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sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Guiné 63/74 - P14979: Notas de leitura (745): Um dia diferente, da autoria do ex-Alf Mil Médico Aníbal Justiniano da CART 494, extraído do livro "Missão Guiné 63-65 Companhia de Artilharia 494”, escrito por Augusto Carias, Adelino Gomes e Aníbal Justiniano (Coutinho e Lima)

1. Mensagem do nosso camarada Alexandre Coutinho e Lima, Coronel de Art.ª Reformado (ex-Cap Art.ª, CMDT da CART 494, Gadamael, 1963/65; Adjunto da Repartição de Operações do COM-CHEFE das FA da Guiné entre 1968 e 1970 e ex-Major Art.ª, CMDT do COP 5, Guileje, 1972/73), com data de 30 de Julho de 2015:

Caro Amigo Carlos Vinhal
Junto envio, em anexo, um texto com o título "Um dia diferente" que, penso ter interesse para ser publicado no nosso blogue.

Um abraço
Coutinho e Lima


Um dia diferente*

Dia 29 de Fevereiro de 1964

Um dia que nada significa para muitos. Um dia igual a tantos outros. Mas para alguém este dia é diferente, não é igual aos outros. Para ele, o dia 29 de Fevereiro de 1964 representa muito, a vitória da sua honradez sobre a desonra daqueles que eram seus subordinados, o regresso à terra que julgava perdida, uma vitória do Exército Português sobre os que têm trazido o desassossego, a fome, as lágrimas aos que vivem na Guiné Portuguesa.

Esse homem é um régulo, um português daqueles de antes quebrar que torcer, um português de alma e coração, apesar da sua pele escura, provando que não há distinção de raças entre os que amam Portugal.
Abibo é o seu nome. Desde há longo tempo que Abibo é o Régulo da área de Gadamael, junto da fronteira sul da Guiné Portuguesa com a República da Guiné.
Abibo é Alferes de 2.ª linha, representando a justiça e a paz entre os habitantes da sua tabanca. Ganturé é uma tabanca de beafadas, raça de trabalhadores que se deixaram seduzir pelas palavras enganadoras dos terroristas.

De um lado e de outro da estrada da fronteira, alinham-se as moranças de adobe, à sombra das árvores, dando-nos a ideia de uma aldeia metropolitana. Apenas os telhados de colmo nos lembram que estamos em África. Noutros tempos, era uma tabanca feliz, onde a vida dos seus habitantes se fazia num ambiente de fartura e alegria, onde a riqueza das colheitas do arroz e dos citrinos lhes dava uma auréola de confiança no futuro.
Abibo representava para todos a certeza da paz e da justiça entre a gente do seu regulado. Abibo Inchassó era conhecido em todo o território desde o Forreá à Península de Cacine. E admirado até pelos habitantes de outros regulados.

Este homem, um dia, viu-se perseguido dentro da sua própria terra. Os aliciadores terroristas lentamente foram minando o seu povo, seduzindo-o com promessas.
Abibo tentava mostrar a verdade ao seu povo, pondo uma barreira àqueles que o afastavam do bom caminho. Um dia, pressentiu que a sua vida perigava. Sentiu-se perseguido, tendo de abandonar todos os seus haveres e a sua própria família e acolher-se entre os seus amigos, entre aqueles em quem tinha sempre confiado.

Os meses foram passando. E, por força das circunstâncias, não foi possível tentar a recuperação de Ganturé. A nossa atenção era necessária noutras regiões.
Abibo, apesar de confiar no exército da sua Pátria, começou a pensar que não voltaria à sua terra. Ali estava ele em Bedanda, sofrendo a ausência dos seus familiares, dos quais apenas sabia que se encontravam na República da Guiné.
Ele, que entre os seus era fidalgo, que vivera sempre na fartura, dando àqueles que necessitavam arroz ou cola para viver, via-se agora despojado de tudo, vivendo das esmolas dos seus amigos.

Mas um dia Abibo soube que na sua tabanca estavam instaladas tropas. Os terroristas tinham sido desalojados, graças ao esforço de um punhado de briosos soldados portugueses.
Estes mesmos soldados quiseram ser eles a entregar-lhe o que por direito lhe pertencia. Quiseram prestar assim homenagem a outro português que também lutava pelo mesmo ideal: a paz e a tranquilidade no território português.

Vista aérea de Ganturé
Com a devida vénia a Panoramio

E no dia 29 de Fevereiro de 1964 a azáfama era grande em Ganturé.
Sabia-se que Abibo chegaria nesse dia pela manhã. Todos queriam expressar-lhe a sua admiração.
Qual seria a reacção do Abibo ao voltar a pisar os velhos caminhos que conduziam a Ganturé?
Todos nós que estávamos presentes – pessoal de Infantaria, de Cavalaria, Milícia fula – pudemos ver as lágrimas sulcando naquele rosto curtido pelo sol da Guiné e pelas amarguras suportadas, um rosto leal de alguém que tem mantido indefectível fidelidade a Portugal.
Ganturé tinha um ar quase festivo, apesar de se verem os sinais de destruição, de vingança, de raiva surda contra quem não tinha curvado a cerviz, mantendo o seu amor pela Pátria, contra tudo e contra todos. De um lado e doutro se ouviam as palmas e gritos de acolhimento de todos aqueles que tinham de algum modo contribuído para o seu sonho. Mas algo fazia descer um véu de tristeza nos seus olhos leais!

Aqui, a casa de Abibo, soberba vivenda de estilo europeu, agora quase arrasada pela malvadez dos que dizem defender a liberdade e a paz na Guiné; ali, as casas da seus irmãos, um dos quais fora prisioneiro e mandado abater pelos terroristas.
Quantas saudades dos dias passados, em que a tranquilidade reinava naquelas terras, em que o trabalho era a lei que as regia!
Mas ali estavam os defensores do solo pátrio, aqueles militares que lhe mostravam que as promessas feitas pelos portugueses não são palavras vãs, dando-lhe as boas-vindas, recebendo-o da braços abertos, como um irmão recebe outro irmão.

Tudo se fundia. A alegria do regresso e a tristeza provocada pelas saudades dos seus familiares, para nascer um sentimento de que uma nova era ia começar na sua tabanca, numa promessa de um futuro que faria esquecer dias passados.
Ele via nos olhos daqueles que o abraçavam a vontade necessária para fazer ressurgir uma nova Ganturé, se possível mais linda, mais harmoniosa, mais garrida, que lhe dissesse que ali também é Portugal.

E, quando lhe entregaram a Bandeira Nacional, símbolo querido da Pátria, para que numa cerimónia singela, mas significativa, a içasse na sua tabanca, enquanto a Milícia fula lhe prestava a guarda de honra, Abibo deixou que as lágrimas corressem, lágrimas de alegria que não serão esquecidas por aqueles que as viram.

Era bem um dia diferente para ele e para aqueles que amam Portugal.

Aníbal Justiniano

(*) - Este texto foi escrito pelo então Alferes Miliciano Médico, Aníbal Justiniano, médico da CART 494 e está incluído no livro “Missão Guiné 63-65 Companhia de Artilharia 494”, escrito por Augusto Carias, Adelino Gomes e Aníbal Justiniano.
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Nota do editor

Último poste da série de 7 de agosto de 2015 > Guiné 63/74 - P14978: Notas de leitura (744): “Autópsia de um Mar de Ruínas”, de João de Melo (4) (Mário Beja Santos)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Guiné 63/74 - P13739: Efemérides (176): A primeira Operação da CART 494 foi em 11 de Outubto de 1963 (Coutinho e Lima)

1. Mensagem do nosso camarada Alexandre Coutinho e Lima, Coronel de Art.ª Reformado (ex-Cap Art.ª, CMDT da CART 494, Gadamael, 1963/65; Adjunto da Repartição de Operações do COM-CHEFE das FA da Guiné entre 1968 e 1970 e ex-Major Art.ª, CMDT do COP 5, Guileje, 1972/73), com data de 9 de Outubro de 2014:

Caro Amigo
Junto envio, em anexo, um pequeno artigo sobre o assunto em epígrafe.

Um abraço amigo
Coutinho e Lima


Primeira Operação da CART 494 – 11OUT63 

A primeira Operação da CART 494, em Ganjola (Norte de Catió, que tinha sido ocupada em 17SET63), a que foi dado o nome de “ ALVORADA”, realizou-se no dia 11 OUT 63.

Na véspera foi presa uma mulher de etnia balanta, que vagueava nas imediações do aquartelamento, com evidentes sinais de desequilíbrio mental. Interrogada, declarou que o IN se encontrava instalado na tabanca Ganjola Dabenche (mais conhecida por Ganjola Velha), a mais próxima do quartel.

Imediatamente foi planeada uma operação, cuja missão era desalojar o IN e incendiar a tabanca.
Às primeiras horas da manhã de 11OUT, iniciámos a aproximação ao objectivo, verificando-se que o IN se furtou ao contacto e, juntamente com a população, internou-se no mato.
Foram incendiadas cerca de 100 moranças e recolhidos vários documentos.

 Ganjola. Vd. Carta de Catió 1/50.000

Ao regressar ao quartel, fomos surpreendidos com um numeroso número de vacas (em número de 52), que levámos à nossa frente, o que foi particularmente difícil, porque houve necessidade de fazer passar as vacas, uma a uma, por uma pequena ponte sobre um braço de rio, enquanto que a bolanha à volta, estava totalmente alagada, por virtude da chuva. O que nos deu mais trabalho foi um grande touro reprodutor, que, seguramente, pesava mais de 500 quilos.

O esforço dispendido por todo o pessoal foi muito grande, não só com a recolha das vacas, mas porque as bolanhas que tivemos que atravessar, além de ser novidade, estavam completamente alagadas, sendo frequente verificar elementos enterrados até à cintura, tendo que ser ajudados para sair dessa situação.

Um ensinamento tirado foi a utilização das botas de borracha por alguns militares na operação, o que se verificou totalmente inadequado nas bolanhas.

Chegados ao quartel, improvisamos uma cerca de arame farpado, para evitar que as vacas fugissem. Com o imprevisto e agradável reabastecimento, passámos a abater uma rês por semana, o que melhorou de maneira muito significativa a nossa dieta alimentar: bifes com batata frita, carne assada no forno construído por nós, jardineira e cozido à portuguesa, quando recebíamos frescos de Catió.

O magarefe da Companhia, Soldado Atirador Armando Macedo Marques (o Sintra, por ser natural desta localidade), passou a trabalhar mais, para o bem comum.
Esta Operação, se tivesse recebido o nome, após a sua realização poderia ser denominada “Recolha imprevista de vacas”.

Possuidores desta manada, não mais tivemos problemas com a alimentação, permitindo-nos até dispensar algumas reses a Catió. A nossa grande desilusão foi termos que deixar o magnífico touro, que estava reservado para o Natal, que já foi passado em Gadamael.

Alexandre da Costa Coutinho e Lima
Coronel de Artª. Ref.
Ex-Comandante da CART 494 (63/65)
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Nota do editor

Último poste da série de 6 de Outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13701: Efemérides (175): O Curso Caldas Xavier da Academia Militar iniciou-se há 50 anos (António Martins de Matos)

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13617: O meu baptismo de fogo (27): Às 16H45 do dia 17 de Setembro de 1963, o IN atacou o que iria ser o futuro aquartelamento de Ganjola (Coutinho e Lima)

1. Mensagem do dia 12 de Setembro de 2014 do nosso camarada Alexandre Coutinho e Lima, Coronel na situação de Reforma (ex-Cap Art.ª, CMDT da CART 494, Gadamael, 1963/65; Adjunto da Repartição de Operações do COM-CHEFE das FA da Guiné, 1968/70 e ex-Major Art.ª, CMDT do COP 5, Guileje, 1972/73):


Baptismo de fogo da CART 494 - 17SET63

A CART 494, uma Companhia Independente, isto é, não integrada em nenhum Batalhão, desembarcou em Bissau em 22 de Julho de 1963.

O seu destino era Gadamael, mas porque ali não havia instalações (foi o que me disseram) e, porque o Batalhão com sede em Catió, vinha insistindo na necessidade de instalação de tropa em Ganjola, para permitir que a sua Companhia de Intervenção (CI) pudesse fazer operações na península do Tombali, onde o PAIGC estava instalado, foi atribuída de reforço temporário a este Batalhão.

Desta forma, a Companhia embarcou em Bissau, em 4 batelões da Casa Gouveia (um motor e os outros rebocados), em 15SET, com destino a Catió, onde chegou às 18 horas do dia 16SET. Fui então transportado de jeep, ao Comando do Batalhão, onde me foi comunicado que, no dia seguinte, 2 Grupos de Combate (GC) da CI, se deslocariam por terra, atravessariam o rio Ganjola e montariam a segurança para que, quando a CART 494 chegasse, nos batelões, pudesse desembarcar à vontade.

Na manhã de 17SET, quando a maré o permitiu, partimos de Catió para Ganjola; quando aqui chegamos (cerca da 11 horas), verificamos, que os GC da CI ainda não tinham feito a travessia do rio (Catió ficava a Sul do rio Ganjola e a posição a ocupar a Norte do mesmo rio), pelo que atracamos ao pequeno cais, sem estar montada qualquer espécie de segurança.

 Ganjola. Vd. Carta de Catió 1/50.000

Começamos a descarregar os batelões, enquanto era montada a segurança; o atraso verificado nesta era preocupante porque, seguramente, o Inimigo (IN), com muita probabilidade, tinha tido conhecimento da nossa chegada.

Uma das primeiras medidas foi montar a Metralhadora Breda e os Morteiros de 60mm, para permitir a reacção a qualquer acção do IN.

Às 16H45, o IN atacou o que iria ser o futuro aquartelamento, com grande intensidade de fogo, tendo-se aproximado a poucos metros do arame farpado (nas zonas onde já estava instalado), a coberto das bananeiras e de outras árvores de fruto, bem como do alto capim, que, obviamente, não houvera ainda tempo de cortar.
O ataque durou cerca de uma hora. O pessoal da Companhia, juntamente com os 2 GC da Companhia de Catió, reagiu ao fogo inimigo, tendo o IN retirado. Às 22H45, verificou-se novo ataque, igualmente com grande poder de fogo e foi novamente rechaçado.

No dia seguinte, foram encontrados 4 mortos do IN, deixados no meio do capim. Pelos rastos de sangue observados, o IN teve, certamente, mais baixas.
Foi capturado o seguinte material: 2 Espingardas Mauser, 1 carabina, 1 pistola metralhadora PPSH e 1 pistola de sinais; 1 cunhete de Metralhadora Ligeira Browning com 1 fita de munições completa e outras incompletas, bem como grande quantidade de granadas de mão. Durante os trabalhos de capinagem subsequentes, com o objectivo de abrir campos de tiro, foram encontradas dezenas de granadas de mão, que o IN tinha abandonado.
As Nossas Tropas (NT), com uma enorme dose de felicidade, não tiveram uma beliscadura sequer.

Duas conclusões se podem tirar do que aconteceu:
- A primeira, relativa à actuação do IN, que demonstrou grande ousadia e determinação, ao atacar, em pleno dia, as NT.
É de salientar que, só nos primeiros meses de 1973, isto é, quase 10 anos depois, o PAIGC voltou a atacar aquartelamentos das NT de dia: em Guidage (MAI/JUN 73), Guileje (MAR e MAI 73) e Gadamael (MAI/JUN 73); estas actuações foram associadas à utilização pelo IN de mísseis terra-ar STRELLA.

- A segunda conclusão diz respeito ao comportamento do pessoal da CI de Catió, cuja missão era a montagem da segurança, enquanto a CART 494 descarregava os barcos; é incompreensível e inaceitável a maneira, no mínimo desleixada, como executou a missão; de facto, uma segurança minimamente eficaz, teria detectado o avanço do grupo IN, não permitindo tão grande aproximação, o que poderia ter tido graves consequências para as NT, que, felizmente, não se verificaram.
Penso que a sua actuação, irresponsável, se pode enquadrar numa usual manifestação de pretensa superioridade da “tropa velhinha” (pessoal da Companhia de Catió), face à inexperiência dos “periquitos” (CART 494). Só assim é possível tentar um esforço de compreensão, ao concluir que o pessoal que, supostamente, deveria estar com a máxima atenção à segurança, se tenha “deitado à sombra da bananeira”, no verdadeiro sentido da expressão.

Foi este o inesperado “Baptismo de fogo da CART 494”, em pleno dia, em 17SET63, há 51 anos.

Alexandre da Costa Coutinho e Lima
Coronel de Artª: Reformado
Ex- Comandante da CART 494
Guiné 63/65
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Nota do editor

Último poste da série de 12 de Março de 2014 > Guiné 63/74 - P12829: O meu baptismo de fogo (26): Có - os primeiros contactos de fogo: um teste para os "piriquitos" (Francisco Henriques da Silva)

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Guiné 63/74 - P11970: Convívios (525): 50 anos depois da partida para o CTIG, os camaradas da CART 494 reencontraram-se em Viana do Castelo, a 21 de Julho de 2013 (Coutinho e Lima)







1. Texto enviado pelo nosso camarada Alexandre Coutinho e Lima, Coronel na situação de Reforma (ex-Cap Art.ª, CMDT da CART 494, Gadamael, 1963/65; Adjunto da Repartição de Operações do COM-CHEFE das FA da Guiné, 1968/70 e ex-Major Art.ª, CMDT do COP 5, Guileje, 1972/73), com data de 22 do corrente:

Convívio da CART 494, comemorativo dos 50 anos da partida para a Guiné

Conforme fora planeado, foi efectuado, em 21JUL13, o convívio comemorativo dos 50 anos da partida para a Guiné da CART 494.

- Às 10H30, no Castelo de Santiago da Barra, em Viana do Castelo, foi descerrada uma placa comemorativa da partida para a Guiné, em 16JUL63.

- Às 11H30 teve lugar uma missa, na Igreja Paroquial de Vila Fria, concelebrada pelos Padre Joaquim Soares (Padre do Batalhão de Caçadores 513- BCAC 513, ao qual pertencia a CART 494) e Padre Gaudêncio Gigante, Pároco da Freguesia de Vila Fria.

- Às 13H00 iniciou-se o almoço convívio, no Restaurante Camelo, em Santa Marta de Portuzelo.

Estiveram presentes cerca de 100 pessoas, incluindo os componentes da CART 494, seus familiares e amigos, bem como alguns convidados, dos quais se destacam:

- Coronel de Cavalaria, Castro Neves, que foi o Comandante (Tenente) do 1.º Pelotão de Reconhecimento Fox, que esteve de reforço à Companhia em Gadamael.

- Dr. Branquinho de Carvalho, que era o Médico do Batalhão e outros elementos do Comando do mesmo.

- Dr. Manuel Reis (era Alferes Miliciano, Comandante de Grupo de Combate da CCAV 8350 – Piratas de Guileje) e o Pinto Neves (especialista de Armas Pesadas da mesma Companhia).

- Pedro Silva, que foi o Comandante da CCAV 8352 (Caboxanque), Companhia que foi formada, tal como a CCAV 8350, no Regimento de Extremoz.

No final do almoço, na minha qualidade de Comandante da CART 494, proferi algumas palavras.
Comecei por pedir que fosse guardado um minuto de silêncio, em memória das 4 baixas da Companhia:

- Alferes Miliciano Manuel Tavares da Costa, morto em combate.

- Soldado Armando Barreiro de Amorim, que faleceu em consequência de ferimentos em combate.

- Soldado António, morto por afogamento, no rio, poucos dias depois de chegar a Gadamael.

- Caçador nativo Budi Jau, falecido em consequência de desastre em serviço.

Foi observado rigoroso silêncio, como não podia deixar de ser, contrariamente à modernice, do meu ponto de vista inadequada, de bater palmas, em situações idênticas.

As baixas da Companhia já tinham sido evocadas, durante a missa.

Depois de agradecer a presença de todos, especialmente dos convidados já indicados, li as seguintes mensagens:

- 1. Do Sr. Chefe de Gabinete do Sr. Presidente da C. M. de Viana do Castelo

Exmo. Sr. Coronel Alexandre Coutinho e Lima

Encarrega-me o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo de agradecer o amável convite em assunto e de informar que, por motivos de agenda, não poderá comparecer nem fazer-se representar.

Mais me encarrega o Sr. Presidente de felicitar V. Exª. e a CART 494 pela efeméride e desejar os maiores sucessos para o convívio.


- 2. Do Dr. Luís Graça (blog luisgracaecamaradasdaguine@gmail.com)

Não vou poder aceitar o teu convite.

De qualquer modo, desde já um ótimo e fraternal encontro. Espero que depois nos mandes um textozinho e fotos do evento. 50 anos é obra...

Transmite as nossas calorosas saudações à tua rapaziada da CART 494 que, julgo, e tirando o teu nome, não temos cá nenhum representante da na tabanca Grande.

Vê se apadrinhas um “periquinho”, para engrossar as nossas fileiras!...


- 3. De José Filipe Fialho Barata (era o Oficial Sapador do BCAÇ 513)

Meu caro Coronel “Capitão” Alexandre Coutinho e Lima

Recebi e fiquei muito agradecido pela convocatória que teve a gentileza de me enviar para estar presente na vossa comemoração dos 50 anos de Guiné.

Com muita mágoa não poderei comparecer porque nessa altura estarei nos Açores onde irei passar com o meu filho os seus 45 anos.

Certamente que me dispensará dada a minha justificação.

Creia que lamento não poder ir dar-lhe pessoalmente um abraço pelo evento, mas tomo a liberdade de lhe enviar esta carta pedindo-lhe que a transmita a todos aqueles, muitos certamente, que vão estar presentes.

Tenho por certo que esse almoço será um espaço de franca, alegre e grande camaradagem que a sua presença sempre proporciona.

Renovando os meus agradecimentos abraça-o com muita amizade.

Barata (sapador)


- 4. Do Dr. Julião Soares Sousa, do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS 20) da Universidade de Coimbra

Mensagem
Aos amigos da CART 494 reunidos em Viana do Castelo

Prezados

Comemoram-se hoje os 50 anos de partida da CART 494 para a Guiné. 50 anos é muito tempo na vida de um ser humano, mas na história dos países e das nações e pela importância que os acontecimentos por vezes assumem na vida desses mesmos países e nações meio século é uma gota de água no oceano do tempo. Na altura do tal sucesso estavam ainda na flor da idade, como sói dizer-se. Na idade dos sonhos e das utopias. Contudo, por força das circunstâncias quis o destino que deixassem as vossas famílias e o vosso torrão natal, arriscando esses melhores anos das vossas vidas e da vossa juventude em busca de outros sonhos, de outras esperanças e de outras utopias.
Neste momento em que rememoram esses anos problemáticos e já longínquos queria (se acaso me permitirem) lembrar-vos simplesmente que a Guiné-Bissau continua à espera dos seus amigos, do vosso apoio, da vossa solidariedade e da vossa amizade para sair da situação em que se encontra. Estou convencido de que enquanto tiverem forças para isso não deixarão de colocar o vosso coração aberto e grande amor que sei muitos de vós nutrem por aquela terra ao serviço do bem-estar, progresso e felicidade dos vossos irmãos guineenses. Esta é talvez a mensagem que gostaria de partilhar convosco neste dia se eventualmente pudesse estar fisicamente nesse encontro de Viana do Castelo. Saúdo a todos e a cada um de vós com um abraço de profunda amizade e cheio de esperança de que este dia sirva também como um dia de reflexão sobre a melhor maneira de continuarem a manter estreitas ligações com a Guiné. Ao Coronel Coutinho e Lima o abraço de sempre, pela amizade que me tem dispensado desde que nos cruzamos em Bissau, aquando do Colóquio Internacional sobre Guiledje, já lá vão cinco anos. Ainda hoje a forma como a população de Guiledje o recebeu e homenageou, quando visitamos o aquartelamento em ruínas, continua a interpelar a minha consciência, numa demonstração inequívoca de que a guerra também tem, por vezes, surpreendentemente, uma componente humana e de reconhecimento que ultrapassa a compreensão humana. Fui, felizmente, testemunha deste grande acontecimento que muito me comoveu e ainda comove. A todos as minhas saudações tropicais.

Coimbra, 21 de Julho de 2013 
 Julião Soares Sousa


Foi também feita referência a outros convites enviados aos quais responderam, lamentando não poder comparecer. Alguns, poucos, nem sequer se dignaram responder, o que se regista.

 Relativamente à Comunicação Social, importa realçar, pela positiva, a única colaboração do jornal AURORA DO LIMA, de Viana do Castelo que, na sua edição de 11de Julho de 2013, publicou o programa que lhe tinha sido enviado, bem como um artigo do Sr. Brito Felgueiras, correspondente do jornal em Vila Fria. Na pessoa do seu Director, aqui fica o nosso agradecimento.

No final, foram recordados vários aspectos da vida da CART 494, a começar pela “má notícia”, recebida no Castelo de Santiago da Barra, após a cerimónia de entrega do guião e subsequente desfile. Por informação telefónica, foi-me comunicado que o nosso destino era a Guiné e não Moçambique, como me tinha sido indicado anteriormente.

Também o desembarque em Bissau, em 24JUL63, tendo sido postos à nossa disposição, como alojamento, para Oficiais, Sargentos e Praças, 2 barracões da Alfândega, junto ao Rio Geba; para dormir, foram-nos fornecidos uns colchões de espuma e nada mais. Acrescenta-se que embarcamos sem armas e em Bissau não existia armamento para nos ser distribuído; só viemos a receber as armas individuais de uma Companhia que regressou no barco que nos levara. Ironizando um pouco, parecia que éramos protagonistas de “uma guerra do Solnado”, só que esta guerra não era fictícia, mas sim verdadeira, como tivemos a confirmação, pouco tempo depois.

Foi também recordada a viagem, de barco, para Ganjola (norte de Catió), nosso primeiro destino, o baptismo de fogo em 17SET63, dia de chegada, (às 16h30), a nossa permanência até DEZ desse ano de 1963, viagem para Gadamael, estadia nesta localidade, ida para Bissau em MAI65 e regresso em Agosto de 1965

Tudo isso será relatado num livro que já comecei a escrever e que terá como título AS MINHAS 3 COMISSÕES, POR IMPOSIÇÂO, NA GUINÈ. Oferecerei um exemplar deste livro, a cada elemento da CART 494.

Terminou em ambiente de festa mais este salutar convívio, este ano devidamente assinalado, por terem passado 50 anos da nossa partida para a Guiné.

Em 2015, faremos uma comemoração semelhante, por altura dos 50 anos de chegada da CART 494, no antigo Regimento de Artilharia Pesada nº. 2, na Serra do Pilar, nossa Unidade mobilizadora.

Coronel Alexandre Coutinho e Lima
(Comandante da CART 494 – Guiné 63/65)
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Nota do editor:

Último poste da série de 12 DE AGOSTO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11932: Convívios (524): 5.º Encontro dos Ex-Combatentes do Seixal, Lourinhã, participantes na Guerra Colonial: 18 de agosto de 2013 > Programa e convite

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11736: Convívios (531): Encontro anual do pessoal da CART 494, que comemora os 50 anos da sua partida para a Guiné, dia 21 de Julho de 2013, em Viana do Castelo... (Esteve em Ganjola, Gadamael, Ganturé e Bissau) (Coutinho e Lima)


Guiné > Região de Tombali > Mapa de Cacoca > 1960 > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Gadamael Porto


C O N V I T E 

50 anos da partida para a Guiné, da CART 494

A Companhia de Artilharia nº 494 (CART 494) partiu de Viana do Castelo, de comboio para Lisboa e depois de barco, com destino à Guiné, em 16 de Julho de 1963.

Para comemorar essa efeméride, vai realizar o seu convívio anual, no próximo dia 21 de Julho (Domingo), com o seguinte programa: 

10H30 – Descerramento de uma placa no Castelo de Santiago da Barra (Viana do Castelo; então era uma dependência do Batalhão de Caçadores nº. 9), assinalando os 50 anos de partida para a Guiné. 

11H30 - Missa na Igreja Paroquial de Vila Fria (Concelho de V. do Castelo). 

13H00 - Almoço no Restaurante Camelo, em Santa Marta de Portuzelo.

O nosso convívio está aberto a todos os que quiserem nele participar. Para nós será uma honra a vossa presença. Quem nos quiser acompanhar no almoço, poderá fazê-lo, fazendo a sua inscrição, até ao dia 13 JUL; o custo é de 30 €. 

Edmundo – 963 922 333 
Coutinho e Lima – 917 931 226

A CART 494, comandada pelo então Capitão de Artilharia Alexandre Coutinho e Lima, embarcou em Lisboa, no navio Niassa, em 17 JUL 63, tendo desembarcado em Bissau em 24 JUL.

Esteve em GANJOLA (Norte de Catió), desde 17 SET 63 (, desembarcámos às 11H00, ) até 15 DEZ 63, sendo a primeira tropa portuguesa a ocupar aquela localidade.

O baptismo de fogo foi no dia da chegada, em pleno dia (16H30); um grupo inimigo (IN) atacou com grande intensidade de fogo, aproximando-se a cerca de 3 metros, nas poucas zonas onde já estava instalado.

O IN teve 4 mortos confirmados, encontrados no meio do capim, com as respectivas armas: 2 Espingardas Mauser, 1 carabina e 1 pistola metralhadora PPSH. As nossa tropas (NT) não tiveram a mais pequena beliscadura; foi um dia de muita sorte.

Desde 17 SET 63 até 28 MAI 65, ocupou GADAMAEL, sendo a primeira Companhia naquela localidade. Neste período, construiu, a partir do zero, dois aquartelamentos: a sede da Companhia e o destacamento de GANTURÉ.

Realizou uma intensa actividade operacional, no sector que lhe foi atribuído, bem como a abertura e manutenção dos respectivos itinerários. Gadamael foi uma verdadeira plataforma logística, pois no seu “porto” desembarcavam os reabastecimentos para a Companhia e para as guarnições de Guileje, Mejo e Sangonhá/Cacoca, que davam origem às respectivas colunas, para os levar ao destino.

A Companhia realizou uma permanente acção psicossocial, no sentido de fazer regressar as populações, que se traduziu pelo regresso a Ganturé do seu Régulo Abibo Injassó e de 108 elementos da população.

Desde 28 MAI 65 até 18 AGO 65, esteve no sector de BISSAU, onde desenvolveu acções de patrulhamento, acção psico social e assistência sanitária às populações.

A Companhia regressou a Lisboa em 18 AGO 65, a bordo do navio Uíge; seguimos para o Regimento de Artilharia Pesada nº. 2, em Vila Nova de Gaia, onde o pessoal foi desmobilizado.

Coutinho e Lima
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Nota do editor

Último poste da série de 17 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11721: Convívios (530): Almoço-Convívio do BART 733 (António Bastos)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Guiné 63/74 - P9936: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (9): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar - Anexo IV



1. Em mensagem do dia 19 de Maio de 2012, o nosso camarada Manuel Vaz (ex-Alf Mil da CCAÇ 798, Gadamael Porto, 1965/67), enviou-nos o anexo IV referente à VII Parte das Memórias da sua Companhia.







MEMÓRIAS DA CCAÇ 798 (9)
De 63 a 73, uma década de Guerra na Fronteira Sul da Guiné
Uma Perspectiva a Partir de Gadamael Porto - 65/67 (VII Parte) > Anexo IV

Gadamael Porto fica situado na Fronteira Sul da Guiné-Bissau, num território que, na era colonial, pertenceu à França e que, através da Convenção Franco-Portuguesa de 1886 a “França cedia a Portugal a Zona de Cacine por troca com Casamança . . . “ (P3070),  dividindo o Reino Nalu sediado em Boké [, no território da Guiné-Conacri) . Assim, o território entre o Rio Cacine e a fronteira passou (na altura) a ser português, enquanto Casamança encravado entre a Gâmbia e Guiné-Bissau, continua a reclamar a independência.




Mais precisamente, Gadamael Porto, como se pode ver no recorte da carta anterior, situa-se na margem direita de um dos braços do Rio Cacine, onde desagua o Rio Queruene. Ao contrário do que se poderia pensar, Gadamael não era inicialmente um aglomerado populacional. A Carta Militar de 1954 [, de Cacoca,] dá ideia quanto à concentração da população. O maior aglomerado populacional, da etnia Biafada, situava-se na Tabanca de Ganturé, sede do Regulado, a cerca de 3 Km de Gadamael Porto. A tabanca mais próxima, digna desse nome, era a de Viana. Em toda a faixa compreendida entre os diversos braços do Rio Cacine e a fronteira, a zona mais povoada era para Sul, na estrada para Sangonhá.

Foi a sua localização, junto do braço do rio, associado à existência de um desembarcadouro que lhe deu a importância que tinha. Numa região com poucas e fracas estradas que na época das chuvas se tornam intransitáveis, a navegabilidade dos rios e a possibilidade do transporte fluvial para pessoas e mercadorias ganha uma importância vital. 

Foram estas condições naturais que determinaram o interesse das grandes Companhias que controlavam o Comércio, para instalarem ali um entreposto comercial. É disso prova a existência de duas casas de construção europeia, uma delas bem próxima do rio, exibindo a sigla ASCO que já fez correr muita tinta a propósito do seu significado, mas que, qual “ovo de colombo”, pode significar apenas, Associação Comercial [AsCo].

Foram estas casas abandonadas que a CART 494 encontrou, quando em 17DEZ63 ocupou Gadamael Porto, incorporando-as no Aquartelamento. Mas as NT já tinham estado anteriormente em Gadamael Porto. 

O Cap Blasco Gonçalves que foi o OInfOp do BCAÇ 1861, sediado em Buba (1965/67) dizia que já tinha comandado uma Companhia dispersa pelas localidades de Aldeia Formosa, Cacine e entre outras também Gadamael, onde teria estado uma Secção. Ora esta Secção deve ter estado instalada em Gadamael Porto, por volta dos anos 1961/62, tendo-se posteriormente deslocado para Buba, onde se fez o reagrupamento da Companhia.

Quando a CART 494 chegou a Gadamael, teve desde início de resistir às flagelações e emboscadas do PAIGC, ao mesmo tempo que construía as primeiras defesas do Aquartelamento e instalava um Destacamento em Ganturé (02FEV64) com apoio do Pel Rec Fox 42 que aí permaneceu até 20MAI64 (P7877). 

Seguiu-se o início das primeiras construções de apoio que se continuaram com a Companhia seguinte. Nesta fase, a margem direita do braço do Rio Queruane, a montante do desembarcadouro, com um piso plano constituído de uma pedra “esponjosa” de aparência vulcânica, serviu de pista de emergência, até ser construída a pista representada de amarelo, no recorte da Carta Militar, isto ainda no tempo da CART 494.

Aquartelamento de Gadamael Porto em Meados de 1969, no tempo da CART 2410.
O croquis faz a síntese do acolhimento das Populações: do lado direito, ao longo da Paliçada, as casas da Tabanca de Gadamael; do lado esquerdo as casas de colmo construídas para albergar a população vinda de Sangonhá/Cacoca (1ª fase do reordenamento da população); as casas com cobertura de zinco construídas pela CART 2410 para albergar a população de Ganturé. (2ª fase do reordenamento)

Foi com estes meios que a CCAÇ 798 encontrou o Aquartelamento de Gadamael Porto a 08MAI65. Durante a sua permanência continuaram as construções de apoio, incluindo a oficina auto, acolheram-se as primeiras populações no interior do perímetro defensivo, o que determinou o seu alargamento e a reorganização defensiva com a construção de novos abrigos e paliçadas. (P9329). 

A pista de aviação,  que na época das chuvas fora interdita, sofreu obras de ampliação e manutenção. A Engenharia Militar procedeu à eletrificação do Aquartelamento, o que permitiu a substituição do “velho petromax” e iniciou o projeto do Cais que viria a ser construído durante a Companhia seguinte, a CART 1659

Foi durante esta Companhia que se iniciaram as primeiras construções (reordenamento da população - P3013) ainda com cobertura de colmo, ao lado do Aquartelamento, para albergar as populações vindas de Sangonhá/Cacoca, entretanto extintos (29JUL68).



Fotografia aérea de finais de 1971 (CCAÇ 2796) gentilmente cedida pelo ©  Cor Morais da Silva
Desapareceram todas as casas de colmo, bem como os últimos troços de Paliçada. O perímetro do Aquartelamento alargou-se, incluindo mais construções militares sobretudo do lado oposto à Tabanca. 


Mas o Aquartelamento de Gadamael, com o perímetro deixado pela CCAÇ 798, deve-se ter mantido, sem grandes alterações, até à instalação dos primeiros Obuses, no tempo da CART 2410 (1968/69).



Fotografia aérea de 1972/73 (CCAÇ 3518), gentilmente cedida pelo ©  ex-Alf Mil L. Monteiro
Há mais construções militares do lado esquerdo. O Reordenamento da População está concluído e pode ver-se o braço do Rio Cacine, onde desagua o Rio Queruane, com o Cais de Acostagem.
 

A partir de agora, o Aquartelamento passa a ser uma base de Apoio de Fogos e de Reabastecimentos, através de um Pel Art e de um Pel AM para o qual houve necessidade de construir instalações. Esta Companhia continuou a construção da Tabanca (36 casas com telhado de zinco,  destinadas aos nativos de Ganturé=, alterou o Aquartelamento do lado da população pela eliminação da paliçada e procedeu à revisão do sistema defensivo daquele. O croquis anterior dá uma ideia do Aquartelamento nesses tempos, onde se pode ver ainda, a Tabanca inicial e os dois tipos de casas correspondendo às duas fases do ordenamento da população. 

A CART 2410 foi rendida a 21JUN69, por troca com a CCAÇ 2316, vinda de Guileje,  que apenas permaneceu em Gadamael, cerca de 4 meses. 

Seguiu-se a CART 2478 que começou por se instalar em Ganturé a 11OUT69, onde manteve dois Pelotões até à sua extinção, a 13MAI70. Foi no tempo desta Companhia que se iniciou a construção de Valas, como sistema defensivo.



Aquartelamento de Gadamael Porto nos primeiros meses de 1973, no tempo da CCAÇ 3518.
O Aquartelamento, tal como se representa no croquis, deve ter-se mantido sem grandes alterações, até ao ataque do PAIGC de MAI/JUN/73, apenas reforçado com um Pel CAN S/R com 5 armas, chegado a Gadamael na primeira quinzena de Maio, no tempo da CCAÇ 4743.


A 29DEZ70 a Companhia anterior era rendida pela CCAÇ 2796 que, nos primeiros tempos em Gadamael, foi severamente atacada pelo PAIGC, tendo sofrido várias baixas, entre os quais, o próprio Comandante da Companhia. O esforço operacional não a impediu de se dedicar à população, construindo 80 casas no Setor Norte do Aldeamento, uma Escola e um Posto Sanitário, na zona de ligação entre os dois setores do Ordenamento, para além de um Heliporto, Casernas e uma nova Reorganização do Terreno. A 1ª foto aérea dá uma ideia do Aquartelamento e das zonas limítrofes, no tempo desta Companhia.

A 24JAN72 a CCAÇ 3518 rende a Companhia anterior. Apesar dos constantes patrulhamentos numa extensa ZA, com uma fronteira de muitos quilómetros, nunca teve qualquer contacto com o IN. O PAIGC utilizava as frequentes flagelações sobre o Aquartelamento como forma de manifestar a sua presença e pressionar as NT, normalmente à noite, retirando durante esta todo o Armamento Pesado. 

Durante a presença desta Companhia foram feitas novas construções, entre elas um novo Paiol, e recuperadas as Casas de construção europeia. Foi anda concluído definitivamente o Aldeamento. É ainda de salientar a atividade do Posto Escolar nº 23, frequentado por 40 crianças e uma dúzia de adultos nativos. Desta ação beneficiaram ainda 30 praças que obtiveram o exame de 4ª classe em Bissau. (P6283)

A 04MAR73 abandonam Gadamael os últimos efetivos da CCAÇ 3518, dando lugar à CCAÇ 4743 que estava em sobreposição desde 08FEV73. Foi efémera a presença desta Companhia, interrompida pelo ataque a Gadamael de consequências dramáticas para toda a guarnição e população, ocorrido a partir da retirada de Guileje a 22MAI73. O que se passou a seguir, não é objeto deste anexo.

E agora um simples “clique” sobre a fotografia seguinte, permite-nos uma visita, em ecrã inteiro, a Gadamael Porto, nos finais do ano de 1971. Podemos ver a Escola e o Posto Médico ligando os dois Setores do Reordenamento da População, a Pista, o Heliporto, o Aquartelamento, bem como o envolvimento da floresta e do braço do rio Cacine.

Gadamael Porto nos finais do ano de 1971.  Fotografia gentilmente cedida pelo © Cor Morais da Silva.


Finalmente, aproveito para agradecer a possibilidade de divulgação das fotografias, ao Cor Morais da Silva (foto 1 e 3) e ao ex-Alf Mil L Monteiro (foto 2), bem como a intensa colaboração na elaboração dos Croquis, ao ex-Fur Mil L Guerreiro da CART 2410 e ao ex-Alf Mil L Monteiro da CCAÇ 3518, sem a qual não seria possível a sua apresentação.






Fontes:
Principal – Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, através das Apresentações, correções e Comentários.

Fontes Adicionais:
A necessidade de elementos concretos, obrigou ao contacto direto de vários camaradas que fazem parte da Tertúlia - Cor. Morais da Silva; ex-Alf Mil Vasco Pires; ex-Fur Mil Luís Guerreiro - e ainda do ex-Alf Mil Lopes Monteiro que não faz parte de mesma.

Manuel Vaz
Ex-Alf Mil
CCAÇ 798
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Nota de CV:  

Vd. último poste da série de 13 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9740: Memórias da CCAÇ 798 (Manuel Vaz) (8): Uma perspectiva a partir de Gadamael Porto - 65/67 - VII Parte - Evolução da situação militar - Anexos I, II e III

domingo, 23 de março de 2008

Guiné 63/74 - P2677: Simpósio Internacional de Guileje: Comunicação de Coutinho e Lima (1): Comandante do COP 5, com 3 comissões no CTIG

Vídeo (1' 38''): Início da comunicação do Cor Art Res Coutinho e LIma, antigo comandante do COP 5, que em 22 de Maio de 1973 tomou a decisão de retirar Guileje.





Guiné-Bissau > Região de Tombali > Antigo aquartelamento de Guileje > Simpósio Internacional de Guileje > Visita ao sul > 3 de Março de 2008 > No regresso a Bissau, o jipe que me levava a mim e ao Cor Art Nuno Rubim, mais as respectivas esposas, parou aqui, em manhã de nevoeiro... Foi uma despedida nostálgica por parte de ambos, e em especial do Nuno, um homem profundamente ligado a Guileje, e além disso autor do famoso diorama de Guileje...

Vídeos, fotos e legendas: ©
Luís Graça (2008). Direitos reservados. Vídeo alojados em: You Tube >Nhabijoes

1. Transcrição da comunicação do Cor Art, na situação de reserva, Coutinho e Lima, no âmbito do SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE GUILEDJE (BISSAU - 1 a 7 de MARÇO de 2008). Trata-se de uma gentileza do autor com quem tive a oportunidade de privar durante uma semana na Guiné-Bissau, de 29 de Fevereiro a 7 de Março de 2008 (1). Ele passa também a integrar a nossa Tabanca Grande, por convite meu, que aceitou.


Factores considerados para tomar a decisão da retirada das forças militares e da população, do aquartelamento de GUILEDJE . Relato histórico do Ex-Comandante do COP 5, Coronel COUTINHO E LIMA

Parte I > Comandante do COP 5, com 3 comissões no CTIG

Revisão e fixação do texto: LG

Começo por felicitar a ONG AD - Acção para o Desenvolvimento, pela feliz iniciativa de organizar este Simpósio Internacional sobre GUILEDJE. Quando recebi o convite do Sr. Engenheiro CARLOS SCHWARTZ para participar neste evento, imediatamente manifestei a minha disponibilidade. A minha presença vai-me permitir apresentar, com algum detalhe e com verdade, o que se passou em Maio de 1973 e com a autoridade de ser o Comandante das forças portuguesas presentes no terreno, único responsável do que foi decidido.

Antes de analisar os diversos factores que considerei, para tomar a decisão da retirada de GUILEDJE, achei por bem fazer uma breve exposição dos antecedentes, para melhor se perceber o que ocorreu, em Maio de 1973, naquela zona.

1. Experiência das duas comissões anteriores


Em Setembro de 1972, iniciei a minha 3ª Comissão de serviço na GUINÉ.

A 1ª ocorrera no período de JUL 63 / JUL 65; como Capitão, comandei a Companhia de Artilharia nº 494 (CART 494) que inicialmente ocupou GANJOLA, pertencente ao Batalhão de CATIÓ, de 17 SET a 15 DEZ 63; em 17 Dez 63, a CART 494 ocupou GADAMAEL PORTO e em 21 FEV 64 colocou um destacamento em GANTURÉ.

Em 4 FEV 64 foi ocupado GUILEDJE, com um Pelotão da Companhia de ALDEIA FORMOSA; aberto o itinerário GUILEDJE – GADAMAEL, em 20 FEV 64, a guarnição de GUILEDJE passou a ser reabastecida via GADAMAEL; por esta razão, percorri diversas vezes aquele percurso GADAMAEL- GUILEDJE.

O Batalhão de Caçadores nº 513, com sede em BUBA, ao qual pertencia a CART 494, fez uma série de operações ao longo da estrada paralela à fronteira com a REPÚBLICA da GUINÉ CONACRI, procedendo à abertura do itinerário e instalando forças militares em SANGONHÁ, CACOCA e CAMECONDE; com a ocupação desta última localidade, ficou estabelecida a ligação, por terra, entre ALDEIA FORMOSA e CACINE.

A minha 2ª comissão ocorreu no período de JUL 68/JUL 70; com o posto de Capitão e o Curso de Observador Aéreo de Artilharia, fui colocado no Comando Chefe das Forças Armadas da GUINÉ, desempenhando as funções de Adjunto da Repartição de Operações; foi-me atribuído o Sector Sul, onde estava incluído o Batalhão de BUBA, ao qual pertenciam as guarnições de GUILEDJE, GADAMAEL e CACINE.

Nesta comissão tive oportunidade de trabalhar sob as ordens do Sr. General SPÍNOLA, já nessa altura Comandante-Chefe das Forças Armadas da GUINÉ.

2. Criação do COP 5: missão, zona de acção e meios


Iniciei a minha 3ª comissão, por imposição, na GUINÉ, em SET 72; fui colocado no Centro de Instrução Militar (CIM), em BOLAMA, como Director de Instrução; tinha o posto de Major.

Através da Directiva nº 2/73, de 8 JAN 73, do Comando Chefe das Forças Armadas da GUINÉ, foi criado o Comando Operacional nº 5 (COP 5), para o qual fui designado Comandante.

A MISSÃO do COP 5 era a seguinte:

(1) Intercepta o corredor de GUILEJE, especialmente pela implantação de minas e armadilhas e execução de fogos de interdição.

(2) Executa acções de reconhecimento na faixa fronteiriça, por forma a detectar novas linhas de infiltração In na sua ZA, com vista ao oportuno desenvolvimento de acções de contra-penetração.

(3) Acaba com o IN na sua ZA, aniquilando-o, capturando-o, ou no mínimo, expulsando-o para o exterior do TO.
(4) Procura alargar a sua área de actividade de contra-guerrilha, por acções de reconhecimento no corredor de GUILEJE em ordem a intensificar o esforço de contra-penetração e por acções de golpe de mão sobre a área do QUITAFINE.

(5) Assegura a defesa eficiente dos aglomerados populacionais ocupados pelas NT e o socorro em tempo oportuno dos reordenamentos da sua ZA.

(6) Garante as condições de segurança necessárias à execução de movimentos nos itinerários do Sector, em especial GADAMAEL-GUILEJE e CACINE-CAMECONDE.

(7) Coopera com o COP 4 na realização de acções terrestres no CANTANHEZ, a pedido daquele comando.

(8) Prevê a execução de fogos de Artilharia sobre o CANTANHEZ a desencadear a pedido do COP4.

Os meios atribuídos ao COP 5 eram os que, do antecedente, estavam nas guarnições de GUILEJE, GADAMAEL e CACINE.

A Zona de Acção (ZA) do COP 5 era a que estava atribuída àquelas três guarnições.

Refere-se que um dos considerandos da Directiva que criou o COP 5 era:

“…que, com a criação do COP4 e o desenvolvimento da respectiva manobra no CANTANHEZ, é de admitir que o In reforce os seus efectivos armados naquela região com material e pessoal a partir da REP GUINÉ e, consequentemente, pressione ainda mais as nossas guarnições de GUILEJE, GADAMAEL e CACINE em virtude de a travessia das respectivas ZA constituir o itinerário mais curto entre a fronteira e o CANTANHEZ.”

Embora o Comando Chefe admitisse que o In iria pressionar ainda mais as guarnições indicadas, não foi atribuído nenhum meio de reforço ao recém-criado COP 5, tendo-me o Sr. Comandante-Chefe dito, expressamente, que não pedisse reforços e que efectuasse a adequada manobra dos meios existentes.

Era habitual, até então, a criação de um COP ser acompanhada da atribuição de meios, para o cumprimento da MISSÃO. O COP 5 foi o primeiro que não viu reforçado o seu dispositivo, com qualquer meio.

Na véspera da minha partida de BISSAU, o Sr. Comandante-Chefe disse-me que, qualquer dia, iria fazer uma visita a GUILEJE; ficou, assim, estabelecida a sede do COP 5, o que não constava na Directiva que o criou.

3. Aparecimento dos mísseis terra-ar na região de GUILEJE


No dia 25 MAR 73 (Domingo), o aquartelamento de GUILEJE foi flagelado pelo PAIGC, das 13.00 às 14.30 horas; esta flagelação, em pleno dia, não era habitual, pois que, até então, tais acções ocorriam durante a noite; esta flagelação constituiu, seguramente, um chamariz, pois que certamente o PAIGC tinha conhecimento que os aviões da Força Aérea Portuguesa não deixariam de aparecer; conforme o que estava determinado, foi feito o pedido de Apoio Aéreo; passado pouco tempo, sobrevoava o quartel um Avião FIAT G 91;o Piloto entrou em contacto rádio e depois de receber a indicação da direcção e distância estimadas donde partira o bombardeamento, voou nesse rumo, não mais tendo estabelecido qualquer comunicação; passados cerca de 15/20 minutos, apareceu um segundo Avião do mesmo tipo (era habitual virem os dois aviões ao mesmo tempo), que informado do que tinha ocorrido, sobrevoou a área indicada, verificando, ao fim de algum tempo, que o primeiro avião tinha sido abatido. O Piloto, Tenente Piloto Aviador PESSOA conseguira ejectar-se e, devido ao adiantado da hora, só foi recolhido na manhã do dia seguinte.

Foi este o primeiro Avião FIAT G 91 abatido por um míssil terra-ar, mas não a primeira acção com êxito sobre aeronaves portuguesas; de facto, em 1968, tinha sido abatido um avião do mesmo tipo, numa acção de apoio de fogo ao aquartelamento de GANDEMBEL, atingido pelo fogo de Metralhadoras Anti-Aéreas; o Piloto também conseguiu ejectar-se e foi recuperado, de imediato.

O aparecimento dos mísseis terra-ar provocou, como não podia deixar de ser, profundas alterações na actuação da Força Aérea Portuguesa. Em 27 ABR 73, a Repartição de Operações do Comando Chefe, enviou uma mensagem a todos os Comandos, determinando, no que dizia respeito ao Sector do COP 5, que eram canceladas temporariamente as evacuações por avião DORNIER (DO 27) a partir de GUILEJE e GADAMAEL; era também cancelado o avião do Sector, efectuado por DORNIER; o acompanhamento de forças por DO 27 passava a efectuar-se a altitudes superiores a 6.000 pés; o ataque ao solo, feito por aviões FIAT G 91, passava a ser efectuado somente com bombas, a altitudes acima de 6.000 pés; as evacuações por helicóptero e outras missões ficavam condicionadas ao estudo prévio do Comando de Operações Aero-Tácticas da Força Aérea.

Até 6 ABR 73, as colunas de reabastecimento eram acompanhadas, sobrevoando o itinerário, por um DO 27 armado; após esta data, as colunas passaram a ser feitas sem qualquer apoio aéreo, tendo sido determinado que, no caso de contacto com o IN, deveria ser pedido apoio imediato.

Também deixaram de ser efectuadas as evacuações; estas eram feitas através de transporte por estrada até GADAMAEL, daqui de barco até CACINE e transporte pela Força Aérea para BISSAU.

No dia 11 MAI 73.o Sr. Comandante-Chefe fez uma visita a GUILEJE, após ter realizado, em CATIÓ, uma reunião com todos os Comandantes da Zona Sul; perante formatura geral, na pista, referiu que se esperava um agravamento da situação, que a Força Aérea não podia executar as missões de rotina como até há pouco tempo atrás, mas que, numa situação difícil, apoiaria as NT, voando mais alto; afirmou ainda que, no caso de haver feridos muito graves, a Força Aérea faria a sua evacuação.

Nesse mesmo dia, tinha sido efectuada uma coluna de reabastecimento GUILEJE-GADAMAEL, sem qualquer incidente.

Durante este período, foram realizadas 9 colunas de reabastecimento, sem apoio aéreo, (documento elaborado pela 4ª Repartição do QG/CTIG), nos dias 14, 21 e 25 ABR e 1, 4, 7, 11, 14 e 16 MAI 73.

4. Diligências efectuadas no período de 18/21 MAI 73

Em 18 MAI 73, pelas 07.00 horas, as forças de segurança para a realização de mais uma coluna de reabastecimento GUILEJE-GADAMAEL, foram emboscadas a cerca de 300 metros do cruzamento de GUILEJE, com fornilhos comandados, RPG 2, RPG 7 e armas automáticas; as NT reagiram com Artilharia, Morteiro, lança granadas foguete e armas automáticas e sofreram 1 morto (Comandante do Pelotão de Milícia), 7 feridos graves e 4 feridos ligeiros.

Face ao grande poder de fogo das forças do PAIGC, as baixas foram recolhidas para GUILEJE e a coluna não se realizou.

Tendo-me apercebido da gravidade da situação, iniciei uma série de diligências, tendo em vista a sua resolução; refere-se que foi a primeira vez que não foi possível efectuar a coluna, por acção do IN.

Às 09.05 horas, enviei uma mensagem para a Repartição de Operações do Comando Chefe, (REPOPER/COMCHEFE) do seguinte teor:

“ VIRTUDE FORTE EMBOSCADA HOJE SOLICITO VINDA ESTE DELEGADO ESSA DELEGADO COAT”
Ao enviar esta mensagem, esperava que fossem feitas as evacuações, entretanto solicitadas, de acordo com o que o Sr. Comandante-Chefe tinha afirmado 8 dias antes; os Delegados poderiam utilizar os helicópteros que viessem fazer as evacuações.

Porque estas não foram efectuadas, um dos feridos graves (um Cabo da CCAV 8350) veio a falecer às 10.15 horas; após esta nefasta ocorrência, fiz nova mensagem para a REP PER, com o seguinte texto:

“NÃO SATISFAÇÃO PEDIDO APOIO FOGOS FORÇA AÉREA E EVACUAÇÕES (Y) CAUSOU GRANDE MAL ESTAR TODO PESSOAL POIS ÚLTIMA VISITA SEXA GENERAL ESTE DISSE MESMAS SERIAM EFECTUADAS QUANDO NT CONDIÇÕES DIFÍCEIS”.

Como não aparecia ninguém, nem obtinha qualquer resposta, redigi às 22.45 horas, a mensagem seguinte:

“M/703 18 MAI 73 SOLICITO RESPOSTA ESTA VIA POIS TENHO POSSIBILIDADE SEGUIR MANHÃ 19 MAI GADAMAEL PORTO”.

A mensagem 703 solicitava a vinda dos delegados.

Das 20.00 às 21.45 horas, o PAIGC iniciou uma série de flagelações, tendo-se logo, nesta primeira acção, verificado vários rebentamentos dentro da área de arame farpado. Às 03.50 horas do dia 19 MAI, enviei nova mensagem:

“CASO HAJA DIFICULDADE VINDA DELEGADOS SOLICITO AUTORIZAÇÃO IDA BISSAU E TRANSPORTE URGENTE PARA GADAMAEL PORTO FIM EXPOR SITUAÇÃO”.

Esta última mensagem somente foi respondida, pela REPOPER, às 11.11 horas desse dia 19 MAI:
“ SITUAÇÃO LOCAL NÃO ACONSELHA SUA SAÍDA DEMORADA DO SECTOR. ESTE TENTOU IR MAS FAEREA SO VAI GADAMAEL EMERGÊNCIA. EXPONHA SITUAÇÃO ESTA VIA”.

Esta mensagem apenas foi enviada para GUILEJE, onde eu já não me encontrava, só tendo tomado conhecimento dela bastante mais tarde, quando foi retransmitida para CACINE; por isso, a resposta só seguiu às 03.20 horas do dia 20 MAI:

“ CMDT COP 5 PRESENTE NESTA INFORMA NECESSITA UMA COMPANHIA TROPA ESPECIAL REFORÇO TEMPORARIO FIM EFECTUAR REABASTECIMENTO GUILEJE. NECESSARIO TAMBEM REFORÇO VIATS E ESTIVADORES. VIRTUDE SE ENCONTRAR NESTA JULGA NECESSARIO IR BISSAU REGRESSANDO IMEDIATAMENTE”.

Entretanto, em 19 MAI, pelas 06.00 horas efectuou-se a evacuação das baixas da véspera, por estrada até à foz do Rio AFIÁ (na direcção de MEJO) e daqui de barco para CACINE.

Continuando a não receber resposta de BISSAU, insisti, já em CACINE, no dia 20 MAI, às 10.00 horas, com a seguinte mensagem:

“ CMDT COP 5 SOLICITA TPT IMEDIATO BISSAU OU ALTERNATIVA VINDA CACINE HOJE SEM FALTA DELEGADO DESSA “.

Uma hora depois -11.00 horas - enviei nova mensagem:

“CMDT COP 5 INFO SITUAÇÃO GUILEJE IMPRESCINDÍVEL VINDA IMEDIATA REFORÇO PEDIDO E SOLICITA RESPOSTA ESTA VIA”.

Finalmente no final da tarde de 20 MAI (tinha chegado a CACINE na manhã de 19 MAI), fui transportado de helicóptero para BISSAU.

Compareci na reunião diária do Comando-Chefe, onde expus a situação ao Sr. Comandante-Chefe, acabando por apresentar a necessidade de reforços, já solicitada por mensagem.

O Sr. Comandante-Chefe respondeu-me que não me atribuía nenhum reforço, que deveria regressar a GUILEJE na manhã seguinte e que seria substituído no Comando do COP 5, passando eu a desempenhar as funções de 2º Comandante.

Esclarece-se que na reunião estavam presentes, além dos Senhores Comandantes dos 3 Ramos das Forças Armadas e o Sr. Comandante Adjunto Operacional, os Chefes das Repartições de Operações e de Informações, bem como os Chefes das outras Repartições do Comando-Chefe.
´
aliento o teor de uma mensagem, enviada para GUILEJE pela Repartição de Informações, nesse dia às 19.00 horas, isto é, muito pouco tempo antes do início da reunião:

“NOT A2 REFERE EFECTIVOS 3º CE MATA MEJO. ADMITE-SE POSSIBILIDADE VIREM A ACTUAR SOBRE ESSA “.

Nenhum dos presentes teve qualquer intervenção, além do Sr. Comandante-Chefe. Nessa mesma noite, enviei de BISSAU (através da REPOPER), a seguinte mensagem para as Companhias de CACINE, GADAMAEL e GUILEJE:

“CMDT COP 5 PRESENTE NESTE SEGUE 21 MAI 73 SINTEX CACINE GUILEJE. SEGURANÇA MONTADA MARGENS RIO CACINE CCAÇ 4743 CCAV 8350 PARTIR 210900 MAI 73. SINTEX PRESENTE GADAMAEL AGUARDAM FOZ RIO CACONDO BARCOS CACINE.CCAÇ 3520 SOLICITA APOIO DFE DOIS BARCOS”.

A CCAV 8350 (GUILEJE) enviou no dia 21 MAI às 07.40 horas, uma mensagem referindo:

“ REF S… TOTALMENTE IMPOSSIVEL PARA ESTA”.

Perante esta informação, face à impossibilidade de a Companhia de GUILEJE montar a segurança nas margens do rio, decidi alterar o meu regresso a GUILEJE, seguindo de barco para GADAMAEL e daqui a pé para o Comando do COP 5. Nestas condições, enviei de CACINE, para a Companhia de GADAMAEL, às 09.40 horas, a seguinte mensagem:

“ CMDT COP 5 SEGUE ESSA BOTE. PREPARE CCAÇ 4743 02 GR COMB PEL MIL SEGUIR COM COMANDANTE COP 5 A PÉ GUILEJE. PERNOITAM GUILEJE”.

Durante a minha ausência, justificada pelo facto de eu considerar imprescindível o contacto pessoal com Oficiais do Comando-Chefe, GUILEJE continuou a ser flagelado, dia e noite.

Ao chegar a GADAMAEL, o Sr. Comandante de Companhia informou-me que os seus homens não estavam dispostos a seguir para GUILEJE; após uma formatura geral, em que expliquei o que se estava a passar, a necessidade de ir para GUILEJE e mais algumas diligências que tomei, foi possível organizar a coluna apeada que me escoltou, nela incluído o Sr. Comandante da Companhia; durante o trajecto, utilizando um trilho da população e que nunca sido percorrido pelas NT, tivemos a oportunidade de ouvir a flagelação que o PAIGC desencadeou sobre o aquartelamento de GUILEJE (das 14.30 às 16.30 horas).

Chegamos a GUILEJE ao fim da tarde do dia 21 MAI.

(Continua)

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Nota de L.G.:

(1)Vd. poste de 23 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2673: Uma semana memorável na pátria de Cabral: 29/2 a 7/3/2008 (Luís Graça) (10): Guiledje: Homenagem ao Coronel Coutinho e Lima

domingo, 27 de janeiro de 2008

Guiné 63/74 - P2484: Guileje, 22 de Maio de 1973 (1): Pontos (polémicos) por esclarecer (Amaro Samúdio / Nuno Rubim / Manuel Rebocho)

Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1971 > Vista aérea, obtida de DO > Foto do então Cap (hoje Cor) Jorge Parracho, da CCAÇ 3325 (Jan 1971/Dez 1971). Esta unidade foi substituída pela açoriana CCAÇ 3477, Os Gringos de Guileje (Nov 1971 / Dez 1972) (contacto: Amaro Munhoz Samúdio) que, por sua vez, foi rendida pela CCAV 8350, Os Piratas de Guileje(Dez 1972/Mai 1973) (contacto: José Casimiro Carvalho).

Foto: © Jorge Parracho / AD - Acção para o Desenvolvimento (2007). Direitos reservados.


Guiné > Região de Tombali > Catió > Álbum fotográfico de Benito Neves, bancário, reformado, residente em Abrantes, ex-Fur Mil da CCAV 1484 (Nhacra e Catió, 1965/67) > Foto 28: "Cufar, 1966 - Artilharia no quartel de Cufar, Obus 8.8 cm".


Foto e legenda: © Benito Neves (2007). Direitos reservados.

Guiné > Região de Tombali > Guileje > CART 2410 (Junho de 1969 a Março de 1970) > O Alf Mil José Barros Rocha posando sobre a roda de uma peça de artilharia 11,4... Os Dráculas da CART 2410 estiveram em Guileje, de Junho de 1969 a Maio de 1970. Sobre a questão dos calibres 11.4 (peça de artilharia) e 14 (obus), já se aqui publicaram vários postes ( ).

Foto: © José Barros Rocha (2007). Direitos reservados.


Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 3477 (Novembro de 1971/ Dezembro de 1972) - Os Gringos de Guileje > O Munoz Samúdio, que era 1º cabo enfermeiro, junto à peça de artilharia 11.4, do 15º PELART.

Foto: © Amaro Samúdio (2006). Direitos reservados.

Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O Alf Mil Torcato Mendonça junto ao velho obus 10.5, possivelmente de marca Krupp, uma temível arma que vinha da II Guerra Mundial... O obus é, por excelência, uma boca de fogo especializada em tiro curvo, de longo alcance... O seu alcance era, porém, limitado: 10/12 km, no máximo, creio eu, com uma cadência de dois a quatro tiros por minuto, na melhor das hipóteses ... (LG)

Foto: © Torcato Mendonça (2007). Direitos reservados.

1. Mensagem enviada pelo editor do blogue ao Nuno Rubim, ao Casimiro Carvalho e ao Amaro Munhoz Samúdio:

Leiam com atenção esta mensagem... Só sabemos que se chama Paiva, e foi furriel de artilharia no pelotão de artilharia, que estava em Guileje, quando esta unidade foi abandonada por decisão do comandante do COP 5, Major Coutinho e Lima... É um testemunho dramático, de um homem que atravessou a nada o Rio Cacine, já na fuga de Gadamael, e foi salvo por um milícia de que não se lembra o nome...

Vou pedir ao Paiva que nos contacte de novo e nos dê as suas coordenadas, sobretudo para o ajudar a reencontrar os seus camaradas (e a reorganziar as suas memórias, doridas, daquele tempo)... Seria uma pena que este pungente testemunho ficasse escondido sob a forma de comentário a um dos nossos postes ...

Nuno, Casimiro: Vocês sabem qual era o nº do pelotão de artilharia que estava em Guileje, no dia 22 de Maio de 1973 ? Amaro, este camarada, o Paiva, ainda é do teu tempo ? Há contactos com esta malta, os artilheiros ? Digam alguma coisa antes de eu poder publicar este texto (que já saiu, anonimamente, como comentário...)... Acrescentem os vossos comentários... Um abraço. Luís


2. Mensagem do Amaro Samúdio (dos Gringos de Guileje, a CCAÇ 3477, Guileje, 1971/72):

Luís Graça:

Naturalmente que vou fazer esforços no sentido de obter informações exactas, que possam ajudar o Paiva a encontrar os seus camaradas.

Exacto é que em 21 de Novembro de 1971,quando a CCAÇ 3477 chegou a Guileje, a Unidade de Apoio era o 15º PELART [Pelotão de Artilharia].

Não foram, nunca o foi dito, os Gringos [da CCAÇ 3477] a viverem os dramáticos acontecimentos do abandono de Guileje [, em 22 de Maio de 1973].

Tenho em mente que os obuses 14 chegaram a Guileje pouco antes de lá sairmos em 15 de Dezembro de 1972 [, sendo substituídos pelo BCAV 8350]. E aqui fica a grande questão
do abandono que já tenho tentado abordar.

Para parar qualquer ataque mais violento ao quartel, os 11.4 sabiam ... Kandiafara.
Qualquer nova base de ataque tinha que ser descoberta e eram as DO, posteriormente, a sobrevoar, que diziam se as coordenadas estavam a acertar no local.

Como é possível, e o Nuno Rubim tem toda a razão, que os [obuses 14] cumprissem a sua missão. Para onde iam actuar... Crime puro e simples.

Um Abraço


3. Resposta do Nuno Rubim (Cor Art, na reforma, especialista em história da artilharia):

Caro Luís

Será de facto um testemunho muito importante. O Pel Art que lá estava, era, segundo os dados que tenho, o 15º. Estava equipado com três 11.4 cm e por terem acabado na Guiné (e cá também ... ) as munições, foi substituído em 16 de Maio [de 1973], dois dias antes do início do ataque do PAIGC, por dois obuses de 14 cm.

Terão vindo de Bissau 3, mas um terá caído pela borda fora ( será possível ??? ) em Cacine ! ( Documentos que encontrei no Arquivo Histórico-Militar).

Ora esse nosso camarada, o Paiva, poderá dar importantes achegas, nomeadamente como foi feita a regulação do tiro ( só veio um aparelho de pontaria e nenhuma tábua de tiro !!!). [não há palavras ... !!! ]

Tenho também notícia que o Alf Cmdt do Pel foi morto num bombardeamento do PAIGC por esses dias.

Há pois várias questões que eu gostaria de lhe perguntar e que podem resolver alguns dos mistérios ainda em aberto.

Um abraço

Nuno Rubim


4. Comentário do Nuno Rebocho (ex-sargento da CCP 123 / BCP 12, Guiné 1972/74, sargento-mor pára-quedista, na reforma, doutorado em Sociologia pela Universidade de Évora):

Só dois ajustamentos:

(i) As peças que estavam em Guiledje eram de calibre 10.6, e mais nenhum outro. Desloquei-me ao Porto, onde vive o Capitão miliciano (claro) que comandava a companhia que fugiu de Guiledje. Ele próprio da arma de Artilharia, conhecedor do assunto, com quem troco frequentes telefonemas e e-mails, e que não me deixa enganar no calibre das peças. Está-me frequentemente a corrigir.

(ii) O Major Coutinho e Lima, no momento em que ordenou o abandono de Guiledje, já não era comandante do COP 5, pois havia sido substituído no dia anterior. O Comandante era agora o Coronel Pára-Quedista (hoje Major-General) Rafael Ferreira Durão, o mais prestigiado Oficial Pára-Quedista de todos os tempos, por quem tenho elevada consideração e amizade. Coutinho e Lima era, no dia 22 de Maio de 1973, segundo comandante do COP 5, razão pela qual não tinha competência orgânica para dar a ordem que deu.

Por esta razão não se pode considerar que a retirada de Guiledje tenha obedecido a qualquer estratégia, porque a estratégia não era da competência de Coutinho e Lima. Então, a retirada de Guiledje só pode ser apelidada de fuga.

Coutinho e Lima (4) foi demitido de Comandante do COP 5, no dia 21 de Maio de 1973, porque Spínola o encontrou no Bar de Oficiais em Bissau, e não lhe perdoou, naturalmente.

Bom. Ficamos por aqui.

Um grande abraço, amigo Luis Graça

Manuel Rebocho
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Notas dos editores:

(1) Vd. poste de 27 de Janeiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2483: Estórias de Guileje (3): Devo a vida a um milícia que me salvou no Rio Cacine, quando fugia de Gandembel (ex-Fur Mil Art Paiva)

(2) O nosso especialista em artilharia, o coronel na reforma, Nuno Rubim, diz que o 11.4 é uma peça (de artilharia) e o 14 é que é o obus... Alguns de nós, como eu, fazem confusão sobre os calibres: havia, na Guiné, vãrios calibres de peça de artilharia. Vd. os seguintes postes:

18 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1443: Contributo para a história da construção do aquartelamento de Guileje (José Barros Rocha, CART 2410, Os Dráculas, 1969/70)

15 de Janeiro de 2007 >Guiné 6/74 - P1434: Artilharia em Guileje: a peça 11.4 e o obus 14 (Nuno Rubim)

6 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1407: Tertúlia: apresenta-se o Coronel de Cavalaria Carlos Ayala Botto, ajudante de campo do General Spínola

8 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1159: Álbum fotográfico (Hugo Moura Ferreira) (2): Bedanda, ontem (CCAÇ 6, 1970) e hoje

6 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1155: Álbum fotográfico (Hugo Moura Ferreira) (1): Bedanda, CCAÇ 6, 1970: O Obus 14 contra o foguete Katiusha

(3) Vd. postes de:

27 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2137: Antologia (62): Guileje, 22 de Maio de 1973: Coutinho e Lima, herói ou traidor ? (Eduardo Dâmaso / Luís Graça)

5 de Setembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2083: Em busca de... (10): Coutinho e Lima, o comandante do COP5 que decidiu abandonar Guileje e foi acusado de deserção (Beja Santos)

(4) Vd. curriculum vitae do Cor , na reforma, Coutinho e Lima, um dos oradores do Simpósio Internacional de Guiledje (1 a 7 de Março de 2008):

(...) Ingressou na Escola do Exército a 15 de Outubro de 1953:- Promoção a Alferes a 10 de Setembro de 1957; Passagem à situação de reforma em 1982, como Coronel.- Comissões nas antigas Províncias Ultramarinas: 3, todas por imposição, na Guiné:
1ª – Capitão, Comandante da Companhia de Artilharia nº 494. A CART 494 ocupou as seguintes posições: Ganjola (de Setembro a Dezembro de 1963); Gadamael Porto – (de 17 de Setembro de 1963 a Maio de 1965);
2ª - Capitão, Adjunto de Repartição de Operações de Comando - Chefe das Forças Armadas da Guiné, em Bissau (de 24 de Julho de 1968 a 23 de Julho de 1970);
3ª – Major, em Bolama (de Setembro de 1972 a Janeiro de 1973); em Guiledje, Comandante do COP 5, de 21 de Janeiro de 1973 até 22 de Maio de 1973 (Data da retirada de Guiledje).

Prisão preventiva em Bissau, de 22 de Maio de 1973 até 12 de Maio de 1974. Auto de corpo de delito, por despacho do Sr. General António de Spínola, de 22 de Maio de 1973, com a seguinte justificação:

- Ordenou a retirada das forças sob o seu comando do quartel de Guiledje para Gadamael, sem que para tal estivesse autorizado;
- Mandou destruir edifícios e inutilizar obras de defesa do referido quartel, bem como material de guerra e munições;
- Não cumpriu a missão que lhe foi atribuída.

O processo foi concluído em 10 de Abril de 1974, no Tribunal Militar Territorial da Guiné e transferido em 2 de Maio de 1974 para o 1º Tribunal Militar de Lisboa, onde se processaria o julgamento. A pena prevista para os crimes supostamente cometidos era de 6 meses a 4 anos de presídio militar. O processo foi amnistiado pelo Decreto-Lei nº 194/74 da Junta de Salvação Nacional e, por decisão unânime dos Juízes do mesmo, foi ARQUIVADO (...).