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domingo, 25 de março de 2012

Guiné 63/74 – P9656: Convívios (406): Encontro da CCAÇ 1801, no próximo dia 14 de Abril de 2012, Fátima (Carlos Sousa)



1. O nosso Camarada Carlos Sousa, ex-Alf Mil de Operações Especiais/RANGER da CCAÇ 1801 - Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) 1968/69.

ALMOÇO/CONVÍVIO DOS VETERANOS DA CCAÇ 1801 

Camaradas,

Vau decorrer o Encontro (almoço/convívio) dos Veteranos da CCAÇ 1801 - Ingoré -, 1967-1969 no próximo dia 14 de Abril de 2012, com o seguinte programa:

10h00 – Concentração junto à casa do Manuel M. Oliveira (organizador), Travessa Santo António, 8, Fátima (a 50 m do Santuário).

11h00 – Missa pelas nossas intenções e em memória de colegas falecidos, na Igreja da Santíssima Trindade.

13h00 – Almoço no restaurante D. Nuno.

A confirmação deve ser feita até 10 de Abril para 249531588 ou 919519567 (Manuel M. Oliveira).

O preço é de 27 € e crianças 15 €.

De notar que este encontro é já prática de muitos anos (mais de 30), sempre no mesmo local! Alguns filhos de camaradas conheceram-se nestes encontros e casaram! Quer isto dizer que há camaradas que são avós do mesmo neto, o que faz com que sejam aquilo a que eu chamo "parentes inversos"!

Um abraço do camarada,
Carlos Sousa
Alf Mil OpEsp/RANGER da CCAÇ 1801
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em: 


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Guiné 63/74 - P9493: Tabanca Grande (321): João José Alves Martins, ex-Alf Mil Art, BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano João José Alves Martins, ex-Alf Mil Art.ª do BAC 1 (Bissum, Piche, Bedanda e Guileje, 1967/70), com data de 12 de Fevereiro de 2012:

Caro Luís Graça,
Junto 2 fotografias minhas, uma tirada na Bateria de Artilharia N.º1 (BAC 1), em Bissau, e a outra, actual para futuras publicações no blogue, contando factos mais concretos das nossas experiências, algumas, com o IN bem perto.


Um abraço,
João Martins


2. Recordando  João Martins no Poste 9291*:

Agradeço terem aceitado o meu pedido de amizade. A Guiné e os portugueses guineenses, porque a Guiné era território português quando a conheci, ficaram-me no coração. O meu testemunho vale o que vale, mas porque o que se pretende com esta página é precisamente a junção de testemunhos, independentemente de opiniões políticas ou religiosas que todos temos, não posso excluir-me de dar o meu, até porque em minha opinião é muito rico.

Entrei no COM em Mafra, em Janeiro de 1967, era o soldado-cadete n.º 003251/65.
No 2.º trimestre tirei a especialidade PCT em Vendas Novas.

No 3.º trimestre fui colocado no RAP 3, na Figueira da Foz, onde estive até embarcar já como Alferes Miliciano de Artilharia, no navio Alfredo da Silva, juntamente com outros dois alferes, rumo a Bissau, onde chegámos em 19 de Dezembro de 67.
[...]
Regressei à Metrópole em 1 de Janeiro de 1970, tendo passado três Natais e três fins de Ano na Guiné que muito me custaram. Agradeço à intervenção Divina o facto de não ter ficado por lá, tantas foram as vezes em que isso podia ter acontecido. O PAIGC chegou mesmo a noticiar na rádio terem-me abatido...



3. Comentário de CV:

Caro camarada João Martins. Bem vindo a este espaço de partilha de ideias e memórias.
Este poste apenas formaliza a tua adesão à nossa tertúlia uma vez que foste já apresentado no Poste 9291. Passas a integrar a nossa lista alfabética de membros da Tabanca Grande, como João Martins, tabanqueiro nº 540.  Muita saúde  e longa vida por cá, são os votos de todo o pessoal. Como vês, somos já um batalhão.

Queria pedir-te para utilizares preferencialmente, para nos contactares, o endereço do Luís em luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com ou os endereços dos co-editores: carlos.vinhal@gmail.com e/ou magalhaesribeiro04@gmail.com, isto porque por vezes estamos algum tempo sem ir ao nosso facebook e às mensagens que lá caem.

Posto isto, queria ainda convidar-te a manteres uma colaboração activa e regular no nosso Blogue, bastando para isso mandares os teus textos e fotografias para publicação.

Fui ao teu facebook espreitar as tuas fotos da Guiné e dou-te os parabéns pela diversidade e qualidade das mesmas. Muitas delas terão uma história associada pelo que não te faltará matéria para desenvolver.

Não quero terminar este poste de apresentação sem te enviar em nome da tertúlia e dos editores um abraço fraterno e os votos de que gozes da melhor saúde.

O teu camarada e novo amigo
Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9291: Facebook...ando (14): João José Alves Martins, ex-Alf Mil PCT (BAC1, Bissau, Bissum-Naga, Piche, Bedanda, Gadamael, Guileje, Bigene, Ingoré, 1967/70)

Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9434: Tabanca Grande (320): Álvaro Simões Madureira Vasconcelos, Transmissões STM (Aldeia Formosa e Bissau, 1970/72)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9291: Facebook...ando (14): João José Alves Martins, ex-Alf Mil PCT (BAC1, Bissau, Bissum-Naga, Piche, Bedanda, Gadamael, Guileje, Bigene, Ingoré, 1967/70)




Foto nº 1



Foto nº 2 


Foto nº 3


Foto nº 4


Foto nº 5

Guiné > Álbum fotográfico do ex-Alf Mil PCT João José Alves Martins (1967/1970)... De total de cerca de duas centenas magníficas fotos da Guiné (obtidas a partir de diapositivos), e que estão disponíveis no mural da sua página no Facebook, tomámos a liberdade de selecionar, editar e publicar 5, numeradas de 1 a 5... Com a devida vénia, ao autor, bem entendido.


Aqui vão as legendas: Na foto nº 1, temos o nosso artilheiro no BAC1, em Bissau, em 1967; na foto nº 2, posando junto aos obuses 8.8 cm, no BAC1; na foto nº 3, vemos uma série e obuses 10.5 cm; na foto nº 4, três peças de artilharia 11,4 cm (vulgarmente confundidas pelos infantes com os obuses 14), aguardando embarque para o interior na Guiné; e, por fim, na foto 5, pode ver-se o difícil transporte, em picada, de uma peça 11.4, a caminho de Nova Lamego...

Fotos: ©  João José Alves Martins  (2011). Todos os direitos reservados.


1. João José Alves Martins, residente em Lisboa,  é um dos nossos mais recentes amigos do Facebook (Tabanca Grande, Luís Graça, Guiné).  Ele próprio se apresentou, ontem, nestes termos:


Agradeço terem aceitado o meu pedido de amizade. A Guiné e os portugueses guineenses, porque a Guiné era território português quando a conheci, ficaram-me no coração. O meu testemunho vale o que vale, mas porque o que se pretende com esta página é precisamente a junção de testemunhos, independentemente de opiniões políticas ou religiosas que todos temos, não posso excluir-me de dar o meu, até porque em minha opinião é muito rico.

Entrei no COM em Mafra, em Janeiro de 1967, era o soldado-cadete nº.003251/65. No 2º trimestre tirei a especialidade PCT [, Posto de Controlo de Tiro,] em Vendas Novas, no 3º trimestre fui colocado no RAP 3, na Figueira da Foz, onde estive até embarcar já como Alferes Miliciano de Artilharia, no navio Alfredo da Silva, juntamente com outros dois alferes, rumo a Bissau, onde chegámos em 19 de Dezembro de 67. 

Na Bataria de Artilharia de Campanha [BAC] nº 1, unidade de recrutamento da província com cerca de 25 pelotões de soldados de todas as etnias, espalhados por muitos dos aquartelamentos do território da Guiné, fomos recebidos pelo Comandante da Unidade, um capitão do quadro, que, depois de nos ter perguntado quais as nossas pretensões, em que eu resolvi solicitar as férias em Agosto, na Metrópole, para poder gozá-las na praia, me mandou vestir o camuflado e informou-me que estava um pelotão com três obuses 8,8 numa LDM com destino a Bissum-Naga, à minha espera. 

Era quase Natal e as duas operações programadas foram designadas por "Bolo Rei" e "Cavalo Orgulhoso". Em Bissum, era frequente entrarmos em acção, inclusivamente durante a noite, pelo que dormia com o camuflado vestido, eramos atacados com alguma frequência, flagelação que também incluía a povoação que tínhamos que defender.

Em Julho [de 1968], vim de férias, e no regresso deram-me um outro pelotão, agora com três peças 11,4 rumo a Piche. Passámos por Bambadinca, Farim, Nova Lamego e finalmente Piche, que foi o único aquartelamento onde não conheci a dureza dos combates e onde se estava relativamente bem o que me levava a aventurar-me, passeando "inconscientemente e perigosamente" pelo interior da Guiné, mas contactando populações extremamente amigáveis, como são os fulas e os futa-fulas. 

Nada indicava haver perigo no contacto com as populações. Mas ele era real porque havia um grande esforço de "mentalização e educação" com o objectivo de virar as populações contra os portugueses por parte do PAIGC. Era mais do que óbvio, a excelente acção que os nossos missionários desenvolveram na medida em que as populações sempre nos receberam de braços bem abertos, o que, segundo melhor opinião, ainda deve acontecer nos dias de hoje, apesar de toda a propaganda soviética e americana através do KGB e da CIA, durante a "Guerra Fria" em que se confrontavam pela influência e maior domínio à escala mundial, no seu esforço imperialista e expansionista. 

Também é verdade que os portugueses, noutras eras, em que os valores os tornavam unidos e fortes, se lançaram numa grande e valorosa expansão, enfrentando grandes perigos, e "edificaram" um grande império. Mas eram homens de outra têmpera e com outros valores e sentido da Pátria. Que, conforme alguns afirmam, nos dias de hoje, se encontra à venda. Talvez os chineses a queiram comprar... 

Depois de umas férias, mandaram-me para Bedanda, onde se encontravam um pelotão com três obuses 14 e a Companhia de Caçadores 6, do recrutamento da província, pelo que éramos uma dúzia de brancos a conviver com centenas de africanos, distribuídos por, um pelotão de artilharia, uma companhia de naturais da província e todo um aglomerado de africanos que tínhamos o dever de defender.

De Bedanda, partimos para Guilege em LDM, com desembarque em Gadamael Porto, onde, no rio Cacine, cheguei a tomar umas ricas banhocas, e recordo a simpatia extrema daquela população. Na verdade, senti em muitos guineenses uma maneira de ser e de conviver que gostaria de encontrar em alguns portugueses com responsabilidades políticas e com a responsabilidade da governação, mas que estão muito longe de estarem à altura das suas responsabilidades e, muito menos, com o discernimento necessário à defesa da nossa pátria.

Seguiu-se Guileje. Foi o local que mais me custou. O morteiro 120, fazia tal barulho que impunha muito respeito. Aliás, quando cheguei, observei uma flecha de um obus que tinha sido partida por uma morteirada. Impunha respeito.

No final da minha comissão ainda conheci Bigene e Ingoré no norte da Guiné, junto ao rio Casamança. Foram uns locais com perigo assinalável, mas, para além disso, bastante agradáveis.

Regressei à Metrópole em 1 de Janeiro de 1970, tendo passado três Natais e três fins de Ano na Guiné que muito me custaram. Agradeço à intervenção Divina o facto de não ter ficado por lá, tantas foram as vezes em que isso podia ter acontecido. O PAIGC chegou mesmo a noticiar na rádio terem-me abatido... 

2. Comentário de L.G.:

Na qualidada de fundador, administrador e editor deste blogue bem como da nossa página no Facebook, compete-me saudar a tua aparição. Tens um currículo impressionante como ex-combatente na Guiné, tendo tu passado por sítios aqui representados por diversos camaradas de diferentes épocas: Bissau, Bissum-Naga, Piche, Bedanda, Gadamael Porto, Guileje, Bigene, Ingoré... Temos também aqui camaradas com a tua especialidade (que, de resto, eu desconhecia, a de PCT). 

Enfim, deixa-me saudar-te também por outra coisa que temos em comum, o Instituto Superior de Economia (ISE), onde estudei no meu 2º ano da licenciatura de ciências sociais, em 1976/77, antes de seguir para o 3º ano de sociologia do ISCTE. Bom, e já que és um apaixonado por São Martinho do Porto, deixa-me ainda dizer-te que também há uma Tabanca de São Martinho do Porto, filial da Tabanca Grande... (Costuma reunir-se uma vez por ano em Agosto).

Julgo que aceitarás, de bom grado, o convite para integrar este blogue, de que a nossa página do Facebook é uma extensão. A nossa Tabanca Grande tem um conjunto de 10 regras que deve inspirar, mais do que regular, o nosso comportamento enquanto membros desta comunidade virtual de amigos e camarada Guiné. 

Podes lê-las na coluna no lado esquerdo do nosso blogue ou aqui, neste poste, P8588, na série O Nosso Livro de Estilo. São também regras que os editores, autores e comentadores devem respeitar e fazer respeitar no dia a dia. Tarefa que nem sempre é fácil, sabendo-se que no nosso blogue há 3 coisas que não devem entrar em (ou não devem perturbar) as nossas relações: a política (partidária), a religião e o futebol... Refiro-me às nossas, naturais e saudáveis, diferenças  a nível político, filosófico, religioso, étnico ou clubístico... O que nos une é a nossa vivência na Guiné, que conhecemos grosso modo entre 1961 e 1974... 

João, fico aguardar a formalização do teu pedido (neste caso, o pedido para a entrada no blogue).  E até lá desejo-te um bom ano de 2012, com saúde e com motivos para continuarmos, tu, eu e todos nós,  a acreditar nesta terra, neste povo,  neste planeta e nesta humanidade, que são  os nossos... Um Alfa Bravo. Luís Graça
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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8695: Louvores e condecorações (8): José Lima da Silva, ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, condecorado com a Cruz de Guerra no dia 10 de Junho de 1968 na, então, Praça do Município, Porto

Porto, dia 16 de Junho de 1968 > O Soldado José Lima da Silva da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, condecorado com uma Cruz de Guerra.


1. Mensagem do nosso camarada José Lima da Silva*, ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, Bissum, Pirada e Bula, 1966/67, com data de 17 de Agosto de 2011:

Camaradas
Li o mail que me enviaram, está tudo bem e passo a responder a algumas questões que me colocaram àcerca da minha passagem pela Guiné.

A condecoração foi proposta pelo Comandante do Pelotão Diamantino Pereira Monteiro, porque ao estarmos praticamente cercados pelo inimigo e sendo eu o municiador da bazuca, não estava a ser municiado pelo resto Secção que se dispersou, tendo eu próprio que me deslocar até junto de cada um, para me abastecer e servir o apontador.

Passou-se mais ou menos assim, quando que seriam e, deviam os camaradas na minha retaguarda, de mão em mão, fazerem-me chegar as granadas.

Bom mas isso já passou, apenas fica para História.

A cerimónia de condecoração aconteceu no dia 10 de Junho de 1968, na praça Almeida Garrett (Avenida dos Aliados, Porto).

Como já havia passado à disponibilidade, o fardamento para a cerimónia, recebi de véspera no antigo quartel da CICA 1 no Porto, onde tive que pernoitar e ter ordem unida, hoje não faria isso, mas como não era apenas eu que lá estava para o mesmo efeito...

Para aquele efeito, o fardamento não tinha armas, era simples.

Desculpem, mas não vos vou falar muito da minha passagem pela Guiné, e quanto a fotografias, não tenho, porque vivi numa casa com alguma humidade, e pensando que as tinha muito bem protegidas, não tinha, porque depois de mudar de casa, fui arrumar tudo e estavam irreconhecíveis, não havendo forma de as recuperar.

Tenho outra condecoração, mais ligeira e, sem o mesmo valor (pelo menos para mim), condecoração essa que aconteceu no dia 28 de Maio de 1969 em Braga, no antigo Estádio 28 Maio. Nessa cerimónia também houve desfile militar, mas eu e outros, que também lá estavam para o mesmo efeito, vestíamos à civil, afinal era para nos dar a Medalha de Expedição e Campanha da Tropa Portuguesa, o porquê não sei porque não ouvi o discurso, nem estou muito interessado agora em saber.

OBS:- Se por acaso vier ter alguns momentos bons que me façam lembrar correctamente alguns episódios passados na Guiné, contar-vos-ei.

Saudações de amizade e consideração por todos.
JLS
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 16 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8678: Tabanca Grande (296): José Lima da Silva, ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876 (Bissum, Pirada e Bula, 1966/67)

Vd. último poste da série de 29 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4266: Louvores e condecorações (7):O 10 de Junho de 1973 - Um louvor, uma estrada e suas gentes: Cadique/Jemberém (António Manuel da Conceição Santos)

- Em tempo:
Por que foram suscitadas dúvidas quanto à designação do local onde o nosso camarada José Lima da Silva recebeu a sua condecoração em 1968, esclarece-se que a então Praça do Município, na cidade do Porto, se passou a designar como Praça Gen Humberto Delgado a partir do dia 30 de Janeiro de 1975.

Carlos Vinhal
23AGO2011

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Guiné 63/74 - P8678: Tabanca Grande (296): José Lima da Silva, ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876 (Bissum, Pirada e Bula, 1966/67)

1. Mensagem do nosso novo camarada e tertuliano, José Lima da Silva, ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, Bissum, Pirada e Bula, 1966/67, com data de 7 de Agosto de 2011:

Sou José Lima da Silva, ex-Soldado da CCAÇ 1496/BCAÇ 1876, natural de Barcelos, residente no Porto.

Embarquei para a Guiné em Janeiro de 1966, tendo regressado em Novembro de 1967. Estivemos em Pirada, Paúnca, Bula, Naga, Bissum, outras localidades pertencentes à zona militar de Bula, também estivemos em Encheia onde fomos dar apoio a um Pelotão que estava cercado pelos inimigos.

A nossa Companhia era de intervenção rápida, onde fosse necessário.

Saúde e felicidades para todos os camaradas em geral

José Lima da Silva
Ex-Soldado 81795/65



2. Comentário de CV:

Caro José Lima, bem-vindo à Tabanca Grande.
Estás apresentado à tertúlia embora te falte a foto actual e uma pequena história. Sabes que nestas coisas não facilitamos e a "jóia" tem que ser paga.

Proponho até que para começar que nos contes como ganhaste aquela Cruz de Guerra que ostentas na foto acima. A foto documenta algum "10 de Junho"? Se sim diz em que ano.
Reparo que não tens emblemas nem armas na farda pelo que estarias já na disponibilidade. Ou estou enganado?

Além de nos pores ao corrente destes pormenores poderás contar-nos outras histórias sobre a tua passagem pela Guiné e enviar-nos mais fotos para publicação. Não te esqueças de nos dizeres que local e situação documentam as fotos, para não acontecer como esta que não identifica o local e a cerimónia.

Já agora ficas informado de que temos na tertúlia o ex-Alf Mil Diamantino Pereira Monteiro da tua Companhia.

Ficamos à espera de mais notícias tuas. Até recebe desde já um abraço da tertúlia.

O teu novo camarada e amigo
Carlos Vinhal
____________

Notas de CV:

- Estandarte da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887 da colecção do nosso camarada Carlos Coutinho, com a devida vénia

Vd. último poste da série de 3 de Agosto de 2011 > Guiné 63/74 - P8633: Tabanca Grande (295): Domingos Gonçalves, ex-Alf Mil da CCAÇ 1546/BCAÇ 1887 (Nova Lamego, Fá Mandinga e Binta, 1966/68)

sábado, 2 de abril de 2011

Guiné 63/74 - P8037: Blogpoesia (139): Eusébio, o babuíno de Bissum (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de  30 de Março de 2011:

Caro Carlos,
Aqui está de novo o chato do costume com mais umas sextilhas.

Eusébio era um babuíno que viva connosco no quartel, herdado de outras gentes, e que legamos a quem nos sucedeu, que tinha a particularidade de gostar de beber uns copos.
Como é sabido, não há almoços grátis...

Também nessa altura não havia borlas no copo, ou "pão p`ra malucos", como alguns diziam... pelo que Eusébio, assim se chamava o símio, se queria alimentar o vício, tinha de "vergar a mola"...

Sabido como qualquer político, Eusébio cedo se habituou a gamar para acudir à "vida social " que tinha.
Vai daí, à falta de obras de grande vulto com derrapagens a propósito, ou simples gravadores à mão, perante a inexistência de robalos à vista, contentava-se em roubar uns nhecs que depois trocava à malta por refrescantes loiras... vida difícil para quem, alcoólico anónimo, sentia sede com frequência...
Mas só largava a galinha quando agarrava a garrafa...

abraço
manuelmaia


EUSÉBIO O BABUÍNO DE BISSUM

Bissum tinha um enorme babuíno,
macaco cão ladrando qual canino,
acorrentado em corrediço arame...
Eusébio, herdou da bola a sua graça,
de guarda à oficina vê quem passa,
e acorre qual foguete a quem o chame...

Até aqui nada há de especial,
que é enorme a profusão deste animal,
de curioso tem gosto à bebida...
Eusébio, da cerveja um bom amante,
garrafa escorropicha em mero instante,
da loira por serviço recebido...

Mostrando ao dito Eusébio a garrafita,
sacramental palavra, nhec, dita,
liberto da coleira é de seguida...
O rumo da tabanca toma o símio,
(na arte de roubar um mestre exímio)
p`ra regressar com frango p`ra bebida...

Largando o nhec a loira chama a si,
macaco mais esperto que já vi,
Eusébio, de Bissum macaco cão...
"Ramada " em dia enorme de trabalho
com cinco ou seis visitas se não falho,
tombando, "ressonou" na ocasião...
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 12 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7933: Blogpoesia (114): Medalha???, dedicado a um soldado metralhado (Manuel Maia)

Vd. último poste da série de 2 de Abril de 2011 > Guiné 63/74 - P8036: Blogpoesia (138): Ai Guiné, Guiné (10) (Albino Silva)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6748: Blogpoesia (75): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (2) (Manuel Maia)

QUISERA EU... (2)

por Manuel Maia*

Quisera eu ver as aves aos milhares,
esvoaçando em nuvens, nesses ares,
mal dia amanhecia, em frenesim.
Auroras, fontes luz de amanhecer,
ocasos quentes lindos de morrer,
nos dias de sossego de Fatim...


Fatim, das Quintas, Sábados, Segundas,
de peitos espetados, rijas bundas,
bajudas lavadeiras do quartel.
Fatim das noites longas, feitas jogo,
gargantas ressequidas pelo fogo
e fumo dos cigarros a granel...


Tainadas cabra, porco ou cabritinho,
regadas a cerveja ou melhor vinho,
que o "canforado" e militar ruim...
Por vezes, frita a gosto, a pardalada,
batata, pouca, mista era a salada,
no "Gourmet Michelin" lá de Fatim...


Quisera aquela terra ver de novo,
revisitar lugares,rever seu povo,
sentir o cheiro d`África profundo.
Quisera estar à sombra do mangueiro,
colher à mão o fruto ao cajueiro,
e ser parte integrante desse mundo...


Quisera ter a força da mudança
que trava o desespero e abre a esp`rança,
p`ra suspender tamanho desatino.
Guiné, hoje é central do ilegal,
da droga plataforma mundial,
em clara oposição ao seu destino...


P`ra esse antigo espaço lusitano,
traçado pelos deuses, há um plano,
de paraíso pleno para o homem.
Turismo pode ser caminho certo,
se usado bem, e sê-lo-á, decerto,
urgente é pois que a paz, cedo retomem...


Quisera eu ver milícias de Bissum,
acaso a vida preservasse algum,
tão monstruoso crime ali se fez...
Fuzilamento foi a arma usada,
contra a milícia e mesmo a garotada
ante um silêncio/nojo, português...


Quisera um dia eu voltar ali,
sentir e recordar onde vivi,
por terras de Bissum e de Fatim.
Descer até ao sul p`ro Cantanhez,
mirar Cafal, Cafine, um`outra vez,
`inda`ntes de chegar meu tempo ao fim...

__________

Notas de CV:

(*) Manuel Maia  foi Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74. 

Vd. primeiro poste da série de 14 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6737: Blogpoesia (74): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (1) (Manuel Maia)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Guiné 63/74 - P6737: Blogpoesia (74): Saudades daquele tempo, ou Quisera eu... (1) (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de 4 de Julho de 2010:

Caro Carlos,
Aqui seguem algumas sextilhas que sintetizam as saudades que tantos de nós, senão todos evidenciam...
Se entenderes que são publicáveis, força...

Abraço
manuelmaia




QUISERA EU... (1)

Quisera eu ter na vida amplos suportes
p`ra ver terra à partida "ganha em sortes"
Bissum, no norte, tida de "buraco"...
Mais "vozes do que nozes", felizmente,
o grau de risco dado àquela frente,
perigosa sim por "venerarmos Baco"...

Quisera eu lá voltar antes do fim

da areia da ampulheta que de mim
se escoa em movimento acelerado.
Sentar no baga-baga, protector,
sentir da terra o cheiro e o calor,
fruir tempo de paz agora achado...

Quisera um periquito a vir à mão,
depenicar na fruta, comer grão,
e passeá-lo ao ombro, sem atilho.
Quisera ao Cumbidjã lançar granada,
pescar o que der jeito à caldeirada,
sem medo de hipotético sarilho...

Falar-vos do Morés, do Cantanhez,
correr de lés a lés, tudo outra vez,
Por verdes matos, terra ocre/amarela...
Cruzar o Cumbidjã, o Armada em botes,
palpar bajuda sã, fruir seus dotes,
de um corpo escultural de moça bela...

Quisera eu ter de volta os tempos idos,
calcorrear espaços percorridos,
bolanha, lama, lodo pestilento...
Quisera os vinte anos da loucura
perdidos nesses matos da lonjura,
que evoco de memória, em pensamento...

Quisera ser de novo o furriel,
anti, mas cumpridor do seu papel,
e firme na vontade e no querer...
No palco desta vida atribulada,
tão prenhe de ilusões, cheia de nada,
os anos pesam muito, podem crer...

Descer o Cumbidjã rumo a Cufar,
bem cedo p`la manhã e experimentar,
satisfação, prazer, risco, aventura.
Sentir a brisa fresca ante o "voar",
do barco em lençol d´agua, a chapinar,
num ziguezaguear toda a largura...

Comer um peixe frito com casqueiro,
jogar um king a seco ou a dinheiro,
marcar um golo em jogo de emoção...
Ganhar "subbuteo" em rifa terminal,
testemunhar "fanado", algo "irreal",
e choro/ronco, mesmo ali à mão...
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6660: Parabéns a você (127): Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610 (Os Editores)

Vd. último poste da série de 10 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6571: Blogpoesia (73): Viva Portugal! (Felismina Costa)

sábado, 5 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6536: Em busca de... (136): O nome desta ave e identificação desta estrada (Armando Pires)

1. Mensagem de Armando Pires, ex-Fur Mil Enf.º da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã, 1969/70, com data de 31 de Maio de 2010:

Camarada Vinhal
Se fosse possível, muito agradecia que colocasses estas duas fotos no circuito na expectativa que alguém me possa dizer o nome da ave e que estrada é aquela asfaltada que parece terminar numa localidade com vários rios à sua volta.
Ambas as fotos são de 1969.

A razão do pedido de ajuda é que estou a organizar o meu arquivo em digital e gostaria que elas lá fizessem sentido.

Um muito obrigado a ti e a todos.
Armando Pires


2. Sobre o BCAÇ 2861 retirei do 7.º Volume da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África, Fichas das Unidades Tomo II - Guiné:

O Batalhão, além da CCS, tinha como unidades operacionais as CCAÇ 2464, 2465 e 2466.

A CCAÇ 2464 esteve em Biambe e Nhala.

A CCAÇ 2465 esteve em Có e Bissum

A CCAÇ 2466 esteve em Bula e Encheia

Seguem-se as fotos para identificação da ave e da estrada.
CV


__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 4 de Agosto de 2009 > Guiné 63/74 - P4778: Tabanca Grande (168): Armando Pires, ex-Fur Mil Enf da CCS/BCAÇ 2861, Bula e Bissorã (1969/70)

Vd. último poste da série de 2 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6521: Em busca de... (135): Carlos Miguel (O Fininho), ex-Fur Mil da CCAÇ 5, procura fotos suas do tempo de Guiné (José Corceiro)

domingo, 30 de maio de 2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Guiné 63/74 - P6378: Tabanca Grande (219): Aníbal João Vilhena Xavier Magalhães, ex-Alf Mil da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861 (Có e Bissum-Naga, 1969/70)

1. Mensagem do nosso novo tertuliano Aníbal Magalhães (ex-Alf Mil da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861, e Bissum-Naga, 1969/70), com data de 7 de Maio de 2010:

Amigo Carlos Vinhal:
Aqui estou para fazer a minha apresentação:

Aníbal João Vilhena Xavier Magalhães
Alf Mil da CCaç 2465/BCaç 2861

Estive em:
Có - 16/02/1969 a 13/05/1969
Bissum-Naga - 14/05/1969 a 14/12/1970

Envio as duas fotos da ordem, esperando ser aceite na vossa Tabanca.
Prometo contar as minhas histórias.
A primeira já está contada*...

Um abraço
Aníbal Magalhães


2. Comentário de CV:

Caro Aníbal Magalhães, a Tabanca a partir de hoje é também tua. Uma vez que fazes parte dela, passas a ter a responsabilidade de a manter activa. Para tal vai enviando as tuas histórias e fotografias que ficarão a fazer parte integrante do espólio deste Blogue.

É costume eu ser portador de um abraço de boas-vindas da tertúlia, destinado ao periquito recém entrado, logo o abraço de hoje é para ti, recebe-o.

Despeço-me até nova mensagem tua
Saudações fraternas
__________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6286: O Nosso Livro de Visitas (88): Aníbal João Vilhena Xavier Magalhães, ex-Alf Mil da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861 (Guiné, 1969/70)

Vd. último poste da série de 10 de Maio de 2010 > Guiné 63/74 - P6366: Tabanca Grande (218): Armando Faria, ex-Fur Mil da CCAÇ 4740, Cufar, 1972/74

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Guiné 63/74 - P5224: Blogues da Nossa Blogosfera (25): Guiné Bissau - Memórias (CCAÇ 2781 do BCAÇ 2927 - Bissum, 1970/72)


1. Camaradas, no poste P4925, de 9 de Setembro de 2009, dedicado à “Memória dos lugares, com fotos do Bura… ko de Bissum - Naga, 1968, que nos foram enviadas pelo José Nunes (ex-1º Cabo, BENG 447, Brá, 1968/70), recebemos a seguinte mensagem:

Encontrei aqui alguns desterrados de Bissum. Estive lá de finais de 1970, a finais de 1972, nas transmissões da CCaç 2781.

Para quem quiser visitar o meu Blogue sobre esta temática aqui fica o endereço:


www.guine-bissum.blogspot.com

Um grande abraço.
Quim



Vista do Quartel de Bissum

2. No blogue do Quim [Santos], encontra-se um apelo que deixamos aqui reproduzido:

“Pedido. Se algum dos ex-combatentes de BISSUM tiver algo relacionado com a nossa guerra naquelas paragens e que queira partilhar, foto, documento, etc., não hesite e envie para verdegaio@gmail.com, que eu terei todo o prazer em publicar aqui.”



Foto de Bissum e emblema: © Blogue "Guiné Bissau - Memórias" (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:

5 de Novembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P5217: Blogues da Nossa Blogosfera (24): Do Tejo ao Rovuma (Cabo Delgado, 1971/73), de Carlos Vardasca

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P4973: Tabanca Grande (175): Carlos Sousa, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 1801, Ingoré/Bissum-Naga/S. Domingos/Cacheu/Antotinha, 1967/69



1. Carlos Fernando da Conceição Sousa, ex-Alf Mil de Operações Especiais/RANGER (quando veio da Guiné foi promovido a tenente), da CCAÇ 1801 - Ingoré, Bissum-Naga, S. Domingos, Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré) 1968/69.

Camaradas,

Apresento-me como novo Camarada nesta “nossa” Tabanca Grande, chamo-me Carlos Fernando da Conceição Sousa, fui Alferes Miliciano de Operações Especiais/RANGER (quando vim da Guiné fui promovido a tenente), na CCAÇ 1801, e estive em: Ingoré, Barro (em operação), Ponta do Inglês (em operação), Bissum-Naga, S. Domingos, Elia (em operação), Cacheu e Antotinha (destacamento de Ingoré).



Envio a minha foto actual e outra onde estou com o General Spínola. Foi no dia 31 de Dezembro de 1968, quando eu e os meus soldados estávamos a jogar futebol, um helicóptero pousou ali no meio do campo.



Os jogos, para que as equipas se distinguissem, faziam-se com uns de camisola contra outros em tronco nu.
Como se pode ver na foto eu jogava na equipa dos tronco nu.

O Gen. Spínola caminhava para próximo de onde estavam os nativos, onde foi dar-lhes umas palavras.
Hoje queria que publicassem esta minha primeira mensagem:

16 de Setembro de 2009, acabei de ver na RTP1 um programa onde se mostrou a dramática situação de jovens que nasceram em Portugal e que não são considerados portugueses. Fiquei abismado com o que vi!

Mais abismado fico quando sabemos que aconteceu um 25 de Abril que nós saudamos (eu já tinha 30 anos quando aconteceu), que é o dia da Liberdade!

Combati na Guiné por uma Pátria que então estava definida como multirracial, e as terras de além-mar eram conhecidas e tratadas como províncias ultramarinas. No norte da Guiné, entre S. Domingos e Ingoré, a população desde felupes, a balantas, passando por fulas e mandingas, era maioritária nossa amiga. No destacamento de Antotinha, a 6 km do porto de S. Vicente, no rio Geba, havia cerca de cem balantas armados em auto-defesa que defendiam mais de 3000 pessoas, pois que, como os próprios nativos diziam, tinham que se defender dos bandidos.

Na altura todos lhes dissemos que eles eram portugueses ultramarinos. Alguns deles ficaram extremamente felizes quando obtiveram bilhete de identidade de cidadão português. Não há revolução que possa colocar por terra todas as expectativas que tínhamos alimentado nas populações.

Não venho aqui levantar a validade histórica dos movimentos de libertação, que terão libertado populações do jugo português para os entregar a oligarquias corruptas e prepotentes. É claro que temos a vantagem de conhecer a evolução (ou involução?) que se deu. Hoje sinto que a minha missão era nobre – proteger um povo de falsos libertadores.

Mas o que quero hoje reflectir é sobre os jovens apátridas nascidos em Portugal.

Os pais deles foram de algum modo induzidos na ideia de que eram portugueses. Muitos deles tiveram que procurar refúgio fora da terra onde nasceram e vieram para Portugal, como terra mítica idealizada como justa e civilizada. Nós deveríamos tê-los mantido como portugueses, tal como sempre lhe dissemos que eram. Mas não; deixámo-los esquecidos, assobiando para o ar, sem que houvesse um governante que lhes fizesse justiça e aos filhos daqueles que enganámos.

Reforço a ideia de que a vinda para Portugal era, para muitos, a única saída. Lembremo-nos dos fuzilamentos que os libertadores fizeram com aqueles que tinham colaborado com os portugueses – e os que connosco colaboraram eram muitos milhares.

Façamos barulho para que imediatamente se legalizem os filhos de africanos portugueses até ao 25 de Abril. Acabemos com mais esta vergonha nacional.

Um abraço para todos os Camaradas da Tabanca Grande,

Carlos Sousa
Alf Mil Op Esp/RANGER da CCAÇ 1801

Foto: © Carlos Sousa (2009). Direitos reservados.
Emblema: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.

2. Comentários de MR

Amigo e Camarada Carlos Sousa, bem-vindo ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Muito obrigado por aceitares o convite para integrares esta grande Tertúlia Bloguista, cuja "formatura" é composta por cerca de 350 ex-Combatentes da Guiné, que pouco a pouco, mas decidida e inabalavelmente, aqui vão prestando os seus fabulosos depoimentos, contribuindo para a tão necessária e desejada catarse da guerra que a nossa geração viveu Além-mar, no Ultramar africano.

São histórias/memórias de morte, sangue, dor e sofrimento, umas… e outras… de pequenas e grandes coisas do dia-a-dia, que íamos cortando no velho calendário, contadas, quase todas elas, no presente do indicativo.

Fazêmo-lo consciente e patrioticamente, não por impulsos masoquistas, ou maquiavelistas, mas como testemunhos escritos e fotográficos, para as gerações presentes e vindoiras.

Ficamos à espera que nos contes histórias sobre a comissão e actividade operacional da tua CCAÇ 1801 e de ti na Guiné. Tudo será bem-vindo (textos, documentos e fotos), para ampliar este nosso espólio virtual.

No lado esquerdo da página inicial do blogue, tens tudo o que é importante saber sobre o blogue: O que nós (não) somos e as normas de conduta a seguir pelos tertulianos. São simples e normais regras de boa cidadania, que se resumem ao respeito mútuo inter-bloguista e a aceitação das diferenças de conceitos e opiniões.

Quanto à tua CCAÇ 1801, apenas existe no blogue um pequena referência, com data de 14 de Outubro de 2008, no poste: Guiné 63/74 - P3312: Unidades que passaram por Sedengal (José Martins), da autoria do nosso camarada José Martins, que foi Fur Mil Trms da CCAÇ 5, que muito colabora com o pessoal no blogue através de valiosos trabalhos de pesquisa sobre as diversas unidades que passaram pela Guiné, que só a sua carolice lhe permite concretizar, e que é a seguinte:

«CCaç 1801 [mobilizada no BC 10 – Chaves - embarque em 26 de Outubro de 1967 e regresso em 20 de Agosto de 1969], regressa a Ingoré para reforçar o BCaç 1894, para actuação nas operações realizadas, e depois integrado no dispositiva de manobra do BCaç 1913 [mobilizada no RI 15 – Tomar - embarque em 27 de Setembro de 1967 e regresso em 16 de Maio de 1969], quando em 23 de Abril de 1968 assume a responsabilidade do subsector de Ingoré, destacando um pelotão para Sedengal.»

Todos ficamos à espera da tua melhor colaboração e, entretanto, recebe de toda a tertúlia “atabancada” um abraço de boas-vindas.

Nota: O nosso Camarada Carlos Sousa, é licenciado em Engenharia Mecânica. É professor no I.S.E.P. (instituto Superior de Engenharia do Porto). Reformou-se muito recentemente, como Chefe do Departamento de Formação do C.A.T.I.M. (Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica) da cidade do Porto.

Magalhães Ribeiro
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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Guiné 63/74 - P4630: Destas não reza a História (Manuel Maia) (4): História da esgraçadinha

1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74, com data de 30 de Junho de 2009:

Caro Vinhal,
Espero possa estar dentro dos parâmetros requeridos.


HISTÓRIA DA ESGRAÇADINHA

Chamava-se Sousa, Zé Sousa, casado, pouco mais de vinte anos, estaria a entrar nos vinte e dois...

As saudades roíam, traço comum a todos quantos por essas terras de África suportavam a canícula e o afastamento dos seus...
Para o Sousa, as saudades da família, pais e muito recentemente mulher, essa Maria Rosa que lhe aquecera a cama e afogueara o corpo uns vinte dias antes do embarque eram algo que não conseguia superar...

Dera o nó lá na igreja da terra pouco antes de o meterem naquele pássaro de metal que o levaria à Guiné.

O Zé e a Rosa, a Maria Rosa, haviam sido imprudentes, tentações do diabo...

Coitada da Maria Rosa, orfã de pais desde tenra idade, vivia com a avó, a Ti Clarinda, uma mulher de armas que criara os filhos (quatro que não vingaram além da idade escolar, e a Felismina, mãe da Rosa, que morrera ao dar à luz o seu rebento...

O genro, pai da Maria Rosa acabaria cadáver à mercê do pó das minas, profissão que abraçara faz tempo para dar melhor vida à família...

A Ti Clarinda lá foi levando a água ao seu moinho, que é como quem diz, criando a neta.
Foi avó e mãe de Rosa...

Agora, coitada, estava quase cega, cansada de uma vida de trabalho, de atribulações...

O Zé que lhe namorava a neta, era um bom rapaz, trabalhador.
Andava à jorna de lavrador em lavrador para ganhar o seu pão honestamente, ele também, filho de gente muito humilde e de trabalho.

Até que um dia, o Zé e a Rosa, a Rosa e o Zé, passaram além da Taprobana, descontrolaram-se e... a solução foi casar...

Nunca passara na cabeça do Zé fugir à responsabilidade...

Até porque a Rosa, coitada, era orfã de pai e mãe...

Mas agora que o sr. padre Olegário os casara, impusera à Rosa que fossem viver para casa dos seus pais.

- E a minha avó, Zé?

-Vais visitá-la quando quiseres, mas o lugar de uma mulher casada é na casa do marido... Quando entenderes passas pela sua casa. Não te preocupes que os vizinhos são gente boa e todos lhe põem uma mão, está descansada. Depois de eu regressar da tropa, da guerra, logo que a gente possa, fazemos uma casinha naquele cibo de terra que o meu pai comprou ao sr. António Regedor, e depois a tua avó vai viver com a gente... podes dizer-lhe.

-Coitada da minha avó!

Partira uns escassos vinte dias, três semanas, do enlace (tinham-lhe dado 15 dias de licença e o capitão deu o resto...)

As saudades roíam-no, e a falta daquele corpo quente colado ao seu com um cheirinho tão apetitoso, empurravam-no para o copo, que no seu caso específico de homem do campo passava obrigatóriamente pela água pé dos lavradores ou pela mistela de uvas que se fazia na casa do seu pai com predominância para o vinhão ou jacqué, para dar cor, e muito americano que não precisa de tratamento...

À falta disso e como não conhecia as bebidas de sociedade, nunca tinha provado scotch, gin ou algo similar, refugiava-se na popularíssima cerveja - que à altura ainda não sustentava jogadores da bola nem as sads do mesmo - emborcando garrafa atrás de garrafa, numa procissão de 33cl que acabaria por derivar para a chamada bazzoka de litro...

Foi este o começo de vida atribulada do Zé Sousa, um militar como tantos, que até à submissão face à cerveja, se pautara sempre por um comportamento perfeitamente normal, senão mesmo exemplar...

As saudades moíam-no, era assaltado pela dúvida.
O que estará ela agora a fazer, a sua Rosa?
E se algum bandalho lhe dirigia palavra quando ia visitar a avó?

Os ciúmes roíam-no deixando-o à beira de um ataque de nervos.
Tornava-se irrascível.
O álcool fazia o resto.
A sua vida encontrava-se agora num patamar de perigo dada aquela dependência evidente.
O capitão proibe que lhe vendam álcool.
O Zé inicia uma fase complicada de ressaca...
Não tem dinheiro para poder sequer pensar em férias na Metrópole.
Logo, a ideia era beber até cair na esperança de ver o tempo voar...

Mas era custoso.
Os dias arrastavam-se caracoleando ao invés de voarem como era a sua vontade e a de todos, afinal...

Um dia, o Zé fazia anos e estava em regime de abstinência total (claro que não era total pois a solidariedade não era palavra vã entre militares e havia sempre forma de controlar o obstáculo...
Especialmente depois de uma operação sabia bem uma geladinha e depois um cigarro.

o capitão comutou-lhe a pena por um dia e permitiu-lhe contornar o castigo ao deixar que comprasse uma grade de cerveja para si e os amigos mais próximos...

Estranhamente o número de amigos do Zé, diminuiu drásticamente e vai daí, ele para não desperdiçar o líquido, fez-se às outras 33, de g3 em punho, não para iniciar qualquer guerra mas porque com o gatilho abria rapidamente uma garrafa...
Foi o bom e o bonito...
Uma vez mais cirandou entre as duas fiadas de arame farpado (o tal onde os bandos se acoitavam...)

Trazia vestida a sua farda mais usual naquelas paragens... calção (fora do regulamento...) e faca de mato à cinta, numa reedição tarzaniana, a pedir meças a qualquer Weissmuller de pacotilha...

Deixáramo-lo à espera que os etílicos vapores fizessem efeito e vencido pelo cansaço entregando-se então nos braços de Morfeu, num amplexo do tamanho do mundo...

Depois de domado por Baco ou por Dionísio (consoante a apetência grega ou romana no desafio sistemático que este lhe fazia, e no qual era sempre apanhado, havia que deixá-lo dormir...

Não era nenhuma novidade este comportamento pelo que ninguém suspeitou do que pudesse via a seguir...

Subitamente o Zé Sousa saiu a correr em direcção ao mato.

Saíram uma meia dúzia em seu encalço, mas este mal os avistou, embrenhou-se naquela perigosa mata fugindo. Era um local perigoso para os escassos seis homens que haviam saído em seu encalce.
Haveriam de regressar uns quarenta ou cinquenta mas debalde...

Soube-se depois através da prisão de um inimigo que ele fora capturado por população hostil às nossas tropas e entregue ao PAIGC.

Nem a Maria Turra falaria nele...

Maria Rosa receberia o fatídico telegrama e caiu para o lado, fulminada...

A Ti Clarinda haveria de assistir ao funeral da neta...

Esta história correu mundo em romance de cordel, e foi cantada ao vivo nas feiras apoiada pela voz plangente de um violino.

Preparem as esponjas que a hora é de chorar!

Com um abraço a toda a tabanca me despeço hoje
Manuel Maia
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 30 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4610: Blogpoesia (51): História de Portugal em sextilhas (Manuel Maia) (VII Parte): De Pombal (1755) até ao regente D. Miguel (1828)

Vd. último poste da série de 14 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4519: Destas não reza a História (Manuel Maia) (3): Desertei depois de ter vindo da Guiné

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4543: Fauna & Flora (25): Cobras & Bichas (Manuel Maia)

1. Mensagem de Manuel Maia, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74, com data de 12 de Junho de 2009:

Assunto: Fauna & Flora - Cobras & Bichas...

Caro Vinhal,

Vivia o período do merecido descanso no pós-Cantanhez, ali para os lados de N`hacra (radio emissora), mais própriamente em Fatim, destacamento do Dugal, sede da Companhia à beirinha da estrada que ligava Bissau a Mansoa.

O Dugal tinha a fama, e já agora o proveito para quem lá estava, óbviamente, de possuir uma cozinha de eleição, uma vez que os segredos culinários eram passados de Companhia para Companhia...

Assim, por exemplo, o camarão à indiana e o arroz xáu-xáu ou as bocas de um caranguejo azul, (pinças enormes que mais pareciam de sapateira ou até lagosta...) entre outros, eram pratos que faziam as delícias de quem tinha a felicidade de ser convidado da Companhia, e nessa altura, na messse, o pessoal aproveitava para tirar a barriga de misérias, procurando esquecer a fome que te parto do Cantanhez...

Mas este vosso camarada, o Fur Mil Moura, o Fur Mil Brito e o Alf Mil Dias, desterrados que estavam, a dezassete longos quilómetros de picada sinuosa e esburacada, apenas duas vezes puderam sentir-se filhos de um deus maior, ao sentirem primeiro o requintado convite e depois a passadeira vermelha da entrada que nos conduziria ao espaço de deleite onde os restantes furriéis, sargentos, demais alferes e capitão serviam de anfitriões aos tais
homens de ombreiras pejadas de dourados, cofiando bigodes uns, e esforçando-se por apresentar um ar inteligente outros, olhando-nos sempre, sempre do alto das dragonas...

Que felicidade, nós ali, convivendo com os deuses do Olimpo, não num tu cá, tu lá... que isso seria abusação, como diria o brasileiro, mas perto deles, respirando o mesmo ar, porventura absorvendo resquícios das suas auras, de estrategas conceituados, muito dados ao alfinete e ao mapa, aos soldadinhos de chumbo e demais artefactos das projecções das suas guerras...

Cirandavam de copo na mão que pousavam na bandeja do diligente soldado, vestido a rigor, sempre que pretendiam debitar conhecimento.

Olhavam em redor depois do esforço da explicação à espera dum simples menear de cabeça concordante ou de embasbacado e arregalado olhar que terminaria num coçar de nuca imbecil, de quem não conseguira apreender a sua sagacidade, a sua capacidade de raciocinio, e o brilhantismo da sua exposição, só ao nível dos eleitos, de semi-deuses, por manifesta estreiteza de vistas, leigos que éramos no que concerne aos altos estudos militares, onde as guerras eram traçadas com o rigor do esquadro e a precisão do compasso...

Noblesse oblige, saíramos lá do acanhado e bafiento tugúrio onde havíamos sido colocados no pós guerra, levando vestida a nossa roupinha melhor com a camisa verde e os calções regulamentares, divisas de bico p´ra baixo apostas, olhando-nos mutuamente a ver se parecíamos bem, o alferes ele também no seu melhor.
A barba aparada, os cabelos apresentáveis, lá fôramos, e valera a pena.

Evidentemente que ninguém gosta de pontapés no sítio onde as costas mudam de nome, uma vez bem tratados, fomos vivendo espreitando outra oportunidade que não surgia...

Assim, solicitei a um telegrafista, uma apitadela quando tivesse conhecimento da eminente chegada desses cabos de guerra, para, fazendo-nos de convidados, podermos beber aqueles conhecimentos (evidentemente que não enjeitávamos o Casal Garcia gelado da ordem, e hoje, visto a esta distância creio bem que era mesmo o leit motiv da nossa pretensão de secundar aquela visão do etéreo a que subíramos...)

O chefe, almadense de gema, vinha já dos tempos de Bissum, e sem pretender fazer qualquer analogia com o barbeiro do Porto que passou a cabeleireiro e hoje se auto intitula escultor capilar, nem mais, era o que poderíamos chamar de construtor de sabores...

Constava aqui e ali, da existência de uma relação assolapada entre este mestre cuca e o Teixeira, um lingrinhas educado na tutoria do Porto, e a saber mais que o Papa...

Mas voltemos às questões exclusivamente culinárias...

Um dia, soubemos via rádio da eminente visita de uns três de dragonas largas acompanhados de um alferes, guarda de campo de um deles, assim estão a ver a modos que um AB, (segundo a senhora Allen, pelo que li aqui no blog, que afirma ser usual ouvir-se então em Bissau a piada em que a monocular figura dizia para o ajudante de campo: - Bruno toma nota...)

Pois seriam quatro as visitas importantes à sede.
É o momento aprazado para nos fazermos convidados, sugeri ao alferes que de imediato concordou.

Vamos todos? Alvitrei...

- Não tem de ficar um, senão o Capitão zanga-se, dissera o Dias.

Tiradas as sortes, o azarado foi o Brito...

Nessa conformidade preparámo-nos eu, o Moura e o Dias para aparecer, de surpresa, pouco antes da hora de almoço que aí... ficávamos pela certa.

Entretanto, os soldados Valadas e Cardoso (Baião) saíram para a caça...

Davam cabo das estrias das G3 disparando cartuchos aos quais tiravam as balas e colocavam anilhas de chumbo (dos reordenamentos usadas para prender as chapas de zinco...).

Tinham um stock grande ainda do tempo de Cafine...

O chumbo espalhava-se e as hipóteses de abater umas rolas ou outras aves pequenas para além dum nhec ou leitão da tabanca, eram significativas.

Saíra entretanto o Unimog para trazer o almoço para o destacamento.

Tão depressa tinham saído pela tabanca como regressavam aos altos berros.
O Valadas lamentáva-se com a mão a tapar um dos olhos a dizer:

- Ai Jesus que estou cego, ai Jesus que estou cego!!!

O Cardoso, esse repetia:

- Fugiu-me a p...

Atirei-lhe quatro ou cinco tiros e fugiu-me a p... P... de merda!!! Fugiu-me a p... de merda!

Imediatamente o alferes disponibilizou o jeep que nos haveria de levar ao Dugal para nos abancarmos à mesa, por forma a levar o Valadas, o cabo enfermeiro que litarelmente não sabia o que fazer, e um condutor até ao Dugal para ser visto pelo Antunes, furriel enfermeiro.

Lá se foi o nosso almoço, Dias, lá se foi o nosso Xáu-Xáu, disse o Moura...

Ficáramos sem transporte que nos permitisse chegar a tempo, na qualidade de penetras na almoçarada do Dugal...

O Valadas que era de Aveiro e adepto do Beira-Mar, ficou à Belenenses, sendo obrigado a andar com uma camoneana pala no olho...

Durou quase um mês...

Grande pontaria da cobra que com uma cuspidela, prejudicou a vítima, Valadas, e os três cristãos entre os quais este vosso escriba, de aspirarem a uma almoçarada daquelas...

Nós perdemos de vez a hipótese de comer as iguarias do chef almadense pois pouco depois cairia em desgraça perante o capitão que recebeu a confirmação das suspeitas sendo informado que ele servia cerveja gelada ao Teixeira, tirada dos frigoríficos da messe numa altura em que uma das arcas da cantina estava avariada e como a outra era aberta muitas vezes não permitia refrescar as bebidas...

De castigo foi enviado para o meu destacamento.

Já não chegava ter uma cobra na tabanca, agora presentearam-nos com uma bicha, disse o Dias...

Um abraço ao Vinhal extensivo a toda a tabanca.
Manuel Maia
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4519: Estórias avulsas (34): Desertei depois de ter vindo da Guiné (Manuel Maia)

Vd. último poste da série de 14 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4524: Fauna & flora (24): Companhia indesejável no meu bura… ko morreu, sem apelo nem agravo, no Cachil (José Colaço)