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domingo, 20 de novembro de 2022

Guiné 61/74 - P23798: Os nossos seres, saberes e lazeres (541): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (7)



1. Publicamos hoje mais cinco trabalhos de pintura de autoria do nosso camarada Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70), enviados ao nosso blogue em 19 de Novembro de 2022,  que estamos a mostrar na série "Os nossos seres, saberes e lazeres".

Lírios: acrílico sobre papel 30x42
Cidade: acrílico sobre papel 30x42
Paisagem: pastel de óleo sobre papel 30x42
Abstrato: acrílico sobre papel 30x42
Abstrato: acrílico sobre papel + colagem 30x42
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Notas do editor:

Vd. poste anterior de 25 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23737: Os nossos seres, saberes e lazeres (535): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (6)

Último poste da série de 19 DE NOVEMBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23797: Os nossos seres, saberes e lazeres (540): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (77): De Sines para Miróbriga, de Miróbriga para o Badoca Safari Park (Mário Beja Santos)

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23737: Os nossos seres, saberes e lazeres (535): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (6)



1. Publicamos hoje mais cinco trabalhos de pintura de autoria do nosso camarada Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70), enviados ao nosso blogue em 19 de Outubro de 2022,  que estamos a mostrar na série "Os nossos seres, saberes e lazeres".



Trabalhos em acrílico sobre papel 30x42
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Notas do editor:

Poste anterior de 18 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23718: Os nossos seres, saberes e lazeres (533): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (5)

Último poste da série de 22 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23729: Os nossos seres, saberes e lazeres (534): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (73): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 11 (Mário Beja Santos)

terça-feira, 18 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23718: Os nossos seres, saberes e lazeres (533): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (5)



1. Publicamos hoje mais cinco trabalhos de pintura de autoria do nosso camarada Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (Bambadinca, 1968/70), enviados ao nosso blogue em 6 de Outubro de 2022,  que estamos a mostrar na série "Os nossos seres, saberes e lazeres".




Pavão: aguarela sobre papel 30x42


Mulher: aguarela sobre papel 30X42


Cabeça de mulher: acrílico sobre papel 30x42


Mulher: aguarela sobre papel 30x42


Flor: acrílico sobre papel 30x42

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Notas do editor

Poste anterior de 11 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23698: Os nossos seres, saberes e lazeres (531): Trabalhos de pintura da autoria de Jaime Machado, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2046 (4)

Último poste da série de 15 DE OUTUBRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23712: Os nossos seres, saberes e lazeres (532): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (72): Voltar à minha querida Bruxelas, depois da pandemia - 10 (Mário Beja Santos)

sábado, 24 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22400: Os nossos seres, saberes e lazeres (461): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (8) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 11 de Junho de 2021:

Queridos amigos,
Recebe-se um aviso do Google que há para ali um excesso de imagens, é uma sobrecarga que gera lentidão no funcionamento do computador. Para não cometer barbaridades no esvaziamento desse paquiderme de imagens, põe-se tudo no ecrã e descobre-se, com uma ponta de amargura, que se andou por ali e aqui mais próximo a desfrutar em interiores e exteriores, e que não se deu conta do recado, tornar essas imagens conviventes, a palavra é estafada mas sintetiza a motivação que as levou a tirar e guardar: partilhá-las, foram coisas de que se gostou, podem interessar a A, B ou C, dar ideias para uma visita ou itinerância. Por pura cabulice, deixei cristalizar estas imagens até chegar a advertência de que delas tenho de me desfazer, pois não será de qualquer modo, reparto-as em sede própria, se me deram satisfação a registar pode muito bem acontecer que venham a ser bem acolhidas e até dêem ideias para que de outras câmaras haja outros envios para o nosso extremoso blogue.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (8)

Mário Beja Santos

Parte-se para um evento, leva-se a devida carga de curiosidade, casos há em que previamente se estuda o que se vai ver, é regular a vontade de partilhar o que se olhou e viu, aquilo que ganhou sentido e merece alguma cogitação. Será porventura o caso destas imagens em que houve, digo-o sinceramente, a determinação de as pôr em ordem e mostrá-las aqui, o diabo tece-as, entrepõem-se outros misteres, perde-se o rumo ao que se guarda na câmara, e acontece o dia em que se abre no ecrã do computador este caleidoscópio, sente-se inicialmente um amargo de boca, ora, mais vale a emenda do que o soneto, toca de cerzir ajuntamos de imagens, há evidentemente uma lógica, e de algo que se passou de Castanheira de Pera para Figueiró dos Vinhos e daqui para Tomar se dá conta do que surpreendeu e que cada um, dentro do possível, desfrute ou ganhe apetência para ir ao encontro do que estas imagens fazem sonhar.

A Casa da Criança em Castanheira de Pera, torrão natal de Bissaya Barreto, médico filantropo que criou todo este projeto – são 25 casas da criança, todas elas com muita proximidade – e responsável por uma visita que é quase obrigatória em Coimbra – o Portugal dos Pequeninos. O médico fez muito pelas crianças e a vivacidade destes azulejos falam por si. Acontece que viera a Castanheira de Pera com alguns amigos que pretendiam conhecer o que fora o mundo têxtil da região, bem desapontados daqui saíram, o que podia ter sido um valioso património industrial vai caindo aos bocados. Era inevitável irmos ao centro histórico da vila, viu-se o jardim, que guarda pergaminhos, mostrei uma magnólia como não conheço outra igual, e todos à uma foram espreitar os azulejos, houve elogio unânime. E bem merecido, digo entre parênteses. Passou-se por outro programa e as imagens ficaram. Só que…


Painel de azulejos na Casa da Criança de Castanheira de Pera. As Casas da Criança são coloridas, com muitos mosaicos, com linhas redondas, envolvidas em espaços verdes e induzem um ambiente de vivacidade e alegria.

Mais tarde, havendo notícia de uma exposição do belo edifício do Museu e Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos, para ali se foi num princípio de tarde, era irresistível tirar imagem da Casa da Criança, com toda a sua garridice, posso supor que nenhuma criança hesita em ali entrar. Quanto à exposição, Figueiró dos Vinhos tem alguns trunfos a dar sobre aquilo que se chama a escola naturalista, um dos sumo-sacerdotes desta corrente artística viveu ali a escassos metros, numa moradia chamada O Casulo, felizmente bem cuidada, era a casa de José Malhoa que adorava o sol de Figueiró, que interpelava velhinhas na rua, pintou até mesmo no dia em que partiu para as estrelinhas, adorava a região. Aqui também viveu Simões de Almeida, o sénior e o sobrinho, é possível contemplar belas esculturas de ambos, mas há exposições em que aparecem outros naturalistas como Silva Porto ou Henrique Pinto. Por ali se cirandou vendo obras algumas delas de grande envergadura, houve ideia de fazer delas registo, novas andanças da roda do destino, esqueceu-se que estava na câmara, mais vale tarde do que nunca, fica feito o convite para vir a Figueiró e visitar este Centro de Artes, mesmo O Casulo, e no altar-mor da Igreja há um batismo de Cristo assinado por José Malhoa. E aproveito para lembrar que em Figueiró ajudei a organizar um convívio da CCAÇ 2402, a pedido do saudoso Raul Albino, a autarquia foi recetiva ao meu pedido, recebeu toda a comitiva no Salão Nobre e cedeu as viaturas a seguir ao almoço para um belo passeio em todo o concelho. E fica a sugestão para outros encontros de unidades militares, comer satisfatoriamente e abraçar camaradas para sempre é uma dádiva irrecusável, mas se houver um bom passeio, ainda melhor, mais fica para a recordação.

Casa da Criança de Figueiró dos Vinhos
Museu Centro de Artes de Figueiró dos Vinhos, imagem de uma exposição
Há uns anos, a minha extremosa neta pediu-me para a levar a um aquaparque, mas não queria visita de médico. Encontrei a solução ali para os lados de Minde, perto das grutas de Mira d’Aire, alugam-se umas casas de madeira e o aquaparque é estonteante. Coube-me em exclusivo o ofício de andar a escorregar na água por toda aquela tubagem, com queda na piscina, a neta a insistir que queria mais, cheguei ao fim da tarde que não podia com uma gata pelo rabo, mas vê-la tão contente, aqueles olhos azuis a relampejar de alegria, fez-me esquecer a canseira. Ora, perguntará quem tem a paciência de seguir estas linhas, o que tem a ver esta conversa com a última imagem que se apresenta, o Castelo de Almourol? Na minha cabeça tem, viu-se de terra firme o castelo Templário no dia em que se chegou para a jornada de banhos aquáticos em circuito fechado, e no regresso visitou-se a Casa-Museu de Roque Gameiro, esse insigne aguarelista que assina o que o leitor está a ver, e, vamos lá, é de uma rara beleza.


Ficaria mal comigo mesmo se não vos dissesse que estas imagens, de uma exposição que já vos falei, não fossem aqui exibidas. É sempre a exultação da pedra, em pequeno a minha mãe levou-me à Avenida da Liberdade, estavam a refazer a calçada portuguesa com aqueles desenhos rendilhados do basalto embrechado no calcário, o que me impressionava era o trabalhador a sopesar a pedra, a ver se estava conforme, a martelá-la a jeito, afagando o conjunto de vez em quando, como se estivesse num ateliê com um pincel a observar a tela, e a intervir aqui e ali. Daí a importância que atribuo a esta imagem, e depois aquela seteira onde pudemos mirar o que é viver em paz, sem os calafrios de uma investida muçulmana, e por fim mais uma imagem da pedra nessa obra soberba que é o Aqueduto de Pegões, a água levada para o interior do Convento de Cristo, para mim são três imagens impressivas, a preto e branco, e tenho enormes saudades da minha infância, em que tudo era a preto e branco, e até recordo os fotógrafos à la minuta, de que guardo recordações de passeios pelas feiras ou jardins.

Imagem fotográfica extraída da exposição Os Sítios da Pedra, Complexo Cultural da Levada, Tomar, outubro/dezembro de 2020
Imagem fotográfica extraída da exposição Os Sítios da Pedra, Complexo Cultural da Levada, Tomar, outubro/dezembro de 2020
Imagem fotográfica extraída da exposição Os Sítios da Pedra, Complexo Cultural da Levada, Tomar, outubro/dezembro de 2020

E vamos continuar com mais itinerâncias, agora vamos passar para um jardim muito especial, na rua da Escola Politécnica, o Jardim Botânico. Imagine-se, fora uma tarde de surpresas, e ficara tudo cristalizado na câmara, que desperdício para quem aprecia património vegetal.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22380: Os nossos seres, saberes e lazeres (460): A pedra, a fábrica, o rio, a presença da História e da Arte em Tomar (Mário Beja Santos)

sábado, 17 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22380: Os nossos seres, saberes e lazeres (460): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (7): A pedra, a fábrica, o rio, a presença da História e da Arte em Tomar (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Junho de 2021:

Queridos amigos,
Andei meses a aboborar sobre o significado desta exposição intitulada "Os Sinais da Pedra". Quem a organizou teve a suave inspiração de pôr muitas forças e elementos num diálogo circular: o património do Complexo Cultural da Levada, ele próprio, é força-motriz na história da cidade de Tomar, começou no século XII, declinou no fim do século XX para se tornar testemunho de um passado singularmente glorioso, oferecendo-se agora como espaço multiusos, onde cabem perfeitamente mercados, exposições, conferências, teatro. Tudo se abre para o Nabão ou para a Vila Velha. E foi um verdadeiro sucesso pôr tanta pedra a circular, homenageando canteiros, artífices e escultores, espalhando toda esta pedra em espaço museológico, aqui se fez eletricidade, moagens, como no passado aqui terão funcionado lagares que deram os seus réditos quer à Ordem do Templo quer à Ordem de Cristo. Exposição inesquecível.
Com alegria aqui a registo

Um abraço do
Mário


A pedra, a fábrica, o rio, a presença da História e da Arte em Tomar

Mário Beja Santos

De um texto emanado do turismo tomarense:
“Sob a designação de Levada de Tomar, identificamos um conjunto edificado com um relevante horizonte cronológico, desde o período medieval, passando pela época moderna, até à época contemporânea.
A sua origem remonta aos finais do século XII e, com uma sucessão complexa de contextos espaciais e tecnológicos, a sua atividade de carácter industrial manteve-se até finais do século XX (e, numa das unidades oficinais daquele conjunto, manteve-se até ao início do século XXI).
O conjunto edificado é contiguo ao rio Nabão. A localização geográfica e o enquadramento urbanístico do sítio, intrínsecos à razão de ser e à funcionalidade técnica, produtiva e económica dos equipamentos ali sucessivamente implantados ou adaptados ao longo dos séculos, confere-lhe uma especial qualidade paisagística, em pleno centro histórico da cidade, onde melhor se dá a ler a permanente interação do homem com o meio, assim como a evolução da ocupação do espaço e das formas de habitar o território.
Com uma disposição integrada em relação ao rio Nabão e à estrutura do açude e da levada (a norte e a poente), destacam-se os edifícios de antigos moinhos e lagares (que eram alimentados pela energia potencial da água, através de rodas hidráulicas verticais ou de rodas horizontais), duas antigas fábricas de moagem (testemunhando o uso quer da energia hidráulica, quer da energia elétrica) e uma central elétrica.
A Levada de Tomar está a ser objeto, desde 2011, de uma empreitada promovida pela Câmara Municipal de Tomar, para execução do projeto de requalificação e reabilitação arquitetónica, com base na decisão de criação de uma entidade museológica, designada por Museu da Levada de Tomar. O Projeto do Museu da Levada destina-se à planificação de ações integradas de salvaguarda e proteção de património cultural através da programação de uma entidade museal que faça parte de um processo de desenvolvimento científico, cultural, educativo e social do território de Tomar e de dinamização da economia e do turismo local”
.
O que desperta a atenção do visitante é ver os séculos de História estampados numa construção que se confunde com momentos fulcrais da vida de Tomar: o aproveitamento nas águas do Nabão para desenvolver a economia, logo no advento da presença templária, temos uma sequência que nos permite chegar à alvorada da eletricidade e ao complexo instituído pela família Mendes Godinho que aqui tinha uma das sedes do seu império. A envolvente é extraordinária, tem a Ponte Velha, bem perto a Várzea Pequena e o Mouchão, a permanente correnteza do Nabão, há visibilidade para a Casa dos Cubos e para os Estaus, são lembranças do Infante D. Henrique e de outro administrador, D. Manuel I; e frente ao Complexo da Levada a presença da Vila Velha, a sua vanguarda, a sua rua mercantil, a Corredoura.
Percorre-se todo este património edificado e não é difícil entender como aqui se concebem eventos que podem ser mercados do livro, conferências, exposições da mais variada índole. Até ao final do ano de 2020 aqui aconteceu uma exposição ousada que pôs em diálogo todo este espaço que fala dos Templários e da era industrial com trabalhos de pedra, lavrada, artística, cantaria feita com esmero e sentimento, peças espalhadas pelo interior e exterior, fotografias a dialogar com máquinas silenciosas, do tempo da primeira eletricidade e das moagens. Quem organizou deve ter dimensionado os riscos de pôr tanta pedra a circular num espaço de diferentes séculos. O diálogo produzido foi um rotundo sucesso. É com imenso prazer que aqui se mostra deslumbramentos a pedra e quem a trabalha para finalidades mil.
Como não ficar impressionado com estes colossos mudos aqui implantados para gerar riqueza industrial, bem perto havia uma fábrica de fiação, mais longe as fábricas de papel, era a Tomar industrial a competir com a Tomar agrícola, empregando muita gente, não foi por acaso que na I República houve na cidade um congresso sindical, para aqui convergiram representantes da classe operária e a Levada era um expoente de progresso, da dinâmica da cidade com o seu castelo e convento lá no alto, já a deslumbrar os turistas da época.
Com a pedra se faz arte, ainda há dias via e ouvia um investigador em Foz Coa a comentar aqueles traços do homem pré-histórico que se servia da pedra a deixar sinais de que era sensível ao que o cercava, esculpia para a posteridade as manifestações do belo. Há aqui pedra artística, pode ficar no interior ou fazer-nos especar no piso de tijoleira, são trabalhos de pedra que alguém pensou ali deixar, detemo-nos muito ou pouco tempo, podemos dar largas à imaginação e ver esta passarada a voar, não há nada de extraordinário pois temos corvos marinhos poisados nas árvores do Nabão, nada temos contra esta passarada que muito bem pode ter acontecido por aqui ter passado, isto é território com muitos séculos de História.
A pedra, o artífice, a fotografia, o ambiente reciclado. E tudo acaba por bater certo, estes sinais da pedra cabem numa palavra: construção, construção para habitar, para calcorrear, para nos impressionar pela beleza que ela provoca, seja património edificado, seja escultura, seja o artista que com o cinzel se prepara para a deixar presente em nossas vidas e nas vidas seguintes.
Por tudo isto somado, demorei tempo a ruminar o significado desta exposição, e como gosto da explicação encontrada, é com o maior dos regozijos que partilho convosco imagens tão convidativas que falam do Nabão e dos sinais da pedra e nas manifestações artísticas que delas emanam. Espero não vos dececionar.
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Nota do editor

Último poste da série de 10 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22358: Os nossos seres, saberes e lazeres (459): A doação de José-Augusto França à cidade de Tomar (2) (Mário Beja Santos)

sábado, 10 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22358: Os nossos seres, saberes e lazeres (459): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (6): A doação de José-Augusto França à cidade de Tomar (2) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 27 de Maio de 2021:

Queridos amigos,
Dispondo de abrigo em Tomar, visito vezes sem conta este espaço magnífico que decorre da doação que José-Augusto França fez à sua terra natal, aqui bem perto deste Núcleo de Arte Contemporânea nasceu, caminha para 99 anos, na Travessa da Saboaria, dentre as instalações que o Infante D. Henrique mandou construir no âmbito da vida socioeconómica e como administrador da Ordem de Cristo. Coleção com obras de muitíssima qualidade, o visitante tem logo no rés-do-chão desenhos de grandes mestres como Almada e Mário Eloy, ou Bernardo Marques, obras surrealistas de referência, os dois andares seguintes, incluindo as escadarias e os recantos, estão cheios de magnificências das Artes Plásticas - Joaquim Rodrigo, Noronha da Costa, Lourdes Castro, René Bertholo, Carlos Calvet, Cutileiro, Júlio Resende. A documentação distribuída e as publicações à venda em muito ajudam à compreensão deste acervo da Modernidade, veio de uma coleção particular de um historiador de Arte que conviveu com figuras representativas de todos estes movimentos e que pôde oferecer a Tomar expressões eloquentes das principais correntes estéticas que atravessaram o século XX. De visita obrigatória, de entrada gratuita todas as tardes de terça a domingo.

Um abraço do
Mário


A doação de José-Augusto França à cidade de Tomar (2)

Mário Beja Santos

O Núcleo de Arte Contemporânea José-Augusto França está instalado num prédio adaptado para o efeito com projeto do arquiteto Jorge Mascarenhas, integra uma centena de obras de arte da coleção deste escritor e historiador que nasceu em Tomar em 1922. A inauguração efetuou-se em 2004 e proporciona a quem visita tão bela coleção momentos de fruição ímpares devido à qualidade das obras e até mesmo a coerência do gosto de quem a doou. José-Augusto França cedo se começou a relacionar com artistas plásticos e a fazer crítica, que se prolongou sobretudo entre os anos 1940 e 1970.

Atingida a idade sénior maior, ele próprio justificou os termos desta doação e de outras que tem feito no encerramento de casas onde habitou. Doou livros a bibliotecas, obras-de-arte a museus. Algumas das obras que fazem parte desta doação à sua terra natal, tocam-lhe profundamente, caso da pintura de Fernando Lemos que ele durante décadas viu ao acordar na sua casa em Lisboa e que aqui se reproduz na brochura que apresenta a coleção. Aspirou sempre a que este núcleo de Arte Contemporânea ficasse associado a exposições individuais, e muitas dezenas delas aconteceram em Tomar que em sede própria puderam ver Graça Morais, Júlio, Fernando Azevedo, Vespeira, Romy Castro e tantos outros.

Vamos prosseguir esta visita. Este acervo está historicamente marcado pela eclosão do surrealismo e do abstracionismo e também da Nova-Figuração, o visitante tem também ao seu dispor obras do Modernismo anterior e do variado pós-Modernismo que vem dos anos 1970 até à atualidade recente. Não se ilude que há falta de representações de artistas ilustres, mas no rés-do-chão o visitante pode contemplar nomes consagrados como Almada Negreiros, Bernardo Marques, Mário Eloy, António Pedro, Dacosta, Fernando Azevedo e Vespeira, eles ali aparecem em comunhão com Moniz Pereira, Fernando Lemos e Vasco Costa.
Entrada do Núcleo de Arte Contemporânea, pode ser visitado entre terças e domingos durante a parte da tarde
Desenho de Mário Eloy
José-Augusto França fotografado por Fernando Lemos, final dos anos 40

José-Augusto França escreveu um texto soberbo sobre as fotografias de Lemos: “Entre o sujeito que fotografa e o objeto fotografado existe um equívoco que é a máquina fotográfica. Leis de uma rigorosa ótica dão-lhe um papel de passivo reprodutor do que enquadra. Mas aí começa o engano – e logo nas leis, cujo rigor tem complicações matemáticas que deformam as perspetivas do real. Daí que não seja passivo, mas ativo o aparelho. Ativo por uma fatalidade física que o acaso, a ela sujeito também, inesperadamente prolonga (…) Um livre acaso, uma dignidade da imaginação”.
Folheto distribuído na inauguração em 2004, tendo na capa um quadro de Fernando Lemos, que José-Augusto França tem sempre presente, estava no seu quarto em Lisboa, era a primeira coisa que ele via quando acordava
Armanda Passos, uma novidade no rés-do-chão, uma grande obra para contrastar com os modernistas
Referiu-se anteriormente que há uma escada de acesso ao primeiro andar e depois ao segundo andar, por ali andam litografias e azulejos. No primeiro andar há desenhos de gente do Porto (José Rodrigues e Ângelo de Sousa) do grupo KWY (José Escada, Lourdes Castro e Costa Pinheiro), temos pintura entre os anos de 1950 e 1970, caso de René Bertholo, Lourdes Castro e João Vieira, José Júlio, Manuel Baptista, Jorge Martins, António Sena e Palolo
O segundo andar é dedicado ao desenho, está lá Júlio Resende, mas também grandes mestres como Fernando Lenhas, Carlos Calvet, Emília Nadal e numa sala contígua o visitante tem Alícia Jorge e Luís Dourdil. Não falta João Cutileiro com a escultura de D. Sebastião e a escultura de José-Augusto França.
Muita coisa tem acontecido entre 2004 e 2021, o acervo não é estático e é bom que as obras arejem, estabelecendo novos diálogos, novos olhares. Veja-se este Manuel Amado, um artista que cuida em permanência da luminosidade em espaços exteriores e interiores. Mostram-se obras raras de Júlio Resende, de um fabuloso Noronha da Costa já falámos e a visita pode culminar frente a um severo díptico de Romy Castro datado de 1990.

Lembra-se ao visitante que há um escaparate com folhetos disponíveis e na receção podem ser adquiridas publicações e merchandising alusivos à doação José-Augusto França.

Visitar Tomar e não ficar a conhecer esta preciosa coleção de arte não é crime de lesa pátria mas ficará como dano cultural que só é sanável com nova visita a Tomar…
Díptico de Romy Castro, 1990
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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE JULHO DE 2021 > Guiné 61/74 - P22338: Os nossos seres, saberes e lazeres (458): A doação de José-Augusto França à cidade de Tomar (1) (Mário Beja Santos)