do quarto dos hóspedes, para uma melhor e mais rápida recuperação. Foi a primeira vez que dormi num colchão Molaflex. 

Reflectindo sobre um altruísmo da atitude do Reverendíssimo tal marcou-me e considero que foi início de uma verdadeira arquitectura da minha vida. O Reverendo Padre Mário Faccioli, além de outras iniciativas de louvar, formou um grupo de teatro em Cátio e que foi encenado também em Empada-Guiné Bissau.

Sempre muito dinâmico, tinha como actividade lúdica a prática de caça desportiva como as Rolas e Perdizes na zona de Suá/Cátio. Rezou missa na zona de Geba e Gábu, zona prodominantemente afecta aos Muçulmanos.

Toda a sua vida foi passada na Guiné-Bissau ao serviço dos mais desprotegidos. Sacerdote de formação, com uma inteligência fora do normal, participou na construção do Seminário de Bissau que tanto tem contribuido para o formação dos guineenses.

Homem multifacetado, domina áreas como da electricidade, arquitectura e engenharia, para além obviamente, do dom da palavra na mensagem evangelizadora.

No preciso dia 27 de Março [de 2008], faz o Reverendo Padre Mário Faccioli 86 anos de vida, meio século dedicado à causa pacificadora na Guiné-Bissau. Portanto, aqui fica registado o meu profundo apreço e consideração por um ser humano de elevado carácter humanista.

Muitos parabéns Reverendíssimo Padre Mário Faccioli." (...)

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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P17657: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (12): Págs. 89 a 96

Capa da brochura "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra"

Gabriel Moura

1. Continuação da publicação do trabalho em PDF do nosso camarada Gabriel Moura, "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", enviado ao Blogue por Francisco Gamelas (ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 3089, Teixeira Pinto, 1971/73).


(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 4 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17649: "Tite (1961/1962/1963) Paz e Guerra", brochura de 2002, da autoria do nosso camarada Gabriel Moura do Pel Mort 19 (11): Págs. 81 a 88