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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16477: História de vida (11): Augusto Mota: nasceu no Porto, começou a trabalhar aos 10 anos, foi 1º cabo do Grupo Material e Segurança Cripto (Bissau, 1963/66), foi homem dos 7 ofícios em Bissau, como civil, foi para o Brasil em 1974, tem hoje dupla nacionalidade, tendo-se formado em ciências económicas... Trabalhou como gerente de empresas, foi empresário, entrou por concurso para a função pública, está reformado...

1. Mensagem do nosso novo grã-tabanqueiro Augusto Mota, ex-1º cabo Grupo Material e Segurança Cripto (Bissau, QG, CTIG, 1963/66):

Data: 10 de setembro de 2016 às 02:51

Assunto: mais informações

Oi, amigo!

Realmente, a culpa foi minha. Eu que não dei as devidas informações, eu que não segui o "caminho das pedras" que tão bem está visível no blog. Na verdade sou avesso a formalidades e é no que dá,  rsss.

Aqui estou para lhes mandar mais algumas notícias que se perderam aquando da última missiva:


MATERIAL SEGURANÇA CRIPTO

Não me surpreende que desconhecesses a especialidade. (*) Como disse, a regra era ser discreto. Nós produzíamos os vários sistemas de cifra.


BRASIL

Sim, tenho dupla nacionalidade. Saí da Guiné em 74, fui trabalhar como chefe de escritório em uma empresa inglesa (Molyslip), em Lisboa (Campo Grande), mas era pacífico demais para o meu tipo de caráter. Eu me via naquela mesma atividade passados cinquenta anos. Essa perspetiva não era para mim.

A única coisa que trouxe da Guiné foi um carro importado do Japão, que levantei no cais; passados alguns meses, os "trecos" usados em casa (eletrônicos, panelas, etc), que embarcaram em navio militar depois de muito tempo de chuva no cais de Bissau. Tiveram o descaramento de cobrarem despacho com os respectivos impostos. Para tal efeito parece não ter existido uma situação anômala...

Aí... resolvi vir para o Brasil. 

Aqui me formei em Ciências Econômicas, [fiz] outros estudos de pós-graduação, trabalhei muitos anos como Gerente de Indústria (áreas plástico e papel), também tive várias empresas e, finalmente, há cerca de 15 anos atrás entrei, por concurso público, na área pública.

Sou Técnico de Finanças e trabalhei no Setor da Dívida Pública no Estado de Alagoas. A equipe se deu bem e durante o período recuperamos valores pagos à maior e evitamos pagamentos "loucos". Pela nossa ação entraram nos cofres do Estado algo como cerca de meio bilhão de Reais [ou bilião, em Portugal, sendo 1 bilhão no Brasil  igual a mil milhões, enquanto 1 bilião, em Portugal, quer dizer 1 milhão de milhões; à cotação de hoje (1 euro = 3,6780 reais), 500 milhões de reais seriam cerca de 136 milhões de euros].

Foi um bom trabalho.

No Brasil, servidor público só trabalhava até aos 70 anos [saiu uma alteração, no ano passado, que transformou para setenta e cinco; é compulsório; mas aí eu já tinha saído; como comecei a trabalhar aos 10 anos de idade (Fábrica de Produtos Estrela, Senhora da Hora, Porto) resolvi descansar].

Comprei um sítio em um lugar bem desconhecido (Desterro de Entre Rios-MG, Mato Grosso), e lá fomos nós.

O descanso foi ledo engano, hehehehe!

Bom... para outra vez conto mais.

Em Janeiro do presente ano vendi a chácara: ao fim de quatro anos a área não era exatamente um sítio. Eu a transformei em chácara. Era realmente uma pérola.

Presentemente estamos na praia do Janga, grande Recife. 


Brasil, Minas Gerais (MG) > Desterro de Entre Rios > "Represa que construi na chácara. Tem cerca de  400 kg de peixe. A tela, em redor, é para que a lontra não coma os  peixes de noite".

Foto (e legenda): © Augusto Mota (2016). Todos os direitos reservados


FOTOS ANTERIORES (*)-

Nº 2: em Carmópolis, cidade com 20.000  habitantes e a cerca de 100 km de Belo Horizonte, capital de MG [Minas Gerais, não confundir com Mato Grosso];

Nº  3, em Resende Costa, cidade com cerca de 12000 habitante, distando 170 km de Belo Horizonte, MG;

Nº 4 >  Almoço entre amigos. Para mim, "amigos" é a mesma coisa que "empregados" e vice-versa.

Tchau, amigos!

Mota
____________

PS: a foto de hoje é da represa que construi na chácara. Tem cerca de  400 kg de peixe. A tela, em redor, é para que a Lontra não coma os  peixes de noite.
_________________

Nota do editor:

Último poste da série > 16 de março de 2008 > Guiné 63/74 - P2651: História de vida (10): A Luta Incessante de António Teixeira Mota

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16465: Tabanca Grande (493): Augusto Mota, nascido no Porto, a viver no Brasil há mais de 40 anos, grã-tabanqueiro nº 726: "Não fui Cabo Cripto, fui sim do Grupo de Material e Segurança Cripto: éramos cinco a trabalhar num 'cofre' [bunker], no Quartel General, em Bissau (1963/66)... Já não me lembro do nome desses camaradas"... (E, depois como civil, até 1974, foi o homem dos sete ofícios!)


Foto nº 1 > O Augusto Mota quando criança: "Marinheiro a cavalo kkkkkkk!!


Foto nº 2 > Algures no Brasil: "Eu, esposa e Bolinha (cachorra)"


Foto nº 3 > Algures no Brasil: "Eu e esposa"


Foto nº 4 > Em casa, à mesa: "Eu e empregados".

Fotos (e legendas(: © Augusto Mota (2016). Todos os direitos reservados


1. Mensagem, de ontem,  do nosso novo grã-tabanqueiro, Augusto Mota, que vive no Brasil há mais de 40 anos. com referência ao poste P16452 que precisa de ser corrigido, uma vez que as fotos publicadas não traziam legendas (*)

Caríssimo Luís,

Vou tentar matar de vez vossa curiosidade:

MEMÓRIA

Tal como disse em nosso último “bate-papo”, a memória não é o meu forte. Estou altamente preocupado com o agravamento da faculdade de recordar o passado. O que vem me auxiliando nesse aspeto é o fato de sempre ter sido uma pessoa organizada... mas vamos lá;

CABO CRIPTO

Talvez não tenha me feito entender. Não fui cabo cripto. Fui MATERIAL DE SEGURANÇA CRIPTO. Quer dizer, trabalhava com a criptografia propriamente dita. Confeccionava o material de cifra para os operadores de cripto trabalharem e, de maneira geral, todos os que por função tivessem que usar cifra em comunicação: telefonia, aviação, etc.

Éramos cinco indivíduos e trabalhávamos fechados, em um cofre, sempre no Quartel General. Meu amigo, quem andou pelo mato, sujeito a levar chumbo a todo o instante, pode dizer que o que fazíamos era moleza... mas o silêncio daquela sala, apenas cortado pelo barulho repetitivo do ventilador, algumas vezes me levou a desejar morrer. Era um sono irresistível.


Assim, pela minha atividade como militar será difícil alguém me reconhecer, salvo os outros indivíduos. As instruções eram pela discrição total.

Para melhor entendimento, informo que esse material, até nossa chegada, era produzido na CHERET, em Lisboa, e distribuído pelo “mundo” militar português, revestido da maior segurança. Devido à possibilidade de vazamento, decidiram confeccionar em cada colónia. Bom, me parece que sobre este assunto estamos acertados.

CCAV 488 

Eu não pertencia a esta unidade. Como disse, o meu tempo de militar na Guiné foi passado dentro de um cofre. Nesta unidade havia um amigo meu. Eu mandava jornais para ele e outros, recebia rolos fotográficos para revelar e reproduzir (Eu mesmo tinha um laboratório fotográfico e fazia as fotos. É outra história rsss). Não me perguntem quem era porque não recordo o nome. Convivi com os camaradas de Material de Segurança todos aqueles anos e não me recordo o nome deles. Sei que é uma desgraça mas é a realidade.

Pelo motivo acima não recordo do Armor Pires nem do Vasco Pires. Retribuo o abraço do Armor.

CADERNO DE POESIAS "POILÃO"

Nessa época meu tempo era restrito. Não dava nem para me coçar. Não recordo, tampouco, do Valdemar Rocha, Albano Matos e Luís Jales. Veja bem: tinha duas livrarias, assessorava um hotel, fazia a contabilidade do único jornal e gerenciava o restaurante no parque da cidade. Chega rsss?...

LIVRARIAS

Livraria Portugal (no edifício do hotel Portugal),

Livraria Didáctica (quase em frente ao mercado público)

e Livraria Campião (em frente ao Quartel da Amura).


NATURALIDADE

Nasci no Porto (capital do palavrão hehehe), freguesia de Massarelos. Vivi sempre, enquanto em Portugal, na Boavista.

Pronto! De momento, é tudo.

Um abração para vocês.
Mota

2. Comentário do editor:

Meu caro Augusto: Trabalhar às escuras  é o que dá: asneira... Imaginava-te cripto, e confesso que desconhecia essa tua especialidade, "material de segurança cripto"... Tenho uma desculpa: mandaste-nos as tuas primeiras fotos (*) sem legenda...

Presumo que tenhas dupla nacionalidade e, pelas fotos que agora nos remetes, deduz-se que vivas numa cidadezinha pacata do Brasil (profundo). É bom ter-te por cá. a ti, mais um valente português da diáspora... E ter-te cá. para mais tripeiro...

Acredita, faz-te bem este exercício de treino e musculação da memória. E, por favor, não te penitencies por não te recordares dos nomes dos teus camaradas de "bunker"... Já lá vai mais de meio século!...

Xicoração para a tua esposa, alfabravo fraterno para ti. (LG)
_________________

Nota do editor:

(*) Vd. poste de 6 de setembro 2016 > Guiné 63/74 - P16452: Tabanca Grande (493): Augusto Mota, grã-tabanqueiro nº 726... Ex-1º cabo cripto (CCAV 488, Bissau e Jumbembem, 1963/65), gerente comercial da Casa Campião em Bissau, agente do Totobola (SCML), agente e correspondente do "Expresso" e de outros jornais e revistas, livreiro, animador cultural, português da diáspora a viver no Brasil há 40 anos...

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Guiné 63/74 - P16452: Tabanca Grande (493): Augusto Mota, grã-tabanqueiro nº 726... Especialista em material de segurança cripto (Quartel General, CTIG, Bissau, 1963/66), gerente comercial da Casa Campião em Bissau, agente do Totobola (SCML), agente e correspondente do "Expresso" e de outros jornais e revistas, livreiro, animador cultural, português da diáspora a viver no Brasil há mais de 40 anos...


Foto nº 1 > 

Emblema da CCAV 488, desenhado com "garrafas de cerveja" (?).. O Augusto Mota, pelas funções no QG, nunca saiu de Bissau... Tinha um amigo na CCAV 488 (Bissau e Jumbembem, 1963/65) a quem enviava jornais e revistas.


Foto nº 2: Equipa de futebol... O Augusto Mota, na primeira fila, é o quinto da esquerda para a direita.




Foto nº 2A  > Augusto Mota, assinalado a amarelo, integrando uma equipa de futebol (presume-se que seja de militares do QG).




Foto nº 3 > Uma brincadeira com as "marmitas",,,  O Augusto Mota é o segundo da direita para a esquerda, assinalado a amarelo.


Foto nº 4 > Trabalhos de construção ... Não sabemos onde...


Foto nº 5 > Cartune: "Na Guiné todos os bichos... picam!" ... Repare-se no quadro, na parede: "Sociedade  Protectora dos Maçaricos"... Nessa época, os novatos eram "maçaricos" (como em Angola), só mais tarde, provavelmente, é que se popularizou o vocábulo "periquito"... E nos aquartelamentos ainda não haveria geradores, por volta de 1963, a malta deitava-se à luz da vela... Era assim, camaradas veteranos ?

Fotos: © Augusto Mota  (2016). Todos os direitos reservados


1. Tudo começou com uma mensagem de Augusto Mota, enviando-nos uma cópia de uma "preciosidade", o programa das comemorações do 45º aniversário da UDIB, Bissau, em 28/6/1974. O endereço de email que usa é brasileiro:

Assunto: PROGRAMA UDIB 29.06.1974

Caríssimo Luís Graça,
Remexendo em coisas antigas, que em casa guardo ciosamente, encontrei o "PROGRAMA" em anexo que, no mínimo, é uma raridade. Como ignoro onde encontrar o Valdemar Rocha [, poeta do grupo do caderno de poesias "Poilão"] mas estou seguro de que gostará de receber, agradeço lhe remeta o referido documento.
Antecipadamente grato.

Atentamente,
Augusto Mota




2. Resposta do editor em 4 de agosto último:

Caríssimo Augusto: Vamos ver se o Valdemar Rocha ("Nobre Luso") te reconhece... bem como o resto da malta do "Poilão" (Albano Matos, Luís Jales de Oliveiora...) (*)... Vamos ficar em contacto, estou de férias, com menos disponibilidade para o blogue... Ab, Luís Graça


3. Novo mail do Augusto Mota, de 23 de agosto

Caríssimo Luís Graça:

Já vai sendo tempo de corresponder à sua curiosidade:

As minhas atividades na UDIB se resumiram ao sarau inerente aos JOGOS FLORAIS.

Na época era proprietário de uma livraria, representante da Santa Casa da Misericórdia (totobola), abastecia a província de jornais e revistas e era representante/correspondente do EXPRESSO, outros jornais e revistas.

Fui para a Guiné como militar, no período de 63/66, compondo o primeiro GRUPO DE MATERIAL E SEGURANÇA CRIPTO.

Regressei ao continente e voltei para a Guiné como gerente comercial (Casa Campião) [, fundada em Lisboa em 1840 por Pedro José Pereira Campião, sendo hoje a casa de lotarias mais antiga do mundo, como tal registada no Guiness Book of World Records.]

Presentemente encontro-me no Brasil (há mais de 40 anos), como funcionário público. Estou aposentado.

Tenho centenas de fotos e estou anexando algumas.

Aplausos para o blog. É bom para que a turma recorde os caminhos traçados... para mim não, que já não tenho memória.

Um abraço para todos vocês.
Augusto Mota

PS: Em "marmita" [. foto nº 3,] sou o segundo da direita para a esquerda; no futebol [, foto nº 2,] , estou na fila dos abaixados. Sou o quinto da esquerda para a direita.


4. Comentário do editor:

Augusto, temos poucos veteranos como tu, da época de 1963/65... Mas, pegando nas tuas palavras, mal de nós quando deixarmos de ter memória...

Pois muito bem, procurando interpretar a tua vontade, passas a honrar-nos com a tua presença na Tabanca Grande... Contigo passamos a ser 726 membros da Tabanca Grande, entre vivos e mortos. Somos uma espécie em vias de extinção. Espero que o Valdemar Rocha ("Nobre Luso") nos dê notícias em breve e aceite o nosso convite para se juntar a ti e a nós, neste espaço dos camaradas e amigos da Guiné,

Da CCAV 488, onde tinhas um amigo, fez parte o nosso camarada, grã-tabanqueiro, natural de Águeda,  Armor Pires Mota  [ex-alf mil  CCAV 488/BCAV 490, Bissau e Jumbembem, 1963/65; escritor, autor dos livros, entre outros, o "Tarrafo", 1965 (com edição facsimilada, com as anotações do "lápis azul" dos censores, em 2013); "Guiné, Sol e Sangue, 1968; "Cabo Donato, Pastor de Raparigas", 1991; "Estranha Noiva de Guerra", 1995: e a "Cubana que dançava flamenco", 2008].(**)

Lembras-te dele? E de mais camaradas?

Se puderes manda uma foto atual da tua pessoa. E, claro, manda as fotos que quiseres do teu tempo de militar e civil na Guiné... Com boa resolução (c. 400/600 DPI)... Muita saúde e longa vida. que os camaradas da Guiné merecem tudo!
_______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 4 de agosto 2016 > Guiné 63/74 - P16360: Memória dos lugares (341): UDIB, Bissau, II Jogos Florais, Programa, 28 de junho de 1974 (Augusto Mota)

(**) Sobre as CCVAV 488 (Bissau e Jumbembem, 1963/65), vd. os seguintes postes de Armor Pires Mota:

25 de novembro  2013 > Guiné 63/74 - P12341: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (1): Diário de bordo - A primeira grande desilusão

27 de Novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12351: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (2): Diário de bordo - Ó mar salgado!

29 de Novembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12360: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (3): Diário de bordo - Manhã azul e Deus ao leme

2 de dezembro  de 2013 > Guiné 63/74 - P12378: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (4): Cinco dias no Niassa; A primeira grande experiência e Dois alferes de uma só vez

4 de dezembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12386: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (5): Ilha do Como - Operação Tridente

6 de Dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12397: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (6): O casamento do Jaime e da Manuela, A macaca ciumenta e O dia de santo avião

9 de dezembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12419: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (7): Os macacos vermelhos

11 de dezembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12432: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (8): Aerogramas para a Lili (1)

13 de dezembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12444: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (9): Aerogramas para a Lili (2)

16 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12458: Últimas Memórias da Guiné (Armor Pires Mota) (10): Crónicas (ausentes) de "Tarrafo" (1): Bandeira branca, O Vicente e Palhota sem luz