sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24689: Recortes de Imprensa (136): Jornal "Voz da Guiné" (6): Reprodução da 7.ª página do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

1. Continuação da publicação da transcrição das páginas do jornal Voz da Guiné de 7 de Setembro de 1974, enviada pelo nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), em 16 de Setembro de 2023:

Bom tarde camarada do capim, dos Megabytes e das artroses!
Como me constou que andas com falta de trabalho, aqui te envio umas coisinhas para te entreteres nas noites de insónia.
Trata-se do resto das páginas do “Voz da Guiné” de 7 de Setembro de 1974 (6 a 12).
Com o decorrer das transcrições fui-me apercebendo que o “Voz da Guiné” era bem capaz de ser o “órgão oficial do PCP da Guiné” tal é a quantidade de textos virados à esquerda.
Vários não transcrevi por nada terem a ver com a Guiné portuguesa e outros que transcrevi, se achares que o pessoal não vai gostar, não publiques para evitar discussões políticas.
Se alguém estiver interessado nalgum texto que não transcrevi (indico o assunto na página), terei todo o gosto em o transcrever, com calma descontracção e estupidez natural.
Entretanto, como não tenho nada para fazer (não gosto de lavar a louça), vou-me dedicar ao jornal do dia 10 que esse sim, tem mais interesse por ser a edição especial do dia do reconhecimento, por Portugal, da independência da Guiné-Bissau.

Bom entretenimento
Abraço
Abílio Magro








(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24683: Recortes de Imprensa (135): Jornal "Voz da Guiné" (5): Reprodução das 5.ª e 6.ª páginas do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

Guiné 61/74 - P24688: Notas de leitura (1618): "A Guerra de Moçambique 1964-1974", por Francisco Proença Garcia; Coleção Guerras e Campanhas Militares da História de Portugal, edição da Quidnovi, 2010 (Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Dezembro de 2021:

Queridos amigos,
A Coleção Guerra e Campanhas Militares da História de Portugal, da Quidnovi, constituiu um meritório esforço coletivo que abarcou, como é óbvio, os três teatros africanos no limite do império. Coube ao general Francisco Proença Garcia a redação da sinopse da guerra de Moçambique, e o autor dá-nos satisfatoriamente a relação dos pontos capitais, desde a génese do independentismo na região, passando pelo confronto pelo independentismo e as autoridades portuguesas, esquematizando uma manobra político-diplomática, militar, psicológica, socioeconómica e de informações. Nas conclusões, o autor escreve: "A manobra militar visava ganhar tempo para a solução política e permitia ao mesmo tempo a criação de um ambiente mais seguro para que a manobra socioeconómica de conquista dos corações e das mentes se concretizasse. Esta estratégia só foi possível com o apoio de uma manobra de informações que não visava apoiar apenas a manobra militar, trabalhando também em prol das outras manobras, destacando-se o estudo das populações. Porém, o sistema internacional mudará e não acolheu o modelo pretendido por Portugal. Dominaram os fatores exógenos, que não deixaram de agir até hoje. Esgotada que estava a capacidade de resposta portuguesa, a decisão do fim do império acabou por ser do aparelho militar".

Um abraço do
Mário



A Guerra de Moçambique 1964-1974, por Francisco Proença Garcia

Mário Beja Santos

Sinopse da obra, de acordo com o autor:
“De acordo com os seus próprios estatutos, a FRELIMO tinha por objetivo a liquidação total da dominação colonial portuguesa e de todos os vestígios do colonialismo e do imperialismo, a conquista da independência imediata e completa de Moçambique e a defesa e realização das reivindicações de todos os moçambicanos explorados e oprimidos pelo regime colonial português. A argumentação da FRELIMO para a guerra baseava-se na rejeição do colonialismo como uma já longa tradição, referindo-se como "resistência" o conjunto de reações dispersas e de cunho tribal contra a conquista colonial. Aquela argumentação assentava ainda, segundo Samora Machel, na justificação da natureza do colonialismo português e das alianças que o apoiavam. Para a FRELIMO, estes fatores, que criavam oposição à considerada dominação estrangeira, impunham a luta armada como único instrumento para a resolução da situação.”

O livro de divulgação sobre a Guerra de Moçambique faz parte da coleção Guerras e Campanhas Militares da História de Portugal, foi editado pela Quidnovi, 2010. Alerta-nos o autor, relativamente à estrutura do trabalho de divulgação: “Organizamos o livro de forma a que, numa primeira parte, seja possível identificar a génese do independentismo moçambicano, nomeadamente dos principais movimentos, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e o Comité Revolucionário de Moçambique (COREMO), quanto à sua composição, articulação, ideologia e práticas. Numa segunda parte, analisamos e descrevemos a resposta do Poder português, assente na integração de cinco manobras interdependentes e a atuar de forma dinâmica entre si: político-diplomática, militar, psicológica, socioeconómica e de informações”.

Refere igualmente as suas fontes documentais, os fundos arquivísticos consultados. E adianta: “A documentação de âmbito memorialístico reúne correspondências, memórias, depoimentos e outro tipo de informação dos principais intervenientes políticos e militares, portugueses e moçambicanos com quem tivemos a singular oportunidade de privar. Estes contributos revelaram-se complementares da documentação oficial, sendo importantes na medida em que nos possibilitaram o acesso aos bastidores político-militar da época, permitindo contextualizar muitas das decisões e medidas adotadas”.

Dá-nos, pois, a génese do independentismo, caso de conferências como a Bandung, as primeiras independências africanas, os principais movimentos moçambicanos que se estruturaram entre as populações emigradas nos países circunvizinhos independentes, nos primeiros anos da década de 1960. A União Nacional Africana de Moçambique (MANU) constitui-se a partir de pequenos grupos, foi fundada no Tanganica (atual Tanzânia) em 1959, tinha como finalidade reunir os macondes moçambicanos aí residentes, e orientá-los subversivamente, de acordo com os interesses da Tanzânia. A União Democrática de Moçambique (UDENAMO) foi criada em 1960 por Adelino Gwambe, na antiga Rodésia do Sul, integrando, principalmente, trabalhadores emigrados de Manica e Sofala, Gaza e Lourenço Marques. Marcelino dos Santos representava este partido na primeira reunião da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), em Casablanca em 1961. Nesse mesmo ano surge a União Africana Independente de Moçambique (UNAMI), descendente da Associação Nacional Africana de Moatize. A FRELIMO foi constituída em junho de 1962, em Acra, durante uma reunião da CONCP e UNAMI. O reconhecimento desta frente pelos países independentes da Organização de Unidade Africana foi imediato.

Nesse mesmo ano, Adelino Gwambe foi expulso e criou um novo partido, a UDENAMO. É escusado enfatizar a matéria estatutária da FRELIMO: liquidação total da colonização portuguesa. O seu primeiro dirigente foi Eduardo Mondlane. A admissão do marxismo-leninismo é aceite em 1969, ano do assassinato de Mondlane, o partido entrou em turbulência que foi ultrapassada em maio de 1970 quando Samora Machel assumiu a presidência e Uria Simango foi afastado. A FRELIMO implantada no território de Moçambique tinha dois vertentes: a político-administrativa e a militar. A estrutura militar assentava nas Forças Populares de Libertação de Moçambique que eram controladas pelo Estado-Maior. A Organização Militar da FRELIMO abrangia dois níveis importantes: as bases (provinciais, subprovinciais, gerais, de segurança, operacionais, de logística e de instrução) e os acampamentos. O partido conseguiu organizar a chamadas áreas libertadas a partir de 1966, no Niassa. Aí ensaiou a administração, organizando a vida das populações e progrediu para o sul, em direção ao Zambeze. Em Cabo Delgado, atingiu a estrada Montepuez-Porto Amélia. Até 1968, a FRELIMO considerava ter libertado um quinto do território.

O autor descreve a manobra político-diplomática desenvolvida pelo governo português, o estabelecimento de laços políticos com a Rodésia e a África do Sul, a importância da aprovação em parceria do complexo hidroelétrico de Cahora Bassa, o significado da revisão da Constituição de 1971; segue-se a cronologia da manobra militar e o autor dá destaque ao período do comandante-chefe Kaúlza de Arriaga. Atenda-se ao que o seu antecessor caraterizava na situação militar em março de 1970: “(…) o terrorismo tinha recuado bastante e praticamente não passava do rio Lúrio. Daí para cima havi terrorismo, ainda havia aldeamentos, mas com dificuldade. Dai para baixo conseguimos que não houvess
e nada”.

Observa o autor que a subversão armada estava consignada ao Norte do rio Lúrio, mas a organização e propaganda alastrava a sul. O general Augusto Santos compreendera que a guerra não podia ser solucionada apenas por via militar. Kaúlza rompe com a forma dos generais Costa Gomes e Augusto Santos fazerem a guerra. A sua solução geoestratégica passava por promoção das populações, tentativa do controlo geral do território, pesquisa e destruição do inimigo e eliminação prioritária de bases e áreas libertadas. Lançou um conjunto de operações de que a principal foi a Operação Nó Górdio. Nos meses posteriores a esta, agravou-se a situação em Tete e cresceu a ameaça à barragem de Cahora Bassa, o que obrigou a transferir o esforço militar para aquele distrito.

A partir de 1972, acentuou-se o esforço em Tete da FRELIMO, que abandonou praticamente as operações no Niassa e em Cabo Delgado. Para a FRELIMO era forçoso alargar a guerra à região central, procurando afetar a Zambézia, Manica e Sofala. Em 1973 foi criado em Tete um comando específico, o Comando Operacional de Defesa de Cahora Bassa. Mas agravou-se a situação a norte do Comando Territorial do Centro, houve que criar o Comando Geral dos Grupos Especiais. Como a situação tendia a piorar, dá-se a substituição de Kaúlza de Arriaga pelo general Basto Machado, ocorreu o esforço da FRELIMO em direção à beira, estava semeado o pânico junto das populações brancas. Em 1974, o dispositivo do Exército português no território perfazia um total de 31 batalhões, 128 companhias tipo caçadores, um batalhão de Comandos, um grupo de artilharia, 3 esquadrões de cavalaria, 81 grupos especiais, 12 grupos especiais paraquedistas, 5 companhias da polícia militar e uma companhia de morteiros, para além de efetivos de engenharia.

Proença Garcia dá-nos a evolução do ano de 1974, descreve o recrutamento e a localização de efetivos, a natureza da manobra psicológica, o esforço socioeconómico em Moçambique, assistência sanitária e educativa, a estratégia do colonato e do aldeamento, a estrutura organizacional das organizações e o relacionamento das comunidades socio religiosas com as autoridades portuguesas.

Dir-se-á que esta curta monografia abarca aspetos essenciais da guerra de Moçambique, há a excetuar o facto que depois de 2010 a historiografia avançou no conhecimento do Exercício Alcora, que trouxe novas informações sobre o apoio militar oferecido pela Rodésia e África do Sul.


General Francisco Proença Garcia
Samora Machel e Eduardo Mondlane
Quartel de Mueda em 1969
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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24669: Notas de leitura (1617): "Guiné-Bissau: Um Caso de Democratização Difícil (1998-2008)", por Álvaro Nóbrega; Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa, 2015 (3) (Beja Santos)

Guiné 61/74 - P24687: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (9): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo I - Alterações na Composição da CCAV 2721



"A MINHA IDA À GUERRA"

9 - HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: CAPÍTULO I - ALTERAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DA CCAV 2721

João Moreira


(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 14 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24651: A minha ida à guerra (João Moreira, ex-Fur Mil At Cav MA da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72) (8): HISTÓRIA DA COMPANHIA DE CAVALARIA 2721: Capítulo I - Alterações na Composição da CCAV 2721

Guiné 61/74 - P24686: Álbum fotográfico do António Alves da Cruz, ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Buba, 1973/74) (7): Tempo de lazer...

 


Foto nº 29A


Foto nº 29


Foto nº 28


Foto nº 30



Foto nº 25A


Foto nº 25


Foto nº 27


Foto nº 26


Foto nº 31 
 

Guiné > Região de Quínara > Buba > 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Bula, 1973/74) > As fotos vão dispostas, não pela numeração, mas por conveniència e  afinidade temática.  Ver legendagem em baixo.

Fotos (e legendas): © António Alves da Cruz (2023). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Luís Graça & Camaradas da Guiné]



António Alves da Cruz, foto atual:
lisboeta der Belém, vive em Almada (onde trabalhou na Lisnave)


1. Continuação da publicação de uma seleção de fotos do álbum do António Alves da Cruz (ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 45113/72, Buba, 1973/74), que tem 12 referências n0 nosso blogue. O descritor Buba tem c. 380 referências.

São imagens do quotidiano da malta... Nos quartéis do CTIG, e não obstanmte a guerra, também havia tempo para o lazer, o futebol, os copos, o mergulho no rio, as jogatanas de cartas, o convívio no bar...
 

Legendagem:

f-25 >  da esquerda para a direita: Cruz, ex-fur mil Vitor Domingues, o nosso comandante de companhia cap mil Brás Dias, 1º cabo cripto (não recordo o nome); em baixo, os ex-fur mil Gonçalves e Costa,  e o 1º cabo cripto (não recordo o nome);

f-26 >  o hastear da bandeira nacional na parada;

f-27 > três ex-alf mil da 1ª companhia do BCAÇ  4513/72: da esquerda par a direita,  o Jorge (era o comandante do meu pelotão; como era formado em direito, depois de tirarmos as IAO,  em Bolama,  foi para Bissau para secção de justiça, ficando eu e o Vitor a comandar o 3º pelotão); o Gatões  e o Torres (infelizmente o Gatões e o Torres já não estão entre nós);

f-28  > bar de Sargentos, à esquerda o furriel do quadro Corola, eu ao centro, à direita o ex-fur mil mil Gonçalves;  em baixo não recordo o nome;

f-29 > eu na palheta com o Gonçalves , o quadro ao fundo é da autoria do ex-fiur mil Peixoto;

f-30 > no bar com o meu grande amigo, ex-fur mil operações especiais Gica;

f-31 > O Gonçalves coça a cabeça e o ex-fur mil José Carlos coça a micose.
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Nota do editor:

Último pposte da série > 15 dc setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24654: Álbum fotográfico do António Alves da Cruz, ex-fur mil at inf, 1ª C/BCAÇ 4513/72 (Buba, 1973/74) (7): Quartel e tabanca de Buba, e rio Grande de Buba

Guiné 61/74 - P24685: Parabéns a você (2208): Carlos Arnaut, ex-Alf Mil Art, CMDT do 16.º PelArt (Binar, Cabuca e Dara, 1970/72)

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Nota do editor

Último poste da série de 21 de Setembro de 2023 > Guiné 61/74 - P24680: Parabéns a você (2207): José Macedo, ex-2.º Tenente Fuzileiro Especial do DFE 21 (Bissau, 1973/74)

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

Guiné 61/74 - P24684: Manuscrito(s) (Luís Graça) (234): O nosso vizinho Eça de Queiroz (1845-1900), cujos restos mortais repousam em campa rasa no cemitério de Santa Cruz do Douro, Baião (deveriam ser trasladados para o Panteão Nacional no próximo dia 27, por decisão unânime da Assembleia da República)







Baião > Santa Cruz do Douro > Cemitério local > 20 de setembro de 2023  Aqui repousam, desde 1989 os restos mortais do escritor José Maria Éça de Queiroz (Póvoa do Varzim, 1845 - Paris, 1900).  Estavam originalmente no cemitério do Alto de São João, em Lisboa. Serão transladados para o Panteão Nacional, no próximo dia 27 de setembro por decisão da Assembelia da República. A decisão tem o apoio da Fundação Eça de Queiroz e da maior parte dos herdeiros. (Alguns porém terão aparecido a contestar, à última hora, a decisáo parlamentar)

Na lápide, em pedra de granito, pode ler-se em letras já muito descoloridas e praticamente ilegíveis: "Aqui descansa entre os seus, José Maria Eça de Queiroz (1845-1900)".








Baião > Santa Cruz do Douro > Quinta de Tormes > Fundação Eça de Queiroz  > 20 de setembro de 2023 > Eu, a Alice. e os nossos amigos Laura Fonseca e Jaima Silva fizemos uma visita à Quinta de Tormes e sede da Fundação Eça de Queiroz. Uma visita virtual pode também ser feita aqui, comodamente, sem sair do sofá... Ao fim de muitos anos, fizemos pela primeira vez uma visita ao cemitério de Santa Cruz do Douro onde sabíamos que repousavam, desde 1989,  os restos mortais do escritor, em jazigo de família. (*)

O acesso à Quinta de Tormes faz-se pela Estrada Nacional nº 108.

Fotos (e legendas): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Já aqui viemos, a Alice e eu, há muitos anos, ainda muito antes da criação da Fundação Eça de Queiroz (em 1997). A Alice era amiga da família,  e em especial da dona Maria da Graça Salema de Castro (1919-2015) (**).  (Ela e o marido, o neto de Eça de Queiroz, Manuel Benedito de Castro, foram pioneiros na construção de uma das primeiras vinhas de cruzeta na regão dos Vinhos Verdes; além disso,  a Maria da Graça Salema de Castro foi a entusiástica criadora da "Obra do Bem-Estar Rural de Baião", juntamente com o marido, o neto do Eça,  o "Dom Manuel", como lhe chamavam carinhosamente as gentes desta terra tão esquerida durante décadas. )

Somos vizinhos, da Quinta de Candoz à Quinta de Tormes, são uns escassos quilómetros. Gostamos de cá trazer os nossos amigos. Além do espaço museológico queirosiano, a casa que remonta ao séc. XVI, a quinta, etc., há um restaurante que também se recomenda. servindo alguns dos famosos pratos queirosianos. 

Vale a pena fazer uma visita guiada, à Quinta de Tormes, bem como conhecer (sem canadianas) o(s) caminho(s) do Jacinto:

(...) Proposta de percurso pedestre que de acordo com o relato do romance “A Cidade e as Serras”, tem início na Estação de Tormes (Aregos) prolongando-se serra acima por caminhos de natureza até Tormes ou Quinta de Vila Nova. A Estação é um dos elementos fundamentais do itinerário, pois é neste cenário que a expectativa urbana se confunde com a rusticidade do lugar, onde a curiosidade sobranceira de Jacinto se verga perante a graciosidade acolhedora da pequena infra-estrutura instalada entre a serra omnipresente e a, agora, calmaria das águas do rio. (...)

Em suma, meus amigos, há mais mundo, para além do Algarve, Lisboa, Porto e Coimbra... E Baião é uma concelho, fabuloso, a descobrir.
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Notas do editor:

(*) Último poste da série > 20 de setembro de  2023 > Guiné 61/74 - P24676: Manuscrito(s) (Luís Graça) (233): Quinta de Candoz, as primeiras cores outonais...

(**) Maria da Graça Salema de Castro (1919-2015):

(...) Nascida em Lisboa em 1919, frequentou o Curso de Assistente Social e a Alliance Française, casando-se aos 21 anos. Depois de uma estada de cinco anos em Luanda, Angola, o casal fixou definitivamente residência em Baião, na casa materna de Manuel de Castro, a Quinta de Vila Nova, na freguesia de Santa Cruz do Douro.

Maria da Graça Salema de Castro participou na “Obra do Bem-Estar Rural”, um movimento para o desenvolvimento local do concelho que criou uma escola, abriu acessos rurais no concelho, realizou colónias de férias para crianças, fez acompanhamento social e criou o primeiro centro de saúde. Já depois da morte do marido, e dando seguimento a um projeto de ambos, criou, em 1990, a Fundação Eça de Queiroz, instituição de utilidade pública sem fins lucrativos, cuja atividade é a divulgação e promoção nacional e internacional da obra do escritor, um dos maiores nomes da literatura portuguesa. A ação da Fundação, que completa 25 anos a 9 de setembro, tem-se desenvolvido nas áreas cultural, educativa, artística e de promoção do desenvolvimento social. (...)


Fonte: Centro Nacional de Cultura > 7 de setembro de 2015 >MARIA DA GRAÇA SALEMA DE CASTRO (1919-2015)

Guiné 61/74 - P24683: Recortes de Imprensa (135): Jornal "Voz da Guiné" (5): Reprodução das 5.ª e 6.ª páginas do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

1. Continuação da publicação da transcrição das páginas do jornal Voz da Guiné de 7 de Setembro de 1974, enviada pelo nosso camarada Abílio Magro (ex-Fur Mil Amanuense (CSJD/QG/CTIG, 1973/74), em 16 de Setembro de 2023:

Bom tarde camarada do capim, dos Megabytes e das artroses!
Como me constou que andas com falta de trabalho, aqui te envio umas coisinhas para te entreteres nas noites de insónia.
Trata-se do resto das páginas do “Voz da Guiné” de 7 de Setembro de 1974 (6 a 12).
Com o decorrer das transcrições fui-me apercebendo que o “Voz da Guiné” era bem capaz de ser o “órgão oficial do PCP da Guiné” tal é a quantidade de textos virados à esquerda.
Vários não transcrevi por nada terem a ver com a Guiné portuguesa e outros que transcrevi, se achares que o pessoal não vai gostar, não publiques para evitar discussões políticas.
Se alguém estiver interessado nalgum texto que não transcrevi (indico o assunto na página), terei todo o gosto em o transcrever, com calma descontracção e estupidez natural.
Entretanto, como não tenho nada para fazer (não gosto de lavar a louça), vou-me dedicar ao jornal do dia 10 que esse sim, tem mais interesse por ser a edição especial do dia do reconhecimento, por Portugal, da independência da Guiné-Bissau.

Bom entretenimento
Abraço
Abílio Magro


(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE SETEMBRO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24675: Recortes de Imprensa (134): Jornal "Voz da Guiné" (4): Reprodução da 4.ª página do número 353, de 7 de Setembro de 1974 (Abílio Magro)

Guiné 61/74 - P24682: Convidam-se os Antigos Combatentes a assinarem esta Petição a enviar ao Presidente da Assembleia da República com as reivindicações justas e prementes que se enumeram. Iniciativa do nosso camarada José Maria Monteiro, ex-Marinheiro Radiotelegrafista

1. Mensagem do nosso camarada José Maria Monteiro, ex-Marinheiro Radiotelegrafista (LFP Bellatrix, 1969/71 e Comando Naval da Guiné, 1971/73), com data de 18 de Setembro de 2023:

Meu distinto camarada Carlos Vinhal
Junto cópia da PETIÇÃO, que pretendo enviar ao senhor presidente da Assembleia da República, pelo que solicito a sua publicidade no BLOGUE, se entenderes.

Solicito ainda que convides todos os camaradas (ANTIGOS COMBATENTES), para querendo, colaborar na assinatura da aludida PETIÇÃO, indicar o nome e o número do cartão de cidadão/B.I., elementos de identificação que deverão ser remetidos para o meu email josemaria51@outlook.pt, sendo certo que os A.C. agradecerão a tua colaboração.

Grande abraço
José Maria Monteiro


********************

Excelentíssimo Senhor
Presidente da Assembleia da República,
Prof. Dr. Augusto Santos Silva

“...PETIÇÃO…”


Nós, Antigos Combatentes da passada guerra colonial, estamos pelo presente a pedir a Vossa Excelência para que, na qualidade de Presidente da Assembleia da República e com as competências que lhe estão atribuídas, possa sensibilizar e fazer com que os partidos com assento parlamentar se atentem e deliberem sobre a petição que agora lhe dirigimos em exclusivo, pois não queremos de forma nenhuma partidarizar a nossa pretensão, que obviamente haverá Antigos Combatentes, partidários de todas as sensibilidades políticas.

Brevemente, o Orçamento Geral do Estado para 2024 será debatido na Assembleia da República e a oportunidade, de se atender a um mínimo de consideração e ajuda aos Antigos Combatentes, é agora.

A nossa justa pretensão é um complemento de outras iniciativas de Antigos Combatentes que se têm manifestado por várias formas, que de entre outras, fazemos notar a greve de fome do nosso camarada Fernando Rosa e o Congresso Nacional de Antigos Combatentes.

Destarte, o grupo de Antigos Combatentes que subscreve esta petição não tem dúvidas em ser intérprete, dos desejos e necessidades da maioria; combatentes sexagenários, septuagenários e octogenários que cumprindo um dever patriótico combateram nas ex colónias portuguesas, pelo que vem, com o devido respeito por melhor entendimento, apresentar as reivindicações a seguir indicadas.

Esta reivindicação que pedimos, exigimos e merecemos é inteiramente justificada por inúmeras razões.

Nós, Antigos Combatentes fomos submetidos a condições pouco conhecidas pela maioria do povo português e por isso realçamos as principais:
- O perigo dos combates e emboscadas
- Os mortos e os feridos que carregamos
- Os traumas físicos e psicológicos dos próprios e das famílias
- A fome e a sede que por lá passamos
- A água inquinada
- A insalubridade dos climas
- A alimentação de má qualidade e as abomináveis rações de combate
- Os locais inóspitos para dormir quantas vezes dentro de abrigos
improvisados e lamacentos
- As pragas dos mosquitos
- A falta de higiene
- A malária que quase todos sofreram
- O débil apoio médico e de enfermagem
- A ansiedade e o medo, feitos heroísmos - O exagero no consumo de tabaco e de bebidas alcoólicas
- As perdas a nível profissional e remuneratório e muito, mas muito mais,
condições que contribuíram para a actual débil saúde dos antigos
combatentes, ainda vivos.

O que pretendemos?
Pretendemos, uma pensão de guerra mensal, vitalícia para todos os Combatentes na Guerra Colonial no valor mensal de 100€, cujo valor é para ajuda nas crescentes despesas de saúde, inerentes à idade dos Antigos Combatentes, cuja maioria tem pensões baixas.

É um subsídio razoável e mais que justo por uma razão comparativa com o reconhecimento nacional relativamente a presidentes da República, ministros, deputados, autarcas, juízes, embaixadores, oficiais superiores e muitas outras personalidades a que se achou por bem recompensar, os quais por certo o merecem e daí se releva também o nosso merecimento senão maior, pelo menos igual, atendendo às condições de guerra onde estivemos ao serviço da Pátria.

Numa consideração à parte e que é geral aos Antigos Combatentes, e nos parece pertinente, achamos por bem que Portugal esteja em diversas acções de paz, ajude a Ucrânia e os seus combatentes com os inerentes encargos e daí toda a legitimidade, legal, lógica, ética e moral entre outras, para sermos também nós, atendidos nas nossas necessidades.

Apelamos a todas as entidades para nos darem a atenção que merecemos e da qual somos credores da longa divida de gratidão da Pátria para com os seus heróis.

Assim e por isto solicitamos a Vossa Excelência, que dentro das atribuições e competências de que é detentor se empenhe em promover, o mais depressa possível esta justa reivindicação, que é tardia, com a agravante de o tempo de vida de todos nós se estar a esgotar devido à inevitável lei da morte.

Contamos com o seu apoio, a favor de todos os Antigos Combatentes que lutaram pela bandeira nacional.

Nós somos a voz dos Combatentes

Lisboa 18/09/2023

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Assinam esta petição:

Nome completo (………..) Identidade (Indicar o nº do Cartão de Cidadão ou B.I.)
Nome completo (………..) Identidade (Indicar o nº do Cartão de Cidadão ou B.I.)
Nome completo (………..) Identidade (Indicar o nº do Cartão de Cidadão ou B.I.)

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Nota do editor

Ver aqui: Exercício do Direito de Petição

Guiné 61/74 - P24681: Blogues da nossa blogosfera (183): "Portugal e o passado", de Fernando Magro (1936-2023): a "revolta da Maria da Fonte" (1846)


"Maria da Fonte", por Roque Gameiro (Quadros da História de Portugal, 1917). Imagem do domínio público, cortesia de Wikimedia Commons


1. O nosso camarada Fernando Valente (Magro), que acaba de falecer aos 87 anos (*), tinha um blogue, "Portugal e o Passsado", onde publicou, entre 2011 e 2014, duas dezenas de pequenos textos sobre alguns temas da História de Portugal, que lhe eram caros.

Outro dos seus blogues tinha por título "Histórias da vida real", publicado em 2016. Tem 21 postes ou postagens.

É nossa intenção ir repescar um ou outro texto, até como homenagem ao nosso camarada.  São blogues da nossa blogosfera (**). 

Já tive ocasião de lhe deixar um comentário, no poste que a nossa Tabanca Grande lhe dedicou ontem,  e que começa por ser dirigido ao Anílio Magro, o primeiro dos Magro a integrar o nosso blogue (*)

(...) Abílio, pela tua mão chegou-nos, à Tabanca Grande, o teu 'mano velho', o Fernando, e outro dos mais novos, o Álvaro. Nenhuma família portuguesa conseguiu meter 'três manos', e para mais 'Magro', na tertúlia dos bravos da Guiné... E que chegarnm a estar juntos no CTIG!... E mais: nenhuma família portuguesa, como a dos Magro, conseguiu esta proeza de ter seis (!) filhos ao serviço da Pátria, ao tempo da guerra do ultramar, colonial ou de África (como se quiser), entre 1961 e 1974.

É, pois, com grande tristeza que eu recebo, de ti, através do blogue, a notícia de que o 'mano velho' Fernando deixou a Terra da Alegria.

Não o cheguei a conhecer pessoalmente, mas li os seus escritos, os seus postes, um dos seus livros... Para ti, para os restantes manos, para a viúva, filhos e demais família vai a minha solidariedade na dor...

A morte é sempre uma perda irreparável. Resta-nos ao menos a consolação de que o Fernando ficará no 'panteão' dos amigos e camaradas da Guiné... Não aspiramos à eternidade como os deuses e os heróis (que para os gregos ascendiam ao estatuto de semideuses). Simplesmente procuramos que os nossos antigos camaradas, que connosco fizeram a guerra e a paz, não sejam esquecidos... Afinal, morrer é sobretudo ficar enterrado na vala comum do esquecimento. Queremos continuar a lembrar e a honrar a memória do Fernando! (...)


Os dois blogues acima referidos foram mantidos graças á ajuda (informática ) do seu neto Manuel Gonçalo Gomes de Almeida Pinho Valente, na altura estudante universitário, a quem dirigimos também os nossos votos  de pesar pela perda do seu querido avô.


2- Blogues da Nossa Blogosfera > 
Portugal e o passado, de Fernando Magro > sábado, 28 de junho de 2014  >A Revolta da Maria da Fonte (**)

Foi chamada assim a rebelião que eclodiu no Minho, em Abril de 1846, durante o governo de Costa Cabral, no tempo da Rainha D. Maria II.

Começou por ser uma pequena arruaça de mulheres que tinha por cabecilha Maria da Fonte, uma rapariga da aldeia de Fonte Arcada, pertencente ao concelho de Póvoa de Lanhoso, no Minho.

Esta arruaça teve como causa, ou pretexto, a não aceitação das leis de Costa Cabral que proibiam os enterros nas igrejas.

A primeira manifestação verificou-se em 19 de Março de 1846 quando um grupo de mulheres armadas de chuços e foices, na aldeia de Santo André de Frades, concelho de Póvoa de Lanhoso, obrigou o pároco a dar sepultura dentro da igreja ao corpo de uma mulher que ia a enterrar.

Os tumultos prosseguiram e no mês seguinte alastraram por todo o Minho e Trás-os-Montes, começando a tomar uma feição de luta de guerrilhas e de movimento miguelista perante a intervenção de uma força de infantaria vinda de Braga.

Costa Cabral pediu às câmaras poderes extraordinários para restabelecer a ordem. Esses poderes - suspensão de garantias, lei marcial - foram concedidos apesar da oposição de muitos deputados. Costa Cabral enviou então para o Norte, como comissário do governo, seu irmão José, ao tempo ministro da Justiça, para sufocar a rebelião.

As medidas que este tomou mais excitaram os ânimos e acenderam a revolta. Em Vila Real surge a primeira Junta Provincial revoltosa, presidida pelo morgado Mateus, logo seguida de outras espalhadas por todo Norte, pelas Beiras e até pela Estremadura. Também em Santarém se organiza uma Junta, presidida por Manuel Passos, ao mesmo tempo que o visconde de Vinhais que comandava a divisão miliciana de Trás-os-Montes,  se coloca ao lado dos revoltosos.

José Costa Cabral vê-se obrigado a regressar a Lisboa. Perante tão grave alastramento do movimento revolucionário, o Duque da Terceira, presidente do Ministério, convocou uma reunião do gabinete a que presidiu a própria Rainha, aí declarando que não tinha força suficiente para debelar a revolta e propondo, como único meio de lhe pôr cobro, a imediata demissão do Ministério. Perante a gravidade da situação, apesar da protecção que sempre dispensara a Costa Cabral, a Rainha concordou.

O movimento saíra pois vencedor e os irmãos Cabral, vencidos, emigraram para Espanha.

Nesse tempo era compositor residente no Teatro Nacional de S. Carlos o maestro Ângelo Frondoni. Ocupava esse lugar por concurso público,  tendo sido preferido entre outros concorrentes, dos quais constava um nome que foi mais tarde reconhecido mundialmente: Giuseppe Verdi.

Ângelo Frondoni, entusiasmado com a revolta das mulheres, encabeçada pela Maria da Fonte Arcada, compôs a música vibrante do Hino da Maria da Fonte, também conhecido por Hino do Minho, hino que ultrapassou as barreiras do tempo por ser considerada uma obra- prima entre as composições do seu género, sendo ainda nos tempos actuais muitas vezes executada por orquestras sinfónicas.

Publicada por Fernando Magro à(s) 15:12

(Seleção, revisão e fixação de texto, para efeitos de publicação deste poste no nosso blogue: LG)
 
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 20 de setembro de 2023 >  Guiné 61/74 - P24678: In Memoriam (486): Fernando de Pinho Valente Magro (10/05/1936 - 18/09/2023), ex-Cap Mil Art do BENG 447 (Bissau, 1970/72) (Abílio Magro)

(**) Últmo poste da série > 10 de junho de 2023 > Guiné 61/74 - P24383: Blogues da nossa blogosfera (182): Uma "mulher de armas", a holandesa Noraly (nome de guerra, "Itchy Boots") que, com a sua especial Honda CRF 300 L Rally, acaba de atravessar a Guiné-Bissau