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quinta-feira, 31 de março de 2016

Guiné 63/74 - P15918: Inquérito 'on line' (50): Nunca apanhei nenhum pifo de caixão à cova na tropa ou no TO da Guiné (Augusto Silva Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Augusto Silva Santos (ex-Fur Mil da CCAÇ 3306/BCAÇ 3833, Pelundo, Có e Jolmete, 1971/73), com data de 15 de Março de 2016, com o que será o último depoimento sobre os nossos pifos no TO da Guiné:

Olá Carlos Vinhal, bom dia!
Antes de mais espero que esteja tudo bem contigo e família.

No âmbito do inquérito "on line" que tem estado a decorrer sobre o assunto em epigrafe, recordo parte de um episódio que comigo ocorreu, e sobre o qual em tempos enviei para publicação, sendo que este foi mesmo o único "pifo" que apanhei em terras da Guiné.

O extracto abaixo faz parte do Post P10432 de 25-09-2012 / Estórias dos Fidalgos do Jol / 12 - A minha primeira noite no Jol:

..."Mas felizmente era apenas e só a minha preocupação de “pira” a funcionar, pois nada de anormal se passou, só que, ao contrário do que aconteceu com o “pira” do Juvenal, no meu caso era ver quem mais “álcool” me conseguia fazer beber e, obviamente, pagar.
Tanto quanto foi possível lá me fui aguentando, normalmente tentando disfarçar as grandes quantidades de whisky com coca-cola à mistura. Como sabia e “escorregava” bem, consegui manter-me durante um bom par de horas a ouvir alguns dos acontecimentos mais significativos dos últimos 12 meses (a eterna tentativa de “acagaçar” os recém chegados), e sinceramente não dei conta que já me encontrava muito perto dos limites.
Enquanto estive sentado, a coisa correu bem, o pior foi mesmo quando fiz mais do que uma tentativa para me levantar, e as pernas não me obedeciam. A minha intenção de evitar apanhar uma primeira bebedeira em terras da Guiné, definitivamente não tinha resultado. Estava mesmo embriagado e, só com alguma ajuda, lá me consegui pôr a caminho do meu abrigo. Pelo meio fui “apanhado” pelo Cabo da ronda que, “simpaticamente” me perguntou se precisava de ajuda, depois de me ver de joelhos e a vomitar. Bonito exemplo logo no primeiro dia, pensei eu…
Mas a “praxe” tinha sido cumprida e, no outro dia, era como se nada se tivesse passado. Nunca mais ninguém falou nisso, eu é que durante largos meses, nunca mais pude ver à minha frente aquela “maldita combinação” de whisky com coca-cola. Foi mesmo de arrasar"…

Se achares que tem interesse recordar, p.f. publica, fazendo as alterações que considerares oportunas.

Aproveito para juntar umas fotos tiradas em Jolmete, em Outubro / Novembro de 1972, que ilustram alguns momentos de "alegria". De salientar que o fim da comissão estava próximo.

Recebe um grande e forte abraço,
Augusto Silva Santos




Jolmete, Outubro e Novembro de 1972

Fotos: © Augusto Silva Santos
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Nota do editor

Último poste da série de 23 de março de 2016 Guiné 63/74 - P15892: Inquérito 'on line' (49): Pifos não eram comigo, só por duas vezes! (Manuel Joaquim, ex-Fur Mil da CCAÇ 1419)

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14996: Bibliografia de uma guerra (77): Do meu livro "Paz e Guerra - Memórias da Guiné", excerto para Luís Graça & Camaradas da Guiné (2) (António Melo Carvalho, Coronel Inf Ref)

1. Mensagem do nosso camarada António Melo de Carvalho, ex-Cap Inf, CMDT da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861 ( e Bissum-Naga, 1969/70), actualmente Coronel Inf na situação de Reforma, com data de 16 de Junho de 2015:

Caro camarada,
Na sequência da colaboração prometida, junto envio mais um excerto do livro que publiquei recentemente sobre a Guiné.

Um abraço
António Melo de Carvalho


Do livro Paz e Guerra - Memórias da Guiné

Excerto para Luís Graça & Camaradas da Guiné* (2)

António Melo de Carvalho

[ … ]
Na reacção às flagelações do IN, foi o 2.º GComb que mais se destacou. Por vezes em circunstâncias muito críticas, bem vivas ainda nas nossas memórias. Mais de quarenta anos depois, em Braga. O corpo do Peixoto, durante a comissão um dos melhores cabos do 2.º GComb, comandante de uma das Equipas da Secção do Fur. Barata, tinha acabado de descer à terra. Cumpriu-se nesse dia o pressentimento que me transmitiu pessoalmente, à despedida no final do último encontro anual em Mira, em 2010. Foi dos que nunca faltou a esses encontros.
- "Meu capitão, é a última vez…"  E acertou.
O recatado luto pelo nosso companheiro de guerra prolongou-se ao sabor de uma bica, num dos cafés na proximidade do cemitério. Partilhámos vivências várias. Umas ainda frescas e em primeira mão, outras repetidas, algumas já sumidas nos recônditos do consciente.

“…aquela em que o Barata saiu de calções e botas calçadas à pressa. Os primeiros cinquenta metros foram rápidos, mas depois tivemos que amochar, porque o fogo IN era muito intenso. Enquanto aguardava a cobertura do fogo de apoio ao nosso avanço, perpassou-me pela mente um “flash” de imagens dos contrastes da vida…”, dizia-me então o Magalhães, antigo comandante do 2.º GComb, “…uns mais pertinentes que outros. Pelos meus dez anos, a minha mãe fez-me a promessa de um bom chocolate se me portasse bem durante a próxima visita de uma pessoa amiga. Foi no início da década de 1950.

As reuniões familiares eram frequentes. Algumas vezes em casa dos meus pais, em Vilarinho das Paranheiras, concelho de Chaves, e noutras ocasiões em Casas Novas, freguesia de Redondelo, também do concelho de Chaves. Pois essa pessoa era agora o chefe máximo dos homens que estavam naquele momento a fazer-nos mergulhar pela terra dentro, em busca de protecção contra o intenso tiroteio das suas armas ligeiras, pensava eu. A chicotada ainda nos feria e irritava os ouvidos, apesar dos milhares que já nos tinham passado por cima. Por sorte os regos da mancarra foram abertos paralelamente à frente Sul do aquartelamento, de onde vinha o fogo mais intenso…”.

A direcção desses valados tinha a ver com o declive do terreno. Apesar de ser muito suave, o agricultor balanta sabia que tinha de preservar a terra da erosão das águas lançadas em torrentes na época das chuvas. O saber acumulado de gerações dizia para não se afastarem muito da configuração que nós na escola designamos por curvas de nível. Quando foi planeada a implantação do quartel, não se terá chegado a este detalhe, tão importante naquele momento de reacção ao ataque. E então os regos pareciam ter sido feitos mesmo à medida, tanto em profundidade, como em largura. As abundantes chuvas daquela terra assim o exigiam. Se o declive não se aproximasse do zero, as pesadas chuvas tropicais fariam desaparecer a terra em poucos anos. Abençoado clima tropical que tanta água despejava no solo em tão pouco tempo, pensaria o Alf. Magalhães [foto actual à direita], enquanto sentia no corpo os salpicos da terra projectada pelo impacto dos tiros do IN.

“…Só nos terão detectado depois de termos progredido pelo menos duzentos metros. Por certo não esperavam este tipo de reacção. O agora líder do PAIGC, matutava eu, aquando dos meus dez anos, era o namorado da minha prima Maria Helena. As nossas mães eram irmãs. A família tinha uma grande consideração por ele e tinham medo que não me portasse à altura. Mas quando o encarei, não resisti ao medo que o seu rosto me infundiu. Fugi apavorado. Nunca tinha estado tão perto de um africano. Ainda para mais com um tom de pele tão escuro. Lá me conseguiram acalmar. Apesar de o não merecer, deram-me a oportunidade de saborear o meu doce preferido. A pouco e pouco, o contacto com esse senhor acabou por se intensificar. Por incrível que pareça, com o passar do tempo, comecei até a apreciar as visitas do namorado da minha prima, integrando-me assim no ambiente de grande simpatia e cordialidade com que o engº Amílcar Cabral era recebido por toda a família. Acabei por me tornar no seu principal fã. E a guerra não apagou esses laços com a família. Há registos que o comprovam. Nos princípios de Fevereiro de 1970, estava então a meio da comissão na Guiné, meu pai recebeu uma carta de condolências de Amílcar Cabral, com o carimbo dos correios de Paris e sem remetente, pouco depois da morte da minha mãe. Era tia e madrinha da mulher de Amílcar Cabral. Tenho pena de não ter comigo essa carta, hoje nas mãos de uma pessoa de família, porque ainda não se apagou da minha memória a confiança e admiração que aquela figura inspirava”.
[ … ]
____________

Nota do editor

(*) Poste anterior de 29 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14808: Bibliografia de uma guerra (73): Do meu livro "Paz e Guerra - Memórias da Guiné", excerto para Luís Graça & Camaradas da Guiné (1) (António Melo Carvalho, Coronel Inf Ref)

sábado, 4 de julho de 2015

Guiné 63/74 - P14834: Tabanca Grande (468): José Jorge de Melo, ex-Alf Mil da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876 (Có, Jolmete, Ponate, Bula e Minar, 1966/67)

1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo José Jorge de Melo, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, Có, Jolmete, Ponate, Bula e Binar, 1966/67, com data de 22 de Junho de 2015:

Caro camarada de armas,
Há cerca de um ano, o Armando Teixeira falou-me no seu “blog” e tentou entusiasmar-me para que eu viesse a participar no mesmo. Porém, os meus afazeres diários fizeram-me esquecer o assunto. Ontem ele enviou-me três textos que foram publicados no seu “blog” que tiveram o condão de me entusiasmar a fazer esta minha apresentação.


Respeitando as regras:

1 – Envio de uma foto antiga



2 . Envio de uma foto actual



3 - Texto de apresentação

Posto: alferes miliciano
Especialidade: atirador de infantaria
Unidades e locais:
Recruta em Tavira (aproximadamente 3 meses);
Especialidade em Mafra (aproximadamente 3 meses);
RI 18 nos Arrifes, Ponta Delgada, São Miguel, Açores (10 meses);
mobilizado para a Guiné pelo Regimento de Abrantes; Santa Margarida (1 mês);
Guiné-Bissau (21 meses), locais de permanência: Ponate, Có, Bula, Binar e ... “já consigo dizer que” fui condecorado com uma Cruz de Guerra de 3.ª classe. A seu tempo esclarecerei a razão porque escrevo “já consigo dizer que”

Onde vivo: Parede, concelho e distrito de Cascais;

Outros assuntos:

Esclarecimento do “já consigo dizer que...”

Quando terminei as ações de desmobilização em Novembro de 1967, decidi regressar a São Miguel, minha terra natal, para descansar, esquecer a guerra, e levei comigo um Manual de Geometria Descritiva, para ir lendo quando me apetecesse, porque tencionava regressar a Lisboa para me licenciar em Engenharia, no Instituto Superior Técnico (IST).

Regressei a Lisboa a 4 de Janeiro de 1968 e comecei os estudos imediatamente. Não tinha família em Portugal continental e convivia com um grupo de estudantes, seis anos mais novos do que eu, que frequentavam diversas universidades em Lisboa.

A minha educação era altamente religiosa e o meu pensamento estava imbuído de conceitos de disciplina, obediência, contenção e paz. Porém fui-me apercebendo, tanto no IST como nas outras faculdades, da existência de um forte movimento de contestação contra o governo de Salazar a que não pude ficar alheio. As reuniões de estudantes na Associação Académica que eu não deixava escapar e as discussões pela noite dentro sobre política, foram modificando a minha maneira de pensar. Mas... foram as discussões religiosas que mais me abalaram. Discutiram-se todas as provas da existência de Deus e foi-me mil vezes demonstrado a não existência de um Deus, sobretudo devido às enormes insistências de meu irmão Carlos, que frequentava Filosofia e me impingia os tratados de fenomenologia.

Posso dizer que quase fui obrigado a ler o Capital de Karl Max, A Vida e Morte de Che Guevara; e os mais marcantes, não sei precisar as datas em que os li, foram “Crimes de Guerra no Vietnam”, “Porque não sou Cristão”, “A minha concepção do Mundo” de Bertrand Russell, bem como “ O Macaco Nu” e ” O Zoo Humano” de Desmond Morris.

Depressa chegaram a Lisboa as notícias sobre a Revolta estudantil do Quartier Latin iniciada a 10 de Maio de 1968. Estavam refugiados em Paris muitos jovens açorianos e portugueses, que tinham fugido para França, para escapar a serem incorporados no exército português e arrastados para a Guerra colonial. E mandavam jornais livros, propaganda em favor do comunismo e do existencialismo. Recomendavam a leitura de Simone de Beauvoir e de Jean Paul Sartre e de facto senti uma certa revolta ao ler “A Idade da Razão” que foi um livro muito discutido.

A 27 de Setembro de 1968, a tomada de posse de Chefe do Governo de Portugal por Marcelo Caetano foi uma lufada de esperança que desapareceu rapidamente, por se tornar evidente desde muito cedo, que ele seguia os passos do seu antecessor. A guerra colonial era para continuar e os mandantes e influentes na condução do país continuavam a ser os mesmos.

Encurtando razões tornei-me ateu e contestatário político e em Janeiro de 1969 assinei o documento “Liberdade e Coerência Cívica” uma Candidatura Independente às eleições para Deputados em 1969.
"Declaração de Ponta Delgada" que está inserido nos arquivos do “Pensamento de Melo Antunes”.

Embora a minha mudança de pensamento politico me tenha agitado, o tornar-me ateu deixou-me vazio, por perder o ideal da perfeição mística. Senti uma premente necessidade de substituir esse ideal perdido por um outro, um outro de minha escolha, que me animasse, me guiasse na continuação da minha existência. Não escolhi a política, não escolhi a humanidade. A minha escolha recaiu sobre a beleza, a arte, a música, a liberdade, isto é, tudo aquilo que me proporciona prazer.

No primeiro trimestre de 1968 recebi o primeiro convite para receber a condecoração que me havia sido atribuída e declinei o convite. Estava abalada a minha estrutura mental nos campos religioso e politico. Deixei de falar sobre a minha vida militar, melhor dizer que procurei ocultar esse meu tempo de vida. Heróis eram os que tinham fugido para França e não pactuaram com um regime opressivo, os que estavam proibidos de regressar a Portugal por serem refractários e iam mandando notícias sobre as novas ideias e o progresso da humanidade.

No ano seguinte recebi novamente o convite para ir a Tomar receber a minha condecoração e, desta vez, pagavam as passagens de avião para os meus pais se deslocarem de Ponta Delgada a Tomar, a fim de assistirem à cerimónia. Meus pais nunca tinham saído de São Miguel, eu tinha casado, era estudante universitário e o dinheiro não abundava. Não podia perder a oportunidade de oferecer aos meus pais uma viagem a Lisboa que os deslumbrou. Sem dizer nada aos meus amigos universitários, aceitei o convite, e fui a Tomar, sentindo que estava a cometer uma ação incongruente para com o meu novo pensamento, pactuando com o regime.

Recusei os vários convites que recebi para me associar à Liga dos Combatentes e durante quarenta anos tentei ignorar e esquecer a minha vida militar. Nos dias de hoje já consigo dizer que fui combatente na Guiné Bissau.

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Memórias do serviço militar obrigatório

O Armando Teixeira teve e tem o mérito de há dez anos dedicar uma parte da sua vida a descobrir o paradeiro de cada um dos militares do nosso pelotão, com o intuito de promover um almoço anual e que este ano vai ter a décima repetição.
Nesses convívios, tendo eles conhecimento das minha aptidão para a escrita, recebi vários pedidos para que escrevesse as aventuras vividas na Guiné Bissau. Eu porém fui adiando o início desse trabalho e agora venho propor-me a ir escrevendo no seu blog algumas das peripécias por que passámos, se tanto me for permitido.

Quando cheguei a Santa Margarida espantei-me pela falta de disciplina e desorganização que reinava na Unidade, no Batalhão e na Companhia a que estava adstrito. Na minha Companhia, a 1498, o capitão ainda não se apresentara na Unidade, sendo o sargento ajudante, administrativo, que a governava a seu belo prazer. Este sargento ajudante nomeou-me “oficial de dia”, em tom de pessoa de patente superior à minha, aspirante miliciano. Acatei a ordem e resolvi não iniciar um litígio logo no primeiro dia, mas confesso que a sua atitude não me agradou. Perguntei-lhe, no entanto, o que esperava de mim, na qualidade de “oficial de dia”? Estava a ser nomeado “oficial de dia” da Unidade ou do Batalhão?
O homem esboçou um sorriso de troça e esclareceu que se tratava somente de obrigações para com a companhia 1498; e que se resumiam unicamente em acompanhar os soldados que já se tinham apresentado até ao refeitório e coordenar a refeição.

Tinha levado comigo uma série de livros para através da leitura poder matar os tempos mortos. Chegada a hora do almoço dirigi-me para a camarata da 1498 e verifiquei que os soldados, de moto próprio, seguiam para o refeitório sem me dar cavaco.
- Hei! Militares! Vamos formar!
- Formar?! Os outros oficiais não mandam formar!
- Eu mando! Quem não formar não entra no refeitório! E tu aí, como te chamas?
- Eu sou o Cascais.
- Vai ao refeitório avisar os que já lá estão que têm de vir para a forma.

O primeiro que terminou a refeição, levantou-se e preparava-se para abandonar o recinto:
- Hei! Espera que todos acabem!

Quando todos terminaram, mandei porem-se de pé e destroçarem.
Foi o primeiro choque entre mim e os soldados da 1498.

Vinham para a formatura, uns fardados, outros em pijama, de chinelas. Eu não quis ser muito duro. A única exigência era que formassem e esperassem a minha ordem para destroçarem.
O capitão, na altura ainda tenente, acabado de sair da academia militar, era progressista e resolveu aplicar técnicas democráticas para a divisão dos soldados em pelotões. Reuniu todos os soldados num grupo e colocou os aspirantes em fila bastante separados uns dos outros, e perguntou:
- Quem quiser ir para o aspirante Branco desloque-se para o pé dele.
E moveu-se uma leva de soldados. Quando terminou o movimento, veio a segunda pergunta:
- Quem quer ir para o aspirante Pinto?
Nova leva de soldados.
- Quem quer ir para o aspirante Melo?
Nem sequer um mostrou o desejo de integrar o meu pelotão.
- Quem quer ir para o aspirante Travassos?
Moveu-se uma grande leva de soldados.

Um grupo, de uma a duas dezenas de soldados, ficaram sem se ter candidatado a nenhum dos pelotões. Conversaram entre si e depois um deles levantou o dedo:
- Meu tenente! Ainda podemos escolher?
- Claro que podem!
- Queremos ficar com o aspirante Melo.

Eram naturais de terras do norte, Braga, Barcelos e arredores; e foram os melhores soldados do meu pelotão. Os restantes foram arrebanhados dos pelotões que tinham gente a mais.

Todos aqueles soldados pareciam estarem condenados à morte. Desejavam portar-se mal, por revolta, por contestação. Excediam-se no álcool, jogavam até tarde. Eu, embora sabendo que na Guiné iria correr riscos de perda da minha vida, não me sentia um condenado à morte, e pensava que a minha vida dependia da atitude dos meus soldados e da disciplina que eu conseguisse impor por forma a conseguir deles rápidas e prontas respostas contra os imprevistos da guerra. Assim, imediatamente após saber quem eram os meus soldados, furriéis e sargentos, passei a ocupar-lhes as manhãs com sessões de esclarecimento e motivação, exercícios físicos e revisão do estudo do armamento, prometendo-lhes que, se fossem disciplinados e cumprissem as regras, haveríamos de voltar todos com vida.

Na dúvida, acataram as minhas sugestões e, embora em toda a Unidade o meu pelotão fosse o único a preencher as manhãs daquela maneira, não tive da parte deles qualquer contestação, porém não me livrei da fama de ser militarista.
Na Guiné continuei a ser extremamente duro no respeitante à disciplina e na primeira semana castiguei um motorista por não ter verificado o nível do óleo da sua viatura.

Nasci na ilha de São Miguel onde permaneci até aos 21 anos. Não tinha grande experiência e vivência social. Sentia-me diminuído pelo facto do meu falar ser bastante diferente do falar continental, o que em muitas situações era motivo para troça. A minha puberdade fora extremamente tardia. Aos 15 anos tinha o tamanho de uma criança de doze anos e, como dizia o meu pai, somente aos 17 anos comecei a espigar. Embora fosse um ano mais velho do que todos os meus soldados, porque tive um ano de adiamento por estar matriculado na Universidade, a minha aparência era acriançada enquanto eles, alguns já casados, tinham aspecto de serem mais maduros. Esta diferença de aparência obrigou-me a manter uma maior distância para com eles e um maior rigor na imposição da minha autoridade.
Tive de me manter inflexível para compensar o que o peso, a carranca e o tamanho do corpo me diminuíam.
Fui duro muitas vezes injustamente e, quando eu passava, ouvia-os murmurar entre dentes: “Deus não dorme!”
Porém, por sorte, consegui cumprir a minha promessa porque, embora o meu pelotão tivesse sido castigado com bastantes feridos graves, nenhum dos meus homens faleceu e disso sento orgulho; e ainda hoje não me arrependo da dureza e distância que mantive naquela altura da minha vida, que psicologicamente me doeu, principalmente nos primeiros tempos, no quartel de Ponate, porque não tinha com quem desabafar. Enquanto eles conversavam entre si sobre as suas vidas e sobre as notícias que recebiam por carta dos familiares, eu sentia uma certa solidão e tinha de remoer sozinho, entre as quatro paredes do meu dormitório, os meus receios, os medos e as responsabilidades.

A disciplina que implementei, permitiu que me pudesse dar ao luxo de poder dormir até quinze minutos antes da hora marcada para uma saída; e ter o prazer de ver o meu pelotão devidamente formado, municiado e pronto para avançar enquanto outros sofriam para conseguirem estarem preparados mesmo contando com atrasos.

Dez anos depois, em 1978, desloquei-me em serviço a Macau, na sequência de negociações de um contrato de fornecimento de material de telecomunicações para aquele território. A última reunião, a decisiva, teve lugar no palácio do Governador, com a presença do mesmo. Estavam as negociações em marcha quando o Governador, numa atitude completamente fora do contexto me pergunta:
- Você não se lembra de mim?
- Sinceramente não tenho ideia de alguma vez me ter cruzado com V. Exa.
- Mas eu lembro-me perfeitamente de si! Não se lembra de uma operação que saiu de Binar em que veio uma companhia de intervenção de Bissau para se integrar com as vossas forças.
- Lembro-me perfeitamente.
- Eu era o comandante dessa companhia e fixei a sua fisionomia porque você foi o único que tinha o pelotão pronto para sair à hora que tinha sido determinada. Invejei o comportamento do seu pelotão.

Tratava-se de José Eduardo Martinho Garcia Leandro, promovido a coronel quando, em 1974, foi nomeado Governador de Macau.

José Jorge de Melo

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2. Comentário do editor:

Caro camarada de armas José de Melo
Bem-vindo ao Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Não vais estranhar o tratamento por tu, que torna mais próxima a comunicação entre camaradas que em comum têm o ter pisado o chão da Guiné naquela situação de guerra. Tentamos que a idade, o actual (ou antigo) posto militar, as habilitações académicas e profissão sejam o impedimento de proximidade entre quem partilha este espaço de memórias.

Muito obrigado por te decidires juntar à nossa tertúlia, onde poderás deixar escritas (e em imagem) as recordações dum tempo que jamais esqueceremos. Terás também de nos dizer porque foste agraciado com a Cruz de Guerra de 3.ª Classe. Independentemente das nossas convicções políticas de então, não temos que nos envergonhar, hoje, por termos participado na guerra de África, a esmagadora maioria de nós foi para lá por imposição, cumprindo a lei vigente.

Se reparares, há parte da tua mensagem que foi omitida. Aquela que dedicas à tua faceta de artista enquanto escritor e pintor. Foi de propósito, já que na nossa série "Os nossos seres saberes e lazeres" irás ter, em breve, o destaque que mereces.

Não consegui fazer da tua foto antiga uma tipo passe para encimar os teus futuros postes. Se tiveres por aí uma onde estejas fardado, por exemplo a do BI militar, manda para os nossos arquivos. Se quiseres que faça outra actual onde apareças mais de frente, manda também.

Depois desta tua tão bem elaborada apresentação, resta-me deixar aqui um abraço de boas vindas em nome da tertúlia e dos editores.
Estaremos sempre ao teu dispor

Pela tertúlia
Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de junho de 2015 > Guiné 63/74 - P14727: Tabanca Grande (467): José João Braga Domingos, ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4516/73 (Colibuia, Ilondé e Canquelifá, 1973/74), 691.º Grã-Tabanqueiro

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14808: Bibliografia de uma guerra (73): Do meu livro "Paz e Guerra - Memórias da Guiné", excerto para Luís Graça & Camaradas da Guiné (1) (António Melo Carvalho, Coronel Inf Ref)

1. Mensagem do nosso camarada António Melo de Carvalho(1), ex-Cap Inf, CMDT da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861 ( e Bissum-Naga, 1969/70), actualmente Coronel Inf na situação de Reforma, com data de 16 de Junho de 2015:

Caro camarada,
Na sequência da colaboração prometida, junto envio um primeiro excerto do livro(2) que publiquei recentemente sobre a Guiné.

Um abraço
Melo de Carvalho


Do livro Paz e Guerra - Memórias da Guiné

Excerto para Luís Graça & Camaradas da Guiné (1)

António Melo de Carvalho

Agora, a mata era menos cerrada. Permitia um campo de observação e tiro razoáveis, fora de hipótese há umas centenas de metros atrás. Era assim possível colocar sistematicamente a segurança imediata à frente da área que estava a ser capinada.
Desde que há uns dias tínhamos ajustado o dispositivo de segurança às novas condições da vegetação, andava com o pressentimento de que algo de novo poderia vir a acontecer, por parte do PAIGC.
A aparente falta de iniciativa dos guerrilheiros perante a nossa estrutura, não estava a condizer com a sua habitual e quase diária agressividade. À distância de mais de quatro décadas, penso que andaríamos a ser observados, com o objectivo de identificarem as nossas novas rotinas.
Todas as manhãs, como responsável pela segurança, definia com os comandantes de pelotão, os respectivos sectores a ocupar, antes do início dos trabalhos. Para isso percorria com eles, a corta mato, a frente onde cada um se instalaria.
Tinha então que palmilhar umas centenas de metros na área que iria ser capinada e na que o fora no dia ou dias anteriores. Nestas caminhadas de preparação do dispositivo, tínhamos que nos desviar dos destroços mais volumosos das árvores e arbustos cortados, e do emaranhado da arborização que ainda aguardava os golpes certeiros das catanas desse dia.

Naquela manhã de 13 de Abril de 1969, procedia aos últimos retoques na estrutura de segurança à capinação e obras da estrada, com o alferes Pires da CCaç. 2312.
O Pires era na ocasião, na ausência do seu capitão, o substituto do comandante de companhia, como oficial mais antigo. Olhos bem abertos, como sempre, em particular com a máxima atenção aos pontos onde colocávamos os pés. O Pires atrás de mim a seguir as minhas pegadas, sempre que possível. Tinha de ser garantida a ligação entre os grupos instalados. Cada grupo não podia ter dúvidas sobre o posicionamento do grupo à direita e à esquerda, e conhecer bem os respectivos sectores de tiro. Percorríamos naquele momento a corta mato, era a regra sagrada a cumprir, a área que delimitava o fim da capinação do dia anterior, da que ia ser iniciada nesse dia.
Súbito como um raio, trovão violentíssimo, saído das entranhas da terra. Ficamos esmagados e sem respiração. Só a poeira, a envolver-nos por completo, ainda em movimento, perturbava o silêncio absoluto que se seguiu.
Numa fracção de segundo a consciência desperta.
Tinha sido um tremendo rebentamento mesmo por debaixo dos nossos pés. Senti-me projectado em frente e a cair de bruços. A visão reduzida a zero com a enorme e espessa nuvem de poeira à nossa volta. Respiração sufocada pelo pó e cheiro acre dos gases da deflagração.

Apesar de meio cambaleante, levantei-me de imediato. Por instinto, movimentei as pernas para me certificar de que ainda lá estavam. Elas e os pés. Felizmente vi-as a mexer, obedecendo à minha vontade. E então lembrei-me que não vinha só. Olho para trás, à procura do Alf. Pires. Apesar da visão ainda meia turva, o quadro que se me deparava deixou-me atordoado. Na cratera da mina que esperava por nós, no intervalo da minha passada, deduzi depois, jazia uma figura de contornos imprecisos, imóvel e silenciosa, enrodilhada em poeira cinzenta. Se alguém mais nos estivesse a acompanhar naquele momento, ser-me-ia totalmente impossível identificar a quem pertencia aquele corpo. Mas estávamos só nós dois. Era o Alf. Pires. Um dos pés tinha desaparecido. O que restava da perna, a seguir ao joelho, era uma banana meia descascada. A brancura da tíbia e perónio furava entre as massas musculares, toscamente arregaçadas em escuras tiras, quais tentáculos de cefalópode depois de dominado pelo pescador. Quase cobriam o joelho. Por detrás de uma máscara de terra e pó tentava-se adivinhar um rosto. Não se distinguiam olhos, nariz ou boca. A farda, um farrapo esburacado. À primeira vista, não aparentava encobrir mais ferimentos graves. Por estranho que pareça, e para mim foi, não se via sangue naqueles instantes. Nem na perna nem no rosto, nem em qualquer outra parte do corpo. Estaria vivo, estaria já morto? Fiquei na dúvida, naquele momento. Enquanto há vida há esperança, pensaria eu. De facto havia. Um quase sopro de vida diz-me que o Pires ainda cá estava. E uma tentativa de sílabas. Quase uma palavra. E mais outra. Um fio de voz muito baixa e resignada. Daquela vida que pressenti em fase terminal, começava-se agora a perceber um ténue lamento,
Meu capitão vou morrer …, meu capitão vou morrer …,
Era o murmúrio sereno que lhe saía da boca.
[...]
Mas aqueles vinte e dois anos que, por ironia do destino, se completavam naquele dia 13 de Abril de 1969, não acabaram ali.
[...]
Assalta-me agora o consciente, a mais de quarenta anos de distância daquela manhã, a conversa recente com uma irmã do Pires. Vive em Lisboa. Foi localizada graças à internet e ao meu amigo Magalhães, antigo comandante do 2º GComb. Com ela tive oportunidade de conhecer algo mais do Pires do que os contactos esporádicos durante cerca de dois meses permitiram, no início da nossa comissão na Guiné. Cego das duas vistas, sem testículos, sem uma perna, foi evacuado do Hospital Militar de Bissau para o Hospital Militar da Estrela, em Lisboa, dois dias depois do rebentamento, por sinal no mesmo voo em que regressava a Lisboa o então Presidente do Conselho de Ministros, Professor Marcelo Caetano, após uma visita à Guiné. Ainda falou durante a primeira metade da viagem. Depois calou a boca para sempre.
Era o mais novo de quatro irmãos. Ficaram sem mãe quando o Pires tinha dois anos. Foi a irmã, Margarida Pires, que a partir daí passou a ser sua mãe. Enquanto falava comigo, os olhos fugiam-lhe com frequência para a fotografia em ponto grande, do irmão fardado de uniforme nº1. Enchia o “hall” de entrada da casa, em Lisboa. “O ingénuo entusiasmo com que o meu irmão foi para aquela guerra!…”, lembrava ela. Era todo força e desenvoltura física. Tinha feito o curso de rangers em Lamego. Passado o primeiro ano de comissão na Guiné, veio de férias. O irmão que tinha partido para a guerra não voltou. No final desses dias de descontracção, se pudesse não regressaria. Nunca o disse explicitamente. O rosto e os prolongados silêncios, não deixavam margem para dúvidas sobre o seu estado de espírito, recordava a irmã.
[...]
Em meados de Maio de 1969, chegou-nos a notícia do fim do Alferes Pires no Hospital Militar de Lisboa. Segundo o relatório médico, a causa imediata da morte teria sido uma pneumonia dupla.
[...]
Após este contacto directo com a crueza da guerra, durante muito tempo na minha cabeça:
-Porquê ele e não eu?
Até esse dia 13 de Abril de 1969, uns tiros de arma ligeira e uma ou outra roquetada ou morteirada, sem consequências graves. Agora era o contacto com a morte iminente. Na ocasião, recebi este acontecimento como um cartão de visita das mãos do PAIGC, dando-me as boas vindas àquele palco. As rotinas estavam identificadas. Hoje tenho a certeza que o alvo da mina não era o Pires.
Foi a primeira e uma das principais situações, em que a estrela da sorte me acompanhou naquela guerra.

Afinal também havia minas fora dos trilhos!
[...]
____________

Notas do editor

(1) - Vd. poste de 26 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14665: Tabanca Grande (464): António Melo de Carvalho, Coronel Inf na situação de Reforma, ex-Cap Inf, CMDT da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861 (Có e Bissum-Naga, 1969/70), Grã-Tabanqueiro 688

(2) - Paz e Guerra - Memórias da Guiné, por António Melo de Carvalho (http://www.memoriasdaguine.com)

Último poste da série de 30 de abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14548: Bibliografia de uma guerra (72): Do meu livro “O Corredor da Morte”, rebentamento de uma mina PMD 6 (Mário Vitorino Gaspar)

terça-feira, 26 de maio de 2015

Guiné 63/74 - P14665: Tabanca Grande (464): António Melo de Carvalho, Coronel Inf na situação de Reforma, ex-Cap Inf, CMDT da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861 (Có e Bissum-Naga, 1969/70), Grã-Tabanqueiro 688

1. Mensagem do nosso camarada e novo amigo tertuliano, António Melo de Carvalho, ex-Cap Inf, CMDT da CCAÇ 2465/BCAÇ 2861 ( e Bissum-Naga, 1969/70), actualmente Coronel Inf na situação de Reforma, com data de 21 de Maio de 2015:

Caros camaradas,
Sou um leitor assíduo do vosso blogue.
Julgo que chegou a hora de me juntar à vossa Tabanca Grande, que afinal também tem vindo a ser minha desde há anos.

- Nasci em Barcouço, em 18-8-1940.
- Frequentei o ensino primário em Barcouço e o liceal em Coimbra.
- Entrei para a Academia Militar em 1960.
- Sou coronel na situação de reforma.
- Cumpri 2 comissões no Ultramar. Uma na Guiné, em 1969/70, como comandante da Companhia de Caçadores 2465. Pertencia ao Batalhão de Caçadores 2861.
- Outra comissão em Moçambique, de Out 1973 a Abril 1975, no Serviço de Reconhecimento das Transmissões.
- A última unidade que comandei foi o Batalhão Infantaria Mecanizado, da Brigada Mista Independente (Santa Margarida).
- Depois de passar à situação de reforma, a meu pedido, desempenhei várias funções na empresa MCG durante 13 anos, no Carregado. A última foi a de Director Administrativo e Financeiro.

E agora digo mais duas palavras sobre a comissão da Guiné.
Estivemos em Có durante três meses, integrados na segurança à construção da nova estrada Bula - Teixeira Pinto. Depois, até final da comissão, a CCaç 2465 ficou como responsável pelo sector de Bissum – Naga. Era a área mais problemática do Batalhão, que tinha o comando em Bissorã.
A actividade operacional em Có e de modo particular em Bissum, até final do ano de 1969, foi muito dura.
Em 1970 diminuiu de intensidade. Então, o acento tónico da nossa actividade ficou inscrito em acções de paz, bem vivas ainda hoje na memória daqueles que então ainda continuavam a fazer a guerra. O apoio dado à população de Bissum, na formação escolar das crianças, no campo sanitário, habitacional e outros, a valorização escolar e profissional dos soldados da CCaç 2465, teimam em não deixar de afirmar-se, nas recordações desses dois anos, como o mais gratificante que fizemos na Guiné.
Apesar de largas dezenas de contactos com os guerrilheiros do PAIGC, regressámos todos.

Com um abraço
Melo de Carvalho

Vista aérea de Bula
Foto: © Carlos Ricardo.

 Estrada Bula-Có-Pelundo-Teixeira Pinto - Vd. Carta da Província da Guiné 1:500.000

Abril/Maio 1967 - Construção do quartel de Bissum-Naga. Como se pode ver, estas construções davam-nos cá uma qualidade de vida...
Foto e legenda: © Carlos Ricardo. 


2. Comentário do editor:

Caro camarada Melo Carvalho, bem-vindo à nossa caserna virtual de ex-combatentes da Guiné.
Uma vez que nos segues atentamente, não estranharás o nosso tratamento menos informal, por tu, que é uso na nossa tertúlia, independentemente da nossa idade, dos nossos postos antigos e/ou actuais, formação académica, profissão e outras circunstâncias que "lá fora" podem fazer diferença mas que entre camaradas são irrelevantes.

Saberás que este blogue é um repositório de memórias escritas e fotográficas dos momentos mais ou menos marcantes dos combatentes da Guiné. São relatos escritos na primeira pessoa e fotos, elas próprias também falantes.
No teu caso, poderás, se assim o entenderes, deixar um ou outro apontamento da tua passagem por Moçambique, esta última vivida nos tempos conturbados da passagem do testemunho da soberania nacional para aquele novo país independente e soberano.
Claro que o que mais nos interessa são apontamentos da História da CCAÇ 2465, da qual, além de ti, só temos na tertúlia o ex-Alf Mil Aníbal Magalhães que em tempos nos disse:

[...]
A nossa estadia na Guiné, no ambiente de guerra, foi difícil como deve calcular. Mas havia uma grande união entre todos, nos bons como nos maus momentos. 
É de realçar que fomos comandados superiormente pelo Capitão António Melo Carvalho a quem tudo devemos. Mas, como o Luís tem dito, todos temos uma história para contar. 
A minha (história) começou no início da década 1950, quando conheci Amílcar Cabral. Conheci como? Pois Maria Helena, primeira mulher de Amílcar era minha prima. As nossas mães eram irmãs. As reuniões familiares eram frequentes e algumas vezes em casa dos meus Pais. 
Tenho de Amílcar Cabral grandes recordações,uma grande simpatia, uma grande amizade. Toda a família o respeitava. Eu pessoalmente fiquei impressionado com aquela figura que apresentava uma grande confiança. 
Esta história como deve calcular teve muitos episódios sobretudo quando fui mobilizado para a Guiné. Estive na Guiné sem complexos e como afirmou Amílcar, a sua luta não era contra o povo português. A morte de Amílcar deixou-me triste, perdi um amigo e sua morte nada resolveu. 
[...]

Militam também na tertúlia: da CCS/BCAÇ 2861, o ex-Fur Mil Enf Armando Pires; da CCAÇ 2464/BCAÇ 2861: o ex-Fur Mil António Nobre, o ex-Sold Apont AP Alexandre Cardoso e o ex-Sold Radiotelegrafista (DFA) José Maria Claro.

Se ainda não leste e quiseres aceder às suas memórias, clica nos nomes na cor laranja.

Os editores ficam ao teu dispor para esclarecer qualquer dúvida que tenhas e desejam que te sintas bem entre nós porque é com o maior prazer que te recebemos. Poderás conhecer alguns de nós no nosso próximo Encontro de 2016, muito provavelmente a levar a efeito no dia 16 de Abril em Monte Real.

Aqui fica um abraço em nome da tertúlia e dos editores
Carlos Vinhal
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 Nota do editor

Último poste da série de 5 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14568: Tabanca Grande (463): Joviano Teixeira, grã-tabanqueiro nº 687... É natural de Tavira, e pertenceu à CCAÇ 4142 (Gampará, 1972/74)

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Guiné 63/74 - P14545: Bibliografia de uma guerra (71): E agora? O que é que vou fazer?, do livro "Guerra na Bolanha", de Francisco Henriques da Silva, Âncora Editora, Lisboa, Março de 2015

1. Mensagem do nosso camarada Francisco Henriques da Silva (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70; ex-embaixador na Guiné-Bissau nos anos de 1997 a 1999), com data de 18 de Abril de 2015:

Meus caros Luís Graça, Carlos Vinhal e todos os camaradas e amigos desta tertúlia,
Na sequência da minha anterior correspondência é com o maior prazer que vos envio mais um excerto da minha obra “Guerra na Bolanha - de estudante, a militar e diplomata” (Âncora Editora, Lisboa, Março de 2015).
Desta feita, reporto-me a um tema pouco abordado - o regresso de África e a correspondente reinserção na sociedade portuguesa de então, a que dediquei toda a 3.ª parte do livro e de que aqui fica apenas, digamos um pequeno “aperitivo”.
Trata-se, obviamente, de uma perspectiva muito pessoal. O que aqui refiro consta das páginas 228 a 230 da obra.
A foto fui-a buscar à Net e é apenas ilustrativa de um embarque ou desembarque de tropas no cais de Alcântara.
Permito-me relembrar que o lançamento oficial foi efectuado em 17 de Março em Oeiras, mas está prevista uma sessão de apresentação em Lisboa, na Sociedade Histórica da Independência de Portugal em 5 de Maio, pelas 18 horas, para a qual está todos convidados e de que oportunamente enviarei para estas mesmas páginas um lembrete.

Saudações amigas
Francisco Henriques da Silva
(ex-Alferes miliciano de infantaria da C.Caç. 2402 e ex-embaixador em Bissau 1997-1999)


E agora? O que é que vou fazer?

Finalmente livre da monotonia verde azeitona das fardas militares, olhei para o espelho e vi-me, tal como era: vinte e poucos anos, sem curso, sem emprego, sem namorada e, principalmente, sem saber como organizar a minha vida no imediato. Tinha de encontrar saídas e dar resposta à magna questão: que fazer? Tinha de encontrar solução para todos estes problemas, uns pequenos, outros grandes, mas que se inscreviam na pergunta soberana que pairava sempre no ar e que prevalecia sobre tudo o mais: que fazer?

Tinham-me roubado a minha juventude, preciosos anos de vida quando estava na sua plenitude, o curso que queria terminar, uma carreira profissional que queria encetar. Sentia um vazio muito grande, mas não desesperei, não havia lugar para choro, nem ranger de dentes. Não podia verter lágrimas sobre o azeite derramado, nem à boa maneira lusitana culpabilizar a situação, as circunstâncias, o Outro ou os outros ou seja, lá quem for e o que for. Sim, porque, nos parâmetros da mentalidade tuga, no mau sentido da palavra, a culpa nunca era nossa. Tinha, pois, de reagir. Tinha de avançar. Tinha de ser eu a dar a resposta certa.

E assim o fiz, talvez com hesitações, desvios, opções duvidosas, caminhos ínvios, reflexões sem rumo definido, mas bem no íntimo sentia que podia seguir em frente e que tudo dependia de mim. Tinha de fazer. Tinha de assumir uma atitude pró-activa.

Em primeiro lugar, estava firmemente disposto a completar a universidade. Com a célebre “reforma Veiga Simão,” assim chamada em nome do Ministro da Educação da época (que em várias reencarnações acabou por servir diversos regimes políticos), o meu curso havia sido reestruturado e tinha ficado com cadeiras dispersas por todos os anos e nenhum completo ou próximo disso. Podia, agora, se quisesse, chegar a bacharel, ou seja, fazendo cadeiras por atacado, como aluno-militar. O bacharelato, na altura, constituía uma novidade, uma hipótese simpática que abria as portas a uma carreira no ensino, sobretudo para quem frequentasse cursos das faculdades de Letras e de Ciências. Era uma questão de tempo, de vontade e de algum sacrifício. Mas o meu grande objectivo final consistia em ingressar na carreira diplomática, um sonho que acalentava desde miúdo. Todavia, tratava-se de um alvo de difícil alcance e demoraria anos a lá chegar. Antes do mais, teria de completar o curso e de me sujeitar a um concurso de entrada no MNE, que não era propriamente “canja”, diziam. Mas retomando o fio à meada, que diabo, já estava nos vinte e tais, não podia viver das magras economias feitas, cujas limitações eram conhecidas, nem das sopas paternas ou, melhor, maternas. Tinha de fazer alguma coisa e, como atrás, referia aproveitar o estatuto de aluno-militar que me permitia dar saltos de canguru na faculdade.

Em segundo lugar, queria encontrar um emprego, em tempo inteiro ou em “part time”, para me poder sustentar, para as minhas fantasias e, enfim, para poder juntar os tostões com que se compram os melões. Esta era uma segunda prioridade, mas que se situava quase ao nível da primeira, pois não podia andar à boa vida.

Em terceiro lugar, depois dos namoros, pseudo-namoros, ou meros “flirts” tinha de arranjar, de algum modo, uma companhia feminina certa e não andar de candeia acesa à procura da bela adormecida no bosque ou feito lobo predador a emboscar a menina do capuchinho vermelho e todas as demais, na perspectiva de que tudo o que vem à rede é peixe, como alegadamente fazia ou, pelo menos, alardeava a maioria dos jovens machos lusitanos. A sexualidade tinha de ter os seus escapes, mas eu procurava sobretudo a estabilidade - apesar dos devaneios, sentia que era monógamo por natureza.

Em quarto lugar, tinha de descansar, viajar, passear, recarregar baterias, reavivar velhas amizades, satisfazer alguns sonhos do passado até aqui incumpridos. Em suma, viver e sentir que estava vivo, bem vivo e com vontade de pontapear. Havia uma certa urgência nisto, na medida em que, apesar de jovem, o tempo ia passando e, como rezava uma velha canção da época, não voltava para trás, apesar de querermos à viva força mudar-lhe o rumo.

Finalmente, via-me coagido a esquecer o passado próximo, as memórias que o tempo afinal não apaga e ultrapassar, se é que os tinha, alguns traumas de guerra. Porém as imagens não me abandonavam, via claramente e numa base diária, as tabancas, a mata, as bolanhas, as fardas, os corpos semi-nús dos soldados, as armas; ouvia distintamente os rebentamentos dos morteiros e dos “rockets”, o matraquear das costureirinhas, o guinchar dos macacos, o grasnar de certas aves tropicais, as falas de fulas, mandingas e balantas; sentia os cheiros fétidos de algumas bolanhas, o odor das plantas estranhas que a humidade fazia sobressair, a comida do “rancho” – ou do que pomposamente se chamava messe - pouco variada e insípida, o cheiro do capim e do mato queimado na estação seca; na boca, sentia o uísque que se bebia ao fim do dia, ou a cerveja morna; o gosto da manga verde roída devagar atrás do poilão, a enjoativa ração de combate e por aí fora. Enfim, imagens, sons, aromas e paladares que não me abandonavam, mas, planando por cima de tudo, aquela impressão durável, mas indefinível, quando se pressentia que íamos entrar em combate dentro de instantes: o nó na garganta, o gosto esquisito na boca, os suores quentes e frios, as borboletas no estômago. Como esquecer, então, se ainda hoje me lembro como se fosse ontem?

Cais da Rocha Conde de Óbidos - Lisboa
Foto: © Fernando Chapouto (2006). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor

Vd. poste anterior de 28 de Abril de 2015 > Guiné 63/74 - P14536: Bibliografia de uma guerra (70): A Mina, do livro "Guerra na Bolanha", de Francisco Henriques da Silva, Âncora Editora, Lisboa, Março de 2015

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13936. Facebook...ando (36): Joaquim Vidigueira Ferreira, natural de Santarém, técnico oficial de contas (TOC), ex-fur mil, CCAÇ 1498 / BCAÇ 1876 (Có, Jolmete, Bula, Binar, Ponate e Bissau, 1966/67)


Crachá da CCAÇ 1498 (1966/67), cuja divisa poético-épica é:  "Chorou-vos toda a terra que pisastes"


O fur mil Joaquim Vidigueira Ferreira, natural de Santarém


O fur mil Vidigueira Ferreira em Ponate, mais um topónimo do nosso calvário... Foto sem data...


Memorial aos mortos da CCAÇ 1498.. Presume-se que tenha sido erigido em Có.


O bolo do último convívio de "Os Vagabundos", em 28/6/2014


O nosso camarada e o seu neto mais novo, em dia de aniversário (71)

Fotos: © Ricardo Vidigueira Ferreira (2014). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


1. Camaradas, é bonito, toca-nos fundo, sensibiliza-nos, emociona-nos, ver filhos (e netos, e cada vez mais filhas e netas!), a preservar e divulgar as memórias do pai (ou avô) que passou (e penou) pelo TO da Guiné, no século passado, numa guerra de que já ninguém fala (ou não sabe ou não quer falar), nos idos anos de 1963/74... A guerra colonial na Guiné...

Na nossa página do Facebook, a da Tabanca Grande, fomos encontrar fotos e notas do Ricardo Vidigueira Ferreira, que vive em Santarém (ou é de Santarém), relativamente a seu pai, que foi nosso camarada na Guiné, o Joaquim Vidigueira Ferreira, ex-fur mil,  natural de Santarém, e que pertenceu à CCAÇ 1498 (Có, Binar e Bissau, 1966/67).(*)

"Hoje em dia, mesmo com alguns problemas de saúde continua a exercer a actividade de TOC [, Técnico Oficial de Contas], em Santarém"...

Temos um grã-tabanqueiro, o Armando Teixeira da Silva, que pertenceu à  CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, que esteve em Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate (1966/67). A companhia fez em 28 de junho passado o seu convívio anual.

Ainda há dias alguém protestava porque, no nosso blogue,  não se falava de Có!


2. Desejamos ao nosso camarada Joaquim Vidigueira Ferreira boa sorte e boa saúde. Parabéns ao filho Ricardo, que vive na Amadora, e  de quem de resto já tínhamos publicado um poste, em 5 de dezembro de 2013 (*). E felicidades para o neto, mais novo,  que aparece aqui, numa foto, com o avô a celebrar os seus 71 anos, feitos este ano.

 E fica aqui o nosso convite para o Joaquim integrar este blogue, o blogue  Luís Graça & Camaradas da Guiné (que não se confunde com a página do Facebook). Já temos as duas fotos da praxe, falta apenas um pedido formal do Joaquim  para se sentar debaixo do poilão da nossa Tabanca Grande. Se o pedido for feito hoje, ele  passará a ser o grã-tabanqueiro nº 674.
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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13916: Perfil da CCAÇ 1498 / BCAÇ 1876 - "Os Vagabundos" (Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador)

1. Mensagem do nosso camarada e novo tertuliano Armando Teixeira da Silva, ex-Soldado Atirador da CCAÇ 1498/BCAÇ 1876, que esteve em Có, Jolmete, Bula, Binar e Ponate, com data de 8 de Novembro de 2014:

Camarada Carlos Vinhal:
Dando sequência à minha primeira iniciativa - após a qual decorreu uma eternidade – penso na frase que me dirigiste: “sê bem-vindo a esta Tertúlia de ex-combatentes”.
Foi simpática a maneira de receberes o “periquito”. Agradeço essa tua generosidade. Sinto pouco à vontade a tratar-te por tu. Mas, como é timbre do blogue e como, tão bem, recomendaste… assim seja!
 “Muitos não seremos de mais para relatar as memórias e deixar testemunhos fotográficos da guerra da Guiné”. – Tentarei fazer deste teu lema a minha divisa.
Assim:
Começo por fazer a apresentação - à laia de “Bilhete de Identidade” - do perfil da COMPANHIA DE CAÇADORES 1498 – “Os Vagabundos”.

Para ti e para toda a Tertúlia
Um forte abraço
A. Teixeira da Silva


 COMPANHIA DE CAÇADORES 1498 – “Os Vagabundos”


 A CCAÇ 1498 é uma Sub-Unidade do BCAÇ 1876 pertencente ao RI 2 - Regimento de Infantaria n.º 2 de Abrantes.

Embora abrantina foi em Santa Margarida que fez a IAO (Instrução de Aperfeiçoamento Operacional) com vista à Guerra Colonial.

- Embarcou no dia 20/JAN/66, com destino à Guiné, na Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, no navio motor Uíge, o qual lançou âncora, nas águas do Geba, cinco dias depois.

- Desembarcou às primeiras horas do dia seguinte e, sem ver Bissau - acontecimento invulgar com tropas recém-chegadas - partiu para o mato sob escolta fortemente armada;

Em João Landim, na margem esquerda do Rio Mansoa, sofre a primeira decepção. Viu-se fraccionada em três grupos autónomos, em cumprimento da missão que lhe haviam destinado. Cambou o rio, numa geringonça ladeada por bóias de bidões de gasolina vazios, ao encontro de veteranos a caminho da peluda. Deles adquire armamento - G3 e munições - num ritual enfadonho, sob a inclemência de sol escaldante, ao ritmo pachorrento de dois escreventes, que as desarriscavam e arrolavam numa e noutra lauda;

Disseram-lhe que ali era a fronteira da guerra. Com armas apontadas a um inimigo imaginário, chegou aos locais que a esperavam. Có (onde assentou comando e secretaria), Jolmete e Ponate.

Afastada do seu Batalhão de origem, subordina-se ao BCAV 790, sediado em BULA, de que é comandante Henrique Calado, Tenente-Coronel de Cavalaria;

Em 02/FEV/66 - com 8 dias apenas - é baptizada pelo IN, na mata de JOL, ao participar numa Operação com o seu Grupo de Ponate;

Em 01/FEV/67 - com 12 meses de comissão - reagrupou-se em BINAR, ficando, então, dependente do seu Batalhão de origem (BCAÇ 1876) entretanto chegado a BULA para render o BCAV 790, cuja comissão havia terminado;

Em 19/SET/67 - com 20 meses de mato - chega o momento de conhecer Bissau. Despede-se de BINAR entregando a missão à CART 1647;

Volta a cambar o Mansoa. Aquartela-se no QG, em Santa Luzia (vulgo seiscentos) aguarda o Uíge e regressa à Metrópole;

Em10/NOV/67 desembarca em Alcântara com a missão cumprida.


CONTACTOS COM INIMIGO
- 48 Em Golpes de Mão, Emboscadas ou Flagelações;
- 10 Ataques ao Quartel;
- 03 Minas anti-carro;
- 01 Mina anti-pessoal;


MORTOS E FERIDOS EM COMBATE 
- 06 Mortos;
- 21 Feridos;


PUNIÇÕES - 11 
- Três com 5 dias de prisão disciplinar
- Um com 8 dias -
- Cinco com 10 dias -
- Um com 15 dias
- Um com 20 dias.


LOUVORES E CONDECORAÇÕES 
- 38 Louvores
- 08 Condecorações
- 03 Cruzes de Guerra


CITAÇÃO HONROSA

“Este comando (CTIG) felicita a CCAÇ 1498 pela valentia de que deu provas nas operações “Buldogue” e “Balear”. 
- Ao fim de 18 meses consecutivos no mato, parte dos quais num aquartelamento sujeito a numerosos e fortes ataques do IN, a sua recuperação moral e física mostram bem quanto vale a força de vontade quando com elevado espírito patriótico se sabe querer".


LOUVOR COMANDO TERRITORIAL INDEPENDENTE DA GUINÉ 

LOUVOR
- Louvo a C. Caçadores 1498/RI 2, porque sendo uma Companhia que passou toda a sua comissão no interior da Província, logo desde o início sofreu as contingências da guerra, a inclemência do clima e o choque das primeiras baixas provocadas pelo IN, entre as quais o seu Comandante de Companhia.
E ainda porque sendo uma Companhia considerada pelo Comando do Batalhão a que esteve de reforço, e com razão uma Sub-Unidade cansada, soube, uma vez regressada ao seu Batalhão orgânico e depois de reagrupados os seus Pelotões, ressurgir completamente e evidenciar-se pela sua vontade, energia, determinação e agressividade que vem patenteando no combate, caça e perseguição ao IN onde quer que ele se encontre. E tão extraordinário é o rejuvenescimento desta Companhia que, apesar de desfalcada de alguns dos seus elementos, quer por doença, quer devido à mudança de situação, com os que ficam, não hesita em lançar-se em operações mesmo em dias consecutivos como já aconteceu, sempre que detecta a presença do IN em qualquer zona do seu sector, dando-lhe caça, capturando alguns dos seus elementos, perseguindo-o, capturando material, etc., e estando sempre pronta a voltar à carga sempre que o IN se revele.
Pela sua actuação em combate e pelas consequências sofridas pelo IN, tem-se este encarniçado contra o seu Aquartelamento em ataques violentos, sem que, contudo, tenha feito esfriar o entusiasmo de todos os Oficiais, Sargentos e Praças da Companhia, antes porém parece contribuir para lhes estimular a determinação, a vontade e o querer, na luta enérgica e sem tréguas que sempre lhe move.
Destacam-se entre as muitas operações que realizou, as Op. «Banidor, Biqueirada, Buganvília, Bengala, Bravura, Buldogue, Balear, Brusca, Bonaparte, Bastidor e Balroa», que merecem referências especiais pelos resultados obtidos, quer em baixas causadas ao IN, na vontade e apego postos na luta, no material capturado e muito especialmente nos documentos capturados na Op. «Buldogue» que se revelaram de extraordinária importância para o CTIG.
Por tudo, e porque é uma Companhia com a qual se pode contar, sem contestação até ao último minuto da sua permanência na Província, pelo seu espírito de corpo fundamental numa tropa, pela coesão dos seus Oficiais, Sargentos e Praças que vibram em uníssono, se comportam com a mesma determinação, a mesma valentia, o mesmo querer, merece bem a C. Caç.1498 ser apontada e justamente considerada como uma esplêndida Sub-Unidade do Batalhão, que muito prestigia ao mesmo tempo que muito honra o Exército a que pertence e que luta intransigentemente pelos ideais da Pátria e integridade do solo Português em África.

BISSAU, 12 DE Outubro de 1967

O COMANDANTE MILITAR
Victor Novais Gonçalves Briga

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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Guiné 63/74 - P13858: Memórias de Mansabá (34): As amêndoas da Páscoa de 1969 (Francisco Henriques da Silva)

Vista aérea do quartel de Mansabá
Foto: © Carlos Vinhal


1. Mensagem do nosso camarada Francisco Henriques da Silva (ex-Alf Mil da CCAÇ 2402/BCAÇ 2851, , Mansabá e Olossato, 1968/70; ex-embaixador na Guiné-Bissau nos anos de 1997 a 1999), com data de 1 de Novembro de 2014:

Meu caros camaradas e amigos,
Por razões várias, tenho prestado uma colaboração muito irregular a este blogue (mea culpa!) que, aliás, leio sempre com interesse e debato os “posts” aí publicados com os meus amigos e ex-camaradas de armas Mário Beja Santos e Raul Albino.
Junto vos envio uma descrição de um grande ataque a Mansabá, em 3 de Abril de 1969, poucas semanas depois da minha companhia se ter instalado naquela localidade, para participar na protecção aos trabalhos da construção da estrada Mansabá-K3-Farim.
Não disponho de qualquer fotografia de Mansabá no meu arquivo e muito menos do ataque em questão.

 Com um abraço cordial e amigo
Francisco Henriques da Silva
Ex- alferes miliciano de infantaria, C. Caç. 2402 (Có, Mansabé e Olossato), 1968-1970
Ex- embaixador de Portugal em Bissau (1997-1999)


MEMÓRIAS DE MANSABÁ

34 - As amêndoas da Páscoa

A 3 de Abril de 1969, Quinta-feira Santa, pelas 11 da noite, dá-se o grande ataque ao quartel de Mansabá, em que o grupo de combatentes inimigos devia ser superior a 120 elementos, armado com canhões sem recuo, morteiros de 82mm, metralhadoras pesadas, para além do armamento ligeiro habitual (Kalashnikovs, “costureirinhas”, RPG-2 e RPG-7, morteiro de 60mm, etc).(1)

A intensidade de fogo nos primeiros minutos, para além do efeito surpresa, impediu toda e qualquer reacção da nossa parte. Os rebentamentos incessantes faziam-se ouvir por todo o lado e percebia-se que tinham atingido a maioria das instalações militares.

No que me respeita, tinha acabado de fechar a luz, depois de passar os olhos, como era meu hábito, por um livro qualquer, porque no dia seguinte era dia de trabalho (ou seja, de protecção aos trabalhos em curso na estrada Mansabá-Farim), quando começou o fogachal. Encontrava-me num edifício constituído por um renque de pequenos apartamentos térreos, no enfiamento da pista de aviação, portanto num local completamente aberto e exposto ao fogo do inimigo, que estava, na prática, a fazer tiro de pontaria ao casario com, pelo menos, um ou dois canhões sem recuo e duas metralhadoras pesadas, para já não falar dos lança-rockets e das armas ligeiras que disparavam ininterruptamente. A cadência de fogo era, pois, de uma enorme violência. As coisas complicavam-se. As balas sibilavam em várias direcções. Os rebentamentos persistiam. Agarrei na G-3 e nas cartucheiras, vesti apenas a camisa do camuflado. Creio que uma bala terá trespassado a rede de mosquiteiro da janela indo alojar-se na parede. As coisas estavam a ficar feias. De xanatos e, em cuecas, corri para o quarto de banho, uma pequena dependência, nas traseiras, com uma parede de separação. Preparei-me para o pior, porque a violência do tiroteio e das explosões não abrandava. No quarto propriamente dito eu estaria demasiado exposto e o fogo vinha precisamente do fundo da pista, mesmo em frente. As balas de uma “pesada” iam quebrando as telhas do meu quarto mesmo por cima da minha cabeça. Um rebentamento muito próximo – fiquei momentaneamente surdo - dava-me a entender que uma canhoada ou morteirada devia ter destruído um dos apartamentos vizinhos. Se acaso os guerrilheiros tentassem entrar nas instalações, eu dispunha pelo menos da G-3 e de 5 carregadores para me defender. Tive a nítida sensação de que podiam tentá-lo. Não se atreveriam a tanto, ficava para a próxima... Quem sabe?

 Quartel de Mansabá - 1-Quartos dos Oficiais; 2-Edifífo do Comando: 3-Messe dos Oficiais

Será que tive medo? Não, creio que não tive, ou seja, o medo emocionalmente paralisante e que inibe o raciocínio, a decisão e a acção, mas também não podia iludir o sentimento de espanto, bem como, a veemência inicial do ataque, que atingiu proporções inusitadas. Por outro lado, também não terei tido aquela sensação habitual da entrada em combate, aquele nó na garganta, a boca seca com um gosto amargo, aquela sensação indizível de que ia começar um jogo incerto, mas que de algum modo o podia controlar, pelo menos na parte que me tocava Aqui não, estava só, literalmente só. Valia apenas por mim. Era tudo.

Entretanto, o fogo inimigo abrandou, enquanto se encetava a resposta do nosso lado, tímida e lenta, primeiro na base de morteiro 81 e uns largos minutos depois com as peças de artilharia. O tempo de reacção da nossa parte foi demasiado arrastado, o que permitiu ao IN actuar com total à-vontade. Tendo o fogo do exterior abrandado, corri para um abrigo situado na extremidade da fiada de apartamentos. Ouvi uma mulher a chorar e também o que me parecia ser o choro de uma criança. Devia ser família de algum dos engenheiros civis. Passei em corrida. Trazer mulheres e crianças para a guerra!?! Francamente...

Bati à porta, energicamente e com alguma impaciência.

- Oh, minha senhora, saia daí. É melhor refugiar-se no abrigo. É mais seguro – gritei-lhe cá de fora, agachado junto a um pequeno muro de resguardo, que a bem dizer não protegia nada, porque choviam balas tracejantes por todos os lados que iam iluminando o céu estrelado.

Noutro apartamento ao lado, alguém acendeu uma luz. Crispado, já com os nervos à flor da pele, vociferei não sei muito bem para quem:

- Desligue lá essa m... imediatamente, senão ficamos aqui todos! Não vê que isso chama a atenção?

No final da fiada de casas, lá estava o abrigo. Entro e ponho logo os pés numa quantidade infinda de fezes humanas, os meus xanatos de quarto para nada serviram. Fiquei sujo quase até aos joelhos. Os nossos bravos soldados, jamais prevendo que pudessem ser alvo de um ataque, tinham transformado o abrigo em retrete colectiva!

Não estava ali viv’alma. Enfim, para que é serviam os abrigos? Boa pergunta. Uma metralhadora lá para o fundo da pista ainda estava activa. Disparei inutilmente três ou quatro tiros, naquela direcção, porém sem qualquer convicção. O certo é que não estava a fazer nada e, entretanto, o fogo tinha amainado consideravelmente, ouvindo-se apenas tiros isolados e uma ou outra rajada. Passei pelo quarto, vesti uns calções, corri então para a parada em direcção a um dos barracões onde estavam instalados os meus homens. De caminho, vi 3 ou 4 feridos, de outras unidades, um jazia numa poça de sangue a contorcer-se com dores, um outro coxeava e tinha um braço ensanguentado, mais longe perto do abrigo do morteiro 81 alguém jazia prostrado no solo, sem dar sinal de vida (Morto? Ferido? Sei lá...). Enfim, não parei. Havia gente a correr por todos os lados e ainda se respondia ao fogo.

Entro no barracão, onde estariam os meus homens e gente da minha companhia. Pergunto de chofre:
- Temos muitos mortos e feridos?

Não era um dos meus soldados, mas pertencia à C.Caç. Respondeu-me:
- Feridos há alguns, meu alferes. Mortos creio que não, mas nas outras companhias parece que morreu gente.

Os enfermeiros e maqueiros corriam de um lado para o outro. Alguns feridos pareciam necessitar de evacuação urgente, porque aparentavam ferimentos graves. Com grande parte dos edifícios atingidos (quase todos), foi um milagre não se terem verificado mais vítimas. Para tal bastaria uma canhoada em cheio numa das casernas. Procurei o nosso capitão. Estava de serviço, mas não o encontrei.

Num abrigo de pequenas dimensões, perto da messe de oficiais e da torre de transmissões, vi o comandante de batalhão, deitado numa cama a olhar para o tecto, com um ar inquieto.

- Há muitos feridos e mortos? – perguntou-me.
- Alguns, meu comandante, alguns, ainda não se sabe ao certo quantos.
- Então, têm de ser evacuados – concluiu
- A esta hora e nestas condições não creio que seja possível - repliquei.
- Você está todo enlameado – interrompeu ele, mudando de assunto e olhando para as minhas pernas.
- Não é bem lama, meu comandante. Como sabe, estamos na estação seca. É outra coisa. Com sua licença...

Dei meia volta. Creio que não se apercebeu, nem sequer pelo olfacto, do meu estado real de sujidade, nem, tão-pouco, das razões para tal.

Foto 1 > Mansabá > Alguns dos feridos esperando evacuação para Bissau

O capitão que encontrei um pouco mais tarde disse-me que o comandante de batalhão havia solicitado apoio aéreo, o que era uma asneira, pois a aviação já nada podia fazer àquela hora, uma vez que a “guerra” tinha, de facto, acabado, nem actuava em plena escuridão. Seguiu-se uma noite sem pregar olho a cuidar dos feridos, a contabilizar os homens, a verificar os estragos e à espera de ordens. A população civil da tabanca e os trabalhadores da obra tinham sido duramente atingidos, mais do que a própria tropa, e registavam-se vários mortos e feridos entre eles, para além de inúmeras moranças incendiadas.

Os comandos lá conferenciaram entre si e deram-me por missão, bem como a outros grupos de combate da minha companhia, de efectuar um reconhecimento, logo ao raiar do dia, pelos presumíveis locais de instalação do inimigo, designadamente pela pista de aviação e região circunvizinha. Verificámos dois ou três factos curiosos: antes do mais, era extremamente difícil, à primeira vista, determinar os ditos locais, uma vez que, contrariamente ao que era usual, não se viam invólucros pelo chão; em segundo lugar, os trilhos de aproximação tinham sido apagados com ramos de árvores, que nos impediam de determinar com algum grau de certeza os rodados das armas pesadas (muitas, como viemos a saber mais tarde, foram previamente desmontadas e transportadas a ombro por carregadores – técnica que era também utilizada, como se sabe, na guerra do Vietname) e as próprias pegadas do grupo inimigo; em terceiro lugar, as posições dos canhões sem recuo e dos lança-rockets só se conseguiam detectar pelas ervas queimadas ou pelos vestígios de pólvora no solo; finalmente, o terreno, vasculhado a pente fino, não estava minado, o que, felizmente, contrariava as nossas piores expectativas.

Na Sexta-feira Santa, pouco depois de terminado o nosso reconhecimento no terreno, desembarcado do helicóptero para se inteirar do que se havia passado e dar algum alento às tropas, lá estava o inefável “Caco” Baldé. Uma das alcunhas porque era conhecido, à época, António de Spínola, Governador e Comandante-Chefe da Guiné. Baldé é um nome comum entre as etnias fula e mandinga e “caco” pelo facto de usar monóculo. Mostrou-se insatisfeito com o comportamento do comandante de batalhão.

Foto 3 > Mansabá > Um dos edifícios atingidos
Fotos: © Raul Albino

Uns dias mais tarde, por ordem do “hómi garandi da Bissau”, é lançada uma grande operação de retaliação na mata do Morés com pára-quedistas que, para além de terem infligido algumas baixas ao inimigo e de capturarem numeroso material de guerra, descobriram um mapa com a localização exacta das instalações militares e civis de Mansabá, com as medições em passos aferidos da localização das diferentes construções existentes e com indicação precisa das actividades que ali se desenvolviam. Ora, aí estava uma das explicações para a constante fuga de capinadores e de trabalhadores que, aliás, continuavam a circular, como sempre, sem quaisquer restrições, dentro do quartel. As deficiências da nossa intelligence foram mais que notórias, sem falar, evidentemente, das patentes falhas da segurança, que carecem de adjectivação adicional e que, aliás, continuavam.

Depois disto, Spínola, incumbiu-nos de nova missão: o Olossato, do outro lado da mata do Morés, onde iríamos terminar a nossa comissão de serviço.
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Notas do editor:

(1) Vd. poste de 24 de Agosto de 2008 > Guiné 63/74 - P3146: História da CCAÇ 2402 (Raul Albino) (12): Ataque a Mansabá

Vd. último poste da série de 2 de Agosto de 2014 > Guiné 63/74 - P13457: Memórias de Mansabá (33): No dia em que morri (Carlos Vinhal, ex-Fur Mil Art MA)

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P13072: Em busca de... (242): José Santos Nogueira Augusto, ex-1.º Cabo Aux Enf da CCAÇ 2636, procura o seu camarada Eduardo Pires de Oliveira, ex-Soldado Radiotelegrafista, natural de Chaves

1. O nosso camarada, e meu companheiro no Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, José Santos Nogueira Augusto, ex-1.º Cabo Aux Enf.º da CCAÇ 2636, , Bafatá e Sare Bacar (1969/71), procura o seu camarada Eduardo Pires de Oliveira, ex-Soldado Radiotelegrafista, natural de Chaves.

Para ajudar a identificar os intervenientes, publicam-se algumas fotos.

 O 1.º Cabo Aux Enf.º José Santos NOGUEIRA Augusto

Nesta foto o Soldado TRMS Pires, à esquerda, e o Enfermeiro Nogueira, à direita

Porto, 25 de Abril de 2014 - José Santos NOGUEIRA Augusto

Qualquer pista pode e deve ser enviada para o endereço do camarada Nogueira: josesantosna@gmail.com
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Nota do editor

Último poste da série de 29 DE ABRIL DE 2014 > Guiné 63/74 - P13069: Em busca de... (241): Manuel Gonçalves da Conceição, ex-Soldado de TRMS do CMD AGR 2952/COMBIS (1969/70), procura os seus camaradas

sexta-feira, 28 de março de 2014

Guiné 63/74 - P12907: Convívios (574): XXVI Almoço Convívio do BCaç 2884 (Mais Alto), 26 de abril de 2014, em Rio Maior (José Firmino)


1. O nosso Camarada José Rodrigues Firmino (Ex. soldado atirador da Companhia de Caçadores 2585/BCAÇ 2884 Jolmete, Guiné-Bissau 1969/1971), solicitou-nos a seguinte divulgação da próxima festa da sua Unidade.

XXVI ALMOÇO CONVÍVIO do BCAÇ 2884 (Mais Alto)


O BCaç 2884 (MAIS ALTO) composto pelas seguintes companhias: CCaç 2584 - CÓ, CCaç 2585 - JOLMETE, CCaç 2586 e CCS - PELUNDO. 


Terá lugar no próximo dia 26 de abril do corrente ano em Rio Maior, com concentração marcada junto a Igreja Paroquial de Rio Maior, segue-se a apresentação os cumprimentos aqui e ali, umas fotos para mais tarde recordar. 

Por volta das 11h30 será celebrada missa, como vem sendo habitual, pelos camaradas já falecidos, terminada a cerimónia religiosa, segue-se o patrulhamento e reconhecimento pelas tropas destacadas para o efeito, em direção ao complexo turístico Gato Preto, Quinta das Acácias, Estrada Nacional, 2040-335 Rio Maior.

Segue-se as entradas como habitual regando aqui e ali com branco ou tinto, para aqueles que não o possam fazer, não faltará a água, sumos e muito mais, seguidamente será servido o almoço.  

Findo este, segue-se a animação musical por artistas locais, que irão abrilhantar o nosso convívio até à hora do lanche e partilha do bolo comemorativo.

Igreja Matriz de Rio Maior, local da concentração 

Lembrar que a data limite das inscrições termina no dia 20 de Abril do corrente ano, preço por pessoa é de 30 Morteiradas. 

Como habitual os camaradas do Norte terão transporte assegurado a partir de Braga, pelas 07,00 horas, junto ao antigo hipermercado Feira Nova, 07,30 horas em Famalicão, na central de Camionagem e pelas 08,00 horas, no Porto, à entrada do Metro do Estádio do Dragão. 

A organização a cargo dos camaradas MANUEL MARIA PASCOAL, e AMÉRICO ANTÓNIO PINTO DA COSTA, Telm. 919227959 que desejam a todos ex.camaradas e familiares boa viagem seguido de excelente regresso às suas origens com um até para o ano. 

Coordenadas GPS: 39.328945 (W) -8.929728 (N) 

JOSÉ FIRMINO
Sold Atir CCaç 2585/BCaç 2884
(RÉGUA)
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Nota de MR: