terça-feira, 24 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18557: Efemérides (274): O 25 de Abril de 1974... visto de Bissau, através de aerogramas enviados por Jorge Gameiro (REP / ACAP / QG / CC) à sua esposa Ana Paula Gameiro e ao seu filhinho Nuno Gameiro... Documentação comprada no OLX, há 5 ou 6 anos (Carlos Mota Ribeiro, Maia) - Parte I






Bissau, 30/4/1974

Minha Paula, meu amor: 

Perdoa-me não te ter escrito ultimamente, mas isto tem andado numa tensão fora de série. Eu ando parvo, quase me custa a acreditar em tudo o que vejo e ouço, ontem pensámos que era o fim com a extinção da D.G.S. [Direção-Geral de Segurança]. Os africanos revoltaram-se, então partiram e despedaçaram tudo, agora já acalmaram, pois todos os detidos foram postos em liberdade. 

E agora não te preocupes, amor, que o problema era só com a D.G.S., queriam devorá-los. Agora, a nós resta-nos aguardar, todos ficamos com uma esperança, por aquilo que está feito até aqui. Uma viva ao gen Spínola e ao nosso Movimento [MFA - Movimento das Forças Armadas],  impõe-se o homem que pode agora realmente mostrar o que era, e que o que realmente fez aqui, foi poderosamente atrofiado pelo Governo então existente.

Daqui para a frente tudo será diferente, verás, amor, pela primeira vez depois de 40 anos se ouve falar em liberdade, a qual sentimos bem dentro de nós, e nos é flagrante [sic]. 

Sindicatos, imprensa, eleições totalmente livres, desaparecimento da inflação, do aumento de custo de vida, será já dentro muito em breve que teremos finalmente bairros modernos com muitas zonas verdes nos arredores de Lisboa, abaixo os caixotes do J. Pimenta, verás, amor, como agora as rendas irão baixar. 

Resta aguardar,  pois tudo o que a Junta de Salvação Nacional se propõe fazer, não é em 2 dias, mas pelo menos já nos podemos congratular pelos nossos filhos, que não conhecerão Portugal minado por um governo fachista [sic].

Por hoje vou terminar, meu amor. Amanhã, agora que isto começa a ficar calmo e acabam as prevenções, já te poderei escrever com mais calma. É verdade, diz ao Carlos que quem está cá comigo é o filho do Mário Pais, uma pessoa que ele conhece muito bem. Beijinhos ao nosso Nuninho, do papá que o adora, do teu Jorge toda a alegria e a certeza de que a nossa vida  a partir de agora ainda será mais facilitada. 

Um milhão de beijos com todo o meu amor. Vitória! Teu, só teu, para sempre. Jorge.



Fotos (e legendas): © Carlos Mota Ribeiro (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


[ Revisão e fixação de texto: Carlos Mota Ribeiro / Luís Graça]




Translation to English

Bissau 30.04.74

My Paula, my love:

Forgive me for not having written to you lately, but this has been going on in an unrelenting tension, I walk silly it almost costs me to believe everything I see and hear, yesterday we thought it was the end, with the extinction of D.G.S. the Africans revolted then left and shattered everything, now they have calmed because all the detainees have already been released, and now do not worry love that the problem was only with the DGS wanted to devour them, now we have to wait , we are all left with a hope, for what is done until a living to General Spinola and our movement is imposed the man who can now really show what he was, and what he has done here has been powerfully atrophied by the government existing, from now on everything will be different you will see love for the first time after 40 years right inside us and it is flagrant. Unions, the press, totally free elections, the disappearance of inflation from the cost of living, it will be very soon that we will finally have modern neighborhoods with many green areas on the outskirts of Lisbon, under the crates of J. Pimenta, you will see love on how now the rents are going to go down, we have to wait for everything that the “Junta de Salvação Nacional” (National Salvation Board) proposes to do, we can congratulate our children, who will not know Portugal undermined by an Fascist Government (Fascist = Dictatorial). For Today I will finish my love tomorrow now that this begins to be calm and ends, the precautions I can already write to you with more calm, it is true tells Carlos that who is here with me is the son of Mário Pais a person whom he knows very well . Kisses to our Daddy's Nuninho who adores your Jorge all the Joy and the certainty that our life from now on will still be made easier.

A million kisses with all my love - Victory - your only yours forever: Jorge


[Translation by Carlos Mota Ribeiro]



Carlos Mota Ribeiro... Foto da sua página no Facebook.
1. Mensagem do nosso leitor, Carlos Mota Ribeiro, engenheiro, residente na Maia, com data de 13 de março último:



Assunto : Guiné - Aerograma de Jorge Gameiro

Caro Luís Graça.,

Sou o filho do [Eduardo] Magalhães Ribeiro, teu colega do Blogue [, nosso coeditor]

Há uns anos atrás comprei meia dúzia de aerogramas, no OLX, de um combatente que esteve na Guiné na altura do 25 de Abril de 74, chamado Jorge Gameiro. Envio-te um deles em anexo para analisares.

Gostaria de identificar o combatente em questão e tentar oferecer os aerogramas ao filho Nuno Gameiro (filho do senhor ). Consegues-me ajudar?

Um grande e forte Abraço.,

Carlos Mota Ribeiro



Guiné > Bissau > Primeiros dias a seguir ao 25 de abril de 1974 > As primeiras manifestações da população local, com cartazes de tipo "abaixo a DGS", "Viva o Spínola"... Foto do álbum  de J. Casimiro Carvalho.

Foto (e legenda): © J. Casimiro Carvalho (2013). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

2. Resposta do editor Luís Graça, com data de 14 de março último:

Carlos: 

Fico muito sensibilizado pelo teu gesto... O Nuno Gameiro, filho do Jorge e da Ana, nunca terá, por certo,  lido este e os outros aerogramas do pai... O exemplar que me mandaste tem interesse documental, pelo local e a data (Bissau, 30/4/1974) e pela referência aos acontecimentos pós-25 de Abril em Bissau...  e à expetativas que gerou, nos militares metropolitanos e na população guineense.

O Jorge Gameiro devia ser um alferes ou furriel miliciano, trabalhava na ACAP - Repartição de Ação Psicológica e Apoio às Populações, do QG (Quartel General), em Bissau [REP/ACAP/QG/CC]. E fala no Movimento [das Forças Armadas]. Era, pelo que se deduz, um tipo "politizado". Pelo tipo de letra, desenhada, e pela referência aos famigerados "caixotes do J. Pimenta", poderia ser arquiteto, ou estudante das Belas Artes... (É uma intuição minha).

O prédio nº 5 da Av Mouzinho de Albuquerque, em Lisboa, existe,  corresponde hoje ao código postal 1170-257. Podes ver no Google Map. Pertence à Junta de Freguesia de Penha de França. Quanto ao apelido, conheço alguns Gameiro, aqui em Lisboa, e no Facebook há vários Nuno Gameiro... 

Este jovem que procuras deve ter 40 e picos anos... Mas não será fácil identificar as pessoas em causa, só lá indo bater à porta... Muito provavelmente o casal já não mora lá, e deve ser da idade dos teus pais. Um deles pode ter morrido, ou então o casal pode ter-se divorciado... E o filho terá seguido a vida dele. É possível até que emigrado, ou esteja a trabalhar no estrangeiro, como já te aconteceu a ti...

A quem é que compraste as cartas ? É difícil saber, podem ter ido parar às mãos de um alfarrabista... Outra hipótes é mandares uma carta para este endereço: tens o código postal...

No prédio, ao lado, no nº 5A, há o Centro Fotográfico Manuel dos Santos & Figueiredo Lda [Avenida Mouzinho Albuquerque 5-A, Lisboa], com o telefone nº 218 145 982, código postal 1170-257 LISBOA...  Descobri nas páginas amarelas... Tomei a liberdade de ligar e atendeu-me o dono do centro fotográfico: está lá desde 1974, instalado uma semana antes do 25 de abril !... Infelizmente não conhece ninguém desta família Gameiro. Expliquei o que procurava... Respondeu-me que tem uma senhora, no seu prédio, no 1º andar com um  nome parecido, Ana Paula ou Ana, viúva, de 60 e tal anos, mas que sempre terá vido aqui, neste prédio, o 5A, e não no 5.

Uma sugestão minha é publicarmos esta documentação no nosso blogue...Pode ser que alguém da família Gameiro ou um amigo nos leiam... Fiz o tratamento do aerograma e transcrevi, acima, o seu conteúdo... Se concordares, publicamos. È uma pena que esta correspondência de guerra vai parar ao caixote do lixo, como acontece na maior parte dos casos... É um testemunho de uma época e de um camarada nosso que soube tranquilizar a jovem esposa, dando-lhe notícias, reconfortantes, do que se estava a passar em Bissau, à data do 25 de Abril.

Um grande abraço, Luis

3. Resposta do Carlos Ribeiro, no dia seguinte, 15 de março de 2018:

Caro Luís Graça.,

Obrigado por teres partilhado a tua análise comigo, fizeste algumas observações que me tinham passado completamente despercebidas. A tua experiencia de vida e cultural é extraordinária, muito obrigado por teres partilhado essas informações e o teu ponto de vista,  comigo,  sobre o assunto.

Em relação aos aerogramas comprei-os a alguém no OLX, já foi há  uns 5 ou 6 anos e não me recordo do nome da pessoa que mos vendeu, lembro-me que os comprei por terem o sentido histórico do 25 de Abril de 74 e os achei muito interessantes.

Como tenho um colega britânico que se interessa pela Revolução dos Cravos, enviei-lhe as fotos dos aerogramas com a tradução em inglês para ele dar uma leitura e compreender o sentimento que alguns jovens tinham naquela época e naqueles dias conturbados.

Quando estava a transcrever o mencionado no aerograma,  fiquei a pensar no Nuninho (Nuno Gameiro) do aerograma e do carinho daquele pai pelo filho. Por isso entrei em contacto contigo para tentar encontrar o tal Nuninho e lhe fazer chegar a meia dúzia de aerogramas que tenho,  enviados pelo seu pai,  da Guiné Portuguesa para a Metrópole.

É claro que apenas lhos vou oferecer, se o Nuno Gameiro quiser esta recordação dos pais, pode nem querer saber deste assunto ou não dar qualquer valor sentimental aos aerogramas, mas como para mim este tipo de itens tem muito valor e são documentos que considero históricos, guardo-os religiosamente na minha coleção particular sobre o Ultramar Português.

Se concordares,  vamos fazer o seguinte: Vou digitalizar os aerogramas e enviar-tos juntamente com a transcrição que fiz para Word, e tu fazes o favor de os publicar no teu Blogue e vamos assim tentar encontrar o Nuninho. Acho que até é um assunto que podes publicar na altura do 25 de Abril, até seria engraçado…

Um grande abraço, Carlos Ribeiro


4. Resposta do LG, na volta do correio:


Carlos: estamos de acordo... Por volta da data do 25A, fazemos um ou mais postes com esses teus aerogramas... Para se perceber melhor a história, o teu interesse por esta documentação,  podes inclusive mandar, para publicação,  a tua versão em inglês...É possível até que a gente, com sorte, localize,  o Nuno Gameiro, que deve ser um pouco mais velho do que tu, não ?...

Talvez um dia destes eu passe por lá, pela rua, e faça uma discreta investigaçãom de qualquer modo já temos a informação, negativa, do vizinho do centro fotográfco... Outra hipótese era mandares uma carta para este endereço...É muito pouco provável que ainda lá morem os pais do Nuno... O que será feito deles ?... As cartas para terem ido parar ao OLX é porque houve uma contecimento de vida dramático: separação / divórico, falecimento de umdos conjuges (, mais provável..).

Concordo contigo: são testemunhos preciosos de uma época, de um país, de duas gerações, a tua e a do Nuno Gameiro, e a nossa, a da heração que fez a guerra e a paz... Quero que a seguir entres para a Tabanca Grande, apresentado pelo teu pai...ou por mim!... Estou muito grato pelo teu gesto de grande nobreza e sensibilidade... E, de resto, há muito que fazes parte desta grande família que é a Tabanca Grande, a cujos encontros anuais, a alguns, já tens vindo com o teu pai.

Um abração, Luís 

5. Nova mensagem de LG ao Carlos, com data de 21 do corrente:

Carlos: avançamos esses aerogramas por altura do 25 de Abril ? Pode ser que o Nuno ou o pai ou a mãe deem sinais de vida... Grande abraço. Luís

PS - Ficaste de me mandar mais aerogramas...


6 Última mensagem do Carlos Ribeiro,  com data de hoje, às 02:04

Voa noite Luís Graça.,

Espero que esteja tudo bem contigo.

Passei os aerogramas ao meu pai para ele digitalizar e os enviar para ti. Ele estava a tratar disso hoje, ou melhor ontem... Visto já serem duas da manhã.

Grande abraço, Carlos Mota Ribeiro

[O Eduardo Magalhães Ribeiro acaba de  nos mandar o 2º aerograma do Jorge Gameiro, que tem data de 6 de maio de 1974, a publicar no nosso blogue, no próximo poste; vamos ter a agradável presença de ambos, em Monte Real, no nosso XIII Encontro Nacional, a realizar em 5 de maio de 2018; até lá, o Eduardo está "intimado" a apresentar o filho à Tabanca Grande: passará a ter lugar, à sombra do nosso poilão, sob o nº 773]
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Nota do editor:

Último poste da série > 15 de abril de  2018 > Guiné 61/74 - P18525: Efemérides (273): No 24º aniversário da Apoiar - Associação de Apoio aos Ex-Combatentes Vítimas do Stress de Guerra: "Ter que matar para sobreviver", texto de Mário Gaspar, originalmente publicado no jornal Apoiar, nº 2, jul / set 1996

Guiné 61/74 - P18556: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XXVIII-B: As minhas viagens por terras do Cacheu, em 1969


Foto nº 1 >  Cacheu, 1969 > Ruas de Cacheu


Foto nº 2  > Cacheu, 1969 > Cais do Cacheu


Foto nº 3 > Cacheu, 1969 > Vista da cidade do Cacheu, a partir do rio


Foto nº 4 > Cacheu, 1969 > Vista do quartel


Foto nº 5 > Cacheu, 1969 > Edificío dos correios e casa do chefe dos correios

Guiné > Região de Cacheu > Cacheu > CCS/BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69).

Fotos (e legendas): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotohgráfico   do Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem mais de 4 dezenas de referências no nosso blogue:


Mensagem de de 23 de março último:

(...) Estas são algumas de muitas sobre as diversas viagens que fazia no tal barco da Engenharia, o Sintex, com 2 motores fora de borda, entre São Domingos e Cacheu. Umas vezes em serviço, e outras nem por isso, mais desenfiado e para 'desopilar' daquele local que chamei de 'Campo de concentração de S. Domingos'.

Normalmente íamos todos bem, 4 pessoas apenas, depois na vinda já vinha tudo com a cabeça à volta. Ia com o Alferes Gatinho, da CART 1744, ele era um prato, e passávamos bons momentos.
Fica para a história desta passagem por aquelas terras.

Cacheu era de longe muito mais importante que São Domingos, aliás era a região que dava o nome a Sao Domingos.

O pessoal de lá recebia-me muito bem, não faltava nada. (...)
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Nota do editor:

Guiné 61/74 - P18555: Parabéns a você (1425): David Guimarães, ex-Fur Mil Art MA da CART 2716 (Guiné, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18544: Parabéns a você (1424): António Branquinho, ex-Fur Mil Inf do Pel Caç Nat 63 (Guiné, 1969/71)

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Guiné 61/74 - P18554: 14º aniversário do nosso blogue (2): Os meus parabéns por esta caminhada de 14 anos... Quanto ao XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, eu bem gostaria de estar, fisicamente, convosco, mas tenho infelizmente uma agenda pesadíssima no mês de maio... Ficará para o próximo ano, se Deus quiser (Virgílio Teixeira, Vila do Conde)

1. Mensagem do Virgíllio Teixeira,  ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69); natural do Porto, vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado; tem já mais de 45 referências no nosso blogue:

Data: 23 de abril de 2018 às 16:24

Assunto: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande |  Parabéns por estes 14 anos de vida do blogue

Caros amigos e camaradas Luís Graça, Carlos Vinhal e todos os nossos camaradas que passaram pela Guiné:

Com os Votos de Parabéns por esta caminhada de 14 anos à volta do nosso Blogue (*), que ficará na história como ela foi contada por aqueles que a viveram e não por historiadores que pouco sabem ou virão a saber o que foi aquilo.

Desejos sinceros que esta tarefa vá até ao fim, e esse fim será quando todos já 'da lei da morte se foram libertando'. e outros virão que de uma forma ou outra vou continuar a dar a conhecer ao nosso mundo como foi aquela guerra, que muitos teimam em não a compreender, não aceitar, ou simplesmente querem ignorar e apagar tudo, como se isso fosse possível.

A minha mensagem para os que se vão sentar à sombra do Grande Poilão, em Monte Real, no dia 5 de Maio de 2018, eu estarei com todos em pensamento, mas que tenham um dia muito Feliz, com a Família sempre ao seu lado, e acima de tudo com muita Saúde, o bem mais precioso que temos, e com o avançar dos anos cada vez mais precisamos dela.

Para aqueles que tiveram a curiosidade de ver e ler os meus Postes, quero dizer que por vezes me excedo demais em comentários, não consigo avistar à distância as consequências das minhas palavras, isto não é por feitio, mas por defeito. Se tiver dito ou escrito algo que tivesse ferido alguém, prometo pelo menos que de futuro terei mais cuidado, os meus Postes vão saindo à medida que o nosso Editor tiver tempo, pois é uma grande tarefa para ele, só da minha parte são mais de 1000 imagens. Fiz uma grande obra, organizar, digitalizar, numerar, legendar, datar, comentar, sei lá, coisas que nunca teria pensado nisso caso não tivesse a 'Coragem' de entrar nestas redes sociais, dar a cara e contar a sua vida, por muito pouco interesse que tenha para muitos, mas é a minha vida...

Resposta ao teu email, vou separar em 2 assuntos:

1 - Quanto ao tema do XIII Encontro Nacional, vamos ver se consigo explicar as minhas angústias:

- no dia 5/5, é o XIII Encontro Nacional no Palace Hotel de Monte Real, da família da Guiné, no qual gostaria de estar presente;

- mas no dia 6/5, é o dia da Mãe, que anualmente é uma reunião habitual de família a que não posso faltar; já não tenho mãe, mas os meus 3 filhos ainda têm, os meus 4 netos felizmente também, e os conjugues dos meus filhos também todos têm; enfim, tenho de estar disponível;

- e no dia 12/5, é o Almoço anual do meu batalhão, na Mealhada, que não vou para não sobrecarregar o meu corpo, e porque terá este ano pouco interesse, não só porque é a nível apenas de CCS, eu sou sempre o mais graduado que aparece, e o mais velho - 75 anos -, e lá tenho que fazer as honras do Convento e os discursos, coisa que não me é muita agradável, após o repasto. Além disso no ano seguinte faremos o almoço dos 50 anos da chegada a casa, e esse será em Tomar e é a nível de todo o Batalhão. Vou guardar para essa altura.

E depois,  no dia 25 de Maio, é o meu aniversário de casamento - 47 anos - e é costume passar uns dias fora... E ainda, depois tenho que estar presente, ainda em Maio, 'na festa de fim do curso secundário' do meu neto mais velho - 17 anos -, do seu Colégio no Porto, que vai realizar-se nas instalações da Alfândega do Porto.

... E mais o que haverá só neste mês.
Eu acho que já não tenho «arcaboiço» para tanta coisa, terei de dar prioridade a umas coisas com prejuízo de outras.

Por isso é muito improvável que eu possa aparecer no XIII Encontro da Tabanca Grande, que gostaria de fazer parte, de conhecer as pessoas, de partilhar as minhas aventuras e em especial as minhas loucuras, mas se não for este ano, haverá de certeza no próximo ano, desde que não haja tanta coincidência de datas umas em cima das outras;

Lamento mas espero que seja compreendido, eu fico muito stressado com isto tudo, e já não há remédio. Por cada saída ando a recuperar uns dias.

Em relação ao casal de Guilhabreu - Vila do Conde, não conheço. Mas agradeço esse interesse.

[...]

Um abraço para toda a camaradagem.
Virgílio Teixeira

Em 23-04-2018

Guiné 61/74 - P18553: Notas de leitura (1060): “Integração Nacional na Guiné-Bissau desde a Independência”, por Christoph Kohl, no Caderno de Estudos Africanos do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, n.º 20, Janeiro de 2011 (Mário Beja Santos)



1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Maio de 2016:

Queridos amigos,
Não se pode deixar ter em atenção a argumentação expendida por este antropólogo social alemão: o nível da integração nacional é relativamente forte, apesar da diversidade étnica. Ao longo de décadas, constituíram-se cimentos para o sentimento nacional: o crioulo como língua veicular, as mandjuandades, a rejeição à fragmentação étnica, a expulsão dos invasores no conflito militar de 1998-1999, as festas carnavalescas. No entanto, apesar deste sentimento nacional, os guineenses sentem-se desafetados do Estado, vítimas dos políticos e há um termo crioulo que surge sempre quando se fala (e muitas vezes se fala) de pobreza, infelicidade e miséria: koitadesa.

Um abraço do
Mário


A integração nacional na Guiné-Bissau

Beja Santos

No Caderno de Estudos Africanos do Centro de Estudos Africanos do ISCTE, n.º 20, referente a Janeiro de 2011 e organizado pelo investigador Gerhard Seibert sob o título “Identidades, Percursos e Clivagens nos PALOP”, tem particular interesse para aqueles que estudam a Guiné o artigo de Christoph Kohl denominado “Integração Nacional na Guiné-Bissau desde a Independência”. Christoph Kohl é antropólogo social.

O que o autor dá como apurado é que na Guiné-Bissau o nível de integração nacional é relativamente forte, apesar da diversidade étnica. Este caso de integridade nacional baseia-se na ideologia e política do antigo movimento independentista e na prática do jovem Estado pós-colonial onde se advogou um modelo de unidade nacional da diversidade étnica. Mas também nesta pesquisa se apurou que os guineenses vitimizam a sua nação quando a confrontam com o Estado. Uma invasão estrangeira durante o conflito militar de 1998-1999 reforçou ainda mais a integração nacional. Nesse mesmo conflito apurou-se uma ingerência da diplomacia francesa que se colocou ao serviço de Nino Vieira, no fim do consulado deste as instalações diplomáticas francesas foram assaltadas e destruídas, houve mesmo que vir ao auxílio das tropas francesas presentes.

Após descrever os pontos mais relevantes da luta armada e do papel do PAIGC, o autor refere-se à era de Luís Cabral a que se sucede o consulado de Nino Vieira que a despeito do multipartidarismo em que já decorreram as eleições de 1994 manteve o autoritarismo político e fomentou lutas pelo poder na esfera político-militar. A despeito dos rótulos de “frágil”, “colapsado”, “fraco”, etc, existe uma forte consciência nacional em que o crioulo é um verdadeiro cimento.

Muitos estados africanos têm sido qualificados nos anos mais recentes por fracos, não-Estados, frágeis, mas apesar destas nomenclaturas, as respetivas nações têm sobrevivido. É importante separar analiticamente os conceitos de Estado e de nação. Mesmo se um Estado é apresentado como inteiramente disfuncional, ou seja, o seu funcionamento não corresponde ao clássico modelo europeu baseado na terminologia de Max Weber, o Estado continua a existir se é caracterizado por uma pronunciada identidade nacional, mesmo que haja uma fraca identificação da nação com o Estado – é o que se pode verificar em muitos países que vêm no Índice dos Estados Falhados.

Os ideólogos europeus estavam convencidos que havia uma incontestável congruência nas entidades políticas e nacionais. Acreditava-se que uma homogeneidade cultural e étnica constituía a nação-Estado. No estudo sobre a Guiné-Bissau, é patente haver posições da nação contra o Estado. Para se perceber esta tensão, é preciso ir mais atrás, às fundações da Nação. Em contraste com líderes como Touré, Nkrumah ou Machel, Cabral não supunha ser necessário erradicar as identidades étnicas para afirmar a nova identidade nacional. Cabral estava convencido que fora ultrapassada a era dos grupos étnicos, dizia abertamente que todos poderiam avançar juntos em unidade.

A nação-Estado pós-colonial foi constituída por um partido, o PAIGC. A transformação da sociedade pós-independente pautou-se por um severo controlo político, uma expansão da burocracia, um novo regime em que foram excluídos os apoiantes dos portugueses e eliminados os dissidentes. As instituições eram controladas pelo Estado, o tribalismo passou a ser silenciado, era assunto tabu. Muitos dos elementos da elite dirigente do PAIGC estavam influenciados pela ideia europeia do Estado-nação. A esta recetividade agregou-se o anti-imperialismo marxista, apresentava-se como uma atrativa ideologia que prometia a liberdade face à denominação colonial. Entretanto, os sentimentos nacionais foram crescendo à volta do crioulo, das mandjuandades e as diversões carnavalescas, é esta a tese do autor.

 Guineenses em manifestação, arvorando sempre a bandeira do país

O crioulo é linguagem veicular interétnica por excelência. Recorde-se que durante a luta armada a Rádio Libertação privilegiava o crioulo. Passo a passo, o crioulo transformou-se de uma frente linguística do meio condutor do projeto da nação-Estado.

Mandjuandades são instituições de assistência mútua, são espaços de sociabilidade; há mandjuandades cristãs, muçulmanas e multiétnicas.

Depois da independência, era a Juventude Africana Amílcar Cabral quem coordenava as festas do Carnaval, a partir de 1984 será a Direção-Geral da Cultura a liderar o acontecimento. O Carnaval veio a criar uma identidade comum.

O autor questiona as ameaças postas pela fragmentação étnica. O exemplo mais evidente é Kumba Ialá e a tentativa de balantização do regime. O antigo Presidente da República foi frequentemente acusado de manipular e explorar vínculos étnicos para ganhar apoios e votos. Nas eleições presidenciais de 2005, puseram frente a frente Nino Vieira e Malam Bacai Sanhá, Nino insinuou os perigos de uma absoluta islamização de poder caso Malam Bacai Sanhá ganhasse. Nino apresentava o rival como um Mandinga quando este era de etnia Beafada. Isto fazia parte de uma estratégia deliberada para desacreditar Sanhá aos olhos dos Fulas. Porém a convivência pacífica nos grupos étnicos não foi profundamente afetada.

Passando para o conceito de vitimização da nação, recorde-se que os guineenses continuam a sentir-se comprometidos com a sua nação apesar de se sentirem desafetados do Estado. Os guineenses dão de si próprios um retrato de comunidade solidária de vítimas. O termo crioulo koitadesa deriva dos termos portugueses pobreza, infelicidade e miséria. Os guineenses têm uma longa experiência de autoritarismo e uma mentalidade de dependência, o que faz com o cidadão veja a classe política como aquela que procura o auto-favorecimento onde os políticos são indiferentes aos interesses nacionais. Algo se modificou com o conflito político-militar de 1998-1999. Este conflito é o exemplo mais eloquente de que uma população heterogénea pode cerrar fileiras face à chegada de tropas estrangeiras, a população guineense acabou por os encarar como inimigos da Nação. Outro aspeto curioso deste conflito é que as fações lideradas por Nino Vieira e Ansumane Mané reclamavam representar em nome da nação. A fação de Nino insistia na legitimidade constitucional e nos compromissos de assistência militar mútua com o Senegal e a Guiné-Conacri. A Junta Militar reclamava estar a combater pelo bem-estar da nação e acusava Nino Vieira de corrupção e má governação isto a par das reivindicações para melhores condições para a tropa e para os veteranos combatentes. A maior parte da população apoiou a Junta Militar enquanto as tropas estrangeiras eram consideradas como invasoras e uma ameaça para a nação guineense.

A França procurou aproveitar-se para ganhar influência política e económica, havia já um longo historial da presença francesa na região, no Casamansa, rios Nuno e Cacine no século XIX. O Senegal e a Guiné Conacri tinham pretensões quanto à Guiné-Bissau, tudo acabou por favorecer o sentimento nacional guineense.

Por último, recorda o autor, convém não esquecer que a nação guineense se construiu depois da função do Estado independente. Em suma, a Guiné-Bissau viu primeiro construída a nação e continua problemática a construção do Estado.
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Nota do editor

Último poste da série de 20 de abril de 2018 > Guiné 61/74 - P18542: Notas de leitura (1059): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (31) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18552: 14º aniversário do nosso blogue (1): Um Oscar Bravo (OBrigado) e um Alfa Bravo (ABraço) aos 772 grã-tabanqueiros (710 vivos) que nos ajuda(ra)m a fazer deste blogue de veteranos de guerra um "caso série" nas redes sociais... Marcamos encontro em Monte Real, no próximo dia 5 de maio, por ocasião do XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, para cantarmos os parabéns... 14 anos a blogar são 7 (sete!) comissões na Guiné!...


Infografia: Miguel Pessoa (2018)


1. Camaradas e amigos, hoje é dia de festa: em 23 de abril de 2004, há 14 anos atrás, demos o primeiro passo, publicámos o primeiro poste do nosso blogue (*)... Com este, de hoje, são 18552...

Em média, dá 1351 postes por ano, 3,7 por dia... Mas em 2004, só publicámos... 4 postes! E em 2005, 385... Depois houve um crescendo que atingiu o pico em 2010, com 1956 postes (5,4 postes por dia)... Se considerarmos apenas os anos que vão de 2006 a 2017, que têm números totais superiores a (ou próximos de) um milhar, a média anual é de 1617 postes. (Gráfico 1).

Por outro lado, estamos prestes a atingir os 10,4 milhões de visualizações de página (grosso modo, visitas), ao logo destes 14 anos... Na prática um milhão de visitas por ano, se excluirmos os dois primeiros anos (2004 e 2055), correspondentes ao início da nossa atividade. A partir de 2006, o blogue entrou em "velocidade de cruzeiro".

Quanto ao  número de camaradas (e amigos) registados formalmente na Tabanca Grande também foi crescendo, dos 111 em 31 de maio de 2006 para os atuais 772, entre vivos (710) e mortos (62).  Estamos a falar de uma média anual de 55 novos grã-tabanqueiros por ano, grosso modo, 1 por semana...

Neste espaço de tempo, realizámos 12 encontros nacionais, sempre na zona centro (, exceto o primeiro que foi na Ameira, Montemor-O-Novo, sendo 1 em Pombal, 2 na Ortigosa, e os restantes em Monte Real). Desde 2006, que nos encontramos todos os anos, pelo menos uma vez por ano... O total de participantes já ultrapassou de longe os 2 milhares, oriundos de todos os pontos do país, da Região Autónoma dos Açores e da Diáspora Lusitana.

Apareceram, entretanto, outras tabancas, filhas da Tabanca Grande, da Tabanca de Matosinhos à Tabanca do Centro, da Tabanca da Linha à Tabanca dos Melros... A malta que fez a guerra da Guiné, entre 1961 e 1974, começou a "perder a vergonha" e "rompeu o silêncio", passando a dar a cara, a publicar as suas histórias e as fotos dos seus álbuns... O convívio, com maior ou menor regularidade (anual, no caso da Tabanca Grande, semanal, na Tabanca de Matosinhos, mensal, no caso da Tabanca do Centro, bimensal para a malta da Magnífica Tabanca da Linha...) passou a ser uma necessidade sentida e concretizada entre todos nós... É um fenómeno, a construção e reconstrução das nossas memórias, que começa a ser objeto de interesse e de estudo por parte dos académicos...

Já perdemos a consta aos camaradas que "ousaram" escrever e publicar livros de memórias...


Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)


2. Passados estes anos todos, é natural que se vá perdendo o fôlego, a energia, a motivação, o interesse, a pica, a curiosidade... e até a memória.

Começam a faltar as pernas, a memória começa a atraiçoar-nos, a ceifeira da morte vai fazendo o seu trabalho, vamos perdendo as companheiras, vão morrendo familiares, amigos e camaradas, vem a reforma e as sequelas que ela traz... Como já o filósofo Platão nos avisava, "teme a velhice, porque ela nunca vem só"...

O cenário é determinado em grande parte pela usura do tempo... Envelhecemos todos nestes últimos 14 anos... e em muitos casos achamos que já nada mais temos para contar, escrever, falar...  O que não é verdade... Por cada subunidade que esteve no TO da Guiné (companhia, pelotão, etc.) aparece-nos, a bater à porta da Tabanca Grande, apenas 1 camarada, em média (ou menos do que isso)... E há subunidades que nem sequer estão aqui representadas....

A única solução é pormos "sangue novo" a circular nas "veias e artérias" da Tabanca Grande, captando novos elementos... O que temos feito, nos últimos anos, mas agora a ritmo mais lento... Outras redes sociais (e em especial o Facebook) apareceram também a captar a atenção dos ex-combatentes da guerra colonial / guerra do ultramar...

Enfim, a sociedade portuguesa há muito esqueceu que o país esteve envolvido numa longa guerra em frentes tão distantes (Angola, Índia, Guiné, Moçambique, Timor...) e que a nossa geração (e as populações desses territórios...) pagou um elevado preço, "em sangue, suor e lágrimas"... E para as "boas consciências" deste país se calhar o melhor era a gente calar-se de vez...

3. Mas o dia é para festejar a vida, os 14 anos do blogue, a nossa energia, a nossa criatividade, a nossa camaradagem, a nossa solidariedade, na expetativa do nosso nosso próximo encontro em Monte Real (onde estamos "obrigados" a ir... pelo menos uma vez na vida!).

No dia 5 de maio de 2018, vamos então realizar o nosso XIII Encontro Nacional.  Estamos a fazer um "forcing" para ultrapassar a fasquia (mínima) das 100 inscrições (mínimo), sendo o máximo 200. Ainda temos uma centena de lugares disponíveis para os indecisos ou retardatários da última hora. E, quem não puder vir, pode deixar o seu comentário aqui...

Inscrições a cargo de Carlos Vinhal (**):

telem: 916 032 220
email: carlos.vinhal@gmail.com


4. A hora e o dia são para agradecer a todos os membros da Tabanca Grande que nestes anos todos ajuda(ra)m a fazer o nosso blogue, e a construir e a manter esta fantástica tertúlia de ex-veteranos de guerra, que é única em termos de redes sociais.

14 anos a blogar é muito tempo, são 7 comissões na Guiné!...

Um Oscar Bravo (OBrigado) e um Alfa Bravo (ABraço) para tod@s @s camaradas e amig@s da Guiné que editam, publicam, comentam, leem, acarinham e divulgam este blogue coletivo.


TABANCA GRANDE - LISTA ALFABÉTICA DOS 772 AMIGOS & CAMARADAS DA GUINÉ

(A / Antero)

A. Marques Lopes, Abel Maria Rodrigues, Abel Santos, Abílio Delgado, Abílio Duarte, Abílio Machado, Abílio Magro, Acácio Correia, Adão Cruz, Adelaide Barata Carrêlo, Adelaide Gramunha Marques (ou Adelaide Crestejo), Adelino Capinha, Adolfo Cruz, Adriano Lima, Adriano Moreira, Adriano Neto, Afonso M.F. Sousa, Agostinho Gaspar, Aires Ferreira, Albano Costa, Albano Gomes, Albano Mendes de Matos, Alberto Antunes, Alberto Branquinho, Alberto Grácio, Alberto Nascimento, Alberto Sardinha, Alberto Sousa Silva, Albino Silva, Alcides Silva, Alcídio Marinho, Alexandre Cardoso, Alfredo Reis, Alice Carneiro, Almeida Campos, Almiro Gonçalves, Altamiro Claro, Álvaro Basto, Álvaro Carvalho, Álvaro Magro, Álvaro Mendonça, Álvaro Vasconcelos, Amaral Bernardo, Amaro Munhoz Samúdio, Américo Estanqueiro, Américo Marques, Amílcar Mendes, Amílcar Ramos, Ana Duarte, Ana Ferreira (ou Ana Paula Ferreira), Ana Maria Gala, Ana Romero, Anabela Pires, Aníbal Magalhães, Anselmo Garvoa, Antero F. C. Santos (n=56)

(António)

António Abrantes, António Acílio Azevedo, António Agreira, António Alberto Alves, António Almeida, António Azevedo Rodrigues, António Baia, António Baldé, António Barbosa, António Barbosa [Santarém], António Barroso, António Bartolomeu, António Bastos, António Bonito, António (ou Tony) Borié, António Branco, António Branquinho, António Brum, António Camilo, António Campos, António Carvalho, António Castro, António Clemente, António Correia Rodrigues, António Cunha (Lassa), António da Costa Maria, António Dâmaso, António Delmar Pereira, António Dias, António Duarte, António Eduardo Carvalho, António Eduardo Ferreira, António Estácio, António Faneco, António Garcia Matos (ou António Matos), António Gomes da Cunha, António Graça de Abreu, António Inverno, António J. Pereira da Costa, António J. Serradas Pereira, António Joaquim Alves, António Joaquim Oliveira, António (ou Tony) Levezinho, António Lopes Pereira, António Manuel Conceição Santos, António Manuel Oliveira, António Manuel Salvador, António Manuel Sucena Rodrigues, António Marques, António Marquês, António Martins de Matos, António Mateus, António Medina, António Melo, António Melo de Carvalho, António Moreira, António Murta, António Nobre, António Osório, António P. Almeida, António Paiva, António Pimentel, António Pinto, António Ramalho, António Rocha Costa, António Rodrigues, António Rodrigues Pereira, António Rosinha, António Sá Fernandes, António Salvada, António Sampaio, António Santos, António Santos Almeida, António Santos Dias, António Tavares, António Teixeira Mota, António Varela (n=77)

(Arl / Aura)

Arlindo Roda, Armandino Oliveira, Armandino Santos, Armando Costa, Armando Faria, Armando Ferreira, Armando Ferreira Gomes, Armando Fonseca, Armando Gonçalves, Armando Pires, Armando Tavares da Silva, Arménio Estorninho, Arménio Santos, Armindo Batata, Armor Pires Mota, Arnaldo Guerreiro, Arnaldo Sousa, Arsénio Puim, Artur Conceição, Artur José Ferreira, Artur Ramos, Artur Soares, Augusto Baptista, Augusto Mota, Augusto Silva Santos, Augusto Vilaça, Aura Rico Teles (n=27)

(B)

Belarmino Sardinha, Belmiro Tavares, Belmiro Vaqueiro, Benito Neves, Benjamim Durães, Benvindo Gonçalves, Bernardino Cardoso, Bernardino Parreira, Braima Djaura, Braima Galissá (n=10)

(Carlos)

Cândido Morais, Campelo de Sousa, Carlos Afeitos, Carlos Alberto Cruz, Carlos Alberto de Jesus Pinto, Carlos Alexandre, Carlos Américo Cardoso, Carlos Ayala Botto, Carlos Azevedo, Carlos Baptista, Carlos Carvalho, Carlos Cordeiro, Carlos Domingos Gomes (Cadogo Pai), Carlos Farinha, Carlos Fernandes, Carlos Fortunato, Carlos Fraga, Carlos Guedes, Carlos Jorge Pereira, Carlos Marques dos Santos, Carlos Mendes, Carlos Milheirão, Carlos Nery Gomes de Araújo, Carlos Órfão, Carlos Pedreño Ferreira, Carlos Pinheiro, Carlos Pinto, Carlos Prata, Carlos Ricardo, Carlos Rios, Carlos Silva, Carlos Sousa, Carlos Valente, Carlos Valentim, Carlos Vieira, Carlos Vinhal (n=36)

(Carm / Crist)

Carmelino Cardoso, Carvalhido da Ponte, Casimiro Vieira da Silva, Cátia Félix, Célia Dinis, César Dias, Cherno Baldé, Cláudio Brito, Conceição Alves, Conceição Brazão, Conceição Salgado, Constantino Costa, Constantino Ferreira d'Alva, Constantino (ou Tino) Neves, Coutinho e Lima, Cristina Allen, Cristina Silva, Cristóvão e Aguiar (n=18)

(D)

Daniel Vieira, David Guimarães, David Peixoto, Delfim Rodrigues, Diamantino Monteiro (ou Diamantino Pereira Monteiro), Diana Andringa, Dina Vinhal, Domingos Fonseca, Domingos Gonçalves, Domingos Maçarico, Domingos Santos, Duarte Cunha, Durval Faria (n=13)

(E)

Eduardo Campos, Eduardo Costa Dias, Eduardo Estrela, Eduardo J. Magalhães Ribeiro, Eduardo Jorge Ferreira, Eduardo Moutinho Santos, Eduardo Santos, Egídio Lopes, Ernestino Caniço, Ernesto Duarte, Ernesto Marques, Ernesto Ribeiro, Estêvão A. Henriques, Evaristo Reis (n=14))

(F)

Felismina Costa, Fernandino Leite, Fernandino Vigário, Fernando Almeida, Fernando Andrade Sousa, Fernando Araújo, Fernando Barata, Fernando Calado, Fernando Cepa, Fernando Chapouto, Fernando Costa, Fernando de Jesus Sousa, Fernando Franco, Fernando Gomes de Carvalho, Fernando Gouveia, Fernando Hipólito, Fernando Inácio, Fernando Loureiro, Fernando Macedo, Fernando Magro, Fernando Manuel Belo, Fernando Moita, Fernando Oliveira, Fernando Oliveira (Brasinha), Fernando Santos, Fernando Sucio, Fernando Tabanez Ribeiro, Fernando Teixeira, Ferreira da Silva, Ferreira Neto, Filomena Sampaio, Florimundo Rocha, Fradique Morujão, Francisco Baptista, Francisco Feijão, Francisco Gamelas, Francisco Godinho, Francisco Gomes, Francisco Henriques da Silva, Francisco Monteiro Galveia, Francisco Palma, Francisco Santiago, Francisco Santos, Francisco Silva (n=44)

(G)

Gabriel Gonçalves, Garcez Costa, George Freire, Germano Penha, Germano Santos, Gil Moutinho, Gilda Pinho Brandão (ou Gilda Brás), Gina [Virgínia] Marques, Giselda Antunes Pessoa, Graciela Santos, Gualberto Passos Marques, Guilherme Ganança, Gumerzindo Silva, Gustavo Vasques, (n=14)

(H)

Hélder Sousa, Henrique Cabral, Henrique Cerqueira, Henrique Martins de Castro, Henrique Matos, Henrique Pinto, Herlânder Simões, Hernâni Acácio Figueiredo, Hilário Peixeiro, Horácio Fernandes, Hugo Costa, Hugo Guerra, Hugo Moura Ferreira, Humberto Nunes, Humberto Reis (n=15)

(I/João)

Idálio Reis, Inácio Silva, Isabel Levy Ribeiro, Ismael Augusto, J. Armando F. Almeida, J. C. Mussá Biai, J. F. Santos Ribeiro, J. L. Mendes Gomes, J. L. Vacas de Carvalho, J. M. Pereira da Costa, Jacinto Cristina, Jaime Bonifácio Marques da Silva, Jaime da Silva Mendes, Jaime Machado, Jéssica Nascimento, João Alberto Coelho, João Bonifácio, João Carlos Silva, João Carreiro Martins, João Carvalho, João Cerina, João Crisóstomo, João Dias da Silva, João Dinis, João Graça, João Lourenço, João M. Félix Dias, João Martel, João Martins, João Meneses, João Melo, João Miranda, João Nunes, João Paulo Diniz, João Pereira da Costa, João Rebola, João Ruivo Fernandes, João S. Parreira, João Sacôto, João Santos, João Santiago, João Schwarz, João Seabra, João Varanda, João Vaz (n=45)

(Joaquim / Jochen)

Joaquim Ascenção, Joaquim Cardoso, Joaquim Cruz, Joaquim Fernandes, Joaquim Fernandes Alves, Joaquim Gomes de Almeida (o "Custóias"), Joaquim Guimarães, Joaquim Jorge, Joaquim Luís Fernandes, Joaquim Macau, Joaquim Martins, Joaquim Mexia Alves, Joaquim Nogueira Alves, Joaquim Peixoto, Joaquim Pinheiro, Joaquim Pinto Carvalho, Joaquim Rodero, Joaquim Ruivo, Joaquim Sabido, Joaquim Sequeira, Joaquim Soares, Jochen Steffen Arndt (n=22)

(Jorge)

Jorge Araújo, Jorge Cabral, Jorge Caiano, Jorge Canhão, Jorge Coutinho, Jorge Félix, Jorge Ferreira, Jorge Lobo, Jorge Narciso, Jorge Picado, Jorge Pinto, Jorge Rijo, Jorge Rosales, Jorge Rosmaninho, Jorge Santos, Jorge Silva, Jorge Simão, Jorge Tavares, Jorge Teixeira (n=19)

(José)

José Afonso, José Albino, José Almeida, José António Sousa, José António Viegas, José Augusto Ribeiro, José Barbosa, José Barreto Pires, José Barros, José Bastos, José Belo, José Brás, José Carlos Ferreira, José Carlos Gabriel, José Carlos Lopes, José Carlos Neves, José Carlos Pimentel, José Carlos Suleimane Baldé, José Carmino Azevedo, José Casimiro Carvalho, José Claudino da Silva, José Colaço, José Corceiro, José Cortes, José Crisóstomo Lucas, José da Câmara, José Diniz de Souza Faro, José Eduardo Oliveira (JERO), José Fernando de Andrade Rodrigues, José Fernando Estima, José Ferraz de Carvalho, José Ferreira da Silva, José Fialho, José Figueiral, José Firmino, José Francisco Robalo Borrego, José Gonçalves, José Horácio Dantas, José Jerónimo, José João Braga Domingos, José Lima da Silva, José Lino Oliveira, José Luís Vieira de Sousa, José Macedo, José Manuel Alves, José Manuel Cancela, José Manuel Carvalho, José Manuel Dinis, José Manuel Lopes (Josema), José Manuel Pechorro, José Manuel Rosado Piça, José Manuel Samouco, José Manuel Sarrico Cunté, José Maria Claro, José Maria Pinela, José Marques Ferreira, José Martins, José Martins Rodrigues, José Matos, José Melo, José Nascimento, José Nunes, José Paracana, José Parente Dacotsa, José Pardete Ferreira, José Pedro Neves, José Pedrosa, José Peioxoto, José Pereira, José Pinho da Costa, José Quintino Romão, José Rocha (ou José Barros Rocha), José Rodrigues, José Rosário, José Salvado, José Santos, José Saúde, José Sousa (JMSF), José Sousa Pinto, José (ou Zé) Teixeira, José Vargues, José Vermelho, José Zeferino (n=83)

(Jov/Juv)

Joviano Teixeira, Júlia Neto, Júlio Abreu, Júlio Benavente, Júlio César, Júlio Faria, Júlio Madaleno, Júlio Martins Pereira, Juvenal Amado, Juvenal Candeias (n=10)

(L)

Lázaro Ferreira, Leão Varela, Leopoldo Amado, Leopoldo Correia, Lia Medina, Libério Lopes, Lígia Guimarães, Luciana Saraiva Guerra, Luciano de Jesus, Lucinda Aranha, Luís Branquinho Crespo, Luís Camões, Luís Camolas, Luís Candeias, Luís Carvalhido, Luís de Sousa, Luís Dias, Luís Fonseca, Luís Gonçalves Vaz, Luís Graça [Henriques], Luís Guerreiro, Luís Jales, Luís Marcelino, Luís Miguel da Silva Malú, Luís Mourato Oliveira, Luís Nascimento, Luís Paiva, Luís Paulino, Luís R. Moreira, Luís Rainha, Luiz Figueiredo (n=31)

(Mam/Manuela)

Mamadu Baio, Manuel Abelha Carvalho, Manuel Amante, Manuel Amaro, Manuel Bastos Soares, Manuel Bento, Manuel Carmelita, Manuel Carvalhido, Manuel Carvalho, Manuel Carvalho Passos, Manuel Castro, Manuel Cibrão Guimarães, Manuel Coelho, Manuel Correia Bastos, Manuel Cruz, Manuel Domingues, Manuel Freitas, Manuel G. Ferreira, Manuel Gomes, Manuel Henrique Quintas de Pinho, Manuel João Coelho, Manuel Joaquim, Manuel José Janes, Manuel Lima Santos, Manuel Luís de Sousa, Manuel Luís Lomba, Manuel Macias, Manuel Maia, Manuel Marinho, Manuel Mata, Manuel Melo, Manuel Oliveira Pereira, Manuel Peredo, Manuel Rebocho, Manuel Reis, Manuel Resende, Manuel Rodrigues, Manuel Salada, Manuel Santos, Manuel Serôdio, Manuel Sousa, Manuel Tavares Oliveira, Manuel Traquina, Manuel Vaz, Manuela Gonçalves (Nela) (n=45)

(Mar / Mig)

Margarida Peixoto, Maria Arminda Santos, Maria Clarinda Gonçalves, Maria Helena Carvalho (ou Helena do Enxalé), Maria Joana Ferreira da Silva, Maria Teresa Almeida, Mário Armas de Sousa, Mário Beja Santos (ou Beja Santos), Mário Bravo, Mário Cláudio [pseudónimo de Rui Barbot Costa], Mário Cruz ("Shemeiks"), Mário de Azevedo, Mário Oliveira, Mário de Oliveira (Padre), Mário Dias (ou Mário Roseira Dias), Mário Fitas (ou Mário Vicente), Mário Gaspar, Mário Leitão, Mário Lourenço, Mário Magalhães. Mário Migueis, Mário Pinto, Mário Santos, Mário Serra de Oliveira, Marisa Tavares, Marta Ceitil, Martins Julião, Maurício Nunes Vieira, Maximino Alves, Melo Silva, Miguel Pessoa, Miguel Ribeiro de Almeida, Miguel Ritto, Miguel Vareta (n=34)

(N)

Natalino da Silva Batista, Nelson Cerveira, Nelson Domingues, Nelson Herbert, NI (Maria Dulcinea), Norberto Gomes da Costa, Norberto Tavares de Carvalho, Nunes Ferreira, Nuno Almeida, Nuno Dempster, Nuno Nazareth Fernandes, Nuno Rubim (n=12)

(O/P/Q)

Orlando Figueiredo, Orlando Pinela, Osvaldo Cruz, Osvaldo Pimenta, Pacífico dos Reis, Patrício Ribeiro, Paula Salgado, Paulo Lage Raposo (ou Paulo Raposo), Paulo Reis, Paulo Salgado, Paulo Santiago, Pedro Cruz, Pedro Lauret (n=13)

(R)

Ramiro Jesus, Raul Albino, Raul Azevedo, Raul Brás, Regina Gouveia, Renato Monteiro, Ribeiro Agostinho, Ricardo Almeida, Ricardo Figueiredo, Ricardo Sousa, Ricardo Teixeira, Rogé Guerreiro, Rogério Cardoso, Rogério Chambel, Rogério Ferreira, Rogério Freire, Rosa Serra, Rui A. Santos, Rui Alexandrino Ferreira (ou Rui Ferreira), Rui Baptista, Rui Esteves, Rui Felício, Rui Fernandes, Rui G. Santos, Rui Gonçalves, Rui Pedro Silva, Rui Silva, Rui Vieira Coelho (n=28)

(S/T)
Sadibo Dabo, Santos Oliveira, Sebastião Ramalho Lavado, Sérgio Pereira, Sérgio Sousa, Silvério Dias, Silvério Lobo, Sílvio Abrantes (Hoss), Sousa de Castro, Susana Rocha, Tibério Borges, Tina Kramer, Tomané Camará, Tomás Carneiro, Tomás Oliveira, Tony Grilo, Tony Tavares, Torcato Mendonça (n=18)

(V/X/W/Z)

Valdemar Queiroz, Valente Fernandes, Valentim Oliveira, Vasco da Gama, Vasco Ferreira, Vasco Joaquim, Vasco Santos, Veríssimo Ferreira, Victor Alfaiate, Victor Alves, Victor Barata, Victor David, Victor Garcia, Victor Tavares, Virgílio Teixeira, Virgílio Valente, Virgínio Briote, Vitor Caseiro, Vítor Cordeiro, Vítor Junqueira, Vítor Oliveira, Vítor Raposeiro, Vítor Silva, Xico Allen, Zé Carioca (ou José António Carioca), Zélia Neno (n=26)


Lista dos amigos/as e camaradas que da lei da morte se foram libertando (n=62):

Agostinho Jesus (1950-2016) (*)
Alfredo Dinis Tapado (1949-2010)
Alfredo Roque Gameiro Martins Barata (1938-2017)
Amadu Bailo Jaló (1940-2015)
António da Silva Batista (1950-2016)
António Dias das Neves (1947-2001)
António Domingos Rodrigues (1947-2010)
António Manuel Martins Branquinho (1947-2013)
António Rebelo (1950-2014)
António Teixeira (1948-2013)
António Vaz (1936-2015)
Armandino Alves (1944-2014)
Armando Teixeira da Silva (1944-2018)
Augusto Lenine Gonçalves Abreu (1933-2012)
Aurélio Duarte (1947-2017)
Carlos Filipe Coelho (1950-2017)
Carlos Geraldes (1941-2012)
Carlos Rebelo (1948-2009)
Carlos Schwarz da Silva, 'Pepito' (1949-2014)
Clara Schwarz da Silva (1915-2016)
Daniel Matos (1949-2011)
Fernando Brito (1932-2014)
Fernando [de Sousa] Henriques (1949-2011)
Fernando Rodrigues (1933-2013)
Francisco Parreira (1948-2012)
França Soares (1949-2009)
Humberto Duarte (1951-2010)
Inácio J. Carola Figueira (1950-2017)
Ivo da Silva Correia (.c 1974-2017)
João Barge (1945-2010)
João Caramba (1950-2013)
João Henrique Pinho dos Santos (1941-2014)
Joaquim Cardoso Veríssimo (1949-2010)
Joaquim Vicente Silva (1951-2011)
Joaquim Vidal Saraiva (1936-2015)
Jorge Teixeira (Portojo) (1945-2017)
José António Almeida Rodrigues (1950-2016
José Eduardo Alves (1950-2016)
José Fernando de Andrade Rodrigues (1947-2014)
José Luís Pombo Rodrigues (1934-2017)
José Manuel P. Quadrado (1947-2016)
José Marques Alves (1947-2013)
José Moreira (1943-2016)
José (ou Zé) Neto (1929-2007)
Luís Borrega (1948-2013
Luís Faria (1948-2013)
Luís F. Moreira (1948-2013)
Luís Henriques (1920-2012)
Manuel Castro Sampaio (1949-2006)
Manuel Martins (1950-2013)
Manuel Moreira (1945-2014)
Manuel Moreira de Castro (1946-2015)
Manuel Varanda Lucas (1942-2010)
Maria da Piedade Gouveia (1939-2011)
Maria Manuela Pinheiro (1950-2014)
Mário Vasconcelos (1945-2017)
Nelson Batalha (1948-2017)
Rogério da Silva Leitão (1935-2010)
Teresa Reis (1947-2011)
Umaru Baldé (1953-2004)
Vasco Pires (1948-2016)
Victor Condeço (1943-2010)

Total de grã-tabanqueiros em 10/4/2018 = 772

(*) Notícia só recebida e confirmada em 2017


Últimas dez entradas (da mais recente para a menos recente):

Mário Santos, António Lopes Pereira, Fernando Tabanez Ribeiro, Gina Marques, João Schwarz, António Joaquim Alves, Manuel Cibrão Guimarães, José Horácio Dantas, José Parente Dacosta, Virgílio Teixeira.

_________________

Notas do editor:

(*) Lista dos dez primeiros postes:

23 de abril de 2004 > Guiné 69/71 – I: Saudosa(s) madrinha(s) de guerra (Luís Graça)

25 de abril de 2004 > Guiné 69/71 - II: Excertos do diário de um tuga (1) (Luís Graça)

28 de abril de 2004 > Guiné 69/71 - III: Excertos do diário de um tuga (2) (Luís Graça)

7 de dezembro de 2004 > Guiné 69/71 - IV: Um Natal Tropical (Luís Graça)

20 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - V: Convívio de antigos camaradas de armas de Bambadinca (Luís Graça)

22 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - VI: Memórias do Xime, do Rio Geba e do Mato Cão (Sousa de Castro)

25 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - VII: Memórias do inferno do Xime (Novembro de 1970) (Luís Graça)

28 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - VIII: O sector L1 (Xime-Bambadinca-Xitole): Caracterização (1) (Luís Graça)

29 de abril de 2005 > Guiné 69/71 - IX: A malta do triângulo Xime-Bambadinca-Xitole (1) (Luís Graça)

(**) Vd. poste de 21 de março de 2018 Guiné 61/74 - P18443: XIII Encontro Nacional da Tabanca Grande, Palace Hotel de Monte Real, 5 de Maio de 2018 (1): Primeiras informações e abertura das inscrições (A Comissão Organizadora)

Guiné 61/74 - P18551: (D)outro lado do combate (28): Balanço dos combates entre a CCAÇ 2533 e a CCAÇ 14 e o PAIGC (Corpo do Exército 199-B-70) no setor de Farim - Parte I (Jorge Araújo)



Citação: (1963-1973), "Coluna de guerrilheiros do PAIGC avançando por um trilho", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43531 (2018-4-20), com a devida vénia





O nosso coeditor Jorge Alves Araújo, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger,
CART 3494  (Xime-Mansambo, 1972/1974).



Mensagem do Jorge Araújo, com data de 21 do corrente:

Assunto - Balanço dos Combates entre as NT e o PAIGC - CE 199- B-70. Parte I 


Caro Luís,

Boa tarde.

Anexo mais um texto com um duplo sentido... 1.º; para o incluir na minha série «(D)o outro lado do combate", e , 2.º; como documento a publicar no âmbito do 14.º Aniversário do Nosso Blogue, caso estejas, naturalmente, de acordo.

Até breve. Bom fim-de-semana.

Ab. Jorge Araújo.


GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > BALANÇO DOS COMBATES ENTRE A CCAÇ 2533 E CCAÇ 14 E O "CORPO DE EXÉRCITO" 199-B-70 [PAIGC]  NO SECTOR DE FARIM - A MORTE DO CMDT DO BIGRUPO ANSÚ BODJAN (1944-1971) - (Parte I)



1. INTRODUÇÃO


No momento em que se comemoram catorze anos de existência do Blogue da «TABANCA GRANDE», a 'mãe' de todas as «TABANCAS», período de tempo equivalente a sete comissões no CTIG, constata-se que os fundamentos que levaram o camarada Luís Graça à sua criação continuam actuais. Não é, pois, necessário gastar muito tempo na defesa desta afirmação. Basta consultar os números referentes a: membros, postes, comentários, fotos, visitas/visualizações e reuniões anuais em Encontros Nacionais. O "XIII" é já no próximo dia 5 de Maio, em Monte Real.

Foi (e continuará a ser!) neste espaço virtual de partilha que a partir de 23 de Abril de 2004 algumas centenas de ex-combatentes se encontram diariamente, desde os mais veteranos até aos mais "periquitos", dando o seu contributo na reconstituição do maior puzzle da memória da guerra colonial, na Guiné, transmitindo por escrito, e com imagens, as suas vivências e experiências, independentemente da época, do lugar ou do contexto.

Numa retrospectiva histórica e cronológica, a grande maioria das narrativas foram escritas na primeira pessoa, intercaladas com a divulgação de factos, feitos e resultados grafados nas brochuras elaboradas pelas respectivas Unidades. Agora, com o acesso público ao espólio documental de Amílcar Cabral (1924-1943) existente na Casa Comum – Fundação Mário Soares, passou a ser possível "circular" entre os dois lados do conflito, cruzando as diferentes versões no sentido do seu aprofundamento factual na busca da verdade possível, como é o presente exemplo.

Pelo acima exposto… envio ao aniversariante os meus PARABÉNS!

Para o seu criador vão as minhas felicitações e apreço, pela persistência, pela resistência e pela competência, ou seja «PRC», a sigla biopsicosocial que faz prolongar o sucesso.

Agora, para o colectivo tertuliano, apresento o resultado de mais um trabalho de pesquisa, nascido da adição de informações diversas obtidas de cada um dos lados do combate, título com que baptizei estas narrativas específicas, cujos episódios estão a uma distância de quase meio século. Trata-se de reconstituir a história com mais (outros) dados.

2. CONTEXTOS E UNIDADES ENVOLVIDAS


Os episódios que me propus partilhar, hoje, no fórum, e que constam nesta narrativa como objecto central da pesquisa, inscrevem-se no quadro das actividades operacionais desenvolvidas pela Companhia de Caçadores 2533 [CCAÇ 2533], de origem metropolitana, e pela Companhia de Caçadores 14 [CCAÇ 14], de Recrutamento Local.

Esses factos, que serão identificados por ordem cronológica ao longo do texto, ocorreram no Sector de Farim, situado na margem Norte do Rio Cacheu, na Região do Oio [ver mapa abaixo], dizem respeito aos combates travados pelas duas Unidades das NT, na sequência de duas emboscadas montadas pelo "Corpo de Exército" 199-B-70 [PAIGC], a primeira a 14 de Dezembro de 1970 (2.ª feira) e a segunda a 30 do mesmo mês (4.ª feira), tendo-se verificado baixas de ambos os lados.




No mapa acima [Frente Norte] a seta a vermelho indica o território onde ocorreram os combates, localizados no itinerário entre Farim e Jumbembem, o primeiro envolvendo a CCAÇ 2533 (14Dez1970) e o segundo a CCAÇ 14 (30Dez1970), tendo do outro lado da "barricada" o bigrupo do "Corpo de Exército" 199-B-70, liderado pelo Cmdt Ansú Bodjan.

As setas a azul correspondem aos locais de penetração das forças do PAIGC vindas das bases existentes em território da República do Senegal, em particular os corredores de "Lamel" e "Sitató".


2.1. A EMBOSCADA DA CCAÇ 2533 – A 14DEZ1970

Da consulta realizada às "Histórias" desta Unidade, encontrámos uma referência a este episódio no P13390, escrito pelo ex-alf Armando Mota, do 1.º Gr Comb, ao qual deu o título de «ENCONTRO EM LAMEL».

Pelo valor historiográfico no contexto da guerra e, como suporte documental deste trabalho, decidi transcrevê-lo na íntegra.

A esse propósito, Armando Mora disse:

"Naquele dia 14 de Dezembro de 1970, o 1.º Pelotão fora escalado para transportar e fazer a segurança de um grupo de africanos que iria fazer a capinagem junto à estrada em Lamel, dado que se verificava que aquele corredor estava a ser muito utilizado para a infiltração do IN no território, e o capim ajudava a esconder a seu presença.

"O 3.º Pelotão partira antes, para fazer a picagem da estrada até ao local dos trabalhos. Eram 8h10, após fazermos a chamada do pessoal da capinagem, distribuímos os trabalhadores pelas viaturas e partimos.

Passados alguns 15 minutos chegámos ao Bolumbato, onde avistámos a equipa de picagem. Decidi que a coluna esperaria ali, pois era mais seguro do que seguir em andamento lento atrás do pelotão da picagem.

Toda a gente desmontou das viaturas, montámos a segurança como habitualmente e ficámos por ali, descontraidamente, lembro-me de tirar uma foto ao soldado Guilherme [João Bento Guilherme] do Batalhão de Farim [BCAÇ 2879], condutor da minha viatura, a Berliet que seguia à frente.

Só próximo do fim da recta que antecede a rampa para Lamel, avistei o último dos elementos do 3.º Pelotão que nos fazia sinais para encostar. Pedi para parar e entrar no mato à direita pois o IN estava a atacar do lado esquerdo (Norte).

Ouvi perfeitamente 3 ou 4 tiros na nossa direcção, que não nos atingiram, saltei para o chão, atravessei a estrada e instalei-me enquanto o resto do 1.º Pelotão estacionava e tomava também posições. Ouvi uma rajada bastante próxima e perguntei quem tinha feito fogo… o fogo não era nosso. Íamos começar a avançar quando o Fonseca me disse que o soldado Guilherme [condutor] estava caído e ferido. Arrastámo-lo para estrada, inconsciente e logo me apercebi que era sério.

Como estava de pistola, pedi a G3 emprestada ao Fonseca e fui buscar o nosso enfermeiro que me confirmou que era muito grave. Decidi evacuá-lo imediatamente para Farim. Desloquei-me à 2.ª viatura para conseguir ajuda no transporte do ferido, mas ao aperceber-me do drama e para facilitar, o soldado Solipa ofereceu-se pois não tínhamos condutor, para conduzir a viatura dali para Farim, e corremos os dois para junto do grupo que protegia o ferido. Ainda debaixo de fogo, o Solipa manobrou a Berliet e carregámos o Guilherme já inconsciente. Partimos, eu o enfermeiro e mais três soldados rapidamente para Farim. Recordo-me de lhe segurar a cabeça para não se magoar no chão da viatura, enquanto com a outra mão me segurava à estrutura do banco corrido. No outro extremo o Evangelista segurava-lhe as pernas, também deitado e agarrado ao banco com uma mão. As minhas pernas já iam fora do estrado da viatura e era difícil manter a posição dada a velocidade da Berliet e as irregularidades da picada.

Acreditávamos que ia valer a pena…

Foi um esforço em vão, inglório. Marcou-nos a todos também… Aqui destacou-se o soldado Solipa ex-condutor e condenado por indisciplina, pelo comando de Bissau, a "fazer a tropa connosco" no mato.

O soldado Solipa foi louvado pela atitude de solidariedade com um camarada, debaixo de fogo. Enviei à família do soldado Guilherme uma nota de sentimento com a foto que lhe tirei vinte minutos antes de falecer, descrevendo a acção onde caiu. Não obtive resposta e nunca mais comunicámos".

[O camarada João Bento Guilherme era natural da Vila de Fazendas de Almeirim, Município de Almeirim].

Ass. Alf. Armando Mota, 1.º Pelotão



2.2. A EMBOSCADA DA CCAÇ 14 – A 30DEZ1970Depois de concluída no CIM. (Centro de Instrução Militar), em Bolama, a sua formação/instrução em finais de Outubro de 1969, a Companhia de Caçadores 14 [companhia das etnias mandinga e manjaca - ex-CCAÇ 2592] rumou nos primeiros dias de Novembro para a zona operacional que lhe tinha sido destinada – CUNTIMA, mesmo junto à fronteira com a República do Senegal.



Cuntima. Tabanca juno à fronteira com o  Senegal. Foto do álbum do camarada Humberto Nunes (ex. alf mil Cmdt do 23.º Pel Art, Gadamael Porto e Cuntima, 1972/74) – P10340, com a devida vénia.



Para caracterizar a actividade operacional da CCAÇ 14, recorremos aos depoimentos do camarada ex-fur Eduardo Estrela (Cuntima, 1969/71). No P11365, ele refere: "Em Cuntima, a actividade operacional era intensa pois estavam no mato permanentemente dois ou mais grupos de combate, por períodos de quarenta e oito horas. A guarnição de Cuntima, normalmente composta por duas companhias operacionais, Pelotão de Obuses e Pelotão de Milícias, para além das interdições ao corredor de Sitató, fazia picagens à estrada, escoltas às colunas para Farim, segurança próxima e afastada ao aquartelamento e as operações militares que obrigavam a utilização de maiores meios.


As colunas a Farim eram diárias e o desgaste físico e psíquico muito grande, pois volta não volta o PAIGC aparecia. (…) Em Farim fazíamos interdição ao corredor de Lamel, numa época em que o PAIGC estava muito activo. De tal modo activo que entre o início de dezembro de 1970 e meados de janeiro de 1971, a guarnição do BCAÇ 2879 sofreu algumas baixas, entre mortos e feridos".

Por ausência de testemunho escrito relacionado com esta emboscada sofrida pela CCAÇ 14 no dia 30 de Dezembro de 1970, apenas podemos acrescentar que neste combate aquela unidade das NT registou dois mortos, um do recrutamento local e outro do contingente metropolitano, a saber:




2.3. A ACTIVIDADE OPERACIONAL DO "CORPO DE EXÉRCITO"  199-B-70 (1970/1971)

No âmbito deste trabalho, apurámos que o "Corpo de Exército" 199-B-70 foi criado durante o mês de Novembro de 1970, na Frente Sul, tendo Nino Vieira (1939-2009) tomado a iniciativa de enviar uma carta, de Kandiafara , a Aristides Pereira (1923-2011), datada de 18 desse mês, informando-o desse facto.




Citação: (1966-1974), "Relatório remetido por Nino Vieira a Amílcar Cabral expondo a situação na fronteira com a República da Guiné, designadamente os ataques entre Kebo e Guileje", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40775 (2018-4-20), com a devida vénia.



Como fonte de informação oficial, e por isso importante para melhor se compreender o contexto e as dimensões das actividades subversivas do PAIGC na Frente Norte, particularmente na avaliação e controlo dos diferentes factores com elas relacionadas, localizámos um documento elaborado por Osvaldo Vieira (1938-1974), à época membro do Conselho Superior de Luta e do Comité Executivo da Luta, de 9 de Agosto de 1971.

Partindo da análise do conteúdo, circunscrevemos as partes que melhor se enquadram na presente temática, não deixando de reproduzir o texto na íntegra.

Osvaldo Vieira refere que, após realizar a sua missão de inspecção no Norte [Frente], concluiu que a situação era razoável, embora a falta de homens e de munições eram um problema bastante sério, principalmente na Região do Canchungo [ex-Teixeira Pinto] e outros Sectores como Naga e Morés. Para além disso, as actividades das Forças Armadas eram consecutivas e a maior parte delas com bastante êxito, e que nos últimos tempos têm causado ao inimigo [NT] duras perdas em homens e em materiais de guerra. Quanto ao comportamento dos camaradas em geral era bastante bom e com maior disciplina.



Aquando da sua entrada em território da Guiné, somente se encontrava um "corpo do exército", o n.º 199-C-70, que fazia as suas actividades na Frente Nhacra-Morés. Os restantes "corpos de exército" encontravam-se na linha da fronteira com a República do Senegal, exercendo as suas missões naquela área.


Quanto aos outros dois "corpos de exército", 199-A-70 e 199-B-70 [aquele que nos interessa] encontravam-se na linha de fronteira a fazer missão e logo que ela esteja cumprida, irão para o interior do país [Guiné], segundo a determinação de Amílcar Cabral [SG]. Em relação às forças locais [FAL] encontram-se estacionadas no Cassu, S. Domingos, Camparada, Ingoré, Sano, Cumbamore e Faiarte. Também existe um grupo no Ermancono, na linha de fronteira, que tem como tarefa apoiar a entrada de munições e tudo o que se refere a necessidades do exército. Tem havido certas fugas [deserções] no seio do "corpo de exército" dos camaradas que vieram para o reforçar, especialmente os oriundos do Sul. Quanto à fuga em direcção à fronteira [Norte] tem havido muito raramente, que, segundo ele, é devido à organização que se nota no interior do exército.





Citação: (1971), "Relatório de missão de inspecção à actividade das Forças Armadas no Norte", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40059 (2018-4-20), com a devida vénia.



2.4. BALANÇO DA ACTIVIDADE OPERACIONAL DO "CORPO DE EXÉRCITO" 199-B-70 (1970/1971)


 Para concluir o primeiro fragmento desta narrativa, importa agora dar conta do que consta no relatório, tipo "caderno de apontamentos", manuscrito pelo responsável militar do "Corpo de Exército" 199-B-70, Cmdt Braima Bangura, também ele membro do Conselho Superior de Luta e do Comité Executivo da Luta. O documento foi elaborado em Ziguinchor [República do Senegal] com data de 24 de Dezembro de 1971.








Citação: (1971), "Relatório da acção do CE [Corpo de Exército] 199-B70, desde a sua formação, em Dezembro de 1970, até ao final do ano de 1971.", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40099 (2018-4-20), com a devida vénia.


Continua…

À vossa consideração.

Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.

Jorge Araújo.

21ABR2018.

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Nota do editor: