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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Guiné 63/74 - P6817: Os nossos médicos (20): O atentado contra o Cap Mil Med José Joaquim Magalhães de Oliveira, de que eu fui testemunha (Augusto Inácio Ferreira, 1º Cabo Op Cripto CCAV 2482, Fulacunda, 1969/70)








Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > BCAV 2867 / CCAV 2482 (1969/71) >  "Caro Camarada Luis Graça: Tal como prometi aqui vão 2 fotos 'iguais', sendo que uma mostra um circulo, que é o local exacto onde o Capitão Médico Oliveira estava sentado a ler antes do incidente"...

Fotos (e legendas): © Augusto Inácio Ferreira (2010). Direitos reservados


1. Mensagem do Augusto Inácio Ferreira (ou Augusto Ferreira):

Data: 1 de Agosto de 2010 16:08
Assunto: GUINÉ 63/74 - Os nossos médicos - O malogrado Cap José Joaquim Magalhães de Oliveira. (Augusto Inácio Ferreira, 1º Cabo Op Cripto CCAV 2482, Boinas Negras de Fulacunda 1969/70) (*)

Caro Camarada Luis Graça

Um destes dias fui alertado por um camarada que tal como eu pertenceu ao BCAV 2867 e à CCAV 2482, para a existência do teu blogue.
Antes de mais quero deixar aqui o meu reconhecimento pela tua dedicação na elaboração deste blogue. Camaradas como tu merecem-me todo o respeito e admiração, e nós só poderemos estar gratos por ver que NÓS não nos esquecemos de NÓS.

Agora vamos ao que me trouxe aqui.

Ao consultar os registos sobre o BCAV 2867, sou levado a concordar que os mesmos não são famosos.

Chamou-me a atenção um facto ali descrito que continua a envolver algum "mistério" por parte de quem procura dar uma notícia correcta e não possui dados. Espero que ainda vá a tempo de poder dar uma ajuda, e tentar esclarecer este triste acontecimento, de que fui testemunha. Tem a ver com o incidente verificado com o Capitão Médico OLIVEIRA. Assim o referencio, pois era assim que o conhecia. Tudo o que já foi descrito sobre ele "penso" que está correctamente feito. Apenas aqui estou para esclarecer o que é motivo de "mistério" para quem não teve conhecimento dos factos e para que conste como verdadeiro, evitando especulação sobre o caso.

Vou começar por descrever o que nesse mesmo dia anotei no meu diário: (6.9.1969) 


 EVACUADO CAPITÃO-MÉDICO DO BATALHÃO QUE AQUI SE ENCONTRAVA,  MOTIVADO POR ATENTADO DE MORTE. UM FURRIEL PERTENCENTE À CCAV 2483 DE NOVA SINTRA QUE AQUI SE ENCONTRA COM O SEU GRUPO DE COMBATE, DISPAROU SOBRE ELE, QUANDO SE ENCONTRAVA SENTADO NUMA CADEIRA DE BRAÇOS A LER. FORAM DISPARADOS TRÊS TIROS, MAS APENAS UM O ATINGIU NA PERNA DIREITA NA REGIÃO DA COXA. O CASO PARECIA BASTANTE GRAVE.
Isto foi o que escrevi nesse mesmo dia. Agora vou procurar relatar o que se passou.

À data a região de Fulacunda estava envolvida em operações, o  que exigiu o reforço de outras forças além das pertencentes à CCAV 2482, tendo inclusive  motivado a deslocação do COMANDO liderado pelo então Ten Coronel Trinité Rosa.

 Além do pelotão a que pertencia o Fur Moreira, estava a 15ª CCOMANDOS comandada pelo então Major ROBLES. No dia 30.8.69, - (8 dias antes do incidente com o Cap Oliveira), quando os Camaradas pertencentes aos Comandos faziam o percurso entre Fulacunda e o rio onde iriam "tomar" a LDM que os conduziriam a BISSAU (em final de comissão), uma das viaturas UNIMOG accionou uma mina anti-carro. Daí resultou a morte imediata de 5 camaradas, tendo vindo a falecer mais 2 em Bissau passado algum tempo. 

No dia 1.9.69, perto do local onde se dera este incidente,  outro aconteceu. Um Camarada da CCAV 2482 pisou uma mina anti-pessoal. Resultado que todos nós infelizmente conhecemos.

O ambiente não era o mais favorável e o moral de alguns camaradas começava a dar sinais de fraqueza. Tenho relatos impressionantes, mas que não vou relatar. Apenas vou procurar esclarecer o "caso do Furriel Moreira e o Cap Médico Oliveira".

Nessa manhã o Furriel Moreira, "GUIMARÃES" para os seus camaradas, havia estado na Enfermaria (mesmo ao lado estava o Posto Rádio e o Centro Cripto), pequenos edificios mesmo no centro da parada. Segundo relato dos enfermeiros, o Furriel Moreira apresentava um ar doentio (muito amarelo). Segundo os seus camaradas, tinha problemas físicos, e era ajudado com frequência pelos mesmos. 

Naquela manhã (segundo versão dos enfermeiros), relatou isso mesmo ao Capitão-Médico, e após algum diálogo este lhe terá dito: 
- A SUA DOENÇA É FALTA DE MATO!

 O Furriel saiu da enfermaria com um: 
- Então até logo. 

Premeditação para o que vem a seguir?

Ao meio da tarde, estava eu no Centro Cripto quando sou despertado por um tiro ali bem perto, .... seguido de outro ... e mais outro. Foi tudo muito rápido, mas quando soou o terceiro tiro já estava fora do centro. A primeira imagem que tenho é que na minha frente vejo um corpo tombar de bruços, ali a cerca de 40 metros. Corri com alguns camaradas nessa direcção. Verificamos que era o Cap Médico que antes se encontrava sentado numa cadeira de braços a ler. 

O edificio de comando ficava mesmo ao lado das instalações reservadas aos furriéis. Afim de nivelar o terreno havia um muro que se elevava do chão cerca de 50 cm naquele local, fazendo um pequeno passeio de cerca de um metro de largo que circundava todo o edíficio. Era ali que o Cap Médico se encontrava sentado numa cadeira de braços com fundo em lona,  segundo creio. 

O Furriel Moreira "deve" ter feito tiro instintivo e a primeira bala atingiu o solo a pouco mais de 10 metros do local onde se encontrava. O objectivo estaria a cerca de 20/30 metros. A segunda bala atingiu o parapeito do tal muro que foi feito para nivelar o terreno aquando da construção do edifício, e que naquele local teria cerca 80/100 cm de altura. A terceira bala atingiu a perna direita na região da coxa. A bala no local onde entrou, "deve" ter provocado danos graves na zona do "baixo ventre". 

Não houve rajada alguma. Foi tiro a tiro. 

Foi feita uma mensagem a pedir a evacuação, que foi muito rápida. Acompanhei-o sempre desde o ínicio, tal como o Cap Morais até à pista. Durante os preparativos médicos, ainda recordo que foi difícil à enfermeira que o assistiu junto ao Heli, "encontrar" a veia para lhe pôr o soro. Registei estas últimas palavras antes do Heli partir.
-  Ó Morais ... estou a sofrer muito. 

E é com "elas" que termino este relato. TODOS NÓS SOFREMOS MUITO. Que a camaradagem que ainda hoje nos une, sirva para aliviar os traumas porque todos nós passámos.

Camarada Luis Graça.

Eu sou um dos responsáveis por anualmente reunir a CCAV 2482. Estivemos 26 anos sem o fazer, mas enquanto eu por cá andar, nenhum dos meus camaradas será privado desse convívio anual. Todos os anos o faremos no último sábado de Maio. O ano passado (2009) reunimos o BCAV 2867 na Quinta do Paul na ORTIGOSA. 

 Apesar das poucas notícias sobre o BCAV 2867 ainda há registos. Não morremos. Há um site,  "RUMO A FULACUNDA", via GOOGLE, que poderás consultar,  caso não conheças. A semana passada estive a falar com a minha lavadeira (via telefone) para FULACUNDA, ao fim de 40 anos. Uma ansiã com 85 anos. Foi bonito.

Irei (ainda hoje), enviar uma foto de FULACUNDA sobre o edifício de comando onde estava sentado naquela tarde o malogrado Capitão Médico Oliveira.

Com os meus respeitosos cumprimentos

Um forte abraço de amizade

Augusto Inácio Ferreira (**)

Ex-1º Cabo Op  Cripo da CCAV  2482 / BCAV 2867

GUINÉ /FULACUNDA,  1969 / 70

2. Comentário de L.G.:

Obrigado pela tua generosa intervenção, disponibilizando no nosso blogue a versão do teu testemunho. Foste testemunha ocular deste atentado. Mereces todo o nosso crédito. Mesmo de férias, aproveito a circunstância para te convidar a integrar a nossa Tabanca Grande... Do alto do seu poilão podes, com o nosso "megafone", fazer chegar mais longe o teu "toque a reunir" dado à rapaziada do BCAV 2867... Manda-me também duas fotos tuas, que é para poderes ser apresentado, condignamente, aos demais "tabanqueiros"... Um Alfa Bravo. Luis.
________________

Notas de L.G.:




quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Guiné 63/74 - P5401: Os nossos médicos (12): Cap Mil Grad José Joaquim Magalhães de Oliveira, BCAV 2867 (Tite, 1969/70): Será que ainda é vivo ? (Pereira da Costa / Luís Graça)


1. Pedido do editor L.G. ao nosso camarada António José Pereira da Costa (ex-Cap Art CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74, hoje Cor Ref), a propósito do P5174 (*):

Camarada Pereira da Costa: Tens alguns dados sobre esta trágica história ? O Moreira foi julgado e condenado no Tribunal Territorial do Porto...Em Novembro de 1973, quando o crime foi em 1969... Estranho ?!... E depois, amnistiado... Podes saber algo mais ? Um abraço. Luís

2. Resposta  pronta do Pereira da Costa:

Boa noite,  Camarada:

Isto está confuso, porquanto a história do BCav [ 2867] é muito fraca. Imagina que,  embora haja lista de louvados e condecorados,  não se sabe porquê.

Desconhece-se completamente a identificação dos 57 punidos durante a comissão.

Não há, na história do BCav, a menor referência ao sucedido [, o episódio do Fur Mil Moreira, que atingiu com uma rajada de G3 o médico do batalhão]..

O médico era Capitão  Miliciano Graduado Médico, talvez por ter sido repescado depois de já ter cumprido o serviço militar. Chamava-se José Joaquim Magalhães de Oliveira,  e não Marques de Oliveira.

Será de o tentar localizar através da Ordem? E, se ele não quiser... não quer.

O que é que deverá fazer num caso como este?  Por mim ainda posso fazer algo mais, mas para já o panorama não é bom.

Era bom definíssemos o que queremos fazer e o que será melhor fazer.

Se o agressor faleceu e o irmão não deu elementos muito seguros para uma boa investigação para se determinar em pormenor o que se passou...

Ora,  informa o que se te oferecer.

Um Ab. do

António Costa
Guiné

3. Comentário de L.G.:

Obrigado pelas tuas diligências e perseverança. Como me transmitiu o Francisco Feio, de Alhos Vedros, estes trágicos acontecimentos ter-se-ão passado em Fulacunda e não em Nova Sintra: O Moreira pertencia à CCAV 2483, Cavaleiros de Nova Sintra. A sede  BCAV 2867 era em Tite (onde estava habitualmente o Cap Médico, que pertencia `CCS). Em Fulacunda decorria então uma operação a nível de batalhão.

Recorde-se o que nos disse o Ovídio Moreira: "O meu irmão, José dos Santos Moreira, [Fur Mil,] fez parte da CCAV 2483, Cavaleiros de Nova Sintra, BCAV 2867 [, Comando e CCS em Tite]. Em 1969 feriu a tiro de G3 o Cap Médico do batalhão".

Não sei o que podemos fazer mais, a não ser aguardar informações adicionais da malta do Batalhão (**), e das companhias que o compunham. Em especial, algum Cavaleiro de Nova Sintra que eventualmente tenha presenciado os acontecimentos ou tinha tido  conhecimento deles 'in loco'. Não foi o caso do Francisco Feio, que era 1º Cabo Mecânico, da CCAV 2484 (Os Cavaleiros de Jabadá), e não estava nesse dia em Fulacunda.

É uma história trágica, muito triste. O Moreira já morreu, quem sabe se com um grande peso às costas. Do nosso camarada médico, por sua vez, não há rasto dele na Internet. Quanto mais casos semelhantes não terá havido ao longo dos 11 de Guerra  na Guiné ?

A Ordem dos Médicos não dá informações, ao público, sobre os seus associados, por razões óbvias. Também não sabemos se o malogrado médico ainda é vivo.  E, se sim, não quererá (re)lembrar o sucedido. Em suma, não te maço mais, embora gostasse de aprofundar esta história. No fundo, gostaria de saber qual teria sido o "móbil do crime", o que terá levado o pobre do furriel á loucura daquele acto...
___________

Nota de L.G.:

(*) Vd. postes de:

 21 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5138: O segredo de... (9): Fur Mil J. S. Moreira, da CCAV 2483, que feriu com uma rajada de G3 o médico do BCAV 2867 (Ovídio Moreira):

28 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5174: Os nossos médicos (11): O malogrado Cap José Joaquim Marques de Oliveira (Francisco Feio, CCAV 2484, Jabadá, 1969/70)

(**)  A este batalhão pertencia também o Horácio Ramos, conforme Poste inserido na I Série,  3 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCII: Horácio Ramos, presente!! (BCAV 2867, Tite, 1979/70)
(...) Texto do João Martins:


Caros Camaradas: Estive há poucas horas a falar com o Fernando Fraquito que me confirmou que o pai pertenceu ao BCAV 2867. Prometi emviar-lhe novos elementos, que seguem em anexo.


Resta agora que alguém que tenha conhecido o Horácio, que entre em contacto com o Fernando, para ele obter aquilo porque anseia. Creio que, quando houver um encontro desta unidade, ele vai estar na fila de frente. Um forte abraço, José Martins.

(...) BATALHÃO DE CAVALARIA 2867

Unidade Mobilizadora > Regimento de Cavalaria 3, em Estremoz
Comandante > TCor Cav José Luís Trinité Rosa
2º Comandante > Maj Cav Francisco José Martins Ferreira
O Inf Op/Adj > Maj Cav Carlos Dias Antunes
Comandantes CCS > Cap Mil Art Carlos Pedro da Fonseca e Silva / Cap Mil Art Mário Pais Mexia Leitão

Divisa >"SOMOS COMO SOMOS"

(i) Partida em 23 de Fevereiro de 1969; desembarque em 1 de Março de 1969; e regresso em 23 de Dezembro de 1970.

(ii) Em 3 de Março de 1969 assumiu a responsabilidade do Sector S1, com sede em Tite, abrangendo os subsectores de Tite, Nova Sintra, Jabadá e Fulacunda, mantendo as suas subunidades enquadradas no seu dispositivo.

(iii) Desenvolveu actividade operacional de patrulhamento, reconhecimento, batidas, emboscadas e controlo de itinerários, coordenando as suas subunidades em várias operações em que se destacam: ARMAS LEAIS, GERÊS, 3ª ESTOCADA, 4ª BATALHA, 6º DESFORÇO, ANDAR LIGEIRO e GRANDE RODA.

(iv) Do material que capturou, destaca-se: 4 metralhadoras ligeiras, 6 pistolas-metralhadoras, 12 espingardas e 5 lança-granadas foguete.

Companhia de Cavalaria 2482
Comandante > Cap Cav > Henrique de Carvalho Morais
Assumiu o subsector de Tite em 2 de Março de 1969. Foi transferida para Fulacunda em 30 de Junho de 1969. Foi rendida em 14 de Dezembro de 1970, recolhendo a Bissau para regresso à Metrópole

Companhia de Cavalaria 2483
Comandantes > Cap Cav Joaquim Manuel Correia Bernardo / Cap Mil Art João José Pires de Almeida Loureiro / Cap Mil Art Ricardo José Prego Gamado
Assumiu o subsector de Nova Sintra em 31 de Maio de 1969, destacando um pelotão para S. João. Foi transferida para Tite em 23 de Setembro de 1970 com função de intervenção e quadrícula. Foi rendida em 14 de Dezembro de 1970, recolhendo a Bissau para regresso à Metrópole.

Companhia de Cavalaria 2484
Comandante > Cap Cav José Guilherme Paixão Ferreira Durão
Assumiu o subsector de Jabadá em 4 de Março de 1969.
Destacou, entre 3 de Novembro de 1969 e 9 de Novembro de 1969, três pelotões para Tite. Foi rendida em 9 de Dezembro de 1970, recolhendo a Bissau para regresso à Metrópole.
(...)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Guiné 63/74 - P5174: Os nossos médicos (11): O malogrado Cap José Joaquim Marques de Oliveira (Francisco Feio, CCAV 2484, Jabadá, 1969/70)

Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > O nosso camarada Rui Alexandrino Ferreira, Cor Ref, também passou por aqui, na sua primeira comissão, como Alf Mil, CCAÇ 1420, 1965/67 (ei-lo aqui na foto, com a mascote da companhia, a Eusébia). Voltaria mais tarde, como Capitão Miliciano, para comandar a CCAÇ 18, mais a sul, na Aldeia Formosa (1970/72). Para outros camaradas, Fulacunda foi um local de tristes memórias...


Foto: © Rui Ferreira (2009). Direitos reservados.


1. Em complemento da informaçã prestada no poste 21 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5138: O segredo de... (9): Fur Mil J. S. Moreira, da CCAV 2483, que feriu com uma rajada de G3 o médico do BCAV 2867 (Ovídio Moreira):

Ontem à noite, o Francisco Feio telefonou-me, para clarificar alguns pontos, que ficaram obscuros, desta história. Ele tinha-me prometido falar com alguns camaradas do batalhão que estavam mais por dentro dos acontecimentos. Eis, no essencial, o que ele me transmitiu:

(i) O médico, com o posto de capitão, chamava-se José Joaquim Marques de Oliveira; foi atingido, no baixo ventre, com uma rajada de G3, disparada pelo Moreia; sobreviveu aos ferimentos, mas com sequelas graves... Ao que parece, já não é hoje vivo... (Não se sabe nada sobre a sua carreira médica, depois do regresso da Guiné) (*).

(ii) O Fur Mil Moreira também era conhecido como Guimarães, cidade de onde era natural; a PM veio de propósito, a Fulacunda (onde aconteceu a tragédia), prendê-lo e levá-lo para Bissau; também já não pertence ao número dos vivos; ainda foi uma vez ao convívio da sua companhia, mas teve dificuldade em encarar os seus camaradas; acabrunhado, nunca mais voltou a estes convívios anuais. Tudo indica que o Moreira não chegou a cumnprir a pena de prisão maior (?) a que foi condenado; terá sido amnistiado com o 25 de Abril.

(iii) Estes trágicos acontecimentos ter-seão passado em Fulacunda e não em Nova Sintra: O Moreira pertencia à CCAV 2483, Cavaleiros de Nova Sintra, do BCAV 2867, sediado em Tite (onde estava habitualmente o Cap Médico); em Fulacunda decorria então uma operação a nível de batalhão.

(iv) Voltei a confirmar que o mundo é pequeno e o nosso blogue...é grande! Imaginem que o Francisco Feio é vizinho e amigo do nosso camarada Mário Dias, Mário Roseira Dias, sargento comando reformado... Ambos têm em comum, para além da Guiné, a paixão pela música coral.


O Francisco é dos quatro ou cinco sobreviventes do grupo de fundadores do Grupo Coral Alius Vetus (nome latino do topónimo Alhos Vedros). Daqui a dois anos o grupo celebra os seus 25 anos... O Sr. Mário (como é respeitosamente tratado pelo Feio) esteve mais de dez anos no Grupo Coral. Depois afastou-se e dedica-se à composição musical (Há tempos confidenciou-me que está a acabar uma cantatata). Há várias peças dele no reportório actual do grupo.

O Francisco Feio é um cidadão empenhado, activo, entusiasta, positivo, que em breve irá integrar a nossa Tabanca Grande. Além de baixo no coro, é director de uma colectividade local e presidente da mesa da assembleia geral da Junta de Freguesia de Alhos Vedros, uma orgulhosa vila, histórica, que foi sede de concelho até à reforma administrativa de 1855... Hoje está integrada no concelho da Moita, mas há (ou chegou a haver, em tempos) um movimento local a favor da restauração do concelho. (Fonte: Wikipédia > Alhos Vedros
____________

Notas de L.G.:

(*) Postes da série Os Nossos Médicos:

15 de Fevereiro de 2009 >Guiné 63/74 - P3899: Os nossos médicos (1): Alf Mil Médico José Alberto Machado (Nova Lamego)

2 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4891: Os nossos médicos (2): Tierno Bagulho e Pio de Abreu (Canchungo, 1971/73) (Luís Graça / António Graça de Abreu)

6 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4910: Os Nossos Médicos (3): Os especialistas eram poucos, e não gostavam de ir para... o mato (Armandino Alves, CCAÇ 1589, 1966/68)

8 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4918: Os nossos médicos (4): Um grande amigo, o Dr. Fernando Enriques de Lemos (Mário Fitas, ex-Fur Mil, CCAÇ 763, Cufar, 1965/66)

8 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4920: Os nossos médicos (5): Um grande homem, militar, clínico e matosinhense que me marcou, o Dr. Azevedo Franco (José Teixeira)

8 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4923: Os nossos médicos (6): Homenagem ao Alf Mil Med Barata (Binta) e ao HM 241 (Bissau) (JERO, ex-Fur Mil Enf, CCAÇ 675, 1964/66)

23 de Outubro de 2009 > Guiné 63/74 - P5143: Os nossos médicos (7): Prof Doutor José Madeira da Silva, otorrino, em busca dos ex-camaradas de Bula e Pelundo, 1973/74

sexta-feira, 3 de março de 2006

Guiné 63/74 - P585: Horácio Ramos, presente!! (BCAV 2867, Tite, 1979/70)

1. Texto do José Martins:

Caros Camaradas:

Estive há poucas horas a falar com o Fernando Fraquito que me confirmou que o pai pertenceu ao BCAV 2867. Prometi enviar-lhe novos elementos, que seguem em anexo.

Resta agora que alguém que tenha conhecido o Horácio, que entre em contacto com o Fernando, para ele obter aquilo porque anseia.

Creio que, quando houver um encontro desta unidade, ele vai estar na fila de frente.

Um forte abraço
José Martins

2. Mensagem do Fernando Fraquito:

Olá, bom dia, Sr. José Martins:

Quero agradecer do fundo do coração toda a ajuda que me tem prestado, toda a simpatia e disponibilidade.

Na caderneta militar do meu pai está, de facto, indicação de que pertenceu à CCS Batalhão de Cavalaria 2867.

Dados completos:

Nome: Horácio Martinho Ramos

Natural de Colos, concelho de Odemira

Nº Militar: 075576/68

Gostaria muito de encontrar antigos camaradas do meu pai na Guiné e participar num encontro/almoço se possível, ficaria muito honrado e grato, é como o cumprir de uma ultima missão pelo meu pai.

Os meus maiores cumprimentos
Fernando Manuel Ramos Martinho Fraquito
__________________________

BATALHÃO DE CAVALARIA 2867

Unidade Mobilizadora > Regimento de Cavalaria 3, em Estremoz

Comandante > TCor Cav José Luís Trinité Rosa
2º Comandante > Maj Cav Francisco José Martins Ferreira
O Inf Op/Adj > Maj Cav Carlos Dias Antunes
Comandantes CCS > Cap Mil Art Carlos Pedro da Fonseca e Silva / Cap Mil Art Mário Pais Mexia Leitão

Divisa >"SOMOS COMO SOMOS"

Partida em 23 de Fevereiro de 1969; desembarque em 1 de Março de 1969; e regresso em 23 de Dezembro de 1970.

Em 3 de Março de 1969 assumiu a responsabilidade do Sector S1, com sede em Tite, abrangendo os subsectores de Tite, Nova Sintra, Jabadá e Fulacunda, mantendo as suas subunidades enquadradas no seu dispositivo.

Desenvolveu actividade operacional de patrulhamento, reconhecimento, batidas, emboscadas e controlo de itinerários, coordenando as suas subunidades em várias operações em que se destacam: ARMAS LEAIS, GERÊS, 3ª ESTOCADA, 4ª BATALHA, 6º DESFORÇO, ANDAR LIGEIRO e GRANDE RODA.

Do material que capturou, destaca-se: 4 metralhadoras ligeiras, 6 pistolas-metralhadoras, 12 espingardas e 5 lança-granadas foguete.

Companhia de Cavalaria 2482

Comandante > Cap Cav > Henrique de Carvalho Morais

Assumiu o subsector de Tite em 2 de Março de 1969

Foi transferida para Fulacunda em 30 de Junho de 1969.

Foi rendida em 14 de Dezembro de 1970, recolhendo a Bissau para regresso à Metrópole

Companhia de Cavalaria 2483

Comandantes > Cap Cav Joaquim Manuel Correia Bernardo / Cap Mil Art João José Pires de Almeida Loureiro / Cap Mil Art Ricardo José Prego Gamado

Assumiu o subsector de Nova Sintra em 31 de Maio de 1969, destacando um pelotão para S. João.

Foi transferida para Tite em 23 de Setembro de 1970 com função de intervenção e quadrícula. Foi rendida em 14 de Dezembro de 1970, recolhendo a Bissau para regresso à Metrópole.

Companhia de Cavalaria 2484

Comandante > Cap Cav José Guilherme Paixão Ferreira Durão

Assumiu o subsector de Jabadá em 4 de Março de 1969.

Destacou, entre 3 de Novembro de 1969 e 9 de Novembro de 1969, três pelotões para Tite. Foi rendida em 9 de Dezembro de 1970, recolhendo a Bissau para regresso à Metrópole.

Fontes:

História da Unidade – Arquivo Histórico Militar (Caixa 126 – 2ª divisão – 4ª Secção)

© Resenha Histórico-Militar das Campanhas de Africa (1961-1974). 7º Volume/Tomo II – Fichas das Unidades – Guiné. Condensação de José Martins – Março 2006

sábado, 25 de fevereiro de 2006

Guiné 63/74 - P567: BCAV 2867, o Batalhão do Horácio Ramos? (José Martins)

Caro Luís e Fernando:

É reconfortante saber que os filhos dos nossos camaradas tentam saber algo sobre o período de história que os pais viveram, a procura de dados que os esclareça sobre os ÚLTIMOS SOLDADOS DO IMPÉRIO.

Com os dados existentes no mail procurei alguma coisa, que, como dizes, podem
ser uma falsa pista.

Em anexo segue o que consegui nos meus arquivos [dados sobre o Batalhão de Cavalaria 2867, a que pertenciam as CCAV 2482, 2483 e 2484], mas vou continuar à procura de mais elementos.

Ao Fernando sugiro que procure no espólio do pai a caderneta militar. Se a caderneta existir e estiver actualizada, à data da saída do exército, poderá lá encontrar elementos que ajudem nesta pesquisa.

Se não tiver a tal caderneta - um livrinho pequeno com capa preta - poderá obter elementos junto do Arquivo Geral do Exército, que fica na Estrada de Chelas em Lisboa.

Com o nome, data de nascimento e pouco mais, esses serviços costumam fazer milagres. Foi lá que obtive a cópia das notas de assentos do meu avô materno e de um tio paterno, ambos combatentes da I Grande Guerra.

Claro que para isso o melhor é um pedido pessoal e presencial. Quando o Fernando vier a Lisboa tratar de algum assunto da sua empresa de reparações de automóveis e máquinas agrícolas, é destinar um pouco de tempo para este assunto.

Caro Fernando: Não nos conhecemos, mas habituamo-nos a pesquisar, e por isso descobri a localização da Casa Fraquito em Colos - Odemira. O que a Net nos proporciona!

Vamos mantendo o contacto, pois pode ser que a curiosidade presente nos traga mais elementos, não só para o Fernando Martinho, mas também para a nossa tertúlia.

Um forte abraço do camarada e amigo,
José Martins

______________

BATALHÃO DE CAVALARIA 2867

Este batalhão foi formado no Regimento de Cavalaria 3 em Estremoz e era composto, além da Companhia de Comando e Serviços [CSS], pelas Companhias de Cavalaria 2482, 2483 e 2484.

Estas unidades chegaram à Guiné em Março de 1969 e terminaram a comissão em Dezembro de 1970.

Localização das unidades:

O Batalhão permaneceu em TITE durante toda a sua comissão.

CCAV 2482 – Esteve em TITE desde a chegada até Junho de 1969 indo para FULACUNDA.

CCAV 2483 – Iniciou a comissão em NOVA SINTRA, sendo transferida em Setembro de 1970 para TITE.

CCAV 2484 – Iniciou a comissão em CACHEU e foi transferida para BULA em Agosto de 1969.

Carta de Situação reportada a 3 de Agosto de 1969, no Sector S1 (Sul) (cerca de 5 meses após a chegada):

Indica que, além do Batalhão de Cavalaria e das 3 companhias operacionais, estavam estacionadas mais 1 Companhia de Caçadores, 1 Pelotão de Morteiros, 1 Pelotão de Artilharia de Campanha, 1 Pelotão de Reconhecimento (carros de combate) e 1 Companhia de Milícias. Estava também estacionado na zona, como reserva do Comando- Chefe, 1 Companhia de Comandos.

Carta de Situação reportada a 2 de Agosto de 1970, o Sector S1 (Sul) (cerca de 5 meses antes do regresso):

Indica que, além do batalhão de cavalaria e das 3 companhias operacionais, estavam estacionadas mais 1 Companhia de Cavalaria, 1 Pelotão de Morteiros, 1 Pelotão de Artilharia de Campanha, 1 Pelotão de Reconhecimento (carros de combate) e 4 Companhias de Milícias.

Evolução no Sector S1, entre as duas Cartas de Situação:

É substituída a Companhia de Caçadores por outra de Cavalaria e é reforçada com 3 Companhias de Milícias.

Fonte: © Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974). 3º Volume – Dispositivo das Nossas Forças - Guiné
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